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Educação Continuada em Enfermagem

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PLANEJAMENTO DO SERVIÇO DE EDUCAÇÃO 
CONTINUADA 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR ............................................................... 9 
GESTÃO DE PESSOAS ........................................................................ 11 
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ....................................... 13 
EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENFERMAGEM ................................. 16 
O SEC – SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DA AHCI ............. 21 
O SEC NA ÓTICA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ............................. 22 
PROPOSIÇÃO DE AÇÕES QUE VISEM MELHORAR A EFICÁCIA DO 
SEC .................................................................................................................. 36 
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO CONTINUADA ......................... 42 
EDUCAÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃO DOS ADULTOS ............... 44 
TIPOS E FORMAS DE EDUCAÇÃO CONTINUADA............................. 47 
EDUCAÇÃO CONTINUADA E ENFERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA 49 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
Nas instituições hospitalares, a Enfermagem desempenha importante 
papel na preparação da infraestrutura para a realização segura e eficaz dos 
procedimentos médicos e de enfermagem, além de ações assistenciais, 
orientação e educação preventivas, visando ao autocuidado, facilitando a 
reintegração social do paciente. 
No Brasil, a equipe de enfermagem representa o percentual mais 
significativo de pessoal, chegando a atingir em alguns casos cerca de 60% nas 
instituições hospitalares. 
A maioria das instituições de saúde tem um setor denominado “educação 
continuada ou contínua” ou “educação em serviço” que, para desenvolver suas 
atividades necessita de recursos naturais, financeiros, físicos e, sobretudo, 
humanos. 
 A Organização Pan-americana de Saúde - OPAS recomenda que um 
profissional (enfermeiro) seja o coordenador e responsável por este Setor, 
diretamente envolvido com o atendimento às necessidades de desenvolvimento 
pessoal e profissional. 
A participação dos enfermeiros é essencial, porque eles mantêm contato 
direto e permanente com a equipe de enfermagem, o que possibilita perceber a 
realidade e avaliar suas necessidades. 
Nos hospitais, a qualidade se impõe da mesma forma como na 
mundialização dos mercados, no aumento da oferta e na diversificação das 
tecnologias. 
Qualidade no hospital não tem o mesmo sentido que na indústria, onde 
ela expressa a conformidade de uma peça ou produto a uma norma ou 
especificação preestabelecida. 
O hospital, como outras empresas de serviços, está sujeito ao humano, à 
imprevisibilidade das situações, à particularidade das ocorrências e exigências, 
o que não invalida as normas, apenas exige maior atenção para observar, 
escutar, imaginar e antecipar ajustamentos e adaptações. 
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É importante refletir que as instituições hospitalares necessitam ter “uma 
qualidade melhor”. Nesta tarefa, todos têm sua função e responsabilidades, pois 
o paciente tem o direito ao diagnóstico e tratamento, administração dos 
medicamentos, leito e roupas, iluminação e ventilação, alimentação, 
comunicação, limpeza, técnicas para evitar infecções, por vezes fatais, entre 
outros serviços, não de qualquer jeito ou como favor, mas como direito e com 
qualidade. 
Nos serviços de saúde, os processos educativos visam ao 
desenvolvimento dos profissionais por uma série de atividades genericamente 
denominadas de capacitações, treinamentos e cursos emergenciais ou pontuais, 
estruturados e contínuos. 
O saber fazer deve ser um saber fazer bem, que leve em conta os 
aspectos técnicos, políticos e éticos. Para o profissional de saúde, não basta 
saber é preciso “articular responsabilidade, liberdade e compromisso”. 
Nessa direção nos processos educativos é preciso pensar em interação, 
não apenas entre campos de saberes, mas entre os profissionais das diversas 
áreas de conhecimento. Pela reflexão e crítica num trabalho interdisciplinar, é 
possível construir uma nova consciência da realidade do pensar com a troca, a 
reciprocidade e a integração entre diferentes áreas, objetivando a resolução de 
problemas de forma global e abrangente. 
“A interdisciplinaridade é uma condição para uma educação permanente” 
que exige mudança de atitude individual e institucional. Assim, a Educação 
Continuada é um conjunto de práticas usuais que objetivam mudanças pontuais 
nos modelos hegemônicos de formação e atenção à saúde. 
É “um processo que busca proporcionar ao indivíduo a aquisição de 
conhecimentos, para que ele atinja sua capacidade profissional e 
desenvolvimento pessoal, considerando a realidade institucional e social”. 
A Educação Permanente tem evoluído em seu conceito e no contexto dos 
sistemas de saúde. Assim trata-se de um processo permanente que promove o 
desenvolvimento integral dos profissionais do setor, empregando os 
acontecimentos do trabalho, o ambiente normal das atividades em saúde e os 
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estudos dos problemas reais e do cotidiano e situações mais apropriadas para 
atingir uma aprendizagem significativa. 
As empresas devem buscar a capacitação e o desenvolvimento de seus 
quadros, pois observa-se que, atualmente nas organizações hospitalares, o 
contraste entre necessidades e realidade é acentuado. 
Desse modo, um programa de educação voltado aos profissionais de 
enfermagem requer um planejamento dinâmico, participativo, interdisciplinar 
com objetivos definidos, buscando atender diretamente as necessidades da 
organização e dos profissionais. 
Assim, o objetivo do presente estudo consiste em analisar o Programa de 
Educação Continuada de um Hospital de Apoio ao Ensino no município de São 
Paulo, tendo em vista levantar subsídios para seu aprimoramento em uma 
perspectiva interdisciplinar. 
A qualificação profissional tem como um de seus principais objetivos “a 
atualização e o aprimoramento em razão das constantes mudanças nos campos 
científico e tecnológico visando o atendimento das necessidades que os 
profissionais apresentam em seus processos de trabalho” (BRAGA; MELLEIRO, 
2009, p.1217). 
Para Bezerra (2003 apud SILVA; SEIFFERT, 2009, p. 363) a Educação 
Continuada é o “processo que propicia ao indivíduo a aquisição de 
conhecimentos para que atinja sua capacitação profissional e 
desenvolvimento pessoal, considerando a realidade institucional e 
social”. 
Conforme Castilho (2000) a educação continuada na área de recursos 
humanos necessita de atençãocontínua, no sentido de preparar as 
pessoas para enfrentarem as mudanças e os novos desafios, no intuito 
de conciliar as demandas de desenvolvimento pessoal e grupal com a 
organização e a sociedade. 
Nas instituições hospitalares, “a enfermagem desempenha importante 
papel na preparação da infraestrutura para a realização segura e eficaz dos 
procedimentos médicos e de enfermagem, além de ações assistenciais, 
orientação e educação preventivas, visando ao autocuidado, facilitando a 
reintegração social do paciente” (SILVA; SEIFFERT, 2009, p. 363). 
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Em 1991 no Brasil, em São Paulo, surgiu uma Sociedade Brasileira de 
Educação Continuada e Enfermagem - SOBRECEN, onde enfermeiras da ABEN 
perceberam a necessidade de melhorarem o serviço de Educação Continuada, 
em vista da qualidade deste tipo de programa nas instituições de saúde. Diante 
disso, a procura pelo trabalho desenvolvido foi tanto que após um ano criaram o 
Núcleo de Interesse em Educação Continuada de Enfermagem (NIECEN). Na 
atualidade, a sociedade integra profissionais de todo o Brasil, onde marcam 
presença em congressos e simpósios (FLORES; ILHA, 2001). 
A educação continuada na visão de Silva et al (1989) citados por Farah 
(2003, p.03) deve ser entendida “como conjunto de práticas 
educacionais planejadas no sentido de promover oportunidades de 
desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar 
mais efetivamente e eficazmente na sua vida institucional”. 
A educação continuada está voltada para melhorar ou atualizar a 
capacidade do indivíduo, em função das necessidades dele próprio e da 
instituição em que trabalha. Na avaliação da qualidade em saúde um dos 
referenciais, amplamente empregado pelos pesquisadores e órgãos 
governamentais, é o Modelo Donabediano, que contempla a análise do tripé 
estrutura- processo- resultado. 
Nesse modelo, o item estrutura corresponde às características 
relativamente estáveis das instituições: área física, recursos humanos, materiais 
e financeiros, bem como o modelo organizacional. 
O item processo refere-se ao conjunto de atividades desenvolvidas na 
produção em geral, e no setor saúde, nas relações estabelecidas entre 
profissionais e usuários dos serviços – desde a busca de assistência até o 
diagnóstico e o tratamento. Finalmente, o item resultado diz respeito às 
características dos produtos ou serviços, cuja qualidade se traduz nos efeitos na 
saúde do cliente e da população (DONABEDIAN, 1992, apud YURI; TRONCHIN, 
2010, p. 332). 
Calcada na ideia de aferir os processos de trabalho e a qualidade do 
serviço de educação continuada em enfermagem, por meio da tríade avaliativa: 
estrutura, processo e resultado, constituintes do Modelo Donabediano, acredita-
se que o desenvolvimento de uma investigação enfocando esta temática é de 
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extrema relevância para os diversos profissionais da enfermagem como forma 
de promover o desenvolvimento de ações de educação continuada na 
enfermagem dentro das instituições de saúde de forma eficiente e eficaz. 
Diante do exposto, o tema deste estudo é Educação Continuada numa 
Organização Hospitalar, circunscrito aos enfermeiros e técnicos em 
enfermagem. 
O Programa de Educação Continuada em Enfermagem da buscou 
conhecer a percepção de enfermeiros e técnicos em enfermagem com este 
acerca do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem de um hospital 
geral. 
A educação continuada em enfermagem é uma das estratégias para 
promover o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos profissionais de 
enfermagem nas instituições de saúde. 
É um dos caminhos para uma assistência de qualidade, respeitando-se o 
paciente e o profissional, integrando o processo produtivo ao educativo, por meio 
do ensino em serviço. 
A enfermagem é uma das profissões que requer constante atualização 
profissional para acompanhar a evolução tecnológica e científica presente tanto 
no diagnóstico das doenças quanto no tratamento. 
Braga e Melleiro (2009) desenvolveram um estudo sobre a percepção 
da equipe de enfermagem acerca de um serviço de educação 
continuada de um hospital universitário, enquanto que Bezerra et al 
(2012) avaliaram o processo de educação continuada na visão de 
enfermeiros de um hospital universitário e Silva e Seiffert (2009) 
realizaram um estudo de caso na perspectiva quali-quantitativa em um 
hospital de apoio ao ensino no município de São Paulo. 
Ambos os estudos tiveram como cenário um hospital universitário. Os 
estudos supracitados evidenciam que o serviço de educação continuada em 
enfermagem não está implantado em todas as organizações hospitalares, sendo 
comum em 10 organizações de saúde públicas voltadas ao ensino e pouco 
presente em instituições privadas ou filantrópicas. 
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As razões que instigaram a discutir esta temática são pontuadas pela 
relevância teórica e prática deste sistema, o qual está em funcionamento há 11 
anos na organização hospitalar; por neste momento atuar como enfermeira 
responsável por este programa e por acreditar que conhecer a ótica da equipe 
de enfermagem acerca de um sistema de educação continuada em enfermagem 
de um hospital geral privado traga contribuições para melhorar a resolubilidade 
das ações de educação continuada no âmbito hospitalar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR 
As organizações desempenham papéis importantes nos mais variados 
setores da sociedade, sejam públicas, privadas ou sem fins lucrativos, 
desenvolvem modelos para estruturar suas atividades que influenciam o 
comportamento dos seus membros. 
As organizações hospitalares são consideradas organizações complexas 
tanto com vistas a sua estrutura quanto às relações sociais de trabalho 
(EVERALDO; SILVA; PESSOA, 2013). 
Os avanços tecnológicos e o aparecimento da medicina científica, entre o 
final do século XIX e início do século XX, vêm provocando uma verdadeira 
revolução na função dos hospitais, que deixaram de ser um local onde os pobres 
e os doentes eram deixados para morrer, se transformando em uma instituição 
destinada ao cuidado e tratamento de enfermidades, com infraestrutura 
suficiente para oferecer atenção médica à sociedade, buscando soluções para 
os problemas de saúde da comunidade (RUTHES; CUNHA, 2007 apud LEMOS; 
ROCHA, 2011, p. 02). 
Conforme Dieng et al (2007) esses avanços mudaram o ambiente das 
empresas, inclusive das empresas hospitalares, surgindo a 
necessidade de um gerenciamento também inovador, sistematizado, 
que invista na gestão de custos, oferecendo instrumentos para tomada 
de decisões, pois não basta a modernização através da tecnologia, se 
não houver planejamento e estratégias. 
Com o intuito de atender às demandas do processo assistencial e 
gerencial, faz-se necessário que se implante nos hospitais um modelo de gestão 
que aperfeiçoe o processo gerencial hospitalar, que é visto hoje como uma 
empresa (BURMESTER et al, 2007, apud LEMOS; ROCHA, 2011). 
Nos dias atuais, as funções e objetivos das organizações hospitalares 
possuem como fim comum o atendimento ao paciente, tendo como função 
principal, proporcionar serviços de qualidade com os recursos disponíveis 
adequados às necessidades da sociedade, atendendo aos doentes, 
promovendo a educação profissional, conduzindo a pesquisas e exercendo a 
medicina preventiva e curativa (GONÇALVES, 1998). 
10 
 
