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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO INTRODUÇÃO E PROVENTOS Cristiano Paulo de Oliveira Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Aqui, em nossa primeira situação-problema, temos duas situações para serem resolvidas por você, a primeira delas ocorreu quando o analista Sérgio Ferreira questionou o seu líder imediato sobre os elementos que caracterizam o vínculo de emprego, você se lembra? Conseguiu resolver? Muito bom, não tinha dúvidas de que iria conseguir, mesmo assim, vamos colocar a resolução, por favor, acompanhe. Ao responder que os pressupostos estão descritos nos artigos indicados na CLT, Luan demonstrou conhecimento técnico, mas não foi didático em responder à pergunta, impedindo que todos tivessem a compreensão da resposta correta. No departamento pessoal, o pro�ssional deve ter essas duas qualidades alinhadas, tanto o técnico quanto o didático, já que deve estar apto a responder todos os questionamentos sobre o assunto porque assim transmite segurança e conhecimento. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 1 6 V e r a n o ta ç õ e s Dessa forma, para responder quais elementos caracterizam um vínculo de emprego, Luan poderia até dizer que os pressupostos se encontram previstos nos Artigos 2º e 3º da CLT, mas deveria complementar que o número de elementos caracterizadores do vínculo de emprego são cinco, precisamente: pessoa física, pessoalidade, habitualidade, subordinação e onerosidade. Além disso, para deixar a resposta mais completa para o Sr. Mauricio, deveria ter sido explicado cada um desses pressupostos: o da pessoa física, já que a prestação de serviços não pode ser realizada por pessoa jurídica, tampouco por algum animal; a pessoalidade não pode ser confundida com o fato de ser pessoa física, mas quer dizer que o empregado não pode se fazer substituir por outra pessoa; a habitualidade, que signi�ca que a prestação de serviços não pode ser esporádica; a subordinação, pois o empregado deve obedecer às ordens determinadas pelo seu empregador com relação às atividades a serem realizadas; e, por �m, a onerosidade, em que o empregado realiza as suas atividades em troca de remuneração, daí a dependência econômica. Como pôde perceber, se Luan Andrade tivesse respondido dessa forma, com certeza não teria só impressionado o Sr. Mauricio, mas todos que estavam presentes naquela reunião. Portanto, busque estar preparado para essa oportunidade, destacando-se como Luan deveria ter feito. O segundo questionamento referia-se à intenção da diretoria em aumentar o ritmo produtivo com o acréscimo de empregados na fábrica, devido a um aumento exponencial da produção de chapas de aço nos próximos 12 meses. Como a contratação de novos empregados é para atender a um pedido temporário, a dúvida passava pelo tipo de contrato de trabalho que deveria ser apresentado àquela diretoria. Vimos alguns tipos de contrato de trabalho nesta Seção 1.1, sendo que dois deles poderiam atender plenamente ao desejo da diretoria da companhia de chapas de aço: o contrato de trabalho por tempo indeterminado e o contrato de trabalho por tempo determinado. 1 6 V e r a n o ta ç õ e s A partir dessa conclusão, o departamento pessoal deve demonstrar por que foram procurados para responder a essa questão. Observe que qualquer advogado poderia ter indicado este ou aquele, mas a diretoria procurou este departamento. Agora, como você já passou pela Seção 1.1, percebeu que o departamento pessoal lida com valores que devem ser pagos aos empregados contratados durante a vigência do contrato de trabalho e também no �m desse tipo de relação, por meio da rescisão contratual. Partindo dessa premissa, a análise de qual é o melhor tipo de contrato de trabalho para aquela situação deve ser feita nessa ótica. Pois bem, em ambos os tipos de contrato o valor do salário mensal poderá ser o mesmo, concorda? O que pode mudar é somente o prazo, se indeterminado ou determinado. Para o primeiro, não há obstáculo algum, basta à empresa contratar dessa forma; para o segundo, temos que veri�car os requisitos para validar a sua utilização, presentes no Artigo 443, parágrafos 1º e 2º e também no Artigo 445, ambos da CLT. Ao analisarmos as alíneas correspondentes ao parágrafo segundo, temos que avaliar o caso pelo critério da eliminação, veja: a alínea “a”, que trata de “serviço cuja natureza ou transitoriedade justi�que a predeterminação do prazo”, pode ser descartada por não ser este o caso, a�nal, não há relação alguma desse evento da empresa de chapa de aço com eventos esporádicos como a Páscoa ou o Natal; na alínea “b”, que trata de “atividades empresariais de caráter transitório”, encontramos um ponto positivo, já que não se trata de um evento comum (o aumento na produção é algo pontuado pela diretoria como único e por tempo determinado); a alínea “c”, que trata de “contrato de experiência”, não tem relação alguma com o caso, já que o tempo de aumento produtivo é de 12 meses, e esse tipo de contrato tem previsão de 90 dias; e 1 6 V e r a n o ta ç õ e s quanto ao Artigo 445, estipula que esse tipo de contrato só pode ser usado para períodos que não ultrapassem 2 (dois) anos, o que contribui para a nossa análise conclusiva. Assim, neste momento, de fato, poderíamos chegar à conclusão de que ambos os contratos podem ser utilizados para resolver essa questão, mas, como alertamos antes, qualquer advogado poderia fazer o que foi feito até agora, e precisamos justi�car o porquê de departamento pessoal ter sido escolhido para responder a esse questionamento. Assim, devemos avaliar o quanto iria signi�car a rescisão contratual desses empregados no �nal de 12 meses de trabalho em ambos os tipos de contrato, então chegaríamos à conclusão que deve ser apresentada para a diretoria: o contrato de trabalho a ser utilizado deve ser mesmo aquele com prazo determinado. Essa conclusão acontece justamente porque a rescisão desse tipo de contrato não engloba o pagamento do aviso prévio de 30 dias, tampouco o acréscimo de três dias a cada ano trabalhado e a multa equivalente a 40% sobre os depósitos do FGTS, ao contrário do contrato por prazo indeterminado, o que iria representar para a empresa uma economia signi�cativa. AVANÇANDO NA PRÁTICA ORIGEM DO DEPARTAMENTO PESSOAL Mesmo trabalhando há algum tempo na Contabilidade Portela Ltda., uma das questões que estavam aborrecendo o analista Renato Costa era o fato de ele não ter conseguido responder a uma das dúvidas de uma estagiária da equipe, a jovem Carla Alves, quanto à origem do departamento pessoal. Como não conseguiu respondê-la com segurança, pediu que ela retornasse mais tarde, no �m daquele mesmo dia, para que pudesse se certi�car do assunto e dar a resposta correta. Você foi procurado pelo analista Renato, que implorou para auxiliá-lo nessa dúvida. Assim, por favor, ajude o nosso confuso colega em sua resposta. 1 6 V e r a n o ta ç õ e s RESOLUÇÃO A origem do departamento pessoal deu-se por uma necessidade de as empresas se adequarem à legislação trabalhista, principalmente quanto à parte burocrática, com a diversidade de legislações que foram criadas na época de Getúlio Vargas. Observamos a mudança de um cenário de trabalho forçado e sem nenhum tipo de compensação para o estabelecimento do trabalho livre, legitimado pelo contrato de trabalho, regido pela CLT, consolidando o pacto entre duas �guras muito bem de�nidas: o empregado e o seu empregador. 1 6 V e r a n o ta ç õ e s
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