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TJ-MA_APL_0610092015_04968 (1710340307534) (3)

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Estado do Maranhão
Poder Judiciário
_
Sessão do dia 24 de maio de 2016
APELAÇÃO CÍVEL Nº. 61009 / 2015 - SÃO LUÍS (MA)
NÚMERO ÚNICO: 0016662-03.2011.8.10.0001
APELANTE: Estado do Maranhão
PROCURADOR: Dr. Marcelo de Oliveira Sampaio
APELADO: Granorte Indústria e Comércio LTDA
ADVOGADO: Eduardo José Leal Moreira Gabriel Pinheiro Correa Costa, Kleber Moreira e Tarcisio Almeida Araujo
RELATOR: DES. MARCELINO CHAVES EVERTON
 
 
ACÓRDÃO __________/____
 
EMENTA
 
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INSUMO. HIPÓTESES
DOS ARTIGOS 19 E 20 DA LC 87/96. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR PARA EXAÇÃO DO REFERIDO TRIBUTO. APELO IMPROVIDO.
- Não há qualquer óbice para utilização da prova já produzida com observância de todos os requisitos legais em processo judicial similar, notadamente, em virtude da coincidência das partes e,
ainda, do objeto, assim, a utilização da prova emprestada não viola o princípio constitucional da ampla defesa.
- Não há que falar-se em restrição ao direito de apropriação dos créditos de ICMS, por contribuinte do mesmo imposto, destacados nos documentos fiscais que acobertam suas aquisições de
mercadorias, fato este autorizado pela própria Lei Complementar n.º 87/96.
- Apelação improvida.
 
ACÓRDÃO
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os senhores desembargadores da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, conhecer do
recurso e negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator, que integra este acórdão.
Participaram do julgamento os excelentíssimos senhores desembargadores MARCELINO CHAVES EVERTON, TYRONE JOSÉ SILVA e PAULO SÉRGIO VÉLTEN PEREIRA.
Funcionou, pela Procuradoria Geral de Justiça, o procurador FRANCISCO DAS CHAGAS BARROS DE SOUSA.
São Luís, 24 de maio de 2016.
 
 
 
Des. Marcelino Chaves Everton
Relator
 
 
 
RELATÓRIO
 
 
Trata-se de Apelação Cível, interposta pelo ESTADO DO MARANHÃO, contra sentença proferida pelo então MM. Juiz da 3ª Fazenda Pública da Comarca de São Luís, Doutor José Jorge
Figueiredo dos Anjos, que em sede de ação anulatória, julgou parcialmente procedente o pedido da Apelada, para o fim de anular o Auto de Infração n.º 54763000279-5 de lavra da Secretaria de
Estado da Fazenda, cujo fundamento foi glosa de créditos tributários, que no entendimento do fisco, a apropriação, em sua escrita fiscal, destes ditos créditos, seria indevida. Os créditos glosados
decorrem do ICMS destacado nas notas fiscais de aquisição de insumos (matérias-primas e produtos intermediários) consumidos e utilizados na atividade fim da Apelada.
Em apertada síntese, o Apelante sustenta (fls. 716/741), preliminarmente, que a prova pericial carreada aos autos na origem, cuida de prova emprestada de cuja utilização, nestes autos,
manifestou-se contrariamente e, por via de consequência, restara violado o princípio constitucional da ampla defesa. Segue aduzindo que, os bens de uso e consumo não geram direito de crédito,
face as alterações legislativas introduzidas na Lei Complementar n.º 87/96.
Aduz ainda que, o direito ao crédito do imposto destacado nas entradas só pode ser efetivado, em obediência ao princípio da não-cumulatividade do ICMS, se as aquisições guardarem relação
com o processo produtivo desenvolvido pelo adquirente, vale dizer, se estiverem revestidas da qualidade de insumos ou produto intermediário.
Ao fim, pugna pela redução do percentual arbitrado de 10% (dez por cento) de honorários de sucumbência.
A Apelada apresentou contrarrazões (fls. 748/759), alegando que todos os produtos que tiveram seu crédito estornado pela fiscalização estadual são efetivamente insumos ou produtos
intermediários utilizados diretamente na produção industrial, imprescindíveis à sua atividade.
Os autos foram, inicialmente, distribuídos ao Dr. Luís Gonzaga de Almeida Filho que atuava nesta E. 4ª Câmara Cível como relator substituto, vindo a ser substituído pelo Dr. José Jorge
Figueiredo dos Anjos, prolator da sentença ora guerreada.
Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou (fls. 766/767 verso) pelo conhecimento e provimento do recurso.
Neste contexto, o Des. José Jorge declarou-se impedido (fls. 770) na forma do arts. 134, III e 137 do Código de Processo Civil, então vigente, o que motivou a redistribuição a este
Desembargador.
Eis o relatório necessário.
 
