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Setembro 2023
DIREITO CONSTITUCIONAL
Julgados em destaque
1
 � É inconstitucional dispositivo de CE que preveja que, estando vago o cargo de 
Vice-Governador, será realizada eleição avulsa, na própria ALE, para a escolha 
do novo Vice-Governador
É inconstitucional norma de Constituição estadual que determina, em caso de vacância, eleição 
avulsa para o cargo de vice-governador pela Assembleia Legislativa. Esse dispositivo viola o 
pressuposto da dupla vacância, previsto para o modelo federal e cuja observância pelos estados-
membros é obrigatória.
A Constituição Federal de 1988 prevê que a eleição de governadores e vice-governadores deve ocorrer 
de forma simultânea, sendo a do vice decorrência dos votos recebidos pelo titular. Não há que se 
falar em eleição avulsa do substituto sem o titular.
A previsão de eleição isolada de um ou de outro, quando ocorrer vacância, subverte o modelo cons-
titucional que posicionou à investidura no cargo de vice enquanto consequência da eleição do chefe 
do Poder Executivo, na qualidade de seu substituto, sucessor e auxiliar. Nesse contexto, para via-
bilizar a continuidade do projeto político escolhido pela maioria do eleitorado, apenas em caso de 
dupla vacância é que se cogitam novas eleições, sejam elas diretas ou indiretas, conforme o período 
do mandato em que ocorrer a última vaga (art. 81, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 999/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/6/2023 (Info 1100).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
2
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Os honorários advocatícios são devidos à Defensoria Pública mesmo quando ela 
atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença
Em razão da autonomia e da relevância institucional das Defensorias Públicas, é constitucional o 
recebimento de honorários sucumbenciais quando estas representarem o litigante vencedor em 
demanda ajuizada contra qualquer ente público, ainda que o litígio se dê contra o ente federativo 
que integram.
As reformas trazidas pelas EC 45/2004, 74/2013 e 80/2014 atribuíram autonomia funcional, admi-
nistrativa e financeira às Defensorias dos estados e da União. Portanto, no contexto atual, as De-
fensorias Públicas são consideradas órgãos constitucionais independentes, sem subordinação ao 
Poder Executivo. Como deixaram de ser vistas como órgãos auxiliares do governo, que integram e 
vinculam-se à estrutura administrativa do estado-membro, encontra-se superado o argumento de 
violação do instituto da confusão (art. 381 do Código Civil).
Vale ressaltar, contudo, que é vedado o rateio, entre os membros da Defensoria Pública, do valor rece-
bido a título de verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação judicial. Essa quantia deve ser des-
tinada, exclusivamente, para a estruturação das unidades dessa instituição, com vistas ao incremento 
da qualidade do atendimento à população carente e à garantia da efetividade do acesso à Justiça.
Teses fixadas:
1. É devido o pagamento de honorários sucumbenciais à Defensoria Pública, quando representa 
parte vencedora em demanda ajuizada contra qualquer ente público, inclusive aquele que integra; 
2. O valor recebido a título de honorários sucumbenciais deve ser destinado, exclusivamente, ao 
aparelhamento das Defensorias Públicas, vedado o seu rateio entre os membros da instituição.
STF. Plenário. RE 1.140.005/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/6/2023 (Repercussão Geral 
– Tema 1002) (Info 1100).
 �A União deve suplementar recursos do Fundef quando o valor repassado a par-
tir do valor mínimo anual por aluno esteja em desacordo com a média nacional; 
essa suplementação deve observar a sistemática dos precatórios
1. A complementação ao FUNDEF realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo 
com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos.
2. Sendo tal obrigação imposta por título executivo judicial, aplica-se a sistemática dos precatórios, 
nos termos do art. 100 da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 635.347/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – 
Tema 416) (Info 1101).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
3
 �Norma estadual não pode autorizar que 
bombeiros voluntários realizem as atri-
buições do corpo de bombeiros militar
É inconstitucional norma estadual que dispõe 
de forma contrária à legislação federal 
vigente sobre esses assuntos e que viabiliza a 
delegação de atividades tipicamente estatais a 
organizações voluntárias de natureza privada. 
Essa previsão invade a competência privativa 
da União para dispor sobre normas gerais 
de organização dos corpos de bombeiros 
militares e defesa civil (art. 22, XXI e XXVIII c/c 
o art. 144, V e § 5º, da CF/88).
A legislação federal prevê tão somente a pos-
sibilidade de o município firmar convênio com 
a respectiva corporação militar estadual, caso 
não conte com unidade de corpo de bombeiros 
militar instalada (art. 3º da Lei nº 13.425/2017). 
Ademais, o art. 5º da Lei nº 10.029/2000 impede 
que os corpos de bombeiros voluntários cria-
dos pelos estados realizem atividades inseri-
das no poder de polícia.
O STF já decidiu ser vedado aos estados, a 
partir da sua competência legislativa suple-
mentar, inovar ou divergir de disposições 
constantes da lei federal. Ademais, as ativida-
des de fiscalização e punição das profissões 
regulamentadas — tradicionalmente classi-
ficadas pela doutrina como poder de polícia 
— não são passíveis de delegação a entidades 
particulares, de modo que devem ser neces-
sariamente desempenhadas, por sua nature-
za estatal, pela própria Administração, através 
de seus agentes públicos.
Desse modo, poderia ser delegada aos corpos 
de bombeiros voluntários apenas a execução 
de atos materiais, mas não as atividades fisca-
lizatórias e de imposição de sanções.
STF. Plenário. ADI 5.354/SC, Rel. Min. Dias Tof-
foli, julgado em 26/6/2023 (Info 1100).
 � Parâmetros para nortear as decisões 
judiciais a respeito de políticas públi-
cas voltadas à realização de direitos 
fundamentais
1. A intervenção do Poder Judiciário em políti-
cas públicas voltadas à realização de direitos 
fundamentais, em caso de ausência ou defi-
ciência grave do serviço, não viola o princípio 
da separação dos Poderes;
2. A decisão judicial, como regra, em lugar de 
determinar medidas pontuais, deve apontar 
as finalidades a serem alcançadas e determinar 
à Administração Pública que apresente um 
plano e/ou os meios adequados para alcançar 
o resultado; 
3. No caso de serviços de saúde, o déficit de 
profissionais pode ser suprido por concurso 
público ou, por exemplo, pelo remanejamento 
de recursos humanos e pela contratação de 
organizações sociais (OS) e organizações da 
sociedade civil de interesse público (OSCIP).
STF. Plenário. RE 684.612/RJ, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, redator do acórdão Min. Rober-
to Barroso, julgado em 01/7/2023 (Repercus-
são Geral – Tema 698) (Info 1101).
 � Lei estadual não pode estabelecer nor-
mas de proteção aos consumidores fi-
liados às associações de socorro mútuo
É inconstitucional lei estadual que prevê nor-
mas de proteção aos consumidores filiados às 
associações de socorro mútuo.
Essa lei invade a competência privativa da 
União para legislar sobre direito civil, política 
de seguros e sistemas de captação de pou-
pança popular (art. 22, I, VII e XIX, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7.099/MG, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 15/8/2023 (Info 1103).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
4
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Em relação ao setor público, o piso de enfermagem deve ser pago por Estados e 
Municípios na medida de repasses federais
À luz do princípio federativo (arts. 1º, “caput”; 18; 25; 30; e 60, § 4º, I, da CF/88), o piso salarial nacional 
da enfermagem deve ser pago pelos Estados, pelo Distrito Federale pelos Municípios na medida 
dos repasses dos recursos federais.
Mesmo após a edição da EC 127/2022 e da Lei 14.581/2023, previu-se uma forma apenas parcial e 
temporária de a União transferir os recursos financeiros para custear a implementação do piso sala-
rial nacional aos entes subnacionais, razão por que inexiste a indicação de uma fonte segura capaz 
de arcar com os encargos financeiros impostos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
para além do corrente ano de 2023.
Nesse contexto, o pagamento a ser efetuado pelos entes subnacionais e seus órgãos da Administra-
ção Pública indireta está condicionado ao aporte de recursos pela União (art. 198, §§ 14 e 15). Even-
tual insuficiência dessa complementação financeira, portanto, impõe à União providenciar crédito 
suplementar. Se inexistir fonte que possa fazer frente aos custos exigidos, não será demandado dos 
referidos entes o cumprimento do piso da Lei Nº 14.434/2022.
No caso de carga horária reduzida, o piso salarial deve ser proporcional às horas trabalhadas.
O piso corresponde ao valor mínimo a ser pago em função da jornada de trabalho completa (art. 7º, 
XIII), de modo que a remuneração pode ser reduzida proporcionalmente se a jornada de trabalho 
for inferior, à luz do senso comum e da ideia mínima de justiça.
Em relação aos profissionais celetistas em geral, a negociação coletiva entre as partes é exigência 
procedimental imprescindível à implementação do piso salarial nacional. Nesse caso, prevalecerá o 
negociado sobre o legislado.
Esse ajuste entre os sindicatos laborais e patronais viabiliza a adequação do piso salarial à realidade 
dos diferentes hospitais e entidades de saúde pelo País e atenua o risco de externalidades negativas, 
especialmente demissões em massa e prejuízo aos serviços de saúde. 
