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AO JUÍZO DA __a VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO XXXX CAROLINE FELIZ SARRAF FERRI, nacionalidade, estado civil, portadora do RG nº xxxxxxxxx e cpf Nº xxxxxxxxx, residente e domiciliada na xxxx, xx, CEP: xxxxxx-xxx, por intermédio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença do juízo, com fulcro no art. 1º da Lei 12.016/2009 e no art. 5º, LXIX da Constituição Federal, impetrar o seguinte: MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR contra o ato praticado pela FAZENDA NACIONAL, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ nº xxxxxxxxx, endereço eletrônico: xxxxxxxxxxxxx, com sede na xxxxxx, xx, CEP: xxxxxxx-xxx, pelos motivos a seguir expostos: 1. DOS FATOS A impetrante Caroline Sarraf Ferri foi indevidamente obrigada a fazer o recolhimento da contribuição referente ao salário-educação pela Fazenda Nacional. A justificativa do impetrado baseia-se na tese de que a parte impetrante é empregadora, estando vinculada ao Regime Geral da Previdência Social, argumentando ainda que este seria o motivo suficiente para que a mesma deva submeter-se ao recolhimento da contribuição do salário-educação. E, se já não bastasse essa afirmação descabida, o impetrado ainda argui que a atividade de titular cartorial executada pela impetrante é equiparável a de empresa. Nesse viés vislumbra-se tamanha afronta ao direito líquido e certo da impetrante. 2. TEMPESTIVIDADE A impetrante interpôs está ação para reconhecer a inexistência de relação tributária que a obrigue ao recolhimento da contribuição ao salário-educação e que declare o seu direito à compensação / restituição dos valores recolhidos a tais títulos no quinquênio, direito líquido e certo, dentro do prazo de 120 dias, contados da ciência, do ato impugnado acima, consoante art. 23 da Lei 12.016/09: Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Com isso, podemos constatar que a interposição deste remédio constitucional é tempestiva, pois cumpre o requisito legal acima disposto. 3. LEGITIMIDADE A legitimidade ativa se dá a CAROLINE FELIZ SARRAF FERRI, visto que decorre do fato de que, como titular de direitos, você tem direito a uma defesa plena, contraditória e benéfica do que se está requerendo, conforme art. 1º da Lei 12.016/2009. Art. 1° Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Assim sendo, todos que são detentores de direitos podem impetrar o mandado de segurança, visando ele um direito líquido e certo para si. Já a legitimidade passiva é da FAZENDA NACIONAL, é justificada pelo fato de está solicitando ao impetrante o recolhimento da contribuição referente ao salário- educação, violando assim o direito líquido e certo da parte autora. 4. DO DIREITO 4.1. DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO TRIBUTÁRIA QUE A OBRIGUE AO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO AO SALÁRIO- EDUCAÇÃO A impetrante por sentir que está sendo violado o seu direito líquido e certo, fez juz ao Mandado de segurança pois inexiste a relação tributária da contribuição do salário educação, Nos termos, ainda, da jurisprudência nos diz que, "a definição do sujeito passivo da obrigação tributária referente à contribuição ao salário-educação foi realizada pelo art. 1º, § 3º, da Lei 9.766/98, pelo art. 2º, § 1º, do Decreto 3.142/99 e, posteriormente, pelo art. 2º, do Decreto 6.003/2006. Sendo assim, em havendo lei específica e regulamento específico, não se aplica à contribuição ao salário-educação. Nesse sentido, não é legítima a cobrança do salário-educação, pois o titular do cartório não se insere no conceito de empresa. Com isso resta claro indevida a cobrança do salário-educação, sobre a Constituição Federal nos garante em seu art 212 que: § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. Assim conforme o entendimento da Jurisprudência em relação às pessoas físicas de serviços notariais e de registro, em que nos clareia que: E M E N T A TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO AO SALÁRIO-EDUCAÇÃO. PESSOA FÍSICA TITULAR DE CARTÓRIO. INEXIGIBILIDADE. APELAÇÃO DO IMPETRANTE PROVIDA. - Por primeiro, registre-se que cobrança do Salário-Educação, inicialmente, instituída pela Lei 4.440/64, mantida pelo Decreto-lei 1422/75, encontra-se atualmente prevista na Lei 9.424/96 - Cabe ressaltar que a cobrança do salário-educação, tem fundamento no art. 212, § 5º, CF, e sua exigibilidade, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula 732: É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/1996. - O C. Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que as pessoas físicas titulares de serviços notariais e de registro não são consideradas como responsáveis por atividade empresarial e, portanto, não podem ser enquadradas na definição de sujeito passivo da contribuição para o salário-educação (AgInt no REsp 2029251 / RS AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2022/0305461-8 RELATOR Ministro HERMAN BENJAMIN (1132), DATA DO JULGAMENTO 15/12/2022, DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 19/12/2022) - A jurisprudência se consolidou pela possibilidade de utilização do mandado de segurança para declaração do direito de compensação, conforme o enunciado 213 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça - Comprovada a condição de credor, outros documentos poderão ser apresentados por ocasião da efetiva compensação, cabendo ao Fisco, no momento oportuno, proceder à plena fiscalização acerca da existência ou não de créditos a serem compensados, a forma de apuração, a dedução de eventuais estornos, a exatidão dos valores, os documentos comprobatórios e o quantum a ser repetido - O regime aplicável à compensação tributária é aquele vigente à época do ajuizamento da demanda ( RESP 1.137.738/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010) - No presente caso, aplicável a prescrição quinquenal, já que a presente ação foi ajuizada após 9/6/2005 - O art. 74 da Lei 9.430/1996 - alterado pela Lei 10.637/2002 - autorizou o sujeito passivo a apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrada pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, e utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão - Entretanto, devem ser observados os requisitos do artigo 26-A, da Lei 11.457/2007 (alterada pela Lei 13.670/2018) no que se refere à compensação de débitos relativos às contribuições sociais previdenciárias previstas nos artigos 2º e 3º da mesma lei - Desnecessário, todavia, o prévio requerimento administrativo - A compensação, por seu turno, somente poderá ser efetuada após o trânsito em julgado da sentença ou acórdão proferido neste processo, em face do disposto no art. 170-A do CTN, instituído pela LC 104/2001 - A correção do indébito deve ser aquela estabelecida no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal aprovado pela Resolução nº 267/2013 do CJF, em perfeita consonância com iterativa jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça, que inclui os índices expurgados reconhecidos pela jurisprudência dos tribunais, bem como a aplicabilidade da SELIC, a partir de 01/01/1996 - No tocante aos juros moratórios, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento nos Recursos Especiais n.º 1.111.175/SP e 1.111.189/SP, representativos da controvérsia, no sentido de que, nas hipóteses de restituição e de compensação de indébitos tributários, são devidos e equivalentes à taxa SELIC, seforam efetuados após 1º de janeiro de 1996, ou incidentes a partir desta data, caso o tributo tenha sido recolhido antes desse termo, de acordo com o disposto nos artigos 13 da Lei nº 9.065/95, 30 da Lei nº 10.522/2002 e 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95 - Apelação provida. (TRF-3 - ApCiv: 50037056820214036141 SP, Relator: MONICA AUTRAN MACHADO NOBRE, Data de Julgamento: 22/05/2023, 4ª Turma, Data de Publicação: Intimação via sistema DATA: 25/05/2023) Portanto, não resta dúvida quanto a inexistência da cobrança do salário-educação, dito isso, faz-se necessário indevida os valores cobrados. 4.2. DO DIREITO À COMPENSAÇÃO/RESTITUIÇÃO DOS VALORES RECOLHIDOS A TAIS TÍTULOS NO QUINQUÊNIO ANTERIOR À IMPETRAÇÃO A impetrante, pleiteia o reconhecimento pelo Poder Judiciário acerca da inexistência da relação tributária que a obrigue ao recolhimento da contribuição ao salário-educação, o artigo 212 da Constituição Federal, parágrafo 5º, estipula que o recolhimento dessa contribuição é destinado às empresas, não abrangendo pessoas físicas que atuam em serviços notariais ou registrais. Com base nisso, o artigo 15 da Lei 8.212/1991 não se aplica à contribuição ao salário-educação, e, portanto, a Impetrante não se enquadra na definição de sujeito passivo, não sendo obrigada ao pagamento do tributo. Art. 15. Considera-se: I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. Ainda, de acordo com a interpretação da Corte Cidadã, as pessoas físicas que são titulares de serviços notariais e de registro não são consideradas sujeitos passivos da Contribuição para o Salário-Educação, porque não se enquadram na