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Caderno-Módulo-I-Atenção-Primária_impressão

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APERFEIÇOAMENTO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA A 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DAS POLÍTIC AS 
PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA-ES 
 
 
 
 
 
 
PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA 
Secretaria Municipal de Saúde 
 
 
 
 
 
 
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 
Secretaria de Estado da Saúde 
 
GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 
Paulo César Hartung Gomes 
 
SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE 
Ricardo de Oliveira 
 
SUBSECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE DE ASSUNTOS DE 
ADMINISTRAÇÃO E DE FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO À SAÚDE 
José Hermínio Ribeiro 
 
GERENTE DE RECURSOS HUMANOS 
Marli Breda Basílio de Souza 
 
CHEFE DO NÚCLEO ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO 
DE RECURSOS HUMANOS 
Luiz Cláudio Oliveira da Silva 
 
CHEFE DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE 
Andrey Luis Mozzer 
 
EQUIPE TÉCNICA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE 
Dóris Griffo Almeida 
Ingrid Frederico Barreto 
Maria Aparecida Januário 
 
EQUIPE DE APOIO 
Edenilson de Oliveira Santos 
Eva Alexandre Martins
PREFEITO DE VITÓRIA 
Luciano Santos Rezende 
 
 
VICE-PREFEITO DE VITÓRIA 
Wagner Fumio Ito 
 
 
SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
Daysi Koehler Behning 
 
SUBSECRETÁRIA DE ATENÇÃO À SAÚDE 
Karina Daleprani Espíndula 
 
 
SUBSECRETÁRIA DE APOIO ESTRATÉGICO 
Cátia Cristina Vieira Lisboa 
 
 
DIRETORA DA ESCOLA TÉCNICA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE 
PROFESSORA ÂNGELA MARIA CAMPOS DA SILVA - ETSUS VIT ÓRIA 
Regina Célia Diniz Werner 
 
 
EQUIPE TECNICA 
Arlete Frank Dutra 
Cília Zucolotti 
Denise Mara Ramaldes Pedrosa 
Denise Vallory da Silva 
Jaciara de Lima Romualdo 
Josilda Terezinha Bertulozo Ferreira 
Mary Cristina F. de Oliveira Fonseca 
Shirley Pimenta Pegoretti 
Silvério José Rocha Elias 
Sonia Regina Quaglioz dos Santos Sartori 
Tatiane Comério 
 
 
COLABORADORES 
João Carlos Milaré 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFEITURA DE VITÓRIA 
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
ESCOLA TÉCNICA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE 
PROFESSORA ÂNGELA MARIA CAMPOS DA SILVA – ETSUS VITÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APERFEIÇOAMENTO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE 
 
 
 
 
Módulo I: A Atenção Primária a Saúde no contexto da s 
políticas de saúde e as estratégias de implementaçã o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vitória-ES 
 
Material elaborado para o curso Aperfeiçoamento em Atenção Primária a Saúde. 
Reproduzido e distribuído com recursos repassados por meio da Portaria Estadual 052-R 
de 11 de junho de 2014, do Plano de Ações Regionais de Educação Permanente em 
Saúde (PAREPS). 
 
É permitida a reprodução parcial ou total deste material desde que citada a fonte e que 
não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais 
de textos e imagens desta obra é dos autores. 
 
Distribuição gratuita. 
 
 
Parceria 
 
Ministério da Saúde. Governo do Estado do Espírito Santo. Secretaria de Estado da 
Saúde do Espírito Santo. Gerência de Recursos Humanos. Núcleo Especial de 
Desenvolvimento de Recursos Humanos. Núcleo de Educação e Formação em Saúde. 
Prefeitura de Vitória/ES. Secretaria Municipal de Saúde. Escola Técnica e Formação 
Profissional de Saúde “Professora Ângela Maria Campos da Silva – ETSUS Vitória”. 
 
 
Equipe responsável pela elaboração 
 
Cília Zucolotti 
Jaciara de Lima Romualdo 
Josilda Terezinha Bertulozo Ferreira 
Mary Cristina F. de Oliveira Fonseca 
Shirley Pimenta Pegoretti 
Sônia Regina Quaglioz dos Santos Sartori 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Vitória (ES). Prefeitura de Vitória. Secretaria Municipal de Saúde. Escola Técnica e 
Formação Profissional de Saúde – ETSUS Vitória. Aperfeiçoamento em Atenção Primária 
a Saúde : Módulo I - A Atenção Primária a Saúde no Contexto das políticas de saúde e as 
estratégias de implementação. Vitória: SEMUS, 2015. 87 p. 
 
 
1. Saúde Pública. 2. Atenção Primária a Saúde. 3. Educação Permanente em Saúde. 
4. Capacitação Profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. 
Não pode temer o debate”. 
 
Paulo Freire 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO DO PROJETO .......................................................................................... 11 
MÓDULO I: A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO .................... 17 
UNIDADE DIDÁTICA 1: PROCESSO SAÚDE-DOENÇA, POLÍTICAS PÚBLICAS 
DE SAÚDE E ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO ............................................. 18 
UNIDADE DIDÁTICA 2: VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MODELOS ASSISTENCIAIS .. 20 
UNIDADE DIDÁTICA 3: ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ........................ 23 
ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL – MÓDULO I ......................................................... 25 
TEXTO N.º 1 - SAÚDE E DOENÇA: DOIS FENÔMENOS DA VIDA ........................ 26 
TEXTO N.º 2 - A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ............ 33 
TEXTO N.º 3 - MUNICÍPIO SAUDÁVEL – UMA ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO 
DA SAÚDE ................................................................................................................ 41 
TEXTO N.º 4 – CASO D. FILOMENA - PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO 
DE DOENÇAS ........................................................................................................... 44 
TEXTO N.º 5 - MODELOS DE ATENÇÃO A SAÚDE................................................ 51 
TEXTO N.º 6 - A INTERSETORIALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ................ 58 
TEXTO N.º 7 - ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE . 60 
ANEXO A .................................................................................................................. 68 
PORTARIA GM/MS N.º 2.488 DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 ................................ 68 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86 
 
 
 
 
 
11 
 
RESUMO DO PROJETO 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tem se constituído um grande 
desafio para gestores, profissionais de saúde e sociedade como um todo. O caminho 
percorrido ao longo da primeira década de funcionamento apresenta experiências bastante 
variadas e ricas nos diferentes aspectos e cenários de construção desse projeto – SUS, 
como a descentralização do processo de decisão que tem possibilitado uma melhor 
visualização dos problemas a serem enfrentados, assim como as possibilidades e limites de 
intervenções. Dessa forma, a busca por um novo modelo assistencial ganha sentido prático 
no esforço de dar respostas às necessidades concretas da população. 
 
Para fortalecer e aumentar a qualidade de resposta do setor de saúde às demandas 
da população, a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, por meio da Escola Técnica e 
Formação Profissional em Saúde – ETSUS Vitória, tem investido nas ações de educação 
permanente, com base nas indicações expressas na Constituição Federal de 1988 e nos 
dispositivos legais infraconstitucionais, Lei Federal n.º 8080, de 19 de setembro de 1990, Lei 
Federal n.º 8142, de 28 de dezembro de 1990, Decreto Federal n.º 7508, de 28 de junho de 
2011, e Portaria Federal n.º 2.488, de 21 de outubro de 2011, que definem um conceito 
ampliado de saúde, para além da dimensão setorial dos serviços, e um conjunto de 
princípios balizadores, centrados na integralidade, universalidade e equidade da atenção, 
bem como no controle social e na descentralização da gestão, com comando único em cada 
esfera de governo. 
 
Dessa forma, cabe à instituição capacitar os profissionais de saúde para o 
desenvolvimento de suas potencialidadese incrementar o processo de trabalho na Atenção 
Primária à Saúde, considerando que parte desses profissionais teve sua formação 
predominantemente hospitalocêntrica. Assim, propomos o Curso de Aperfeiçoamento em 
Atenção Primária à Saúde para Auxiliares de Enfermagem, Técnicos em Enfermagem, 
Técnico em Saúde Bucal, Auxiliar em Saúde Bucal, Auxiliar de Laboratório e Assistente de 
Farmácia, inseridos na Atenção Primária. 
 
 
 
 
12 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo Geral 
 
Promover a aquisição de competências necessárias para o desenvolvimento de ações de 
forma integral, resolutiva e humanizada na promoção e assistência à saúde, contribuindo 
para melhoria do acesso e da qualidade do serviço prestado à população. 
 
 
Objetivos Específicos 
 
• Discutir os papéis dos profissionais de saúde e estratégias de atuação, com vistas a 
viabilizar o novo modelo de atenção à saúde, com base nos princípios do SUS. 
• Possibilitar a reflexão dos modelos de atenção à saúde, destacando a vigilância em 
saúde como prática interdisciplinar e intersetorial. 
• Proporcionar a atualização de conhecimentos em vigilância epidemiológica 
enfatizando as etapas de consolidação, análise e apresentação do sistema de 
informação em saúde. 
• Possibilitar a reflexão sobre a importância do trabalho em equipe e os desafios desta 
construção, possibilitando, ainda, os métodos para uma abordagem domiciliária, 
pautada na ética profissional, construção de vínculos no território, compreensão do 
funcionamento das relações humanas e interações familiares. 
• Orientar trabalhadores de saúde para a utilização de alternativas com base em 
princípios científicos e tecnológicos, que propiciem o desenvolvimento da capacidade 
para resolução de problemas, respeitando regras de convivência democrática. 
• Discutir a importância da participação popular na saúde como fator fundamental no 
processo de transformação da prática de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
PERFIL PROFISSIONAL DE CONCLUSÃO 
 
Os profissionais, ao término do curso, deverão ter o perfil que envolve a articulação 
de 06 (seis) competências, onde cada uma expressa uma dimensão da realidade de 
trabalho, conforme a perspectiva de construção da organização dos processos de formação 
e de trabalho, incorporando o saber ser, saber conhecer e saber fazer. 
As competências que definem o perfil de conclusão são: 
• Compreender a História da Saúde, a evolução das políticas públicas de saúde no 
Brasil, a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Saúde e 
Doença e seus determinantes e condicionantes. Conhecer a Atenção Primária a 
Saúde, os modelos de atenção à saúde e a reorganização dos serviços; 
• Conhecer o Processo de Trabalho em Saúde e o Sistema de Informação da 
Atenção Básica (SIAB), apropriando-se do território como instrumento 
fundamental na construção do diagnóstico situacional de saúde e planejamento 
das ações, considerando a realidade da população na qual estão inseridas as 
equipes de saúde. 
• Compreender a importância do trabalho em equipe e os desafios desta 
construção, além dos métodos para abordagem domiciliária, pautados na ética 
profissional, no funcionamento das relações humanas, em particular das famílias, 
e na percepção das interações familiares na Atenção Primária a Saúde. 
• Compreender a humanização do atendimento por meio de estratégias de 
implementação de um processo de acolhimento e de escuta ativa mediante a 
identificação dos problemas de saúde, possibilitando um atendimento oportuno e 
resolutivo. 
• Identificar a Educação Permanente em Saúde como um processo de promoção da 
melhoria da qualidade de vida da população, compreendendo a importância da 
participação dos profissionais de saúde e da comunidade de forma articulada e 
ativa no processo. 
• Conhecer o processo de trabalho da Vigilância em saúde, utilizando dados e 
informações necessárias, a fim de intervir em situações de risco, vulnerabilidade e 
suscetibilidade da população, conforme normas e protocolos estabelecidos pelo 
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. 
 