Não havendo acordo, incidirá a Lei nº 14.434/2022, que tem a sua eficácia diferida pelo prazo de 60 
dias (art. 616, § 3º, da CLT, por aplicação analógica), contados da data de publicação da ata deste 
julgamento, inclusive se já houver convenção ou acordo coletivo em vigor sobre o assunto.
Com base nesses entendimentos, o Plenário do STF, por maioria, referendou a decisão de 15.5.2023, 
que revogou parcialmente a medida cautelar deferida em 4.9.2022, acrescida de complementação, a 
fim de que sejam restabelecidos os efeitos da Lei nº 14.434/2022, à exceção da expressão “acordos, 
contratos e convenções coletivas” (art. 2º, § 2º), com a implementação do piso salarial nacional por 
ela instituído nos seguintes moldes:
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
5
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
(i) em relação aos servidores públicos civis da União, autarquias e fundações públicas federais (Lei 
nº 7.498/86, art. 15-B), a implementação do piso salarial nacional deve ocorrer na forma prevista na 
Lei nº 14.434/2022;
(ii) em relação aos servidores públicos dos estados, Distrito Federal, municípios e de suas autarquias 
e fundações (Lei nº 7.498/86, art. 15-C), bem como aos profissionais contratados por entidades pri-
vadas que atendam, no mínimo, 60% de seus pacientes pelo SUS (Lei nº 7.498/86, art. 15-A):
(ii.a) a implementação da diferença remuneratória resultante do piso salarial nacional deve ocorrer 
na extensão do quanto disponibilizado, a título de “assistência financeira complementar”, pelo orça-
mento da União (art. 198, §§ 14 e 15, com redação dada pela EC 127/2022);
(ii.b) eventual insuficiência da “assistência financeira complementar” mencionada no item “ii.a” 
instaura o dever da União de providenciar crédito suplementar, cuja fonte de abertura serão re-
cursos provenientes do cancelamento, total ou parcial, de dotações tais como aquelas destinadas 
ao pagamento de emendas parlamentares individuais ao projeto de lei orçamentária destinadas a 
ações e serviços públicos de saúde (art. 166, § 9º) ou direcionadas às demais emendas parlamentares 
(inclusive de Relator-Geral do Orçamento). Não sendo tomada tal providência, não será exigível o 
pagamento por parte dos entes referidos no item “ii”; e
(ii.c) uma vez disponibilizados os recursos financeiros suficientes, o pagamento do piso salarial de-
verá ser proporcional nos casos de carga horária inferior a 8 (oito) horas por dia ou 44 (quarenta e 
quatro) horas semanais.
(iii) Além disso, pelo voto médio, o Plenário também referendou o seguinte item “i” da decisão, nestes 
termos: em relação aos profissionais celetistas em geral (Lei nº 7.498/86, art. 15-A), a implementação 
do piso salarial nacional deverá ser precedida de negociação coletiva entre as partes, como exigência 
procedimental imprescindível, levando em conta a preocupação com demissões em massa ou prejuí-
zos para os serviços de saúde. Não havendo acordo, incidirá a Lei nº 14.434/2022, desde que decorri-
do o prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação da ata deste julgamento.
STF. Plenário. ADI 7.222 MC-Ref-segundo/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, redatores do acórdão Min. 
Roberto Barroso e Gilmar Mendes (voto conjunto), julgado em 01/7/2023 (Info 1101).
 � É inconstitucional norma estadual que prevê adicional de auxílio-aperfeiçoa-
mento profissional aos magistrados
É inconstitucional — por violar o art. 39, § 4º, da CF/88, haja vista o caráter de indevido acréscimo 
remuneratório — norma estadual que prevê adicional de “auxílio-aperfeiçoamento profissional” aos 
seus magistrados.
STF. Plenário. ADI 5.407/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 01/07/2023 (Info 1102).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
6
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É constitucional lei estadual que estabelece critérios para a construção e a ampliação 
de presídios 
É constitucional lei estadual que fixa distância mínima entre presídios e contingente 
máximo da população carcerária.
Essa lei está de acordo com o direito social à segurança (art. 6º, da CF/88), com o direito de proprie-
dade (art. 5º, “caput” e XXII) e com o princípio da proporcionalidade. Além disso, não viola a compe-
tência da União para legislar sobre direito civil (art. 22, I). Isso porque a ampliação ou construção de 
unidades prisionais constitui matéria de direito penitenciário, cuja competência legislativa é concor-
rente (art. 24, I).
Caso concreto: lei do Estado do Espírito Santo (Lei estadual 6.191/2000) proibiu a construção de 
presídio dentro do raio de 20km quilômetros de outros já existentes e a ampliação dos edifícios 
prisionais com capacidade para 500 detentos. O STF julgou constitucional essa norma, que objetiva 
garantir a dignidade dos presos e a segurança tanto deles quanto dos habitantes do entorno das 
unidades prisionais.
Ademais, em se tratando de bem público, o direito de propriedade encontra limites, seja na função 
social, seja no interesse coletivo, que impõe balizas ao administrador para o uso, gozo e disposição 
da propriedade.
Na espécie, a lei capixaba não restringe o investimento do estado em segurança pública, mas ape-
nas estabelece parâmetros a serem observados pela Administração Pública estadual, com a imposi-
ção de restrições adequadas, necessárias e proporcionais. Isso porque elas consideram os riscos da 
superlotação carcerária para a integridade física e mental dos presidiários, bem assim a dificuldade 
de o Estado dispor de outras medidas administrativas com o mesmo potencial de eficácia, levando-
-o a utilizar meio menos gravoso de controle da população carcerária e de garantia do bem-estar 
dos detentos e da segurança da população local.
STF. Plenário. ADI 2.402/ES, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 26/6/2023 (Info 1101).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
7
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É constitucional norma estadual que 
institui programa de jornada extra de 
segurança (PJES) com adesão não obri-
gatória e cujo serviço é prestado em 
período pré-determinado e com con-
traprestaçãopecuniária pré-definida
Não viola o art. 7º, XVI, da CF, o estabeleci-
mento de programa de jornada extra de se-
gurança com prestação de serviço em período 
pré-determinado e com contraprestação 
pecuniária em valor previamente estipulado, 
desde que a adesão seja voluntária.
No caso concreto, a aceitação ao programa 
era facultativa, sem produzir efeitos na vida 
funcional do servidor público. Os plantões 
previstos pelas normas impugnadas não 
configuram serviços extraordinários, razão 
pela qual não incide o adicional de 50% sobre 
a hora normal trabalhada (art. 7º, XVI c/c o 
art. 39, § 3º). Portanto, os policiais, voluntaria-
mente, desempenham atividades excedentes 
às suas atribuições funcionais, sob regime 
especial de trabalho, e recebem valor já esti-
pulado, pago a título de prêmio ou incentivo.
O referido programa concilia o fortalecimento 
das ações de defesa e segurança com a ne-
cessária contenção de gastos com pessoal e o 
compromisso com a responsabilidade fiscal.
STF. Plenário. ADI 7.356/PE, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, redator do acórdão Min. Roberto 
Barroso, julgado em 26/6/2023 (Info 1101).
 �O Estatuto Geral das Guardas Mu-
nicipais (Lei Federal 13.022/2014) é 
constitucional 
É constitucional a Lei federal nº 
13.022/2014, que dispõe sobre o Esta-
tuto Geral das Guardas Municipais.
Essa lei não viola a autonomia dos municípios 
(art. 144, § 8º) e se limita a estabelecer crité-
rios padronizados para a instituição, organiza-
ção e exercício das guardas municipais.
A lei constitui norma geral, de competência da 
União, que, além de tratar da organização das 
guardas municipais em todos os municípios 
do País, reconhece a prerrogativa dos entes 
municipais para criá-las ou não, por lei, e para 
definir sua estrutura e funcionamento.
As guardas municipais podem exercer ativi-
dade fiscalizatória de trânsito e, consequen-
temente, a aplicação de multas previstas em 
lei, por significar fiel manifestação do poder 
de polícia. Ademais, revela-se legítimo o de-
sempenho da atividade de segurança pública 
pelas guardas municipais.
STF. Plenário. ADI 5.780/DF, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 01/7/2023 (Info 1101).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É inconstitucional dispositivo de Constituição estadual que veda a prestação de 
serviços de arrecadação e movimentação de recursos financeiros por institui-
ções financeiras privadas constituídas no País sob controle estrangeiro
É inconstitucional norma de Constituição estadual que impede instituições financeiras privadas 
constituídas no País sob controle estrangeiro de prestarem serviços financeiros ao Estado. Essa 
norma ofende os princípios da isonomia (art. 5º, da CF/88), da livre iniciativa e da livre concorrência 
(art. 170, caput e IV).
Caso concreto: o STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “em que brasileiros detenham 
mais de 50% (cinquenta por cento) do capital com direito a voto”, constante do caput e dos §§ 1º e 2º 
do art. 171 da Constituição Estadual do Mato Grosso:
Art. 171. A arrecadação de tributos e demais receitas, dos órgãos da Administração Pública direta e 
indireta, será efetuada em instituições financeiras públicas e nas privadas em que brasileiros dete-
nham mais de 50% (cinquenta por cento) do capital com direito a voto.
STF. Plenário. ADI 3.565/MT, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/7/2023 (Info 1101).
