Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APERFEIÇOAMENTO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE MÓDULO I A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DAS POLÍTIC AS PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO VITÓRIA-ES PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA Secretaria Municipal de Saúde GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Secretaria de Estado da Saúde GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Paulo César Hartung Gomes SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE Ricardo de Oliveira SUBSECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE DE ASSUNTOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO À SAÚDE José Hermínio Ribeiro GERENTE DE RECURSOS HUMANOS Marli Breda Basílio de Souza CHEFE DO NÚCLEO ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Luiz Cláudio Oliveira da Silva CHEFE DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE Andrey Luis Mozzer EQUIPE TÉCNICA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE Dóris Griffo Almeida Ingrid Frederico Barreto Maria Aparecida Januário EQUIPE DE APOIO Edenilson de Oliveira Santos Eva Alexandre Martins PREFEITO DE VITÓRIA Luciano Santos Rezende VICE-PREFEITO DE VITÓRIA Wagner Fumio Ito SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE Daysi Koehler Behning SUBSECRETÁRIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Karina Daleprani Espíndula SUBSECRETÁRIA DE APOIO ESTRATÉGICO Cátia Cristina Vieira Lisboa DIRETORA DA ESCOLA TÉCNICA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE PROFESSORA ÂNGELA MARIA CAMPOS DA SILVA - ETSUS VIT ÓRIA Regina Célia Diniz Werner EQUIPE TECNICA Arlete Frank Dutra Cília Zucolotti Denise Mara Ramaldes Pedrosa Denise Vallory da Silva Jaciara de Lima Romualdo Josilda Terezinha Bertulozo Ferreira Mary Cristina F. de Oliveira Fonseca Shirley Pimenta Pegoretti Silvério José Rocha Elias Sonia Regina Quaglioz dos Santos Sartori Tatiane Comério COLABORADORES João Carlos Milaré PREFEITURA DE VITÓRIA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA TÉCNICA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE PROFESSORA ÂNGELA MARIA CAMPOS DA SILVA – ETSUS VITÓRIA APERFEIÇOAMENTO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE Módulo I: A Atenção Primária a Saúde no contexto da s políticas de saúde e as estratégias de implementaçã o Vitória-ES Material elaborado para o curso Aperfeiçoamento em Atenção Primária a Saúde. Reproduzido e distribuído com recursos repassados por meio da Portaria Estadual 052-R de 11 de junho de 2014, do Plano de Ações Regionais de Educação Permanente em Saúde (PAREPS). É permitida a reprodução parcial ou total deste material desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é dos autores. Distribuição gratuita. Parceria Ministério da Saúde. Governo do Estado do Espírito Santo. Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Gerência de Recursos Humanos. Núcleo Especial de Desenvolvimento de Recursos Humanos. Núcleo de Educação e Formação em Saúde. Prefeitura de Vitória/ES. Secretaria Municipal de Saúde. Escola Técnica e Formação Profissional de Saúde “Professora Ângela Maria Campos da Silva – ETSUS Vitória”. Equipe responsável pela elaboração Cília Zucolotti Jaciara de Lima Romualdo Josilda Terezinha Bertulozo Ferreira Mary Cristina F. de Oliveira Fonseca Shirley Pimenta Pegoretti Sônia Regina Quaglioz dos Santos Sartori FICHA CATALOGRÁFICA Vitória (ES). Prefeitura de Vitória. Secretaria Municipal de Saúde. Escola Técnica e Formação Profissional de Saúde – ETSUS Vitória. Aperfeiçoamento em Atenção Primária a Saúde : Módulo I - A Atenção Primária a Saúde no Contexto das políticas de saúde e as estratégias de implementação. Vitória: SEMUS, 2015. 87 p. 1. Saúde Pública. 2. Atenção Primária a Saúde. 3. Educação Permanente em Saúde. 4. Capacitação Profissional. “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate”. Paulo Freire SUMÁRIO RESUMO DO PROJETO .......................................................................................... 11 MÓDULO I: A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO .................... 17 UNIDADE DIDÁTICA 1: PROCESSO SAÚDE-DOENÇA, POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO ............................................. 18 UNIDADE DIDÁTICA 2: VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MODELOS ASSISTENCIAIS .. 20 UNIDADE DIDÁTICA 3: ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ........................ 23 ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL – MÓDULO I ......................................................... 25 TEXTO N.º 1 - SAÚDE E DOENÇA: DOIS FENÔMENOS DA VIDA ........................ 26 TEXTO N.º 2 - A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ............ 33 TEXTO N.º 3 - MUNICÍPIO SAUDÁVEL – UMA ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................................................................................ 41 TEXTO N.º 4 – CASO D. FILOMENA - PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS ........................................................................................................... 44 TEXTO N.º 5 - MODELOS DE ATENÇÃO A SAÚDE................................................ 51 TEXTO N.º 6 - A INTERSETORIALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ................ 58 TEXTO N.º 7 - ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE . 60 ANEXO A .................................................................................................................. 68 PORTARIA GM/MS N.º 2.488 DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 ................................ 68 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86 11 RESUMO DO PROJETO INTRODUÇÃO A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tem se constituído um grande desafio para gestores, profissionais de saúde e sociedade como um todo. O caminho percorrido ao longo da primeira década de funcionamento apresenta experiências bastante variadas e ricas nos diferentes aspectos e cenários de construção desse projeto – SUS, como a descentralização do processo de decisão que tem possibilitado uma melhor visualização dos problemas a serem enfrentados, assim como as possibilidades e limites de intervenções. Dessa forma, a busca por um novo modelo assistencial ganha sentido prático no esforço de dar respostas às necessidades concretas da população. Para fortalecer e aumentar a qualidade de resposta do setor de saúde às demandas da população, a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, por meio da Escola Técnica e Formação Profissional em Saúde – ETSUS Vitória, tem investido nas ações de educação permanente, com base nas indicações expressas na Constituição Federal de 1988 e nos dispositivos legais infraconstitucionais, Lei Federal n.º 8080, de 19 de setembro de 1990, Lei Federal n.º 8142, de 28 de dezembro de 1990, Decreto Federal n.º 7508, de 28 de junho de 2011, e Portaria Federal n.º 2.488, de 21 de outubro de 2011, que definem um conceito ampliado de saúde, para além da dimensão setorial dos serviços, e um conjunto de princípios balizadores, centrados na integralidade, universalidade e equidade da atenção, bem como no controle social e na descentralização da gestão, com comando único em cada esfera de governo. Dessa forma, cabe à instituição capacitar os profissionais de saúde para o desenvolvimento de suas potencialidadese incrementar o processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde, considerando que parte desses profissionais teve sua formação predominantemente hospitalocêntrica. Assim, propomos o Curso de Aperfeiçoamento em Atenção Primária à Saúde para Auxiliares de Enfermagem, Técnicos em Enfermagem, Técnico em Saúde Bucal, Auxiliar em Saúde Bucal, Auxiliar de Laboratório e Assistente de Farmácia, inseridos na Atenção Primária. 12 OBJETIVOS Objetivo Geral Promover a aquisição de competências necessárias para o desenvolvimento de ações de forma integral, resolutiva e humanizada na promoção e assistência à saúde, contribuindo para melhoria do acesso e da qualidade do serviço prestado à população. Objetivos Específicos • Discutir os papéis dos profissionais de saúde e estratégias de atuação, com vistas a viabilizar o novo modelo de atenção à saúde, com base nos princípios do SUS. • Possibilitar a reflexão dos modelos de atenção à saúde, destacando a vigilância em saúde como prática interdisciplinar e intersetorial. • Proporcionar a atualização de conhecimentos em vigilância epidemiológica enfatizando as etapas de consolidação, análise e apresentação do sistema de informação em saúde. • Possibilitar a reflexão sobre a importância do trabalho em equipe e os desafios desta construção, possibilitando, ainda, os métodos para uma abordagem domiciliária, pautada na ética profissional, construção de vínculos no território, compreensão do funcionamento das relações humanas e interações familiares. • Orientar trabalhadores de saúde para a utilização de alternativas com base em princípios científicos e tecnológicos, que propiciem o desenvolvimento da capacidade para resolução de problemas, respeitando regras de convivência democrática. • Discutir a importância da participação popular na saúde como fator fundamental no processo de transformação da prática de trabalho. 