 
14 
 
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 
 
O curso Aperfeiçoamento em Atenção Primária a Saúde tem carga horária total de 
184 (cento e oitenta e quatro) horas, divididas em 120 (cento e vinte) horas presenciais, em 
sala de aula, e 64 (sessenta e quatro) horas de atividades não presenciais, no local de 
trabalho. O curso está estruturado em 05 (cinco) módulos compostos por Unidades 
Didáticas, constituídas por conteúdos relacionados ao processo ensino-aprendizagem, 
sendo: 
MÓDULOS PRESENCIAL ATIVIDADE NÃO 
PRESENCIAL 
Módulo I - A Atenção Primária a Saúde no 
Contexto das Políticas Públicas de Saúde e as 
Estratégias de Implementação. 
24h 16h 
Módulo II - A Organização das Regiões de 
Saúde, com ênfase no planejamento das Ações 
de Saúde. 
24h 16h 
Módulo III - O Processo de Trabalho em Equipe. 24h 16h 
Módulo IV - A Humanização na Reorganização 
das Práticas e a Participação Popular. 24h 16h 
Módulo V - Vigilância em Saúde com Ênfase em 
Vigilância Epidemiológica. 24h -- 
Subtotal 120h 64h 
Total 184 horas 
 
 
Público Alvo: Auxiliares de Enfermagem, Técnicos em Enfermagem, Técnico em Saúde 
Bucal, Auxiliar em Saúde Bucal, Auxiliar de Laboratório e Auxiliar de Farmácia, inseridos nas 
equipes da Estratégia Saúde da Família. 
 
 
METODOLOGIA 
 
A dinâmica do curso adota uma estratégia de formação por meio do trabalho em 
saúde, articulando teoria e prática, ensino-serviço-comunidade, em regime de alternância, 
com momentos presenciais e realização de atividades no espaço de trabalho, denominadas 
não presenciais . Nos momentos presenciais os alunos, reunidos em um mesmo espaço 
físico, em suas salas de aula, no município sede do curso, realizam, sob orientação do 
facilitador, atividades programadas, em Unidades Didáticas, com estudo em grupo, 
dramatizações, leitura de texto, elaboração de sínteses e outras estratégias metodológicas, 
 
 
15 
 
acrescentando e sistematizando o conhecimento teórico que sustenta a prática dos referidos 
profissionais. 
Já nos momentos de atividade não presencial , os alunos retornam ao local de 
trabalho e ali realizam atividades também programadas, conforme a orientação do 
facilitador. Assim, ensino e aprendizagem não se apresentam como momentos distintos, 
mas como uma integração do saber e o fazer, compreendendo um período de 
aprimoramento e desenvolvimento de habilidades, a partir da realização dos trabalhos 
intermódulos, relacionados com os conteúdos estudados nos momentos presenciais. 
 
 
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
 
A avaliação será contínua e formativa, oferecendo subsídios para diagnosticar, 
intervir e redefinir encaminhamentos, com base na análise do desenvolvimento de 
competências por parte do aluno/trabalhador, por meio de atividades individuais e em grupo, 
participação nas discussões e autoavaliação, bem como outros instrumentos pedagógicos, 
privilegiando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos ao longo de toda a formação. 
Para efeito de aprovação será exigida frequência mínima igual ou superior a 75% (setenta e 
cinco por cento) nos momentos presenciais e realização de 100% (cem por cento) das 
atividades não presenciais, em cada módulo e no computo geral da carga horária do curso. 
Será, também, considerado o aproveitamento do aluno durante o curso, observando-se os 
critérios de avaliação de cada atividade. 
Com base no exposto e tendo como referência as competências previstas no plano 
de curso, os facilitadores atribuirão os seguintes conceitos: 
1. Apto – alcançou os objetivos educacionais mínimos para o módulo. 
2. Ainda não apto - alcançou os objetivos educacionais mínimos propostos para os 
módulos, porém fazem-se necessárias algumas correções. 
3. Não apto - não alcançou os objetivos educacionais mínimos propostos para os 
módulos. 
Quando os trabalhos forem avaliados com “Ainda não apto”os alunos receberão o 
feedback dos facilitadores com os comentários que orientarão a correção dos mesmos. 
Após realizar as correções o aluno deverá entregar o trabalho escrito ao facilitador que fará 
nova avaliação. 
 
 
16 
 
CERTIFICAÇÃO 
 
Para a certificação será exigida frequência mínima igual ou superior a 75% (setenta e 
cinco por cento) nos momentos de presenciais e 100% (cem por cento) nos de atividade não 
presencial, em cada módulo e no computo geral da carga horária do curso, bem como o 
aproveitamento do aluno durante o curso e na realização das atividades não presenciais, 
observando-se os critérios de avaliação de cada atividade. 
 
 
 
 
17 
 
MÓDULO I: A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO CONTEXTO DA S 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E AS ESTRATÉGIAS DE 
IMPLEMENTAÇÃO 
 
 
Propósito 
 
O Módulo I propõe a compreensão da História da Saúde com a evolução das 
Políticas Públicas de Saúde no Brasil, a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o 
Processo Saúde e Doença, seus determinantes e condicionantes, a Atenção Primária a 
Saúde, os modelos de atenção à saúde bem como a reorganização dos serviços e 
consequentemente a melhoria da qualidade prestada à população. 
 
 
Competências 
 
• Conceituar saúde, problemas de saúde e riscos e agravos. 
• Identificar as políticas públicas de saúde. 
• Intervir nas situações de risco baseado no levantamento dos problemas de saúde. 
• Identificar os modos de viver da população em relação ao processo saúde-doença. 
• Identificar as políticas públicas de saúde. 
• Incorporar os princípios e diretrizes do SUS no processo de trabalho. 
• Aplicar a legislação relacionada às diretrizes e princípios do SUS. 
• Compreender as ações de promoção, prevenção e a vigilância em saúde. 
• Compreender os princípios e diretrizes da Estratégia Saúde da Família. 
• Conhecer as formas de reorganização das práticas em atenção primária a saúde. 
• Atuar em equipe respeitando as atribuições dos profissionais integrantes. 
• Identificar a intersetorialidade como ferramenta para o trabalho em equipe. 
 
 
Carga Horária Total do Módulo: 40h 
 
• Período de Concentração: 24h 
• Período de Atividade não presencial: 16h 
 
 
 
 
 
18 
 
UNIDADE DIDÁTICA 1: PROCESSO SAÚDE-DOENÇA, POLÍTICA S 
PÚBLICAS DE SAÚDE E ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
1. Participar da dinâmica de 
apresentação. 
1. Realizar dinâmica de apresentação. 
2. Mencionar as expectativas em relação 
ao curso. Listar os compromissos 
(contrato de convivência). 
Assinar o contrato. 
2. Levantar as expectativas do grupo, 
registrando em papel kraft. Elaborar 
compromissos com a turma. – Dinâmica 
“Casinha”. O facilitador desenha em cartolina a 
estrutura de uma casa e solicita aos alunos que 
apontem as “regras” do contrato de 
convivência. Anotar o que deve estar dentro ou 
fora da casinha. 
Ao final, solicitar que todos os alunos assinem 
o contrato. 
Expor o desenho da casinha em todas as 
aulas. 
3. Conhecer a proposta pedagógica do 
curso. 
3. Apresentar a proposta pedagógica do curso. 
Esclarecer possíveis dúvidas sobre o 
desenvolvimento do curso 
Enfatizar o contrato de convivência 
4. Construir a “Linha da Vida”, ausência e 
presença da saúde durante as fases do 
ciclo de vida, por meio de recortes de 
gravuras. 
Organizar de forma coletiva em papel 
Kraft, na posição horizontal, traçando uma 
linha do tempo no meio da folha, em 
seguida escreva: presença de saúde (de 
um lado da folha) ausência de saúde (do 
outro lado da folha). 
Buscar e colar gravuras representando a 
fase da vida definida para o grupo. 
Apresentar o trabalho coletivo apontando 
sua concepção sobre o que é saúde e o 
que é doença. 
Participar da construção do conceito de 
saúde por meio da reflexão sobre a linha 
da vida (construção do conceito ampliado 
de saúde). 
4. Dividir os alunos em 05 (cinco) grupos onde 
cada grupo deverá trabalhar com uma fase do 
ciclo de vida (nascimento, infância, 
adolescência, fase adulta e envelhecimento). 
Solicitar aos membros dos grupos que tracem 
uma linha horizontal no meio da folha de papel 
Kraft, dividindo os espaços com: presença de 
saúde e outro com ausência de saúde . Em 
seguida disponibilizar gravuras que 
representem os dois temas e orientar os 
grupos. Após a construção do painel, os grupos 
deverão afixar os cartazes no quadro branco e 
apresentar a atividade. 
Coordenar a apresentação dos grupos, 
construindo com os alunos o conceito de saúde 
e doença, com base no conceito ampliado de 
saúde nas várias fases do ciclo de vida. 
Destacar a importância de: 
� Fatores que determinam o processo saúde-
doença? Ex.: sociais, econômicos, culturais 
etc. 
� Necessidade de ação multiprofissional, 
interdisciplinar e intersetorial para dar conta 
da atenção à saúde nesta perspectiva. 
Sistematizar o conteúdo. 
5. Realizar leitura de TEXTO N.º 1: 
Saúde e Doença: dois fenômenos da 
vida. 
5. Orientar a leitura circular do TEXTO N.º 1: 
Saúde e Doença: dois fenômenos da vida 
Levar os alunos a: 
 
 
19 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
 
Participar da atividade, expor suas 
dúvidas e considerações sobre os 
conceitos apresentados a fim de 
compreender o processo Saúde-Doença. 
� Identificar as palavras desconhecidas e 
esclarecê-las no contexto; 
� Refletir sobre as idéias principais do texto; 
� Formular quando necessário, perguntas 
chave sobre o conteúdo. 
6. Receber o Kit contendo as tarefas do 
jogo. 
 