 � STF determinou ao Poder Executivo a inclusão do monitoramento e da avaliação 
dos indicadores referentes aos feminicídios e às mortes causadas por agentes de 
segurança pública no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
A ausência de disciplina objetiva e expressa dos objetivos, metas, programas e indicadores para 
acompanhamento de feminicídios e mortes decorrentes da intervenção de agentes de segurança 
pública no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social II (PNSP II - Decreto 10.822/2021) 
configura retrocesso social em matéria de direitos fundamentais e proteção deficiente dos direitos à 
vida e à segurança pública (arts. 5º, caput; e 144, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7.013/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 01/07/2023 (Info 1102).
 � É inconstitucional lei estadual que veda a participação concomitante de mais de 
um auditor substituto no pleno do Tribunal de Contas do Estado
É inconstitucional norma estadual que veda a participação concomitante de mais de um auditor 
substituto no Órgão Pleno do Tribunal de Contas do Estado.
Esse dispositivo viola violar os arts. 73, § 4º e 75, caput, da CF/88.
Confira o dispositivo declarado inconstitucional (art. 76-A, § 3º, da LC 63/90-RJ): 
§ 3º No órgão pleno do Tribunal, não poderá participar concomitantemente mais de um auditor 
substituto, exceto no caso do auditor substituto compor definitivamente o corpo deliberativo.
STF. Plenário. ADI 5698/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2023 (Info 1103).
DIREITO CONSTITUCIONAL
8
JULGADOS 
EM DESTAQUE
9
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � STF determinou que fossem adotadas providências para evitar e reparar falhas 
e omissões na proteção e garantia dos direitos dos Povos Indígenas Isolados e de 
Recente Contato (PIIRC)
A União deve:
• Tomar medidas para proteger territórios de povos indígenas isolados e de recente contato, reno-
vando portarias de restrição antes de expirarem e só cessando após demarcação ou comprovação 
de ausência de indígenas isolados.
• Apresentar um Plano de Ação detalhando cronogramas de estudos, dados sobre servidores, pa-
trimônio, contratos e condições das unidades, status e orçamento das Bases de Proteção Etnoam-
bientais (BAPEs), progresso da demarcação da terra Kawahiva do Rio Pardo e ações de proteção e 
prevenção contra invasões.
• Emitir Portarias de Restrição para territórios não demarcados em 60 dias, sob pena de, em não se 
cumprindo o prazo, que o STF determine a Restrição de Uso por decisão judicial dessas áreas.
O CNJ deve criar um Grupo de Trabalho para monitorar ações judiciais relativas aos direitos dos 
Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato.
Deve ser reconhecida pelas autoridades a forma isolada de viver como declaração da livre autode-
terminação dos povos indígenas isolados, sendo o ato do isolamento considerado suficiente para 
fins de consulta, nos termos da Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 
da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e da Declaração Americana 
sobre os Direitos dos Povos Indígenas, normas internacionais de direitos humanos, internalizadas 
no ordenamento jurídico brasileiro.
STF. Plenário. ADPF 991 MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2023 (Info 1102).
DIREITO AMBIENTAL
 �A Súmula 652/STJ também pode ser aplicada para a tutela do patrimônio cultural
As razões que fundamentam a Súmula 652/STJ (“A responsabilidade civil da Administração Pública 
por danos ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter soli-
dário, mas de execução subsidiária”) são aplicáveis à tutela do patrimônio cultural. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.991.456-SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 8/8/2023 (Info 783).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Não viola a cláusula de reserva de plenário (art. 97 da CF/88) acórdão que, baseado 
nas peculiaridades do caso concreto, afasta a aplicabilidade retroativa do art. 15 
do Código Florestal
O art. 15 do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) autorizou que a APP fosse considerada para 
cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel. Essa previsão representou uma redução de prote-
ção ambiental. Isso porque a legislação revogada, em regra, não admitia o computo das áreas de pre-
servação permanente no cálculo da reserva legal, que deviam ser somadas, salvo expressas exceções.
O STF declaroua constitucionalidade do art. 15 da Lei nº 12.651/2012 tendo em vista que ele está de 
acordo com o “desenvolvimento nacional” (art. 3º, II, da CF/88) e o “direito de propriedade” (art. 5º, 
XXII, da CF/88) (STF. Plenário. ADC 42, Rel. Luiz Fux, julgado em 28/02/2018).
Com isso, a jurisprudência se firmou no sentido de que o art. 15 do Código Florestal pode ser aplica-
do para situações consolidadas antes de sua vigência.
Vale ressaltar, contudo, que, no caso concreto, o título judicial objeto da controvérsia derivou de 
transação penal formalizada e homologada no Juizado Especial Criminal. Essa circunstância revela-
-se distinta e afasta o alegado esvaziamento do conteúdo normativo do art. 15 do Código Florestal, 
em especial, por não se encontrar abarcada pelos precedentes do STF que autorizam a aplicação 
imediata do novo Código Florestal.
Nesse contexto, a homologação da transação penal configura uma cobertura do pronunciamento 
judicial sobre a matéria, apta a impedir a compreensão da retroatividade do dispositivo legal, com 
apoio no princípio tempus regit actum.
STF. 2ª Turma. ARE 1.287.076 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20/6/2023 (Info 1100).
 � É constitucional lei estadual que proíbe a atividade de pesca de arrasto na faixa 
marítima da zona costeira de seu território
É constitucional — uma vez observadas as regras do sistema de repartição competências e a impor-
tância do princípio do desenvolvimento sustentável como justo equilíbrio entre a atividade econô-
mica e a proteção do meio ambiente — norma estadual que proíbe a atividade de pesca exercida 
mediante toda e qualquer rede de arrasto tracionada por embarcações motorizadas na faixa maríti-
ma da zona costeira de seu território.
STF. Plenário. ADI 6.218/RS, Rel. Min. Nunes Marques, redatora do acórdão Min. Rosa Weber, julga-
do em 01/07/2023 (Info 1102).
DIREITO AMBIENTAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
11
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É possível o uso da colaboração premiada em ação de improbidade administra-
tiva ajuizada pelo Ministério Público se a pessoa jurídica interessada participar 
como interveniente e se forem observadas as diretrizes fixadas pelo STF
É constitucional a utilização da colaboração premiada, nos termos da Lei 12.850/2013, no âmbito 
civil, em ação civil pública por ato de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público, 
observando-se as seguintes diretrizes: 
1) Realizado o acordo de colaboração premiada, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo 
termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o 
colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos 
na homologação: regularidade, legalidade e voluntariedade da manifestação de vontade, especial-
mente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares, nos termos 
dos §§ 6º e 7º do artigo 4º da referida Lei 12.850/2013; 
2) As declarações do agente colaborador, desacompanhadas de outros elementos de prova, são 
insuficientes para o início da ação civil por ato de improbidade; 
3) A obrigação de ressarcimento do dano causado ao erário pelo agente colaborador deve ser inte-
gral, não podendo ser objeto de transação ou acordo, sendo válida a negociação em torno do modo 
e das condições para a indenização; 
4) O acordo de colaboração deve ser celebrado pelo Ministério Público, com a interveniência da pes-
soa jurídica interessada e devidamente homologado pela autoridade judicial; 
5) Os acordos já firmados somente pelo Ministério Público ficam preservados até a data deste julga-
mento, desde que haja previsão de total ressarcimento do dano, tenham sido devidamente homolo-
gados em Juízo e regularmente cumpridos pelo beneficiado.
STF. Plenário. ARE 1.175.650/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 01/7/2023 (Repercussão 
Geral – Tema 1043) (Info 1101).
 �O Adicional de Gestão Educacional não pode ser incluído na base de cálculo da VPNI
O Adicional de Gestão Educacional, instituído pela Lei nº 9.640/98, para o servidor investido em 
cargo de direção ou função gratificada das Instituições Federais de Ensino, não pode ser incluído na 
base de cálculo da Vantagem Pessoal Nominalmente Identificável - VPNI, sob pena de bis in idem.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 2.233.221-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/6/2023 
(Info 781).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
12
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Lei municipal pode proibir a adminis-
tração pública de realizar contratos 
com parentes até o terceiro grau de 
agentes públicos eletivos ou em car-
gos de comissão
É constitucional o ato normativo municipal, 
editado no exercício de competência legislati-
va suplementar, que proíba a participação em 
licitação ou a contratação: 
a) de agentes eletivos; 
b) de ocupantes de cargo em comissão ou 
função de confiança; 
c) de cônjuge, companheiro ou parente em 
linha reta, colateral ou por afinidade, até o 
terceiro grau, inclusive, de qualquer destes; e 
d) dos demais servidores públicos municipais.
Essa lei não viola o sistema de repartição de 
competências e encontra-se em harmonia 
com a vedação ao nepotismo. Vale ressaltar, 
contudo, que esse impedimento não se aplica 
às pessoas ligadas — por matrimônio ou pa-
rentesco, afim ou consanguíneo, até o terceiro 
grau, inclusive, ou por adoção — a servidores 
municipais não ocupantes de cargo em comis-
são ou função de confiança, sob pena de in-
fringência ao princípio da proporcionalidade.
STF. Plenário. RE 910.552/MG, Rel. Min. Cár-
men Lúcia, redator do acórdão Min. Roberto 
Barroso, julgado em 01/7/2023 (Repercussão 
Geral – Tema 1001) (Info 1101).
