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Estatuto da Criança e do Adolescente Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Crimes e Infrações Administrativas • Infrações Penais Previstas no ECA; • Infrações Administrativas Previstas no ECA; • Disposições Finais e Transitórias. · Conhecer as disposições finais do Estatuto da Criança e do Adoles- cente, em especial, as infrações penais e as administrativas criadas por essa norma. Essas infrações foram criadas para dar maior efetividade aos direitos das crianças e dos adolescentes, estabelecendo sanções para uma série de condutas ilegais e que não se compatibilizam com os preceitos dessa norma. Tudo isso faz com que o Estatuto se firme como uma norma de grande importância dentro do cenário social de nosso país, pois apresenta farta regulação sobre as relações entre a família, a sociedade e o Estado, sempre com o objetivo de buscar dar maior proteção a uma parcela tão importante de nossa população. OBJETIVO DE APRENDIZADO Crimes e Infrações Administrativas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas Infrações Penais Previstas no ECA Considerações Iniciais Além de criar uma série de normas protetivas no texto do ECA, também foram construídos alguns tipos penais especificamente voltados para tipificar condutas praticadas contra crianças e adolescentes: ECA Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal. É certo que há infrações penais que somente estão previstas no Estatuto, contudo, elas não afastam a incidência de outras normas penais, nas quais crianças e adolescentes possam ser sujeitos passivos, bem como circunstâncias em que essa situação especial acaba por gerar agravantes ou causas de aumento, tal como ocorre, por exemplo, nas seguintes situações: • O crime de homicídio (Artigo 121 do Código Penal) pode ter como sujeito passivo qualquer pessoa, sendo que, em alguns casos, essa conduta pode vitimar crianças e adolescentes; • Nesse mesmo crime, se o ofendido é menor de 14 anos, haverá a incidência de uma causa de aumento de pena em um terço – Artigo 121, §4º, do Código Penal; • Em qualquer caso, o crime praticado contra criança tem uma agravação genérica prevista na alínea “h” do Inciso II do Artigo 61 do Código Penal: Código Penal Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (...) II - ter o agente cometido o crime: (...) h) contra criança, [...] Dessa forma, podemos afirmar que o ECA aumentou, sob o enfoque penal, a pro- teção às crianças e aos adolescentes, sem excluir a aplicação de outras normas penais. Apuração O ECA não criou qualquer procedimento de apuração próprio para essas infra- ções penais, razão pela qual devem ser utilizados aqueles previstos na Legislação Processual Penal: 8 9 • Termo Circunstanciado: se o crime puder ser enquadrado na categoria de Infração Penal de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles cuja pena máxima é de até dois anos; • Inquérito Policial: para os demais crimes. O Estatuto autoriza que o Poder Público crie Delegacias de Polícia especializadas no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, contudo, essa criação não é obrigatória. Há, contudo, duas importantes particularidades criadas pela Lei n.º 13.431/17, ou seja, a escuta especializada e o depoimento especial. Escuta especializada A escuta especializada é um procedimento de entrevista da criança ou ado- lescente sobre situações de violência que tenha presenciado ou tenha sido vítima, sendo realizada perante órgão da rede de proteção. Tanto a escuta especializada como o depoimento especial devem ser realiza- dos em local apropriado e ambiente acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente. Nesses procedimentos, não será permitido qualquer tipo de contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou, ainda, com qualquer pessoa que repre- sente ameaça, coação ou constrangimento. Depoimento especial Já o depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária. Esse depoimento deve ser regido por protocolos que busquem resguardar os direitos da criança ou do adolescente e, sempre que possível, deve ser feito em uma única vez, sem prejuízo de se garantir ao acusado ou ao investigado o respeito a seus direitos. Somente pode ser realizado novo depoimento especial se ficar demonstrada a sua imprescindibilidade e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. O depoimento especial seguirá o Rito Cautelar de antecipação de prova: • Quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; • Em caso de violência sexual. Na realização do depoimento especial, deve ser adotado o seguinte procedimento: • Profissionais especializados devem esclarecer a criança ou o adolescente sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais; 9 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas • É assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos; • No curso do Processo Judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de audiência, preservado o sigilo; • Após a narrativa, o juiz, depois de consultar o Ministério Público, o Defensor e os Assistentes Técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, as quais serão organizadas em bloco; • O profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da criança ou do adolescente; • O depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. Pode, contudo, a vítima ou testemunha de violência prestar depoimento direta- mente ao juiz,se assim este o entender. Durante a realização do depoimento, o profissional especializado deve comunicar ao juiz o fundado receio, se for o caso, de que a presença, na sala de audiência, do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco, situação em que poderá o magistrado determinar o afastamento do acusado desse ato processual. Competência para julgamento Os crimes praticados contra as crianças e adolescentes não são julgados pelas Varas da Infância e da Juventude, mas por Varas Criminais Comuns. Contudo, podem ser criados órgãos judiciais especializados em crimes contra crianças e adolescentes: Lei n.