 
Para Forgia e Couttolenc (2009), os hospitais são as engrenagens 
principais do sistema de prestação de serviços de saúde, além de 
serem responsáveis por todas as internações, oferecem uma ampla 
gama de atendimentos ambulatoriais e empregam 56% de todos os 
profissionais de saúde, consumindo 67% do gasto total com a saúde e 
70% dos gastos públicos na área de saúde. 
Neste contexto, Ribeiro (1993, p. 30) afirma que um hospital “seja ele 
público ou privado, representa a emergência de interesses submersos 
daprodução industrial na Saúde”, apesar de seu resultado mais 
aparente ser o cuidado ao doente. Ainda para o mesmo autor 
supracitado o hospital contemporâneo possui muitas missões, dentre 
estas se empenhar em manter a vida dos ameaçados pela morte; 
formar e qualificar profissionais; recuperar a forca de trabalho, a fim de 
devolvê-la ao mercado; e reproduzir capital, constituindo-se em uma 
empresa que realiza atividade econômica. 
Os hospitais estão entre os organismos mais complexos de serem 
administrados. 
Neles estão reunidos vários serviços e situações simultâneas: hospital é 
hotel, lavanderia, serviços médicos, limpeza, vigilância, restaurante, recursos 
humanos, relacionamento com o consumidor. 
De certa forma, é natural que todos esses organismos fossem, cada vez 
mais, regidos por leis, normas, regulamentações e portarias, vindas de diversos 
órgãos e instituições – um arcabouço legal cada vez mais dinâmico e variado 
(CELESTINO, 2002, p. 01). 
Os hospitais são classificados como organizações prestadoras de 
serviços, de grande utilidade e importância para a comunidade em geral. 
Nessas organizações, “o trabalho é marcadamente complexo, 
compreendendo grupos profissionais de diferente capacitação e formação, mas 
que estão organizados, predominantemente, em torno de uma base hierárquica 
composta de especialidades e por especialistas em setores de operação médica, 
técnica e administrativa” (SENHORAS, 2007, p.46). 
 
11 
 
 
As organizações hospitalares têm muito que caminhar na gestão 
hospitalar, sendo vital que os gestores percebam sua necessidade e 
importância, a fim de subsidiarem adequadamente o processo decisório e 
buscarem a sustentabilidade econômica destas organizações, mantendo-as no 
cenário competitivo de cuidados com a saúde, seja da iniciativa privada ou 
pública, mantendo seus equipamentos e acompanhando os avanços da área. 
Sendo necessário, que os hospitais se adéquam às constantes 
transformações, revendo seus processos e modernizando seus modelos de 
gestão, para alcançar resultados que garantam sua continuidade no mercado 
(LEMOS; ROCHA, 2011). 
 
GESTÃO DE PESSOAS 
A expressão gestão de pessoas aparece no final do século XX, com o 
intuito de substituir o termo Administração de Recursos Humanos, ou seja, 
designa o modo de lidar com as pessoas nas organizações. 
“Gestão de pessoas é uma função gerencial que visa à cooperação das 
pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto 
organizacionais quanto individuais” (GIL, 2001, p. 17). 
Dutra (2002) define a gestão de pessoas com um conjunto de políticas 
e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a 
organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo 
do tempo. 
Para Chiavenato (2010), a gestão de pessoas refere-se às políticas e 
práticas necessárias ao gestor para administrar o trabalho das 
pessoas, tais como: recrutamento, seleção, integração, remuneração, 
avaliação, desenvolvimento, entre outras. 
A Gestão de Pessoas (GP) é uma área muito sensível à mentalidade que 
predomina nas organizações. 
Ela é extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários 
aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura 
organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio 
da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de 
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gestão utilizado e de uma infinidade de outras variáveis importantes 
(CHIAVENATO, 2010, p. 8). 
Os autores Biles e Schuler (1986) citados por Chiavenato (2010) 
consideram que a moderna Gestão de Pessoas se baseia em alguns 
aspectos fundamentais, considerando as pessoas como seres 
humanos, ativadores de recursos organizacionais, parceiros da 
organização, talentos fornecedores de competências e capital das 
organizações. 
As pessoas constituem o principal ativo da organização, por isso quando 
uma organização está voltada para as pessoas, a sua filosofia global e sua 
cultura organizacional passam a refletir essa crença. 
A Gestão de Pessoas é a função que permite a colaboração eficaz das 
pessoas (empregados, funcionários, recursos humanos, talentos) para alcançar 
os objetivos organizacionais e individuais (CHIAVENATO, 2010). O autor Demo 
(2010, p. 63) afirma que “as políticas de GP devem criar organizações que sejam 
mais bem equipadas para executar estratégias, operar com eficiência, envolver 
os funcionários e gerenciar a mudança, uma vez que, esses são os elementos 
da organização competitiva”. (...) políticas de GP são importantes na medida em 
que estão alinhadas às metas da organização e fornecem as condições para que 
as pessoas contribuam efetivamente para o alcance de resultados superiores. 
A GP também não deve mais ter papel tradicional de suporte, mas, sim, 
constituir competência essencial no alcance dos objetivos e resultados 
organizacionais e individuais, uma vez que os recursos humanos são valiosos e 
constituem uma fonte de vantagem competitiva (DEMO et al, 2011, p.17-18). 
Em suma a área de Gestão de Pessoas das organizações destaca-se com 
a importante função estratégica de promover o desenvolvimento do capital 
intelectual, com habilidade no trato comportamental, alinhando as necessidades 
individuais aos objetivos organizacionais (JÚNIOR, 2009). 
 