 � É nulo ato que estabelece, generica-
mente e sem fundamentação adequa-
da, que todos os processos do Sistema 
Eletrônico da Polícia Federal deverão 
ser cadastrados com acesso restrito
É nulo ato público que estabelece, generica-
mente e sem fundamentação válida e espe-
cífica, que todos os processos do Sistema 
Eletrônico de Informações da Polícia Federal 
(SEI-PF) sejam cadastrados com nível de acesso 
restrito.
Há violação do princípio da publicidade e res-
trição ao direito à informação.
Tese fixada pelo STF: “O ato de qualquer dos 
poderes públicos restritivo de publicidade 
deve ser motivado objetiva, específica e for-
malmente, sendo nulos os atos públicos que 
imponham, genericamente e sem fundamen-
tação válida e específica, impeditivo do direito 
fundamental à informação.”.
STF. Plenário. ADPF 872/DF, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 15/8/2023 (Info 1103).
 �A GDAJ tem caráter propter laborem e, 
portanto, não é devida aos servidores 
inativos
Em análise dos dispositivos da Medida Provi-
sória nº 2.048/2000, reitera-se que a Gratifi-
cação de Desempenho de Atividade Jurídica 
- GDAJ tem caráter propter laborem e não é 
devida aos servidores inativos. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.833.226-DF, Rel. Min. Sér-
gio Kukina, julgado em 15/8/2023 (Info 783).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
13
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A GAT é uma vantagem permanente relativa ao cargo de Auditor Fiscal da RFB 
e que integra os vencimentos (soma do vencimento básico com as vantagens 
permanentes relativas ao cargo) do titular do cargo, não se confundindo com o 
vencimento básico
O fato de a Gratificação de Atividade Tributária - GAT ser paga a todos os integrantes da carreira, 
constituindo-se em gratificação genérica calculada sobre o vencimento básico, não implica a sua 
transmutação em vencimento básico, categoria expressamente referida na legislação, que não se 
confunde com as vantagens permanentes do cargo. 
STJ. 1ª Seção. AR 6.436-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 12/4/2023 (Info 781). 
 �Nas ações indenizatórias movidas em desfavor de pessoa jurídica de direito pri-
vado, na condição deprestadora de serviço público, a prescrição era regida pelo 
Código Civil, até a entrada em vigor do art. 1º-C da Lei 9.494/97, em 28/8/2001
Depois da entrada em vigor do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97, é quinquenal o prazo de prescrição da 
ação indenizatória decorrente de acidente de trânsito ocasionado por empresa particular prestadora 
de serviço público, cuja vítima é relativamente incapaz. 
STJ. 1ª Turma. REsp 2.019.785-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/8/2023 (Info 783).
DIREITO ADMINISTRATIVO
https://www.editorajuspodivm.com.br/vade-mecum-de-jurisprudencia-dizer-o-direito-20232
https://www.editorajuspodivm.com.br/sumulas-do-stf-e-do-stj-anotadas-e-organizadas-por-assuntos-20232
JULGADOS 
EM DESTAQUE
14
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �As ações de desapropriação observam na fase de cumprimento de sentença, no 
que couber, o regime do art. 27, § 1º, do DL 3.365/41, o que inclui os seus limites 
percentuais na fixação de honorários arbitrados com base em proveito econômico
As ações de desapropriação por utilidade pública orientam-se especialmente pelas disposições do 
Decreto-Lei nº 3.365/1941. 
O art. 27, § 1º do DL estabelece base de cálculo e percentuais próprios para a fixação dos honorá-
rios, distintos da ordenação geral do CPC:
Art. 27 (...) § 1º A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço ofere-
cido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e 
cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo 
Civil, (...)
O preceito contempla opção do legislador pela existência de ônus de sucumbência apenas quando 
o valor indenizatório for superior à oferta inicial. A base de cálculo dos honorários corresponderá à 
diferença entre ambos, o que aparentemente elege como critério não o valor condenatório propria-
mente, porque este seria o equivalente à própria indenização arbitrada, mas a um parâmetro ligado 
à condenação.
Apesar de o texto do dispositivo fazer remissão claramente à fase de conhecimento - tanto que 
remete à definição da indenização e à oferta inicial, que vem consignada na petição inicial -, o Decreto-
-Lei disciplina a sucumbência para as ações de desapropriação. Portanto, é devida a sua observân-
cia em todas as suas fases, no que for cabível.
Sendo cabível a sucumbência no caso da fase de cumprimento de sentença, a sua estipulação é 
regida com base na mesma diferença entre indenização e oferta inicial, tendo em vista que esses 
parâmetros já foram definidos na fase de conhecimento. Nesse sentido, afasta-se a utilização da 
equidade - porque ausentes as hipóteses autorizativas.
STJ. 2ª Turma. REsp 2.075.692-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/8/2023 (Info 783).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
15
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A indenização por destruição, perda, 
avaria ou atraso de carga em transpor-
te aéreo internacional será regida pelos 
limites da Convenção de Montreal
A Convenção de Montreal, internalizada no or-
denamento jurídico brasileiro pelo Decreto-Lei 
5.910/06, aplica-se a todo transporte interna-
cional de pessoas, bagagem ou carga, efetua-
do em aeronaves, mediante remuneração.
A seguradora sub-rogada pode buscar o 
ressarcimento do que despendeu com a in-
denização securitária, no mesmo prazo pres-
cricional, termos e limites que assistiam ao 
segurado quando recebeu a indenização.
Não se adota diretamente a Convenção de 
Montreal nas relações de seguro, até mesmo 
porque ela disciplina somente o transporte 
aéreo internacional. Com efeito, aplica-se a 
regra geral da relação securitária às peculiari-
dades da relação originária.
Havendo destruição, perda, avaria ou atraso 
de carga em transporte aéreo internacional, 
a indenização será limitada a 17 Direitos 
Especiais de Saque, a menos que tenha sido 
feita a Declaração Especial de Valor ou tenha 
ocorrido qualquer uma das demais hipóteses 
previstas em lei para que seja afastado o limi-
te de responsabilidade previsto no art. 22, III, 
da Convenção de Montreal.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.052.769-RJ, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 20/6/2023 (Info 781).
 � Para a constituição em mora do de-
vedor fiduciário é suficiente que haja 
o envio da notificação com AR para 
o endereço do devedor informado no 
contrato, não sendo necessário com-
provar que ele recebeu a notificação
Para a comprovação da mora nos contratos 
garantidos por alienação fiduciária, é suficiente 
o envio de notificação extrajudicial ao devedor 
no endereço indicado no instrumento contra-
tual, dispensando-se a prova do recebimento, 
quer seja pelo próprio destinatário, quer por 
terceiros. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.951.662-RS e REsp 
1.951.888-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para 
acórdão Min. João Otávio de Noronha, julga-
dos em 9/8/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 
1132) (Info 782). 
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
16
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Fere a boa-fé objetiva e gera enriquecimento sem causa a pretensão de receber, 
pela indicação de cliente, porcentagem sobre o valor total do precatório, quando 
tal valor não foi efetivamente recebido na integralidade, em razão de negocia-
ção do crédito com deságio
Caso concreto: um indivíduo indicou um cliente para a advogada e, como comissão, receberia 10% 
dos honorários sucumbenciais. A causa envolvia a Fazenda Pública e, por isso, a advogada recebeu 
os honorários sucumbenciais materializado por meio de um precatório. Para receber imediatamen-
te e não esperar a ordem de pagamento, a advogada cedeu (“vendeu”) o precatório, com deságio. 
O valor do precatório era R$ 1 milhão e ela “vendeu” por R$ 600 mil. A comissão a ser paga pela 
indicação levará em consideração o valor efetivamente recebido pela advogada (R$ 600 mil), e não 
o valor originário que ela teria direito (R$ 1 milhão).
O recebimento de comissão sobre o valor total de precatório na hipótese em que não foi integral-
mente pago, em razão de negociação prévia do crédito com deságio, fere a boa-fé objetiva e gera 
enriquecimento sem causa. 
STJ. 4ª Turma. EDcl no AgInt no AREsp 1.809.319-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
14/8/2023 (Info 783).
DIREITO EMPRESARIAL
 �No contexto de propaganda comparativa ofensiva, não é viável impor a obriga-
ção de indenização por danos materiais sem a devida demonstração de prejuízo
A propaganda comparativa é forma de publicidade na qual se compara, explícita ou implicitamente, 
produtos ou serviços concorrentes, a fim de conquistar a escolha do consumidor.
Havendo propaganda comparativa ofensiva, deverá haver condenação por dano moral, sendo este 
in re ipsa.
Por outro lado, somente haverá condenação em danos materiais se existir efetiva demonstração de prejuízo. 
STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1.770.411-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. para acór-
dão Min. Raul Araújo, julgado em 14/2/2023 (Info 781).
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
17
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O deferimento de processamento da recuperação judicial em consolidação pro-
cessual não impede a posterior análise do preenchimento dos requisitos para o 
pedido de recuperação em relação a cada um dos litisconsortes
A expressão consolidação processual se refere apenas à possibilidade de apresentar o pedido de 
recuperação judicial em litisconsórcio ativo.
Cada um dos litisconsortes deve preencher os requisitos para o pedido de recuperação judicial indi-
vidualmente e seus ativos e passivos serão tratados em separado.
O fato de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial em consolidação processual 
não impede a posterior análise do preenchimento dos requisitos para o pedido de recuperação em 
relação a cada um dos litisconsortes.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.068.263-SP,Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2023 (Info 783).