º 13.431/17 Art. 23. Os órgãos responsáveis pela organização judiciária poderão criar juizados ou varas especializadas em crimes contra a criança e o adolescente. Parágrafo único. Até a implementação do disposto no caput deste Artigo, o julgamento e a execução das causas decorrentes das práticas de violência ficarão, preferencialmente, a cargo dos juizados ou varas especializadas em violência doméstica e temas afins. Mudanças no Código Penal provocadas pelo ECA Quando o Estatuto entrou em vigor, ocorreram algumas mudanças no Código Penal, sendo elas estabelecidas no Artigo 263 do ECA, que buscou trazer maior harmonização dessas normas, bem como ressaltar a importância da proteção penal dos direitos das crianças e dos adolescentes. 10 11 Aplicação do Código Penal e do Código de Processo Penal Nos crimes previstos no ECA, deve ser aplicada a Parte Geral do Código Penal e as normas do Código de Processo Penal: ECA Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Ação penal Todas as infrações penais previstas no ECA são de Ação Penal Pública Incondicionada: ECA Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada Isso faz com que o início da apuração dos crimes se faça sem que haja a vontade de quem quer que seja. Assim, havendo a notícia de que essas condutas ilícitas ocorreram, o Poder Público deve apurá-las, mesmo que não haja a concordância dos pais, responsáveis ou qualquer outra pessoa. Dos crimes em espécie Para facilitar a nossa análise, vamos agrupar as infrações previstas no Estatuto levando em considerações alguns elementos comuns. Crimes ligados aos cuidados com o neonato Nos crimes contra neonatos, o que se observa, em especial, é que o Legislador teve destacada preocupação com a falta de adequado registro sobre ele e sua mãe nos estabelecimentos de saúde, bem como com a entrega dos documentos necessários para o Registro Civil da criança: ECA Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 11 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas Também é considerada infração penal a conduta de não identificar corretamente o neonato (para evitar a sua troca), bem como, a falta de realização dos exames obrigatórios – tais como o conhecido “exame do pezinho” (Inciso III do Artigo 10): ECA Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Crimes ligados à liberdade de ir e vir de crianças e adolescentes Nos Artigos 230, 231, 234 e 235 do Estatuto, vamos encontrar infrações penais voltadas à proteção da liberdade de ir e vir de crianças e adolescentes, sendo que, nesse particular, há preocupações de duas ordens: • Realização de apreensões sem que haja flagrante ou ordem judicial; • Falta de obediência às formalidades para que as apreensões ocorram, bem como o pleno respeito aos direitos das crianças e adolescentes privados da liberdade de ir e vir: ECA Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais. ECA Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judici- ária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos. ECA Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena - detenção de seis meses a dois anos. 12 13 ECA Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Crime ligado ao respeito moral de crianças e adolescentes No Artigo 232, vamos encontrar uma infração penal criada para punir condutas que acarretem desrespeito moral à criança ou adolescente. O que se veda é a submissão deles a vexames e constrangimentos: ECA Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Crime ligado à atuação dos órgãos protetivos No Artigo 236, vamos encontrar uma infração penal que se refere à conduta de quem impede ou embaraça a atuação dos órgãos protetivos, ou seja, da autoridade judiciária, dos membros de Conselho Tutelar ou do Representante do Ministério Público, quando eles estejam exercendo as competências definidas no ECA: ECA Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Crimes ligados ao exercício do poder familiar Nos Artigos 237, 238 e 239, encontramos a descrição de graves condutas que afrontam os deveres inerentes ao exercício da guarda, tutela ou poder familiar sendo que, dentre outras formas, essas infrações penais buscam reprimir a ação daqueles que: • “Vendem” ou “prometem vender” filho ou pupilo; • Subtraem criança ou adolescente para colocá-los em lar substituto; • Enviam criança ou adolescente ao exterior sem o pleno respeito às prescrições do ECA: ECA Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. 