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Os novos cenarios turisticos inovacao planejamento e as megatendencias

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DX.DOI.ORG/10.24864 
ISSN 2236-6695 REVISTA A BARRIGUDA, CAMPINA GRANDE 
7 [2]| P. 220-239| MAI-AGO 2017 
 
OS NOVOS CENÁRIOS TURÍSTICOS: INOVAÇÃO, PLANEJAMENTO E 
AS MEGATENDÊNCIAS 
 
 
 
The new tourist scenarios: Innovation, Planning and Megatendences 
 
 
ELIANE AVELINA DE AZEVEDO 
JAIME JOSÉ DA SILVEIRA BARROS NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
A busca pela inovação tem sido o principal 
desafio nos diversos segmentos da economia e 
notadamente no turismo, que mediante as 
demandas mais exigentes, necessita estar em 
constante evolução. Assim, é necessário 
compreender que pensar o planejamento 
turístico neste século de intensas mudanças, 
requer um novo olhar para as questões de 
inovação e competitividade. O foco, é a percepção 
das megatendências como primeiro passo para 
traçar os cenários prováveis e desejados em uma 
determinada atividade, facilitando a construção 
de estratégias e de políticas públicas 
estruturantes, sinérgicas e eficazes. Dessa forma, 
esse artigo baseia-se nas interconexões teóricas 
que traça de maneira direta as concepções de 
inovação, planejamento e as megatendências no 
turismo com ênfase na tendência tecnológica. 
Nesse sentido, buscou-se através da análise 
bibliográfica apresentar quais as principais 
tendências e como elas tem transformado a 
maneira de ofertar o turismo para as demandas, 
objetivando uma análise de como esses 
paradigmas influenciam no planejamento e 
gestão dos destinos turísticos. Afim de atingir o 
objetivo proposto, foram desenvolvidos três 
objetivos específicos discorridos em três 
capítulos, correlacionando as principais 
temáticas, uma vez que, tem sido um discurso 
primordial aos gestores do Turismo, que 
precisam pensar globalmente para atuar e inovar 
localmente. 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE 
INOVAÇÃO NO TURISMO. 
PLANEJAMENTO. MEGATENDÊNCIAS. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The search for innovation has been the main 
challenge in the various segments of the economy 
and especially in tourism, which, through the 
most demanding demands, needs to be 
constantly evolving. Thus, it is necessary to 
understand that thinking tourism planning in this 
century of intense changes requires a new look at 
the issues of innovation and competitiveness. The 
focus is on the perception of megatrends as the 
first step to trace the likely and desired scenarios 
in a given activity, facilitating the construction of 
strategies, and structuring, synergistic and 
effective public policies. Thus, this article is 
based on the theoretical interconnections that 
traces in a direct way the conceptions of 
innovation, planning and the megatrends in the 
tourism with emphasis in the technological 
tendency. In this sense, it was sought through the 
bibliographic analysis to present the main trends 
and how they have transformed the way of 
offering tourism to the demands, aiming at an 
analysis of how these paradigms influence the 
planning and management of tourist 
destinations. In order to reach the proposed 
objective, three specific objectives were 
developed in three chapters, correlating the main 
themes, since it has been a primordial discourse 
to the managers of Tourism, who need to think 
globally to act and innovate locally. 
 
 
 
 
 
 
KEYWORDS 
INNOVATION IN TOURISM. PLANNING. 
MEGATRENDS.
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INTRODUÇÃO 
 
 
A busca pela inovação, tem sido o principal desafio nos diversos contextos, sejam eles 
sociais, econômicos ou culturais da atualidade e notadamente do turismo, que mediante as 
demandas mais exigentes, no que tange os diferentes perfis de consumidor, necessita estar em 
constante transformação. No turismo, um dos propulsores para a inovação é o estabelecimento, 
bem como o surgimento, de cada vez mais, destinos, sejam eles, municípios, regiões, territórios, 
países de eleição mais competitivos, tendo que firmarem um posicionamento claro de mercado. 
As megatendências no Turismo, são “movimentos” que já estão em curso, com direção e 
sentido bem definidos, e cujos efeitos podem se intensificar e consequentemente transformar os 
contextos, sejam eles pessoais, profissionais, de negócios, segmentos e etc. No turismo, as 
megatendências são o primeiro passo para traçar os cenários prováveis e desejados em uma 
determinada atividade, facilitando a construção de estratégias e de políticas públicas estruturantes, 
sinérgicas e eficazes. Logo, tratar das megatendências e as suas variáveis dizem respeito a uma 
capacidade de construir cenários prospectivos visando o planejamento da atividade turística. 
Tendo em vista esses aspectos, compreende-se o planejamento como uma ferramenta 
altamente eficaz para os destinos turísticos, e que atualmente é fundamental transcender os 
objetivos meramente econômicos, para estabelecer um compromisso mais sério com os aspectos 
culturais, sustentáveis e sociais (MOLINA, 2005). 
Nesse sentido, discute-se a transversalidade no tocante as megatendências e como os 
paradigmas econômicos, políticos, sociais e culturais transformam a maneira de ofertar o turismo 
para as demandas. Esse tem sido um discurso primordial aos gestores do Turismo, que precisam 
pensar globalmente para atuar e inovar localmente (VIGNATI, 2012). 
Assim, utilizou-se como estratégia metodológica o levantamento de informações 
bibliográficas propondo-se a apresentar e analisar as megatendências no turismo como 
paradigmas influenciadores no planejamento de destinos turísticos, relacionando-se a aspectos de 
inovação e competitividade. 
Afim de atingir o objetivo proposto, foram desenvolvidos três objetivos específicos 
discorridos em três capítulos. No primeiro deles apresenta-se um quadro conceitual acerca da 
inovação e sua importância para o desenvolvimento turístico. Na segunda parte, têm-se como 
objetivo específico compreender a relação: Inovação, planejamento e as megatendências. E na 
terceira traz as principais megatendências no turismo sendo essas tendências econômicas, 
políticas, de Oferta, de demanda, sociodemográfica, climática, e tecnológica, algumas já propostas 
pelo pesquisador Espanhol Dr. Henrique Torres Bernier e adaptadas no livro de Vignati (2012, 
p.72), considerando assim os possíveis cenários proporcionados por elas, para o planejamento 
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turístico das cidades. Nesse mesmo capítulo sugere-se projeções para o planejamento e a gestão 
dos destinos. 
Não é intenção do artigo discutir os enfoques do planejamento, mas sobretudo refletir a 
influência das megatendências e a importância de serem mensuradas para se ter um planejamento 
viável aos destinos. Um enfoque mais abrangente é dado a tendência tecnológica, uma vez que ela 
tem sido transformadora nos últimos tempos. 
 