DIREITO DO CONSUMIDOR
 � Plano de saúde não pode recusar o fornecimento de medicamento registrado na 
ANVISA e prescrito pelo médico do paciente unicamente sob o argumento de que 
se trata de uso off-label, ou em caráter experimental
A recusa da operadora do plano de saúde em custear medicamento registrado pela ANVISA e pres-
crito pelo médico do paciente é abusiva, ainda que se trate de fármaco off-label ou utilizado em 
caráter experimental, especialmente na hipótese em que se mostra imprescindível à conservação 
da vida e saúde do beneficiário.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.964.268-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/6/2023 (Info 782). 
DIREITO EMPRESARIAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
18
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Distribuidora de gás pode cobrar tarifa pela medição individualizada em um 
condomínio
No fornecimento de gás a condomínios residenciais, as empresas distribuidoras de GLP (“gás de 
cozinha”) disponibilizam duas formas de contratação: 1) a medição coletiva; e 2) a leitura individuali-
zada, cabendo a escolha à assembleia condominial de acordo com seus interesses.
Na segunda modalidade, há o fornecimento de gás a granel, mas com medição e gestão individua-
lizada do consumo de cada unidade autônoma do condomínio - serviço executado pelo fornecedor 
do produto, que, em razão disso, cobra um preço previsto no respectivo contrato.
Essa tarifa cobrada não é considerada abusiva.
Não se mostra abusiva a cobrança de tarifa para medição individualizada quando assegurada a livre 
escolha dos consumidores na contratação, com liberdade na formação do preço, de acordo com 
seus custos e em atenção às características da atividade realizada, respeitando-se a equivalência 
material das prestações e demonstrada a correspondente vantagem do consumidor. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.986.320-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/8/2023 (Info 782). 
ECA
 � Se o sujeito armazena (art. 241-B) cena de sexo explícito e pornográfica envolven-
do crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses 
arquivos para outra pessoa, poderá responder pelos dois crimes em concurso 
material
Os tipos penais trazidos nos arts. 241-A e 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente são autô-
nomos, com verbos e condutas distintas, sendo que o crime do art. 241-B não configura fase nor-
mal, tampouco meio de execução para o crime do art. 241-A, o que possibilita o reconhecimento de 
concurso material de crimes. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.971.049-SP, REsp 1.970.216-SP e REsp 1.976.855-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, julgados em 3/8/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1168) (Info 782).
DIREITO DO CONSUMIDOR
JULGADOS 
EM DESTAQUE
19
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Atraso no pagamento das parcelas 
de precatório autoriza determinação 
de sequestro de verbas
É constitucional o sequestro de verbas públi-
cas pela autoridade judicial competente nas 
hipóteses do § 4º do art. 78 do ADCT, cuja 
normatividade veicula regime especial de 
pagamento de precatórios de observância 
obrigatória por parte dos entes federativos 
inadimplentes na situação descrita pelo caput 
do dispositivo.
No caso de atraso na quitação das parcelas de 
precatório, o sequestro de verbas públicas pela 
autoridade judicial é constitucional, pois con-
figurado descumprimento ao regime especial 
de pagamento (ADCT, art. 78), cuja adesão dos 
entes federativos inadimplentes é obrigatória.
Originalmente, somente a preterição da or-
dem de pagamento ensejava a realização de 
sequestro da quantia necessária à satisfação 
do débito (art. 100, § 2º, da CF/88, na redação 
original). No entanto, a partir da EC 30/2000, 
todas as modificações referentes à sistemática 
dos precatórios passaram a admitir o seques-
tro para a quitação das parcelas nas hipóteses 
de não alocação orçamentária para satisfazer 
os valores devidos, como, por exemplo, a pre-
visão contida no art. 103 do ADCT.
Nesse contexto, o regime especial do art. 78 
do ADCT é impositivo, visto que os precató-
rios se encontram vencidos, em desrespeito à 
normatividade geral sobre a matéria.
STF. Plenário. RE 597.092/RJ, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 26/6/2023 (Repercussão 
Geral – Tema 231) (Info 1100).
 � Compete à Justiça Comum o julga-
mento de ação na qual servidor cele-
tista demanda parcela de natureza 
administrativa contra o Poder Público
A Justiça Comum é competente para julgar 
ação ajuizada por servidor celetista contra o 
Poder Público, em que se pleiteia parcela de 
natureza administrativa, modulando-se os efei-
tos da decisão para manter na Justiça do Tra-
balho, até o trânsito em julgado e correspon-
dente execução, os processos em que houver 
sido proferida sentença de mérito até a data 
de publicação da presente ata de julgamento.
STF. Plenário. RE 1.288.440/SP, Rel. Min. Ro-
berto Barroso, julgado em 01/7/2023 (Reper-
cussão Geral – Tema 1143) (Info 1102).
 �O fato de o representante legal da 
criança autora da ação auferir renda 
não pode, por si só, servir de empe-
cilho à concessão da gratuidade de 
justiça
A representação da criança ou adolescente 
por seus pais vincula-se à incapacidade civil e 
econômica do próprio menor, sobre o qual in-
cide a regra do art. 99, § 3º, do CPC/2015, mas 
isso não implica automaticamente o exame 
do direito à gratuidade com base na situação 
financeira dos pais. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.055.363-MG, Rel. Min. Nan-
cy Andrighi, julgado em 13/6/2023 (Info 781).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
20
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Incide a regra geral do art. 85, § 1º, 
do CPC, que autoriza o cabimento dos 
honorários de sucumbência na fase 
de cumprimento, quando a liquida-
ção ostentar caráter litigioso
De acordo com o CPC:
Art. 85. (...) § 1º São devidos honorários advo-
catícios na reconvenção, no cumprimento de 
sentença, provisório ou definitivo, na execução, 
resistida ou não, e nos recursos interpostos, 
cumulativamente. (...)
Se você observar bem o art. 85, § 1º, do CPC 
verá que ele não tratou da fixação da verba 
honorária na fase de liquidação de sentença. 
A despeito disso, a jurisprudência consolidou 
o entendimento de que, constatada a litigiosi-
dade na liquidação, a efetiva sucumbência da 
parte implicará sua condenação nas verbas 
sucumbenciais:
STJ. 1ª Turma. AgInt no AgInt no REsp 
1.955.594-MG, Rel. Min. Paulo Sérgio Domin-
gues, julgado em 29/5/2023 (Info 781).
 �Os limites subjetivos e objetivos da 
coisa julgada não podem ser analisa-
dos pelo STJ em REsp
Os limites subjetivos e objetivos da coisa 
julgada não podem ser analisados pelo STJ na 
via do recurso especial, por infringir o dispos-
to no enunciado da Súmula n. 7/STJ. 
STJ. 2ª Turma. REsp 2.035.667-RJ, Rel. Min. Fran-
cisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 9/5/2023 (Info 781).
 � Se a parte interpõe o recurso errado, 
percebe o equívoco e, ainda dentro do 
prazo, maneja o recurso correto, am-
bos os recursos não serão conhecidos
A preclusão consumativa pela interposição de 
recurso enseja a inadmissibilidade do segun-
do inconformismo interposto pela mesma 
parte e contra o mesmo julgado, pouco im-
portando se o recurso posterior é o adequado 
para impugnar a decisão e tenha sido inter-
posto antes de decorrido o prazo recursal. 
Caso hipotético: o advogado interpôs agravo de 
instrumento; ocorre que o recurso correto era 
apelação; o advogado, percebendo o equívoco, 
interpôs apelação, dentro do prazo, com os 
mesmos argumentos; tanto o agravo de instru-
mento como a apelação não serão conhecidos.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.075.284-SP, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/8/2023 
(Info 782). 
 � É desnecessário aguardar o trânsito 
em julgado para a aplicação do pa-
radigma firmado em sede de recursorepetitivo
Não é necessário aguardar o trânsito em julga-
do para a aplicação do paradigma firmado em 
sede de recurso repetitivo ou de repercussão 
geral.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 2.060.149-SP, Rel. 
Min. Herman Benjamin, julgado em 8/8/2023 
(Info 782). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
21
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Não cabe agravo interno contra decisão que, ao reconhecer que houve em agravo 
em recurso especial a integral refutação dos fundamentos adotados no juízo de ad-
missibilidade feito na origem, determina a sua reautuação como recurso especial
Exemplo hipotético: João ajuizou ação contra o Estado-membro. O pedido foi julgado improcedente 
e a sentença mantida pelo TJ. Inconformado, João interpôs recurso especial. O recurso foi inadmi-
tido pelo Vice-Presidente do TJ. Contra essa decisão, João interpôs agravo em recurso especial (art. 
1.042 do CPC).
O Ministro do STJ, por decisão monocrática, não conheceu o agravo alegando que houve violação ao 
princípio da dialeticidade recursal, previsto no art. 932, III, do CPC.
João não concordou e interpôs agravo interno. Em juízo de retratação, o Ministro deu provimento 
ao agravo interno para reconsiderar a decisão agravada e determinar a reautuação do feito para 
recurso especial. Contra essa decisão, o Estado-membro interpôs agravo interno.
O agravo interno não foi conhecido pela Turma do STJ. 
