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EDUCAÇÃO-PERMANENTE-E-CONTINUADA-EM-ENFERMAGEM-2

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1 
 
 
EDUCAÇÃO PERMANENTE E CONTINUADA EM 
ENFERMAGEM 
1 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
CAMINHO PERCORRIDO ....................................................................... 7 
REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................... 19 
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................... 25 
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE ............................................. 30 
VISÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE EDUCAÇÃO PERMANENTE ... 32 
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: INSTRUMENTO DE 
TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO DE ENFERMEIROS ............................. 34 
DIFICULDADES RELACIONADAS À EDUCAÇÃO PERMANENTE NA 
PRÁTICA DOS ENFERMEIROS ...................................................................... 36 
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ENFERMEIROS PARA A PRÁTICA 
DA EDUCAÇÃO PERMANENTE ..................................................................... 38 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
A educação dos trabalhadores da saúde é uma área que requer empenho 
para o aprimoramento de métodos educativos que atinjam com eficácia a equipe 
multiprofissional. Para promover o desenvolvimento do processo de trabalho é 
preciso criar estratégias de educação que encorajem a participação dos 
trabalhadores da área da saúde e assim possibilitem a capacitação profissional. 
“A educação é um processo permanente que busca alternativas e 
soluções para os problemas de saúde reais vivenciados pelas pessoas e grupos 
em suas realidades”. 
(1) Entendendo que a Enfermagem constitui uma profissão da saúde em que 
estão inseridos diversos fatores que podem interferir em seu processo de 
trabalho, tais como, forte carga emocional e física, horários de trabalho 
atípicos, longas jornadas, insuficiência de funcionários, falta de autonomia 
e motivação, existe a necessidade de que essas ações educativas sejam 
uma realidade no cotidiano desta categoria. A concepção de educação 
relaciona-se com a profissão de enfermagem, levando-se em 
consideração que em todas as ações desta profissão estão inseridas 
práticas educativas, sendo assim, citamos que a Educação Permanente, 
Continuada e em Serviço podem ser “elos” que promovam o 
desenvolvimento profissional e pessoal. 
(2) Ao discutir educação em enfermagem, é importante definir conceitos 
acerca da Educação Permanente, Educação Continuada e Educação em 
Serviço, pois entender suas diferenças é o primeiro passo para exercitar 
essas práticas educativas voltadas para o trabalho em equipe. 
É relevante destacar que Educação Permanente, Educação 
Continuada e Educação em Serviço são processos que se caracterizam pela 
continuidade das ações educativas, ainda que se fundamentem em princípios 
metodológicos diferentes, e quando implementadas em conjunto possibilitam 
a transformação profissional através do desenvolvimento de habilidades e 
competências e assim fortalecem o processo de trabalho. 
(3) No campo dos sistemas de saúde, os debates acerca da educação e 
desenvolvimento dos recursos humanos levaram a contrastar paradigmas 
4 
 
 
das denominadas “Educação Continuada” e “Educação Permanente”. 
Também é referido que: “Percebe-se que estes conceitos, embora não 
opostos, conferem especificidades ao processo ensino-aprendizagem”. 
(4,5) Ressalta-se que o Ministério da Saúde aprovou em 2003 a Política 
Nacional de Educação Permanente em Saúde que propõe que os processos 
de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da 
problematização do processo de trabalho, e ressaltou que as demandas por 
mudanças e melhorias devem ser baseadas na análise do processo de 
trabalho, nos seus problemas e desafios. 
(6,7) Sendo assim, nosso problema se encontra na dificuldade de se 
conceituar esses termos de forma clara e concisa a partir de várias literaturas 
disponíveis, onde cada autor entende o processo de educação no trabalho e 
na enfermagem de acordo com suas reflexões, onde o profissional da prática 
assistencial desconhece essas diferenças e vive esses termos de forma 
errônea com a equipe. 
Desta forma, o artigo proposto vem para discutir esses conceitos e 
esclarecer as concepções, assim como, debater com os autores as 
definições trazidas pelos mesmos e diferenciar essas propostas educativas, 
possibilitando exercitá-las da melhor forma. 
- Discutir os conceitos de Educação Permanente, Educação Continuada e 
Educação em Serviço e como estes conceitos se relacionam. 
- Contribuir para o incentivo de novas pesquisas relacionadas ao tema, para 
que assim se chegue a um consenso acerca dos conceitos de Educação 
Permanente, Educação Continuada e Educação em Serviço, e ao mesmo 
tempo, que esses possam ser conhecidos pela equipe de enfermagem 
possibilitando sua implementação no processo de trabalho, encorajando a 
promoção da educação na enfermagem. 
Busca ainda reforçar a necessidade de inclusão da “Educação 
Permanente” como descritor na Biblioteca Virtual em Saúde. 
Trata-se de uma Revisão Integrativa realizada nas seguintes bases de 
dados: realizada no período de novembro a dezembro de 2011. 
5 
 