13 PERFIL PROFISSIONAL DE CONCLUSÃO Os profissionais, ao término do curso, deverão ter o perfil que envolve a articulação de 06 (seis) competências, onde cada uma expressa uma dimensão da realidade de trabalho, conforme a perspectiva de construção da organização dos processos de formação e de trabalho, incorporando o saber ser, saber conhecer e saber fazer. As competências que definem o perfil de conclusão são: • Compreender a História da Saúde, a evolução das políticas públicas de saúde no Brasil, a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Saúde e Doença e seus determinantes e condicionantes. Conhecer a Atenção Primária a Saúde, os modelos de atenção à saúde e a reorganização dos serviços; • Conhecer o Processo de Trabalho em Saúde e o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), apropriando-se do território como instrumento fundamental na construção do diagnóstico situacional de saúde e planejamento das ações, considerando a realidade da população na qual estão inseridas as equipes de saúde. • Compreender a importância do trabalho em equipe e os desafios desta construção, além dos métodos para abordagem domiciliária, pautados na ética profissional, no funcionamento das relações humanas, em particular das famílias, e na percepção das interações familiares na Atenção Primária a Saúde. • Compreender a humanização do atendimento por meio de estratégias de implementação de um processo de acolhimento e de escuta ativa mediante a identificação dos problemas de saúde, possibilitando um atendimento oportuno e resolutivo. • Identificar a Educação Permanente em Saúde como um processo de promoção da melhoria da qualidade de vida da população, compreendendo a importância da participação dos profissionais de saúde e da comunidade de forma articulada e ativa no processo. • Conhecer o processo de trabalho da Vigilância em saúde, utilizando dados e informações necessárias, a fim de intervir em situações de risco, vulnerabilidade e suscetibilidade da população, conforme normas e protocolos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. 14 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR O curso Aperfeiçoamento em Atenção Primária a Saúde tem carga horária total de 184 (cento e oitenta e quatro) horas, divididas em 120 (cento e vinte) horas presenciais, em sala de aula, e 64 (sessenta e quatro) horas de atividades não presenciais, no local de trabalho. O curso está estruturado em 05 (cinco) módulos compostos por Unidades Didáticas, constituídas por conteúdos relacionados ao processo ensino-aprendizagem, sendo: MÓDULOS PRESENCIAL ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL Módulo I - A Atenção Primária a Saúde no Contexto das Políticas Públicas de Saúde e as Estratégias de Implementação. 24h 16h Módulo II - A Organização das Regiões de Saúde, com ênfase no planejamento das Ações de Saúde. 24h 16h Módulo III - O Processo de Trabalho em Equipe. 24h 16h Módulo IV - A Humanização na Reorganização das Práticas e a Participação Popular. 24h 16h Módulo V - Vigilância em Saúde com Ênfase em Vigilância Epidemiológica. 24h -- Subtotal 120h 64h Total 184 horas Público Alvo: Auxiliares de Enfermagem, Técnicos em Enfermagem, Técnico em Saúde Bucal, Auxiliar em Saúde Bucal, Auxiliar de Laboratório e Auxiliar de Farmácia, inseridos nas equipes da Estratégia Saúde da Família. METODOLOGIA A dinâmica do curso adota uma estratégia de formação por meio do trabalho em saúde, articulando teoria e prática, ensino-serviço-comunidade, em regime de alternância, com momentos presenciais e realização de atividades no espaço de trabalho, denominadas não presenciais . Nos momentos presenciais os alunos, reunidos em um mesmo espaço físico, em suas salas de aula, no município sede do curso, realizam, sob orientação do facilitador, atividades programadas, em Unidades Didáticas, com estudo em grupo, dramatizações, leitura de texto, elaboração de sínteses e outras estratégias metodológicas, 15 acrescentando e sistematizando o conhecimento teórico que sustenta a prática dos referidos profissionais. Já nos momentos de atividade não presencial , os alunos retornam ao local de trabalho e ali realizam atividades também programadas, conforme a orientação do facilitador. Assim, ensino e aprendizagem não se apresentam como momentos distintos, mas como uma integração do saber e o fazer, compreendendo um período de aprimoramento e desenvolvimento de habilidades, a partir da realização dos trabalhos intermódulos, relacionados com os conteúdos estudados nos momentos presenciais. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM A avaliação será contínua e formativa, oferecendo subsídios para diagnosticar, intervir e redefinir encaminhamentos, com base na análise do desenvolvimento de competências por parte do aluno/trabalhador, por meio de atividades individuais e em grupo, participação nas discussões e autoavaliação, bem como outros instrumentos pedagógicos, privilegiando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos ao longo de toda a formação. Para efeito de aprovação será exigida frequência mínima igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) nos momentos presenciais e realização de 100% (cem por cento) das atividades não presenciais, em cada módulo e no computo geral da carga horária do curso. Será, também, considerado o aproveitamento do aluno durante o curso, observando-se os critérios de avaliação de cada atividade. Com base no exposto e tendo como referência as competências previstas no plano de curso, os facilitadores atribuirão os seguintes conceitos: 1. Apto – alcançou os objetivos educacionais mínimos para o módulo. 2. Ainda não apto - alcançou os objetivos educacionais mínimos propostos para os módulos, porém fazem-se necessárias algumas correções. 3. Não apto - não alcançou os objetivos educacionais mínimos propostos para os módulos. Quando os trabalhos forem avaliados com “Ainda não apto”os alunos receberão o feedback dos facilitadores com os comentários que orientarão a correção dos mesmos. Após realizar as correções o aluno deverá entregar o trabalho escrito ao facilitador que fará nova avaliação. 16 CERTIFICAÇÃO Para a certificação será exigida frequência mínima igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) nos momentos de presenciais e 100% (cem por cento) nos de atividade não presencial, em cada módulo e no computo geral da carga horária do curso, bem como o aproveitamento do aluno durante o curso e na realização das atividades não presenciais, observando-se os critérios de avaliação de cada atividade. 17 MÓDULO I: A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DA S POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO Propósito O Módulo I propõe a compreensão da História da Saúde com a evolução das Políticas Públicas de Saúde no Brasil, a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Saúde e Doença, seus determinantes e condicionantes, a Atenção Primária a Saúde, os modelos de atenção à saúde bem como a reorganização dos serviços e consequentemente a melhoria da qualidade prestada à população. Competências • Conceituar saúde, problemas de saúde e riscos e agravos. • Identificar as políticas públicas de saúde. • Intervir nas situações de risco baseado no levantamento dos problemas de saúde. • Identificar os modos de viver da população em relação ao processo saúde-doença. • Identificar as políticas públicas de saúde. • Incorporar os princípios e diretrizes do SUS no processo de trabalho. • Aplicar a legislação relacionada às diretrizes e princípios do SUS. • Compreender as ações de promoção, prevenção e a vigilância em saúde. • Compreender os princípios e diretrizes da Estratégia Saúde da Família. • Conhecer as formas de reorganização das práticas em atenção primária a saúde. • Atuar em equipe respeitando as atribuições dos profissionais integrantes. • Identificar a intersetorialidade como ferramenta para o trabalho em equipe. Carga Horária Total do Módulo: 40h • Período de Concentração: 24h • Período de Atividade não presencial: 16h 18 UNIDADE DIDÁTICA 1: PROCESSO SAÚDE-DOENÇA, POLÍTICA S PÚBLICAS DE SAÚDE E ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 1. Participar da dinâmica de apresentação. 1. Realizar dinâmica de apresentação. 2. Mencionar as expectativas em relação ao curso. Listar os compromissos (contrato de convivência). Assinar o contrato. 2. Levantar as expectativas do grupo, registrando em papel kraft. Elaborar compromissos com a turma. – Dinâmica “Casinha”. O facilitador desenha em cartolina a estrutura de uma casa e solicita aos alunos que apontem as “regras” do contrato de convivência. Anotar o que deve estar dentro ou fora da casinha. Ao final, solicitar que todos os alunos assinem o contrato. Expor o desenho da casinha em todas as aulas. 3. Conhecer a proposta pedagógica do curso. 3. Apresentar a proposta pedagógica do curso. Esclarecer possíveis dúvidas sobre o desenvolvimento do curso Enfatizar o contrato de convivência 4. Construir a “Linha da Vida”, ausência e presença da saúde durante as fases do ciclo de vida, por meio de recortes de gravuras. Organizar de forma coletiva em papel Kraft, na posição horizontal, traçando uma linha do tempo no meio da folha, em seguida escreva: presença de saúde (de um lado da folha) ausência de saúde (do outro lado da folha). Buscar e colar gravuras representando a fase da vida definida para o grupo. Apresentar o trabalho coletivo apontando sua concepção sobre o que é saúde e o que é doença. Participar da construção do conceito de saúde por meio da reflexão sobre a linha da vida (construção do conceito ampliado de saúde). 