VOTO
 
Conheço do recurso, porque presentes os requisitos de admissibilidade, pressupostos intrínsecos (cabimento, legitimidade e interesse recursal) e extrínsecos (tempestividade, regularidade, formal
e preparo).
De início, quanto a questão posta em juízo, é de se anotar que esta E. 4ª Câmara já se debruçou sobre o tema, inclusive com as mesmas partes. Senão vejamos:
 
APELAÇÃO CÍVEL N° 21208/2014 (NÚMERO ÚNICO: 16663-85.2011.8.10.0001)
APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO
PROCURADOR: DR. MARCELO DE OLIVEIRA SAMPAIO
APELADO: GRANORTE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.
ADVOGADO: DR. TARCÍSIO ALMEIDA ARAÚJO E OUTROS
RELATOR SUBSTITUTO: DR. LUIZ GONZAGA ALMEIDA FILHO
 
EMENTA
 
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. PROVA EMPRESTADA. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INSUMO. HIPÓTESE DO ART. 20 DA
LC 87/96. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR PARA EXAÇÃO DO REFERIDO TRIBUTO.
I - Diante da coincidência de partes e de objeto entre o presente feito e aquele de onde proveio a prova pericial, agiu bem o magistrado singular ao deferir a utilização da prova emprestada,
inexistindo violação ao princípio constitucional da ampla defesa.
II - A Lei Complementar nº 87/96, com base no princípio da não cumulatividade, autoriza que os produtos intermediários e insumos imprescindíveis à atividade empresarial do contribuinte
gerem o direito à compensação do ICMS, como a hipótese discutida e cabalmente comprovada nos presentes autos, ressalvada a telefonia, nos termos da prova pericial de fls. 383-392.
III - Apelação conhecida e não provida.
Quanto à preliminar suscitada pelo Estado do Maranhão no sentido de que a prova pericial emprestada de outro procedimento judicial resultaria em violação ao princípio constitucional da ampla
defesa, tenho para mim que não merece melhor sorte. É que, existe coincidência das partes e do objeto da ação em que se originou a prova refutada (Processo n.º 42468-74.2010.8.10.0001) que
tramitou perante 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Luís.
Estado do Maranhão
Poder Judiciário
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Com efeito, não vislumbro qualquer óbice para utilização da prova já produzida com observância de todos os requisitos legais em processo judicial similar, notadamente, em virtude da
coincidência das partes e, ainda, do objeto.
Não é outro o entendimento do Superior de Tribunal de Justiça, confira-se:
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO INEXISTENTE. DEVIDO ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES RECURSAIS.1. Não há violação do art. 535 do CPC quando a
prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso. 2. Mostra-se legítima a produção de perícia indireta, em
empresa similar, ante a impossibilidade de obter os dados necessários à comprovação de atividade especial, visto que, diante do caráter eminentemente social atribuído à Previdência, onde sua
finalidade primeira é amparar o segurado, o trabalhador não pode sofrer prejuízos decorrentes da impossibilidade de produção, no local de trabalho, de prova, mesmo que seja de perícia técnica.
3. Em casos análogos, é pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à legalidade da prova emprestada, quando esta é produzida com respeito aos princípios do contraditório e
da ampla defesa. Recurso especial improvido. (REsp 1397415/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 20/11/2013) (grifos ausentes no
texto original)
Portanto, superada a questão preliminar, a qual reputo improcedente, passa-se à análise do mérito.
No caso em concreto, a querela reside em saber se é legítimo aocontribuinte de ICMS, apropriar-se na sua escrita fiscal, de créditos do mesmo imposto que venham a ser destacados nas Notas
Fiscais de entrada de mercadorias aos seus estabelecimentos.
A tese sustentada pelo Apelante não merece prosperar, conquanto a Constituição da República ao estabelecer os contornos da regra matriz de incidência do ICMS, a ele imprimiu o princípio da
não-cumulatividade (art. 155, § 2º, inciso I)[1], cujas exceções são aquelas, taxativamente, previstas no inciso II do mesmo parágrafo e artigo citado.
Nas palavras do Professor Doutor Paulo de Barros Carvalho[2]o princípio da não-cumulatividade é se reveste de:
"limite objetivo, mas que se verte, mediatamente, à realização de certos valores, como o da justiça da tributação, o do respeito à capacidade contributiva do administrado, o da uniformidade na