 
A Revisão Integrativa é um método de revisão mais amplo, pois 
permite incluir literatura teórica e empírica bem como estudos com diferentes 
abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa). 
(8) Este método tem como principal finalidade reunir e sintetizar os estudos 
realizados sobre um determinado assunto, construindo uma conclusão, a 
partir dos resultados evidenciados em cada estudo, mas que investiguem 
problemas idênticos ou similares. 
(9) Os estudos incluídos na revisão são analisados de forma sistemática em 
relação aos seus objetivos, materiais e métodos, permitindo que o leitor 
analise o conhecimento pré-existente sobre o tema investigado. 
(10) A Revisão Integrativa se divide em seis etapas que foram utilizadas nesta 
pesquisa, sendo a primeira Identificação do tema e elaboração da Questão 
Norteadora, que foi a seguinte: 
Quais os conhecimentos produzidos sobre Educação Permanente, 
Educação Continuada e Educação em Serviço e como estes conceitos se 
relacionam? 
A segunda etapa foi o estabelecimento de critérios de inclusão, que 
foram estes: estudos publicados nos últimos 5 anos; textos em Português, 
visto que a Política Nacional de Educação Permanente é uma política pública 
do Brasil; artigos científicos que conceituem Educação Permanente, 
Educação continuada e Educação em serviço; artigos científicos. 
E critérios de exclusão: trabalhoscientíficos que não atendam a 
questão do estudo. Ainda nesta etapa foi realizada a busca de amostragem 
na literatura e estabelecimento dos descritores a serem utilizados, que nesta 
pesquisa foram: “Educação em Enfermagem” and “Educação” and 
“Educação Continuada em Enfermagem”, onde descrevemos o caminho 
percorrido pelo fluxograma apresentado. 
A terceira etapa consistiu na seleção dos trabalhos científicos de 
acordo com seus conceitos embasadores, objetivos e metodologia, a 
definição das informações a serem extraídas dos artigos científicos 
selecionados e categorização dos mesmos. 
6 
 
 
Como quarta etapa, realizamos a avaliação dos estudos incluídos na 
revisão integrativa e análise crítica, correlacionando-os. 
Na quinta etapa foi realizada a interpretação e discussão dos 
resultados, destacando os trabalhos que trouxeram de forma mais clara e 
concisa as diferenças conceituais entre as vertentes da educação que foram 
pesquisadas. 
E como sexta e última etapa, foi apresentada a revisão e síntese do 
conhecimento produzido acerca dos conceitos de Educação Permanente, 
Continuada e em Serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
CAMINHO PERCORRIDO 
 
Educação continuada como fator influenciador do aprimoramento 
profissional 
A educação continuada é definida como um conjunto de atividades 
educativas para atualização do indivíduo, onde é oportunizado o 
desenvolvimento do funcionário assim como sua participação eficaz no dia-a-dia 
da instituição. 
Como fatores que influenciam na aprendizagem e nas mudanças 
educacionais, estão o conhecimento e a prática atualizados, onde cria-se no 
funcionário necessidades de readaptação e reorientação no seu processo de 
trabalho, o que subsidia a implantação da estratégia de educação continuada. 
Ao mesmo tempo em que consideramos a atualização das práticas 
educacionais em saúde, emerge a necessidade de construção de relações entre 
as equipes, considerando suas práticas intersetoriais e interinstitucionais, as 
quais implicam em políticas na área da saúde. 
Estabelecer um programa de educação continuada tendo como base a 
interdisciplinaridade propicia maior interação na equipe de saúde, oportunizando 
a promoção da aprendizagem e intercâmbio dos conhecimentos. 
A educação continuada pode ser definida de diferentes maneiras, mas o 
propósito de aquisição do conhecimento, habilidades e mudanças 
8 
 