4. Dividir os alunos em 05 (cinco) grupos onde cada grupo deverá trabalhar com uma fase do ciclo de vida (nascimento, infância, adolescência, fase adulta e envelhecimento). Solicitar aos membros dos grupos que tracem uma linha horizontal no meio da folha de papel Kraft, dividindo os espaços com: presença de saúde e outro com ausência de saúde . Em seguida disponibilizar gravuras que representem os dois temas e orientar os grupos. Após a construção do painel, os grupos deverão afixar os cartazes no quadro branco e apresentar a atividade. Coordenar a apresentação dos grupos, construindo com os alunos o conceito de saúde e doença, com base no conceito ampliado de saúde nas várias fases do ciclo de vida. Destacar a importância de: � Fatores que determinam o processo saúde- doença? Ex.: sociais, econômicos, culturais etc. � Necessidade de ação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial para dar conta da atenção à saúde nesta perspectiva. Sistematizar o conteúdo. 5. Realizar leitura de TEXTO N.º 1: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida. 5. Orientar a leitura circular do TEXTO N.º 1: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida Levar os alunos a: 19 ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR Participar da atividade, expor suas dúvidas e considerações sobre os conceitos apresentados a fim de compreender o processo Saúde-Doença. � Identificar as palavras desconhecidas e esclarecê-las no contexto; � Refletir sobre as idéias principais do texto; � Formular quando necessário, perguntas chave sobre o conteúdo. 6. Receber o Kit contendo as tarefas do jogo. Os grupos deverão organizar em folha de papel Kraft as perguntas com as respostas e afixar no quadro. 6. Dividir a turma em 02 (dois) grupos e entregar um Kit contendo “Jogo das Políticas de Saúde”. Um grupo deverá ficar com as perguntas e o outro com as respostas, que deverão ser encontradas durante a atividade. Os grupos deverão organizar em folha de papel Kraft as perguntas com as respostas e afixar no quadro. O facilitador não deverá fazer intervenções nesta atividade. Obs.: O jogo é composto por perguntas e respostas e sua montagem propicia a visão dos conceitos principais sobre Políticas de Saúde. 7. Assistir ao Filme: Política de Saúde: Evolução histórica no Brasil. � Conhecer e refletir sobre a História das Políticas de Saúde no Brasil e a Reforma Sanitária para situar-se no contexto do trabalho. � Participar do debate. 7. Apresentar o vídeo: Política de Saúde: Evolução histórica no Brasil (CD) � Ao final, enfatizar o surgimento da Estratégia Saúde da Família na Construção do SUS. Estimular a reflexão e debate sobre o vídeo e esclarecer as dúvidas. Formular roteiro para a roda de conversa. 8. Retornar ao cartaz do Jogo buscando corrigir perguntas e respostas. Participar do debate e apresentar suas dúvidas. 8. Solicitar aos alunos que retornem ao quadro para corrigir o jogo (de perguntas e respostas), de acordo com os conceitos apropriados durante a apresentação do filme. - Estimular a análise e debate sobre o filme, correlacionando com o jogo proposto, e esclarecer as dúvidas. 9. Assistir e participar da exposição dialogada. 9. Realizar exposição dialogada sobre Políticas Públicas de Saúde, sistematizando o conhecimento. 10. Realizar leitura do TEXTO N.º 2 de apoio: A Construção do Sistema Único de Saúde. Participar da atividade e expor suas dúvidas e considerações sobre os conceitos apresentados a fim de compreender o SUS e seus princípios e diretrizes. 10. Orientar a atividade de leitura do TEXTO N.º 2: A Construção do Sistema Único de Saúde. Levar os alunos a: � Identificar as palavras desconhecidas e esclarecê-las no contexto; � Refletir sobre as idéias principais do texto; � Formular quando necessário, perguntas chave sobre o conteúdo. Destacar os princípios e diretrizes do SUS a fim de que os alunos compreendam as políticas públicas de saúde. 11. Desenhar o pé em folha A4 e escrever dentro do desenho uma palavraou frase: “Como estou saindo dessa aula?” 11. Identificar a impressão da turma sobre a vivência do dia, por meio da dinâmica do pé . 20 UNIDADE DIDÁTICA 2: VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MODELOS ASSISTENCIAIS ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 1. Participar da atividade de integração. � Recordar temas trabalhados na aula anterior. 1. Escolher uma dinâmica de grupo que tenha relação com o trabalho do dia. � Levantar conceitos chave/conteúdos, abordados na aula anterior e listar no flip chart, a fim de recordar os temas trabalhados. 2. Exemplificar a partir de seu cotidiano de trabalho, ações de prevenção e promoção da saúde. 2. Realizar a técnica tempestade de idéias com o tema prevenção e promoção da saúde, registrando as opiniões dos alunos. 3. Responder as questões considerando a atividade anterior. � O que é promoção da saúde? � Quais as ações devem ser realizadas para garantir a promoção de saúde de uma população? � O que é prevenção de doenças? � Quais as ações de prevenção que são realizadas no seu município? Participar das discussões e escolher um relator Socializar os resultados das discussões em grande grupo. 3. Dividir a turma em 04 (quatro) grupos, distribuir uma pergunta para cada grupo e solicitar que registrem as respostas em folha de papel Kraft: � O que é promoção de saúde? � Que ações podem ser realizadas para garantir a promoção de saúde de uma população? � O que é prevenção de doenças? � Que ações de prevenção são realizadas no seu território de saúde/ município? Solicitar a apresentação dos resultados das discussões e coordenar a ação, construindo com os alunos o conceito de promoção da saúde e prevenção de doenças. Sistematizar as discussões. 4. Participar da leitura circular do TEXTO N.º 3: “Município Saudável: uma estratégia de promoção da saúde”. Participar da atividade e expor suas dúvidas e considerações sobre os conceitos apresentados. 4. Realizar a leitura circular do TEXTO N.º 3: “Município Saudável: uma estratégia de promoção da saúde”. � Suscitar reflexões sobre pontos chave e esclarecer as dúvidas. � Enfatizar a importância das ações técnicas e governamentais na melhoria da qualidade de vida da população. Realizar exposição dialogada sobre prevenção e promoção, sistematizando o conteúdo abordado. 5. Participar, em grupo, da leitura e dramatização sobre o Caso D. Filomena - TEXTO N.º 4. � Grupo 1: Cena 1 � Grupo 2: Cena 2 Apresentar a dramatização baseada no modelo de atenção à saúde atual e o antigo. 5. Dividir a turma em 02 (dois) grupos e entregar para cada grupo uma cena do Caso D. Filomena - TEXTO N.º 4 . Orientar a dramatização com base no caso relatado (Cena 1 e 2). Auxiliar na preparação da dramatização. Coordenar a apresentação da dramatização, observando os modelos assistenciais de saúde apresentados nas cenas. Destacar a inserção da Estratégia Saúde da Família no modelo de saúde vigente no município de atuação. 21 ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR Participar do debate e responder as questões abaixo: � Considerando como as personagens estão se sentindo, pense em quais expectativas as personagens trazem para o serviço de saúde? � Que profissionais a atenderam até esse momento e qual a sua avaliação sobre esses atendimentos? � Analise a produção de cuidado. Retome o seu conceito de promoção da saúde e prevenção de doenças e da qualidade da atenção. Você proporia mudanças no atendimento/atenção oferecido? Quais? � Qual modelo de assistência à saúde foi utilizado neste caso? Compreender a Estratégia Saúde da Família no modelo de saúde vigente no Município de atuação. Suscitar o debate das seguintes questões com os alunos: � Considerando como as personagens estão se sentindo, pense em quais expectativas as personagens trazem para o serviço de saúde? � Que profissionais a atenderam até esse momento e qual a sua avaliação sobre esses atendimentos? � Analise a produção de cuidado. Retome o seu conceito de promoção da saúde e prevenção de doenças e da qualidade da atenção. Você proporia mudanças no atendimento/atenção oferecido? Quais? � Qual modelo de assistência à saúde foi utilizado neste caso? Refletir com a turma a situação apresentada, destacando a convivência de ambos os modelos na atual política de saúde e no cotidiano do trabalho. Destacar a inserção da Saúde da Família no modelo de saúde vigente no município de atuação. Sistematizar as discussões. 6. Participar da exposição dialogada e expor suas dúvidas e considerações sobre os Modelos de Saúde apresentados. TEXTO N.º 5: Modelos de Atenção à Saúde . 6. Apresentar, por meio de exposição dialogada, os modelos de atenção à saúde, refletindo sobre: � Modelos assistenciais e sua construção histórica. Enfatizar: Modelo atual vigente - Modelo de Vigilância em Saúde TEXTO N.º 5: Modelos de Atenção à Saúde. 7. Responder à seguinte questão: � Qual o seu entendimento sobre intersetorialidade? Afixar no quadro a resposta da atividade solicitada. 7. Distribuir folha de papel A4 e solicitar aos alunos que respondam com uma palavra ou frase: � Qual o entendimento sobre intersetorialidade? Solicitar aos alunos que colem as respostas no quadro. 22 ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 8. Exemplificar a partir de seu cotidiano de trabalho, ações nas quais a intersetorialidade foi primordial na resolução de problemas. Escolha um dos exemplos do grupo e prepare a apresentação oral, escolhendo um relator para o caso. Participar da construção do conceito de Intersetorialidade. Refletir sobre o papel dos diversos atores na intersetorialidade das ações de saúde. 