distribuição da carga tributária, etc.
Apresenta-se como técnica que opera sobre o conjunto das operações econômicas entre vários setores da vida social, para que o impacto da persecução tributária não provoque certas distorções
já conhecidas pela experiência histórica, como a tributação em cascata, com efeitos danosos na apuração dos preços e crescimento estimulado na aceleração inflacionaria. E entre as
possibilidades de disciplina jurídica neutralizadoras daqueles desvios de natureza econômica, nosso constituinte adotou o determinado caminho, mediante a estipulação de um verdadeiro limite
objetivo."
Com efeito, a apropriação de créditos promovida pela Apelada e objeto da restrição imposta pela autuação fiscal, me parece acertada, na medida em que seu comportamento em nada confronta os
ditames constitucionais incidentes à espécie.
Ora, restringir a eficácia do dito princípio de envergadura constitucional implicaria, outorgar ao agente administrativo o poder legiferante do qual a mesma Carta Maior não lhe emprestou. Dito
em outras palavras, não cabe ao agente administrativo, tampouco, ao legislador ordinário criar obstáculos a fluência da norma constitucional consubstanciada no princípio da não-cumulatividade.
Não há, portanto, falar-se em restrição ao direito de apropriação dos créditos de ICMS, por contribuinte do mesmo imposto, destacados nos documentos fiscais que acobertam suas aquisições de
mercadorias. Vale dizer, o direito de crédito decorre ex vi legis, e se reveste numa verdadeira obrigação e não em mero favor legal, sob pena de ferir-se de morte o princípio constitucional da
não-cumulatividade.
Cumpre, por fim, destacar que no caso em comento, a discussão acerca da utilização dos produtos (insumos e produtos intermediários) que geraram os créditos impugnados pelo Fisco, decorrem
da própria atividade econômica desenvolvida pela Apelada, consoante comprova a perícia realizada.
A própria Lei Complementar n.º 87/96 ampara o procedimento adotado pela Apelada, vejamos:
Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.
        Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado
a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal ou de comunicação.
De outro lado, a jurisprudência sobre o tema é pacífica, consoante se verifica dos arestos a seguir colacionados:
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO DE ICMS. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENTREGA
DE MERCADORIAS. INSUMO. LC 87/96. LIMITAÇÃO TEMPORAL. INAPLICABILIDADE.
I. A aquisição de combustíveis corresponde a insumo para o desempenho da atividade de transporte (entrega de mercadorias), de sorte que o recolhimento do ICMS nessas operações pode ser
aproveitado como crédito na escrita fiscal a ser utilizado na compensação com futuros débitos do mesmo imposto.
II. A limitação temporal prevista no art. 33, I, da Lei Kandir (LC 87/96) não se aplica em relação aos insumos da atividade empresária, pois se restringe a disciplinar o crédito decorrente da
aquisição de mercadorias destinadas ao uso e consumo do estabelecimento.
III. A Fazenda Estadual é isenta da condenação em custas, por força do art. 10, da Lei Estadual nº 6.584/96.
IV. Apelo parcialmente provido. (Apelação Cível nº 33424-2010/São Luís, TJMA, Relator Substituto: DR. LUIZ GONZAGA ALMEIDA FILHO, Quarta Câmara Cível, julgado em 15/09/2015)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. TEORIA DA CAUSA MADURA. INAPLICABILIDADE. INVIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA
PROVA EMPRESTADA. NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL. APELO PROVIDO. RETORNO DOS AUTOS PARA PROSSEGUIMENTO DO FEITO. I - Nos termos da jurisprudência
do STJ, o recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN. Assim, somente a partir da
notificação do resultado do recurso tem início a contagem do prazo prescricional. Precedentes. II - Não há se falar em prescrição se não decorrido o prazo de cinco anos previsto no artigo 174 do
CTN entre a constituição definitiva do crédito tributário e o ajuizamento da respectiva execução fiscal. II - Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, reformando o Tribunal a
sentença que acolhera a preliminar de prescrição, estando suficientemente debatida e instruída a causa, é permitido ao Órgão ad quem adentrar no mérito da controvérsia, julgando as demais