 
comportamentais para o aprimoramento profissional e da assistência, deve estar 
inscrito nessa definição. 
A realidade da educação continuada na enfermagem nos serviços 
públicos de saúde, fica latente a necessidade de maior divulgação a respeito da 
composição e finalidade dos Polos de Educação Permanente para haver uma 
participação comprometida dos trabalhadores da saúde e ações consequentes 
com seus princípios e metas. 
Tecendo alguns comentários acerca do processo de educação 
continuada, as manifestações se direcionam para a insipiência das propostas, 
assim como para a falta de elementos como estrutura física e de pessoal e 
também de uma política da instituição para essa forma de educação. 
A educação permanente na equipe de enfermagem para prevenir a 
infecção. A educação permanente carece ser uma habilidade desenvolvida pelo 
enfermeiro continuamente a fim de que o desempenho e aprimoramento 
profissional de toda equipe de Enfermagem na prevenção da infecção hospitalar 
seja eficiente e eficaz os desafios para a implementação de medidas preventivas 
e de controle de Infecção Hospitalar envolvem desde políticas institucionais e 
administrativas, normatização do serviço, relações interpessoais e intersetoriais, 
até o envolvimento e a capacitação dos profissionais. 
Encontramos em um dos estudos que a Educação continuada é um ponto 
importante e decisivo da qualidade de assistência de enfermagem, e a conceitua 
como um processo de atualização técnico-científica contínuo que oferece ao 
profissional a reflexão da profissão, e de suas práticas, que promove o 
desenvolvimento pessoal e eleva a autoestima, permitindo a experimentação da 
autonomia no desempenho profissional. 
A educação continuada perpassa o profissional como forma de estímulo 
e motivação daqueles por ele assistido, para manifestarem também as 
experiências de autonomia, elevação da autoestima e desenvolvimento pessoal. 
Entendendo, que a educação continuada pode possibilitar a melhora no 
relacionamento entre cliente, família e equipe, assim como na compreensão da 
9 
 
 
doença, devido ao encorajamento da aquisição de conhecimento, despertando 
o autoconhecimento no profissional. 
Ao refletirmos sobre o conceito de educação continuada, a partir de outro 
autor, podemos compreendê-la como: 
[...] um processo educativo, formal ou informal, dinâmico, dialógico e 
contínuo, de revitalização e superação pessoal e profissional, de modo individual 
e coletivo, buscando qualificação, postura ética, exercício da cidadania, 
conscientização, reafirmação ou reformulação de valores, construindo relações 
integradoras entre os sujeitos envolvidos para uma práxis crítica e criadora. 
A educação continuada considera a vivência de trabalho do profissional, 
onde a valorização desse saber aponta a realidade do serviço, a exposição das 
necessidades e problemas, e estimula a troca de experiências, a criação de uma 
nova prática do saber, a partir do pensamento crítico gerado por esse processo. 
A educação continuada é aqui apresentada numa perspectiva mais 
ampla, que se preocupa com a valorização do ser humano. 
Além da busca de metodologias diferenciadas para aplicar na tentativa de 
avançar no processo de ensino aprendizagem, possibilitando favorecer a 
resolução de problemas da prática. 
Para o autor supracitado, o conhecimento acerca da educação continuada 
oscilou desde uma vertente restrita de treinamentos, capacitação e atualização 
dentro de modelos tradicionais até uma visão que não esgota somente nessas 
atividades, onde a educação continuada é entendida como momento de 
valorização e crescimento pessoal do profissional no trabalho. 
 
Educação Permanente em Saúde (EPS) como prática pedagógica baseada 
na aprendizagem significativa 
Em 1978, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) conceituou a 
EPS como um processo dinâmico de ensino e aprendizagem, ativo e contínuo, 
com a finalidade de análise e melhoramento da capacitação de pessoas e 
10 
 
