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1 PLANEJAMENTO DO SERVIÇO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR ............................................................... 9 GESTÃO DE PESSOAS ........................................................................ 11 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ....................................... 13 EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENFERMAGEM ................................. 16 O SEC – SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DA AHCI ............. 21 O SEC NA ÓTICA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ............................. 22 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES QUE VISEM MELHORAR A EFICÁCIA DO SEC .................................................................................................................. 36 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO CONTINUADA ......................... 42 EDUCAÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃO DOS ADULTOS ............... 44 TIPOS E FORMAS DE EDUCAÇÃO CONTINUADA............................. 47 EDUCAÇÃO CONTINUADA E ENFERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA 49 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 53 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Nas instituições hospitalares, a Enfermagem desempenha importante papel na preparação da infraestrutura para a realização segura e eficaz dos procedimentos médicos e de enfermagem, além de ações assistenciais, orientação e educação preventivas, visando ao autocuidado, facilitando a reintegração social do paciente. No Brasil, a equipe de enfermagem representa o percentual mais significativo de pessoal, chegando a atingir em alguns casos cerca de 60% nas instituições hospitalares. A maioria das instituições de saúde tem um setor denominado “educação continuada ou contínua” ou “educação em serviço” que, para desenvolver suas atividades necessita de recursos naturais, financeiros, físicos e, sobretudo, humanos. A Organização Pan-americana de Saúde - OPAS recomenda que um profissional (enfermeiro) seja o coordenador e responsável por este Setor, diretamente envolvido com o atendimento às necessidades de desenvolvimento pessoal e profissional. A participação dos enfermeiros é essencial, porque eles mantêm contato direto e permanente com a equipe de enfermagem, o que possibilita perceber a realidade e avaliar suas necessidades. Nos hospitais, a qualidade se impõe da mesma forma como na mundialização dos mercados, no aumento da oferta e na diversificação das tecnologias. Qualidade no hospital não tem o mesmo sentido que na indústria, onde ela expressa a conformidade de uma peça ou produto a uma norma ou especificação preestabelecida. O hospital, como outras empresas de serviços, está sujeito ao humano, à imprevisibilidade das situações, à particularidade das ocorrências e exigências, o que não invalida as normas, apenas exige maior atenção para observar, escutar, imaginar e antecipar ajustamentos e adaptações. 4 É importante refletir que as instituições hospitalares necessitam ter “uma qualidade melhor”. Nesta tarefa, todos têm sua função e responsabilidades, pois o paciente tem o direito ao diagnóstico e tratamento, administração dos medicamentos, leito e roupas, iluminação e ventilação, alimentação, comunicação, limpeza, técnicas para evitar infecções, por vezes fatais, entre outros serviços, não de qualquer jeito ou como favor, mas como direito e com qualidade. Nos serviços de saúde, os processos educativos visam ao desenvolvimento dos profissionais por uma série de atividades genericamente denominadas de capacitações, treinamentos e cursos emergenciais ou pontuais, estruturados e contínuos. O saber fazer deve ser um saber fazer bem, que leve em conta os aspectos técnicos, políticos e éticos. Para o profissional de saúde, não basta saber é preciso “articular responsabilidade, liberdade e compromisso”. Nessa direção nos processos educativos é preciso pensar em interação, não apenas entre campos de saberes, mas entre os profissionais das diversas áreas de conhecimento. Pela reflexão e crítica num trabalho interdisciplinar, é possível construir uma nova consciência da realidade do pensar com a troca, a reciprocidade e a integração entre diferentes áreas, objetivando a resolução de problemas de forma global e abrangente. “A interdisciplinaridade é uma condição para uma educação permanente” que exige mudança de atitude individual e institucional. Assim, a Educação Continuada é um conjunto de práticas usuais que objetivam mudanças pontuais nos modelos hegemônicos de formação e atenção à saúde. É “um processo que busca proporcionar ao indivíduo a aquisição de conhecimentos, para que ele atinja sua capacidade profissional e desenvolvimento pessoal, considerando a realidade institucional e social”. A Educação Permanente tem evoluído em seu conceito e no contexto dos sistemas de saúde. Assim trata-se de um processo permanente que promove o desenvolvimento integral dos profissionais do setor, empregando os acontecimentos do trabalho, o ambiente normal das atividades em saúde e os 5 estudos dos problemas reais e do cotidiano e situações mais apropriadas para atingir uma aprendizagem significativa. As empresas devem buscar a capacitação e o desenvolvimento de seus quadros, pois observa-se que, atualmente nas organizações hospitalares, o contraste entre necessidades e realidade é acentuado. Desse modo, um programa de educação voltado aos profissionais de enfermagem requer um planejamento dinâmico, participativo, interdisciplinar com objetivos definidos, buscando atender diretamente as necessidades da organização e dos profissionais. Assim, o objetivo do presente estudo consiste em analisar o Programa de Educação Continuada de um Hospital de Apoio ao Ensino no município de São Paulo, tendo em vista levantar subsídios para seu aprimoramento em uma perspectiva interdisciplinar. A qualificação profissional tem como um de seus principais objetivos “a atualização e o aprimoramento em razão das constantes mudanças nos campos científico e tecnológico visando o atendimento das necessidades que os profissionais apresentam em seus processos de trabalho” (BRAGA; MELLEIRO, 2009, p.1217). Para Bezerra (2003 apud SILVA; SEIFFERT, 2009, p. 363) a Educação Continuada é o “processo que propicia ao indivíduo a aquisição de conhecimentos para que atinja sua capacitação profissional e desenvolvimento pessoal, considerando a realidade institucional e social”. Conforme Castilho (2000) a educação continuada na área de recursos humanos necessita de atençãocontínua, no sentido de preparar as pessoas para enfrentarem as mudanças e os novos desafios, no intuito de conciliar as demandas de desenvolvimento pessoal e grupal com a organização e a sociedade. Nas instituições hospitalares, “a enfermagem desempenha importante papel na preparação da infraestrutura para a realização segura e eficaz dos procedimentos médicos e de enfermagem, além de ações assistenciais, orientação e educação preventivas, visando ao autocuidado, facilitando a reintegração social do paciente” (SILVA; SEIFFERT, 2009, p. 363). 6 Em 1991 no Brasil, em São Paulo, surgiu uma Sociedade Brasileira de Educação Continuada e Enfermagem - SOBRECEN, onde enfermeiras da ABEN perceberam a necessidade de melhorarem o serviço de Educação Continuada, em vista da qualidade deste tipo de programa nas instituições de saúde. Diante disso, a procura pelo trabalho desenvolvido foi tanto que após um ano criaram o Núcleo de Interesse em Educação Continuada de Enfermagem (NIECEN). Na atualidade, a sociedade integra profissionais de todo o Brasil, onde marcam presença em congressos e simpósios (FLORES; ILHA, 2001). A educação continuada na visão de Silva et al (1989) citados por Farah (2003, p.03) deve ser entendida “como conjunto de práticas educacionais planejadas no sentido de promover oportunidades de desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais efetivamente e eficazmente na sua vida institucional”. A educação continuada está voltada para melhorar ou atualizar a capacidade do indivíduo, em função das necessidades dele próprio e da instituição em que trabalha. Na avaliação da qualidade em saúde um dos referenciais, amplamente empregado pelos pesquisadores e órgãos governamentais, é o Modelo Donabediano, que contempla a análise do tripé estrutura- processo- resultado. Nesse modelo, o item estrutura corresponde às características relativamente estáveis das instituições: área física, recursos humanos, materiais e financeiros, bem como o modelo organizacional. O item processo refere-se ao conjunto de atividades desenvolvidas na produção em geral, e no setor saúde, nas relações estabelecidas entre profissionais e usuários dos serviços – desde a busca de assistência até o diagnóstico e o tratamento. Finalmente, o item resultado diz respeito às características dos produtos ou serviços, cuja qualidade se traduz nos efeitos na saúde do cliente e da população (DONABEDIAN, 1992, apud YURI; TRONCHIN, 2010, p. 332). Calcada na ideia de aferir os processos de trabalho e a qualidade do serviço de educação continuada em enfermagem, por meio da tríade avaliativa: estrutura, processo e resultado, constituintes do Modelo Donabediano, acredita- se que o desenvolvimento de uma investigação enfocando esta temática é de 7 extrema relevância para os diversos profissionais da enfermagem como forma de promover o desenvolvimento de ações de educação continuada na enfermagem dentro das instituições de saúde de forma eficiente e eficaz. Diante do exposto, o tema deste estudo é Educação Continuada numa Organização Hospitalar, circunscrito aos enfermeiros e técnicos em enfermagem. O Programa de Educação Continuada em Enfermagem da buscou conhecer a percepção de enfermeiros e técnicos em enfermagem com este acerca do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem de um hospital geral. A educação continuada em enfermagem é uma das estratégias para promover o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos profissionais de enfermagem nas instituições de saúde. É um dos caminhos para uma assistência de qualidade, respeitando-se o paciente e o profissional, integrando o processo produtivo ao educativo, por meio do ensino em serviço. A enfermagem é uma das profissões que requer constante atualização profissional para acompanhar a evolução tecnológica e científica presente tanto no diagnóstico das doenças quanto no tratamento. Braga e Melleiro (2009) desenvolveram um estudo sobre a percepção da equipe de enfermagem acerca de um serviço de educação continuada de um hospital universitário, enquanto que Bezerra et al (2012) avaliaram o processo de educação continuada na visão de enfermeiros de um hospital universitário e Silva e Seiffert (2009) realizaram um estudo de caso na perspectiva quali-quantitativa em um hospital de apoio ao ensino no município de São Paulo. Ambos os estudos tiveram como cenário um hospital universitário. Os estudos supracitados evidenciam que o serviço de educação continuada em enfermagem não está implantado em todas as organizações hospitalares, sendo comum em 10 organizações de saúde públicas voltadas ao ensino e pouco presente em instituições privadas ou filantrópicas. 8 As razões que instigaram a discutir esta temática são pontuadas pela relevância teórica e prática deste sistema, o qual está em funcionamento há 11 anos na organização hospitalar; por neste momento atuar como enfermeira responsável por este programa e por acreditar que conhecer a ótica da equipe de enfermagem acerca de um sistema de educação continuada em enfermagem de um hospital geral privado traga contribuições para melhorar a resolubilidade das ações de educação continuada no âmbito hospitalar. 