13 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas ECA Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa. ECA Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. Crimes com conteúdo sexual e relativos à pedofilia No Estatuto, foram criados diversos crimes que buscam reprimircondutas voltadas para a exploração sexual de crianças e adolescentes, sendo que podemos destacar as seguintes: • A posse de fotografias (e imagens em geral – ainda que na forma de arquivos magnéticos ou eletrônicos) de cenas de sexo envolvendo crianças e adolescentes; • Uma série de condutas paralelas à anterior, tais como a venda, a exposição dessas imagens etc.; • A realização de cenas ou simulações de conteúdo sexual envolvendo crianças e adolescentes – mesmo sob a forma de montagens; • Aliciamento com o fim de praticar atos libidinosos; • Submeter crianças ou adolescente à prostituição ou qualquer outra forma de exploração sexual: ECA Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo crian- ça ou adolescente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste Artigo, ou ainda quem com esses contracena. § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: 14 15 I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. ECA Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. ECA Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste Artigo; II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste Artigo. § 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste Artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste Artigo. ECA Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste Artigo. [...] 15 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas O Artigo 241-B tipifica a conduta daquele que possui fotografias, vídeos ou qualquer outra forma de registro (tais como arquivos de vídeos ou fotos digitais) de cenas de sexo explícito ou pornográfica que envolvam crianças ou adolescentes. Ocorre, contudo, que há organizações (públicas e privadas) criadas com o específico objetivo de reprimir essas práticas, sobretudo na Internet e nas Redes Sociais, sendo que a conduta dos integrantes delas (ou qualquer outra pessoa) de gravar esse tipo de material para entregá-los à autoridade competente poderia gerar a discussão de que eles também estariam praticando essas infrações penais. Para afastar essa discussão, o §2º do Artigo 241-B deixa claro que esse tipo de proceder não caracteriza a prática dessa infração penal: Art. 241 B (...) § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: I – agente público no exercício de suas funções; II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. § 3º As pessoas referidas no § 2o deste Artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. Reforçando o combate a esses crimes, a Lei nº 13.441/17, criou a possibilidade da infiltração de agentes de polícia na Internet com o fim de investigá-los. Nessas situações, esses agentes, igualmente, não estarão praticando crimes: ECA Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste Artigo. 16 17 ECA Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; II – pratica as condutas descritas no caput deste Artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. O Artigo 241-E é o que se chama de norma penal explicativa, pois busca esclarecer, para aplicação da Lei Penal, o conteúdo de determinada expressão, no caso “cena de sexo explícito ou pornográfica”. ECA Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. ECA Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste Artigo. § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. A questão da prostituição de crianças e adolescentes também é objeto de outra norma penal específica, nesse caso o Artigo 218-B do Código Penal, cuja redação é a seguinte: Código Penal Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. 17 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento paraa prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2º Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste Artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste Artigo. § 3º Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. É importante destacar que essa norma prevista no Código Penal é considerada um crime hediondo: Lei dos Crimes Hediondos – Lei n.º 8.072/90 Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (...) VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Crimes ligados às normas de prevenção O Título III do ECA estabelece diversas formas de prevenção especial para que sejam evitadas condutas que possam causar lesão ou ameaça de lesão aos direitos de crianças e adolescentes. Nos Artigos 242 a 244, encontramos a caracterização de crimes ligados ao desrespeito dessas normas de prevenção em casos mais graves, tais como a venda de armas, munições e explosivos, bem como qualquer forma de fornecimento de substâncias que possam causar dependência em crianças e adolescentes: ECA Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 18 19 ECA Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratui- tamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. ECA Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Crime de corrupção de crianças e adolescentes No Artigo 244-B, encontramos a descrição do crime daquele que corrompe ou facilita a corrupção de criança ou do adolescente, sendo que essa conduta se caracteriza: • Quando o adulto pratica crime junto com a criança e o adolescente. • Quando o adulto induz criança ou adolescente para a prática de crimes: ECA Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste Artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. § 2º As penas previstas no caput deste Artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. Infrações Administrativas Previstas no ECA Considerações iniciais Outra forma específica de repressão a condutas graves que ameaçam ou causam efetivo prejuízo para os direitos das crianças e dos adolescentes foi criada pelo ECA ao estabelecer diversas infrações administrativas. 