definição estabelecida. Art. 178 - As empresas comerciais, industriais e agrícolas são obrigadas a manter o ensino primário gratuito de seus empregados e o ensino dos filhos dêstes, entre os sete e os quatorze anos, ou a concorrer para aquêle fim, mediante a contribuição do salário-educação, na forma que a lei estabelecer. Assim, é imperativo reconhecer o direito à restituição ou compensação dos valores recolhidos indevidamente nos últimos cinco anos. Essa medida se justifica não apenas para resguardar os direitos da Impetrante, mas também para garantir a observância estrita da legislação tributária, evitando cobranças indevidas e preservando o princípio da legalidade fiscal. Portanto, é justo e legítimo que a Impetrante obtenha a devida compensação ou restituição dos valores recolhidos a título de contribuição ao salário-educação do período. 5. MEDIDA LIMINAR Nos termos do artigo 7º, inciso III, da Lei n. 12.016/2009,para a concessão de medida liminar depende da demonstração de dois requisitos: fundamento relevante e risco de ineficácia da medida. O requisito do fundamento relevante, fumus boni iuris,pretendida pela impetrante, está demonstrado na ilegalidade na cobrança, vez que a autora não é contribuinte da contribuição social salário-educação prevista no § 5° do artigo 212 da Constituição e instituída pelo art. 15 da Lei 9.424/1996. Quanto ao risco de ineficiência da média,também se faz presente,diante do perigo de dano irreparável em decorrência do recolhimento da contribuição ao Salário Educação, ocasionando um desconto significativo nos rendimentos da impetrante que compromete de forma gravosa seus rendimentos. Deste modo, requer-se em caráter liminar a suspensão dos descontos indevidos a título de contribuição ao salário educação, ademais requer a restituição dos valores indevidamente descontados. Presentes os dois requisitos legais, a impetrante faz jus à concessão da medida liminar. 6. PEDIDOS Diante do exposto, requer-se à a Vossa Excelência: a) Requer que seja notificada a Autoridade Coatora, para nos termos do artigo 7°, I, Lei 12.016/09, prestar esclarecimentos; https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455085/artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455071/inciso-i-do-artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/818583/lei-do-mandado-de-seguran%C3%A7a-lei-12016-09 b) Requer que seja dada ciência ao órgão de representação judicial da Pessoa Jurídica interessada, nos termos do artigo 7°, II, Lei 12.016/09, citando-se o ente; c) Requer a intimação do Ministério Público, nos termos do artigo 12, Lei 12.016/09; d) Requer a condenação do impetrado ao pagamento das custas processuais; e) Requer a juntada da prova pré-constituída em anexo; f) Que deferido o pedido de concessão da tutela provisória em sede liminar, nos termos do artigo 7°, III, Lei 12.016/09, para suspender os descontos conforme o exposto acima; g) Requer, por fim, julgue procedente a ação, convertendo a medida liminar em caráter definitivo e condenando o impetrado integralmente, invalidando o ato e declarando sua ilegalidade/abuso de poder, reconhecendo o direito o à Impetrante uma vez que não se encontra no rol do 178/69 que qualifica quem deve pagar o tributo sobre salário-educação. Dá-se à causa o valor de R$... para fins fiscais Nestes termos, Pede deferimento. Local... Data... Advogado (a)... OAB nº... Equipe B Ana Marcia Madeira Pereira- 003199 Carlos Alexandre Cunha Arantes- 004600 Debora Marielly Moraes dos Santos - 005400 Elivelton Rego Almeida - 005907 José Ribamar Piedade Neto - 009121 Karoliny Costa Carvalho - 009659 Kleandia Freitas Costa - 009882 Nathália da Silva Santos - 012996 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455085/artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455046/inciso-ii-do-artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/818583/lei-do-mandado-de-seguran%C3%A7a-lei-12016-09 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23454798/artigo-12-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/818583/lei-do-mandado-de-seguran%C3%A7a-lei-12016-09 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/818583/lei-do-mandado-de-seguran%C3%A7a-lei-12016-09 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455085/artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/23455037/inciso-iii-do-artigo-7-da-lei-n-12016-de-07-de-agosto-de-2009 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/818583/lei-do-mandado-de-seguran%C3%A7a-lei-12016-09
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