1. INOVAÇÕES NA PERSPECTIVA DO TURISMO 
 
A busca pela inovação tem sido o principal desafio para todos os segmentos de atividades 
e especialmente do Turismo que tem sofrido grandes transformações na dinâmica inerente as 
práticas de vivenciar o lazer e o ócio. Isso tem impactado sobremaneira nas novas forma de 
ordenamento turístico que precisam antes de tudo, planejar a atividade de forma inovadora com 
vistas a tornar-se competitivo face a outros mercados. 
Ao longo das últimas décadas, foi construída uma tradição abrangente e multifacetada de 
pesquisa no campo da inovação Industrial, porém, as pesquisas relacionadas a inovação no 
turismo ainda são incipientes e o arcabouço teórico disponível encontra-se gradualmente 
elaborada em teorias evidenciadas por questões empíricas. (HJALAGER, 2010); (BENI, 2011). 
Para Mazaro e Panosso Netto (2012, p. 374), 
 
A inovação tem sido tema de diferentes estudos e, nesse momento, é 
beneficiada pela intensa publicação de ensaios e pesquisas sobre seus 
fundamentos, processos e implicações. Notadamente o enfoque 
predominantenos estudos sobre inovação é o organizacional ou de 
negócios, que entende-se, ser a unidade última de efetivação da 
inovação, ou seja, quando a ideia se concretiza em um produto ou 
serviço. (MAZARO e PANOSSO NETTO, 2012, p. 374). 
 
Algumas considerações com ampla relevância no que diz respeito a inovação, está contida 
no Manual de Oslo, editado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
OCDE (2005), assim ela está definida como a “implementação de um produto (bem ou serviço) 
novo ou significativamente melhorado, no que se refere às suas características ou usos 
previstos, novos processos, novos métodos de marketing ou um novo método de organização nas 
práticas da empresa, organização do local de trabalho ou relações externas” (OCDE, 2005, p.55). 
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Dessa maneira, essas atividades inovadoras podem ser científicas, tecnológicas, organizacionais, 
financeiras e comerciais, incluindo os processos tecnologicamente novos ou melhorados. 
Tendo em vista as considerações da OCDE (2005), a inovação, para ser reconhecida 
como tal, necessita atender a três critérios essenciais: a novidade no contexto em que é 
introduzida; ser implementada, não ser apenas uma ideia e gerar melhores resultados, como 
eficiência, eficácia ou satisfação do usuário. A inovação é, portanto, a geração e implementação de 
novas ideias com vistas a criar valor para a sociedade, sejam elas com foco interno ou externo à 
administração pública, resultando assim que é resultado da aplicação da criatividade. 
Para Hjalager (2010), em seus estudos que traz uma revisão das pesquisas sobre a 
inovação no turismo, ela categoriza as inovações que diante da crescente competitividade no 
mercado do lazer e dos negócios das viagens precisam atender as demandas dos novos perfis de 
consumidores. Assim ela as subdivide, como: 
 
 Produtos e serviços, as quais repercutem em mudanças observáveis pelos clientes; 
 Processos, que envolvem novos fluxos de ações com vista a promover eficiência; 
 Produtividade, fazendo uso extensivo de Tecnologias da Informação e Comunicação 
(TICs); 
 Inovações gerenciais, no âmbito da liderança e gestão de pessoas, na melhoria dos locais 
de trabalho, na retenção de talentos e no incentivo à disseminação do conhecimento; 
 Inovações em gestão, que dizem respeito às inovações no marketing de relacionamento 
entre empresas e consumidores; 
 As inovações institucionais, que correspondem a estruturas organizacionais que 
eficientemente redirecionam ou aprimoram os negócios no turismo e conformam-se no 
âmbito das redes e alianças empresariais e territoriais. 
 