9 ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR As organizações desempenham papéis importantes nos mais variados setores da sociedade, sejam públicas, privadas ou sem fins lucrativos, desenvolvem modelos para estruturar suas atividades que influenciam o comportamento dos seus membros. As organizações hospitalares são consideradas organizações complexas tanto com vistas a sua estrutura quanto às relações sociais de trabalho (EVERALDO; SILVA; PESSOA, 2013). Os avanços tecnológicos e o aparecimento da medicina científica, entre o final do século XIX e início do século XX, vêm provocando uma verdadeira revolução na função dos hospitais, que deixaram de ser um local onde os pobres e os doentes eram deixados para morrer, se transformando em uma instituição destinada ao cuidado e tratamento de enfermidades, com infraestrutura suficiente para oferecer atenção médica à sociedade, buscando soluções para os problemas de saúde da comunidade (RUTHES; CUNHA, 2007 apud LEMOS; ROCHA, 2011, p. 02). Conforme Dieng et al (2007) esses avanços mudaram o ambiente das empresas, inclusive das empresas hospitalares, surgindo a necessidade de um gerenciamento também inovador, sistematizado, que invista na gestão de custos, oferecendo instrumentos para tomada de decisões, pois não basta a modernização através da tecnologia, se não houver planejamento e estratégias. Com o intuito de atender às demandas do processo assistencial e gerencial, faz-se necessário que se implante nos hospitais um modelo de gestão que aperfeiçoe o processo gerencial hospitalar, que é visto hoje como uma empresa (BURMESTER et al, 2007, apud LEMOS; ROCHA, 2011). Nos dias atuais, as funções e objetivos das organizações hospitalares possuem como fim comum o atendimento ao paciente, tendo como função principal, proporcionar serviços de qualidade com os recursos disponíveis adequados às necessidades da sociedade, atendendo aos doentes, promovendo a educação profissional, conduzindo a pesquisas e exercendo a medicina preventiva e curativa (GONÇALVES, 1998). 10 Para Forgia e Couttolenc (2009), os hospitais são as engrenagens principais do sistema de prestação de serviços de saúde, além de serem responsáveis por todas as internações, oferecem uma ampla gama de atendimentos ambulatoriais e empregam 56% de todos os profissionais de saúde, consumindo 67% do gasto total com a saúde e 70% dos gastos públicos na área de saúde. Neste contexto, Ribeiro (1993, p. 30) afirma que um hospital “seja ele público ou privado, representa a emergência de interesses submersos daprodução industrial na Saúde”, apesar de seu resultado mais aparente ser o cuidado ao doente. Ainda para o mesmo autor supracitado o hospital contemporâneo possui muitas missões, dentre estas se empenhar em manter a vida dos ameaçados pela morte; formar e qualificar profissionais; recuperar a forca de trabalho, a fim de devolvê-la ao mercado; e reproduzir capital, constituindo-se em uma empresa que realiza atividade econômica. Os hospitais estão entre os organismos mais complexos de serem administrados. Neles estão reunidos vários serviços e situações simultâneas: hospital é hotel, lavanderia, serviços médicos, limpeza, vigilância, restaurante, recursos humanos, relacionamento com o consumidor. De certa forma, é natural que todos esses organismos fossem, cada vez mais, regidos por leis, normas, regulamentações e portarias, vindas de diversos órgãos e instituições – um arcabouço legal cada vez mais dinâmico e variado (CELESTINO, 2002, p. 01). Os hospitais são classificados como organizações prestadoras de serviços, de grande utilidade e importância para a comunidade em geral. Nessas organizações, “o trabalho é marcadamente complexo, compreendendo grupos profissionais de diferente capacitação e formação, mas que estão organizados, predominantemente, em torno de uma base hierárquica composta de especialidades e por especialistas em setores de operação médica, técnica e administrativa” (SENHORAS, 2007, p.46). 11 As organizações hospitalares têm muito que caminhar na gestão hospitalar, sendo vital que os gestores percebam sua necessidade e importância, a fim de subsidiarem adequadamente o processo decisório e buscarem a sustentabilidade econômica destas organizações, mantendo-as no cenário competitivo de cuidados com a saúde, seja da iniciativa privada ou pública, mantendo seus equipamentos e acompanhando os avanços da área. Sendo necessário, que os hospitais se adéquam às constantes transformações, revendo seus processos e modernizando seus modelos de gestão, para alcançar resultados que garantam sua continuidade no mercado (LEMOS; ROCHA, 2011). GESTÃO DE PESSOAS A expressão gestão de pessoas aparece no final do século XX, com o intuito de substituir o termo Administração de Recursos Humanos, ou seja, designa o modo de lidar com as pessoas nas organizações. “Gestão de pessoas é uma função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais” (GIL, 2001, p. 17). Dutra (2002) define a gestão de pessoas com um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo. Para Chiavenato (2010), a gestão de pessoas refere-se às políticas e práticas necessárias ao gestor para administrar o trabalho das pessoas, tais como: recrutamento, seleção, integração, remuneração, avaliação, desenvolvimento, entre outras. A Gestão de Pessoas (GP) é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de 12 gestão utilizado e de uma infinidade de outras variáveis importantes (CHIAVENATO, 2010, p. 8). Os autores Biles e Schuler (1986) citados por Chiavenato (2010) consideram que a moderna Gestão de Pessoas se baseia em alguns aspectos fundamentais, considerando as pessoas como seres humanos, ativadores de recursos organizacionais, parceiros da organização, talentos fornecedores de competências e capital das organizações. As pessoas constituem o principal ativo da organização, por isso quando uma organização está voltada para as pessoas, a sua filosofia global e sua cultura organizacional passam a refletir essa crença. A Gestão de Pessoas é a função que permite a colaboração eficaz das pessoas (empregados, funcionários, recursos humanos, talentos) para alcançar os objetivos organizacionais e individuais (CHIAVENATO, 2010). O autor Demo (2010, p. 63) afirma que “as políticas de GP devem criar organizações que sejam mais bem equipadas para executar estratégias, operar com eficiência, envolver os funcionários e gerenciar a mudança, uma vez que, esses são os elementos da organização competitiva”. (...) políticas de GP são importantes na medida em que estão alinhadas às metas da organização e fornecem as condições para que as pessoas contribuam efetivamente para o alcance de resultados superiores. A GP também não deve mais ter papel tradicional de suporte, mas, sim, constituir competência essencial no alcance dos objetivos e resultados organizacionais e individuais, uma vez que os recursos humanos são valiosos e constituem uma fonte de vantagem competitiva (DEMO et al, 2011, p.17-18). Em suma a área de Gestão de Pessoas das organizações destaca-se com a importante função estratégica de promover o desenvolvimento do capital intelectual, com habilidade no trato comportamental, alinhando as necessidades individuais aos objetivos organizacionais (JÚNIOR, 2009). 13 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS Mediante a aprovação da Lei Nº 9.394, de 20/12/1996, a formação dos trabalhadores de saúde adotou a perspectiva das competências profissionais, iniciando-se legalmente o processo de reforma da educação brasileira, objetivando que as reformas curriculares reorientem a prática pedagógica organizada em disciplinas para uma prática voltada para a construção de competências (BRASIL, 1996). Para Marques e Egry (2011) o conceito de competência profissional, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) surgiu nos anos 60 nos Estados Unidos e o conceito de formação e qualificação baseada em competências surgiu nos Estados Unidos nos anos 60 e na Inglaterra nos anos 80. Deluiz (2001 apud MARQUES; EGRY, 2011) refere que a discussão acerca do modelo das competências tem início no mundo empresarial a partir dos anos oitenta, diante do contexto de crise estrutural do capitalismo nos países centrais. O enfoque das competências invade o mundo da educação a partir dos questionamentos feitos ao sistema educacional diante das exigências do sistema produtivo. A noção de competência é fortemente polissêmica, tanto no mundo do trabalho quanto na esfera da educação e essa polissemia decorre de diferentes visões teóricas. Conforme Domenico e Ide (2006) são muitos os autores de diversas áreas que buscam conceituar as competências e trazê-las para os campos do ensino e do trabalho, dentre eles o sociólogo suíço Philippe Perrenoud. Para Perrenoud (1999), as competências não são ensinadas, elas são construídas por meio de uma prática, uma prática reflexiva. Tanto o seu desenvolvimento como a sua avaliação, exige a criação de situações específicas. Neste sentido, analisar a construção de competências a serviço da profissionalização significa estabelecer relações entre as competências específicas e suas expressões na trajetória histórica da profissão, como 14 condição fundamental para o reconhecimento social do ofício em si e, consequentemente, do trabalhador (DOMENICO; IDE, 2006). Para Perrenoud (1997) citado por Silva e Sena (2006, p.115) “definir competências é uma tarefa difícil, necessita passar da análise das práticas a um inventário razoável das competências consideradas como essenciais constitutivas do corpo da profissão”. Competência é “uma aptidão para enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de forma correta, rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos: saberes, capacidades, microcompetências, informações,valores, atitudes, esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio” (SILVA; SENA, 2006, p.115). Por sua vez Fleury e Fleury (2000) definem competência como um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Com relação aos conceitos acerca de competência acadêmica e competência didática, Demo (1998, p.13), traz como definição: Entendemos por competência a condição de não apenas fazer, mas de saber fazer e, sobretudo de refazer permanentemente nossa relação com a sociedade e a natureza, usando como instrumentação crucial o conhecimento inovador. Mas que fazer oportunidade, trata-se de fazer-se oportunidade. O desenvolvimento profissional deve ser visto como aporte para o domínio dos saberes didáticos e o entrelaçamento da competência acadêmica com a competência didática. Os autores Pimenta e Anastasiou (2002) referem que é preciso avançar no processo de docência e desenvolvimento profissional, mediante a preparação pedagógica e institucional dos docentes e instituições de ensino. O aprender e o ensinar são duas atividades unificadas pela relação que se estabelece entre o agente formador (professor) e o aprendiz (aluno) centrado em duas bases unidirecional: interação e respeito. 