 
13 
 
 
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS 
Mediante a aprovação da Lei Nº 9.394, de 20/12/1996, a formação dos 
trabalhadores de saúde adotou a perspectiva das competências profissionais, 
iniciando-se legalmente o processo de reforma da educação brasileira, 
objetivando que as reformas curriculares reorientem a prática pedagógica 
organizada em disciplinas para uma prática voltada para a construção de 
competências (BRASIL, 1996). 
Para Marques e Egry (2011) o conceito de competência profissional, 
segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) surgiu nos 
anos 60 nos Estados Unidos e o conceito de formação e qualificação 
baseada em competências surgiu nos Estados Unidos nos anos 60 e 
na Inglaterra nos anos 80. 
Deluiz (2001 apud MARQUES; EGRY, 2011) refere que a discussão 
acerca do modelo das competências tem início no mundo empresarial 
a partir dos anos oitenta, diante do contexto de crise estrutural do 
capitalismo nos países centrais. 
O enfoque das competências invade o mundo da educação a partir dos 
questionamentos feitos ao sistema educacional diante das exigências do sistema 
produtivo. 
A noção de competência é fortemente polissêmica, tanto no mundo do 
trabalho quanto na esfera da educação e essa polissemia decorre de diferentes 
visões teóricas. 
Conforme Domenico e Ide (2006) são muitos os autores de diversas 
áreas que buscam conceituar as competências e trazê-las para os 
campos do ensino e do trabalho, dentre eles o sociólogo suíço Philippe 
Perrenoud. 
Para Perrenoud (1999), as competências não são ensinadas, elas são 
construídas por meio de uma prática, uma prática reflexiva. Tanto o seu 
desenvolvimento como a sua avaliação, exige a criação de situações 
específicas. 
Neste sentido, analisar a construção de competências a serviço da 
profissionalização significa estabelecer relações entre as competências 
específicas e suas expressões na trajetória histórica da profissão, como 
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condição fundamental para o reconhecimento social do ofício em si e, 
consequentemente, do trabalhador (DOMENICO; IDE, 2006). 
Para Perrenoud (1997) citado por Silva e Sena (2006, p.115) “definir 
competências é uma tarefa difícil, necessita passar da análise das 
práticas a um inventário razoável das competências consideradas 
como essenciais constitutivas do corpo da profissão”. 
Competência é “uma aptidão para enfrentar uma família de situações 
análogas, mobilizando de forma correta, rápida, pertinente e criativa, múltiplos 
recursos cognitivos: saberes, capacidades, microcompetências, informações,valores, atitudes, esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio” (SILVA; 
SENA, 2006, p.115). 
Por sua vez Fleury e Fleury (2000) definem competência como um 
saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, 
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor 
econômico à organização e valor social ao indivíduo. 
Com relação aos conceitos acerca de competência acadêmica e 
competência didática, Demo (1998, p.13), traz como definição: Entendemos por 
competência a condição de não apenas fazer, mas de saber fazer e, sobretudo 
de refazer permanentemente nossa relação com a sociedade e a natureza, 
usando como instrumentação crucial o conhecimento inovador. 
Mas que fazer oportunidade, trata-se de fazer-se oportunidade. O 
desenvolvimento profissional deve ser visto como aporte para o domínio dos 
saberes didáticos e o entrelaçamento da competência acadêmica com a 
competência didática. 
Os autores Pimenta e Anastasiou (2002) referem que é preciso 
avançar no processo de docência e desenvolvimento profissional, 
mediante a preparação pedagógica e institucional dos docentes e 
instituições de ensino. 
O aprender e o ensinar são duas atividades unificadas pela relação que 
se estabelece entre o agente formador (professor) e o aprendiz (aluno) centrado 
em duas bases unidirecional: interação e respeito. 
 
15 
 
 
Sobre interação apontamos a relação gerada no âmbito do recinto da sala 
de aula, quando apoiada na confiança e empatia mútua encontra no 
antagonismo de seus interesses e necessidades caminhos que os guiem ao 
encontro harmonioso do eu-outro como condição inerente às aprendizagens. 
Quanto à segunda base, reflete as conquistas adquiridas nas 
circunstâncias vivenciadas e que foram se consolidando através das relações e 
do equilíbrio entre as emoções e os valores (VASCONCELLOS; AMORIM, 2008, 
p. 06) 
Rodrigues e Reis (2000) relatam que a formação de recursos humanos 
em profissões como a Medicina, a Odontologia e a Farmácia, dentre 
outras, ligadas à saúde, vem apresentando algumas dificuldades 
comuns com relação ao perfil dos alunos egressos. 
Sendo possível detectar a existência de certo consenso acerca da 
necessidade de preparar profissionais realmente voltados para atender aos 
principais anseios e necessidades da maior parcela da população. [...] as 
constantes modificações pelas quais passa a sociedade, com as tendências da 
globalização, geram um desejo de questionamento com relação ao ensino e a 
sua capacidade de acompanhar a evolução tecnológica, para preparar o aluno e 
transformá-lo no profissional competente. 
Já se preocupa com a eficácia dos métodos pedagógicos e com a 
qualificação didática dos docentes, rompendo-se com a tradição de só avaliar o 
estudante, uma vez que este não é o único responsável pelo seu rendimento. 
Busca-se substituir as formas tradicionais de ensino, pois já se tem 
consciência de que a quantidade de informação não é parâmetro de qualidade. 
A sociedade exige que, além de um desempenho profissional técnico e 
cientificamente satisfatório, o recém-formado também seja ético e 
humanisticamente conduzido, valorizando os aspectos afetivo-emocionais 
(ARRUDA, 1999a, apud RODRIGUES; REIS, 2000, p. 01). 
Domenico e Ide (2006, p.395) referem que “educar para o exercício de 
uma profissão compreende conferir ao aluno conhecimentos 
peculiares que possam garantir-lhe sobreviver no próprio grupo 
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profissional, como também no conjunto formado por outras profissões 
existentes num determinado espaço social”. 
Perrenoud (2000 apud DOMENICO; IDE, 2006, p.395) considera que 
“as competências obtidas com a formação profissionalizante possuem 
uma certa generalidade, permitindo ao indivíduo confrontar a prática 
com situações de trabalho que, a despeito da singularidade de cada 
um, poderão ser dominadas”. 
Os conhecimentos, as competências e as habilidades exigidas pelo 
mercado de trabalho mudam constantemente, por isso as instituições de ensino 
precisam preparar-se para acompanhar e reorganizar-se com base na 
concepção de conhecimento, operando com teorias de aprendizagem e formas 
de organização do ensino que superem as práticas pedagógicas 
tradicionalmente centradas na memorização e na reprodução de informações ou 
no treinamento para saber fazer, já que a demanda que hoje se coloca é pela 
formação de cidadãos pensantes e criativos (NASSIF; HANAZHIRO; TORRES, 
2010). 
 
EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENFERMAGEM 
Para Souza e Ceribelli (2004, p.768) “a Educação Continuada (EC) é 
uma das formas de se proporcionar o desenvolvimento e o 
aperfeiçoamento dos recursos humanos das instituições”. 
Na área de saúde observa-se, também, a necessidade de educar os 
profissionais de enfermagem para que se ofereça melhor assistência ao paciente 
que depende dos serviços da organização hospitalar. 
A enfermagem é uma profissão que requer constante atualização, devido 
à evolução tecnológica e científica. Nesse sentido, a enfermagem utiliza, muitas 
vezes, o serviço de EC para oferecer aos seus funcionários conhecimentos para 
uma atuação eficaz (SOUZA; CERIBELLI, 2004, p.768). 
A importância da Educação Continuada como fator de mudanças é 
relatada desde 1974, e a Assembleia Mundial de Saúde já alertava sobre a 
necessidade de se desenvolver sistemas nacionais de EC para os profissionais 
da saúde (OGUISSO, 2000). 
17 
 
 
Para Bagnato (1999), a educação continuada é um dos caminhos para 
uma assistência de qualidade, respeitando-se o paciente e o 
profissional. Engloba programas de ensino que proporcionam aos 
trabalhadores oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de 
habilidades em suas ações profissionais, de forma a integrar o 
processo produtivo ao educativo, contemplando as necessidades da 
instituição, as expectativas de elaboração de conhecimentos, 
experiências que vão além das exigências profissionais imediatas, 
respeitando as particularidades individuais. 
Na enfermagem, a responsabilidade de atualizar e de capacitar os 
profissionais está ligada ao Serviço de Educação Continuada (SEC), que deve 
preocupar-se com as características de aprendizagem enquanto um processo 
dinâmico, contínuo, global, pessoal, gradativo e cumulativo (CARVALHO; 
ROSEMBURG; BURALLI, 2000). 
Na visão de Bezerra (2002) e Lorencette (2002) o enfermeiro atuante 
no SEC constitui-se num agente de mudanças, que interage com toda 
a equipe de enfermagem mediante as estratégias para sua capacitação 
e aprimoramento das suas ações, estimulando a integração e 
desenvolvimento desses profissionais. 
Assim, “os serviços de enfermagem necessitam de propostas que 
permitam gerenciar as ações, os processos de trabalho e os recursos 
relacionados à assistência” (BRAGA; MELEIRO, 2009, p. 1217). 
As diretrizes gerais para a educação dos profissionais de saúde do século 
XXI citam que a formação destes profissionais deve ser norteada pela definição 
de áreas de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que 
possibilitem a atuação e a interação multiprofissional. 
Além disso, o desenvolvimento de competências deve estar voltado à 
busca da integralidade da atenção em saúde, com o intuito de formar 
profissionais com aptidões para a tomada de decisões, comunicação, liderança, 
gerenciamento e educação permanente em saúde (BRASIL, 2001, apud SILVA; 
SENA, 2006). 
 