Conforme Panosso Netto e Mazaro (2012, p 374), 
a emergente economia de serviços, impulsionada em grande parte pelo 
desenvolvimento de softwares, que teve sua expansão nos últimos vinte anos do 
milênio, mudou a ideia de inovação, que passa a incluir produtos imateriais, 
intangíveis, porém, com capacidade de transformação e de impacto ainda maior que o 
da indústria de bens e produtos tangíveis.( MAZARO e PANOSSO NETTO, 2012, 
p. 374) 
 
Destarte, os conceitos de inovação voltados para literatura do turismo não são facilmente 
encontrados. Para Carvalho e Costa (2011, p. 2) “O estudo da inovação nos serviços ainda está 
em sua infância, visto que estes só apareceram no final da década de 1990 e é difícil encontrar um 
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quadro teórico robusto para o estudo da inovação neste referido setor”. (CARVALHO E 
COSTA, 2011). 
Alguns autores como Hall e Williams (2008), Hjalager, (2010; 2012; 2015), Rodriguez, 
Hall e Williams (2014), em suas publicações, trazem algumas considerações sobre o que seria a 
inovação e seus impactos no Turismo. Desse modo, as revisões existentes propostas pelos 
referidos autores, sobre as políticas de inovação do turismo destacaram uma produção altamente 
desigual, em relação a outros segmentos, notadamente da Indústria, e ressaltam a necessidade de 
mais pesquisas nesta área. Além dessa incipiência notada pelos autores, é possível enxergar uma 
lacuna quando o assunto são as inovações tecnológicas e as possibilidades de incremento à 
atividade turística a partir delas, especialmente se relacionarmos inovações tecnológicas e gestão 
pública do turismo. 
Devido a multiplicidade de cenários, as mudanças no turismo acontecem de maneira 
contínua e conjunta. Nesse molde, as ações evolutivas e as tendências de inovação impactam 
diversas setores que de maneira sinérgica podem se apropriar de valores complementares, 
agregados e diferenciados para se manter atrativo, competitivo e inovador no mercado turístico. 
É preciso, desde já, ter em conta que, apesar das definições e amplitude de conceitos 
sobre a Inovação e estes estarem ligadas não só pelo critério de novidade, como pela mudança e 
eficiência no mercado, um não exclui o outro, eles são altamente complementares, principalmente 
no campo do turismo onde a inovação se traduz em valor agregado através da diversificação de 
produtos/serviços que possuem características únicas utilizando informação e tecnologias de 
ponta para o melhoramento dos espaços turísticos. (ARNAIZ e BURNE ,2000) 
No tocante a inovação no turismo, os novos vieses que surgem paralelo a evolução da 
sociedade podem ser altamente influenciados pelas tendências globais que vão moldando os 
padrões de consumo e consequentemente as formas de ofertar o turismo para as demandas. 
A diversidade e a originalidade são os principais atributos de orientação aos planejadores 
para potencializar as características endógenas de cada destino, agregando fundamental valor às 
atividades e aos negócios em turismo quando associados a prática de ações de caráter inovador 
(MAZARO e PANOSSO NETTO 2012). 
 
2. O PLANEJAMENTO TURÍSTICO À LUZ DAS MEGATENDÊNCIAS 
 
O planejamento é uma premissa básica para a ordenação de qualquer atividade, sendo este 
um processo contínuo, renovável e resultante de um estudo aprofundado, com o intuito de 
ordenar as ações e estratégias. No âmbito do turismo, é um processo que visa, a partir de uma 
http://www-sciencedirect-com.ez141.periodicos.capes.gov.br/science/article/pii/S0160738314000978#b0125
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dada situação, orientar o desenvolvimento turístico de um empreendimento, local, região, 
municípios, estado ou país, resultando em ações que contribuam para o desenvolvimento da 
comunidade e que garanta investimentos públicos e privados (BRAGA, 2007); (MOLINA, 
2005); (VIGNATI, 2012). 
O planejamento turístico no século XXI, tem sido influenciado por diversos fatores, 
muitos desses estão relacionados as inovações, sobretudo as tendências tecnológicas que tem 
permeado todos os segmentos da economia como modelo a superação de concorrência, a partir 
dos diferenciais competitivos que ela promove, seja para empresas ou destinos turísticos. Além 
disso, tornou-se indispensável pensar na qualidade da experiência proporcionada aos turistas, 
como também pensar na melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras 
(MEDEIROS, 2003, p.14); (LOHMANN e PANOSSO NETTO, 2008). 
 
Para Molina (2005, p.17), 
...o papel que os governos têm desempenhado no turismo também revela mudanças 
significativas, uma vez que sua presença foi se enfraquecendo em favor de uma gestão 
empresarial mais dinâmica. Tudo isso significa afirmar, de maneira alguma, que o 
planejamento, normalmente a cargo do Estado tenha perdido sua superioridade. 
Entretanto, observam-se mudanças nos modelos para planejar, de maneira que o 
planejamento centralizado cedeu lugar a modelos descentralizados,nos quais os 
municípios, os governos estaduais e as empresas locais desempenham um papel 
relevante. (MOLINA, 2005, p.17). 
 