 
grupos, frente à evolução tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos 
e metas institucionais. 
Após 2003, a Educação Permanente foi instituída no Brasil como política 
pública. 
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde foi citada em 
quase todos os artigos enquadrados nessa categoria, exceto o 5º artigo que não 
a cita diretamente, mas conceitua a EPS de forma adequada com o que é 
proposto na Política. 
Percebemos que existe um consenso entre os autores selecionados para 
esta categoria sobre o conceito de Educação Permanente. 
O conceito de EPS é definido na Política Nacional como aprendizagem no 
trabalho, em que o aprender e o ensinar são incorporados ao cotidiano das 
organizações e ao processo de trabalho e propõe que, os processos de 
educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização da 
própria prática. 
A proposta pedagógica utilizada na capacitação permanente necessita 
considerar os trabalhadores como sujeitos de um processo de construção social 
de saberes e práticas, preparando-os para serem sujeitos dos seus próprios 
processos de formação ao longo de toda a sua vida. 
A capacitação precisará incidir sobre o processo de trabalho, sendo 
realizada de preferência no próprio trabalho, avaliada e monitorada pelos 
participantes. 
A EPS constitui-se em uma das alternativas viáveis de mudanças no 
espaço de trabalho, em razão de cogitar formas diferenciadas de educar e 
aprender, atravésda qual se propõe transcender ao tecnicismo e as 
capacitações pontuais, instigando a participação ativa dos educandos no 
processo, assim como o desenvolvimento da capacidade crítica e criadora dos 
sujeitos. Porquanto, prospecta-se que a educação permanente busca 
transformar as práticas profissionais existentes através de respostas construídas 
a partir da reflexão de trabalhadores, estudantes e demais atores sociais. 
11 
 
 
Propões, ainda, a EPS que, através da análise coletiva dos processos de 
trabalho, seus atores possam se responsabilizar mutuamente pela produção de 
autonomia e de cuidados na perspectiva da integralidade da assistência. 
Baseada na aprendizagem significativa, a EPS também propõe que essa análise 
seja desenvolvida na interlocução, em rodas de conversas sobre os problemas 
e dificuldades vivenciados no cotidiano da produção do cuidado, da gestão, da 
formação dos trabalhadores para o SUS e da participação e controle sociais. 
Outros autores aproximam-se do conceito de EPS abordado no trabalho 
acima citado e completam que a EPS parte dos questionamentos do meio social 
dos atores do próprio processo e os considera agentes ativos no processo de 
aprendizagem. 
Uns estudos referem-se à Política Nacional de EPS e também se 
aproxima dos demais ao dizer que o Ministério da Saúde tem se preocupado 
com a educação permanente como meio de transformar as práticas educativas 
da formação, da atenção, da gestão, de formação de políticas, de participação 
popular e de controle social no setor de saúde. 
Foi apontado em um dos estudos que a EPS é uma atividade educativa 
de caráter contínuo, cujo eixo norteador é a transformação do processo de 
trabalho, centro privilegiado de aprendizagem. É voltada para a prática educativa 
que se orienta pelo cotidiano dos serviços, partindo da reflexão crítica sobre os 
problemas referentes à qualidade da assistência, assegurando a participação 
coletiva multiprofissional e interdisciplinar favorecendo a construção de novos 
conhecimentos e intercâmbio de vivências; representando o esforço de 
transformar a rede pública de saúde em um espaço de ensino-aprendizagem no 
exercício do trabalho. 
Outro artigo selecionado define EPS conforme o conceito trazido pela 
Política Nacional e sua interface com a obra de FREIRE, ao tratar a formação de 
sujeitos críticos, propõe a pedagogia libertadora e problematizadora, entendida 
como uma forma de ler o mundo no ambiente de trabalho. 
Essa ultrapassagem de limites, do campo específico da educação para o 
mundo e do mundo para a educação, possibilita a utilização dessa pedagogia na 
área da saúde e, mais especificamente na educação permanente, fortalecendo 
12 
 