8. Dividir a turma em pequenos grupos e solicitar aos alunos que recordem situações em que a intersetorialidade foi primordial para a solução de problema. Orientar para a escolha de uma das situações discutidas em pequeno grupo para apresentação em grande grupo. Solicitar a apresentação da atividade e coordenar a ação construindo com os alunos o conceito de intersetorialidade. Enfatizar a importância das “Redes de Atenção à Saúde na resolução dos problemas”. Estimular a discussão sobre a intersetorialidade como uma articulação entre os distintos setores e na corresponsabilização pela garantia da melhoria da qualidade de vida da população. 9. Participar da exposição dialogada. Realizar a leitura do TEXTO N.º 6: Intersetorialidade nos Serviços de Saúde. 9. Realizar exposição dialogada sistematizando o conceito de intersetorialidade. Solicitar a leitura do TEXTO N.º 6: Intersetorialidade nos Serviços de Saúde. 10. Avaliação oral: impressão dos alunos sobre os trabalhos do dia. Registrar no Diário de Aprendizagem a sua percepção sobre as discussões realizadas no dia. 10. Solicitar que cada aluno registre no Diário de Aprendizagem sua percepção sobre as discussões feitas, com base no conteúdo do dia. Em seguida, solicitar que alguns alunos socializem suas respostas. 23 UNIDADE DIDÁTICA 3: ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ES F) ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 1. Participar da dinâmica: O que mudou? Refletir sobre a dinâmica, correlacionando com a Estratégia Saúde da Família (ESF). � Recordar conceitos/temas, abordados na aula anterior. 1. Aplicar a dinâmica: O que mudou? (sugestão) Objetivos: exercitar a percepção do outro, observando as alterações ou mudanças. Desenvolver a atenção para as particularidades no cotidiano do trabalho. - O facilitador deverá solicitar que as pessoas formem pares um de frente para o outro e se observem (60 segundos). Em seguida pedir que as duplas coloquem-se um de costa para o outro e façam alguma alteração em si (vestuário,acessórios, entre outros). Após isso, deverão retornar a posição original e descobrir o que foi alterado no colega. Todos deverão comentar o que perceberam nas alterações, o que facilitou e o que dificultou. Esta vivência favorece a percepção do outro, as mudanças que ocorrem e a nossa sensibilidade para lidarmos com as diferentes situações. Refletir com o grupo sobre a ESF, com foco na contribuição desta estratégia na efetivação da mudança do modelo de atenção à saúde. � Resgatar conceitos chave/conteúdos, abordados na aula anterior e listar no flip chart. a fim de recordar os temas trabalhados. 2. Conhecer e refletir sobre a situação da implantação da ESF, no município de atuação. Participar da exposição dialogada e expor suas dúvidas e considerações. 2. Apresentar, por meio de exposição dialogada com slides, o Panorama Municipal da ESF, no município de atuação do aluno. Esclarecer as dúvidas. 3. Refletir e discutir sobre as questões propostas e em seguida registrar em papel Kraft as questões abaixo: � Estabelecer a diferença entre a Unidade Básica de Saúde com Estratégia Saúde da Família e a Unidade Básica de Saúde sem Estratégia Saúde da Família. � Elaborar um quadro com duas colunas, em folha de papel Kraft e registrar os fatores facilitadores e dificultadores identificados no cotidiano do trabalho na Estratégia Saúde da Família. Socializar os resultados das discussões com a turma. Participar das discussões. 3. Dividir a turma em pequenos grupos e solicitar que: � Estabeleçam a diferença entre a Unidade Básica de Saúde com Saúde da Família e a Unidade Básica de Saúde sem estratégia Saúde da Família. � Elaborem um quadro com duas colunas, em folha de papel Kraft e orientar o registro dos fatores facilitadores e dificultadores no cotidiano do trabalho na Estratégia Saúde da Família. Coordenar a apresentação e facilitar as discussões esclarecendo as dúvidas. 24 ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 4. Realizar a leitura circular do TEXTO N.º 7: A Estratégia Saúde da Família. Participar da atividade e expor suas dúvidas e considerações sobre os conceitos apresentados. 4. Realizar a leitura circular do TEXTO N.º 7: A Estratégia Saúde da Família. Identificar as idéias principais e os conceitos presentes, relacionando-os com os conteúdos trabalhados. 5. Participar da construção das respostas para as seguintes questões: � Que atividades são desenvolvidas pelo serviço de saúde? � Quem participa das atividades na assistência dos serviços de saúde? � Você conhece as atribuições que são comuns aos profissionais que atuam na assistência? � Quais atribuições são comuns aos profissionais que atuam na assistência dos serviços de saúde? Consultar a síntese da Portaria n.º 2.488/GM de 21 de outubro de 2011 (ANEXO A), referente às atribuições dos membros da equipe de Atenção Básica, e apresentar suas dúvidas. 5. Construir com os alunos respostas para as questões abaixo, registrando a produção no quadro: � Que atividades são desenvolvidas pelo serviço de saúde? � Quem participa das atividades na assistência dos serviços de saúde? Problematizar com o grupo: � Você conhece as atribuições que são comuns aos profissionais que atuam na assistência? � Quais são as atribuições comuns aos profissionais que atuam na assistência dos serviços de saúde? Destacar as diferentes categorias profissionais que compõem a força de trabalho na Unidade com Estratégia Saúde da Família. Sistematizar as discussões e esclarecer dúvidas. 6. Reunir grupos, por categoria profissional e registrar em folha de papel A4 as atribuições desenvolvidas no cotidiano de trabalho. Participar da atividade fazendo a correlação das atividades realizadas com aquelas contidas na síntese da Portaria n.º 2.488/GM, de 21 de outubro de 2011, (ANEXO A). Analisar e refletir sobre as atribuições identificadas no início da atividade e aquelas contidas nesta Portaria. Participar das discussões e apresentar suas dúvidas. 6. Distribuir os alunos por categoria profissional e solicitar que listem em grupo as atividades realizadas no cotidiano do trabalho. Estimular a discussão. Orientar o grupo à leitura de parte da síntese da Portaria n.º 2.488/GM , de 21 de outubro de 2011, esclarecendo as dúvidas (ANEXO A). Reunir a turma e promover uma discussão sobre a necessidade do profissional conhecer as atribuições de sua categoria e qual a relevância desse conhecimento para o processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família. Com base na Portaria n.º 2.488/GM , de 21 de outubro de 2011 , destacar as especificidades do trabalho em equipe multiprofissional. Sistematizar o conteúdo e esclarecer as dúvidas 7. Atentar para as atividades a serem executadas na atividade não presencial. 7. Orientar a atividade não presencial. Esclarecer dúvidas. 8. Registrar sua percepção sobre os conteúdos estudados durante a aula. 8. Solicitar que cada aluno registre sua percepção sobre as discussões feitas com base no conteúdo do dia. 25 ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL – MÓDULO I ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 1. Com base nas discussões realizadas na Unidade Didática 2, na leitura do texto “Modelos de Atenção à Saúde” e observando a realidade da Unidade de Saúde em que atua, classifique em qual modelo encontra-se sua Unidade de Saúde e justifique a classificação. Em seguida, registre um caso de atendimento na sua Unidade de Saúde e identifique o modelo de atenção à saúde predominante no atendimento, apontando características (ter o cuidado de não identificar as pessoas envolvidas na situação). Entregar a atividade ao facilitador em forma de relatório. 1. Orientar os grupos para a realização da atividade não presencial. � Solicitar que, com base nas discussões realizadas na Unidade Didática 2, na leitura do texto “Modelos de Atenção à Saúde” e observando a realidade da Unidade de Saúde em que atua, classifiquem em qual modelo encontra-se sua Unidade de Saúde e justifique a classificação. � Pedir que registrem um caso de atendimento na sua Unidade de Saúde, discutam e identifiquem o modelo de atenção à saúde predominante no atendimento, apontando características (ter o cuidado de não identificar as pessoas envolvidas na situação). - Solicitar que a atividade seja entregue em forma de relatório. 2. Registrar em seu Diário de Aprendizagem reflexões sobre uma situação ocorrida na Unidade de Saúde, em que sua equipe utilizou a intersetorialidade para resolução de problemas. 2. Orientar que cada aluno faça o registro de suas reflexões sobre uma situação ocorrida na Unidade de Saúde, em que sua equipe utilizou a intersetorialidade para resolução de problemas. 26 TEXTO N.