Neste sentido, é preciso pensar o planejamento a nível local (municipal ou agrupamento 
de municípios), considerando que estes compõem o ponto central de avaliação da atividade 
turística e se constituem como um espaço físico e de gestão delimitada que definem a 
competitividade de um destino no mercado. Desse modo, é mais passível de desenvolver sinergias 
entre as esferas pública, privada, e principalmente a comunidade receptora, visando os 
agrupamentos de forma a se constituírem destinos de maior dimensão, pensado aqui no sentido 
de regionalização. (WTO, 2006, p. 28). 
De acordo com Vignati (2012, p. 99), “no que diz respeito ao nível nacional e estadual, 
há maior preocupação com os objetivos gerais de ordem socioeconômicas”. Já a nível regional e 
municipal normalmente preocupa-se mais com a atração de turistas para a cidades, a melhoria na 
qualidade da oferta, a distribuição e aumento da renda e etc., apontando para objetivos mais 
específicos. 
Destarte, para pensar e executar o planejamento seja ele a nível nacional, estadual, regional 
ou municipal, é necessário acompanhar três fatores que têm sido determinantes no 
desenvolvimento turístico das regiões: 
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 A globalização, que elevou a concorrência, tem aumentado o número de turistas que 
devido ao encurtamento das distancias tem acesso a regiões e distintos mercados. Por 
consequência o consumo do turismo cresceu e o setor se estendeu para novos mercados. 
Desse modo, “a adaptação à nova realidade e o desenvolvimento de inovações e 
estratégias tornou-se a principal aliada para a vantagem competitiva dos destinos” 
(CARVALHO E COSTA, 2011, p. 4). 
 A sustentabilidade, passou a ser um discurso essencial, hoje é inconcebível a um 
destino pensar o planejamento das suas atividades sem levar em consideração as 
dimensões Cultural, social e ambiental da sustentabilidade. Pensar ações inovadoras 
contemplam especialmente as preocupações com o meio ambiente. Neste sentido 
Molina (2001, p.182) reforça que “a sustentabilidade não implica, sob qualquer 
circunstância, sustentar a ordem das coisas existentes, é, pois, a necessidade de mudança 
como força para manter a viabilidade tanto dos processos ecológicos como os dos 
sociais e culturais” (MOLINA, 2001, p.182). 
 As Megatendências: As Megatendências globais são processos de transformação de 
longo prazo, com amplo escopo e dramático impacto para os futuros mercados 
(ANDRADE et al., 2015). Dessa maneira, elas precisam ser identificadas e mensuradas 
dentro do contexto turístico, afim de que se tenha orientação global para o planejamento 
local. 
Desse modo, o planejamento dos destinos precisa ser pensado a luz desses fatores, com o 
objetivo de atender de maneira equitativa as necessidades dos diversos grupos de interesse e em 
resposta a uma reorganização social, econômica, territorial, e sustentável dos sistemas turísticos. 
 
3. AS MEGATENDÊNCIAS NO TURISMO 
 
As discussões a respeito das megatendências e como os paradigmas econômicos, políticos 
e sociais transformam a maneira de ofertar o turismo para as demandas, tem sido um discurso 
primordial aos gestores do Turismo, que precisam pensar globalmente para atuar e inovar 
localmente. 
Para Vignatti (2012 p. 67), 
uem trabalha olhando para o presente e para o passado conseguirá reproduzir ao 
máximo o que já existe. Já quem acompanha os sinais e as tendências do mercado terá 
maiores possibilidades de utilizar os recursos públicos com eficácia e acertar nas 
decisões estratégicas de planejamento e marketing. (VIGNATTI, 2012 p. 67) 
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Assim, pensar o planejamento turístico neste século de intensas mudanças requer um 
novo olhar do gestor. O foco é a percepção de novas oportunidades que vão surgindo a partir de 
megatendências, que provocam as transformações simultâneas de vários aspectos globais, e que 
são capazes de transformar o futuro, influenciando a maneira como se produz e se consome os 
produtos e serviços. (MARCIAL et al., 2015). 
É necessário compreender que as constantes mudanças no mundo recaem sobre a 
atividade turística e nomeadamente ao nível de produtos, serviços, e do próprio turista, que 
influenciarão a gestão e o planejamento dos destinos, de forma simultânea. (BUHALIS e 
COSTA, 2006). 
Vale destacar que é de extrema importância saber como essas tendências influenciam 
consumidores e fornecedores de bens e serviços e, consequentemente, como estes moldam o 
turismo. Quanto maior o conhecimento das tendências subjacentes ao desenvolvimento do 
turismo, maior a capacidade dos planejadores e gestores de um destino formular estratégias para 
obter vantagens competitivas. Tudo isso, em virtude de uma concorrência crescente no turismo, 
seja entre destinos em todo o mundo (entre mercados estabelecidos e de novos mercados), entre 
destinos nacionais e internacionais ou mesmo entre empresas dentro de um destino. 
A figura abaixo, traz a representação gráfica dos principais cenários para o planejamento 
turístico, estando ligados por setas de via dupla, indicando que um influencia no outro e que 
devem ser levados em consideração de modo transversal, ou seja, cada uma exerce a sua influência 
específica e que juntas compõem o conjunto de cenários(influências) macros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1: Megatendências e Cenários para o planejamento 
 
Fonte: Autora, 2017. 
 
Com o propósito de deixar a apresentação da figura mais didática, cada uma dessas 
tendências será mostrada por meio de uma narrativa que sintetize a ação delas no presente e 
futuro da atividade turística, bem como de sua importância para o planejamento, conforme 
abaixo: 
 
a) TENDÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
Planejar e analisar o ambiente globalmente a fim de atuar e inovar localmente é uma 
premissa importante a realidade do turismo. Assim, é necessário levar em consideração as 
conjunturas macroeconômicas existentes que influem diretamente no planejamento da atividade. 
“Os aspectos das conjunturas macroeconômicas tendem a estabilização parcial, à medida que os 
países firmam suas moedas, controlam a inflação e se desenvolvem” (VIGNATI, 2012, p. 68). 
Alguns aspectos são altamente relevantes enquanto tendências econômicas, tais como: 
Globalização como fenômeno de integração e transformação econômica, tecnológica e Social dos 
países, o poder econômico das organizações; Liberalização dos mercados comerciais; 
Consolidação de novos blocos econômicos; O Incremento da renda pessoal, principalmente nos 
países ricos. (VIGNATI, 2012). Além disso, “Estudos indicam que o aumento da renda é o mais 
poderoso gerador de fluxos turísticos” (DWYER et al, 2008 p. 7). 
A tendência econômica, pode ser considerada como um dos principais vetores da 
atividade, uma vez que revelam a prospecção econômica dos destinos e principalmente dos 
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turistas, ditando os novos perfis de viagens, relacionado com aspectos de possíveis gastos para a 
prática do turismo. 
 