Os grupos deverão organizar em folha de 
papel Kraft as perguntas com as 
respostas e afixar no quadro. 
 
 
6. Dividir a turma em 02 (dois) grupos e 
entregar um Kit contendo “Jogo das Políticas 
de Saúde”. 
Um grupo deverá ficar com as perguntas e o 
outro com as respostas, que deverão ser 
encontradas durante a atividade. 
Os grupos deverão organizar em folha de papel 
Kraft as perguntas com as respostas e afixar no 
quadro. O facilitador não deverá fazer 
intervenções nesta atividade. 
Obs.: O jogo é composto por perguntas e 
respostas e sua montagem propicia a visão dos 
conceitos principais sobre Políticas de Saúde. 
7. Assistir ao Filme: Política de Saúde: 
Evolução histórica no Brasil. 
� Conhecer e refletir sobre a História das 
Políticas de Saúde no Brasil e a 
Reforma Sanitária para situar-se no 
contexto do trabalho. 
� Participar do debate. 
7. Apresentar o vídeo: Política de Saúde: 
Evolução histórica no Brasil (CD) 
� Ao final, enfatizar o surgimento da Estratégia 
Saúde da Família na Construção do SUS. 
Estimular a reflexão e debate sobre o vídeo e 
esclarecer as dúvidas. 
Formular roteiro para a roda de conversa. 
8. Retornar ao cartaz do Jogo buscando 
corrigir perguntas e respostas. 
 
Participar do debate e apresentar suas 
dúvidas. 
8. Solicitar aos alunos que retornem ao quadro 
para corrigir o jogo (de perguntas e respostas), 
de acordo com os conceitos apropriados 
durante a apresentação do filme. 
- Estimular a análise e debate sobre o filme, 
correlacionando com o jogo proposto, e 
esclarecer as dúvidas. 
9. Assistir e participar da exposição 
dialogada. 
9. Realizar exposição dialogada sobre Políticas 
Públicas de Saúde, sistematizando o 
conhecimento. 
10. Realizar leitura do TEXTO N.º 2 de 
apoio: A Construção do Sistema Único 
de Saúde. 
 
Participar da atividade e expor suas 
dúvidas e considerações sobre os 
conceitos apresentados a fim de 
compreender o SUS e seus princípios e 
diretrizes. 
 
10. Orientar a atividade de leitura do TEXTO 
N.º 2: A Construção do Sistema Único de 
Saúde. 
Levar os alunos a: 
� Identificar as palavras desconhecidas e 
esclarecê-las no contexto; 
� Refletir sobre as idéias principais do texto; 
� Formular quando necessário, perguntas 
chave sobre o conteúdo. 
Destacar os princípios e diretrizes do SUS a fim 
de que os alunos compreendam as políticas 
públicas de saúde. 
11. Desenhar o pé em folha A4 e escrever 
dentro do desenho uma palavraou frase: 
“Como estou saindo dessa aula?” 
 
11. Identificar a impressão da turma sobre a 
vivência do dia, por meio da dinâmica do pé . 
 
 
20 
 
UNIDADE DIDÁTICA 2: VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MODELOS 
ASSISTENCIAIS 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
1. Participar da atividade de integração. 
 
� Recordar temas trabalhados na aula 
anterior. 
1. Escolher uma dinâmica de grupo que tenha 
relação com o trabalho do dia. 
� Levantar conceitos chave/conteúdos, 
abordados na aula anterior e listar no flip 
chart, a fim de recordar os temas 
trabalhados. 
2. Exemplificar a partir de seu cotidiano de 
trabalho, ações de prevenção e promoção 
da saúde. 
2. Realizar a técnica tempestade de idéias com 
o tema prevenção e promoção da saúde, 
registrando as opiniões dos alunos. 
3. Responder as questões considerando a 
atividade anterior. 
� O que é promoção da saúde? 
� Quais as ações devem ser realizadas 
para garantir a promoção de saúde de 
uma população? 
� O que é prevenção de doenças? 
� Quais as ações de prevenção que são 
realizadas no seu município? 
 
Participar das discussões e escolher um 
relator 
 
Socializar os resultados das discussões 
em grande grupo. 
3. Dividir a turma em 04 (quatro) grupos, 
distribuir uma pergunta para cada grupo e 
solicitar que registrem as respostas em folha de 
papel Kraft: 
� O que é promoção de saúde? 
� Que ações podem ser realizadas para 
garantir a promoção de saúde de uma 
população? 
� O que é prevenção de doenças? 
� Que ações de prevenção são realizadas no 
seu território de saúde/ município? 
Solicitar a apresentação dos resultados das 
discussões e coordenar a ação, construindo 
com os alunos o conceito de promoção da 
saúde e prevenção de doenças. 
Sistematizar as discussões. 
4. Participar da leitura circular do TEXTO 
N.º 3: “Município Saudável: uma 
estratégia de promoção da saúde”. 
 
Participar da atividade e expor suas 
dúvidas e considerações sobre os 
conceitos apresentados. 
4. Realizar a leitura circular do TEXTO N.º 3: 
 “Município Saudável: uma estratégia de 
promoção da saúde”. 
� Suscitar reflexões sobre pontos chave e 
esclarecer as dúvidas. 
� Enfatizar a importância das ações técnicas e 
governamentais na melhoria da qualidade 
de vida da população. 
Realizar exposição dialogada sobre prevenção 
e promoção, sistematizando o conteúdo 
abordado. 
5. Participar, em grupo, da leitura e 
dramatização sobre o Caso D. Filomena - 
TEXTO N.º 4. 
 
� Grupo 1: Cena 1 
� Grupo 2: Cena 2 
 
Apresentar a dramatização baseada no 
modelo de atenção à saúde atual e o 
antigo. 
 
5. Dividir a turma em 02 (dois) grupos e 
entregar para cada grupo uma cena do Caso 
D. Filomena - TEXTO N.º 4 . 
Orientar a dramatização com base no caso 
relatado (Cena 1 e 2). 
Auxiliar na preparação da dramatização. 
Coordenar a apresentação da dramatização, 
observando os modelos assistenciais de saúde 
apresentados nas cenas. Destacar a inserção 
da Estratégia Saúde da Família no modelo de 
saúde vigente no município de atuação. 
 
 
 
21 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
 
Participar do debate e responder as 
questões abaixo: 
 
� Considerando como as personagens 
estão se sentindo, pense em quais 
expectativas as personagens trazem 
para o serviço de saúde? 
� Que profissionais a atenderam até 
esse momento e qual a sua avaliação 
sobre esses atendimentos? 
� Analise a produção de cuidado. Retome 
o seu conceito de promoção da saúde e 
prevenção de doenças e da qualidade 
da atenção. Você proporia mudanças 
no atendimento/atenção oferecido? 
Quais? 
� Qual modelo de assistência à saúde foi 
utilizado neste caso? 
 
Compreender a Estratégia Saúde da 
Família no modelo de saúde vigente no 
Município de atuação. 
 
 
Suscitar o debate das seguintes questões com 
os alunos: 
 
� Considerando como as personagens estão 
se sentindo, pense em quais expectativas as 
personagens trazem para o serviço de 
saúde? 
� Que profissionais a atenderam até esse 
momento e qual a sua avaliação sobre 
esses atendimentos? 
� Analise a produção de cuidado. Retome o 
seu conceito de promoção da saúde e 
prevenção de doenças e da qualidade da 
atenção. Você proporia mudanças no 
atendimento/atenção oferecido? Quais? 
� Qual modelo de assistência à saúde foi 
utilizado neste caso? 
 
Refletir com a turma a situação apresentada, 
destacando a convivência de ambos os 
modelos na atual política de saúde e no 
cotidiano do trabalho. 
Destacar a inserção da Saúde da Família no 
modelo de saúde vigente no município de 
atuação. 
Sistematizar as discussões. 
 
6. Participar da exposição dialogada e 
expor suas dúvidas e considerações sobre 
os Modelos de Saúde apresentados. 
 
 
 
TEXTO N.º 5: Modelos de Atenção à 
Saúde . 
6. Apresentar, por meio de exposição 
dialogada, os modelos de atenção à saúde, 
refletindo sobre: 
 
� Modelos assistenciais e sua construção 
histórica. 
Enfatizar: Modelo atual vigente - Modelo de 
Vigilância em Saúde 
TEXTO N.º 5: Modelos de Atenção à Saúde. 
 
7. Responder à seguinte questão: 
 
� Qual o seu entendimento sobre 
intersetorialidade? 
Afixar no quadro a resposta da atividade 
solicitada. 
7. Distribuir folha de papel A4 e solicitar aos 
alunos que respondam com uma palavra ou 
frase: 
 
� Qual o entendimento sobre 
intersetorialidade? 
Solicitar aos alunos que colem as respostas 
no quadro. 
 