15 Sobre interação apontamos a relação gerada no âmbito do recinto da sala de aula, quando apoiada na confiança e empatia mútua encontra no antagonismo de seus interesses e necessidades caminhos que os guiem ao encontro harmonioso do eu-outro como condição inerente às aprendizagens. Quanto à segunda base, reflete as conquistas adquiridas nas circunstâncias vivenciadas e que foram se consolidando através das relações e do equilíbrio entre as emoções e os valores (VASCONCELLOS; AMORIM, 2008, p. 06) Rodrigues e Reis (2000) relatam que a formação de recursos humanos em profissões como a Medicina, a Odontologia e a Farmácia, dentre outras, ligadas à saúde, vem apresentando algumas dificuldades comuns com relação ao perfil dos alunos egressos. Sendo possível detectar a existência de certo consenso acerca da necessidade de preparar profissionais realmente voltados para atender aos principais anseios e necessidades da maior parcela da população. [...] as constantes modificações pelas quais passa a sociedade, com as tendências da globalização, geram um desejo de questionamento com relação ao ensino e a sua capacidade de acompanhar a evolução tecnológica, para preparar o aluno e transformá-lo no profissional competente. Já se preocupa com a eficácia dos métodos pedagógicos e com a qualificação didática dos docentes, rompendo-se com a tradição de só avaliar o estudante, uma vez que este não é o único responsável pelo seu rendimento. Busca-se substituir as formas tradicionais de ensino, pois já se tem consciência de que a quantidade de informação não é parâmetro de qualidade. A sociedade exige que, além de um desempenho profissional técnico e cientificamente satisfatório, o recém-formado também seja ético e humanisticamente conduzido, valorizando os aspectos afetivo-emocionais (ARRUDA, 1999a, apud RODRIGUES; REIS, 2000, p. 01). Domenico e Ide (2006, p.395) referem que “educar para o exercício de uma profissão compreende conferir ao aluno conhecimentos peculiares que possam garantir-lhe sobreviver no próprio grupo 16 profissional, como também no conjunto formado por outras profissões existentes num determinado espaço social”. Perrenoud (2000 apud DOMENICO; IDE, 2006, p.395) considera que “as competências obtidas com a formação profissionalizante possuem uma certa generalidade, permitindo ao indivíduo confrontar a prática com situações de trabalho que, a despeito da singularidade de cada um, poderão ser dominadas”. Os conhecimentos, as competências e as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho mudam constantemente, por isso as instituições de ensino precisam preparar-se para acompanhar e reorganizar-se com base na concepção de conhecimento, operando com teorias de aprendizagem e formas de organização do ensino que superem as práticas pedagógicas tradicionalmente centradas na memorização e na reprodução de informações ou no treinamento para saber fazer, já que a demanda que hoje se coloca é pela formação de cidadãos pensantes e criativos (NASSIF; HANAZHIRO; TORRES, 2010). EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENFERMAGEM Para Souza e Ceribelli (2004, p.768) “a Educação Continuada (EC) é uma das formas de se proporcionar o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos recursos humanos das instituições”. Na área de saúde observa-se, também, a necessidade de educar os profissionais de enfermagem para que se ofereça melhor assistência ao paciente que depende dos serviços da organização hospitalar. A enfermagem é uma profissão que requer constante atualização, devido à evolução tecnológica e científica. Nesse sentido, a enfermagem utiliza, muitas vezes, o serviço de EC para oferecer aos seus funcionários conhecimentos para uma atuação eficaz (SOUZA; CERIBELLI, 2004, p.768). A importância da Educação Continuada como fator de mudanças é relatada desde 1974, e a Assembleia Mundial de Saúde já alertava sobre a necessidade de se desenvolver sistemas nacionais de EC para os profissionais da saúde (OGUISSO, 2000). 17 Para Bagnato (1999), a educação continuada é um dos caminhos para uma assistência de qualidade, respeitando-se o paciente e o profissional. Engloba programas de ensino que proporcionam aos trabalhadores oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades em suas ações profissionais, de forma a integrar o processo produtivo ao educativo, contemplando as necessidades da instituição, as expectativas de elaboração de conhecimentos, experiências que vão além das exigências profissionais imediatas, respeitando as particularidades individuais. Na enfermagem, a responsabilidade de atualizar e de capacitar os profissionais está ligada ao Serviço de Educação Continuada (SEC), que deve preocupar-se com as características de aprendizagem enquanto um processo dinâmico, contínuo, global, pessoal, gradativo e cumulativo (CARVALHO; ROSEMBURG; BURALLI, 2000). Na visão de Bezerra (2002) e Lorencette (2002) o enfermeiro atuante no SEC constitui-se num agente de mudanças, que interage com toda a equipe de enfermagem mediante as estratégias para sua capacitação e aprimoramento das suas ações, estimulando a integração e desenvolvimento desses profissionais. Assim, “os serviços de enfermagem necessitam de propostas que permitam gerenciar as ações, os processos de trabalho e os recursos relacionados à assistência” (BRAGA; MELEIRO, 2009, p. 1217). As diretrizes gerais para a educação dos profissionais de saúde do século XXI citam que a formação destes profissionais deve ser norteada pela definição de áreas de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que possibilitem a atuação e a interação multiprofissional. Além disso, o desenvolvimento de competências deve estar voltado à busca da integralidade da atenção em saúde, com o intuito de formar profissionais com aptidões para a tomada de decisões, comunicação, liderança, gerenciamento e educação permanente em saúde (BRASIL, 2001, apud SILVA; SENA, 2006). 18 Na ótica da complexidade do ser humano e do mundo do trabalho da enfermagem, a construção do conhecimento no próprio ambiente de trabalho possibilita tanto a mudança e a renovação dos serviços, como a otimização da qualidade do cuidado prestado (CECAGNO, 2009, p. 464). A incubadora de aprendizagem é um método inovador e busca unir a prática com a teoria, conforme descreve Cecagno et al (2009, p. 464): A incubadora de aprendizagem é constituída por pessoas que acreditam em mudanças no ambiente deaprendizagem, com estrutura e pessoal, para agir como um centro capaz de sustentar a teoria, ao mesmo tempo em que conduz a um trabalho educacional prático, coerente e avançado. Sobre o método de Incubadora de Aprendizagem, Cecagno et al (2009, p.464) descrevem que “a Incubadora de Aprendizagem representa um novo modo de aprender, isto é, uma aprendizagem integrada com a mudança/inovação, buscando criar e agregar tecnologias à prática do cuidado no e com o ambiente de trabalho”. A avaliação de programas e serviços de saúde configura-se como uma dessas propostas, sendo um processo que determina a extensão do alcance das metas e dos objetivos e de como esse processo avaliativo, técnico e administrativo fornece subsídios para uma tomada de decisão (TRONCHIN; MELLEIRO; TAKAHASHI, 2005). Conhecer a percepção de enfermeiros e técnicos em enfermagem acerca do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da Associação Hospitalar de Caridade Ijuí, por meio de uma pesquisa com abordagem qualitativa constitui- se em uma forma de avaliar a eficiência e a eficácia das práticas desenvolvidas por este Sistema de Educação no âmbito do desenvolvimento de competências profissionais Para a realização deste estudo, foram respeitados os preceitos estabelecidos na Resolução CNS Nº 466/2012 de 12 de dezembro de 2012, que dispõe sobre os parâmetros para a pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). Inicialmente, o projeto foi encaminhado para a AHCI para solicitar a autorização para a pesquisa, tendo o consentimento da instituição (Anexo A). 19 Após o Projeto foi encaminhado para a Comissão de Ética em Pesquisa da UNIJUÍ para avaliação, sendo aprovado mediante Parecer Consubstanciado do CEP Nº 623.406. Para tanto, foi elaborado para as entrevistas um termo de consentimento livre e esclarecido no qual consta a identificação do projeto, os direitos assegurados aos participantes no que se refere ao anonimato das informações e a garantia de liberdade do entrevistado, em qualquer momento, deixar de participar da pesquisa sem nenhum dano pessoal. O termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado em duas vias, e rubricado em todas as folhas, ficando uma delas para o entrevistado e a outra via guardada com o entrevistador. As informações coletadas serão utilizadas somente para a construção do conhecimento científico, podendo os resultados do estudo ser publicados em eventos científicos na comunidade acadêmica e da área da saúde em geral. O material gravado e a transcrição dos relatos serão armazenados pelo entrevistador sob sua responsabilidade pelo espaço de cinco anos, em CD e a transcrição dos relatos do formulário será guardada em uma pasta, respeitando as normas da construção científica. Após, findado este prazo previsto, os referidos materiais serão destruídos e incinerados. A identidade dos participantes da pesquisa foi preservada, pois os dados coletados, tanto por meio das entrevistas quanto da análise dos documentos, foram codificados, impossibilitando a identificação dos autores das informações. Com o intuito de manter o anonimato dos entrevistados, ao realizar a análise e interpretação dos dados, os participantes do estudo foram agrupados e identificados pela letra E de entrevistado (a), seguida do número da entrevista realizada (E1, E2, E3, e assim sucessivamente). A partir do depoimento dos participantes do estudo e a análise dos conteúdos da transcrição, emergiram categorias temáticas que versam sobre a percepção da equipe de enfermagem acerca do sistema de educação continuada, descritas a seguir na apresentação e discussão dos resultados. 20 Nesta etapa encontram-se os estudos oriundos da pesquisa documental, bibliográfica e de campo, iniciando com a organização, objeto de estudo e as categorias de análise. A AHCI – ASSOCIAÇÃO HOSPITAL DE CARIDADE IJUÍ O estudo teve como objeto de estudo o Sistema de Educação Continuada da Associação Hospital de Caridade Ijuí, cujo hospital situa-se no município de Ijuí, localizado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A AHCI foi fundada em 19 de junho de 1935, onde o primeiro pavilhão do Hospital foi inaugurado no dia 09 de julho de 1940, sendo que o seu funcionamento ficou sob responsabilidade das Irmãs "Filhas do Sagrado Coração de Jesus" (HOSPITAL DE CARIDADE DE IJUI, 2014). É uma instituição filantrópica, considerada de grande porte, por possuir atualmente 223 leitos de internação, sendo uma referência macrorregional, tendo como abrangência as seguintes coordenadorias de saúde: 9ª, 12ª, 15ª, 17ª e 19ª, representando uma população de 1.282.92 pessoas, equivalente a 12,9% da população do Estado, distribuída em 125 municípios. Dispõe de serviços de média e alta complexidade (HOSPITAL DE CARIDADE DE IJUI, 2014). Possui vários serviços dentre eles, ambulatório de Especialidades Médicas, CACON - Centro de Alta Complexidade em Oncologia, Centro Cirúrgico, Centro de Diagnósticos por Imagem, Clínica Médica, Cirúrgica, Obstétrica e Pediátrica, Hemoterapia, Instituto de Olhos, Medicina Nuclear, Hemodinâmica, Nefrologia, Pronto Atendimento, Serviço de Atendimento Farmacêutico, UTI Adulto, Neonatal e Pediátrica. A instituição hospitalar possui um número estimado de 1255 colaboradores, destes 590 são profissionais de enfermagem, sendo 93 enfermeiros e 497 técnicos de enfermagem. 21 O SEC – SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DA AHCI O Setor de Desenvolvimento Humano da AHCI conta com o Serviço de Psicologia Organizacional e o Sistema de Educação Continuada, os quais objetivam identificar talentos, integrar, capacitar, desenvolver e valorizar os colaboradores, a fim de, qualificar os serviços prestados pelo Hospital. O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI existe desde 2003, tem como objetivos: analisar e desenvolver competências individuais e coletivas, incentivando as pessoas ao auto desenvolvimento e conscientizando-as da própria responsabilidade pelo crescimento; coordenar programas educacionais; capacitar, pedagogicamente, outros profissionais para difusão do conhecimento, tais como agentes multiplicadores; documentar ações para subsidiar reformulação da proposta assistencial e processo de trabalho; ser agente de mudanças organizacionais. É coordenado por um enfermeiro com formação pedagógica, especialização em gerência dos serviços de enfermagem e mestrado em educação, com experiência na docência em nível técnico e graduação, o qual atua nas atividades de seleção, recrutamento, treinamento, desenvolvimento e monitoramento da avaliação de desempenho dos colaboradores da enfermagem. Existe um planejamento anual dos treinamentos e desenvolvimento a serem realizados pelas unidades assistenciais de enfermagem, organizado pelos enfermeiros coordenadores das respectivas unidades mediante um levantamento das necessidades de treinamentos da equipe de enfermagem de cada área específica. Os treinamentos são desenvolvidos por enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos da AHCI, bem como por docentes da UNIJUI e profissionais de saúde de outras instituições de ensino e saúde, conforme o assunto abordado em cada treinamento. Em outubro de 2011 a AHCI a gerência de enfermagem por meio da educação continuada implantou a Incubadora de Aprendizagem na Enfermagem, o programa atende aos novos técnicos de enfermagem e enfermeiros que ingressam na instituição. 