 
e instrumentalizando os profissionais para a transformação deste mundo por 
meio da ação consciente. 
Mais um dos estudos utilizados também referência em seu trabalho a 
Política Nacional de Educação Permanente e concorda com o artigo acima 
referido ao relacionar a EPS a obra de FREIRE e apontar o diálogo enquanto 
essência da educação e como prática de liberdade que consiste em um 
fenômeno humano, o qual não deve ser reduzido ao simples depósito de ideias 
de um sujeito no outro, pois representa o encontro entre os homens, para 
problematizar situações e modificar a realidade. 
E assim, diz, que a educação promove autonomia, responsabilidade 
social, além de contribuir para a formação de indivíduos politizados, críticos e 
reflexivos, capazes de transpor as dificuldades e modificar o status quo. 
 Assim, a EPS visa ao questionamento da “realidade e suas metas de 
pactos e acordos diversos que conformam propostas e projetos potentes para 
mudar as práticas e operar realidades vivas, atualizadas pelos diferentes 
saberes e conexões, pela atividade dos distintos atores sociais em cena e pela 
responsabilidade com o coletivo”. 
E tem por objetivo trabalhar com as equipes e não com os trabalhadores 
corporativamente organizados, ou seja, apresenta um enfoque multiprofissional 
e interdisciplinar. 
Mais um autor vai ao encontro do que foi dito pelos demais e acrescenta 
que a EPS tende a oportunizar uma prática reflexiva e não apenas mecanizada 
pela intensidade da necessidade do fazer, ou seja, uma prática mediada pela 
capacidade de refletir e pela necessidade de mudar quando a finalidade humana 
é requerida e, ainda, a partir dos processos desencadeados no trabalho. 
O último estudo selecionado para esta categoria também dialoga com os 
demais ao definir educação permanente com base na Política Pública instituída 
e traz que a EPS constitui estratégia fundamental às transformações do trabalho 
no setor para que venha a ser lugar de atuação crítica, reflexiva, propositiva, 
compromissada e tecnicamente competente. 
 
13 
 
 
Diferenças e Marcos Conceituais 
Foram pontuadas importantes diferenças entre a educação continuada e 
a educação permanente, para que não haja confusão entre essas práticas, 
definindo a EC como toda ação desenvolvida após a profissionalização 
objetivando atualizar os conhecimentos, adquirir novas informações, 
considerando um conjunto de experiências subsequentes à formação inicial, que 
permite ao profissional qualificar sua competência individual e que esta esteja 
alinhada à suas responsabilidades. 
O mesmo autor cita ainda que a educação continuada pode ser 
adicionada na educação permanente, devido ao estímulo do desenvolvimento 
da consciência nos profissionais sobre sua realidade, ressaltando que para 
ocorrer de forma efetiva, é necessário direcionar a educação continuada ao 
desenvolvimento global, para alcançar a melhoria da assistência de 
Enfermagem. 
Encontramos também que a educação de trabalhadores de Enfermagem 
é referida em três dimensões: Educação Permanente, Educação Continuada e 
Educação em Serviço, e afirma que há ausência de consenso entre essas, 
entretanto duas dessas propostas –EC e EP, se apresentam mais consolidadas 
e têm um caráter complementar, porém com marcantes diferenças conceituais. 
A EC é desenvolvida como extensão do modelo escolar e acadêmico, 
fundamentada no conhecimento técnico-científico, com ênfase em treinamentos 
e cursos, para adequar os profissionais ao trabalho na respectiva unidade, de 
modo que a EC não é um espaço de reflexão e crítica sobre o cuidado, mas uma 
reprodução de abordagens já consagradas. 
Ainda segundo o autor, outras práticas educativas foram introduzidas ao 
processo de trabalho, de forma a propor mudanças de maior impacto, e 
propostas como práticas sociais. 
Essas ações vêm ao encontro do conceito de Educação Permanente, 
citada pelo autor como aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar 
se incorporam ao cotidiano das organizações, fundamentada nas contribuições 
14 
 
