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AVALIAÇÃO DISCURSIVA DO BLOCO SÍNDROMES REUMATOLÓGICAS E ORTOPÉDICAS 8º PERÍODO 2022.1 VALOR: 10 pontos Nome: X 1) Jairo, 44 anos, comerciante, procurou atendimento devido quadro de dor e edema em primeira articulação metatarsofalangeana a esquerda que teve início subitamente no dia anterior. Nega traumas. Refere ser o terceiro episódio semelhante somente este ano. Nas ocasiões anteriores ele fez uso de um medicamento recomendado por um amigo com melhora do quadro em alguns dias. Relata ter diagnóstico de hipertensão e dislipidemia, porém abandonou o tratamento, pois ingere cerveja com frequência e ficou receoso de ter problemas devido a associação dos medicamentos com o álcool. a)Qual o diagnóstico mais provável? Artrite gotosa aguda b)Qual o tratamento você indicaria para o Sr. Jairo para resolução imediata do quadro agudo? A crise aguda de gota deve ser tratada o mais precocemente possível, sendo indicado que os pacientes que possuam essa condição sempre estejam com uma medicação de resgate consigo para fazer o uso caso sejam percebidos sinais de alerta. O tratamento possui como medicamento de primeira linha a colchicina, de segunda linha os AINES e de terceira linha os corticoides. De acordo com o novo guideline americano de reumatologia publicado em 2020 para o tratamento da gota foi incluso no tratamento da crise o alopurinol já durante a crise ao invés de iniciar esse hipourecimiante após a resolução desse quadro agudo. c)Explique o tratamento sequencial para evitar novos episódios como este, após resolução do quadro agudo. O tratamento sequencial para evitar novas crises agudas é a colchicina 0,5-1mg por dia durante 6 meses, caso haja contraindicações o medicamento deve ser substituído por AINE em doses baixas. Como o paciente já apresentou 3 crises neste ano se faz recomendada a instituição da terapia para redução do ácido úrico devendo-se recomendar o uso de alopurinol em que será necessário o ajuste da dose até que a meta terapêutica de ácido úrico seja alcançada < 6 mg/dL ou < 5 mg/dL em casos graves. O paciente também possui o diagnóstico de hipertensão, com abandono de tratamento, assim devendo ser indicado tratamento com bloqueador de receptor de angiotensina (BRA) ou bloqueador de canal de cálcio (BCC) que auxiliarão na redução do ácido úrico e também irão tratar a hipertensão, além de serem fornecidas orientações relacionadas as mudanças no estilo de vida como a cessação do etilismo, mudanças dietéticas e a prática de atividade física regular. 2) Eugênia é artesã e tem tido dificuldade de fazer atividades manuais que antes eram corriqueiras. Relata dor nos dedos mãos, pior com esforço. Tem rigidez matinal de cerca de 20 minutos. Ao exame apresenta aumento de volume, com calor leve, nas seguintes articulações das mãos: 2ª, 3ª e 5ª IFPs D, 2ª e 5ª IFDs D, 3ª e 4ª IFPs e IFDs E (IFP: interfalangiana proximal; IFD: interfalangiana distal). Sem outras alterações ao exame físico. Com base na história clínica e exame físico, responda: Qual diagnóstico? Justifique a sua resposta. O diagnóstico da paciente é de osteoartrite, tendo em vista a epidemiologia da patologia, mais frequente em mulheres, principalmente quando o local de acometimento das dores são as mãos. A caracterização do quadro de dor nos dedos das mãos, com piora ao esforço, além de tratar-se de paciente artesã, em que há execução de atividades manuais com movimentações repetidas, são características de dor de origem mecânica. Também favorecem este diagnóstico a rigidez matinal de cerca de 20 minutos associada a características inflamatórias como o aumento de volume, com calor leve nas articulações das mãos sendo acometidas 2ª, 3ª e 5ª IFPs D, 2ª e 5ª IFDs D, 3ª e 4ª IFPs e IFDs E. Esse acometimento das articulações tanto proximais quanto distais corroboram com a hipótese, assim excluindo o diagnóstico de artrite reumatoide, em que serão poupadas as articulações distais, além de possuir um período mais prolongado de rigidez matinal do que o apresentado pela paciente. 3) Artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que afeta muitas articulações, incluindo as das mãos e dos pés. Medicamentos utilizados para controlar essa patologia são os anti-inflamatórios. Tem-se disponíveis para terapêuticas duas classes, os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) e os esteroidais (AIEs). Ambos inibem a síntese dos mediadores inflamatórios, mas atuam em momentos diferentes da cascata da inflamação. Explique em qual momento da cascata da inflamação cada classe atua, qual enzima inibe e pelo menos um representante de cada classe. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) atuam inibindo as enzimas cicloxigenase (COX-1 e COX-2), que são responsáveis por metabolizar e converter o ácido araquidônico em mediadores inflamatórios como as protaciclinas, prostaglandinas e tromboxano, podendo ser inibidores não seletivos da COX assim podendo inibir tanto COX-1 como COX-2, tendo como exemplos ibuprofeno, fenoprofeno e cetoprofeno, também podendo ser inibidores seletivos da COX-2, assim possuindo preferência pela inibição da COX-2 tendo como exemplos nimesulida e meloxicam ou podendo ser inibidores específicos da COX-2, em que haverá a inibição específica da COX-2, tendo como exemplos os coxibes como celecoxibe e etoricoxibe. Os anti-inflamatórios esteroidais (AIEs) agem na inibição da enzima fosfolipase A2 que é ativada após estímulo lesivo na membrana fosfolipídica, esta enzima é responsável pela produção e liberação de ácido araquidônico que é liberado e através da cicloxigenase é metabolizado em mediadores inflamatórios, no entanto com a inibição desta enzima haverá interrupção da cascata de inflamação, temos como exemplos de anti-inflamatórios esteroidais a prednisona, dexametasona, hidrocortisona. 4) Juliano Costa, advogado de 68 anos de idade comparece ao pronto atendimento com queixa de dores lombares. Relata estar trabalhando mais que o de costume. Informa início dos sintomas atuais há cerca de seis dias, apresentando piora do quadro há um dia. Nega trauma. Relata 02 episódios semelhantes a este nos últimos 06 meses. No momento queixa formigamento na coxa e perna a esquerda. Queixa de dificuldade para deambular. Ao exame: Lasègue positivo. Dor a palpação paravertebral, desvio lateral da coluna lombar, sem outras deformidades. Apresenta sensação ao toque diferente entre os membros inferiores. Com relação ao quadro clínico responda: a) Qual a principal hipótese diagnóstica para o caso a seguir? Justifique. A principal hipótese diagnóstica será lombociatalgia, justificado através dos sintomas como dores lombares, com formigamento na coxa e perna esquerda, dor a palpação paravertebral, além da sensação diferente perante o toque em MMII. b) Quais os exames podem auxiliar no diagnóstico, qual o padrão ouro para a confirmação diagnóstica? Justifique como cada um dos exames podem ser úteis. Os exames podem ser o teste de lasègue, que nesse caso já está positivado, teste de tredelenburg, que tem objetivo de ver se há fraqueza nos músculos abdutores da coxa, o teste do estiramento femoral que vai avaliar em decúbito ventral e joelho fletido, a coxa é elevada a cima da cama, se o paciente apresentar dor na região anterior da coxa há compressão radicular L2-L3, se dor na face medial da perna a raiz L4. E o padrão ouro nesse caso será a ressonância magnética, com ela é possível identificar a localização das estruturas que estão sendo comprimidas, além de tornar possível a detecção de protusões, extrusões e sequestro e visualização das partes moles. c) Cite 5 sinais de alerta possíveis relacionados ao quadro clínico acima sendo que um deve estar presente no texto Alguns sinais de alerta são: sinais e sintomas sistêmicos (febre, emagrecimento, sudorese noturna, fadiga, perda de peso, inapetência), dor noturna ou repouso, idade menor que20 e maior que 50, história de neoplasia prévia, imunossupressão. Nesse caso a idade que está sendo o sinal de alerta, já que o paciente possui 68 anos de idade. d) Quais as opções de tratamento? Justifique. O tratamento deve ser iniciado mesmo sem o diagnóstico etiológico, deve-se usar AINEs, analgésicos comuns e/ou opioides fracos (tramadol e codeína). Se a dor lombar crônica: pode pensar em fazer uma associação com anticonvulsivantes como gabapentina e pregabalina ou antidepressivos, deve-se evitar posturas ou atividades que exacerbem o quadro álgico. Após melhora da dor: Fisioterapia, melhora da postura, exercícios de força, flexibilidade, atividade física 5) Na hipótese de você estar em uma UPA e atender uma criança de 06 meses de idade, com histórico de há dois dias estar com dor aguda no quadril esquerdo, atitude em flexão-abdução-rotação externa dessa articulação, incapacidade de movimentação do quadril, febre termometrada de 38,6o, desidratação leve e inapetência. Durante o exame físico a criança não permite a mobilização da articulação acometida. Sobre o caso clínico responda as questões a seguir: a) Qual a principal hipótese diagnóstica para o quadro acima? Justifique. A principal hipótese diagnóstica será artrite séptica, justificada por meio da idade de 6 meses, sinais de inflamação, além de dor em quadril esquerdo e dificuldade de movimentar a articulação. No quadril a metáfise tem uma localização intra-articular, facilitando a infecção da