18 
 
 
Na ótica da complexidade do ser humano e do mundo do trabalho da 
enfermagem, a construção do conhecimento no próprio ambiente de trabalho 
possibilita tanto a mudança e a renovação dos serviços, como a otimização da 
qualidade do cuidado prestado (CECAGNO, 2009, p. 464). 
A incubadora de aprendizagem é um método inovador e busca unir a 
prática com a teoria, conforme descreve Cecagno et al (2009, p. 464): 
A incubadora de aprendizagem é constituída por pessoas que 
acreditam em mudanças no ambiente deaprendizagem, com estrutura 
e pessoal, para agir como um centro capaz de sustentar a teoria, ao 
mesmo tempo em que conduz a um trabalho educacional prático, 
coerente e avançado. 
Sobre o método de Incubadora de Aprendizagem, Cecagno et al (2009, 
p.464) descrevem que “a Incubadora de Aprendizagem representa um 
novo modo de aprender, isto é, uma aprendizagem integrada com a 
mudança/inovação, buscando criar e agregar tecnologias à prática do 
cuidado no e com o ambiente de trabalho”. 
A avaliação de programas e serviços de saúde configura-se como uma 
dessas propostas, sendo um processo que determina a extensão do alcance das 
metas e dos objetivos e de como esse processo avaliativo, técnico e 
administrativo fornece subsídios para uma tomada de decisão (TRONCHIN; 
MELLEIRO; TAKAHASHI, 2005). 
Conhecer a percepção de enfermeiros e técnicos em enfermagem acerca 
do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da Associação Hospitalar 
de Caridade Ijuí, por meio de uma pesquisa com abordagem qualitativa constitui-
se em uma forma de avaliar a eficiência e a eficácia das práticas desenvolvidas 
por este Sistema de Educação no âmbito do desenvolvimento de competências 
profissionais 
Para a realização deste estudo, foram respeitados os preceitos 
estabelecidos na Resolução CNS Nº 466/2012 de 12 de dezembro de 2012, que 
dispõe sobre os parâmetros para a pesquisa envolvendo seres humanos 
(BRASIL, 2012). 
Inicialmente, o projeto foi encaminhado para a AHCI para solicitar a 
autorização para a pesquisa, tendo o consentimento da instituição (Anexo A). 
19 
 
 
Após o Projeto foi encaminhado para a Comissão de Ética em Pesquisa da 
UNIJUÍ para avaliação, sendo aprovado mediante Parecer Consubstanciado do 
CEP Nº 623.406. 
Para tanto, foi elaborado para as entrevistas um termo de consentimento 
livre e esclarecido no qual consta a identificação do projeto, os direitos 
assegurados aos participantes no que se refere ao anonimato das informações 
e a garantia de liberdade do entrevistado, em qualquer momento, deixar de 
participar da pesquisa sem nenhum dano pessoal. 
O termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado em duas vias, 
e rubricado em todas as folhas, ficando uma delas para o entrevistado e a outra 
via guardada com o entrevistador. 
As informações coletadas serão utilizadas somente para a construção do 
conhecimento científico, podendo os resultados do estudo ser publicados em 
eventos científicos na comunidade acadêmica e da área da saúde em geral. 
O material gravado e a transcrição dos relatos serão armazenados pelo 
entrevistador sob sua responsabilidade pelo espaço de cinco anos, em CD e a 
transcrição dos relatos do formulário será guardada em uma pasta, respeitando 
as normas da construção científica. 
Após, findado este prazo previsto, os referidos materiais serão destruídos 
e incinerados. A identidade dos participantes da pesquisa foi preservada, pois 
os dados coletados, tanto por meio das entrevistas quanto da análise dos 
documentos, foram codificados, impossibilitando a identificação dos autores das 
informações. Com o intuito de manter o anonimato dos entrevistados, ao realizar 
a análise e interpretação dos dados, os participantes do estudo foram agrupados 
e identificados pela letra E de entrevistado (a), seguida do número da entrevista 
realizada (E1, E2, E3, e assim sucessivamente). 
A partir do depoimento dos participantes do estudo e a análise dos 
conteúdos da transcrição, emergiram categorias temáticas que versam sobre a 
percepção da equipe de enfermagem acerca do sistema de educação 
continuada, descritas a seguir na apresentação e discussão dos resultados. 
20 
 
 
Nesta etapa encontram-se os estudos oriundos da pesquisa documental, 
bibliográfica e de campo, iniciando com a organização, objeto de estudo e as 
categorias de análise. 
A AHCI – ASSOCIAÇÃO HOSPITAL DE CARIDADE IJUÍ O estudo teve 
como objeto de estudo o Sistema de Educação Continuada da Associação 
Hospital de Caridade Ijuí, cujo hospital situa-se no município de Ijuí, localizado 
na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A AHCI foi fundada em 19 
de junho de 1935, onde o primeiro pavilhão do Hospital foi inaugurado no dia 09 
de julho de 1940, sendo que o seu funcionamento ficou sob responsabilidade 
das Irmãs "Filhas do Sagrado Coração de Jesus" (HOSPITAL DE CARIDADE 
DE IJUI, 2014). 
É uma instituição filantrópica, considerada de grande porte, por possuir 
atualmente 223 leitos de internação, sendo uma referência macrorregional, 
tendo como abrangência as seguintes coordenadorias de saúde: 9ª, 12ª, 15ª, 
17ª e 19ª, representando uma população de 1.282.92 pessoas, equivalente a 
12,9% da população do Estado, distribuída em 125 municípios. Dispõe de 
serviços de média e alta complexidade (HOSPITAL DE CARIDADE DE IJUI, 
2014). 
Possui vários serviços dentre eles, ambulatório de Especialidades 
Médicas, CACON - Centro de Alta Complexidade em Oncologia, Centro 
Cirúrgico, Centro de Diagnósticos por Imagem, Clínica Médica, Cirúrgica, 
Obstétrica e Pediátrica, Hemoterapia, Instituto de Olhos, Medicina Nuclear, 
Hemodinâmica, Nefrologia, Pronto Atendimento, Serviço de Atendimento 
Farmacêutico, UTI Adulto, Neonatal e Pediátrica. A instituição hospitalar possui 
um número estimado de 1255 colaboradores, destes 590 são profissionais de 
enfermagem, sendo 93 enfermeiros e 497 técnicos de enfermagem. 
 
 
 
21 
 
 
O SEC – SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DA AHCI 
O Setor de Desenvolvimento Humano da AHCI conta com o Serviço de 
Psicologia Organizacional e o Sistema de Educação Continuada, os quais 
objetivam identificar talentos, integrar, capacitar, desenvolver e valorizar os 
colaboradores, a fim de, qualificar os serviços prestados pelo Hospital. 
O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI existe 
desde 2003, tem como objetivos: analisar e desenvolver competências 
individuais e coletivas, incentivando as pessoas ao auto desenvolvimento e 
conscientizando-as da própria responsabilidade pelo crescimento; coordenar 
programas educacionais; capacitar, pedagogicamente, outros profissionais para 
difusão do conhecimento, tais como agentes multiplicadores; documentar ações 
para subsidiar reformulação da proposta assistencial e processo de trabalho; ser 
agente de mudanças organizacionais. É coordenado por um enfermeiro com 
formação pedagógica, especialização em gerência dos serviços de enfermagem 
e mestrado em educação, com experiência na docência em nível técnico e 
graduação, o qual atua nas atividades de seleção, recrutamento, treinamento, 
desenvolvimento e monitoramento da avaliação de desempenho dos 
colaboradores da enfermagem. 
Existe um planejamento anual dos treinamentos e desenvolvimento a 
serem realizados pelas unidades assistenciais de enfermagem, organizado 
pelos enfermeiros coordenadores das respectivas unidades mediante um 
levantamento das necessidades de treinamentos da equipe de enfermagem de 
cada área específica. 
Os treinamentos são desenvolvidos por enfermeiros, farmacêuticos, 
fisioterapeutas, nutricionistas e médicos da AHCI, bem como por docentes da 
UNIJUI e profissionais de saúde de outras instituições de ensino e saúde, 
conforme o assunto abordado em cada treinamento. 
Em outubro de 2011 a AHCI a gerência de enfermagem por meio da 
educação continuada implantou a Incubadora de Aprendizagem na 
Enfermagem, o programa atende aos novos técnicos de enfermagem e 
enfermeiros que ingressam na instituição. 
22 
 
 
Para atender a demanda de trabalho exigida hoje na AHCI, a Incubadora 
realiza um trabalho de treinamento e desenvolvimento de habilidades técnicas e 
comportamentais dos novos colaboradores, os quais são acompanhados por 
uma enfermeira em uma unidade assistencial durante 21 dias, realizando uma 
prova teórico-prática no final do período para avaliar as condições do 
colaborador antes deir para a unidade de destino, na qual deverá apresentar 
desempenho de 80% de aproveitamento. Caso não alcance este percentual, 
permanecerá na incubadora de aprendizagem por mais sete dias, e realizará 
nova prova. 
Ao final deste período se avaliação negativa não será efetuado a 
prorrogação do contrato de trabalho para 90 dias. 
 
O SEC NA ÓTICA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM 
Ao realizar a análise das entrevistas buscando descobrir os núcleos de 
sentidos contidos no material coletado, emergiram categorias temáticas, 
compreendendo três categorias de análise, apresentadas na sequência. 
 