 
 
22 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
 
8. Exemplificar a partir de seu cotidiano de 
trabalho, ações nas quais a 
intersetorialidade foi primordial na 
resolução de problemas. 
 
 Escolha um dos exemplos do grupo e 
prepare a apresentação oral, escolhendo 
um relator para o caso. 
 
Participar da construção do conceito de 
Intersetorialidade. 
 
Refletir sobre o papel dos diversos atores 
na intersetorialidade das ações de saúde. 
 
8. Dividir a turma em pequenos grupos e 
solicitar aos alunos que recordem situações em 
que a intersetorialidade foi primordial para a 
solução de problema. 
Orientar para a escolha de uma das situações 
discutidas em pequeno grupo para 
apresentação em grande grupo. 
 Solicitar a apresentação da atividade e 
coordenar a ação construindo com os alunos o 
conceito de intersetorialidade. 
Enfatizar a importância das “Redes de Atenção 
à Saúde na resolução dos problemas”. 
Estimular a discussão sobre a intersetorialidade 
como uma articulação entre os distintos setores 
e na corresponsabilização pela garantia da 
melhoria da qualidade de vida da população. 
 
 
9. Participar da exposição dialogada. 
 
Realizar a leitura do TEXTO N.º 6: 
Intersetorialidade nos Serviços de 
Saúde. 
 
9. Realizar exposição dialogada sistematizando 
o conceito de intersetorialidade. 
Solicitar a leitura do TEXTO N.º 6: 
Intersetorialidade nos Serviços de Saúde. 
 
10. Avaliação oral: impressão dos alunos 
sobre os trabalhos do dia. 
 
Registrar no Diário de Aprendizagem a 
sua percepção sobre as discussões 
realizadas no dia. 
 
 
10. Solicitar que cada aluno registre no Diário 
de Aprendizagem sua percepção sobre as 
discussões feitas, com base no conteúdo do 
dia. Em seguida, solicitar que alguns alunos 
socializem suas respostas. 
 
 
 
 
 
23 
 
UNIDADE DIDÁTICA 3: ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ES F) 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
1. Participar da dinâmica: O que mudou? 
 
Refletir sobre a dinâmica, correlacionando 
com a Estratégia Saúde da Família 
(ESF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� Recordar conceitos/temas, abordados 
na aula anterior. 
1. Aplicar a dinâmica: O que mudou? 
(sugestão) 
Objetivos: exercitar a percepção do outro, 
observando as alterações ou mudanças. 
Desenvolver a atenção para as 
particularidades no cotidiano do trabalho. 
- O facilitador deverá solicitar que as pessoas 
formem pares um de frente para o outro e se 
observem (60 segundos). Em seguida pedir 
que as duplas coloquem-se um de costa para 
o outro e façam alguma alteração em si 
(vestuário,acessórios, entre outros). Após 
isso, deverão retornar a posição original e 
descobrir o que foi alterado no colega. Todos 
deverão comentar o que perceberam nas 
alterações, o que facilitou e o que dificultou. 
Esta vivência favorece a percepção do outro, 
as mudanças que ocorrem e a nossa 
sensibilidade para lidarmos com as diferentes 
situações. 
Refletir com o grupo sobre a ESF, com foco na 
contribuição desta estratégia na efetivação da 
mudança do modelo de atenção à saúde. 
� Resgatar conceitos chave/conteúdos, 
abordados na aula anterior e listar no flip 
chart. a fim de recordar os temas 
trabalhados. 
2. Conhecer e refletir sobre a situação da 
implantação da ESF, no município de 
atuação. 
Participar da exposição dialogada e expor 
suas dúvidas e considerações. 
2. Apresentar, por meio de exposição 
dialogada com slides, o Panorama Municipal 
da ESF, no município de atuação do aluno. 
Esclarecer as dúvidas. 
3. Refletir e discutir sobre as questões 
propostas e em seguida registrar em 
papel Kraft as questões abaixo: 
� Estabelecer a diferença entre a 
Unidade Básica de Saúde com 
Estratégia Saúde da Família e a 
Unidade Básica de Saúde sem 
Estratégia Saúde da Família. 
� Elaborar um quadro com duas colunas, 
em folha de papel Kraft e registrar os 
fatores facilitadores e dificultadores 
identificados no cotidiano do trabalho 
na Estratégia Saúde da Família. 
Socializar os resultados das discussões 
com a turma. 
Participar das discussões. 
 
3. Dividir a turma em pequenos grupos e 
solicitar que: 
� Estabeleçam a diferença entre a Unidade 
Básica de Saúde com Saúde da Família e a 
Unidade Básica de Saúde sem estratégia 
Saúde da Família. 
� Elaborem um quadro com duas colunas, em 
folha de papel Kraft e orientar o registro dos 
fatores facilitadores e dificultadores no 
cotidiano do trabalho na Estratégia Saúde 
da Família. 
Coordenar a apresentação e facilitar as 
discussões esclarecendo as dúvidas. 
 
 
24 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
4. Realizar a leitura circular do TEXTO 
N.º 7: A Estratégia Saúde da Família. 
Participar da atividade e expor suas 
dúvidas e considerações sobre os 
conceitos apresentados. 
4. Realizar a leitura circular do TEXTO N.º 7: 
A Estratégia Saúde da Família. 
Identificar as idéias principais e os conceitos 
presentes, relacionando-os com os conteúdos 
trabalhados. 
5. Participar da construção das respostas 
para as seguintes questões: 
 
� Que atividades são desenvolvidas pelo 
serviço de saúde? 
� Quem participa das atividades na 
assistência dos serviços de saúde? 
� Você conhece as atribuições que são 
comuns aos profissionais que atuam 
na assistência? 
� Quais atribuições são comuns aos 
profissionais que atuam na assistência 
dos serviços de saúde? 
 
Consultar a síntese da Portaria n.º 
2.488/GM de 21 de outubro de 2011 
(ANEXO A), referente às atribuições dos 
membros da equipe de Atenção Básica, e 
apresentar suas dúvidas. 
5. Construir com os alunos respostas para as 
questões abaixo, registrando a produção no 
quadro: 
 
� Que atividades são desenvolvidas pelo 
serviço de saúde? 
� Quem participa das atividades na 
assistência dos serviços de saúde? 
 
Problematizar com o grupo: 
� Você conhece as atribuições que são 
comuns aos profissionais que atuam na 
assistência? 
� Quais são as atribuições comuns aos 
profissionais que atuam na assistência dos 
serviços de saúde? 
Destacar as diferentes categorias profissionais 
que compõem a força de trabalho na Unidade 
com Estratégia Saúde da Família. 
Sistematizar as discussões e esclarecer 
dúvidas. 
6. Reunir grupos, por categoria 
profissional e registrar em folha de papel 
A4 as atribuições desenvolvidas no 
cotidiano de trabalho. 
Participar da atividade fazendo a 
correlação das atividades realizadas com 
aquelas contidas na síntese da Portaria 
n.º 2.488/GM, de 21 de outubro de 
2011, (ANEXO A). 
Analisar e refletir sobre as atribuições 
identificadas no início da atividade e 
aquelas contidas nesta Portaria. 
Participar das discussões e apresentar 
suas dúvidas. 
 
6. Distribuir os alunos por categoria 
profissional e solicitar que listem em grupo as 
atividades realizadas no cotidiano do trabalho. 
Estimular a discussão. 
Orientar o grupo à leitura de parte da síntese 
da Portaria n.º 2.488/GM , de 21 de outubro 
de 2011, esclarecendo as dúvidas (ANEXO 
A). 
 Reunir a turma e promover uma discussão 
sobre a necessidade do profissional conhecer 
as atribuições de sua categoria e qual a 
relevância desse conhecimento para o 
processo de trabalho na Estratégia Saúde da 
Família. 
Com base na Portaria n.º 2.488/GM , de 21 de 
outubro de 2011 , destacar as especificidades 
do trabalho em equipe multiprofissional. 
Sistematizar o conteúdo e esclarecer as 
dúvidas 
7. Atentar para as atividades a serem 
executadas na atividade não presencial. 
7. Orientar a atividade não presencial. 
Esclarecer dúvidas. 
8. Registrar sua percepção sobre os 
conteúdos estudados durante a aula. 
 
8. Solicitar que cada aluno registre sua 
percepção sobre as discussões feitas com 
base no conteúdo do dia. 
 
 
 
25 
 
ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL – MÓDULO I 
 
ATIVIDADES PARA O ALUNO ATIVIDADES PARA O FACILITADOR 
1. Com base nas discussões realizadas 
na Unidade Didática 2, na leitura do texto 
“Modelos de Atenção à Saúde” e 
observando a realidade da Unidade de 
Saúde em que atua, classifique em qual 
modelo encontra-se sua Unidade de 
Saúde e justifique a classificação. 
 
Em seguida, registre um caso de 
atendimento na sua Unidade de Saúde e 
identifique o modelo de atenção à saúde 
predominante no atendimento, apontando 
características (ter o cuidado de não 
identificar as pessoas envolvidas na 
situação). 
 
Entregar a atividade ao facilitador em 
forma de relatório. 
1. Orientar os grupos para a realização da 
atividade não presencial. 
 
� Solicitar que, com base nas discussões 
realizadas na Unidade Didática 2, na leitura 
do texto “Modelos de Atenção à Saúde” e 
observando a realidade da Unidade de 
Saúde em que atua, classifiquem em qual 
modelo encontra-se sua Unidade de Saúde 
e justifique a classificação. 
 
� Pedir que registrem um caso de 
atendimento na sua Unidade de Saúde, 
discutam e identifiquem o modelo de 
atenção à saúde predominante no 
atendimento, apontando características 
(ter o cuidado de não identificar as pessoas 
envolvidas na situação). 
 
- Solicitar que a atividade seja entregue em 
forma de relatório. 
 
2. Registrar em seu Diário de 
Aprendizagem reflexões sobre uma 
situação ocorrida na Unidade de Saúde, 
em que sua equipe utilizou a 
intersetorialidade para resolução de 
problemas. 
 