 
de Paulo Freire, principalmente em relação à proposta de tornar o profissional 
um ser problematizador. 
A EC desenvolve-se conforme os objetivos da instituição, é realizada no 
ambiente de trabalho, e vem acontecendo de forma tradicional, não valorizando 
os saberes preexistentes e a construção de novos conhecimentos. 
Já a EP tem intenção de mudanças na formação e no desenvolvimento 
profissional, o conteúdo a ser estudado emerge de situações vivenciadas pelos 
trabalhadores, e articula esferas como a gestão, os serviços de saúde, as 
instituições de ensino e órgãos de controle social. 
Comparando a EC e a EP, fica definido que a EC trabalha de forma 
uniprofissional, busca uma prática autônoma, enfoca temas e especialidades, 
tem por objetivo a atualização técnico-científica, e tem periodicidade esporádica, 
além de se utilizar de metodologias fundamentadas na pedagogia de 
transmissão, e espera atingir a apropriação do saber científico de forma passiva. 
Já a EP, trabalha de forma multiprofissional, busca uma prática 
institucionalizada, tem por objetivo a transformação de práticas técnicas e 
sociais, a periodicidadeé contínua, fundamenta-se na pedagogia centrada na 
resolução de problemas, onde o resultado é a mudança institucional, a 
apropriação ativa do saber científico, fortalecendo a equipe de trabalho. 
Alguns autores, ao escrever sobre a educação na equipe de enfermagem, 
citam conceitos de EC e de EP, sem diferenciá-los metodologicamente, e ainda 
descrevem resultados eficientes quando esses processos são utilizados para 
melhoria da prática assistencial, definindo como cada um desses gera resultados 
positivos tanto para o usuário assistido quanto para o profissional que estará em 
desenvolvimento contribuindo para que o trabalho seja um ambiente de contínuo 
aprendizado. 
 A EC também pode ser conceituada como um conjunto de práticas usuais 
que objetivam mudanças pontuais nos modelos hegemônicos de formação e 
atenção a saúde. E a EP é um processo permanente que promove o 
desenvolvimento integral dos profissionais do setor, empregando situações mais 
apropriadas para atingir a aprendizagem significativa. 
15 
 
 
E completa ainda que a EC deva considerar as necessidades do 
profissional, do setor de trabalho, da instituição e a inovação tecnológica. As 
concepções de EP e EC são distintas e suas diferenças podem ser apreendidas 
na literatura, onde a EP é entendida como espaço de problematização, reflexão, 
diálogo e construção de consensos, está fundamentada na concepção de 
educação como transformação e aprendizagem significativa, na valorização do 
trabalho como fonte do conhecimento, voltada para um olhar multiprofissional, 
interdisciplinar e as práticas sociais e relacionada à concepção da integralidade. 
E a Educação Permanente trabalha na perspectiva da transformação, 
participa do desenvolvimento das ações de ensino em serviço, considera as 
singularidades, necessidades de formação e desenvolvimento para o trabalho 
em saúde, fortalecendo a atenção integral a saúde. E a EC vem passando por 
mudanças e ampliação do conceito, onde associam a construção do 
conhecimento, a partir da subjetividade dos trabalhadores, valoriza a ciência 
como fonte de conhecimento, é fragmentada e não se articula à gestão e ao 
controle social, e se coloca na perspectiva de mudanças organizacionais em que 
está inserido o profissional. 
A EC embora seja um conceito antigo, tem sofrido reformulações, e no 
contexto do trabalho compreende um processo educativo de revitalização 
pessoal e profissional, que busca qualificação, postura ética, exercício de 
cidadania, conscientização, e reformulação de valores, almejando uma práxis 
crítica e reflexiva, entendendo a EC como uma das provedoras da ação de saber-
fazer e do refazer as ações no cotidiano. 
Encontramos que a Educação Continuada inclui atividades desenvolvidas 
após a graduação, relaciona-se com atualização, mas possui duração definida 
com metodologia tradicional. 
Ressalta-se que a EC destina-se ao desenvolvimento de habilidades, para 
uma mudança de atitude e comportamentos cognitivos, afetivos e psicomotores. 
Entretanto a EP, surge como uma exigência na formação do sujeito, buscando 
características como: autonomia e capacidade de aprender, baseado no 
aprendizado contínuo, no que tange ao auto aprimoramento e à busca de 
competência pessoal, profissional e social. 
16 
 