22 Para atender a demanda de trabalho exigida hoje na AHCI, a Incubadora realiza um trabalho de treinamento e desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais dos novos colaboradores, os quais são acompanhados por uma enfermeira em uma unidade assistencial durante 21 dias, realizando uma prova teórico-prática no final do período para avaliar as condições do colaborador antes deir para a unidade de destino, na qual deverá apresentar desempenho de 80% de aproveitamento. Caso não alcance este percentual, permanecerá na incubadora de aprendizagem por mais sete dias, e realizará nova prova. Ao final deste período se avaliação negativa não será efetuado a prorrogação do contrato de trabalho para 90 dias. O SEC NA ÓTICA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Ao realizar a análise das entrevistas buscando descobrir os núcleos de sentidos contidos no material coletado, emergiram categorias temáticas, compreendendo três categorias de análise, apresentadas na sequência. Categoria I - Práticas Desenvolvidas pelo SEC na Ótica da Equipe de Enfermagem A importância dos profissionais de enfermagem nos hospitais traz consigo a necessidade da manutenção de processos educativos constantes, sobre os quais Silva e Seiffert (2009, p. 02- 03) afirmam: Nos serviços de saúde, os processos educativos visam ao desenvolvimento dos profissionais por uma série de atividades genericamente denominadas de capacitações, treinamentos e cursos emergenciais ou pontuais, estruturados e contínuos. [...] um programa de educação voltado aos profissionais de enfermagem requer um planejamento dinâmico, participativo, interdisciplinar com objetivos definidos, buscando atender diretamente as necessidades da organização e dos profissionais. Conforme a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde a Educação Continuada é um processo dinâmico de ensino-aprendizagem, ativo e permanente destinado a atualizar e melhorar a capacitação de pessoas, ou 23 grupos, face à evolução científico tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos e metas institucionais. Assim, a educação continuada precisa ser considerada como parte de uma política global de qualificação dos trabalhadores de saúde, centrada nas necessidades de transformação da prática (BRASIL, 2004). Ferreira e Kurcgant (2009, p.32) afirmam que “na enfermagem, essa responsabilidade de treinamento e consequente capacitação está diretamente ligada ao serviço de Educação Continuada, que é o órgão corresponsável por treinar e capacitar os funcionários, a fim de realizarem adequadamente suas atribuições”. A AHCI dispõe de um Sistema de Educação Continuada em Enfermagem, o qual promove diversas práticas como capacitações, treinamentos, cursos, jornadas, conforme foi evidenciado nos relatos dos entrevistados: A Educação Continuada realiza organização de cronogramas anuais de treinamentos/capacitações, conforme a necessidade de cada setor, em conjunto com as coordenadoras das unidades. Realiza capacitações, treinamentos, desenvolvimento, cursos, jornadas e pesquisas institucionais na área da enfermagem. Acompanha a implantação das novas tecnologias de informação por meio do treinamento do Sistema de Informática implantado na AHCI para facilitar o trabalho de enfermagem. Ao comparar os relatos dos entrevistados com os objetivos da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, fica evidente que o Sistema de Educação Continuada da AHCI promove práticas educacionais no âmbito ensino em serviço com o intuito de promover a atualização profissional da equipe de enfermagem, conforme os relatos abaixo: A educação continuada da AHCI desenvolve práticas de ensino e atualização no ambiente de trabalho, com temas atuais e importantes para a práxis da enfermagem. A Educação Continuada realiza atividades de aprimoramento com o intuito de uniformização na execução dos cuidados dispensados ao paciente. Realiza treinamentos envolvendo atividades do dia a dia da Unidade, prevalecendo a qualificação no aprendizado, tornando o nosso preparo cada vez melhor nas tarefas do nosso trabalho. 24 São realizados encontros, reuniões, sobre vários assuntos direcionados a educação e a enfermagem, além de outras áreas essenciais para o funcionamento da nossa instituição. São assuntos gerais de interesse mútuo, para melhorar o nosso conhecimento para a nossa prática diária. Treinamento em serviço sobre protocolos de atendimento e novos procedimentos. A educação e a formação profissional são capazes de possibilitar a competitividade e intensificar a concorrência, adaptar trabalhadores as mudanças técnicas e minimizar o efeito do desemprego. As instituições podem proporcionar ao trabalhador a construção de conhecimento e a socialização dos instrumentos básicos, dos princípios teóricos e metodológicos socialmente construídos (MARQUES et al, 2006). Além de oportunizar o aperfeiçoamento profissional por meio de treinamentos centralizados e descentralizados formais, o Sistema de Educação Continuada da AHCI inovou a sua prática educacional por meio da Incubadora de Aprendizagem na Enfermagem, o que se pode verificar com base nos relatos: A Educação Continuada da AHCI busca inovar na execução de suas atividades como a implantação da Incubadora de Aprendizagem e as práticas no Laboratório de Enfermagem. Realiza o acompanhamento do processo da Incubadora de Aprendizagem, processo pelo qual passa o novo colaborador da enfermagem; além disso, é responsável pela organização e manutenção do Laboratório de Enfermagem. A instituição em estudo implantou a Incubadora de Aprendizagem na Enfermagem em outubro de 2011 e, atualmente, ela constitui-se em um programa institucional, o qual é coordenado por uma enfermeira que capacita os profissionais de enfermagem durante 21 dias úteis após a sua admissão em uma unidade assistencial antes da inserção no setor de trabalho definitivo. Os resultados da Incubadora de Aprendizagem são mensurados por meio da melhoria das habilidades desenvolvidas pelos sujeitos do processo nas unidades de internação; maior capacitação técnica para atuação profissional e 25 redução do turno ver de novos colaboradores da enfermagem, o que facilita a inserção dos mesmos na instituição. Dentre as diferentes formas de ensinar e aprender a metodologia da Incubadora de Aprendizagem é um processo inovador como esclarecem Cecagno et al (2009, p. 464): A incubadora é uma forma de aprendizagem na enfermagem/saúde que permite integrar a inovação, a tecnologia e a educação, possibilitando aos trabalhadores da área captar a realidade do cotidiano, despertar e aplicar novas ideias, aumentar competências e habilidades, adquirir e adicionar conhecimento e, desta maneira, fazer diferença na sua trajetória profissional. A busca pela qualidade dos serviços prestados é uma constante nas instituições hospitalares, sendo que o sentido de qualidade nos hospitais é diferente do das indústrias, principalmente porque o hospital “está sujeito ao humano, à imprevisibilidade das situações, à particularidade das ocorrências e exigências, o que não invalida as normas, apenas exige maior atenção para observar, escutar, imaginar e antecipar ajustamentos e adaptações” (SILVA; SEIFFERT, 2009, p. 02). Portanto a incubadora de aprendizagem constitui-se em uma estratégia para melhorar a qualidade dos serviços, como descreve Cecagno et al (2009, p. 02): Cabe salientar que quanto mais se adiciona informação e conhecimento a um produto ou serviço, mais qualidade ele terá, podendo até gerar novas informações e conhecimentos capazes de se reintegrar num dinâmico e contínuo processo de aprendizagem, expressando-se através da concretude do cuidado de enfermagem. A utilização da incubadora de aprendizagem busca um conhecimento através da vivencia prática, o que contribui para um melhor aprendizado. Os mesmos autores supracitados ainda referem que “a aprendizagem é o processo pelo qual o comportamento se modifica em decorrência da experiência, não se restringe à assimilação de conteúdo ou técnicas, mas também a sentimentos e emoções”. 26 Os profissionais de enfermagem, enquanto trabalhadores das instituições hospitalares ocupam papel fundamental napreparação da infraestrutura para realização segura e eficaz dos procedimentos médicos e de enfermagem, desenvolvimento de ações assistenciais, orientação e educação preventiva aos pacientes (SILVA; SEIFFERT, 2009). Educar em saúde tem sido um constante desafio para profissionais preocupados com a qualidade do atendimento prestado à população. Com o avanço tecnológico e científico a educação e saúde não podem ser vistas de forma isolada, mas sim, no contexto de uma integralidade importante na formação do fazer capacitando-os para o cuidado ministrado em saúde. O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI também realiza práticas de ambientação, seleção, recrutamento, remanejo interno e monitoramento da avaliação de desempenho, o que é possível constatar nas falas dos participantes do estudo: A Educação Continuada da AHCI participa ativamente nos processos seletivos da enfermagem; acompanha, monitora e avalia o desempenho dos colaboradores novos e antigos. Realiza ambientação para os novos colaboradores, ou seja, promove a inserção destes em suas áreas de atuação. [...] faz o acompanhamento dos ”funcionários-problema” e o remanejo interno. Ao analisar as áreas de atuação da educação continuada pode-se inferir que o Sistema de Educação Continuada da AHCI atua no recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, desenvolvendo suas práticas em consonância com a política de gestão de pessoas. As práticas desenvolvidas pelo SEC estão alinhadas com a concepção de gestão de pessoas de Chiavenato (2010), o qual define gestão de pessoas como o conjunto integrado de atividades de especialistas e de gestores que incluem os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas para proporcionar competências e competitividade à organização. É a área que constrói talentos por meio de um conjunto de processos e cuida do capital humano das organizações. 27 Pode-se concluir que o Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI desempenha todas as atribuições de responsabilidade da Educação Continuada preconizadas pela Sociedade Brasileira de Educação Continuada em Enfermagem. Categoria II - Contribuições do SEC no Desenvolvimento de Competências Profissionais na Enfermagem A educação continuada deve ser um processo que “propicie conhecimentos, capacitando o funcionário para a execução adequada do trabalho, preparando-o para futuras oportunidades de crescimento profissional, e seu crescimento técnico - cientifico” (TORRES; VIANA, 2005 apud PEDOTT, 2012, p. 12). O relato dos entrevistados da equipe de enfermagem da AHCI revela que as práticas do Sistema de Educação Continuada da instituição possibilitam aprendizado e atualização técnico-científico: As práticas me possibilitam atualização em áreas que não são de minha atuação profissional e novos conhecimentos. Me mantém atualizada e me instiga a buscar novos conhecimentos não somente relacionados à enfermagem, mas da instituição hospital. Propicia oportunidades de aprendizado e complementação educacional, objetivando constante processo educativo. Ampliação de conhecimentos, novos aprendizados, atualização profissional, aperfeiçoamento técnico. A enfermagem, não diferente das demais profissões, deve acompanhar as mudanças do mundo globalizado, o aprender deve fazer parte do seu cotidiano. Os avanços tecnológicos são uma constante e, para tentar manter-se atualizado, é necessário empenhar-se para o desenvolvimento de aprendizado contínuo, tendo como foco a educação inovadora, a qual permite intervir, (re) construir e mudar a prática, como forma de adequar o pensar e o fazer às exigências e necessidades reais da clientela assistida (CECAGNO et al, 2006). 