2. Orientar que cada aluno faça o registro de 
suas reflexões sobre uma situação ocorrida na 
Unidade de Saúde, em que sua equipe utilizou 
a intersetorialidade para resolução de 
problemas. 
 
 
 
 
 
26 
 
TEXTO N.º 1 - SAÚDE E DOENÇA: DOIS FENÔMENOS DA VID A1 
 
 
Resgatando a Historicidade do Processo Saúde-Doença 
 
Na maioria das vezes, quando perguntamos sobre a saúde de alguém, escutamos 
como resposta que tudo está bem se a pessoa a quem nos referimos não ficou doente, não 
precisou tomar medicamentos e nem utilizou os serviços de saúde. Caso contrário, a 
resposta será que não anda bem. 
Vira e mexe, temos definido saúde como oposto de doença, algo que somente 
percebemos quando sentimos a sua ausência. Por definirmos a saúde dessa maneira é que 
esquecemos que ela também significa nossa capacidade de enfrentar os adoecimentos, 
buscar ajuda e entender o que está ocorrendo, como, ainda, os momentos da vida, nos 
quais somos capazes de pensar, sentir e assumir nossos atos e decisões. 
Para a Organização Mundial de Saúde, essa noção traduziria “um estado de 
completo bem estar físico, mental e social”, mas será que esse estado existe mesmo? 
Às vezes, tudo parece tão bem e... de repente, acontece um imprevisto...um 
acidente, por exemplo. Outras vezes, o corpo está bem,mas as preocupações com os 
problemas do dia a dia são tão grandes e se mostram tão complicados que não nos 
sentimos bem. Vem o desânimo, a falta de coragem, a tristeza... outras vezes, ainda, 
estamos nos sentindo tão dispostos e alegres que resolvemos, por um ato solidário, doar 
sangue e, no exame que é feito rotineiramente nesses casos, encontramos um resultado 
que nos revela uma doença de que nem suspeitávamos e temos de passar por mais 
exames, tomar remédio e assumir cuidados. 
Algumas situações nos fazem sentir doentes, algumas vezes, logo identificamos qual 
foi a causa ou percebemos que alguma coisa agrediu nosso corpo. Outras vezes, algo não 
vai bem, mas não nos sentimos doentes, aguardamos que passe, optamos por relaxar e 
pedir licença no trabalho, buscamos conselhos na família. Também existem fatores que 
perturbam nosso estado de saúde sobre os quais não temos consciência e nem podemos 
identificar fatores causais. Quando não percebemos nenhuma alteração na nossa vida, com 
no caso da doação de sangue, ou quando não associamos preocupações com filhos, 
família, casa, comida e trabalho com nossos estados de saúde ou doença, limitamos nossa 
 
1 Texto adaptado do original: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida. Unidade de Aprendizagem: 
análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. 
 
 
 
27 
 
compreensão da saúde à presença ou não dos processos fisiopatológicos. 
Nem sempre é fácil localizar as causas de determinados problemas de saúde. Às 
vezes, são tantas as causas, que fica difícil dizer quem é quem, como no caso da 
desnutrição das crianças que está relacionada a fatores que vão desde a política econômica 
vigente na sociedade, determinando a má distribuição de renda, emprego escola e 
alimentação, até a desorientação da mãe em relação aos cuidados na amamentação e o 
acesso às ações de pediatria e puericultura. 
Essas situações nos fazem pensar que existe uma definição a respeito de saúde e 
de doença dada pelas pessoas, outra que é dada pelos profissionais que atuam nos 
serviços de saúde e outra, ainda, pelo modo como a sociedade identifica os indivíduos que 
são “fortes e saudáveis” e aqueles que, não possuindo tais características, são 
considerados “não saudáveis” ou que vivem em risco de adoecer e morrer de doença, que 
passaram a ter como prioridade a compreensão da dinâmica e das maneiras de se evitar os 
efeitos da presença desse agente. 
Esses conhecimentos e práticas ainda hoje se encontram presentes tanto em 
determinados fatos cotidianos como nas práticas profissionais. Podemos citar a proibição de 
enterrar os mortos em igrejas e a “regra” dos túmulos apresentarem “sete palmos” de 
profundidade, resultados da concepção de que a doença se transmita pelos miasmas que 
fluíam dos cadáveres, devendo esses serem isolados em locais apropriados. 
Outro exemplo clássico do pensamento microbiano encontra-se nos princípios das 
ações preventivas, nas campanhas de prevenção e erradicação de algumas doenças 
infecciosas e nas vacinas. 
Passado o período de euforia em que a doença tinha um agente, um lugar para se 
instalar e medidas para controlar ou evitar seus efeitos e quando as sociedades humanas 
ficaram mais complexas, organizadas em grandes aglomerados como as cidades, em que a 
maioria da população, apesar do conhecimento e da tecnologia desenvolvidos ainda morria 
de doenças infecciosas, o pensamento microbiano e unicausal mostraram-se incapazes de 
responder a tais questões. Surgiram, então, outras teorias que buscavam explicar a situação 
de saúde/doença tendo como referência o modo como a sociedade se organizava e 
estabelecia as condições de vida das pessoas. 
No nosso cotidiano, existem situações em que essas teorias de explicação social do 
processo saúde-doença aplicam-se muito bem. É o caso da desnutrição infantil que 
 
 
28 
 
apresenta muitos fatores envolvidos de algumas doenças que são relacionadas ao trabalho, 
como é o caso dos cavadores de poços que apresentam doenças pulmonares e das 
doenças diarréicas que aparecem nas pessoas que não tem acesso a condições adequadas 
de moradia e ao saneamento básico. 
Nos dias atuais, com o aparecimento dos cânceres, a doença passou a ter outra 
explicação, agora centrada não mais em um agente externo, mas dentro do próprio corpo 
(nas células), sendo as práticas de saúde desenvolvidas com o uso de tecnologias que 
invadem nosso organismo e tentam desfazer ou eliminar esses elementos que crescem e se 
reproduzem de maneira diferente. 
Ultimamente, a ciência e a tecnologia foram mais longe... permitiram “enxergar” 
dentro das células elementos que podem determinar o aparecimento de doenças – os genes 
– que estudados pela genética buscam identificar mensagens incorretas ou defeituosas, que 
são responsáveis pela maior ou menor possibilidade de as pessoas desenvolverem 
determinados tipos de doenças. 
Nas sociedades contemporâneas, são constantemente produzidos e divulgados pela 
mídia e pela indústria da saúde, padrões saudáveis de estética, de modos de viver, que 
acabam dominando até nosso inconsciente, e as pessoas que não se enquadram nesses 
padrões terminam por se sentirem excluídas e fora do contexto. 
É interessante o que acontece com o chamado padrão de beleza. Se você tiver 
oportunidade de observar alguns quadros ou esculturas antigas, que mostram as pessoas 
que viveram nos séculos passados, verá que existe uma grande diferença entre homens e 
mulheres daquele tempo e aqueles que hoje são considerados exemplos de beleza. 
E a predominância desse padrão ideal de saúde e beleza é tão forte que contribui 
para o crescimento de um imenso mercado de produtos que objetivam fazer com que as 
pessoas atinjam esse ideal. Existem revistas, jornais e programas de televisão que dão 
“dicas” para emagrecer, ter um corpo escultural, diminuir rugas e retardar o envelhecimento. 
Existem à venda, vitaminas específicas, cremes, aparelhos para enrijecer os músculos, 
alimentos sintéticos, etc. 
Para as pessoas, a idéia de doença e de saúde encontra-se muito próxima do que 
cada um considera “sentir-se bem”. Isto varia de pessoa para pessoa e depende de cada 
cultura, do meio em que está inserido e do modo como sua relação com o mundo define seu 
modo de viver. É o que chamamos de “andar a vida”. 
 
 
29 
 
Em algumas localidades pobres do país, onde, às vezes, o acesso a água potável é 
um problema, as diarréias infantis são consideradas somente como “desarranjos” e, por sua 
freqüência constante, acabam sendo encaradas como “normais”. Outras vezes, observamos 
que, para os trabalhadores rurais diaristas, dores de cabeça e enxaquecas, por exemplo, 
não são consideradas doenças porquanto não os impedem de exercer o trabalho. 
De certa forma, o que as pessoas consideram como doença ou não, se encontra em 
estreita relação com as estratégias de resolução do problema: a busca de profissionais de 
saúde ou de outros agentes, a utilização de recursos terapêuticos naturais ou a 
automedicação, a espera que o tempo resolva, etc. 
Quando pensamos nas práticas e nas representações que os indivíduos, grupos e 
coletividades apresentam a respeito de saúde e doença percebemos que existe uma 
multiplicidade de justificativas, explicações e discursos que se relacionam com saberes da 
tradição, terapias que não estão vinculadas ao conhecimento científico ocidental e até 
mesmo modelos de tratar como os que acontecem nos terreiros das religiões afro-
brasileiras, nos sistemas de conhecimento indígena e no conhecimento popular. 
Os profissionais de saúde, de maneira geral, desenvolvem suas práticas a partir de 
competências e habilidades adquiridas por meio de um processo de formação que tem por 
base o acúmulo e desenvolvimento de conhecimentos e de tecnologias que, por sua vez, 
são orientados pelos princípios de racionalidade científica que lhes confere estatuto de“verdade”. 
Como o desenvolvimento do conhecimento humano é um processo histórico, 
também em relação à saúde/doença, a teoria e a prática que orientam o saber-fazer dos 
profissionais variam no tempo e no espaço. Na Grécia antiga, a saúde e a doença eram 
consideradas fenômenos naturais na vida de uma pessoa, pertenciam à natureza, tanto 
quanto uma árvore que nasce, cresce, dá frutos e com o tempo envelhece e morre. Não 
havia médicos, enfermeiros, nutricionistas, embora houvesse profissionais que cuidavam da 
estética e do vigor dos atletas. O estudo em saúde dirigia-se aos “ares, águas e lugares”, 
não ao cuidado, que era relegado aos escravos e às mulheres. 
Na Europa do século XVIII, a doença, reconhecida como um estágio diferente da 
saúde ganhou duas importantes concepções que definiram as práticas e os sujeitos dessas 
práticas. 
Em um primeiro momento, a doença era considerada resultado da maneira como se 
 
 
30 
 
constituíam os aglomerados humanos, evidenciada quando do aparecimento de epidemias, 
sendo as ações daí decorrentes, responsabilidade dos governos da época, fazendo com 
que surgissem profissionais e militantes políticos que, na França, por exemplo, diziam que 
as causas das epidemias são sociais, econômicas e físicas e o “remédio recomendado” 
consistia em prosperidade, educação e liberdade, que só poderiam se desenvolver numa 
democracia plena e ilimitada. 
Outras práticas eram desenvolvidas por agentes que atuavam como fiscais e 
guardas com o objetivo de livrar a sociedade das “condições” que colocavam em risco a 
saúde da população, queimando objetos pessoais daqueles que morriam, isolando os que 
apresentavam sinais de doença. 
Num segundo momento, quando da descoberta do microscópio, as doenças 
passaram a ter uma causa visível – o micróbio – orientando o conhecimento e as práticas 
sobre a saúde. 
As cirurgias plásticas e outros produtos que transformam as pessoas em 
consumidores implacáveis dessas mercadorias, na esperança de se aproximarem dos 
“modelos de beleza e saúde” que vemos nos cartazes, no cinema, na televisão e que 
povoam nosso imaginário. 
 