º 1 - SAÚDE E DOENÇA: DOIS FENÔMENOS DA VID A1 Resgatando a Historicidade do Processo Saúde-Doença Na maioria das vezes, quando perguntamos sobre a saúde de alguém, escutamos como resposta que tudo está bem se a pessoa a quem nos referimos não ficou doente, não precisou tomar medicamentos e nem utilizou os serviços de saúde. Caso contrário, a resposta será que não anda bem. Vira e mexe, temos definido saúde como oposto de doença, algo que somente percebemos quando sentimos a sua ausência. Por definirmos a saúde dessa maneira é que esquecemos que ela também significa nossa capacidade de enfrentar os adoecimentos, buscar ajuda e entender o que está ocorrendo, como, ainda, os momentos da vida, nos quais somos capazes de pensar, sentir e assumir nossos atos e decisões. Para a Organização Mundial de Saúde, essa noção traduziria “um estado de completo bem estar físico, mental e social”, mas será que esse estado existe mesmo? Às vezes, tudo parece tão bem e... de repente, acontece um imprevisto...um acidente, por exemplo. Outras vezes, o corpo está bem,mas as preocupações com os problemas do dia a dia são tão grandes e se mostram tão complicados que não nos sentimos bem. Vem o desânimo, a falta de coragem, a tristeza... outras vezes, ainda, estamos nos sentindo tão dispostos e alegres que resolvemos, por um ato solidário, doar sangue e, no exame que é feito rotineiramente nesses casos, encontramos um resultado que nos revela uma doença de que nem suspeitávamos e temos de passar por mais exames, tomar remédio e assumir cuidados. Algumas situações nos fazem sentir doentes, algumas vezes, logo identificamos qual foi a causa ou percebemos que alguma coisa agrediu nosso corpo. Outras vezes, algo não vai bem, mas não nos sentimos doentes, aguardamos que passe, optamos por relaxar e pedir licença no trabalho, buscamos conselhos na família. Também existem fatores que perturbam nosso estado de saúde sobre os quais não temos consciência e nem podemos identificar fatores causais. Quando não percebemos nenhuma alteração na nossa vida, com no caso da doação de sangue, ou quando não associamos preocupações com filhos, família, casa, comida e trabalho com nossos estados de saúde ou doença, limitamos nossa 1 Texto adaptado do original: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida. Unidade de Aprendizagem: análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. 27 compreensão da saúde à presença ou não dos processos fisiopatológicos. Nem sempre é fácil localizar as causas de determinados problemas de saúde. Às vezes, são tantas as causas, que fica difícil dizer quem é quem, como no caso da desnutrição das crianças que está relacionada a fatores que vão desde a política econômica vigente na sociedade, determinando a má distribuição de renda, emprego escola e alimentação, até a desorientação da mãe em relação aos cuidados na amamentação e o acesso às ações de pediatria e puericultura. Essas situações nos fazem pensar que existe uma definição a respeito de saúde e de doença dada pelas pessoas, outra que é dada pelos profissionais que atuam nos serviços de saúde e outra, ainda, pelo modo como a sociedade identifica os indivíduos que são “fortes e saudáveis” e aqueles que, não possuindo tais características, são considerados “não saudáveis” ou que vivem em risco de adoecer e morrer de doença, que passaram a ter como prioridade a compreensão da dinâmica e das maneiras de se evitar os efeitos da presença desse agente. Esses conhecimentos e práticas ainda hoje se encontram presentes tanto em determinados fatos cotidianos como nas práticas profissionais. Podemos citar a proibição de enterrar os mortos em igrejas e a “regra” dos túmulos apresentarem “sete palmos” de profundidade, resultados da concepção de que a doença se transmita pelos miasmas que fluíam dos cadáveres, devendo esses serem isolados em locais apropriados. Outro exemplo clássico do pensamento microbiano encontra-se nos princípios das ações preventivas, nas campanhas de prevenção e erradicação de algumas doenças infecciosas e nas vacinas. Passado o período de euforia em que a doença tinha um agente, um lugar para se instalar e medidas para controlar ou evitar seus efeitos e quando as sociedades humanas ficaram mais complexas, organizadas em grandes aglomerados como as cidades, em que a maioria da população, apesar do conhecimento e da tecnologia desenvolvidos ainda morria de doenças infecciosas, o pensamento microbiano e unicausal mostraram-se incapazes de responder a tais questões. Surgiram, então, outras teorias que buscavam explicar a situação de saúde/doença tendo como referência o modo como a sociedade se organizava e estabelecia as condições de vida das pessoas. No nosso cotidiano, existem situações em que essas teorias de explicação social do processo saúde-doença aplicam-se muito bem. É o caso da desnutrição infantil que 28 apresenta muitos fatores envolvidos de algumas doenças que são relacionadas ao trabalho, como é o caso dos cavadores de poços que apresentam doenças pulmonares e das doenças diarréicas que aparecem nas pessoas que não tem acesso a condições adequadas de moradia e ao saneamento básico. Nos dias atuais, com o aparecimento dos cânceres, a doença passou a ter outra explicação, agora centrada não mais em um agente externo, mas dentro do próprio corpo (nas células), sendo as práticas de saúde desenvolvidas com o uso de tecnologias que invadem nosso organismo e tentam desfazer ou eliminar esses elementos que crescem e se reproduzem de maneira diferente. Ultimamente, a ciência e a tecnologia foram mais longe... permitiram “enxergar” dentro das células elementos que podem determinar o aparecimento de doenças – os genes – que estudados pela genética buscam identificar mensagens incorretas ou defeituosas, que são responsáveis pela maior ou menor possibilidade de as pessoas desenvolverem determinados tipos de doenças. Nas sociedades contemporâneas, são constantemente produzidos e divulgados pela mídia e pela indústria da saúde, padrões saudáveis de estética, de modos de viver, que acabam dominando até nosso inconsciente, e as pessoas que não se enquadram nesses padrões terminam por se sentirem excluídas e fora do contexto. É interessante o que acontece com o chamado padrão de beleza. Se você tiver oportunidade de observar alguns quadros ou esculturas antigas, que mostram as pessoas que viveram nos séculos passados, verá que existe uma grande diferença entre homens e mulheres daquele tempo e aqueles que hoje são considerados exemplos de beleza. E a predominância desse padrão ideal de saúde e beleza é tão forte que contribui para o crescimento de um imenso mercado de produtos que objetivam fazer com que as pessoas atinjam esse ideal. Existem revistas, jornais e programas de televisão que dão “dicas” para emagrecer, ter um corpo escultural, diminuir rugas e retardar o envelhecimento. Existem à venda, vitaminas específicas, cremes, aparelhos para enrijecer os músculos, alimentos sintéticos, etc. Para as pessoas, a idéia de doença e de saúde encontra-se muito próxima do que cada um considera “sentir-se bem”. Isto varia de pessoa para pessoa e depende de cada cultura, do meio em que está inserido e do modo como sua relação com o mundo define seu modo de viver. É o que chamamos de “andar a vida”. 29 Em algumas localidades pobres do país, onde, às vezes, o acesso a água potável é um problema, as diarréias infantis são consideradas somente como “desarranjos” e, por sua freqüência constante, acabam sendo encaradas como “normais”. Outras vezes, observamos que, para os trabalhadores rurais diaristas, dores de cabeça e enxaquecas, por exemplo, não são consideradas doenças porquanto não os impedem de exercer o trabalho. De certa forma, o que as pessoas consideram como doença ou não, se encontra em estreita relação com as estratégias de resolução do problema: a busca de profissionais de saúde ou de outros agentes, a utilização de recursos terapêuticos naturais ou a automedicação, a espera que o tempo resolva, etc. Quando pensamos nas práticas e nas representações que os indivíduos, grupos e coletividades apresentam a respeito de saúde e doença percebemos que existe uma multiplicidade de justificativas, explicações e discursos que se relacionam com saberes da tradição, terapias que não estão vinculadas ao conhecimento científico ocidental e até mesmo modelos de tratar como os que acontecem nos terreiros das religiões afro- brasileiras, nos sistemas de conhecimento indígena e no conhecimento popular. Os profissionais de saúde, de maneira geral, desenvolvem suas práticas a partir de competências e habilidades adquiridas por meio de um processo de formação que tem por base o acúmulo e desenvolvimento de conhecimentos e de tecnologias que, por sua vez, são orientados pelos princípios de racionalidade científica que lhes confere estatuto de“verdade”. Como o desenvolvimento do conhecimento humano é um processo histórico, também em relação à saúde/doença, a teoria e a prática que orientam o saber-fazer dos profissionais variam no tempo e no espaço. Na Grécia antiga, a saúde e a doença eram consideradas fenômenos naturais na vida de uma pessoa, pertenciam à natureza, tanto quanto uma árvore que nasce, cresce, dá frutos e com o tempo envelhece e morre. Não havia médicos, enfermeiros, nutricionistas, embora houvesse profissionais que cuidavam da estética e do vigor dos atletas. O estudo em saúde dirigia-se aos “ares, águas e lugares”, não ao cuidado, que era relegado aos escravos e às mulheres. Na Europa do século XVIII, a doença, reconhecida como um estágio diferente da saúde ganhou duas importantes concepções que definiram as práticas e os sujeitos dessas práticas. Em um primeiro momento, a doença era considerada resultado da maneira como se 30 constituíam os aglomerados humanos, evidenciada quando do aparecimento de epidemias, sendo as ações daí decorrentes, responsabilidade dos governos da época, fazendo com que surgissem profissionais e militantes políticos que, na França, por exemplo, diziam que as causas das epidemias são sociais, econômicas e físicas e o “remédio recomendado” consistia em prosperidade, educação e liberdade, que só poderiam se desenvolver numa democracia plena e ilimitada. Outras práticas eram desenvolvidas por agentes que atuavam como fiscais e guardas com o objetivo de livrar a sociedade das “condições” que colocavam em risco a saúde da população, queimando objetos pessoais daqueles que morriam, isolando os que apresentavam sinais de doença. Num segundo momento, quando da descoberta do