19 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas O Estatuto prevê algumas formas de sanção, sendo a mais comum a de multa. Apuração A apuração dessas condutas se dá, em especial, pelo Ministério Público (Artigo 201, incisos VI e VII), sendo que, muitas vezes, o início da apuração ocorre em razão da atuação dos Conselhos Tutelares (Art. 136, IV). Competência A competência para a aplicação das sanções administrativas pertence ao Juiz da Infância e da Juventude – inciso V do Artigo 148. Infrações em espécie Infração ligada à prevenção de maus tratos A infração administrativa do Art. 245 está voltada à prevenção de maus tratos contra crianças e adolescentes e busca sancionar aquele que tem o dever de comunicar a suspeita de sua ocorrência para autoridades competentes mas que, de forma omissiva, deixa de fazê-lo: ECA Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Infração ligada ao respeito aos direitos de adolescente privado de liberdade Esta infração administrativa está voltada a proteger direitos de adolescentes privados de liberdade. Não pode haver exasperação das medidas aplicadas contra eles, pois eles conservam, nessa situação, todos os demais direitos não afetados pela medida a que estão submetidos: ECA Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 20 21 Infração ligada à vedação de divulgação de informações de criança ou adolescente envolvido em ato infracional Nesse caso, veda-se a indevida divulgação de dados de crianças e adolescentes envolvidos na prática de infrações penais: ECA Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste Artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação. (Expressão declara incons- titucional pela ADIN 869-2). Infração ligada à proteção de adolescente empregado doméstico No Artigo 248, está prevista uma infração administrativa voltada à proteção de adolescente que realiza o trabalho de empregado doméstico – historicamente, eles sempre foram alvo de muito desrespeito; assim, o legislador buscou criar um mecanismo de ampliação do controle de seus direitos: ECA Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso. Infração ligada ao descumprimento de deveres inerentes ao poder familiar, guarda e tutela No Artigo 249, encontramos a previsão da infração administrativa daquele que, de forma dolosa ou culposa, descumpre com seus deveres inerentes ao poder familiar, guarda ou tutela: 21 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas ECA Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poderfamiliar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Infrações ligadas ao respeito às normas de prevenção O desrespeito às normas de prevenção acarretam a caracterização de uma série de infrações administrativas – Artigos 250 a 258: ECA Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: Pena – multa. § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. ECA Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. ECA Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. ECA Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem: Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. 22 23 ECA Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias. ECA Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. ECA Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. ECA Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação. ECA Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Infrações ligadas ao descumprimento de criação e manutenção de cadastros para a adoção O desrespeito do dever de criar e manter o cadastro de crianças e adolescente que estão em condições para serem adotados, bem como das pessoas interessadas na adoção, também gerou a criação de infração administrativa específica: 23 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas ECA Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar. Infração ligada ao encaminhamento de gestante ou mãe interessada em entregar filho para adoção Por fim, no Artigo 258-B, temos a descrição da infração administrativa praticada por aqueles que não efetuam o encaminhamento para a autoridade competente de gestante ou mãe interessada em entregar o seu filho para adoção: ECA Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste Artigo. Disposições Finais e Transitórias Já no seu final, o Estatuto revogou a Lei n.º 4.513/64 e o antigo Código de Menores (Lei n.º 6.697/79): ECA Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de ou- tubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Estatuto da Criança e do Adolescente https://goo.gl/9ULiJB Constituição Federal https://goo.gl/zaRrL Código Penal https://goo.gl/t0Tjp Código de Processo Penal https://goo.gl/YQWRv 25 UNIDADE Crimes e Infrações Administrativas Referências CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 12.ed. São Paulo: Malheiros, 2013. ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 15.ed. São Paulo: Atlas, 2014. TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. 26
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