Categoria I - Práticas Desenvolvidas pelo SEC na Ótica da Equipe de 
Enfermagem 
A importância dos profissionais de enfermagem nos hospitais traz consigo 
a necessidade da manutenção de processos educativos constantes, sobre os 
quais Silva e Seiffert (2009, p. 02- 03) afirmam: Nos serviços de saúde, os 
processos educativos visam ao desenvolvimento dos profissionais por uma série 
de atividades genericamente denominadas de capacitações, treinamentos e 
cursos emergenciais ou pontuais, estruturados e contínuos. [...] um programa de 
educação voltado aos profissionais de enfermagem requer um planejamento 
dinâmico, participativo, interdisciplinar com objetivos definidos, buscando 
atender diretamente as necessidades da organização e dos profissionais. 
Conforme a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde a 
Educação Continuada é um processo dinâmico de ensino-aprendizagem, ativo 
e permanente destinado a atualizar e melhorar a capacitação de pessoas, ou 
23 
 
 
grupos, face à evolução científico tecnológica, às necessidades sociais e aos 
objetivos e metas institucionais. Assim, a educação continuada precisa ser 
considerada como parte de uma política global de qualificação dos trabalhadores 
de saúde, centrada nas necessidades de transformação da prática (BRASIL, 
2004). 
Ferreira e Kurcgant (2009, p.32) afirmam que “na enfermagem, essa 
responsabilidade de treinamento e consequente capacitação está 
diretamente ligada ao serviço de Educação Continuada, que é o órgão 
corresponsável por treinar e capacitar os funcionários, a fim de 
realizarem adequadamente suas atribuições”. 
A AHCI dispõe de um Sistema de Educação Continuada em Enfermagem, 
o qual promove diversas práticas como capacitações, treinamentos, cursos, 
jornadas, conforme foi evidenciado nos relatos dos entrevistados: A Educação 
Continuada realiza organização de cronogramas anuais de 
treinamentos/capacitações, conforme a necessidade de cada setor, em conjunto 
com as coordenadoras das unidades. 
Realiza capacitações, treinamentos, desenvolvimento, cursos, jornadas e 
pesquisas institucionais na área da enfermagem. Acompanha a implantação das 
novas tecnologias de informação por meio do treinamento do Sistema de 
Informática implantado na AHCI para facilitar o trabalho de enfermagem. 
Ao comparar os relatos dos entrevistados com os objetivos da Política 
Nacional de Educação Permanente em Saúde, fica evidente que o Sistema de 
Educação Continuada da AHCI promove práticas educacionais no âmbito ensino 
em serviço com o intuito de promover a atualização profissional da equipe de 
enfermagem, conforme os relatos abaixo: A educação continuada da AHCI 
desenvolve práticas de ensino e atualização no ambiente de trabalho, com temas 
atuais e importantes para a práxis da enfermagem. 
A Educação Continuada realiza atividades de aprimoramento com o 
intuito de uniformização na execução dos cuidados dispensados ao paciente. 
Realiza treinamentos envolvendo atividades do dia a dia da Unidade, 
prevalecendo a qualificação no aprendizado, tornando o nosso preparo cada vez 
melhor nas tarefas do nosso trabalho. 
24 
 
 
São realizados encontros, reuniões, sobre vários assuntos direcionados a 
educação e a enfermagem, além de outras áreas essenciais para o 
funcionamento da nossa instituição. São assuntos gerais de interesse mútuo, 
para melhorar o nosso conhecimento para a nossa prática diária. 
Treinamento em serviço sobre protocolos de atendimento e novos 
procedimentos. 
A educação e a formação profissional são capazes de possibilitar a 
competitividade e intensificar a concorrência, adaptar trabalhadores as 
mudanças técnicas e minimizar o efeito do desemprego. 
As instituições podem proporcionar ao trabalhador a construção de 
conhecimento e a socialização dos instrumentos básicos, dos princípios teóricos 
e metodológicos socialmente construídos (MARQUES et al, 2006). 
Além de oportunizar o aperfeiçoamento profissional por meio de 
treinamentos centralizados e descentralizados formais, o Sistema de Educação 
Continuada da AHCI inovou a sua prática educacional por meio da Incubadora 
de Aprendizagem na Enfermagem, o que se pode verificar com base nos relatos: 
A Educação Continuada da AHCI busca inovar na execução de suas atividades 
como a implantação da Incubadora de Aprendizagem e as práticas no 
Laboratório de Enfermagem. 
Realiza o acompanhamento do processo da Incubadora de 
Aprendizagem, processo pelo qual passa o novo colaborador da enfermagem; 
além disso, é responsável pela organização e manutenção do Laboratório de 
Enfermagem. 
A instituição em estudo implantou a Incubadora de Aprendizagem na 
Enfermagem em outubro de 2011 e, atualmente, ela constitui-se em um 
programa institucional, o qual é coordenado por uma enfermeira que capacita os 
profissionais de enfermagem durante 21 dias úteis após a sua admissão em uma 
unidade assistencial antes da inserção no setor de trabalho definitivo. 
Os resultados da Incubadora de Aprendizagem são mensurados por meio 
da melhoria das habilidades desenvolvidas pelos sujeitos do processo nas 
unidades de internação; maior capacitação técnica para atuação profissional e 
25 
 
 
redução do turno ver de novos colaboradores da enfermagem, o que facilita a 
inserção dos mesmos na instituição. 
Dentre as diferentes formas de ensinar e aprender a metodologia da 
Incubadora de Aprendizagem é um processo inovador como esclarecem 
Cecagno et al (2009, p. 464): A incubadora é uma forma de aprendizagem na 
enfermagem/saúde que permite integrar a inovação, a tecnologia e a educação, 
possibilitando aos trabalhadores da área captar a realidade do cotidiano, 
despertar e aplicar novas ideias, aumentar competências e habilidades, adquirir 
e adicionar conhecimento e, desta maneira, fazer diferença na sua trajetória 
profissional. 
A busca pela qualidade dos serviços prestados é uma constante nas 
instituições hospitalares, sendo que o sentido de qualidade nos hospitais é 
diferente do das indústrias, principalmente porque o hospital “está sujeito ao 
humano, à imprevisibilidade das situações, à particularidade das ocorrências e 
exigências, o que não invalida as normas, apenas exige maior atenção para 
observar, escutar, imaginar e antecipar ajustamentos e adaptações” (SILVA; 
SEIFFERT, 2009, p. 02). 
Portanto a incubadora de aprendizagem constitui-se em uma estratégia 
para melhorar a qualidade dos serviços, como descreve Cecagno et al (2009, p. 
02): Cabe salientar que quanto mais se adiciona informação e conhecimento a 
um produto ou serviço, mais qualidade ele terá, podendo até gerar novas 
informações e conhecimentos capazes de se reintegrar num dinâmico e contínuo 
processo de aprendizagem, expressando-se através da concretude do cuidado 
de enfermagem. 
A utilização da incubadora de aprendizagem busca um conhecimento 
através da vivencia prática, o que contribui para um melhor aprendizado. 
Os mesmos autores supracitados ainda referem que “a aprendizagem é o 
processo pelo qual o comportamento se modifica em decorrência da experiência, 
não se restringe à assimilação de conteúdo ou técnicas, mas também a 
sentimentos e emoções”. 
26 
 
 
Os profissionais de enfermagem, enquanto trabalhadores das instituições 
hospitalares ocupam papel fundamental napreparação da infraestrutura para 
realização segura e eficaz dos procedimentos médicos e de enfermagem, 
desenvolvimento de ações assistenciais, orientação e educação preventiva aos 
pacientes (SILVA; SEIFFERT, 2009). 
Educar em saúde tem sido um constante desafio para profissionais 
preocupados com a qualidade do atendimento prestado à população. Com o 
avanço tecnológico e científico a educação e saúde não podem ser vistas de 
forma isolada, mas sim, no contexto de uma integralidade importante na 
formação do fazer capacitando-os para o cuidado ministrado em saúde. 
O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI também 
realiza práticas de ambientação, seleção, recrutamento, remanejo interno e 
monitoramento da avaliação de desempenho, o que é possível constatar nas 
falas dos participantes do estudo: A Educação Continuada da AHCI participa 
ativamente nos processos seletivos da enfermagem; acompanha, monitora e 
avalia o desempenho dos colaboradores novos e antigos. 
 Realiza ambientação para os novos colaboradores, ou seja, promove a 
inserção destes em suas áreas de atuação. [...] faz o acompanhamento dos 
”funcionários-problema” e o remanejo interno. 
Ao analisar as áreas de atuação da educação continuada pode-se inferir 
que o Sistema de Educação Continuada da AHCI atua no recrutamento e 
seleção, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, 
desenvolvendo suas práticas em consonância com a política de gestão de 
pessoas. 
As práticas desenvolvidas pelo SEC estão alinhadas com a concepção de 
gestão de pessoas de Chiavenato (2010), o qual define gestão de pessoas como 
o conjunto integrado de atividades de especialistas e de gestores que incluem 
os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar 
pessoas para proporcionar competências e competitividade à organização. É a 
área que constrói talentos por meio de um conjunto de processos e cuida do 
capital humano das organizações. 
27 
 
 
Pode-se concluir que o Sistema de Educação Continuada em 
Enfermagem da AHCI desempenha todas as atribuições de responsabilidade da 
Educação Continuada preconizadas pela Sociedade Brasileira de Educação 
Continuada em Enfermagem. 
 