microscópio, as doenças passaram a ter uma causa visível – o micróbio – orientando o conhecimento e as práticas sobre a saúde. As cirurgias plásticas e outros produtos que transformam as pessoas em consumidores implacáveis dessas mercadorias, na esperança de se aproximarem dos “modelos de beleza e saúde” que vemos nos cartazes, no cinema, na televisão e que povoam nosso imaginário. Os Determinantes da Saúde Em razão do que vimos até aqui, poderíamos deduzir que a saúde e a doença dos indivíduos e dos coletivos humanos apresentam várias causas e dependem de vários elementos que podemos chamar de determinantes de saúde e de doença. Existem determinantes do estado de saúde que dizem respeito às condições que as coletividades, as cidades, as locorregiões ou o país apresenta, como nível de desenvolvimento social e econômico, como infraestrutura, como participação das pessoas nas decisões sociopolíticas e como grau de desigualdade de renda, entre outros fatores. Por sua vez, esses determinantes contribuem para o aparecimento de condições que propiciam a saúde ou a doença. Podemos dizer que as condições de vida e trabalho, assim como a convivência com ambientes poluídos, determinam a existência de fatores que condicionam o aumento de agentes transmissores de doenças infecciosas e/ou transmissíveis e alergias. A falta ou a alimentação inadequada que leva à desnutrição, a 31 situação de miséria e exclusão social que pode levar à violência e ao mundo das drogas e outros problemas que fazem, às vezes, parecermos demandar um grande hospital para a própria sociedade. A modificação desses determinantes por meio de intervenções voltadas para a melhoria da distribuição da renda e acesso aos benefícios das políticas públicas, como disponibilidade de serviços de saúde, escolas e creches, por exemplo, tem efeito positivo sobre as condições de vida e saúde das coletividades. Um relatório realizado em 1974 pelo Ministério da Saúde do Canadá, conhecido como Relatório Lalonde, propunha o conceito de campo da saúde, no qual os determinantes do estado de saúde da população estariam em quatro níveis: a biologia humana, o meio ambiente, os estilos de vida e a organização da atenção. Na primeira Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, realizada em 1978, a saúde foi reconhecida como fenômeno de determinação intersetorial e direito de todos. Foi acrescida, historicamente, no plano das determinações, sua interface com o ambiente, a transformação de relações sociais excludentes e a conciliação entre os interesses econômicos e os propósitos sociais de bem estar para todos. Passaram a ser destacadas, a solidariedade e a equidade como condições indispensáveis para a saúde e para o desenvolvimento. No Brasil, a VIII Conferência Nacional de Saúde definiu saúde com direito de todos e dever do Estado, cuja responsabilidade é a provisão de um sistema de atenção à saúde universal e equânime, tendo como diretrizes a descentralização, a integralidade da atenção e a participação e o controle social. No nosso país, a lei Orgânica da Saúde (lei 8080), do ano de 1990, definiu no Artigo 3º que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. A concepção ampliada de saúde e a compreensão de que ações realizadas por outros setores têm efeito sobre a saúde individual e coletiva deram origem a outras perspectivas de promoção e cuidado à saúde. Nesse sentido, promover a saúde é atuar para mudar positivamente os elementos considerados determinantes da situação de saúde/doença. A promoção e cuidado à saúde dependem do acesso à informação, de direitos 32 sociais, da organização da vida em coletivos e da decisão política de praticar os princípios que caracterizam uma sociedade democrática, como a equidade, a solidariedade, o respeito aos direitos e a justiça social, definindo ações que objetivem a modificação dos determinantes e dos condicionantes da saúde nos ambientes de moradia, vida e trabalho. Entretanto, para operar no sentido da integralidade, considerar a saúde das pessoas e da população e construir compromissos de gestão, é importante que as propostas organizativas, assistenciais e de promoção da saúde se aproximem mais das pessoas, respeitando aquilo que elas conhecem e valorizando sua cultura. É muito importante considerar a sabedoria popular na construção dos sistemas de informação, no cuidado aos problemas e na regulação da qualidade dos serviços. Também é importante o respeito à crença das pessoas, não banalizando sua espiritualidade e promovendo a auto-estima e a autoconfiança, para que os usuários compareçam, com autonomia, ao encontro com os profissionais e sistemas de atenção à saúde e exerçam efetivamente seu direito de controle social. 33 TEXTO N.º 2 - A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚD E (SUS)2 Catharina Leite Matos O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988. O documento afirma nos seus artigos 196 e 198 respectivamente que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. “O Sistema Único de Saúde constitui-se de ações e serviços públicos de saúde que integram uma rede regionalizada e hierarquizada. Tem como diretrizes a descentralização da gestão, o atendimento integral à saúde e a participação da comunidade”. Para entender a criação do (SUS) é preciso visitar um pouco da história e conhecer o contexto em que essa discussão se desenvolveu. Você sabe como era prestada a assistência à saúde d a população antes do SUS? Inicialmente, devemos ter a clareza de que o acesso aos serviços de saúde não era universal; somente os trabalhadores com carteira assinada tinham direito a estes serviços. Esse direito foi conquistado pelos trabalhadores das estradas deferro (ferroviários), que desde a década de 20, tiveram seus benefícios criados pela Lei Eloy Chaves que instituiu as caixas de aposentadorias e pensões (CAP‘s ). Esse benefício foi se ampliando às diversas categorias profissionais organizando os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP´s). Assim foram criados IAP dos comerciários, dos bancários, dos servidores estaduais, marítimos e outros. Essas pessoas, contribuintes do Sistema Previdenciário, recebiam assistência médica. Paralelo a isso, a Saúde Pública organizava-se para tratar das questões coletivas, a exemplo do combate às “pestes” no início do século XX, da vacinação obrigatória instituída também nesse período, das ações para educação sanitária e campanhas de controle de doenças, entre outras ações. Observe que a assistência e a saúde pública caminharam separadas ao longo do século XX; de um lado a previdência organizava-se para prestar assistência aos seus beneficiários e do outro 2 Texto retirado na integra do Caderno de Textos do Curso de Formação Inicial de Agentes Comunitários de Saúde, 2007. 34 a saúde pública inaugurava o “Sanitarismo Campanhista”. Ao chegar o período de ditadura, caracterizado pelo golpe militar, houve muitos fatos importantes destacando-se a intensa repressão aos opositores do regime (intelectuais, estudantes etc.), investimento prioritário na área econômica que tinha no “milagre econômico” a salvação para o país e como conseqüência a saúde foi deixada cada vez mais de lado havendo assim, muitas mortes evitáveis a exemplo das mortes em crianças menores de 1 ano de idade (mortalidade infantil); aumento da concentração de renda, provocando desigualdade social; altos níveis de desnutrição; expansão de endemias como meningite; aumento de doenças imunopreviníveis como a poliomielite; entre outras conseqüências. Além disso, os diversos IAP´s foram fundidos no INPS- Instituto Nacional de Previdência Social (1966) e anos depois no INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social , representando altíssima concentração de renda. Esses recursos foram utilizados para outros fins que não a saúde e no caso da saúde optou-se pela compra de serviços médicos em detrimento da construção de uma rede própria. Desta forma, a saúde pública e assistência médico - hospitalar desenvolveram suas ações de forma desarticulada e independentes. A insatisfação da população com o regime militar deu espaço, na área da saúde, para o desenvolvimento de um movimento, em busca da democratização do país e luta por melhores condições de vida e saúde, que foi denominado de Movimento de Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). O Movimento de Reforma Sanitária Brasileira foi um movimento crítico e democrático da saúde. Originou-se nas universidades e contou com o apoio de vários atores como: médicos, enfermeiros, odontólogos, sociedade civil organizada, entre outros. O movimento sanitário propunha um sistema de saúde pública, descentralizado, com direito universal à saúde, integrando ações preventivas e curativas e com democrática participação da população. É importante compreender que antes do SUS, o sistema de saúde era excludente, pois beneficiava o grupo dos contribuintes da previdência, desigual e com poucos recursos. Com a divulgação de novas ideias e a necessidade de se resgatar a dívida social contraída no período da ditadura, diversas experiências foram sendo desenvolvidas, entre as quais podemos destacar o programa de Interiorização das Ações de Saúde e 35 Saneamento – PIASS e as Ações Integradas de Saúde - AIS. Com o fim do regime militar e a implantação da “Nova República”, desenvolveu-se a perspectiva de reforma na Constituição. Para responder à discussão na Assembléia Constituinte, realizou-se a 8.ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), que ocorreu em 1986 e ficou conhecida como o marco da Reforma Sanitária Brasileira. A 8ª Conferência Nacional de Saúde contou com a participação de mais de 5.000 pessoas entre dirigentes institucionais, técnicos, estudiosos, políticos, lideranças sindicais e representantes da sociedade civil. Essas pessoas discutiram a situação de saúde do país e aprovaram um relatório final cujas recomendações passaram a se constituir no projeto da Reforma Sanitária Brasileira. O Projeto de Reforma Sanitária Brasileira foi levado à Assembléia Constituinte para disputar, com outras propostas, o que seria inscrito na Constituição sobre a saúde. A nova Constituição aprovou os mais importantes princípios da Reforma Sanitária Brasileira como o conceito ampliado de saúde, no reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado, a promoção da justiça social e a criação do Sistema Único de Saúde. Características do Sistema Único de Saúde • Atender a todos, contribuintes ou não da previdência social, sem cobrar pelo atendimento. • Atuar de maneira integral, isto é não ver a pessoa como um amontoado de partes, mas como um todo, que faz parte de uma sociedade. As ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para prevenção e tratamento e respeitar a dignidade humana. • Ser descentralizado, ou seja, o poder de decisão deve ser daqueles que são responsáveis pela execução das ações. Isto significa que as ações e serviços que atendam à população de um município devem ser municipais; as que alcançam vários municípios devem ser estaduais e aquelas que são dirigidas a todo território nacional devem ser federais. • Ser racional, ou seja, o SUS deve se organizar de maneira que sejam oferecidas ações e serviços de acordo com as necessidades da população. • Ser eficiente e eficaz, isto é, deve produzir resultados positivos quando as pessoas 36 o procuram ou quando um problema se apresenta na comunidade; para tanto precisa ter qualidade. • Ser democrático, ou seja, deve assegurar o direito de participação de todos os segmentos envolvidos com o sistema; dirigentes institucionais, prestadores de serviço, trabalhadores da saúde e, principalmente, a comunidade, a população, os usuários dos serviços de saúde. • Ser equânime, isto é, deve promover justiça social, atento para as desigualdades existentes, com o objetivo de ajustar suas ações às necessidades de cada parcela da população. A Lesgislação do SUS A Lei Orgânica da Saúde (LOS ) é o conjunto de duas leis editadas a saber: Lei n.º 8080/90 e Lei n.º 8142/90. Essas leis esclarecem o papel das três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal) na proteção e defesa da saúde. São leis Nacionais que contêm as diretrizes e os limites que devem ser respeitados pela União, pelos Estados e pelos Municípios ao elaborarem suas próprias normas para garantirem em seus respectivos territórios o direito à saúde para seus povos. A Lei n.º 8080/90 - Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde; a organização e direção da gestão e o funcionamento dos serviços de saúde. Enfatiza a descentralização político-administrativa caracterizada pela municipalização dos serviços e ações de saúde que significa redistribuir o poder, competências e recursos em direção ao município. A Lei n.º 8142/90 – Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, para isso estabeleceu as Conferências e os Conselhos de saúde. Ambos são paritários, metade da representação é de usuários. As Conferências têm caráter consultivo e servem para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes da prática de saúde em cada nível de governo. Assim, temos Conferências Nacionais, Estaduais e Municipais. Os Conselhos de Saúde têm caráter permanente e deliberativo; órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle de execução da política de saúde, 37na instância correspondente (União, Estados, Municípios) inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. A Lei n.º 8142/90 criou também o fundo de saúde que é colocado como requisito para o recebimento de recursos financeiros (Fundo Municipal de Saúde e Fundo Estadual de Saúde). A Lei n.º 8080/90 e n.º 8142/90 regulamentam o SUS; porém o seu processo de implantação necessitou de outros instrumentos legais. Esses instrumentos foram Normas Operacionais Básicas (NOB/SUS), que tratam de reorientar e reorganizar o processo de gestão do sistema e gerenciamento dos recursos financeiros no âmbito Estadual e Municipal. NOB/SUS 01/91 - pode-se afirmar que o principal avanço dessa NOB 01/91 foi a ampliação do envolvimento dos municípios alcançada pelo processo de descentralização que utiliza a municipalização como estratégia para isso. Essa NOB apresentou muitos pontos negativos, por exemplo: os Estados e Municípios foram transformados em entidades produtoras de procedimentos igualmente as empresas privadas contratadas e conveniadas, estimulavam o aumento de produtividade e as fraudes sem preocupação com a qualidade do serviço. NOB/SUS 01/93 - estabelece diferentes condições de gestão: Incipiente, Parcial e Semiplena para os municípios. A NOB 01/91 e a 01/93 baseiam-se no pagamento segundo a lógica da produtividade o que favoreceu a concentração de recursos nos municípios com maior capacidade instalada, pois quem tinha condição de produzir mais, recebia mais recursos. No entanto, essa NOB já introduz o sistema de repasse de recursos fundo a fundo, apenas para os municípios habilitados em gestão Semiplena. NOB 01/96 - essa NOB introduz alguns avanços, pois, reorganiza o modelo assistencial estabelecendo incentivos para a implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF); estabelece novas condições de habilitação da gestão para os Municípios: Gestão plena da atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal e para os Estados Gestão Avançada do Sistema Estadual e Gestão Plena do Sistema Estadual. Destaca-se também o processo de transferência e gerenciamento dos recursos financeiros como: repasse de recurso fundo a fundo, adoção do critério populacional por 38 meio do Piso Assistencial Básico (PAB). Mais recentemente o governo federal editou as normas operacionais de assistência à saúde (NOAS) tentando compatibilizar os três princípios organizativos do SUS: descentralização, regionalização e hierarquização da assistência à saúde além de ampliar as ações de atenção básica. A NOAS 2001, revisada e reeditada em 2002, institui o plano diretor da regionalização (PDR) como ordenador do processo em cada Estado. Na Bahia, o PDR do ponto de vista geográfico, ou seja, do espaço físico, delimitação territorial tomou como referência as características demográficas e sócio-econômicas. Sendo assim, dividiu-se o Estado em 8 macro regiões. As Macrorregiões são compostas por um conjunto de municípios que se localizam no raio de influência de uma ou mais cidades centro (s) polarizador (es) de serviços de saúde de alta complexidade, Unidade de Terapia Intensiva – UTI, projetos de reorganização da atenção de urgência/emergência e atendimento a gestante de alto risco. Cada macrorregião é composta por um conjunto de municípios que sejam centros polarizadores das atividades sócio-econômicas da macrorregião, sendo consideradas como “ponto de partida” para delimitar a macrorregião. Em geral, esses municípios dispõem de serviços de saúde de alta complexidade. Do ponto de vista da organização da assistência à saúde, a referência consiste no grau de complexidade. Considerando a busca da integralidade, do cuidado à saúde da população, a delimitação territorial corresponde ao estabelecimento dos espaços onde se deve dar a organização de dois níveis de atenção: a atenção básica ampliada organizada no espaço de cada município com retaguarda de um módulo assistencial, e a atenção integral à saúde que constitui o conjunto de módulos assistenciais integrados em uma microrregião de saúde; contando além da Atenção Básica Ampliada com a atenção de média complexidade. Desta forma, um módulo assistencial constitui o primeiro nível de referência, contendo a atenção básica e o mínimo de média complexidade, no município ou no conjunto de municípios que o compõem, neste caso, determina-se o município “sede” do módulo. Uma microrregião da saúde é constituída por um conjunto de módulos assistenciais, sendo responsável em seu conjunto pela atenção integral à saúde. Do ponto de vista político-gerencial, a NOAS segue a Constituição Federal de 1988, 39 considerando também os espaços de negociação respeitados pela Comissão Intergestora Bipartite (CIB) sendo este um espaço de decisão conjunta acima do processo de descentralização e reorganização dos serviços. O Financiamento da Saúde Como vimos, durante quase todo o século XX, a saúde foi financiada com os recursos da previdência social, arrecadados dos trabalhadores que tinham carteira assinada, sendo privilégio desse grupo o benefício da assistência médica. Aos demais grupos da população restariam as caridades das santas Casas de Misericórdia e o pagamento pelos serviços particulares. Após a Constituição de 1988, a saúde foi incorporada no capítulo referente à saúde e seguridade social, cujo financiamento caberia a toda a sociedade com contribuições dos empregadores e trabalhadores. Estabelece também que a saúde será financiada com os recursos do orçamento da seguridade social da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Além disso, o documento cita: “Até que sejam aprovadas as Leis das Diretrizes Orçamentárias (LDO), trinta por cento no mínimo da seguridade social, excluído o seguro desemprego serão destinados ao setor saúde”. Observe que a Constituição Federal garante recursos para financiar as ações de saúde, no entanto a demora da aprovação das Leis das Diretrizes Orçamentárias, e o seqüestro dos recursos destinados à saúde por outros setores que não o setor saúde, levou a busca de fontes estáveis para desenvolvimento dessas ações. Assim institui-se a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e, posteriormente, a Emenda Constitucional n.