 
Esse autor ainda inclui a Educação em serviço como prática educativa 
integrada ao processo de educação no trabalho, conceituando a ES como um 
processo a ser aplicado nas relações humanas, do trabalho, objetivando o 
desenvolvimento de capacidade cognitiva, psicomotoras e relacionais, assim 
como o aperfeiçoamento diante da evolução tecnológica, dessa maneira 
contribui para a valorização profissional e institucional. 
E ainda, “A educação em serviço objetiva o desenvolvimento profissional, 
provendo os serviços de profissionais mais capacitados para o trabalho”, ou seja, 
é prática inerente ao processo de trabalho, composta por ações educativas no 
ambiente de trabalho para fazer com que o profissional consiga relacionar o que 
lhe está sendo transmitido a sua prática diária. 
Destaca-se que a EP, EC e ES podem incentivar a transformação pessoal 
e profissional do sujeito, sanando as dificuldades existentes na realidade de 
ensino dos enfermeiros, pensando numa enfermagem com objetivos coletivos 
que devem ser alcançados por todos os integrantes da equipe. 
Para tanto, a Educação Permanente, Continuada e em Serviço, podem 
motivar o profissional e incentivá-lo a mudança, e assim buscar minimizar as 
dificuldades nas práticas de ensino, objetivando uma enfermagem com 
propósitos que almejem serem alcançados por todos da equipe. 
A partir das definições acima, vimos a importância da educação na 
enfermagem e principalmente como esses conceitos se complementam e 
interagem entre si. Portanto, todo processo educativo não tem um fim em si 
mesmo. 
Ele é um processo inacabado, sendo necessário retroalimentá-lo 
continuamente pela dinâmica do setor saúde, e a Educação Permanente, 
Continuada e em Serviço são ferramentas para essa construção. 
A educação é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade 
humana necessária à existência e ao funcionamento de toda a sociedade, 
portanto esta precisa cuidar da formação de seus indivíduos, auxiliando-os no 
desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais e prepará-los para a 
participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social. 
17 
 
 
Apesar disso, a educação não é apenas uma exigência da vida em 
sociedade, mas também é o processo para prover os sujeitos do conhecimento 
e das experiências culturais, científicas, morais e adaptativas que os tornam 
aptos a atuar no meio social, mundial e planetário, ou seja, ela depende da união 
dos saberes. 
Apesar de depender da união dos saberes, o que existe hoje é a 
fragmentação total da educação, há separação em duas linhas: de um lado, a 
escola, dividida em partes, de outro lado, a vida, na qual se desenvolve o sujeito 
e os problemas são cada vez mais multidisciplinares, globais e planetários. Neste 
contexto, a falta de complexidade na educação – complexidade entendida aqui 
como abrangência, profundidade – prejudica o conhecimento e as informações 
decorrentes da educação recebida durante a vida. 
Além da afirmação acima menciona-se que o homem deve ser sujeito de 
sua própria educação, não pode ser objeto dela, isto implica em uma busca 
contínua do homem, como um ser ativo na construção do seu saber, 
responsabilizando-se por sua educação, procurando meios que o levem ao 
crescimento e aperfeiçoamento de sua capacidade. 
Desse modo, percebe-se a educação como um processo dinâmico e 
contínuo de construção do conhecimento, por intermédio do desenvolvimento do 
pensamento livre e da consciência crítico-reflexiva, e que, pelas relações 
humanas, leva à criação de compromisso pessoal e profissional, capacitando 
para a transformação da realidade. 
Ao relacionar essa concepção de educação com a profissão de 
enfermagem, considerada também como prática social, compreende-se que, em 
todas as ações de enfermagem, estão inseridas ações educativas. 
Assim sendo, há necessidade de promover efetivas oportunidades de 
ensino, fundamentadas na conscientização do valor da educação como meio de 
crescimento dos profissionais da enfermagem, bem como o reconhecimento 
deles pela função educativa no desenvolvimento do processo de trabalho, pois 
18 
 
 
para estes o conhecimento é um valor necessário do agir cotidiano e este 
embasa as suas ações. 
Nesse horizonte, cabe reafirmar que, no contexto da prática e do 
desenvolvimento profissional, a questão educativa pode ser percebida em 
diferentes vertentes e situações tais como: educação permanente, educação 
continuada e educação em serviço. 
O interesse em entender como os termos são percebidos pelos 
enfermeiros origina-se do pressuposto que estes compreendem educação 
permanentecomo responsabilidade da instituição empregatícia e que as ações 
de educação continuada e em serviço são confundidas e estanques, e por isto 
não causam o impacto necessários a melhoria da qualidade da assistência. 
Portanto entende-se que a educação permanente, continuada e em 
serviço, podem motivar a transformação pessoal e profissional do sujeito, 
buscando alternativas para minimizar as dificuldades existentes na realidade de 
ensino do hospital-escola e da unidade de ensino, pensando numa enfermagem 
com propósitos e objetivos comuns, que devem ser alcançados por todos os 
integrantes. 
As autoras justificam a realização deste estudo considerando a vivência 
das mesmas como docentes em instituições que contemplam unidades de 
saúde, de ensino profissionalizante e superior, e hospital-escola, que, dentre 
inúmeras funções, visa à obtenção de condições favoráveis ao desenvolvimento 
profissional, para a melhoria da qualidade dos serviços prestados, assim como 
à integração entre academia e serviço. 
Para tanto, acreditam que o enfermeiro necessita de instrumentos para 
continuar a aprender, assim, com a discussão sobre a educação permanente, 
continuada e em serviço, tem-se a intenção de contribuir para subsidiar essa 
questão e oferecer melhores condições de atuação profissional, com 
consequente melhoria dos serviços de saúde. 
Frente ao exposto, o objetivo é discutir a educação permanente, 
continuada e em serviço, junto aos enfermeiros de um hospital de ensino. 
19 
 