questões, sem que tal iniciativa importe em supressão de instância. Precedentes. III - "A jurisprudência do STJ é no sentido de que identificar os produtos ou insumos que integram o processo
produtivo e se agregam à mercadoria para posterior circulação demanda conhecimento técnico e especializado, porquanto a prova do fato é complexa diante da diversificação da atividade
empresarial" (AgRg no REsp 1396201/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 18/06/2014) IV - Além do respeito aos princípios do
contraditório e ampla defesa, para a utilização da prova emprestada por este Tribunal de Justiça faz-se imprescindível a prévia valoração da mesma pelo magistrado condutor do feito originário,
sob pena de supressão de instância e insegurança jurídica. A soberania e autoridade do magistrado condutor do feito do qual se pretende extrair a prova emprestada merece ser respeitada. Cabe
exclusivamente àquele a análise exaustiva da matéria fática e da conclusão prova pericial realizada sob sua jurisdição, sem prejuízo, por óbvio, de eventuais recursos das partes, caso contrário,
estar-se-ia subvertendo toda a ordem jurídica. V - A LC 87/96, ao impor, em seu artigo 20, § 1º, que "não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de
operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento", definiu que os insumos efetivamente aplicados e
consumidos na atividade-fim da contribuinte dão ensejo ao creditamento, ainda que não integrem o produto final. Contudo, é de clareza hialina que o direito de creditamento do ICMS pago
anteriormente somente surge quando se tratar de insumos que se incorporam ao produto final ou que são consumidos integralmente no curso do processo de industrialização. Ônus da prova que
compete ao contribuinte, nos termos do artigo 333, I, do CPC VI - Não se pode confundir produtos efetivamente consumidos durante o processo industrial realizado pelo contribuinte com
aqueles que, apesar de sofrerem desgastes durante o mesmo e serem constantemente substituídos, não integram o produto final ou não são consumidos integralmente na atividade de
industrialização. Os produtos intermediários ou insumos que dão direitoao crédito do ICMS são aqueles de durabilidade efêmera e que se consomem totalmente e prontamente no processo
industrial, não se incluindo, portanto, meras reposições de peças de máquinas e equipamentos, ferramentas etc., pois, em verdade, estes integram o ativo fixo da apelada e sofrem meros desgastes
por sua utilização, não havendo se falar em consumo. VII - Entender de modo diverso implicaria em colocar o contribuinte em posição de eterno privilégio ilegítimo perante a Fazenda Pública,
pois sempre que trocasse peças ou acessórios de seus equipamentos industriais, creditar-se-ia do ICMS, além do crédito j (Acórdão: 1702912015, TJMA, Relator: MARCELO CARVALHO
SILVA, Data do ementário: 04/09/2015)
TJMA-043999) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. ICMS. EMPRESA DE TRANSPORTES. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. INSUMOS.
DIREITO AO CREDITAMENTO. LIMITAÇÃO TEMPORAL. NÃO INCIDÊNCIA. I - Para o deferimento do pedido de tutela antecipada em ação declaratória é necessária à demonstração dos
requisitos do art. 273 do CPC. II - Demonstrado que a Corte Superior já decidiu em precedentes que combustíveis e lubrificantes são insumos da atividade de transporte, mostra-se presente a
verossimilhança das alegações. III - A limitação temporal prevista na legislação federal e na estadual não se aplica ao caso de insumos (consumidos no processo e integrantes do produto final),
mas sim em relação a bens de uso e consumo. (Agravo de Instrumento nº 0002026-98.2012.8.10.0000 (120196/2012), 1ª Câmara Cível do TJMA, Rel. Jorge Rachid Mubárack Maluf. j.
20.09.2012, unânime, DJe 27.09.2012).
TJPE-037698) TRIBUTÁRIO. RECURSO DE APELAÇÃO EM AÇÃO ORDINÁRIO. ICMS. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. DISPENSAÇÃO DA DETERMINAÇÃO
DE PERÍCIA REQUERIDA PELO APELANTE. DESCABIMENTO. LIMITAÇÕES LEGAIS AO CREDITAMENTO NA ENTRADA DE BENS DESTINADOS AO USO E CONSUMO E
BENS DO ATIVO FIXO. LEGALIDADE.1. Não se mostra imprescindível para o julgamento da presente lide, a feitura da perícia requerida, como demonstrado pelo apelante, pois como bem
argumentou o Juízo a quo, a Lei Complementar 87/96, foi além das restrições impostas pela não cumulatividade, ao permitir o creditamento na entrada da mercadoria, desde que registrada como