b) TENDÊNCIAS POLÍTICAS 
 
Fatores como desregulamentação do transporte aéreo e de serviços ligados ao turismo, 
como agências de viagens e hospedagem, eliminação de barreiras e procedimentos legais para 
viagens internacionais, política de portos abertos, são exemplos de tendências políticas que tem 
sido favoráveis, há anos, ao mercado do turismo e consequentemente beneficiaram e 
oportunizaram muitos turistas a fazerem suas primeirasviagens, aumentando significativamente as 
cifras geradas pela atividade. (BENI, 2011; VIGNATI, 2012) 
Paralelo as tendências políticas anteriormente expostas, precisamos considerar também as 
crises econômicas nos países, que também mudam toda a conjuntura do planejamento, inclusive 
das políticas públicas a nível nacional, impactando consequentemente em nível local. 
O Planejamento e Gestão administrativa; Incentivo a formação de clusters; Incentivo a 
pequena e média empresa; Cooperação público privada; Foco na geração de trabalha e renda, 
também são importantes fatores que compõe as tendências políticas e que continuarão sendo 
forças altamente relevantes no turismo e que somadas as outras tendências, possibilitarão nortear 
ao planejamento e gestão dos destinos. 
 
c) TENDÊNCIAS DE DEMANDA 
 
O perfil do turista mudou, ele tornou-se mais experiente e informado. O avanço das 
tecnologias de informação e comunicação e o barateamento dos aparelhos (computadores, 
tabletes e smartphones), provocaram mudanças profundas no que diz respeito ao comportamento 
das pessoas e nas suas formas de relacionamento. 
A informação se tornou mais acessível e elemento de vital importância no processo de 
decisão de compra dos produtos turísticos. Os turistas agora são mais independentes e podem 
auto organizar seus roteiros. As novas ofertas turísticas que se fazem presentes no cenário 
contemporâneo refletem as emergências de uma economia baseada no valor simbólico, cujo 
potencial abrange as variáveis ambiente e expressões da cultura (MARCHI, 2014). 
O perfil de demanda hoje busca por qualidade social e ambiental, além disso, os 
diferentes perfis inspiram diferentes e diversos estímulos para as decisões de viagens. Os 
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profissionais da área convertem-se em “narradores de histórias, facilitando as experiências dos 
turistas” (MAZARO e PANOSSO NETTO, 2012, p 369). 
O marco fundamental nessa passagem de século é a mudança dos consumidores (turistas 
ou viajantes), com necessidades e expectativas muito maiores do que em décadas passadas, muito 
em consequência do acesso a tecnologias de informação e comunicação. Desse modo, os destinos 
precisam pensar suas estratégias para atrair as demandas, ressaltando os diferentes tipos de 
produtos, as experiências exclusivas, personalizadas, bem como as relações interpessoais 
(PEREIRA E OLIVEIRA, 2014, P.12). Já que como explica Beni (2011, p.74), “As pessoas 
vêm buscando sistematicamente produtos e serviços que causem sensações novas, prazeres e 
emoções inusitados, desprezando ofertas que não contemplem essas formas de experiência”. 
(BENI, 2011, p.74). 
Nesta perspectiva, considera-se que os elementos intangíveis merecem uma atenção 
especial nessa atual conjuntura de demanda, uma vez que são favoráveis para incorporar a 
natureza e a cultura como elemento agregador nos territórios em que a atividade turística 
represente forte peso no desenvolvimento socioeconômico e na geração de riquezas, fato possível 
devido as necessidades do novo perfil de demanda (MAZARO e PANOSSO NETTO, 2012,). 
 
d) TENDÊNCIAS DE OFERTA 
 
Se o perfil de demanda muda, consequentemente o perfil de oferta também precisa 
acompanhar essas mudanças. Uma das megatendências que mais impactarão no futuro do turismo 
é a necessidade de abrir cada vez mais novas alternativas orientadas a novos segmentos de 
mercado, uma vez que o consumo turístico tende a fragmentar-se cada vez mais, pressionando 
para a diversificação da oferta, na qual certos produtos tradicionais vão perdendo importância, 
ante a outros produtos, ou mesmo demandando uma oferta cada vez mais inovadora, diversificada 
e integrada, permitindo ao destino apresentar uma gama de opções ao turista como alternativa ao 
turismo de massa (BURNE E ANAIZ,2002, p. 4). 
Essa tendência de oferta consiste na identificação dos aspectos essenciais para o 
desenvolvimento de novos produtos turísticos e no reposicionamento dos produtos já 
consolidados. (VIGNATI, 2012, p. 69). 
Assim, são aspectos a serem vislumbrados no processo de planejamento dos destinos tais 
como: circuitos turísticos integrados os quais tenham sinergias temáticas ou espaciais entre 
produtos, combinando produtos com novos mercados de massa ou de nicho, combinando 
mercados (massa e / ou nicho) em novas vias com os mesmos produtos; Percepção dos recursos 
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como fonte finita de exploração; Gestão pública especializada; Sinergias entre o público privada e 
comunidade local; Internet como principal canal de vendas; Planejamento municipal do turismo e 
etc. 
Ao planejar é preciso considerar que quanto mais estratégias de diversificação, 
intensificação e ligação dos produtos viáveis para o turismo mais interessante para o turista e 
competitivo um destino será. A diversidade de atrativos turísticos e a sinergia que estes podem 
trazer ao desenvolvimento de um destino, provocam iniciativas regionais de incremento a partir, 
por exemplo, da economia criativa e dos produtos produzidos localmente que podem reforçar o 
destino, aumentar sua competitividade e melhorar consideravelmente a experiência do turista, 
flexibilizando as opções para as demandas consumidoras (BENUR E BRANWELL, 2015). 
O turista da atualidade busca experienciar o que há de novo e ele não quer apenas 
conhecer o lugar, mas poder fazer parte do contexto construindo suas experiências através de 
aspectos de cocriação. Dessa maneira, surgem destinos sustentáveis, turismo étnico-social, a 
economia de experiência, economia criativa, ás conjunturas de cidades inteligentes ou destinos 
inteligentes, como “novas” formas de levar o turismo para essas demandas. 
 