º 29 (EC n.º 29) que garante percentuais da União, dos Estados e Municípios de investimento para ações de saúde. Considerações Finais As modificações que ocorreram no País ao longo do século XX foram fruto das diversas mudanças que sofreu a sociedade brasileira. Essas mudanças foram necessárias para o desenvolvimento do sistema de saúde que hoje encontramos. Desta forma, é importante entender que o SUS é um Sistema que se encontra em construção decorrente do 40 processo de democratização brasileira com a participação da sociedade e dos diversos atores sociais. 41 TEXTO N.º 3 - MUNICÍPIO SAUDÁVEL – UMA ESTRATÉGIA D E PROMOÇÃO DA SAÚDE3 Lucimar Ladeia Colen O conceito de promoção está diretamente relacionado com a visão da qualidade de vida. “A qualidade de vida de uma população depende de suas condições de existência, do seu acesso a certos bens e serviços econômicos e sociais: emprego e renda, educação básica, alimentação adequada, acesso a bons serviços de saúde, saneamento básico, habitação, transporte de boa qualidade, etc.” Pode-se compreender a promoção da saúde como um conjunto de práticas e ações orientadas para a melhoria das condições de vida dos habitantes das cidades. Estas ações podem ocorrer dentro do próprio setor saúde, como podem envolver ações integradas entre vários setores técnicos do governo – educação, saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico, entre outros, e organizações da sociedade – organizações comunitárias, associaçõesfilantrópicas e empresariais, entre outras. A promoção supõe a co-responsabilidade dos governantes e dos vários grupos da sociedade com a melhoria da qualidade da vida e da saúde. A proposta de construção de cidades/municípios saudáveis é considerada como uma das estratégias de promoção da saúde. Ela surgiu em Toronto, Canadá, em 1978, quando um comitê de planejamento público publicou o Informe “A Saúde Pública nos anos 80”, onde foram estabelecidas linhas de ação política, social e de desenvolvimento comunitário no nível local, como resposta aos problemas mais prevalentes de saúde pública naquele momento. Este informe propunha um novo enfoque para a saúde pública: a saúde estaria constituída por quatro elementos principais: a biologia humana, o meio ambiente, os hábitos ou estilo de vida e a organização dos serviços de saúde. A partir desta perspectiva era possível uma visão mais integral da saúde da população. Desde a década de 70, esta proposta vem sendo apoiada por vários países da América do Norte, Europa e América Latina. O reconhecimento da importância dos determinantes mais gerais da saúde foi uma base fundamental para a organização da I Conferência Internacional pela Promoção da 3 Texto retirado na integra do Guia Curricular do Curso de Técnico em Vigilância Sanitária e Saúde Ambiental. 42 Saúde, em 1986, por meio da iniciativa da Organização Mundial da Saúde, do governo canadense de Saúde Pública. Essa conferência teve como produto a Carta de Ottawa, assumida por 38 países. A carta aponta a seguinte definição de promoção da saúde: “A promoção da saúde é um processo, através do qual a população se capacita e busca os meios para conseguir controlar os fatores que favorecem seu bem estar e o da comunidade que a podem estar pondo em risco, tornando-a vulnerável ao adoecimento e prejudicando a sua qualidade de vida”. Assim, a promoção da saúde passou a ser considerada nas políticas de saúde de inúmeros países, inclusive na América Latina, com a cooperação técnica da Organização Mundial de Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde – OMS/OPAS, na década de 1990. De acordo com a OPAS, um município saudável é aquele em que as autoridades políticas e civis, as instituições públicas e privadas, os proprietários, os empresários, trabalhadores e a sociedade dedicam constantes esforços para melhorar as condições de vida, trabalho e cultura da população: estabelecem uma relação harmoniosa com o meio ambiente físico e natural e expandem os recursos comunitários para melhorar a convivência, desenvolver a solidariedade, a co-gestão e a democracia. Segundo a OMS, para que uma cidade se torne saudável, ela deve esforçar-se para proporcionar: • um ambiente físico e seguro; • um ecossistema estável e sustentável; • alto suporte social, sem exploração; • alto grau de participação social; • necessidades básicas satisfeitas; • acesso a experiências, recursos, contatos, interações e comunicações; • economia local diversificada e inovativa; • orgulho e respeito pela herança biológica e cultural; • serviços de saúde acessíveis a todos; e • alto nível de saúde. De modo geral, o desenvolvimento da proposta de cidades/municípios saudáveis pressupõe: • O compromisso das autoridades locais – prefeito e secretários municipais – 43 com a qualidade de vida. • A participação ativa com envolvimento e co-responsabilidade dos vários segmentos sociais na discussão dos problemas da cidade, na tomada de decisão e busca de soluções. • A Intersetorialidade, com a integração das várias políticas públicas, buscando-se o planejamento articulado das ações e serviços no enfrentamento dos problemas da cidade. • A disposição de desenvolver processos ativos de comunicação. Informação e educação, estimulando a capacitação e fortalecimento da população para atuar na melhoria da qualidade de vida. A cidade é considerada como contexto mais apropriado para o desenvolvimento de iniciativas saudáveis por apresentar uma série de aspectos facilitadores: contexto propício para estimular a participação social e integração de setores governamentais e os demais; é um local em que o impacto das ações técnicas e governamentais pode ser mais perceptível nas condições de vida da população, enquanto espaço de vivência – moradia, trabalho, etc. Portanto, na cidade pode-se criar oportunidade de envolvimento da população na discussão das questões da cidade e nos processos de decisão. 44 TEXTO N.º 4 – CASO D. FILOMENA - PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS Cena 1 – Filomena Busca Atendimento da Unidade de S aúde4 Filomena é dona de casa, tem 45 anos, mãe de dois filhos (18 e 15 anos), e esposa de um operário metalúrgico desempregado. Mora na periferia da cidade e sofre de freqüentes dores de cabeça. Amiúde, vai ao centro de saúde consultar o médico. Naquele domingo, a dor repete-se e Filomena resolve que no dia seguinte vai retornar à Unidade de Saúde mais uma vez como tem feito, periodicamente, nos últimos anos. Na segunda-feira, pontualmente às 4h30 da manhã, sob uma brisa fresca do mês de maio, sai de casa para a Unidade de Saúde, aonde chega às 4h50 para obter uma senha, o passaporte para a desejada consulta médica. Às 7h, Sr. Valdeci, porteiro da Unidade de Saúde, abre a porta, coloca ordem na fila e distribuem 12 senhas, correspondentes à maior parte das 16 consultas ofertadas pelo médico clínico naquele dia. Filomena é a 11.a. Dirige-se com calma à recepção e, portando seu precioso “salvo conduto”, cumprimenta as recepcionistas, as quais conhece há 8 anos desde a fundação da Unidade de Saúde. ___ Pode sentar e esperar o médico, Filomena. Ele só chega às 8h30. Filomena sabe que vai ser a manhã inteira ali. Enquanto a recepcionista revira o arquivo em busca do seu prontuário, dirige-se até o banco no fundo da sala e encosta por ali, esperando um alívio para as dores de cabeça. Já não sabe quantas vezes veio à Unidade e o mesmo problema. A dor vai e volta. A Unidade cheia, criança chorando, muita fala que bate como um zumbido na sua cabeça. O som das vozes parece oco, confuso e a dor ali, insistente. Já veio muitas vezes ao médico para resolver o problema da dor de cabeça, mas nunca houve uma resposta satisfatória no sentido de dar um jeito definitivo ao seu problema. Nos últimos anos, passou por muitos deles. Tem o Dr. Marcus, que foi o primeiro da Unidade. Chegava cedo, mas era muito apressado e às 8h30, mais ou menos, já tinha atendido todo mundo. Mandou fazer uns exames. Filomena fez Raio X, tirou sangue, voltou ao médico que receitou uns remédios. Caros. Ela comprou depois de algum tempo e tomou todos eles. A dor foi embora, mas depois voltou. Depois do Dr. Marcus veio o Dr. Virgílio. Não chegava 4 Texto adaptado do original: unidade de aprendizagem: Trabalho e relações na produção do cuidado. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: 45 cedo, porque tinha de passar no hospital antes de vir pra Unidade. Mas nunca faltava. Consultou Filomena muitas vezes. Cada vez pedia um tanto de exames e, depois de prontos, receitava novos medicamentos. Mas nunca tinha tempo pra conversar direito. As consultas eram rápidas e silenciosas. Falar, só o necessário, respondendo às perguntas que o médico fazia e só. Agora é o Dr. Gustavo. Médico novo e já sem tempo pra conversar. Quer ver o problema da cabeça, pesquisa tudo pelos exames e receita muitos remédios. E assim vai passando a vida de Filomena. Queixa-se das dores aos médicos, ao marido, aos filhos, às vizinhas, à diretora da escola e até o padre já ouviu. Às 8h30 chega o médico e as pessoas agitam-se para a consulta que está preste a ocorrer. Filomena havia esperado boa parte da manhã, tendo de ouvir as piadinhas
Compartilhar