destinatária ao ativo fixo ou para uso e consumo próprio. Mesmo com as modificações ao artigo 33 introduzida pela Lei Complementar 92/97, o aproveitamento dos créditos somente seria
possível a partir de 2000, desde que ocorrendo a transferência à terceiros, o que não foi provado ou sequer aventado. 2. O direito ao creditamento do ICMS advindo da aquisição de bens que
compõem o ativo imobilizado, bem como daqueles que se destinam ao uso e consumo, foi reconhecido apenas com a vigência da LC 87/96, cujo artigo 33 afastou, expressamente, a
retroatividade de sua incidência. 3. Desponta inequívoca, portanto, a imposição legal de limitações temporais ao referido direito de creditamento, da qual decorre, por imperativo lógico, que a
utilização de supostos créditos não é ilimitada, tampouco é do exclusivo alvedrio do contribuinte. Assim, somente a partir das datas indicadas no artigo 33 do referido diploma legal, passou o
contribuinte a fazer jus ao creditamento. Impende salientar que a redação original do dispositivo fixava como termo inicial de sua eficácia 1º de janeiro de 1998. No entanto, após sucessivas
modificações, efetuadas pelas Leis Complementares nºs 92/97, 99/99, 102/00, 114/2002 e 122/2006, o termo inicial do direito ao creditamento do imposto incidente sobre os bens destinados a
uso e consumo do estabelecimento foi finalmente fixado em 1º de janeiro de 2011. 4. Ademais, o § 1º do artigo 20 da Lei Complementar nº 87/96 restringiu expressamente as hipóteses de
creditamento do ICMS à entrada de mercadorias que façam parte da atividade do estabelecimento. Consectariamente, é de clareza hialina que o direito de creditamento do ICMS pago
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anteriormente somente exsurge quando se tratar de insumos que se incorporam ao produto final ou que são consumidos no curso do processo de industrialização. 4. Destarte, dada a perfeita
sintonia entre as normas infraconstitucionais e o comando constitucional, resta estreme de dúvidas a ausência do direito da recorrente ao creditamento do ICMS, relativo à aquisição de
mercadorias destinadas ao ativo fixo ou ao uso e consumo, fora dos padrões preconizados pela legislação federal e estadual, uma vez que a pretensão da recorrente reside no aproveitamento
integral e imediato de créditos extemporâneos de ICMS advindos das aquisições de bens de uso e consumo, de bens destinados ao ativo fixo, afastando-se as limitações temporais instituídas
pelas Leis Complementares nº 87/96, 102/00 e 114/02. 5. Recurso improvido. Decisão unânime. (Apelação Cível nº 0092044-7, 8ª Câmara Cível do TJPE, Rel. José Ivo de Paula Guimarães. j.
07.10.2010, unânime, DJe 29.11.2010).
TJES-021704) TRIBUTÁRIO. ICMS. INSUMO. TELA DE JUTA. ACONDICIONAMENTO DE GRÃO DE CAFÉ CRU. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. CUSTAS
PROCESSUAIS E DESPESAS. RECURSO DESPROVIDO. 1. Este egrégio Tribunal de Justiça já consolidou que a tela de juta, utilizada para a confecção da sacaria, deverá ser considerada
para fins de creditamento do ICMS, sob pena de violação princípio da não cumulatividade. 2. O princípio da não cumulatividade alcança a matéria prima, pois constitui elemento essencial para a
composição do produto final, a saber, para o acondicionamento do café grau cru. 3. Embora a Fazenda Pública possua isenção legal quanto ao adiantamento de custas e despesas processuais,
deve ressarcir, caso vencida, as custas e despesas arcadas pela parte contrária. 4. Recurso desprovido. (Remessa Ex Officio nº 24050071174, 4ª Câmara Cível do TJES, Rel. Samuel Meira Brasil
Júnior. j. 12.03.2012, unânime, DJ 21.03.2012).
No que se refere ao arbitramento dos honorários sucumbenciais, tenho que o arbitramento de 10% (dez por cento) é estritamente razoável, tendo em vista o grau de zelo do profissional e ainda a
complexidade e a importância da causa, pelo que entendo pela manutenção também neste sentido.
ANTE TODO O EXPOSTO, em desacordo com parecer ministerial, VOTO pelo conhecimento e desprovimento do recurso de apelação, para o fim de manter integralmente a sentença de base
guerreada.
É como voto.
Sala de Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, em São Luís, 24 de maio de 2016.
 
Des. Marcelino Chaves Everton
Relator
 
[1] Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
outro Estado ou pelo Distrito Federal;
[2] Direito Tributário Linguagem e Método, São Paulo, Ed. Noeses, 2009, p. 319

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