e) TENDÊNCIAS SOCIODEMOGRÁFICAS 
 
A tendência sociodemográfica, que dizem respeito à identificação de aspectos sociais e 
demográficos que afetam o desenvolvimento do turismo, aponta para um envelhecimento mais 
tardio da população e uma redução significativa da força de trabalho nos países desenvolvidos. 
Dessa maneira, os períodos destinados as viagens serão mais aproveitados por uma parcela da 
população que está cada dia mais disponível e interessada no lazer. (BENI, 2011) 
O aumento de população da terceira idade; os novos modelos familiares compostos por 
pais solteiros, que tem necessidades específicas quando viajam; maior consciência ecológica; 
valorização da identidade cultural são tendências a serem consideradas com vistas a 
personalização da oferta para cada um desses públicos. 
Destarte, é preciso considerar que as relações sociodemográficas impactam sobremaneira 
na preparação dos destinos para receber essas novas demandas, inclusive no tocante a 
acessibilidade, pois de forma crescente, as pessoas com mobilidades reduzidas, têm tido interesse 
por viajar. 
 
 
 
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f) TENDÊNCIAS CLIMÁTICAS 
 
A crescente demanda e a relativa escassez de recursos vêm ganhando importância nos 
debates atuais. Para Sampaio e Grimm (2016), o turismo como atividade relacionada com o 
clima, se vê afetado (positiva ou negativamente) por essa tendência em dois aspectos 
fundamentais: a mudança nas condições climáticas (temperatura, pluviometria, frequência de 
fenômenos climáticos extremos, etc.) e as mudanças que se produzem nos destinos relacionadas 
com a frequência da mudança de temperatura. 
Os mesmos autores sugerem, que as mudanças climáticas poderão afetar negativamente ao 
conjunto do sistema turístico: oferta, demanda, espaço geográfico turístico e agentes. E poderão 
aumentar as pressões para a redução do consumo de energia, exigindo ações de redução e 
ecoeficiência, tornando-se necessário desenvolver novos tipos de energiasalternativas não 
esgotáveis e tecnologias que otimizem a utilização de recursos naturais. (SAMPAIO e GRIMM, 
2016). 
Outro fator relevante seria as alterações induzidas pelo preço da energia e do transporte 
que poderá ser feito nas tarifas e nos destinos mais distantes dos núcleos emissores. Tudo isso 
repercutirá, na necessidade de estratégias para o fomento de sistemas menos poluentes, de planos 
de mobilidade sustentáveis nos destinos, estímulo às viagens de lazer e férias mais próximas da 
residência, implantação de sistema de energia renovável, sistemas de gestão ambiental e medidas 
de adaptação do setor turístico às mudanças climáticas. 
 
g) TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
 
O turismo, na sua multiplicidade de cenários, precisa considerar e acompanhar as 
inovações tecnológicas e as transformações que ela pode favorecer na atividade no que tange a 
criação de novos produtos, negócios e soluções, visando dar resposta a um consumidor cada vez 
mais global e exigente. As inovações relacionadas à tecnologia e Internet redesenharam 
profundamente a estrutura do turismo, a natureza dos produtos turísticos e experiências, a 
competitividade e o processo de criação de valor. (SIGALA e CHALKITI 2014). 
Quando nos referimos aos avanços proporcionados pelas inovações tecnológicas 
podemos considerar que estas influenciaram sobremaneira no desenvolvimento turístico, onde 
algumas mudanças foram transformadoras para a atividade chegando ao momento que estamos 
hoje. 
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Para visualizar algumas dessas mudanças poderíamos considerar: Modernização contínua 
dos sistemas de transporte aéreo, marítimo e terrestres; Digitalização, integração e globalização 
dos sistemas de reservas; Marketing e comercialização de destinos e serviços turísticos via internet; 
Informática, Internet e experiências virtuais; Fortalecimento de uso de banco de dados para o 
Customer Relationship Managment (CRM); Formação de grandes portais de distribuidores de 
serviços da oferta de transporte aéreos, hotéis e pacotes turísticos; Tecnologia agregando valor à 
experiência turística; Equipamentos projetados para a eficiência ecológica, entre outros 
(VIGNATI, 2012, p 69). 
Essas tendências no mercado tecnológico, traçadas pelo autor, nos faz perceber a 
dinâmica do turismo e as rápidas mudanças ligadas ao desenvolvimento da atividade. “ O homem 
cria a recria continuamente a uma velocidade sem precedentes, logo, é fundamental aos destinos 
turísticos perceberem as tendências globais a fim de que se torne competitivo no mercado” 
(VIGNATI, 2012, p.71). 
 