28 As práticas da Educação Continuada propiciam também crescimento profissional, como é mencionado pelos sujeitos investigados: Possibilita o crescimento profissional e intelectual dentro da instituição. Antes de ter a Educação Continuada a gente aprendia com os próprios colegas mais experientes, hoje temos a possibilidade de nos mantermos atualizados através das ações da educação continuada, o qual contribui muito para o êxito da nossa qualificação. As práticas promovidas pelo Sistema de Educação Continuada são pontuadas como imprescindíveis, por alguns participantes do estudo, vistas como algo fundamental para a permanência do colaborador na organização. Tenho certeza que hoje sou uma profissional com desenvoltura prática pelas formações/capacitações que realizei e realizo pela instituição proporcionada pela educação continuada, a qual nos direciona a pensar a gestão do trabalho de enfermagem nos setores específicos, propiciando crescimento pessoal e profissional. A educação continuada da AHCI contribui muito para o meu crescimento profissional, já tive muitos cursos e treinamentos que melhoraram a forma de conduzir o meu trabalho com os colaboradores, bem como planejar os treinamentos. A SEC tem contribuído muito para o meu desenvolvimento profissional, cresci muito teoricamente e nas habilidades técnicas, desenvolvi e continuo aperfeiçoando uma postura séria, comprometida perante o trabalho cotidiano tanto na assistência direta ao paciente, humanizando os cuidados, quanto ao relacionamento e a organização da equipe de enfermagem. Para Lino et al (2009 apud SALUM; PRADO, 2014, p.302) “a educação permanente deve constituir parte do pensar e do fazer dos profissionais, com a finalidade de propiciar o crescimento pessoal e profissional destes, bem como contribuir para a organização do processo de trabalho, uma vez que se desenvolve a partir de problemas diários identificados na realidade”. 29 O desenvolvimento de competências profissionais na enfermagem também é destacado pelos entrevistados como consequência da educação continuada: Possibilita assumir novos desafios, postura de educar em saúde, desenvolver habilidades práticas necessárias para um bom desempenho profissional e satisfação do cliente. Além de ter me possibilitado assumir e desenvolver trabalho gerencial. Tem contribuído também para desenvolver minhas atitudes de colaboração com outros profissionais e realizar a gestão do serviço de enfermagem. Todas as atividades da Educação Continuada nos possibilitam o aprendizado nos serviços de enfermagem através de conhecimentos teóricos e práticos, visam melhorar o desenvolvimento de importantes competências para o trabalho diário, incluindo tanto a área de enfermagem como outras áreas como informática. Nos mantém atualizados com novas tecnologias na área da saúde, nos permitindo uma maior autonomia e ampliação de conhecimentos, com o intuito de desenvolver nossas competências. As ações do Sistema de Educação Continuada refletem na formação profissional dos colaboradores, além de atualizar os conhecimentos já adquiridos, propicia a aquisição de novos para dar suporte técnico e assistencial à demanda de serviço dos diversos novos setores da instituição. É através dos subsídios que a educação continuada nos oferece é que consigo estar preparada a atender os novos serviços que a instituição oferece e crescer junto com a empresa e consequentemente prestar serviços de qualidade e eficiência. A educação continuada é muito importante, faz jus ao nome, pois estamos sempre estudando, desenvolvendo e renovando os nossos conhecimentos. É um setor de fundamental importância para a instituição no desenvolvimento das competências profissionais.) Além de relembrar algumas práticas que não são da minha de atuação, as ações da educação continuada ampliam o meu conhecimento e desenvolvem as minhas competências, o que contribui muito para mim que atuo na instituição também como supervisora de estágio. 30 Para Silveira e Robazzi (2011) a aquisição de habilidadesna enfermagem vai além do aprendizado e sua atualização, uma vez que passa pelo entendimento de um conjunto de variáveis e fatores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Permite-se o despertar de habilidades que leva a exercitar e desenvolver a criatividade, a criticidade, a autonomia de pensamento e a curiosidade que são muito úteis quando em situações clínicas reais em que se deve utilizar de todo o conhecimento das habilidades adquiridas. As mesmas autoras complementam: [...] a aprendizagem na enfermagem permite integrar a inovação, a tecnologia e a educação, possibilitando aos trabalhadores da área captar a realidade do cotidiano, despertar e aplicar novas ideias, aumentar competências e habilidades, adquirir e adicionar conhecimento e, desta maneira, fazer diferença na sua trajetória profissional (SILVEIRA; ROBAZZI, 2011, p. 599). O termo competência é entendido como “um conjunto de capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes) que, dentro de um contexto situacional, mobiliza recursos para atender a uma determinada demanda de contribuições e agrega valores sociais ao indivíduo e valores econômicos à organização” (KOBAYASHI; LEITE, 2010, p.244). [...] para a assistência à saúde, cada trabalho especializado é um meio para a realização do trabalho em saúde, gerando um processo de divisão técnica e social do mesmo. Os profissionais envolvidos nesse processo utilizam-se de conhecimentos técnicos específicos de cada área e de instrumentos para o desenvolvimento do trabalho. Dentre esses, os profissionais de enfermagem, particularmente, transformam o objeto (necessidades) utilizando-se de conhecimentos e saberes específicos, métodos, técnicas, materiais e equipamentos, devendo ter segurança e domínio sobre os mesmos (MANETI et al, 2012, p.728). Perrenoud e Thurler (2002 apud SALUM; PRADO, 2014, p.302) corroboram afirmando que: A competência é uma habilidade que o profissional desenvolve para atuar com segurança, acompanhando as mudanças e avanços tecnológicos e as diversidades presentes no mundo contemporâneo, reconhecendo que o conhecimento não pode ser esgotado nem na formação “formal”, nem tampouco na vivência diária. 31 Reconhece-se, dessa forma, a competência como “a aptidão para enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de uma forma correta, rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos, saberes, capacidades, micro competências, informações, valores, atitudes, esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio, proporcionando-lhe habilidade para transitar nas esferas do trabalho e da vida social. A educação continuada é uma ferramenta essencial com a finalidade de melhorar o desempenho profissional que, se conduzida como um processo permanente possibilita o desenvolvimento de competência profissional, visando à aquisição de conhecimentos, de habilidades e de atitudes, para interagir e intervir na realidade além de auxiliar a minimizar os problemas advindos da defasagem na formação (SALUM; PRADO, 2014). É necessário inserir na enfermagem uma forma de aprendizagem contínua que permita integrar, além da qualificação técnica o aprimoramento do indivíduo enquanto liderança, o qual acrescentará ao trabalho da coletividade ações eficientes para o alcance de resultados almejados pela instituição. Como reflexo das boas práticas da Educação Continuada na Enfermagem da instituição estudada constata-se como produto final a melhoria na qualidade da assistência ao paciente, como expressam os depoimentos a seguir: As práticas voltadas ao aperfeiçoamento técnico propiciam a melhoria da qualidade do serviço prestado, dando o apoio necessário para o desempenho das atividades da enfermagem desenvolvidas dentro da instituição. As atividades trazem questões novas e retomam práticas mais utilizadas como forma de padronizar os procedimentos e melhorar o cuidado ao paciente. Possibilita desenvolvimento, atuação efetiva e eficaz na minha vida profissional, troca de experiências, melhoria na assistência ao cliente. A educação continuada é um dos caminhos para uma assistência de qualidade, respeitando-se o paciente e o profissional, deve englobar programas de ensino que proporcionam aos trabalhadores oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades em suas ações profissionais, “integrando o processo produtivo ao educativo, contemplando as necessidades da instituição, 32 mas também as necessidades, as expectativas de elaboração de conhecimentos, experiências que vão além das exigências profissionais imediatas, respeitando as particularidades pessoais” (SOUZA; CERIBELLI, 2004, p.768). Vale, Peruzzo e Felli (2011, p. 14) descrevem que “o processo de enfermagem é um exemplo, mas não o único, de organização ou método do trabalho assistencial de enfermagem”. O processo de enfermagem constitui-se de ações inter-relacionadas e interdependentes que possuem como objetivo o alcance de resultados como: um cuidado realizado com conhecimento científico, competência e sensibilidade e que seja capaz de satisfazer a clientela. Silva (1995 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004) refere que o profissional quando motivado, desenvolve suas atividades de maneira equilibrada e produtiva, cabendo ao enfermeiro responsável estimular e orientar sua equipe acerca da relevância do trabalho realizado, levando-a a reconhecer a importância de seus procedimentos técnicos para a instituição e a necessidade de atualização. Desta forma os profissionais se sentirão valorizados e dispostos para o trabalho. As competências representam combinações sinérgicas de conhecimento, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, para um cuidado ético, seguro e de qualidade ao ser humano e sua coletividade, dentro do contexto organizacional hospitalar. O SEC traz diversas contribuições ao profissional de enfermagem dentre elas, mantém atualizado o conhecimento técnico-científico, propiciando melhora na qualidade da assistência prestada ao cliente e reduzindo as iatrogenias, ou seja, os erros relacionados ao cuidado de enfermagem. Categoria III - Limitações da Educação Continuada em Enfermagem O Sistema de Educação Continuada da AHCI na percepção da equipe de enfermagem entrevistada possui alguns limitadores, dentre eles os horários das capacitações, que influenciam no seu êxito institucional e alcance das metas traçadas. 33 As narrativas dos sujeitos demonstram avaliação crítica: Indisponibilidade de horários, uma vez que a maior parte dos funcionários da enfermagem trabalha em mais de uma instituição, outros não participam por terem compromissos, responsabilidades domiciliares. Dificuldade de atingir o público-alvo em sua totalidade. Adesão a estas práticas, não envolve todos os profissionais, por mais que se proporcionem três horários diferentes, muitos trabalham em outra instituição e não conseguem participar. Alguns treinamentos acontecem apenas em um único horário, quando acontece no horário de trabalho nem sempre é possível afastar-se das atividades do setor. Deveria ter mais de uma data e três horários com duração de no máximo uma hora. As instituições, na maioria das vezes, oferecem as práticas de educação continuada no período do turno de trabalho, para facilitar a participação dos funcionários que, fora desse horário, precisam de remuneração extra, além de os mesmos não disporem de tempo para retornarem à instituição para esse tipo de atividade. Ressalta-se ainda o fato de ser a enfermagem exercida grande parte por mulheres, as quais tem também ocupações domésticas, que podem agir como fator impeditivo para o retorno ao local de trabalho para participar das capacitações (SOUZA, CERIBELLI, 2004). Lorencette (2002 apud BRAGA; MELLEIRO, 2009, p. 1219) referem “a dificuldade para encontrar um horário apropriadopara as ações educativas para os trabalhadores de nível médio é apontada em estudo no qual utilizou depoimentos de gerentes de hospitais de São Paulo e encontrou divergências nos depoimentos em relação ao melhor horário para o desenvolvimento de programas de treinamento”. Acerca da duração das capacitações, relatado pelos participantes, Chiavenato (2000 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004, p.772) corrobora afirmando que “treinamento é considerado como um processo educacional, de curto prazo, que envolve transmissão de conhecimentos específicos relacionados ao trabalho, atitudes diante de aspectos organizacionais, de tarefas e do ambiente, bem como o desenvolvimento de habilidades. 