 
Os Determinantes da Saúde 
 
Em razão do que vimos até aqui, poderíamos deduzir que a saúde e a doença dos 
indivíduos e dos coletivos humanos apresentam várias causas e dependem de vários 
elementos que podemos chamar de determinantes de saúde e de doença. 
Existem determinantes do estado de saúde que dizem respeito às condições que as 
coletividades, as cidades, as locorregiões ou o país apresenta, como nível de 
desenvolvimento social e econômico, como infraestrutura, como participação das pessoas 
nas decisões sociopolíticas e como grau de desigualdade de renda, entre outros fatores. 
Por sua vez, esses determinantes contribuem para o aparecimento de condições que 
propiciam a saúde ou a doença. Podemos dizer que as condições de vida e trabalho, assim 
como a convivência com ambientes poluídos, determinam a existência de fatores que 
condicionam o aumento de agentes transmissores de doenças infecciosas e/ou 
transmissíveis e alergias. A falta ou a alimentação inadequada que leva à desnutrição, a 
 
 
31 
 
situação de miséria e exclusão social que pode levar à violência e ao mundo das drogas e 
outros problemas que fazem, às vezes, parecermos demandar um grande hospital para a 
própria sociedade. 
A modificação desses determinantes por meio de intervenções voltadas para a 
melhoria da distribuição da renda e acesso aos benefícios das políticas públicas, como 
disponibilidade de serviços de saúde, escolas e creches, por exemplo, tem efeito positivo 
sobre as condições de vida e saúde das coletividades. 
Um relatório realizado em 1974 pelo Ministério da Saúde do Canadá, conhecido 
como Relatório Lalonde, propunha o conceito de campo da saúde, no qual os determinantes 
do estado de saúde da população estariam em quatro níveis: a biologia humana, o meio 
ambiente, os estilos de vida e a organização da atenção. 
Na primeira Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, realizada 
em 1978, a saúde foi reconhecida como fenômeno de determinação intersetorial e direito de 
todos. Foi acrescida, historicamente, no plano das determinações, sua interface com o 
ambiente, a transformação de relações sociais excludentes e a conciliação entre os 
interesses econômicos e os propósitos sociais de bem estar para todos. Passaram a ser 
destacadas, a solidariedade e a equidade como condições indispensáveis para a saúde e 
para o desenvolvimento. 
No Brasil, a VIII Conferência Nacional de Saúde definiu saúde com direito de todos e 
dever do Estado, cuja responsabilidade é a provisão de um sistema de atenção à saúde 
universal e equânime, tendo como diretrizes a descentralização, a integralidade da atenção 
e a participação e o controle social. 
No nosso país, a lei Orgânica da Saúde (lei 8080), do ano de 1990, definiu no Artigo 
3º que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a 
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a 
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. 
A concepção ampliada de saúde e a compreensão de que ações realizadas por 
outros setores têm efeito sobre a saúde individual e coletiva deram origem a outras 
perspectivas de promoção e cuidado à saúde. Nesse sentido, promover a saúde é atuar 
para mudar positivamente os elementos considerados determinantes da situação de 
saúde/doença. 
A promoção e cuidado à saúde dependem do acesso à informação, de direitos 
 
 
32 
 
sociais, da organização da vida em coletivos e da decisão política de praticar os princípios 
que caracterizam uma sociedade democrática, como a equidade, a solidariedade, o respeito 
aos direitos e a justiça social, definindo ações que objetivem a modificação dos 
determinantes e dos condicionantes da saúde nos ambientes de moradia, vida e trabalho. 
Entretanto, para operar no sentido da integralidade, considerar a saúde das pessoas 
e da população e construir compromissos de gestão, é importante que as propostas 
organizativas, assistenciais e de promoção da saúde se aproximem mais das pessoas, 
respeitando aquilo que elas conhecem e valorizando sua cultura. É muito importante 
considerar a sabedoria popular na construção dos sistemas de informação, no cuidado aos 
problemas e na regulação da qualidade dos serviços. Também é importante o respeito à 
crença das pessoas, não banalizando sua espiritualidade e promovendo a auto-estima e a 
autoconfiança, para que os usuários compareçam, com autonomia, ao encontro com os 
profissionais e sistemas de atenção à saúde e exerçam efetivamente seu direito de controle 
social. 
 
 
33 
 
TEXTO N.º 2 - A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚD E (SUS)2 
 
 
Catharina Leite Matos 
 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988. O 
documento afirma nos seus artigos 196 e 198 respectivamente que: 
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 
“O Sistema Único de Saúde constitui-se de ações e serviços públicos de saúde que 
integram uma rede regionalizada e hierarquizada. Tem como diretrizes a descentralização 
da gestão, o atendimento integral à saúde e a participação da comunidade”. 
Para entender a criação do (SUS) é preciso visitar um pouco da história e conhecer o 
contexto em que essa discussão se desenvolveu. 
 
 
Você sabe como era prestada a assistência à saúde d a população antes do SUS? 
 
Inicialmente, devemos ter a clareza de que o acesso aos serviços de saúde não era 
universal; somente os trabalhadores com carteira assinada tinham direito a estes serviços. 
Esse direito foi conquistado pelos trabalhadores das estradas deferro (ferroviários), que 
desde a década de 20, tiveram seus benefícios criados pela Lei Eloy Chaves que instituiu 
as caixas de aposentadorias e pensões (CAP‘s ). 
Esse benefício foi se ampliando às diversas categorias profissionais organizando os 
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP´s). Assim foram criados IAP dos comerciários, 
dos bancários, dos servidores estaduais, marítimos e outros. Essas pessoas, contribuintes 
do Sistema Previdenciário, recebiam assistência médica. Paralelo a isso, a Saúde Pública 
organizava-se para tratar das questões coletivas, a exemplo do combate às “pestes” no 
início do século XX, da vacinação obrigatória instituída também nesse período, das ações 
para educação sanitária e campanhas de controle de doenças, entre outras ações. Observe 
que a assistência e a saúde pública caminharam separadas ao longo do século XX; de um 
lado a previdência organizava-se para prestar assistência aos seus beneficiários e do outro 
 
2 Texto retirado na integra do Caderno de Textos do Curso de Formação Inicial de Agentes 
Comunitários de Saúde, 2007. 
 
 
34 
 
a saúde pública inaugurava o “Sanitarismo Campanhista”. 
Ao chegar o período de ditadura, caracterizado pelo golpe militar, houve muitos fatos 
importantes destacando-se a intensa repressão aos opositores do regime (intelectuais, 
estudantes etc.), investimento prioritário na área econômica que tinha no “milagre 
econômico” a salvação para o país e como conseqüência a saúde foi deixada cada vez mais 
de lado havendo assim, muitas mortes evitáveis a exemplo das mortes em crianças 
menores de 1 ano de idade (mortalidade infantil); aumento da concentração de renda, 
provocando desigualdade social; altos níveis de desnutrição; expansão de endemias como 
meningite; aumento de doenças imunopreviníveis como a poliomielite; entre outras 
conseqüências. 
Além disso, os diversos IAP´s foram fundidos no INPS- Instituto Nacional de 
Previdência Social (1966) e anos depois no INAMPS – Instituto Nacional de Assistência 
Médica e Previdência Social , representando altíssima concentração de renda. Esses 
recursos foram utilizados para outros fins que não a saúde e no caso da saúde optou-se 
pela compra de serviços médicos em detrimento da construção de uma rede própria. Desta 
forma, a saúde pública e assistência médico - hospitalar desenvolveram suas ações de 
forma desarticulada e independentes. 
A insatisfação da população com o regime militar deu espaço, na área da saúde, 
para o desenvolvimento de um movimento, em busca da democratização do país e luta por 
melhores condições de vida e saúde, que foi denominado de Movimento de Reforma 
Sanitária Brasileira (MRSB). 
O Movimento de Reforma Sanitária Brasileira foi um movimento crítico e 
democrático da saúde. Originou-se nas universidades e contou com o apoio de vários atores 
como: médicos, enfermeiros, odontólogos, sociedade civil organizada, entre outros. 
O movimento sanitário propunha um sistema de saúde pública, descentralizado, com 
direito universal à saúde, integrando ações preventivas e curativas e com democrática 
participação da população. É importante compreender que antes do SUS, o sistema de 
saúde era excludente, pois beneficiava o grupo dos contribuintes da previdência, desigual e 
com poucos recursos. 
Com a divulgação de novas ideias e a necessidade de se resgatar a dívida social 
contraída no período da ditadura, diversas experiências foram sendo desenvolvidas, entre 
as quais podemos destacar o programa de Interiorização das Ações de Saúde e 
 
 
35 
 
Saneamento – PIASS e as Ações Integradas de Saúde - AIS. 
Com o fim do regime militar e a implantação da “Nova República”, desenvolveu-se a 
perspectiva de reforma na Constituição. Para responder à discussão na Assembléia 
Constituinte, realizou-se a 8.ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), que ocorreu em 1986 
e ficou conhecida como o marco da Reforma Sanitária Brasileira. 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde contou com a participação de mais de 5.000 
pessoas entre dirigentes institucionais, técnicos, estudiosos, políticos, lideranças sindicais e 
representantes da sociedade civil. Essas pessoas discutiram a situação de saúde do país e 
aprovaram um relatório final cujas recomendações passaram a se constituir no projeto da 
Reforma Sanitária Brasileira. O Projeto de Reforma Sanitária Brasileira foi levado à 
Assembléia Constituinte para disputar, com outras propostas, o que seria inscrito na 
Constituição sobre a saúde. A nova Constituição aprovou os mais importantes princípios da 
Reforma Sanitária Brasileira como o conceito ampliado de saúde, no reconhecimento da 
saúde como direito de todos e dever do Estado, a promoção da justiça social e a criação do 
Sistema Único de Saúde. 
 