A decisão que, ao reconhecer que houve, em agravo em recurso especial, a integral refutação dos 
fundamentos adotados no juízo de admissibilidade feito na origem, determina a sua reautuação 
como recurso especial não importa prejuízo à parte contrária. Em outras palavras, a decisão do Mi-
nistro que mandou “subir” o Resp não gerou prejuízo ao Estado-membro. Isso porque essa decisão se 
limita a determinar o processamento regular do recurso especial. Esse recurso especial ainda será 
analisado pela Turma que poderá, inclusive, fazer uma nova análise da admissibilidade e, com isso, 
em novo juízo denegatório.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AgInt no AREsp 2.119.020-CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado 
em 22/5/2023 (Info 781).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
22
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Considera-se fraudulenta a aliena-
ção, mesmo quando há transferên-
cias sucessivas do bem, feita após a 
inscrição do débito em dívida ativa, 
sendo desnecessário comprovar a 
má-fé do terceiro adquirente
A 1ª Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.141.990/
PR (DJe 19/11/2010), consolidou o entendi-
mento de que não incide a Súmula 375/STJ 
em sede de Execução Fiscal. 
Súmula 375-STJ: O reconhecimento da fraude 
de execução depende do registro da penhora 
do bem alienado ou da prova de má-fé do 
terceiro adquirente.
Também ficou consignado que o art. 185 do 
CTN, seja em sua escrita original ou na reda-
ção dada pela LC 118/2005, não prevê, como 
condição de presunção da fraude à execução 
fiscal, a prova do elemento subjetivo da frau-
de perpetrada, qual seja, o consilium fraudis. 
Ao contrário, estabeleceu-se que a consta-
tação da fraude deve se dar objetivamente, 
sem se indagar da intenção dos partícipes do 
negócio jurídico.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação 
ou oneração de bens ou rendas, ou seu come-
ço, por sujeito passivo em débito para com a 
Fazenda Pública, por crédito tributário regu-
larmente inscrito como dívida ativa.
A simples alienação ou oneração de bens ou 
rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo 
por quantia inscrita em dívida ativa, sem a re-
serva de meios para quitação do débito, gera 
presunção absoluta (jure et de jure) de fraude 
à execução.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 930.482-SP, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/8/2023 
(Info 782). 
 �Não cabe recurso ordinário constitu-
cional em sede de execução em man-
dado de segurança
O art. 105, II, “b”, da Constituição Federal 
prevê o cabimento de recurso ordinário para 
o STJ, em “mandados de segurança decididos 
em única instância pelos Tribunais Regionais 
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando denega-
tória a decisão”.
Perceba que o dispositivo constitucional não 
menciona a possiblidade de recurso ordinário 
em caso de execução de mandado de segurança.
As hipóteses de cabimento de recurso ordiná-
rio para o STJ constituem rol taxativo. 
Assim, a hipótese prevista no art. 105, II, “b”, da 
CF/88, qual seja, o cabimento de recurso ordi-
nário nos processos de mandado de segurança 
decididos em única instância pelos TRFs ou 
pelos TJs, quando denegatória a decisão, não 
poderia ser estendida para as decisões proferi-
das em sede impugnação ao cumprimento de 
sentença proferida em mandado de segurança.
Vale ressaltar, por fim, que o STJ tem enten-
dido que o princípio da fungibilidade recursal 
não é aplicável à situação em que o recurso 
ordinário constitucional é manejado fora das 
hipóteses taxativamente enumeradas no art. 
105, II, do texto constitucional.
STJ. 2ª Turma. Pet 15.753-BA, Rel. Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 15/8/2023 (Info 783).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
23
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O fato de a instituição financeira ser 
responsável pela correção monetária 
e pelos juros de mora após o depó-
sito judicial não exime o devedor de 
pagar eventual diferença sobre os 
encargos, calculados de acordo com 
o título, que incidem até o efetivo 
pagamento
A responsabilidade pela correção monetária 
e pelos juros de mora, após feito o depósito 
judicial, é da instituição financeira onde o 
numerário foi depositado, mas tal fato não 
exime o devedor da responsabilidade pelo 
pagamento de eventual diferença dos encar-
gos calculados de acordo com o título, que 
incidem até o efetivo pagamento.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.965.048-SP, 
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 
12/6/2023 (Info 783).
 � É possível a renegociação dos débi-
tos de precatórios vencidos e dos que 
vencerão dentro do período previsto 
pela EC 109/2021
O STF adotou a compreensão no sentido de 
que o plano de pagamentos apresentado 
pelo devedor de precatórios ao respectivo 
Tribunal deve contemplar todo o passivo, de 
modo a formar um único montante global de 
débitos de precatórios, ainda que se refiram 
a parcelas vencidas e não pagas em período 
anterior ao advento da Emenda Constitucio-
nal 109/2021. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. 
MS 36035 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 30/08/2021.
Uma vez que o prazo de pagamento antes 
estabelecido pela EC 99/2017 (até 31/12/2024) 
foi estendido pela EC 109/2021 para 
31/12/2029, sem qualquer ressalva quanto 
aos anos a que se referem os débitos em 
questão, apresenta-se indevida a decisão que 
nega a renegociação quanto às dívidas ante-
riores a 2021.
STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 69.711-SP, Rel. 
Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/8/2023 
(Info 783).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
24
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A prescrição da execução da pena começa a contar da decisão definitiva para 
todas as partes
O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada somente começa a correr 
do dia em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes, momento em 
que nasce para o Estado a pretensão executória da pena, conforme interpretação dada pelo Su-
premo Tribunal Federal ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII, da Constituição 
Federal) nas ADC 43, 44 e 54.
Assim, é incompatível com a atual ordem constitucional a aplicação meramente literal do art. 112, I, 
do Código Penal. Por isso, é necessário interpretá-lo sistemicamente, com a fixação do trânsito em 
julgado para ambas as partes (acusação e defesa) como marco inicial da prescrição da pretensão 
executória estatal pela pena concretamenteaplicada em sentença condenatória.
O Estado não pode determinar a execução da pena contra condenado com base em título executivo 
não definitivo, dada a prevalência do princípio da não culpabilidade ou da presunção de inocência. 
Assim, a constituição definitiva do título judicial condenatório é condição de exercício da pretensão 
executória do Estado.
A prescrição da pretensão executória pressupõe a inércia do titular do direito de punir. Portanto, 
a única interpretação do inciso I do art. 112 do Código Penal compatível com esse entendimento é 
a que elimina do dispositivo a locução “para a acusação” e define como termo inicial o trânsito em 
julgado para ambas as partes, visto que é nesse momento que surge o título penal passível de ser 
executado pelo Estado.
Ademais, a aplicação da literalidade do dispositivo impugnado, além de contrária à ordem jurídi-
co-normativa, apenas fomenta a interposição de recursos com fins meramente procrastinatórios, 
frustrando a efetividade da jurisdição penal. 
Diante disso, o STF declarou a não recepção pela Constituição Federal da locução “para a acusação”, 
contida art. 112, inciso I (primeira parte), do Código Penal, conferindo-lhe interpretação conforme 
a Constituição no sentido de que a prescrição começa a correr do dia em que transita em julgado a 
sentença condenatória para ambas as partes. 
Modulação dos efeitos. Esse entendimento se aplica aos casos em que: 
i) a pena não foi declarada extinta pela prescrição; e 
ii) cujo trânsito em julgado para a acusação tenha ocorrido após 12/11/2020.
STF. Plenário. ARE 848.107/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – 
Tema 788) (Info 1101).
DIREITO PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
25
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A aquisição de armas de fogo deve se pautar pelo caráter excepcional, razão pela 
qual se exige a demonstração concreta da efetiva necessidade, por motivos tanto 
profissionais quanto pessoais
A aquisição de armas de fogo deve se pautar pelo caráter excepcional, razão pela qual se exige a 
demonstração concreta da efetiva necessidade, por motivos tanto profissionais quanto pessoais.
A única interpretação do art. 4º, caput, do Estatuto do Desarmamento compatível com a Constitui-
ção é aquela que vê na declaração de efetiva necessidade a conjugação de dois fatores: 
a) a imperatividade da demonstração de que, no caso concreto, realmente exista a necessidade de 
adquirir uma arma de fogo, segundo os critérios legais; e 
b) a obrigação do Poder Executivo de estabelecer procedimentos fiscalizatórios sólidos que permi-
tam auferir a realidade da necessidade.
Nesse contexto, o STF declarou inconstitucionais diversos dispositivos infralegais editados em 2021 
com a finalidade de promover a chamada “flexibilização das armas”. 
Esses dispositivos caracterizam-se como manifesto retrocesso na construção de políticas voltadas à 
segurança pública e ao controle de armas no Brasil, vulnerando as diretrizes nucleares do Estatuto 
do Desarmamento.
A livre circulação de cidadãos armados, carregando consigo múltiplas armas de fogo, atenta contra 
os valores da segurança pública e da defesa da paz, criando risco social incompatível com ideais 
constitucionalmente consagrados.
STF. Plenário. ADI 6119/DF, ADI 6139/DF e ADI 6466, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 01/07/2023 
(Info 1102).
STF. Plenário. ADI 6134 MC/DF, ADI 6675 MC/DF, ADI 6676 MC/DF, ADI 6677 MC/DF, ADI 6680 MC/
DF, ADI 6695 MC/DF, ADPF 581 MC/DF e ADPF 586 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 
01/07/2023 (Info 1102).
 � São constitucionais os arts. 67 e 69 da Lei 11.941/2009 e o art. 9º da Lei 10.684/2003
São constitucionais dispositivos de leis que estabelecem a suspensão da pretensão punitiva estatal, 
em consequência do parcelamento de débitos tributários, bem como a extinção da punibilidade do 
agente, se realizado o pagamento integral.