34 Por isso as práticas de treinamento não podem ser com muitas horas de duração. Ainda como fatores que limitam as práticas da educação continuada da instituição em estudo, alguns entrevistados citam as capacitações apenas teóricas, como pode-se observar: Capacitações apenas teóricas diminuem a apreensão do conteúdo, os participantes se distraem facilmente, o que não ocorre quando se realiza intervenções com atividades práticas. Poderia ter cursos sobre situações, casos, emergências clínicas relacionadas a cada sistema, como sistema neurológico, gastrointestinal, poderia ser ministrado por médicos e enfermeiros especialistas nestas áreas com atividades de simulação prática. As limitações são individuais de cada um, depende da capacidade de aprendizado e de participação no que é oferecido. Mas se as capacitações tiverem teoria e prática a assimilação será melhor. As práticas teóricas, realizadas em sala de aula, fornecem conceitos para a abstração de conhecimentos que, muitas das vezes, por não serem vivenciados pelo aprendiz, dificulta sua compreensão e o entendimento da lógica implícita, nesse conhecimento, para a construção de capacidade crítica em sua ação (ABUD, 2001 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004). O recomendado é unir a teoria e a prática, assegurando a simultaneidade e reciprocidade, pela autonomia e dependência de uma em relação à outra. Sendo esta uma estratégia eficaz para a construção do conhecimento (SOUZA; CERIBELLI, 2004). Os conteúdos trabalhados nas práticas de capacitações centralizadas da educação continuada também foram apontados como limitadores, como se constata nas falas: Os assuntos discutidos, nem sempre são as da nossa atuação profissional. Há pouco treinamento específico para a central de material e esterilização. Não tem treinamentos para o instituto de olhos. Poucos temas sobre radioterapia. A diversidade de temas abordados nas práticas de educação continuada representa as necessidades da equipe de enfermagem em todos os níveis de 35 atendimento, tanto ambulatoriais quanto de unidades de internação. Sendo necessário abordar temas para a formação de competências, habilidades e atitudes, e que os profissionais sejam estimulados a discutirem aspectos do seu cotidiano relacionados à comunicação, relacionamento interpessoal, tomada de decisão e trabalho em equipe, assim como o papel do sistema de saúde no qual estão inseridos. Por isso programas de educação continuada dissociados da realidade tornam-se cansativos e desestimulantes (BEZERRA et al, 2012). As práticas do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem na AHCI são executadas na modalidade mista, ou seja, de forma descentralizada pelos enfermeiros coordenadores das Unidades e de forma centralizada pelo enfermeiro da educação continuada. Por isso as áreas específicas como a Central de Material e Esterilização, Radioterapia e Instituto de Olhos, entre outras as capacitações devem ser desenvolvidas pelo próprio enfermeiro da unidade, enquanto que os demais temas que abordem a totalidade dos setores devem ser desenvolvidos pelo enfermeiro da educação continuada. Nesta perspectiva, Bezerra et al (2012, p.622) justificam que “a coordenação e execução de um programa de desenvolvimento de recursos humanos estabelecido por um serviço de educação continuada, ou não, devem ser exercidas pela enfermeira da unidade de trabalho”. Por isso todo enfermeiro deve assumir a responsabilidade pela educação de sua equipe, com a finalidade de garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente. Os Sistemas de Educação Continuada existentes nas organizações hospitalares devem criar espaços para discussão e propor estratégias que proporcionem aos profissionais, segurança e domínio do assunto abordado (SOUZA, CERIBELLI, 2004). O SEC da instituição em estudo deve levar em consideração os fatores que limitam as práticas educativas, criando estratégias para minimizar o descontentamento dos profissionais usuários do serviço. 36 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES QUE VISEM MELHORAR A EFICÁCIA DO SEC O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI deve rever a sua organização de forma a abordar o maior número possível de capacitações teórico práticas, mediante a realização de práticas de curta duração, por meio de cursos mensais ou bimestrais que abordem temas de interesse comum para todas as áreas da enfermagem, tanto para enfermeiros, quanto para técnicos em enfermagem. Além disso, realizar avaliações dos treinamentos e desenvolvimento (T&D) ao final de cada evento e por período, visando identificar as práticas com melhores resultados. Para atingir um número maior de profissionais a SEC da AHCI deve ofertar mais de uma data e horário de treinamento, de forma a contemplar os três turnos de trabalho da enfermagem (manhã, tarde e noite), bem como realizar um levantamento das necessidades de T & D, pois nem todos os profissionais precisam participar de todos os eventos. A SEC da AHCI pode buscar parcerias com outras instituições de saúde e de ensino local e regional com o intuito de fomentar o desenvolvimento de capacitações acerca de novas tecnologias em saúde e ensino, aliando a metodologia da prática do ensino em serviço. A organização hospitalar possui estratégicas para o desenvolvimento de competências a partir da percepção dos enfermeiros e técnicos em enfermagem, o qual foi plenamente alcançado. O Sistema de Educação Continuada da instituição em estudo desenvolve diversas práticas educativas dentre elas, cursos, treinamentos, desenvolvimento, jornadas, promove ambientação aos novos colaboradores da enfermagem, seleção, recrutamento, remanejo interno e monitoramento das avaliações de desempenho dos colaboradores da enfermagem. Além disso, inovou a sua prática educacional por meio da implantação da Incubadora de Aprendizagem na Enfermagem. As práticas desenvolvidas por este sistema trazem importantes contribuições à equipe de enfermagem como aprendizado contínuo, 37 aperfeiçoamento técnico-científico, crescimento profissional, desenvolvimento de competências profissionais, refletindo diretamente na melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente. Como limitações das práticas desenvolvidas por este sistema incluem-se os horários das capacitações, a existência de capacitações apenas teóricas e os conteúdos abordados nas capacitações centralizadas, os quais nem sempre atendem as demandas de todas as unidades assistenciais e de apoio. A organização em estudo deve rever os horários das práticas promovidas pelo Sistema de Educação Continuada em Enfermagem, de modo a prover três horários para contemplar todos os turnos de trabalho e atingir um maior número de profissionais, bem como elencar assuntos para as práticas centralizadas de interesse comum para todas as áreas da enfermagem e promover maior número de capacitações com enfoque teórico-prático. Os profissionais responsáveis pelo Sistema de Educação Continuada em Enfermagem das organizações hospitalares não devem somente dar um saber sistematizado aos profissionais de enfermagem, devem propiciar a vivência e a reflexão juntas,despertar no colaborador a vontade de aprender. Desta forma o saber gerado na prática cotidiana possibilitará maior apreensão e tornará o aprendizado efetivo. Por isso, torna-se necessário realizar um diagnóstico prévio das necessidades de treinamento, juntamente com os colaboradores, para propor programas que os levem a se sentirem motivados para aprender. O exercício da prática profissional exige dos profissionais de saúde o domínio de um grande número de competências para oferecer serviços de qualidade à população. As competências da equipe de profissionais de saúde exercem importante papel na definição de políticas de saúde, no gerenciamento de riscos à saúde, na avaliação da eficácia dos programas de treinamento e formação de profissional e na supervisão da atenção oferecida. Constatar a fundamental importância do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem em uma organização hospitalar para o 38 aperfeiçoamento técnico científico e o desenvolvimento de competências profissionais. A Educação Continuada tem o intuito de desenvolver competências individuais e coletivas, incentivando as pessoas ao autodesenvolvimento e conscientizando-as da própria responsabilidade pelo crescimento. O intuito de contribuir com estudantes, profissionais de saúde e pesquisadores, no sentido de proporcionar aporte teórico para desencadear discussões, reflexões, estimular novas investigações envolvendo a referida temática, bem como favorecer o planejamento de ações direcionadas a educação continuada, para os diversos profissionais dentro das instituições de ensino e nos serviços de saúde. Recomenda-se a realização de novos estudos acerca da temática em questão, este assunto não se esgota, há muito que se pesquisar e explorar acerca da Educação Continuada em Enfermagem nos serviços de saúde hospitalar e de atenção básica. Para operacionalizar um projeto inovador na área de Saúde, é essencial a formação de recursos humanos. Embora isto seja uma questão de investimento maior no momento de contenção de gastos, a médio e a longo prazo, será uma medida de economia. Em programas de extensão de cobertura dos serviços de saúde, a "educação em serviço" proporcionada, de modo crítico e construtivo, para o pessoal de nível primário, constitui o elemento fundamental para a transformação dos serviços de saúde. Se isto não for proporcionado de maneira adequada, a assistência permanecerá a mesma e o plano será desmoralizado. Quanto aos profissionais, a educação em nível de graduação não oferece suficientes oportunidades de aprendizagem. Por outro lado, a revolução científico-técnica modifica, em curtos períodos de tempo, tanto os conceitos que se adquirem durante a formação básica como a tecnologia que apoia e complementa o trabalho do pessoal da equipe de saúde. 39 Assim, a necessidade de manter atualizado o pessoal de saúde torna-se evidente, ao mesmo tempo que se torna necessária mudança no conteúdo da educação, que não pode mais, mesmo no quadro estritamente profissional, restringir-se aos conhecimentos práticos puramente utilitários que serão ultrapassados rapidamente; deve ela permitir a cada um adquirir aptidões que facilitariam adaptações às circunstâncias. Uma situação encontrada, muitas vezes, no sistema de saúde é o mau uso e inadequada distribuição do pessoal de assistência â saúde. Quando é verificada deficiência de elementos qualificados para desempenharem funções necessárias à assistência, são os mesmos substituídos por pessoas de qualificação acima ou abaixo da necessária para o exercício da atividade, resultando, quase sempre em baixa produtividade no trabalho e insatisfação do trabalhador, que não realiza funções no nível de suas habilidades nem de sua educação. Para proporcionar educação em serviço de forma contínua, visando a transformação, atualização do pessoal profissional e saneamento dos problemas surgidos das relações educação-emprego, propõe-se "maior extensão do processo educativo que consiste na integração entre o sistema educacional e o sistema de treinamento para o trabalho e que foi denominado sistema de educação continuada. A atualização de conhecimentos durante toda a vida profissional constitui um complemento indispensável da graduação, e é nesta educação que as pessoas encontram a motivação necessária para desenvolverem conduta criativa de adaptação às novas exigências. A educação continuada, além de aumentar a eficiência da organização, aumenta a satisfação dos agentes no trabalho e deve ser considerada um elemento essencial no progresso da carreira a ser oferecido a cada trabalhador individual como um direito básico. A educação continuada é um meio de aprendizagem sistematizada do trabalhador