3.1. AS TECNOLOGIAS APLICADAS AO TURISMO E SUAS CONSTANTES INOVAÇÕES 
 
O panorama das tecnologias aplicadas no turismo, desde a década de 80, vem sendo 
intensificado, principalmente, por ações comerciais voltadas ao setor de agenciamento de viagens 
e turismo. Com o advento da tecnologia e da internet, os canais de distribuição eletrônica se 
ampliaram e paralelo a esse crescimento tecnológico houve o que pode ser chamado de 
comercialização online do turismo. Assim, se antes o turista planejava sua viagem através de uma 
agência, com a internet isso mudou e em virtude dessas mudanças outros segmentos, como os 
meios de hospedagens por exemplo, encontraram novas oportunidades de comercialização 
(BUHALIS E LAW, 2008). 
Algumas mudanças significativas relacionadas à evolução tecnológica e de sistemas foram 
transformadoras na atividade turística, a saber: 
Período Principais transformações e recursos tecnológicos do século XX e XXI 
1960  Sistemas computadorizados de reservas (CRS, Central Reservation 
Systems); 
 Transformação do CRS para (GDS, Global Distribution Systems); 
1970  Em 1976 o sistema SABRE foi instalado pela primeira vez numa agência de 
viagens iniciando o processo de automação nas agências. 
1987  Telefone móvel disponível para o público em geral; 
1990  Intranet, Extranet e especialmente Internet. 
 Criação das World Wide Web. 
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 “Boom” da Internet e do E-commerce 
 Desenvolvimento de web sites de Cias. Aéreas, hotéis, locadoras, etc. para 
consulta e venda; 
 Surgem também as agencias virtuais; 
1994  E-ticket passagens aéreas virtuais passaram a ser emitidas pelas agências. 
 A entrada da Web 2.0 e o “boom” das redes sociais; 
 Surgem no Japão os Qrcodes 
1995  Os sistemas de gestão de destinos (DMS, Destination Management 
Systems) 
2000  Avanços na telefonia Móvel, Podcasting, Mobile e consequentemente o 
aumento da conectividade, interatividade; 
 Desenvolvimento dos On-line Booking Tools ou Self Booking Tools; 
 União de dados de diversos sites em um único ambiente; 
 O GPS criado em 1973, tornou-se de uso público. 
2005  Surgem as plataformas digitais orientadas para o utilizador final (o 
visitante), por via do uso da World Wide Web, orientadas para a oferta de 
alojamento. 
2010  Surgem as plataformas digitais de companhias aéreas de low cost, orientadas 
para o utilizador final orientadas para a oferta de viagens 
2014  Surgem os agregadores de preços que possibilitam a comparação de cotações 
para ofertas de viagens e alojamento orientadas para o alojamento ou para 
viagens ou ambos; 
 Plataformas digitais 
2016  Emergem as plataformas digitais(diversos aplicativos) que ligam o pequeno 
operador ao utilizador final orientadas para a criação de mercados de relação 
entre oferta e procura. 
 
No campo da inovação, há muitas formas de aproveitar as tecnologias disponíveis que, 
atualmente, vão muito além dos computadores e das impressoras. Os telefones móveis cada dia 
mais tecnológicos, os sistemas globais de posicionamento (GPS), os sistemas de informações 
geográficas (SIG ou GIS), redes wireless, Qr codes, a internet e as inúmeras ferramentas de 
conectividade, interação, informação e comunicação, transformaram radicalmente as formas de 
oferecer e de consumir os diversos serviços ligados ao turismo. 
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Os softwares, que de acordo com Pressman (2010), é um conjunto composto por 
instruções de computador, estrutura de dados e documentos, oferece o mais importante produto 
da atualidade: a informação. Eles facilitam a partilha de conhecimento, ideias e opiniões e permite 
aos destinos interagir com o conteúdo da web em vez de simplesmente transmitir informações 
sobre viagens. Além disso possibilitam ao turista programar seus roteiros a partir das inúmeras 
plataformas disponíveis. 
As Tecnologias da Informação e comunicação (TIC’s), além de alterar as relações 
comerciais, também estão alterando as relações entre as pessoas e o lazer, configurando-se uma 
tendência de peso que permanecerá sendo um potencial aliada a evolução do turismo. Essa 
tendência também pode ser observada no crescimento e popularização de redes sociais, como o 
Facebook, Youtube, Instagram, Snapchat Linkedin, Twitter, What’sApp, em todo o mundo 
devido ao uso dos aparelhos celulares cada dia mais conectados à internet. (MARCIAL et al., 
2015). 
Na atualidade, o impacto direto e indireto da evolução dos sistemas tecnológicos no 
turismo, proporciona o aumento da produtividade e eficiência das empresas, favorece a 
comunicação entre as organizações, melhora consideravelmente a mobilidade dos turistas, e 
produz impactos sobre o comportamento do consumidor trazendo uma gama de informações 
sobre viagens na qual podem decidir seus próprios destinos de acordo com suas preferências e 
motivações. 
A ideia de compartilhamento, seja de informações ou até mesmo do espaço é também uma 
tendência oportunizada pela internet que através das plataformas digitais tem possibilitado a 
popularização de sites como Expedia e Decolar.com, nas reservasde bilhetes aéreos, o Trivago e o 
Booking na reserva de hotéis, o Grubster para reservas e descontos em restaurantes, o Airbnb que 
oferecem hospedagens ao estilo cama e café, o Uber com o serviço diferenciado de táxi. Esse 
conceito de compartilhamento para viajantes tornou-se uma parte indissociável destas novas 
formas de pensar o Turismo, não só por serem uma opção muitas vezes mais barata, mas também 
por promoverem a experiência do turista no destino em que visita. 
A incorporação das tecnologias da informação e comunicação continuarão a produzir 
ganhos significativos de eficiência nas economias desenvolvidas, que podem adotar e produzir 
novas “coisas” a partir das tecnologias. Assim, é preciso repensar estratégias de valorização do 
setor promovendo a sua atratividade e competitividade no contexto Nacional e Internacional. 
Tendo em vista esses aspectos, é imprescindível considerar que ás inovações, 
especialmente ás inovações tecnológicas são fatores primordiais para a competitividade de um 
destino, muito em virtude dos novos cenários propostos pelas tendências, e nesse “cenário 
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tecnológico”, o discurso e as transformações estão ligadas aos conceitos das cidades e destinos 
inteligentes, estabelecendo assim uma total relevância. 
 