Categoria II - Contribuições do SEC no Desenvolvimento de Competências 
Profissionais na Enfermagem 
A educação continuada deve ser um processo que “propicie 
conhecimentos, capacitando o funcionário para a execução adequada do 
trabalho, preparando-o para futuras oportunidades de crescimento profissional, 
e seu crescimento técnico - cientifico” (TORRES; VIANA, 2005 apud PEDOTT, 
2012, p. 12). 
O relato dos entrevistados da equipe de enfermagem da AHCI revela que 
as práticas do Sistema de Educação Continuada da instituição possibilitam 
aprendizado e atualização técnico-científico: As práticas me possibilitam 
atualização em áreas que não são de minha atuação profissional e novos 
conhecimentos. Me mantém atualizada e me instiga a buscar novos 
conhecimentos não somente relacionados à enfermagem, mas da instituição 
hospital. 
Propicia oportunidades de aprendizado e complementação educacional, 
objetivando constante processo educativo. 
Ampliação de conhecimentos, novos aprendizados, atualização 
profissional, aperfeiçoamento técnico. 
A enfermagem, não diferente das demais profissões, deve acompanhar 
as mudanças do mundo globalizado, o aprender deve fazer parte do seu 
cotidiano. Os avanços tecnológicos são uma constante e, para tentar manter-se 
atualizado, é necessário empenhar-se para o desenvolvimento de aprendizado 
contínuo, tendo como foco a educação inovadora, a qual permite intervir, (re) 
construir e mudar a prática, como forma de adequar o pensar e o fazer às 
exigências e necessidades reais da clientela assistida (CECAGNO et al, 2006). 
28 
 
 
As práticas da Educação Continuada propiciam também crescimento 
profissional, como é mencionado pelos sujeitos investigados: Possibilita o 
crescimento profissional e intelectual dentro da instituição. 
Antes de ter a Educação Continuada a gente aprendia com os próprios 
colegas mais experientes, hoje temos a possibilidade de nos mantermos 
atualizados através das ações da educação continuada, o qual contribui muito 
para o êxito da nossa qualificação. 
As práticas promovidas pelo Sistema de Educação Continuada são 
pontuadas como imprescindíveis, por alguns participantes do estudo, vistas 
como algo fundamental para a permanência do colaborador na organização. 
Tenho certeza que hoje sou uma profissional com desenvoltura prática pelas 
formações/capacitações que realizei e realizo pela instituição proporcionada pela 
educação continuada, a qual nos direciona a pensar a gestão do trabalho de 
enfermagem nos setores específicos, propiciando crescimento pessoal e 
profissional. 
A educação continuada da AHCI contribui muito para o meu crescimento 
profissional, já tive muitos cursos e treinamentos que melhoraram a forma de 
conduzir o meu trabalho com os colaboradores, bem como planejar os 
treinamentos. 
A SEC tem contribuído muito para o meu desenvolvimento profissional, 
cresci muito teoricamente e nas habilidades técnicas, desenvolvi e continuo 
aperfeiçoando uma postura séria, comprometida perante o trabalho cotidiano 
tanto na assistência direta ao paciente, humanizando os cuidados, quanto ao 
relacionamento e a organização da equipe de enfermagem. 
Para Lino et al (2009 apud SALUM; PRADO, 2014, p.302) “a educação 
permanente deve constituir parte do pensar e do fazer dos 
profissionais, com a finalidade de propiciar o crescimento pessoal e 
profissional destes, bem como contribuir para a organização do 
processo de trabalho, uma vez que se desenvolve a partir de 
problemas diários identificados na realidade”. 
 
29 
 
 
O desenvolvimento de competências profissionais na enfermagem 
também é destacado pelos entrevistados como consequência da educação 
continuada: Possibilita assumir novos desafios, postura de educar em saúde, 
desenvolver habilidades práticas necessárias para um bom desempenho 
profissional e satisfação do cliente. 
Além de ter me possibilitado assumir e desenvolver trabalho gerencial. 
Tem contribuído também para desenvolver minhas atitudes de colaboração com 
outros profissionais e realizar a gestão do serviço de enfermagem. Todas as 
atividades da Educação Continuada nos possibilitam o aprendizado nos serviços 
de enfermagem através de conhecimentos teóricos e práticos, visam melhorar o 
desenvolvimento de importantes competências para o trabalho diário, incluindo 
tanto a área de enfermagem como outras áreas como informática. 
Nos mantém atualizados com novas tecnologias na área da saúde, nos 
permitindo uma maior autonomia e ampliação de conhecimentos, com o intuito 
de desenvolver nossas competências. 
As ações do Sistema de Educação Continuada refletem na formação 
profissional dos colaboradores, além de atualizar os conhecimentos já 
adquiridos, propicia a aquisição de novos para dar suporte técnico e assistencial 
à demanda de serviço dos diversos novos setores da instituição. 
É através dos subsídios que a educação continuada nos oferece é que 
consigo estar preparada a atender os novos serviços que a instituição oferece e 
crescer junto com a empresa e consequentemente prestar serviços de qualidade 
e eficiência. 
A educação continuada é muito importante, faz jus ao nome, pois estamos 
sempre estudando, desenvolvendo e renovando os nossos conhecimentos. 
É um setor de fundamental importância para a instituição no 
desenvolvimento das competências profissionais.) 
Além de relembrar algumas práticas que não são da minha de atuação, 
as ações da educação continuada ampliam o meu conhecimento e desenvolvem 
as minhas competências, o que contribui muito para mim que atuo na instituição 
também como supervisora de estágio. 
30 
 
 
Para Silveira e Robazzi (2011) a aquisição de habilidadesna 
enfermagem vai além do aprendizado e sua atualização, uma vez que 
passa pelo entendimento de um conjunto de variáveis e fatores 
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Permite-se o 
despertar de habilidades que leva a exercitar e desenvolver a 
criatividade, a criticidade, a autonomia de pensamento e a curiosidade 
que são muito úteis quando em situações clínicas reais em que se deve 
utilizar de todo o conhecimento das habilidades adquiridas. As mesmas 
autoras complementam: [...] a aprendizagem na enfermagem permite 
integrar a inovação, a tecnologia e a educação, possibilitando aos 
trabalhadores da área captar a realidade do cotidiano, despertar e 
aplicar novas ideias, aumentar competências e habilidades, adquirir e 
adicionar conhecimento e, desta maneira, fazer diferença na sua 
trajetória profissional (SILVEIRA; ROBAZZI, 2011, p. 599). 
O termo competência é entendido como “um conjunto de capacidades 
(conhecimentos, habilidades e atitudes) que, dentro de um contexto situacional, 
mobiliza recursos para atender a uma determinada demanda de contribuições e 
agrega valores sociais ao indivíduo e valores econômicos à organização” 
(KOBAYASHI; LEITE, 2010, p.244). [...] para a assistência à saúde, cada 
trabalho especializado é um meio para a realização do trabalho em saúde, 
gerando um processo de divisão técnica e social do mesmo. 
Os profissionais envolvidos nesse processo utilizam-se de conhecimentos 
técnicos específicos de cada área e de instrumentos para o desenvolvimento do 
trabalho. 
Dentre esses, os profissionais de enfermagem, particularmente, 
transformam o objeto (necessidades) utilizando-se de conhecimentos e saberes 
específicos, métodos, técnicas, materiais e equipamentos, devendo ter 
segurança e domínio sobre os mesmos (MANETI et al, 2012, p.728). Perrenoud 
e Thurler (2002 apud SALUM; PRADO, 2014, p.302) corroboram afirmando que: 
A competência é uma habilidade que o profissional desenvolve para atuar com 
segurança, acompanhando as mudanças e avanços tecnológicos e as 
diversidades presentes no mundo contemporâneo, reconhecendo que o 
conhecimento não pode ser esgotado nem na formação “formal”, nem tampouco 
na vivência diária. 
31 
 
 
Reconhece-se, dessa forma, a competência como “a aptidão para 
enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de uma forma correta, 
rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos, saberes, capacidades, 
micro competências, informações, valores, atitudes, esquemas de percepção, de 
avaliação e de raciocínio, proporcionando-lhe habilidade para transitar nas 
esferas do trabalho e da vida social. 
A educação continuada é uma ferramenta essencial com a finalidade de 
melhorar o desempenho profissional que, se conduzida como um processo 
permanente possibilita o desenvolvimento de competência profissional, visando 
à aquisição de conhecimentos, de habilidades e de atitudes, para interagir e 
intervir na realidade além de auxiliar a minimizar os problemas advindos da 
defasagem na formação (SALUM; PRADO, 2014). 
É necessário inserir na enfermagem uma forma de aprendizagem 
contínua que permita integrar, além da qualificação técnica o aprimoramento do 
indivíduo enquanto liderança, o qual acrescentará ao trabalho da coletividade 
ações eficientes para o alcance de resultados almejados pela instituição. 
Como reflexo das boas práticas da Educação Continuada na Enfermagem 
da instituição estudada constata-se como produto final a melhoria na qualidade 
da assistência ao paciente, como expressam os depoimentos a seguir: As 
práticas voltadas ao aperfeiçoamento técnico propiciam a melhoria da qualidade 
do serviço prestado, dando o apoio necessário para o desempenho das 
atividades da enfermagem desenvolvidas dentro da instituição. 
As atividades trazem questões novas e retomam práticas mais utilizadas 
como forma de padronizar os procedimentos e melhorar o cuidado ao paciente. 
Possibilita desenvolvimento, atuação efetiva e eficaz na minha vida 
profissional, troca de experiências, melhoria na assistência ao cliente. 
A educação continuada é um dos caminhos para uma assistência de 
qualidade, respeitando-se o paciente e o profissional, deve englobar programas 
de ensino que proporcionam aos trabalhadores oportunidades de aprendizagem 
e desenvolvimento de habilidades em suas ações profissionais, “integrando o 
processo produtivo ao educativo, contemplando as necessidades da instituição, 
32 
 