e é uma responsabilidade compartilhada do próprio indivíduo, da 40 ação planejada do sistema de saúde, do sistema de educação e das associações profissionais. A UNESCO, em sua 14ª Conferência Geral (1966-Paris) considerou prioritária a educação permanente ou educação continuada. A XIX Conferência Sanitária Pan-americana (1974) destacou a importância da educação continuada para apoiar e aumentar a competência do profissional de saúde. O programa a médio prazo da OMS, para o Desenvolvimento dos Recursos Humanos em Saúde — 1984-89 tem como meta desenvolver sistema adequado de educação continuada, incluindo sua integração com a supervisão em todos os níveis Entre os conceitos encontrados na literatura específica sobre educação continuada podem ser destacados os seguintes: "Educação continuada de profissionais de saúde é o processo que inclui as experiências posteriores ao adestramento inicial, que ajudam o pessoal de assistência á saúde a aprender competências importantes para o seu trabalho. A educação continuada adequada deveria refletir as necessidades de saúde da comunidade e conduzir a melhoria planejada da saúde da comunidade" (OMS, 1982). "Educação continuada é um processo que deve continuar durante a vida adulta" (Conferência Geral da UNESCO - Paris). "Educação continuada é um processo de ensino e aprendizado ativo e permanente que se inicia após a formação básica e está destinado a atualizar e melhorar a capacidade de uma pessoa ou grupo, frente às evoluções técnico- científica e às necessidades sociais" (Grupo de peritos da OPAS). "Educação continuada é um processo que o profissional deve realizar de forma permanente e sistematizada para obter novos conhecimentos, avaliar a validade dos anteriormente adquiridos e compensar suas carências de maneira a que o desempenho de seus trabalhos resulte na máxima eficiência para a sociedade" (PEREDA ). 41 TORRE MONTEJO et ali concebem a educação continuada como um processo permanente de aprendizagem que se inicia no momento em que o profissional ou técnico termina seu curso de formação básica ou de especialização, para jamais abandoná-la durante todo o tempo que permaneça no exercício profissional. Complementando o conceito acima, PEREDA escreve que a educação continuada é um processo intencional, formalizado ou não pelo ensino, que consiste em adquirir, incrementar e manter atualizados os conhecimentos, habilidades e atitudes que permitam enfrentar e resolver corretamente os problemas de proporcionar serviços eficientes e eficazes. A OMS exclui da educação continuada os cursos de pós-graduação que conduzem a qualificações específicas, embora concorde que a decisão é arbitrária, baseando-se no fato de que a pós-graduação tem mais em comum com o adestramento inicial. Considera, porém, que pode não existir distinção entre adestramento inicial e educação continuada e que o limite entre estes não deve ser rígido. Dá ênfase ao fato de que todo o pessoal de saúde deve estar incluído, desde os profissionais até os agentes de saúde da comunidade, e que a educaçãodeve estar orientada para o desenvolvimento de competências que reforcem algum aspecto de assistência à saúde. BASTOS, analisando alguns autores, diz que a educação continuada "para uns, é usada como sinônimo de pós-graduação; para outros se refere a qualquer educação após o término de um programa básico, incluindo treinamento em especialidade. E considerada como uma educação complementar, ou seja, que deve dar ao profissional aquilo que ele não teve no curso acadêmico; é algo que acrescenta a este. Outras vezes é considerada como educação prolongada, isto é, aquela que se estende além dos anos escolares obrigatórios. Às vezes, é considerada como treinamento periódico de 'refrescamento' para manter o profissional atualizado em seus conhecimentos". KURCGANT, analisando a relação educação continuada e educação em serviço, relata que alguns autores incluem educação continuada na educação 42 em serviço, outros as confundem e outros consideram-na mais abrangente, incluindo nela a educação em serviço. "Para a American Nursing Association - ANA —, a educação em serviço é um programa de instrução ou treinamento, proporcionado pela instituição empregatícia, em uma área específica da prática. Educação continuada inclui educação em serviço, mas exclui orientação em serviço, que é considerado como preparação para uma' posição específica". Resumindo ainda outras opiniões, escreve que "a educação em serviço é destinada a desenvolver o indivíduo em assuntos específicos de seu trabalho, sendo realizada dentro da instituição empregatícia e a educação contínua pode utilizar recursos fora do trabalho e visa ao desenvolvimento profissional e pessoal do indivíduo. . . A ANA, que estuda o assunto desde 1952, define educação contínua num sentido mais amplo e em determinado campo de ação, como toda educação além de formação inicial. Num sentido restrito, entretanto, esse termo pode ser usado para programas organizados e formais, estudos independentes e informais e cursos oferecidos por escolas e faculdades". CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO CONTINUADA Segundo a OMS, a educação continuada é vista como uma parte do sistema administrativo ou do processo administrativo. Uma administração efetiva inclui a educação continuada para recursos humanos e, sob o ponto de vista administrativo, isto é importante por duas razões: como uma forma de manter os modelos de prestação de assistência à saúde e como uma parte essencial do processo de introduzir qualquer mudança nos métodos de trabalho de saúde, representando os meios pelos quais o pessoal de saúde aprende novas técnicas, abordagens e atitudes. Portanto educação continuada constitui preocupação não somente para as instituições educacionais e programadores de formação, como também para aqueles que empregam os profissionais de saúde. 43 Um sistema adequado de educação continuada, segundo a OMS, apresenta as seguintes características: a) universalidade: deve ministrar educação a todos os membros de cada categoria de pessoal de saúde, como por exemplo, sem impedimento de acessibilidade geográfica; b) baseado na análise das necessidades: a educação deve estar orientada para o trabalho ou tarefa e ser pertinente as necessidades da comunidade; c) continuidade: deve ministrar educação sequencial e progressiva durante toda a carreira do trabalhador deixando de ser esporádica e ocasional; d) coordenação interna: deve estimular as instituições educacionais para cooperar com os serviços, compartilhando recursos e ministrando programas educacionais complementares; e) relacionando com outros sistemas: deve estar estritamente relacionado com o sistema de prestação de serviços de saúde como um todo e com o sistema de formação de recursos humanos de saúde em particular. BASTOS, ao analisar os tipos de estruturas nas quais se processa a educação continuada, relata que, em alguns países, a educação continuada não obedece a qualquer sistema e se desenvolve de maneira absolutamente independente, ao passo que, em outras, forma um sistema autônomo paralelo aos órgãos oficiais do setor de educação, sem conexão ou entendimento com eles. Segundo o autor, pelo conceito, ela deve ser incluída no planejamento geral do sistema de educação do país e converter-se em uma parte integrada dos sistemas nacionais de educação e saúde, deixando de ser uma atividade marginal ou ocasional. A OMS, através da resolução aprovada na vigésima sétima Assembleia Mundial de Saúde (1974), recomenda aos Estados Membros, a criação de sistemas nacionais de formação permanente para os membros das profissões sanitárias e que estes sistemas estejam integrados com os sistemas de ação sanitária e de educação, sendo os recursos universitários e das escolas de ciências de saúde plenamente utilizados. 44 Na União Soviética, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação executam programas de educação continuada sob a coordenação do Instituto Central para Estudos Médicos Avançados, que serve de centro educacional e metodológico. Nos Estados Unidos, a educação continuada dos médicos é um dos objetivos permanentes da Associação Médica Americana. Na França, a Confederação dos Sindicatos Médicos Franceses e a Federação dos Médicos da França criaram a Associação Nacional para a Formação Médica Contínua. Em Bruxelas, as escolas de Medicina, em associação com a Sociedade Científica de Medicina Geral, organizam cursos e seminários com a colaboração da Rádio Televisão de Bruxelas. Em nível internacional existe o Sistema Internacional de Educação Continuada, com sede na França. EDUCAÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃO DOS ADULTOS Vários autores concordam em que a educação continuada é destinada aos adultos e estes constituem um grupo específico, por contarem com conhecimentos, vivência e experiências profissionais, que os diferenciam dos adolescentes; os seus mecanismos mentais — percepção, interpretação, memória — e sua psicologia — interesses e motivações — são diferentes. A educação para adultos não pode ser uma tarefa individual e assistemática; deve ser uma aprendizagem sistemática e dirigida. A educação de adultos foi definida, na Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (1972), como o "processo pelo qual as pessoas que não frequentam mais estabelecimentos escolares e em tempo integral - salvo quando se trata de grupos de educação de adultos — entregam-se a atividades seguidas e regulares com a intenção de melhorar suas informações, conhecimentos, competência, comportamento, julgamento ou para delimitar e resolver problemas". 45 Na educação continuada devem ser analisadas as características de ordem psicológica, social e cultural dos grupos de adultos e utilizados métodos, técnicas e procedimentos que correspondam àquelas características. A seguir, resumem-se alguns aspectos significativos que ESCOBAR relata no seu texto. A educação continuada proporciona um tipo de aprendizagem que acrescenta novos conhecimentos aos de um adulto ou pessoa supostamente madura, os quais mudem suas atitudes e opiniões, estendam suas perspectivas ou alterem sua conduta. A inabilidade para aprender por motivos diretamente relacionados com a idade poucas vezes se apresenta. Em relação à quantidade de aprendizagem são pequenas em comparação com as diferenças entre grupos de diferentes idades. O estudante jovem e o adulto têm problemas diferentes a resolver, diferem fisiologicamente e em experiências e este já tem a sua personalidade desenvolvida. As diferenças psicológicas demandam um enfoque diferente do processo ensino-aprendizagem. a) Modalidades de conduta. O adulto, com personalidade mais definida e rígida, é mais difícil de se ajustar a ambientes socialmente diferentes; tem maior tendência em manter-se dentro de padrões estabelecidos; torna-seinquieto perante as ideias e experiências novas, que entram em conflito com o costume de manutenção do "status quo"; preferem programas que ensinem o que já sabem e que fortifiquem sua posição atual. b) Atitude em relação ao tempo. Para o adulto o tempo é limitado e progressivamente mais curto; tem o temor constante de perder tempo que considera irrecuperável e finito. c) Experiência. O adulto possui maior quantidade de experiências, que são diferentes em qualidade e que contribuem, na situação, para a aprendizagem. d) Motivação. O adulto deseja conhecer algo que possa utilizar de alguma forma, tem aprendido a necessidade de ser paciente, é constante e em consequência sua margem de atenção é mais extensa. 