4. PROJEÇÕES PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO DE DESTINOS 
 
Só com o entendimento das conjunturas econômicos, sociais, políticos, internacionais, 
nacionais, regionais, e locais, da atualidade é possível desenhar o quadro futuro resultante da 
realidade presente (BRAGA, 2007). 
O olhar estratégico e a compreensão do contexto macro, são sem sombra de dúvida, vital 
para o planejamento de um destino. Se posicionar para aproveitar da melhor forma estas 
mudanças, e se adaptar aos novos contextos, é um caminho mais provável de se chegar a 
resultados positivos. Desse modo, as partes interessadas do turismo, o setor público e privado, 
precisam garantir que políticas e estratégias no planejamento do turismo, sejam consistentes e 
exequíveis com as tendências e fatores que estão moldando o comportamento dos turistas. 
A figura abaixo traz a apresentação de uma estrutura, proposta, em que as megatendências 
exercem influência e consequentemente impactam na atividade Turística, trazendo resultados 
significativamente melhorados. 
 
Figura 2: Projeções para o planejamento e a gestão de destinos 
 
Fonte: Autora, 2017 
Essas Megatendências possibilitam as previsões no turismo, a compreensão dos novos 
valores que estão sendo constantemente desenvolvidos na atividade e o acompanhamento das 
inovações tecnológicas. Todos esses aspectos são importantes orientações para elaboração e 
execução do planejamento, uma vez que possibilitam o desenvolvimento de ofertas para demandas 
específicas, uma gestão do turismo baseada na inovação, tornando o destino mais competitivo. 
 
 
Compreensão 
dos valores 
turísticos 
Previsões do 
turismo 
Planejamento 
do Turismo 
Gestão do 
turismo baseada 
na inovação 
Desenvolvimento 
de ofertas 
específicas 
 
Destino turístico 
mais competitivo 
Desenvolvimento 
tecnológico 
Megatendências: 
 
Econômicas 
Políticas 
Oferta 
Demanda 
Sociodemográficas 
Tecnológicas 
Mudanças 
climáticas 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao analisarmos detidamente as relações entre a inovação no turismo, o planejamento e as 
megatendências, e em particular as tendências tecnológicas é perceptível que elas podem gerar 
muitos efeitos nos diferentes destinos turísticos. Dessa maneira, torna-se necessário medidas no 
planejamento para adaptar-se às mudanças, adotando ações para enfrentar os possíveis cenários 
presentes e futuros, objetivando minimizar os impactos negativos que o turismo produz e 
maximizando os níveis de atratividade dos destinos, com vistas a tornar-se mais competitivo. 
Ressalta-se, ademais, que as megatendências são transversais e uma influencia a outra 
mutuamente. Logo, percebe-se que uma análise macro possibilita aos planejadores, gestores e 
operadores adotarem como estratégias as principais tendências no planejamento a fim de obterem 
diferenciais inovadores e vantagens competitivas para os seus destinos. 
Vale destacar, que foi percebido durante a pesquisa que a evolução tecnológica tem 
permeado os cenários turísticos no tocante as relações de mercado (empresa/turista/destino), 
mas ainda não chegou de maneira específica na gestão pública, a fim de trazer propostas de 
inovação que facilitem, inclusive o planejamento e a Gestão dos municípios, pólos e regiões 
turísticas. Fato que revela, a necessidade de softwares que proporcionem aos gestores a 
possibilidade de planejar, gerir, ordenar e promover a atividade turística do seu destino de forma 
automatizada e consequentemente inovadora. 
Por fim, usando as palavras de Mazaro e Panosso Netto (2011, p. 369), percebe-se que: 
“Tudo o que for relacionado ao lúdico e ao sonho terá êxito na indústria do futuro”. Assim, a 
experiência que se propõe ao turista nos dias atuais deve ser única, original e inovadora 
(MAZARO E PANOSSO NETTO, 2011, p. 369). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RECEBIDO EM 12/02/2017 
APROVADO EM 16/07/2017 
 
 
Eliane Avelina de Azevedo 
Discente do curso de Mestrado em Turismo do Instituto Federal 
de Sergipe. E-mail: elianeavelina@yahoo.com.br. 
 
Endereço para correspondência 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe 
Av Engenheiro Gentil Tavares da Mota, 1166, Getúlio Vargas 
CEP 49055-260 
Aracaju - Sergipe 
 
 
 
Jaime José da Silveira Barros Neto 
Professor Doutor. Orientador do Mestrado em Turismo do 
Instituto Federal de Sergipe. E-mail: jaimesbn@gmail.com 
 
Endereço para correspondência 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe 
Av Engenheiro Gentil Tavares da Mota, 1166, Getúlio Vargas 
CEP 49055-260 
Aracaju - Sergipe 
 
 
 
https://www.anptur.org.br/anais/anais/v.12/DPD1/357.pdf
http://media.unwto.org/en/content/understanding-tourism-basic-glossary

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