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Nesta unidade faremos uma introdução ao tema auditoria. Para isso, vamos tratar inicialmente dos aspectos históricos, legais, sociais e conceituais de auditoria e mediação. Na sequência, passaremos a relacionar os aspectos normativos da auditoria, identi�cando as normas pro�ssionais do auditor, observando as normas de controle de qualidade e independência do auditor. Além disso, identi�caremos contextos que utilizamos na revisão externa e relacionaremos os aspectos sobre o exame de quali�cação técnica e cadastro nacional de auditores independentes. Por �m, discutiremos a responsabilidade moral do Código de Ética do Pro�ssional da Contabilidade junto aos pro�ssionais de auditoria e mediação. Neste tópico conheceremos os aspectos históricos, características e conceito de auditoria e mediação. Para isso, passaremos a relacionar os fundamentos doutrinários sobre a utilidade social de auditoria, mediação e a ética contábil pro�ssional, analisando as bases teóricas e conceituais sobre auditoria e mediação. Aspectos Históricos da Auditoria Apesar de haver indícios da existência da pro�ssão de auditor desde o século XIV, foi somente a partir de 1934, nos Estados Unidos, que esta assume importância e cria um novo estímulo, uma vez que as organizações que transacionavam ações na Bolsa de Valores foram forçadas a empregar serviços de auditoria para levar maior credibilidade a suas demonstrações contábeis (ATTIE, 2018). Em um cenário mais recente, diversas ocorrências abalaram os alicerces das estruturas das organizações que, motivadas pela elevação de seus valores patrimoniais, acabaram transformando informações, que deveriam ser con�áveis, em demonstrativos que deram impulso a uma verdadeira catástrofe �nanceira mundial (ATTIE, 2018). Organizações, anteriormente conhecidas como ícones estruturais, revelaram- se verdadeiros castelos construídos em areia. Isso resultou em perdas a diversos acionistas e �nanciadores de projetos e de investimentos que basearam suas decisões de investimento em demonstrações contábeis e �nanceiras produzidas com elevados lucros e resultados inatingíveis, sem critérios consistentes (ATTIE, 2018). Nesse contexto, Attie (2018) salienta que foram realizados, tanto no Brasil como no exterior, pesquisas e alterações de legislações, visando melhor adaptação às informações contábeis e o desenvolvimento de normas internacionais, que possam levar a padronização das informações contábeis e auxiliar no preparo e na interpretação das mesmas. Evolução da Auditoria no Brasil A evolução da auditoria no Brasil está́ relacionada com a implantação de organizações internacionais de auditoria independentes, decorrentes de investimentos internacionais que tiveram, obrigatoriamente, suas demonstrações contábeis auditadas (ATTIE, 2018). Nesse sentido, o autor salienta que as principais in�uências que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria no Brasil foram: a) �liais e controladas de �rmas estrangeiras; b) avanço do mercado de capitais; b) �nanciamento de organizações brasileiras por meio de entidades internacionais; c) crescimento das entidades brasileiras e necessidade de descentralização e diversi�cação de suas atividades econômicas; e) desenvolvimento das normas de auditoria pelo Banco Central do Brasil, em 1972; f) criação da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades por Ações, em 1976. A Lei das Sociedades por Ações determinou que as S/As (Sociedades Anônimas) devem observar as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e, além disso, serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes, registrados na mesma comissão (ATTIE, 2018). Assim, a Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que criou a Comissão de Valores Mobiliários, estabeleceu a disciplina e a �scalização para as atividades de auditoria das S/As, dando à referida Comissão atribuição de examinar a seu critério os registros contábeis, livros ou documentos dos auditores independentes (ATTIE, 2018). De acordo com a lei, apenas as empresas de auditoria contábil ou os auditores contábeis independentes, registrados na Comissão de Valores Mobiliários, poderão auditar as demonstrações contábeis dessas companhias e das instituições, sociedades ou empresas que integram o sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários (ATTIE, 2018). Ainda, a lei estabeleceu que as empresas de auditoria contábil ou auditores contábeis independentes deverão responder, civilmente, pelos prejuízos que causarem a terceiros devido a culpa ou dolo no exercício de suas funções (ATTIE, 2018). Como se observa, o exercício da auditoria independente ainda está condicionado àquelas empresas integrantes do Mercado de Capitais e as do Sistema Financeiro. Demais empresas são auditadas, geralmente, a pedido de seus acionistas, proprietários ou por acordos �rmados com terceiros como �nanciadores, fornecedores, etc. O exercício da auditoria independente ainda não é aplicável à totalidade das empresas e há todo um mercado a ser desenvolvido (ATTIE, 2018). Por esse motivo, também, a boa técnica contábil deixa de ser utilizada e, certamente, não há um padrão quanto à adoção de princípios contábeis e �scais usados uniformemente pelas empresas em geral (ATTIE, 2018). Cabe destacar que, de acordo com a Lei nº 11.638/2007, há a obrigatoriedade de um auditor registrado na CVM para empresa de grande porte, cujos ativos sejam superiores a R$ 240.000.000,00 ou a receita bruta anual no ano anterior tenha sido superior a R$ 300.000.000,00. É importante salientar que a legislação aplicável às Sociedades por Ações, emitida pela Lei nº 6.404/76, foi atualizada pela Lei nº 11.638/2007, contando com algumas alterações que permitiram o alinhamento das normas brasileiras às normas internacionais, denominadas como Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS) (ATTIE, 2018). Auditoria O termo auditor provém da língua inglesa, to audit (examinar, ajustar, corrigir, certi�car), e não é exclusivo do ramo contábil, existindo a mesma nomenclatura em outros enfoques, porém, exercida com objetivos similares. Nesse sentido, os enfoques da auditoria incluem a auditoria operacional, da qualidade, digital, contábil e �scal. Por auditoria operacional entende-se o exame dos principais processos e procedimentos, sistema de controle interno cujo principal objetivo é melhorar a produtividade, bem como a e�ciência e a e�cácia da operação. Também é voltada para o vazamento de controle de chaves e processos que causam desperdício de recursos para, em seguida, recomendar melhorias. A auditoria da qualidade determina até que ponto os requisitos de qualidade são atendidos. Para tanto, realiza-se um exame dos processos, produtos e serviços, a �m de determinar se eles atendem aos requisitos especi�cados com relação a dimensões, funcionalidade, segurança e capacidade de resposta. Já uma auditoria digital é um exame do desempenho das plataformas digitais, como sites, contas de mídias sociais e e-mail, projetada para auxiliar a organização a alavancar as vendas por meio dos recursos digitais, visando atingir efetivamente as metas estratégicas. Observe que, na contabilidade, a auditoria corresponde a uma especialização contábil, orientada para testar a e�ciência e e�cácia do controle patrimonial com a �nalidade de expressar uma opinião sobre determinado dado (ATTIE, 2018). Assim, auditoria é uma intermediação, na qual a principal �nalidade é servir como alicerce para os usuários da informação, conforme seus objetivos. A auditoria das demonstrações contábeis possui como �nalidade examinar as informações. Assim, é compreensível que todos os itens, formas e métodos que as in�uenciam também sejam averiguados (ATTIE, 2018). O exame da auditoria abrange a análise documental de “livros e registros com características controladoras, a obtenção de evidências de informações de caráter interno ou externo que se relacionam com o controle do patrimônioe a exatidão dos registros e as demonstrações deles decorrentes” (ATTIE, 2018, p. 5). A relevância que se dá a cada situação corresponde a uma série de decorrências dos diferentes segmentos que compõem a entidade (ATTIE, 2018). Nesse contexto, os exames de auditoria executam as normas de auditoria e inserem procedimentos de comprovação dos dados em pesquisa, de�nidos por uma atitude de re�exão competente e independente (ATTIE, 2018). Vejamos, na Figura 1.1, um resumo da visão da auditoria. Figura 1.1 - Visão da auditoria Fonte: Attie (2018, p. 5). A atitude mental é uma atividade de auditoria, fundamentalmente crítica, focada “nas regras em vigor por força das normas implantadas para o controle do patrimônio, testando sua atividade e cerceamento às possibilidades de riscos e erros (ATTIE, 2018, p. 5). É importante ressaltar que a ação da auditoria não se limita ao que está registrado nos livros o�ciais, abrangendo também o que pode ter sido omitido (propositalmente ou não) dos registros principais. Assim, a auditoria deve buscar todos os meios de provas (internas ou externas) que estiverem ao seu alcance, a �m de apurar a propriedade dos registros contábeis, até que se sinta plenamente satisfeita em suas convicções, uma vez que o trabalho do auditor é primado pela factualidade (ATTIE, 2018). A atitude pro�ssional re�ete a combinação de uma educação pro�ssional desenvolvida com o conhecimento técnico adquirido pela experiência ou mediante ao estudo permanente de novas ferramentas de trabalho, regulamentações, aprimoramento pessoal, complementados pela maturação pessoal, dando-lhe capacitação mental e intelectual para avaliar e concluir os dados em exame (ATTIE, 2018). A atitude preventiva na auditoria deve primar pela construção de uma reputação, alicerçada em padrões morais inatacáveis, uma vez que a posição da assinatura do auditor no parecer de auditoria é uma atitude preventiva, de alguém com força moral absoluta para poder dar credibilidade a elas e poder dizer, de forma evidente, o que precisa ser dito, em qualquer circunstância, atuando de forma capacitada e lícita na emissão de sua opinião (ATTIE, 2018). Com isso, podemos perceber que os métodos aplicados pela técnica de auditoria são retrospecção e análise, uma vez que a auditoria examina os fatos já ocorridos e realiza, de forma análitica e minunciosa, a retrospecção como forma de trabalho da auditoria, veri�cando os fatos passados através de fatos patrimoniais já sucedidos (CREPALDI, 2016). Assim, o trabalho de análise, de acordo com Crepaldi (2016) é composto pelas seguintes fases: levantamento de condições de rotina administrativa �nanceira e contábil; planejamento da auditoria; obtenção das provas; relatório de auditoria e certi�cados. Em cada uma dessas fases, a técnica de auditoria fornece processos de execução que serão pesquisados no decorrer do presente trabalho, constituindo matéria ou objeto de estudo e da orientação pro�ssional. Mediação No contexto de uma auditoria pode ser necessária a mediação, que é uma forma de solução de controvérsias e con�itos. Dessa forma, os envolvidos discutirão sobre um con�ito, com a presença de um indivíduo imparcial, sem caráter vinculativo, que auxiliará na solução do caso, buscando o consenso e/ou a realização de acordo. O tema “Mediação” não é novo, uma vez que isso já vem sendo aplicado no mundo há milhares de anos, fazendo parte da cultura de diversas populações. No entanto, recentemente, diversos países vêm formalizando esse tema em formato de lei. No Brasil por exemplo, há um histórico de regulamentação da mediação, conforme podemos observar no Quadro 1.1.
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