 
mas também as necessidades, as expectativas de elaboração de 
conhecimentos, experiências que vão além das exigências profissionais 
imediatas, respeitando as particularidades pessoais” (SOUZA; CERIBELLI, 
2004, p.768). 
Vale, Peruzzo e Felli (2011, p. 14) descrevem que “o processo de 
enfermagem é um exemplo, mas não o único, de organização ou 
método do trabalho assistencial de enfermagem”. 
O processo de enfermagem constitui-se de ações inter-relacionadas e 
interdependentes que possuem como objetivo o alcance de resultados como: um 
cuidado realizado com conhecimento científico, competência e sensibilidade e 
que seja capaz de satisfazer a clientela. 
Silva (1995 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004) refere que o profissional 
quando motivado, desenvolve suas atividades de maneira equilibrada 
e produtiva, cabendo ao enfermeiro responsável estimular e orientar 
sua equipe acerca da relevância do trabalho realizado, levando-a a 
reconhecer a importância de seus procedimentos técnicos para a 
instituição e a necessidade de atualização. Desta forma os 
profissionais se sentirão valorizados e dispostos para o trabalho. 
As competências representam combinações sinérgicas de conhecimento, 
habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, para um 
cuidado ético, seguro e de qualidade ao ser humano e sua coletividade, dentro 
do contexto organizacional hospitalar. 
O SEC traz diversas contribuições ao profissional de enfermagem dentre 
elas, mantém atualizado o conhecimento técnico-científico, propiciando melhora 
na qualidade da assistência prestada ao cliente e reduzindo as iatrogenias, ou 
seja, os erros relacionados ao cuidado de enfermagem. 
 
Categoria III - Limitações da Educação Continuada em Enfermagem 
O Sistema de Educação Continuada da AHCI na percepção da equipe de 
enfermagem entrevistada possui alguns limitadores, dentre eles os horários das 
capacitações, que influenciam no seu êxito institucional e alcance das metas 
traçadas. 
33 
 
 
As narrativas dos sujeitos demonstram avaliação crítica: Indisponibilidade 
de horários, uma vez que a maior parte dos funcionários da enfermagem trabalha 
em mais de uma instituição, outros não participam por terem compromissos, 
responsabilidades domiciliares. Dificuldade de atingir o público-alvo em sua 
totalidade. Adesão a estas práticas, não envolve todos os profissionais, por mais 
que se proporcionem três horários diferentes, muitos trabalham em outra 
instituição e não conseguem participar. 
Alguns treinamentos acontecem apenas em um único horário, quando 
acontece no horário de trabalho nem sempre é possível afastar-se das atividades 
do setor. Deveria ter mais de uma data e três horários com duração de no 
máximo uma hora. 
As instituições, na maioria das vezes, oferecem as práticas de educação 
continuada no período do turno de trabalho, para facilitar a participação dos 
funcionários que, fora desse horário, precisam de remuneração extra, além de 
os mesmos não disporem de tempo para retornarem à instituição para esse tipo 
de atividade. 
Ressalta-se ainda o fato de ser a enfermagem exercida grande parte por 
mulheres, as quais tem também ocupações domésticas, que podem agir como 
fator impeditivo para o retorno ao local de trabalho para participar das 
capacitações (SOUZA, CERIBELLI, 2004). 
Lorencette (2002 apud BRAGA; MELLEIRO, 2009, p. 1219) referem “a 
dificuldade para encontrar um horário apropriadopara as ações 
educativas para os trabalhadores de nível médio é apontada em estudo 
no qual utilizou depoimentos de gerentes de hospitais de São Paulo e 
encontrou divergências nos depoimentos em relação ao melhor horário 
para o desenvolvimento de programas de treinamento”. 
Acerca da duração das capacitações, relatado pelos participantes, 
Chiavenato (2000 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004, p.772) corrobora afirmando 
que “treinamento é considerado como um processo educacional, de curto prazo, 
que envolve transmissão de conhecimentos específicos relacionados ao 
trabalho, atitudes diante de aspectos organizacionais, de tarefas e do ambiente, 
bem como o desenvolvimento de habilidades. 
34 
 
 
Por isso as práticas de treinamento não podem ser com muitas horas de 
duração. Ainda como fatores que limitam as práticas da educação continuada da 
instituição em estudo, alguns entrevistados citam as capacitações apenas 
teóricas, como pode-se observar: Capacitações apenas teóricas diminuem a 
apreensão do conteúdo, os participantes se distraem facilmente, o que não 
ocorre quando se realiza intervenções com atividades práticas. 
Poderia ter cursos sobre situações, casos, emergências clínicas 
relacionadas a cada sistema, como sistema neurológico, gastrointestinal, 
poderia ser ministrado por médicos e enfermeiros especialistas nestas áreas 
com atividades de simulação prática. 
As limitações são individuais de cada um, depende da capacidade de 
aprendizado e de participação no que é oferecido. Mas se as capacitações 
tiverem teoria e prática a assimilação será melhor. 
As práticas teóricas, realizadas em sala de aula, fornecem conceitos para 
a abstração de conhecimentos que, muitas das vezes, por não serem 
vivenciados pelo aprendiz, dificulta sua compreensão e o entendimento da lógica 
implícita, nesse conhecimento, para a construção de capacidade crítica em sua 
ação (ABUD, 2001 apud SOUZA; CERIBELLI, 2004). 
O recomendado é unir a teoria e a prática, assegurando a simultaneidade 
e reciprocidade, pela autonomia e dependência de uma em relação à outra. 
Sendo esta uma estratégia eficaz para a construção do conhecimento (SOUZA; 
CERIBELLI, 2004). 
Os conteúdos trabalhados nas práticas de capacitações centralizadas da 
educação continuada também foram apontados como limitadores, como se 
constata nas falas: 
Os assuntos discutidos, nem sempre são as da nossa atuação 
profissional. Há pouco treinamento específico para a central de material e 
esterilização. Não tem treinamentos para o instituto de olhos. Poucos temas 
sobre radioterapia. 
A diversidade de temas abordados nas práticas de educação continuada 
representa as necessidades da equipe de enfermagem em todos os níveis de 
35 
 
 
atendimento, tanto ambulatoriais quanto de unidades de internação. Sendo 
necessário abordar temas para a formação de competências, habilidades e 
atitudes, e que os profissionais sejam estimulados a discutirem aspectos do seu 
cotidiano relacionados à comunicação, relacionamento interpessoal, tomada de 
decisão e trabalho em equipe, assim como o papel do sistema de saúde no qual 
estão inseridos. Por isso programas de educação continuada dissociados da 
realidade tornam-se cansativos e desestimulantes (BEZERRA et al, 2012). 
As práticas do Sistema de Educação Continuada em Enfermagem na 
AHCI são executadas na modalidade mista, ou seja, de forma descentralizada 
pelos enfermeiros coordenadores das Unidades e de forma centralizada pelo 
enfermeiro da educação continuada. 
Por isso as áreas específicas como a Central de Material e Esterilização, 
Radioterapia e Instituto de Olhos, entre outras as capacitações devem ser 
desenvolvidas pelo próprio enfermeiro da unidade, enquanto que os demais 
temas que abordem a totalidade dos setores devem ser desenvolvidos pelo 
enfermeiro da educação continuada. Nesta perspectiva, Bezerra et al (2012, 
p.622) justificam que “a coordenação e execução de um programa de 
desenvolvimento de recursos humanos estabelecido por um serviço de 
educação continuada, ou não, devem ser exercidas pela enfermeira da unidade 
de trabalho”. Por isso todo enfermeiro deve assumir a responsabilidade pela 
educação de sua equipe, com a finalidade de garantir a qualidade da assistência 
prestada ao paciente. 
Os Sistemas de Educação Continuada existentes nas organizações 
hospitalares devem criar espaços para discussão e propor estratégias que 
proporcionem aos profissionais, segurança e domínio do assunto abordado 
(SOUZA, CERIBELLI, 2004). 
O SEC da instituição em estudo deve levar em consideração os fatores 
que limitam as práticas educativas, criando estratégias para minimizar o 
descontentamento dos profissionais usuários do serviço. 
 