articulação. b) Descreva a fisiopatologia da doença acima. A bactéria atinge a circulação na maioria das vezes por via hematogênica, por contiguidade ou por inoculação direta (infiltrações articulares ou nas punções de vasos próximos a articulação). A presença da bactéria na articulação provoca reação da membrana sinovial, com hiperemia e edema devido ao aumento do líquido sinovial. A destruição da cartilagem hialina acontece rapidamente em decorrência da liberação de toxinas bacterianas e enzimas lisossômicas, que são extremamente condrolíticas. Inicialmente, há perda da matriz cartilaginosa, seguida de perda de colágeno cartilaginoso, ocorrendo erosões na superfície articular e à medida que o processo infecioso progride, o aumento do volume liquido dentro da articulação provoca aumento da pressão intra-articular, ocorrendo diminuição da irrigação da epífise, podendo ocorrer necrose avascular, que provoca diminuição da funcionalidade, além de não haver mais crescimento epifisário no local. c) Qual o tratamento deve ser realizado neste paciente? O tratamento deve ser a drenagem cirúrgica, lavando e retirando todo o material necrótico presente na articulação; Imobilização da articulação para evitar dor e luxação; Uso de analgésicos e AINES para a melhora da dor e uso mais rápido de antibioticoterapia empírica, levando em consideração a idade do paciente e qual a bactéria mais comum para determinada faixa etária. d) Após a realização do tratamento bem-sucedido é possível que a criança possa apresentar sequelas? Se sim, cite no mínimo 03. As sequelas podem ser: artrose, encurtamento do membro acometido e deformidade angulares. 6) Fernando, 32 anos, jogador amador de tênis, procura atendimento médico com queixa de dor no ombro direito iniciada nos últimos três (03) dias após treinar durante toda manhã. Relata que o movimento mais treinado foi o saque (jogada inicial do tênis em que se inicia o ponto, o atleta eleva o membro superior para então realizar o movimento). Informa que já apresentou quadros semelhantes nos últimos anos, porém este episódio é mais intenso e acompanhado de incapacidade de elevação do membro superior direito. Ao exame: teste de impacto de Neer positivo e Patte positivo. Sobre o caso clínico responda: a)Qual a principal hipótese diagnóstica para o quadro acima? Justifique. A principal hipótese diagnóstica será tendinite do manguito rotador, que por se tratar de um jogador de tênis justifica o esforço repetitivo dos músculos do manguito rotador,assim podendo ocasionar ruptura parcial ou total desses músculos, ocasionando a história e o quadro apresentados pelo paciente. b)Descreva a fisiopatologia da doença acima. Existe uma zona hipovascular ocupando aproximadamente 1cm do tendão supra-espinhal na sua inserção sobre o tubérculo maior do úmero. Esse déficit vascular é agravado quando o tendão é colocado em tensão (zona crítica). A hipóxia local leva a uma progressiva metaplasia dos tenoblastos se transformam em condroblastos, fragilizando mais o tendão. Como a elevação do MS é frequente e contínua, a inserção do tendão supraespinhal é o local mais susceptível para o início da doença, ocorrendo o atrito contra o arco rígido coracoacromial. Quanto maior for a curvatura do acrômio, maior a chance de lesão do manguito rotador. Além disso, sabe-se que a ocorrência de um impacto pode ser secundária a uma instabilidade, levando a fraqueza dos músculos do manguito e desequilíbrio biomecânico no ombro. As primeiras alterações levarão aos quadros de tendinite e ruptura nas fases mais avançadas. c)Quais exames são uteis durante a avaliação deste paciente? Qual o padrão ouro? Correlacione os exames com seus possíveis achados. Os exames uteis seriam: 1. Radiografia: útil para avaliar as lesões ósseas do paciente, 2. Ecografia: é um exame não invasivo e deve ser realizado com o lado oposto; 3. Artrografia é um exame invasivo, atualmente pouco utilizado. 4. Ressonância magnética é padrão ouro para a avaliação do manguito rotador pois fornece dados objetivos sobre a qualidade dos tendões, tanto na fase inflamatória quanto na fase de ruptura. d)Qual as opções de tratamento para este paciente? O paciente possui indicação para o tratamento conservador com uso de AINES, aplicação local de bolsas de gelo e repouso do membro com a tipoia, se dor muito intensa, deve ser feita a infiltração de anestésico como a lidocaína, associado a corticoterapia. Além disso, pós melhora da dor, a fisioterapia é indicada para alongamento e reforço muscular. Em caso de pouca ou nenhuma resposta ao tratamento conservador, ou até piora do quadro, pode ser indicado uma acromioplastia.
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