 
Características do Sistema Único de Saúde 
 
• Atender a todos, contribuintes ou não da previdência social, sem cobrar pelo 
atendimento. 
• Atuar de maneira integral, isto é não ver a pessoa como um amontoado de partes, 
mas como um todo, que faz parte de uma sociedade. As ações de saúde devem 
estar voltadas, ao mesmo tempo, para prevenção e tratamento e respeitar a 
dignidade humana. 
• Ser descentralizado, ou seja, o poder de decisão deve ser daqueles que são 
responsáveis pela execução das ações. Isto significa que as ações e serviços que 
atendam à população de um município devem ser municipais; as que alcançam 
vários municípios devem ser estaduais e aquelas que são dirigidas a todo território 
nacional devem ser federais. 
• Ser racional, ou seja, o SUS deve se organizar de maneira que sejam oferecidas 
ações e serviços de acordo com as necessidades da população. 
• Ser eficiente e eficaz, isto é, deve produzir resultados positivos quando as pessoas 
 
 
36 
 
o procuram ou quando um problema se apresenta na comunidade; para tanto 
precisa ter qualidade. 
• Ser democrático, ou seja, deve assegurar o direito de participação de todos os 
segmentos envolvidos com o sistema; dirigentes institucionais, prestadores de 
serviço, trabalhadores da saúde e, principalmente, a comunidade, a população, os 
usuários dos serviços de saúde. 
• Ser equânime, isto é, deve promover justiça social, atento para as desigualdades 
existentes, com o objetivo de ajustar suas ações às necessidades de cada parcela 
da população. 
 
 
A Lesgislação do SUS 
 
A Lei Orgânica da Saúde (LOS ) é o conjunto de duas leis editadas a saber: Lei n.º 
8080/90 e Lei n.º 8142/90. Essas leis esclarecem o papel das três esferas de governo 
(Federal, Estadual e Municipal) na proteção e defesa da saúde. São leis Nacionais que 
contêm as diretrizes e os limites que devem ser respeitados pela União, pelos Estados e 
pelos Municípios ao elaborarem suas próprias normas para garantirem em seus respectivos 
territórios o direito à saúde para seus povos. 
A Lei n.º 8080/90 - Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e 
recuperação da saúde; a organização e direção da gestão e o funcionamento dos serviços 
de saúde. Enfatiza a descentralização político-administrativa caracterizada pela 
municipalização dos serviços e ações de saúde que significa redistribuir o poder, 
competências e recursos em direção ao município. 
A Lei n.º 8142/90 – Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, 
para isso estabeleceu as Conferências e os Conselhos de saúde. Ambos são paritários, 
metade da representação é de usuários. 
As Conferências têm caráter consultivo e servem para avaliar a situação de saúde e 
propor as diretrizes da prática de saúde em cada nível de governo. Assim, temos 
Conferências Nacionais, Estaduais e Municipais. 
Os Conselhos de Saúde têm caráter permanente e deliberativo; órgão colegiado 
composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e 
usuários, atua na formulação de estratégias e no controle de execução da política de saúde, 
 
 
37na instância correspondente (União, Estados, Municípios) inclusive nos aspectos 
econômicos e financeiros. 
A Lei n.º 8142/90 criou também o fundo de saúde que é colocado como requisito 
para o recebimento de recursos financeiros (Fundo Municipal de Saúde e Fundo Estadual 
de Saúde). 
A Lei n.º 8080/90 e n.º 8142/90 regulamentam o SUS; porém o seu processo de 
implantação necessitou de outros instrumentos legais. Esses instrumentos foram Normas 
Operacionais Básicas (NOB/SUS), que tratam de reorientar e reorganizar o processo de 
gestão do sistema e gerenciamento dos recursos financeiros no âmbito Estadual e 
Municipal. 
NOB/SUS 01/91 - pode-se afirmar que o principal avanço dessa NOB 01/91 foi a 
ampliação do envolvimento dos municípios alcançada pelo processo de descentralização 
que utiliza a municipalização como estratégia para isso. Essa NOB apresentou muitos 
pontos negativos, por exemplo: os Estados e Municípios foram transformados em entidades 
produtoras de procedimentos igualmente as empresas privadas contratadas e conveniadas, 
estimulavam o aumento de produtividade e as fraudes sem preocupação com a qualidade 
do serviço. 
NOB/SUS 01/93 - estabelece diferentes condições de gestão: Incipiente, Parcial e 
Semiplena para os municípios. 
A NOB 01/91 e a 01/93 baseiam-se no pagamento segundo a lógica da produtividade 
o que favoreceu a concentração de recursos nos municípios com maior capacidade 
instalada, pois quem tinha condição de produzir mais, recebia mais recursos. No entanto, 
essa NOB já introduz o sistema de repasse de recursos fundo a fundo, apenas para os 
municípios habilitados em gestão Semiplena. 
NOB 01/96 - essa NOB introduz alguns avanços, pois, reorganiza o modelo 
assistencial estabelecendo incentivos para a implantação do Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF); estabelece novas 
condições de habilitação da gestão para os Municípios: Gestão plena da atenção Básica e 
Gestão Plena do Sistema Municipal e para os Estados Gestão Avançada do Sistema 
Estadual e Gestão Plena do Sistema Estadual. 
Destaca-se também o processo de transferência e gerenciamento dos recursos 
financeiros como: repasse de recurso fundo a fundo, adoção do critério populacional por 
 
 
38 
 
meio do Piso Assistencial Básico (PAB). 
Mais recentemente o governo federal editou as normas operacionais de assistência à 
saúde (NOAS) tentando compatibilizar os três princípios organizativos do SUS: 
descentralização, regionalização e hierarquização da assistência à saúde além de ampliar 
as ações de atenção básica. 
A NOAS 2001, revisada e reeditada em 2002, institui o plano diretor da 
regionalização (PDR) como ordenador do processo em cada Estado. 
Na Bahia, o PDR do ponto de vista geográfico, ou seja, do espaço físico, delimitação 
territorial tomou como referência as características demográficas e sócio-econômicas. 
Sendo assim, dividiu-se o Estado em 8 macro regiões. 
As Macrorregiões são compostas por um conjunto de municípios que se localizam no 
raio de influência de uma ou mais cidades centro (s) polarizador (es) de serviços de saúde 
de alta complexidade, Unidade de Terapia Intensiva – UTI, projetos de reorganização da 
atenção de urgência/emergência e atendimento a gestante de alto risco. 
Cada macrorregião é composta por um conjunto de municípios que sejam centros 
polarizadores das atividades sócio-econômicas da macrorregião, sendo consideradas como 
“ponto de partida” para delimitar a macrorregião. Em geral, esses municípios dispõem de 
serviços de saúde de alta complexidade. 
Do ponto de vista da organização da assistência à saúde, a referência consiste no 
grau de complexidade. Considerando a busca da integralidade, do cuidado à saúde da 
população, a delimitação territorial corresponde ao estabelecimento dos espaços onde se 
deve dar a organização de dois níveis de atenção: a atenção básica ampliada organizada no 
espaço de cada município com retaguarda de um módulo assistencial, e a atenção integral à 
saúde que constitui o conjunto de módulos assistenciais integrados em uma microrregião de 
saúde; contando além da Atenção Básica Ampliada com a atenção de média complexidade. 
Desta forma, um módulo assistencial constitui o primeiro nível de referência, 
contendo a atenção básica e o mínimo de média complexidade, no município ou no conjunto 
de municípios que o compõem, neste caso, determina-se o município “sede” do módulo. 
Uma microrregião da saúde é constituída por um conjunto de módulos assistenciais, 
sendo responsável em seu conjunto pela atenção integral à saúde. 
Do ponto de vista político-gerencial, a NOAS segue a Constituição Federal de 1988, 
 
 
39 
 
considerando também os espaços de negociação respeitados pela Comissão Intergestora 
Bipartite (CIB) sendo este um espaço de decisão conjunta acima do processo de 
descentralização e reorganização dos serviços. 
 
 
O Financiamento da Saúde 
 
Como vimos, durante quase todo o século XX, a saúde foi financiada com os 
recursos da previdência social, arrecadados dos trabalhadores que tinham carteira 
assinada, sendo privilégio desse grupo o benefício da assistência médica. Aos demais 
grupos da população restariam as caridades das santas Casas de Misericórdia e o 
pagamento pelos serviços particulares. 
Após a Constituição de 1988, a saúde foi incorporada no capítulo referente à saúde e 
seguridade social, cujo financiamento caberia a toda a sociedade com contribuições dos 
empregadores e trabalhadores. Estabelece também que a saúde será financiada com os 
recursos do orçamento da seguridade social da União, dos Estados, Distrito Federal e dos 
Municípios, além de outras fontes. Além disso, o documento cita: 
“Até que sejam aprovadas as Leis das Diretrizes Orçamentárias (LDO), trinta por 
cento no mínimo da seguridade social, excluído o seguro desemprego serão destinados ao 
setor saúde”. 
Observe que a Constituição Federal garante recursos para financiar as ações de 
saúde, no entanto a demora da aprovação das Leis das Diretrizes Orçamentárias, e o 
seqüestro dos recursos destinados à saúde por outros setores que não o setor saúde, levou 
a busca de fontes estáveis para desenvolvimento dessas ações. Assim institui-se a 
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e, posteriormente, a 
Emenda Constitucional n.º 29 (EC n.º 29) que garante percentuais da União, dos Estados e 
Municípios de investimento para ações de saúde. 
 