Não há violação aos arts. 3º, I a IV, e 5º, caput, da CF/88 nem ao o princípio da proporcionalidade, 
sob a perspectiva da proibição da proteção deficiente.
STF. Plenário. ADI 4.273/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 15/8/2023 (Info 1103).
DIREITO PENAL
JULGADOS 
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26
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Nos casos de estupro de vulnerável praticado em continuidade delitiva em que 
não é possível precisar o número de infrações cometidas, tendo os crimes ocorrido 
durante longo período de tempo, deve-se aplicar a causa de aumento de pena no 
patamar máximo de 2/3
No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3.
Em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar em consideração o número de 
infrações praticadas pelo agente.
Porém, nem sempre será fácil trazer para os autos o número exato de crimes que foram praticados, 
especialmente quando se trata de delitos sexuais. É o caso, por exemplo, de um padrasto que mora 
há meses ou anos com a sua enteada e contra ela pratica constantemente estupro de vulnerável. 
Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informação do número exato de crimes que foram come-
tidos, o juiz poderá aumentar a pena acima de 1/6 e, dependendo do período de tempo, até chegar 
ao patamar máximo.
Assim, constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de tempo, é 
possível o aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), 
ainda que sem a quantificação exata do número de eventos criminosos.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.932.618/RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), jul-
gado em 8/8/2023 (Info 782). 
DIREITO PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
27
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O Tribunal de Justiça Militar estadual ou o Tribunal de Justiça local, onde aquele 
não existir, possuem competência para decidir sobre a perda do posto e da patente 
dos oficiais e da graduação de praças da polícia militar estadual que tiveram con-
tra si sentenças condenatórias
1) A perda da graduação da praça pode ser declarada como efeito secundário da sentença conde-
natória pela prática de crime militar ou comum, nos termos do art. 102 do Código Penal Militar e do 
art. 92, I, ‘b’, do Código Penal, respectivamente. 
2) Nos termos do artigo 125, § 4º, da Constituição Federal, o Tribunal de Justiça Militar, onde houver, 
ou o Tribunal de Justiça são competentes para decidir, em processo autônomo decorrente de repre-
sentação do Ministério Público, sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças que teve contra si uma sentença condenatória, independentemente da natureza do crime 
por ele cometido.
À luz do art. 125, § 4º, da CF/88, na redação dada pela EC 45/2004, o Tribunal de Justiça Militar 
estadual ou o Tribunal de Justiça local, onde aquele não existir, possuem competência para decidir 
— em processo autônomo decorrente de representação ministerial — sobre a perda do posto e da 
patente dos oficiais e da graduação de praças da polícia militar estadual que tiveram contra si sen-
tenças condenatórias, independentemente do quantum da pena imposta ou da natureza do crime 
cometido (militar ou comum).
A Justiça comum, por sua vez, pode decretar a perda do cargo do policial militar (praça ou oficial) 
com base no art. 92, I, b, do Código Penal, nos próprios autos em que houver sua condenação por 
crime comum, sem que essa providência configure violação à competência da Justiça Militar.
Ademais, a perda da graduação de praças também pode ser decretada por força: 
(i) de condenação criminal pela prática de crime de natureza militar, inclusive sem a instauração de 
procedimento jurisdicional específico perante o Tribunal competente na hipótese de pena superior 
a dois anos, a teor do art. 102 do Código Penal Militar; e 
(ii) de sançãodisciplinar administrativa apurada em âmbito administrativo, mesmo que ainda esteja 
em curso ação penal envolvendo o mesmo fato.
STF. Plenário. ARE 1.320.744/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/6/2023 (Repercussão 
Geral – Tema 1200) (Info 1100).
DIREITO PENAL MILITAR
JULGADOS 
EM DESTAQUE
28
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A prisão preventiva é compatível 
com os regimes prisionais aberto e 
semiaberto?
Neste caso concreto, a 2ª Turma do STF deci-
diu que não. 
Foi decidido que viola o princípio da propor-
cionalidade a tentativa de compatibilizar a 
prisão preventiva com a imposição do regime 
inicial de cumprimento de pena semiaberto 
ou aberto.
A fixação do regime semiaberto torna despro-
porcional a manutenção da prisão preventiva, 
por significar imposição de medida cautelar 
mais gravosa à liberdade do que a estabeleci-
da na própria sentença condenatória, circuns-
tância que se revela como verdadeiro cons-
trangimento ilegal.
STF. 2ª Turma. HC 214.070 AgR/MG, Rel. Min. 
Nunes Marques, redator do acórdão Min. Dias 
Toffoli, julgado em 21/06/2023 (Info 1100).
Vale ressaltar que o tema é polêmico e que 
existem decisões do STJ e do próprio STF afir-
mando que:
A prisão preventiva é compatível com o regime 
prisional semiaberto, desde que seja realizada 
a efetiva adequação ao regime intermediário 
(STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 760.405-SP, Rel. 
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/8/2022).
 �Na revisão criminal, por se tratar de 
ação exclusivamente defensiva, afas-
tado o desvalor atribuído às circuns-
tâncias judiciais ou às agravantes, a 
pena deverá ser reduzida
Quando o Tribunal de origem, em recurso 
exclusivo da defesa, afasta a valoração negati-
va de algum elemento da dosimetria da pena, 
deve reduzir a sanção proporcionalmente, e 
não realocá-lo.
Assim, é imperiosa a redução proporcional 
da pena-base quando o Tribunal de origem, 
em recurso exclusivo da defesa, afastar uma 
circunstância judicial negativa do art. 59 do CP 
reconhecida na sentença condenatória (STJ. 
3ª Seção. EREsp 1826799-RS, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, Rel. Acd. Min. Antonio Saldanha Pa-
lheiro, julgado em 08/09/2021. Info 713).
O Tribunal, no julgamento de recurso ex-
clusivo da defesa, ainda que no contexto do 
efeito devolutivo da apelação, não terá plena 
liberdade para manter o mesmo apenamento 
fixado no édito condenatório quando afastar 
a valoração negativa de algum dos fatores 
analisados na sentença. 
Desse modo, não mais se admite que o Tri-
bunal, para manter o mesmo quantum da 
pena-base fixado na sentença, por exemplo, 
inove para atribuir maior valor a uma veto-
rial do art. 59 do CP em detrimento de outra, 
ou mesmo que reforce os fundamentos das 
circunstâncias mantidas como negativas 
para que estas agreguem o aumento das que 
foram neutralizadas. Tais medidas doravante 
configuram-se reformatio in pejus.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.037.387-SC, Rel. 
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/6/2023 
(Info 781).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
29
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Não há como se concluir que o limite 
máximo de pena em abstrato estipu-
lado no art. 5º do Decreto 11.302/22 
somente autoriza a concessão de 
indulto se o prazo de 5 anos não for 
excedido após a soma ou unificação 
de penas
A melhor interpretação sistêmica da leitu-
ra conjunta dos arts. 5º e 11 do Decreto nº 
11.302/2022 é a que entende que o resultado 
da soma ou da unificação de penas efetuada 
até 25/12/2022 não constitui óbice à con-
cessão do indulto àqueles condenados por 
delitos com pena em abstrato não superior a 
5 (cinco) anos, desde que: 
1) cumprida integralmente a pena por crime 
impeditivo do benefício; 
2) o crime indultado corresponda a condena-
ção primária (art. 12 do Decreto); e 
3) o beneficiado não seja integrante de facção 
criminosa (parágrafo 1º do art. 7º do Decreto). 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 824.625-SP, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
20/6/2023 (Info 781).
 �O tempo em que o apenado esteve 
afastado das suas obrigações no 
regime aberto, sob atestado médico, 
pode ser computado como pena efeti-
vamente cumprida
Situação hipotética: João cumpre pena em 
regime aberto, devendo pernoitar na Casa do 
Albergado. Ele apresentou vários atestados 
médicos para justificar a ausência nos per-
noites, os quais foram juntados no processo 
de execução. A Defensoria Pública pugnou 
pelo cômputo dos períodos de licença médica 
como efetivo cumprimento de pena.
O Juízo indeferiu o pedido por entender que 
os atestados médicos apresentados nos 
presídios serviram apenas para justificar o 
afastamento e evitar a comunicação de fuga, 
porém não poderiam ter seus períodos utiliza-
dos como pena cumprida pelo simples fato de 
que não haver o cumprimento da reprimenda 
propriamente dita.
O caso chegou ao STJ, que concordou com o 
pleito da defesa.
O tempo em que o apenado esteve afastado 
das suas obrigações no regime aberto, sob 
atestado médico, pode ser computado como 
pena efetivamente cumprida.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 703.002-GO, 
Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 
12/6/2023 (Info 781).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
30
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Compete ao STJ processar e julgar os 
crimes praticados pelos Conselheiros 
dos Tribunais de Contas, mesmo que 
não estejam relacionados com o cargo
O crime cometido pelo Desembargador, 
mesmo que não esteja relacionado com as 
suas funções, deverá ser julgado pelo STJ com 
o objetivo de preservar a isenção (imparciali-
dade e independência) do órgão julgador. Foi 
o que ficou assentado pelo STJ na QO na APn 
878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado 
em 21/11/2018 (Info 639).