 
36 
 
 
PROPOSIÇÃO DE AÇÕES QUE VISEM MELHORAR A EFICÁCIA 
DO SEC 
O Sistema de Educação Continuada em Enfermagem da AHCI deve rever 
a sua organização de forma a abordar o maior número possível de capacitações 
teórico práticas, mediante a realização de práticas de curta duração, por meio de 
cursos mensais ou bimestrais que abordem temas de interesse comum para 
todas as áreas da enfermagem, tanto para enfermeiros, quanto para técnicos em 
enfermagem. 
Além disso, realizar avaliações dos treinamentos e desenvolvimento 
(T&D) ao final de cada evento e por período, visando identificar as práticas com 
melhores resultados. Para atingir um número maior de profissionais a SEC da 
AHCI deve ofertar mais de uma data e horário de treinamento, de forma a 
contemplar os três turnos de trabalho da enfermagem (manhã, tarde e noite), 
bem como realizar um levantamento das necessidades de T & D, pois nem todos 
os profissionais precisam participar de todos os eventos. 
A SEC da AHCI pode buscar parcerias com outras instituições de saúde 
e de ensino local e regional com o intuito de fomentar o desenvolvimento de 
capacitações acerca de novas tecnologias em saúde e ensino, aliando a 
metodologia da prática do ensino em serviço. 
A organização hospitalar possui estratégicas para o desenvolvimento de 
competências a partir da percepção dos enfermeiros e técnicos em enfermagem, 
o qual foi plenamente alcançado. 
O Sistema de Educação Continuada da instituição em estudo desenvolve 
diversas práticas educativas dentre elas, cursos, treinamentos, 
desenvolvimento, jornadas, promove ambientação aos novos colaboradores da 
enfermagem, seleção, recrutamento, remanejo interno e monitoramento das 
avaliações de desempenho dos colaboradores da enfermagem. Além disso, 
inovou a sua prática educacional por meio da implantação da Incubadora de 
Aprendizagem na Enfermagem. 
As práticas desenvolvidas por este sistema trazem importantes 
contribuições à equipe de enfermagem como aprendizado contínuo, 
37 
 
 
aperfeiçoamento técnico-científico, crescimento profissional, desenvolvimento 
de competências profissionais, refletindo diretamente na melhoria da qualidade 
da assistência prestada ao paciente. 
Como limitações das práticas desenvolvidas por este sistema incluem-se 
os horários das capacitações, a existência de capacitações apenas teóricas e os 
conteúdos abordados nas capacitações centralizadas, os quais nem sempre 
atendem as demandas de todas as unidades assistenciais e de apoio. 
A organização em estudo deve rever os horários das práticas promovidas 
pelo Sistema de Educação Continuada em Enfermagem, de modo a prover três 
horários para contemplar todos os turnos de trabalho e atingir um maior número 
de profissionais, bem como elencar assuntos para as práticas centralizadas de 
interesse comum para todas as áreas da enfermagem e promover maior número 
de capacitações com enfoque teórico-prático. 
Os profissionais responsáveis pelo Sistema de Educação Continuada em 
Enfermagem das organizações hospitalares não devem somente dar um saber 
sistematizado aos profissionais de enfermagem, devem propiciar a vivência e a 
reflexão juntas,despertar no colaborador a vontade de aprender. 
Desta forma o saber gerado na prática cotidiana possibilitará maior 
apreensão e tornará o aprendizado efetivo. Por isso, torna-se necessário realizar 
um diagnóstico prévio das necessidades de treinamento, juntamente com os 
colaboradores, para propor programas que os levem a se sentirem motivados 
para aprender. 
O exercício da prática profissional exige dos profissionais de saúde o 
domínio de um grande número de competências para oferecer serviços de 
qualidade à população. 
As competências da equipe de profissionais de saúde exercem importante 
papel na definição de políticas de saúde, no gerenciamento de riscos à saúde, 
na avaliação da eficácia dos programas de treinamento e formação de 
profissional e na supervisão da atenção oferecida. 
Constatar a fundamental importância do Sistema de Educação 
Continuada em Enfermagem em uma organização hospitalar para o 
38 
 
 
aperfeiçoamento técnico científico e o desenvolvimento de competências 
profissionais. 
A Educação Continuada tem o intuito de desenvolver competências 
individuais e coletivas, incentivando as pessoas ao autodesenvolvimento e 
conscientizando-as da própria responsabilidade pelo crescimento. 
O intuito de contribuir com estudantes, profissionais de saúde e 
pesquisadores, no sentido de proporcionar aporte teórico para desencadear 
discussões, reflexões, estimular novas investigações envolvendo a referida 
temática, bem como favorecer o planejamento de ações direcionadas a 
educação continuada, para os diversos profissionais dentro das instituições de 
ensino e nos serviços de saúde. 
Recomenda-se a realização de novos estudos acerca da temática em 
questão, este assunto não se esgota, há muito que se pesquisar e explorar 
acerca da Educação Continuada em Enfermagem nos serviços de saúde 
hospitalar e de atenção básica. 
Para operacionalizar um projeto inovador na área de Saúde, é essencial 
a formação de recursos humanos. Embora isto seja uma questão de 
investimento maior no momento de contenção de gastos, a médio e a longo 
prazo, será uma medida de economia. 
Em programas de extensão de cobertura dos serviços de saúde, a 
"educação em serviço" proporcionada, de modo crítico e construtivo, para o 
pessoal de nível primário, constitui o elemento fundamental para a 
transformação dos serviços de saúde. Se isto não for proporcionado de maneira 
adequada, a assistência permanecerá a mesma e o plano será desmoralizado. 
Quanto aos profissionais, a educação em nível de graduação não oferece 
suficientes oportunidades de aprendizagem. 
Por outro lado, a revolução científico-técnica modifica, em curtos períodos 
de tempo, tanto os conceitos que se adquirem durante a formação básica como 
a tecnologia que apoia e complementa o trabalho do pessoal da equipe de 
saúde. 
39 
 
 
Assim, a necessidade de manter atualizado o pessoal de saúde torna-se 
evidente, ao mesmo tempo que se torna necessária mudança no conteúdo da 
educação, que não pode mais, mesmo no quadro estritamente profissional, 
restringir-se aos conhecimentos práticos puramente utilitários que serão 
ultrapassados rapidamente; deve ela permitir a cada um adquirir aptidões que 
facilitariam adaptações às circunstâncias. 
Uma situação encontrada, muitas vezes, no sistema de saúde é o mau 
uso e inadequada distribuição do pessoal de assistência â saúde. 
Quando é verificada deficiência de elementos qualificados para 
desempenharem funções necessárias à assistência, são os mesmos 
substituídos por pessoas de qualificação acima ou abaixo da necessária para o 
exercício da atividade, resultando, quase sempre em baixa produtividade no 
trabalho e insatisfação do trabalhador, que não realiza funções no nível de suas 
habilidades nem de sua educação. 
Para proporcionar educação em serviço de forma contínua, visando a 
transformação, atualização do pessoal profissional e saneamento dos problemas 
surgidos das relações educação-emprego, propõe-se "maior extensão do 
processo educativo que consiste na integração entre o sistema educacional e o 
sistema de treinamento para o trabalho e que foi denominado sistema de 
educação continuada. 
A atualização de conhecimentos durante toda a vida profissional constitui 
um complemento indispensável da graduação, e é nesta educação que as 
pessoas encontram a motivação necessária para desenvolverem conduta 
criativa de adaptação às novas exigências. 
A educação continuada, além de aumentar a eficiência da organização, 
aumenta a satisfação dos agentes no trabalho e deve ser considerada um 
elemento essencial no progresso da carreira a ser oferecido a cada trabalhador 
individual como um direito básico. 
A educação continuada é um meio de aprendizagem sistematizada do 
trabalhador e é uma responsabilidade compartilhada do próprio indivíduo, da 
40 
 
 
ação planejada do sistema de saúde, do sistema de educação e das associações 
profissionais. 
A UNESCO, em sua 14ª Conferência Geral (1966-Paris) considerou 
prioritária a educação permanente ou educação continuada. A XIX Conferência 
Sanitária Pan-americana (1974) destacou a importância da educação continuada 
para apoiar e aumentar a competência do profissional de saúde. 
O programa a médio prazo da OMS, para o Desenvolvimento dos 
Recursos Humanos em Saúde — 1984-89 tem como meta desenvolver sistema 
adequado de educação continuada, incluindo sua integração com a supervisão 
em todos os níveis 
Entre os conceitos encontrados na literatura específica sobre educação 
continuada podem ser destacados os seguintes: "Educação continuada de 
profissionais de saúde é o processo que inclui as experiências posteriores ao 
adestramento inicial, que ajudam o pessoal de assistência á saúde a aprender 
competências importantes para o seu trabalho. 
A educação continuada adequada deveria refletir as necessidades de 
saúde da comunidade e conduzir a melhoria planejada da saúde da comunidade" 
(OMS, 1982). 
 "Educação continuada é um processo que deve continuar durante a vida 
adulta" (Conferência Geral da UNESCO - Paris). 
"Educação continuada é um processo de ensino e aprendizado ativo e 
permanente que se inicia após a formação básica e está destinado a atualizar e 
melhorar a capacidade de uma pessoa ou grupo, frente às evoluções técnico-
científica e às necessidades sociais" (Grupo de peritos da OPAS). 
 "Educação continuada é um processo que o profissional deve realizar de 
forma permanente e sistematizada para obter novos conhecimentos, avaliar a 
validade dos anteriormente adquiridos e compensar suas carências de maneira 
a que o desempenho de seus trabalhos resulte na máxima eficiência para a 
sociedade" (PEREDA ). 
 
41 
 
 
TORRE MONTEJO et ali concebem a educação continuada como um 
processo permanente de aprendizagem que se inicia no momento em 
que o profissional ou técnico termina seu curso de formação básica ou 
de especialização, para jamais abandoná-la durante todo o tempo que 
permaneça no exercício profissional. 
Complementando o conceito acima, PEREDA escreve que a educação 
continuada é um processo intencional, formalizado ou não pelo ensino, que 
consiste em adquirir, incrementar e manter atualizados os conhecimentos, 
habilidades e atitudes que permitam enfrentar e resolver corretamente os 
problemas de proporcionar serviços eficientes e eficazes. 
A OMS exclui da educação continuada os cursos de pós-graduação que 
conduzem a qualificações específicas, embora concorde que a decisão é 
arbitrária, baseando-se no fato de que a pós-graduação tem mais em comum 
com o adestramento inicial. 
Considera, porém, que pode não existir distinção entre adestramento 
inicial e educação continuada e que o limite entre estes não deve ser rígido. Dá 
ênfase ao fato de que todo o pessoal de saúde deve estar incluído, desde os 
profissionais até os agentes de saúde da comunidade, e que a educação

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