 
Considerações Finais 
 
As modificações que ocorreram no País ao longo do século XX foram fruto das 
diversas mudanças que sofreu a sociedade brasileira. Essas mudanças foram necessárias 
para o desenvolvimento do sistema de saúde que hoje encontramos. Desta forma, é 
importante entender que o SUS é um Sistema que se encontra em construção decorrente do 
 
 
40 
 
processo de democratização brasileira com a participação da sociedade e dos diversos 
atores sociais. 
 
 
 
41 
 
TEXTO N.º 3 - MUNICÍPIO SAUDÁVEL – UMA ESTRATÉGIA D E PROMOÇÃO DA 
SAÚDE3 
 
 
Lucimar Ladeia Colen 
 
 
O conceito de promoção está diretamente relacionado com a visão da qualidade de 
vida. “A qualidade de vida de uma população depende de suas condições de existência, do 
seu acesso a certos bens e serviços econômicos e sociais: emprego e renda, educação 
básica, alimentação adequada, acesso a bons serviços de saúde, saneamento básico, 
habitação, transporte de boa qualidade, etc.” 
Pode-se compreender a promoção da saúde como um conjunto de práticas e ações 
orientadas para a melhoria das condições de vida dos habitantes das cidades. Estas ações 
podem ocorrer dentro do próprio setor saúde, como podem envolver ações integradas entre 
vários setores técnicos do governo – educação, saúde, meio ambiente, desenvolvimento 
econômico, entre outros, e organizações da sociedade – organizações comunitárias, 
associaçõesfilantrópicas e empresariais, entre outras. 
A promoção supõe a co-responsabilidade dos governantes e dos vários grupos da 
sociedade com a melhoria da qualidade da vida e da saúde. 
A proposta de construção de cidades/municípios saudáveis é considerada como uma 
das estratégias de promoção da saúde. Ela surgiu em Toronto, Canadá, em 1978, quando 
um comitê de planejamento público publicou o Informe “A Saúde Pública nos anos 80”, onde 
foram estabelecidas linhas de ação política, social e de desenvolvimento comunitário no 
nível local, como resposta aos problemas mais prevalentes de saúde pública naquele 
momento. Este informe propunha um novo enfoque para a saúde pública: a saúde estaria 
constituída por quatro elementos principais: a biologia humana, o meio ambiente, os hábitos 
ou estilo de vida e a organização dos serviços de saúde. A partir desta perspectiva era 
possível uma visão mais integral da saúde da população. 
Desde a década de 70, esta proposta vem sendo apoiada por vários países da 
América do Norte, Europa e América Latina. 
O reconhecimento da importância dos determinantes mais gerais da saúde foi uma 
base fundamental para a organização da I Conferência Internacional pela Promoção da 
 
3 Texto retirado na integra do Guia Curricular do Curso de Técnico em Vigilância Sanitária e Saúde 
Ambiental. 
 
 
42 
 
Saúde, em 1986, por meio da iniciativa da Organização Mundial da Saúde, do governo 
canadense de Saúde Pública. Essa conferência teve como produto a Carta de Ottawa, 
assumida por 38 países. A carta aponta a seguinte definição de promoção da saúde: “A 
promoção da saúde é um processo, através do qual a população se capacita e busca os 
meios para conseguir controlar os fatores que favorecem seu bem estar e o da comunidade 
que a podem estar pondo em risco, tornando-a vulnerável ao adoecimento e prejudicando a 
sua qualidade de vida”. 
Assim, a promoção da saúde passou a ser considerada nas políticas de saúde de 
inúmeros países, inclusive na América Latina, com a cooperação técnica da Organização 
Mundial de Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde – OMS/OPAS, na década de 
1990. 
De acordo com a OPAS, um município saudável é aquele em que as autoridades 
políticas e civis, as instituições públicas e privadas, os proprietários, os empresários, 
trabalhadores e a sociedade dedicam constantes esforços para melhorar as condições de 
vida, trabalho e cultura da população: estabelecem uma relação harmoniosa com o meio 
ambiente físico e natural e expandem os recursos comunitários para melhorar a convivência, 
desenvolver a solidariedade, a co-gestão e a democracia. 
Segundo a OMS, para que uma cidade se torne saudável, ela deve esforçar-se para 
proporcionar: 
• um ambiente físico e seguro; 
• um ecossistema estável e sustentável; 
• alto suporte social, sem exploração; 
• alto grau de participação social; 
• necessidades básicas satisfeitas; 
• acesso a experiências, recursos, contatos, interações e comunicações; 
• economia local diversificada e inovativa; 
• orgulho e respeito pela herança biológica e cultural; 
• serviços de saúde acessíveis a todos; e 
• alto nível de saúde. 
 
De modo geral, o desenvolvimento da proposta de cidades/municípios saudáveis 
pressupõe: 
• O compromisso das autoridades locais – prefeito e secretários municipais – 
 
 
43 
 
com a qualidade de vida. 
• A participação ativa com envolvimento e co-responsabilidade dos vários 
segmentos sociais na discussão dos problemas da cidade, na tomada de 
decisão e busca de soluções. 
• A Intersetorialidade, com a integração das várias políticas públicas, 
buscando-se o planejamento articulado das ações e serviços no 
enfrentamento dos problemas da cidade. 
• A disposição de desenvolver processos ativos de comunicação. Informação e 
educação, estimulando a capacitação e fortalecimento da população para 
atuar na melhoria da qualidade de vida. 
A cidade é considerada como contexto mais apropriado para o desenvolvimento de 
iniciativas saudáveis por apresentar uma série de aspectos facilitadores: contexto propício 
para estimular a participação social e integração de setores governamentais e os demais; é 
um local em que o impacto das ações técnicas e governamentais pode ser mais perceptível 
nas condições de vida da população, enquanto espaço de vivência – moradia, trabalho, etc. 
Portanto, na cidade pode-se criar oportunidade de envolvimento da população na discussão 
das questões da cidade e nos processos de decisão. 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
TEXTO N.º 4 – CASO D. FILOMENA - PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO 
DE DOENÇAS 
 
 
Cena 1 – Filomena Busca Atendimento da Unidade de S aúde4 
 
Filomena é dona de casa, tem 45 anos, mãe de dois filhos (18 e 15 anos), e esposa 
de um operário metalúrgico desempregado. Mora na periferia da cidade e sofre de 
freqüentes dores de cabeça. Amiúde, vai ao centro de saúde consultar o médico. Naquele 
domingo, a dor repete-se e Filomena resolve que no dia seguinte vai retornar à Unidade de 
Saúde mais uma vez como tem feito, periodicamente, nos últimos anos. Na segunda-feira, 
pontualmente às 4h30 da manhã, sob uma brisa fresca do mês de maio, sai de casa para a 
Unidade de Saúde, aonde chega às 4h50 para obter uma senha, o passaporte para a 
desejada consulta médica. 
Às 7h, Sr. Valdeci, porteiro da Unidade de Saúde, abre a porta, coloca ordem na fila 
e distribuem 12 senhas, correspondentes à maior parte das 16 consultas ofertadas pelo 
médico clínico naquele dia. Filomena é a 11.a. Dirige-se com calma à recepção e, portando 
seu precioso “salvo conduto”, cumprimenta as recepcionistas, as quais conhece há 8 anos 
desde a fundação da Unidade de Saúde. 
 ___ Pode sentar e esperar o médico, Filomena. Ele só chega às 8h30. 
Filomena sabe que vai ser a manhã inteira ali. Enquanto a recepcionista revira o 
arquivo em busca do seu prontuário, dirige-se até o banco no fundo da sala e encosta por 
ali, esperando um alívio para as dores de cabeça. Já não sabe quantas vezes veio à 
Unidade e o mesmo problema. A dor vai e volta. A Unidade cheia, criança chorando, muita 
fala que bate como um zumbido na sua cabeça. O som das vozes parece oco, confuso e a 
dor ali, insistente. 
Já veio muitas vezes ao médico para resolver o problema da dor de cabeça, mas nunca 
houve uma resposta satisfatória no sentido de dar um jeito definitivo ao seu problema. Nos 
últimos anos, passou por muitos deles. Tem o Dr. Marcus, que foi o primeiro da Unidade. 
Chegava cedo, mas era muito apressado e às 8h30, mais ou menos, já tinha atendido todo 
mundo. Mandou fazer uns exames. Filomena fez Raio X, tirou sangue, voltou ao médico que 
receitou uns remédios. Caros. Ela comprou depois de algum tempo e tomou todos eles. A 
dor foi embora, mas depois voltou. Depois do Dr. Marcus veio o Dr. Virgílio. Não chegava 
 
4 Texto adaptado do original: unidade de aprendizagem: Trabalho e relações na produção do cuidado. 
Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: 
 
 
 
45 
 
cedo, porque tinha de passar no hospital antes de vir pra Unidade. Mas nunca faltava. 
Consultou Filomena muitas vezes. Cada vez pedia um tanto de exames e, depois de 
prontos, receitava novos medicamentos. Mas nunca tinha tempo pra conversar direito. As 
consultas eram rápidas e silenciosas. Falar, só o necessário, respondendo às perguntas que 
o médico fazia e só. Agora é o Dr. Gustavo. Médico novo e já sem tempo pra conversar. 
Quer ver o problema da cabeça, pesquisa tudo pelos exames e receita muitos remédios. 
E assim vai passando a vida de Filomena. Queixa-se das dores aos médicos, ao 
marido, aos filhos, às vizinhas, à diretora da escola e até o padre já ouviu. Às 8h30 chega o 
médico e as pessoas agitam-se para a consulta que está preste a ocorrer. Filomena havia 
esperado boa parte da manhã, tendo de ouvir as piadinhas

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