Esse mesmo raciocínio deve ser aplicado para 
os Conselheiros dos Tribunais de Contas consi-
derando que eles são equiparados a Magistra-
dos por força dos arts. 73, § 3º, e 75 da Consti-
tuição, havendo identidade do regime jurídico.
Logo, as mesmas garantias e prerrogativas 
outorgadas aos Desembargadores dos Tri-
bunais de Justiça devem ser estendidas aos 
Conselheiros estaduais e distritais, no que se 
inclui o reconhecimento do foro por prerro-
gativa de função durante o exercício do cargo, 
haja, ou não, relação de causalidade entre a 
infração penal e o cargo.
STJ. Corte Especial. AgRg na Rcl 42.804/DF, Rel. 
Min. Raul Araújo, julgado em 16/8/2023 (Info 783).
 �A mudança de entendimento juris-
prudencial autoriza o ajuizamento 
de revisão criminal?
A mudança de entendimento jurisprudencial 
não autoriza o ajuizamento de revisão crimi-
nal, ressalvadas hipóteses excepcionalíssimas 
de entendimento pacífico e relevante.
STJ. 3ª Seção. RvCr 5.620-SP, Rel. Min. Laurita 
Vaz, julgado em 14/6/2023 (Info 783).
 �A participação dos órgãos de perse-
cução estatal na gravação ambiental 
realizada por um dos interlocutores, 
sem prévia autorização judicial, 
acarreta a ilicitude da prova
A gravação realizada por um dos interlocuto-
res sem o conhecimento do outro, não prote-
gida por um sigilo legal (QO no Inq. 2116, STF) 
é prova válida. Trata-se de hipótese pacífica 
na jurisprudência do STF e do STJ, pois se 
considera que os interlocutores podem, em 
depoimento pessoal ou em testemunho, revelar 
o teor dos diálogos.
Por outro lado, a gravação ambiental realiza-
da por um dos interlocutores com a colabora-
ção dos órgãos de persecução penal precisa 
de prévia autorização judicial como forma de 
contenção da atuação estatal. 
A participação da polícia ou do Ministério 
Público na produção da prova, fornecendo 
equipamento, aproxima o agente particular 
de um agente colaborador ou de um agente 
infiltrado e, consequentemente, de suas res-
trições. Logo, se não houve prévia autorização 
judicial neste caso, a prova é ilícita.
STJ. 6ª Turma. RHC 150.343-GO, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min.Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/8/2023 
(Info 783).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
31
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É cabível a remição penal por aprovação no ENEM ao reeducando que já havia 
concluído o ensino médio antes de ingressar no sistema prisional?
É cabível a remição penal por aprovação no ENEM ao reeducando que já havia concluído o ensino 
médio antes de ingressar no sistema prisional?
Existe divergência dentro do STJ:
SIM.
É cabível a remição da pena pela aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, ainda que 
o apenado já tenha concluído o ensino médio antes de dar início ao cumprimento da pena, ressalva-
do o acréscimo de 1/3, com fundamento no art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal. 
STJ. 5ª Turma. HC 786.844-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. para acórdão Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, julgado em 8/8/2023 (Info 783).
É cabível a remição da pena pela aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, ainda que 
o apenado já tenha concluído o ensino médio antes do encarceramento, excluído o acréscimo de 
1/3 (um terço) com fundamento no art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 768.530-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 6/3/2023 (Info 767).
NÃO.
Não é possível a remição da pena pela certificação no Exame Nacional de Ensino Médio quando o 
reeducando concluiu essa etapa educacional antes da execução penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC n. 169.075/SC, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do 
TJDFT), julgado em 13/3/2023.
O CNJ, por meio da Recomendação n. 44/2013, posteriormente substituída pela Resolução n. 
391/2021, estabeleceu a possibilidade de remição de pena à pessoa privada de liberdade que, por 
meio de estudos por conta própria, vier a ser aprovada nos exames que certificam a conclusão do 
ensino fundamental ou médio (ENCCEJA ou outros) e aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio 
- ENEM.
No caso, contudo, o ora agravante, ao ingressar no sistema prisional, era portador de diploma de 
nível superior. Em hipóteses tais, não há aquisição de novos conhecimentos, razão pela qual não há 
que se falar em remição, por aprovação no ENEM, sob pena de destoar do escopo da norma.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 828.464/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/8/2023.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Incide ISS sobre os serviços de exame, pesquisa, coleta, compilação e forneci-
mento de dados e informações de produtos farmacêuticos, medicamentosos e 
relacionados à saúde executados dentro do Brasil a partir de contratação por 
empresa do exterior
Caso adaptado: Pharmaceutical Research Ltda é uma empresa subsidiária de um grupo interna-
cional. Ela recebeu a incumbência de pesquisar como a população brasileira reage a determinado 
medicamento. Essa empresa desenvolve no Brasil serviços de exame, pesquisa, coleta, compilação 
e fornecimento de dados e informações de produtos farmacêuticos, medicamentos e relacionados 
à saúde e correlatos. O resultado desses serviços é enviado para o exterior para que a empresa far-
macêutica estrangeira, utilizando tais dados, possa dar prosseguimento ao desenvolvimento clínico 
dos medicamentos.
A empresa terá que pagar ISSQN sobre esses serviços por ela prestados porque se enquadram no 
item 17.01 da lista de Serviços, aprovada pela LC nº 116/2003. 
Serviços de exame, pesquisa, coleta, compilação e fornecimento de dados e informações de pro-
dutos farmacêuticos, medicamentosos e relacionados à saúde e correlatos executados dentro do 
território nacional em contratação por empresa do exterior não configura exportação de serviços.
STJ. 1ª Turma. REsp 2.075.903-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 8/8/2023 (Info 782). 
DIREITO TRIBUTÁRIO
DIREITO FINANCEIRO
 � É constitucional o Regime de Recuperação Fiscal dos estados e do Distrito Federal 
(LC 159/2017) bem como a norma inscrita na LRF (LC 101/2000), que prevê que as 
despesas com inativos e pensionistas integram o cômputo da despesa total com 
pessoal
São constitucionais dispositivos da Lei Complementar nº 159/2017 e do Decreto nº 10.681/2021, que 
estabelecem e regulamentam o Regime de Recuperação Fiscal dos estados e do Distrito Federal.
É também constitucional o art. 20, § 7º, da LC 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que prevê 
que as despesas com inativos e pensionistas integram o cômputo da despesa total com pessoal dos 
respectivos Poderes e órgãos.
STF. Plenário. ADI 6.892/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 15/8/2023 (Info 1103).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Despesas com inativos e IRRF devem ser incluídas no limite de gastos dos estados 
com pessoal
São constitucionais — à luz do regime constitucional de repartição de competências (arts. 24, I; e 169, “caput”, da 
CF/88) e do equilíbrio federativo — dispositivos da Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) 
que incluem, no cálculo dos gastos com pessoal pela Administração Pública, as despesas com inativos e pensio-
nistas, bem como o imposto de renda retido na fonte.
No plano financeiro, o art. 169 da CF/88 estabelece que a despesa com pessoal ativo e inativo da 
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios deve respeitar os limites fixados em lei 
complementar de caráter nacional, no caso, a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF.
Uma vez atribuída competência ao ente central para regular a questão de modo geral e uniforme 
por meio de uma lei nacional, os entes subnacionais devem obediência ao regramento editado, sen-
do-lhes vedado escolher as regras que irão adotar.
Nesse contexto, o entendimento que fundamenta a exclusão do imposto de renda retido na fonte 
do limite de despesa de pessoal contraria diretamente o disposto no art. 19 da LRF — que enumera 
as parcelas não integrantes do referido cálculo —, de forma que manifestações subnacionais em 
sentido ampliativo usurpam a competência legislativa da União para editar normas gerais sobre 
direito financeiro (art. 24, I, da CF/88).
Ademais, excepcionadas as hipóteses previstas na LRF (art. 19, § 1º, VI), a desconsideração dos valores 
pagos a inativos e pensionistas para o cálculo do limite de gastos com pessoal afronta a sistemática 
prevista pela referida lei (art. 18, caput), bem como os dispositivos constitucionais acima referidos.
Logo, são constitucionais o art. 18, caput, e o art. 19, caput, e §§ 1º e 2º, da LRF.
STF. Plenário. ADC 69/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 01/7/2023 (Info 1101).
DIREITO FINANCEIRO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � STF autorizou a realização de concurso para reposição de cargos vagos nos Esta-
dos e Municípios que tenham aderido ao RRF e excluiu do teto de gastos os inves-
timentos com recursos de fundos públicos especiais vinculados ao Judiciário, 
TCE e funções essenciais à Justiça
As vedações à reposição de vacâncias de cargos públicos durante a vigência do Regime de Recupe-
ração Fiscal afrontam a autonomia dos Estados e Municípios, o princípio da proporcionalidade, bem 
como o princípio da continuidade do serviço público. 
Contudo, a realização de concursos públicos e o provimento de cargos pelos entes aderentes de-
vem respeitar os requisitos legais usuais: 
a) autorização da autoridade estadual ou municipal competente; 
b) avaliação das prioridades do ente político; e c) existência de viabilidade orçamentária na admissão.
Em regra, o legislador nacional pode limitar a admissão de pessoal por entes federados em recu-
peração fiscal, sobretudo considerando que um dos problemas crônicos da Federação brasileira 
consiste no controle das despesas públicas com pessoal. Contudo, limitações dessa natureza devem 
respeitar a intangibilidade

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