46 e) Relação professor-estudante. O adulto crê saber mais do que na realidade sabe e se sente ameaçado na situação de aprendizagem; não considera o professor como uma autoridade; tem lógica, personalidade e base própria; é fácil que surjam problemas de comunicação. f) Objetivos de aprendizagem. O motivo pelo qual um adulto participa de um programa de educação é complexo; com maior frequência encontra-se como motivos, o reconhecimento do valor positivo da educação na solução de problemas e de sua possível relação com a felicidade e êxito. Considerando as diferenças entre as teorias de aprendizagem e aquelas próprias do estudante adulto, é possível assinalar alguns princípios básicos para um programa de educação continuada, a saber: a) a aprendizagem do adulto deve estar centrada em problemas específicos; não deve haver lapso entre a educação e a aplicação prática do conteúdo; deve ser feito um levantamento dos problemas para que sejam determinadas as prioridades de seu estudo e análise; a motivação deve ser intrínseca; o estudante deve participar no desenvolvimento de sua própria experiência de aprendizagem, determinando suas necessidades e possibilidades de satisfazê- las; b) a aprendizagem deve estar baseada na experiência; deve prover experiências relacionadas com os problemas do aluno; o estudante aprenderá melhor se a situação apresentar maior interesse e estiver mais próxima da sua própria experiência; c) o estudante deve compartilhar com o professor da responsabilidade de criar um clima onde se aprecie o significado da experiência, o qual não chegará passivamente ao estudante sem sua participação; d) o estudante deve ter a oportunidade de examinar e avaliar a sua experiência; e) os propósitos da aprendizagem devem ser estabelecidos por escrito e a busca de soluções deve ser organizada pelo estudante; o estudante ativo aprende de maneira mais efetiva que o passivo; 47 f) os estudantes devem ter informação sobre o seu progresso até os objetivos pré-determinados; os docentes devem proporcionar indicações dos êxitos ou fracassos e a adequação da experiência para seus problemas específicos. "O adulto deseja aprender mas raramente admite isto e quer melhorar porque às vezes percebe uma discrepância entre o que quer ser e o que é. Em decorrência da ambivalência e do conflito em geral, os adultos mostram alguma resistência à mudança e menos curiosidade pelas coisas novas, além de temores e inseguranças”. A OMS’s recomenda a utilização, na programação de educação continua- da, de métodos pedagógicos não diretivos, grande flexibilidade ao nível de execução e aplicação de alguns princípios, tais como: a) fazer os educandos participarem em todas as etapas da educação, planejamento, preparação, realização e avaliação; b) fazer os educandos expressarem as necessidades e deixar que evoluam, permitindo diferentes caminhos e ritmo individual; c) deixar a progressão sob a decisão do indivíduo ou do grupo, não só quanto ao ritmo, como quanto à orientação da progressão; d) favorecer a educação mútua entre os educandos, estimulando as decisões e outras formas de comunicação horizontal; e) considerar a avaliação — individual e grupai — como o ato educativo por excelência, gerador de novos temas e orientações. TIPOS E FORMAS DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Segundo os objetivos, a educação continuada pode se processar em vários níveis: a) capacitação ou superação — em que uma pessoa siga um programa de estudo formal bem articulado para elevar seu nível de educação; 48 b) atualização — em que uma pessoa que tenha recebido o grau acadêmico há dez ou mais anos, possa seguir programas que lhe permitam situar seu grau de conhecimentos a um nível comparável ao de um recém-graduado; c) diversificação — em que uma pessoa formada em certa área possa aspirar a obter certa educação formal em outra área, sem ter que recorrer necessariamente a um grau superior, e d) ampliação de espectro - em que uma pessoa possa ampliar suas perspectivas, inclusive nos aspectos financeiros, políticos e sociais, sem ter necessariamente que elevar o nível acadêmico de sua educação, isto é, sem ter que optar por um grau superior. A educação continuada, para capacitar, tem, como objetivo fundamental, que o indivíduo adquira habilidades a fim de realizar com maior eficiência as tarefas atribuídas ao pessoal; para atualizar, tem, como meta, ampliar a base dos conhecimentos, permitindo-lhe familiarizar-se com um caudal de informação sobre os últimos avanços, a fim de trabalhar com maior eficiência. Há maior diversificação aos estratos administrativos e diretivos mais altos da organização, permitindo ao profissional em geral situar-se na intrincada problemática do mundo contemporâneo. Segundo vários autores, as formas de educação continuada podem ser programas organizados e formais, estudos independentes e informais, cursos oferecidos dentro ou fora de escolas e universidades; devem reconhecer a possibilidade de outras instituições e pessoas, além do professor, exercerem funções educativas. Os tipos de atividades estão em correspondência com os objetivos de cada um deles; em geral, dado o seu caráter intensivo e de curta duração, têm a perspectiva de cursos formais de especialização. Relacionam-se a seguir algumas dessas formas: — auto estudo ou auto instrução ativos, contatos profissionais, participação em reuniões científicas e técnicas, estágios, visitas, consultas a bibliotecas; — conferências, mesas redondas, painéis, ciclos de conferências; — seminários especializados, simpósios, jornadas, reuniões; 49 — cursos por correspondência, palestras, estudos dirigidos, demonstrações, discussões em grupo; — cursos curtos, de período integral, orientados para a atualização de conhecimentos; — cursos de duração média, orientados para aprofundar conhecimentos em aspectos concretos da especialidade; — cursos mais longos, de um ano, por exemplo, para desenvolvimento de conhecimentos e habilidades sobre técnicas; — cursos altamente especializados; — treinamentos individuais, com ênfase no aspecto prático, com duração variando de algumas semanas a meses, de acordo com programas específicos, etc. EDUCAÇÃO CONTINUADA E ENFERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA Segundo BASTOS, a educação continuada é uma necessidade vital e uma obrigação moral para o profissional de qualquer área. Relata o autor que, em alguns países, já é exigida, periodicamente, a renovação do certificado de licença, limitada por algum tempo, para o indivíduo poder continuar no exercício de algumas profissões; acentua, ainda, que o profissional ou cada grupo de profissionais, deve ter direito à educação e desempenhar o dever de ministrar educação, assumindo alternadamente as funções de educador e educando numa situação de educação continuada. O campo de medicina, pela sua natureza, parece que é onde se tem adquirido maior experiência em educação continuada. Atualmente, a preocupação dos profissionais tem aumentado em relação a esse assunto, fato que pode ser justificado, provavelmente, pelosfatores abaixo relacionados. Na enfermagem, no Brasil, quantitativamente, o predomínio é do grupo menos qualificado, isto é, o de atendentes. E destes que depende, em boa parte, 50 o funcionamento diário dos serviços de saúde e a qualidade da assistência de enfermagem prestada; por esse grupo o enfermeiro é responsável, sendo exigido do mesmo constante processo de atualização. A tendência desta proporcionalidade se acentuar parece ser maior, quando se consideram os programas de extensão da cobertura dos serviços de saúde, que adota a estratégia de utilizar maior número de pessoal auxiliar para estender a cobertura das ações de saúde à população. Torna-se, assim, evidente o aumento da responsabilidade do enfermeiro em participar na provisão de educação continuada desse pessoal. Um outro fator relaciona-se com a educação continuada do próprio profissional de enfermagem. O desenvolvimento tecnológico e científico é cada vez mais acelerado e, entre o aparecimento, difusão e a assimilação do conhecimento, o espaço de tempo é cada vez menor. Com a crise do sistema de prestação da assistência à saúde, até então em vigor, surgem conceitos novos, ideias e experiências inovadoras que são divulgadas, questionadas e até invalidadas ou superadas rapidamente. Para assimilar criticamente estas informações e exercer as funções cada vez mais complexas e diversificadas, o enfermeiro não pode mais depender, somente, das bases de conhecimentos adquiridos no curso superior e dos conhecimentos decorrentes das experiências acumuladas no exercício profissional. Por meio da educação continuada é que os enfermeiros vão "entender o significado dos novos conceitos e seu papel face a eles” e ter a fundamentação para "participar das ações políticas visando à luta pela manutenção e ampliação do espaço ocupado pela enfermeira na estrutura ocupacional dos serviços de saúde”. O profissional pode se tornar marginalizado não só pela ignorância dos avanços da ciência ou da sua prática, como também pelo "esquecimento" dos conhecimentos já adquiridos através da educação ou da experiência profissional. Segundo alguns autores, a taxa de esquecimento é tão alta que anos e até meses depois da graduação, muito do conteúdo do currículo, se tiver que ser aplicado, tem que se reaprendido. 51 Na Educação Continuada, o processo avaliativo supõe o diálogo entre todos os envolvidos (enfermeiros, equipe de enfermagem, chefias e direção), como aliados e parceiros, com a clareza da função de cada um, do que é comum a todos no processo. Os pesquisados embora reconheçam a importância do Programa de Educação Continuada, apontaram alguns fatores limitantes: não definição dos objetivos, problemas relacionados à infraestrutura do setor, não cumprimento da programação, repetição de conteúdos e número insuficiente de programas, dentre outros. Apresentarem várias sugestões para a melhoria do programa: o que demonstra preocupação, interesse e comprometimento com a educação e desenvolvimento da equipe, onde destacamos questões relacionadas ao planejamento do programa; investimento na infraestrutura e na equipe que integra o setor de Educação Continuada; incentivo a estudo e à pesquisa; formas estratégicas de divulgação do programa; envolvimento interdisciplinar. A interdisciplinaridade possibilita construir novas competências e habilidades por uma postura pautada em uma visão holística do conhecimento, evitando uma prática fragmentada por especialidades. Assim, 71% dos pesquisados relatam que não há diferença entre a prática interdisciplinar e a multiprofissional; para 19% são práticas diferentes e 10% não responderam há questão. As diversidades de concepção dos profissionais de enfermagem são a marca da contemporaneidade, visto que as necessidades no e do trabalho são cada vez mais heterogêneas. Os enfermeiros percebem a importância e a necessidade da Educação Continuada, as exigências sempre maiores postas pelo momento atual de criação, renovação e invenção de tecnologias, integração de conhecimentos, nova visão do trabalho médico e de enfermagem. O paciente tem direito a uma assistência de qualidade, como prevê a missão do próprio hospital em seu ato de criação. Muito sofrimento pode ser amenizado, mortes podem ser evitadas pelo cuidado atencioso, sério e competente do profissional de Enfermagem o que supõe constante atualização 52 para conhecer o que melhor e mais eficaz a Medicina e a prática da Enfermagem podem, hoje, oferecer. Nesse contexto, impõem-se o planejamento, visão e prática interdisciplinar, infraestrutura adequada, pesquisa, comunicação e envolvimento das chefias e parcerias com outras instituições. Quanto à base conceitual, a proposta deve ter como eixo a formação no trabalho, visando à transformação pela reconstrução da identidade dos profissionais e articulação de seus saberes e práticas. Quanto ao aspecto político, é preciso buscar parcerias externas e internas à instituição, inscrever na agenda dos gestores a prioridade dos processos educativos do profissional de Enfermagem. Assim, as questões, questionamentos e propostas apresentadas pelo grupo constituem-se em caminhos, que podem direcionar o processo educativo no âmbito da enfermagem e os desafios a serem superados, além de apontarem a necessidade de novos estudos nesta área. Portanto, cabe aos enfermeiros, reconhecer a importância de procurar formas de articulação entre diferentes áreas do conhecimento, o diálogo com os envolvidos e com os que decidem para reorientar a prática das ações educativas da equipe de enfermagem nas instituições de saúde. 53 REFERÊNCIAS BAGNATO, M. H. S. 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