 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
A educação permanente surge como uma exigência na formação do 
sujeito, pois requer dele novas formas de encarar o conhecimento. 
Atualmente, não basta 'saber' ou 'fazer', é preciso 'saber fazer', 
interagindo e intervindo, e essa formação deve ter como características: a 
autonomia e a capacidade de aprender constantemente, de relacionar teoria e 
prática e vice-versa, isto refere-se à inseparabilidade do conhecimento e da 
ação. 
A educação permanente, baseada no aprendizado contínuo, é condição 
necessária para o desenvolvimento do sujeito, no que tange ao seu auto 
aprimoramento, direcionado-o à busca da competência pessoal, profissional e 
social, como uma meta a ser seguida por toda a sua vida. 
A diversidade de informações, bem como a ampla gama de necessidades 
de conhecimento nas mais diversas áreas, leva à constatação de que seria tarefa 
quase impossível para a educação formal garantir uma adequada formação ao 
sujeito. 
Neste sentido, ela é um compromisso pessoal a ser aprendido, 
conquistado com as mudanças de atitudes decorrentes das experiências vividas, 
por meio da relação com os outros, com o meio, com o trabalho, buscando a 
transformação pessoal, profissional e social. 
A educação permanente consiste no desenvolvimento pessoal que deve 
ser potencializado, a fim de promover, além da capacitação técnica específica 
dos sujeitos, a aquisição de novos conhecimentos, conceitos e atitudes. 
É, portanto, intrínseca, uma capacidade a ser desenvolvida, uma 
competência, é o aprender constante em todas as relações do sujeito. 
20 
 
 
As reflexões acima se fundamentam no conceito da Organização das 
Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (UNESCO), que descreve 
educação permanente, a partir do princípio de que o homem se educa à vida 
inteira, atentando para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, a evolução 
das capacidades, motivações e aspirações e que as suas necessidades nem 
sempre são de caráter emergente. 
Outro aspecto importante a ser considerado é a denominação educação 
continuada, entendida como toda ação desenvolvida após a profissionalização 
com propósito de atualização de conhecimentos e aquisição de novas 
informações e atividades de duração, definida por meio de metodologias formais. 
A educação continuada é conceituada como o conjunto de experiências 
subsequentes à formação inicial, que permitem ao trabalhador manter, aumentar 
ou melhorar sua competência, para que esta seja compatível com o 
desenvolvimento de suas responsabilidades, caracterizando, assim, a 
competência como atributo individual. 
Ela é um conjunto de práticas educativas contínuas, destinadas ao 
desenvolvimento de potencialidades, para uma mudança de atitudes e 
comportamentos nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora do ser humano, na 
perspectiva de transformação de sua prática. 
Para uma efetiva educação continuada, faz-se necessário direcioná-la ao 
desenvolvimento global de seus integrantes e da profissão, tendo como meta a 
melhoria da qualidade da assistência de enfermagem. 
Assim, essa tarefa não se resume a ensinar, pois engloba desenvolver no 
profissional de enfermagem uma consciência crítica e a percepção de que ele é 
capaz de aprender sempre, por meio da educação permanente, e motivá-lo a 
buscar, na sua vida profissional, situações de ensino-aprendizagem. 
Corroborando com este contexto, no I Seminário de Educação Continuada 
em Enfermagem, promovido pela Sociedade Brasileira de Enfermagem (ABEn), 
na década de oitenta, entende-se que a educação continuada significa a 
21 
 
 
aquisição progressiva de competências, que devem ser visíveis na qualidade do 
exercício da assistência de enfermagem. 
Na organização dos projetos sobre educação continuada na enfermagem, 
devem-se considerar prioritários os eventos relacionados à área e os programas 
de admissão, atualização, treinamento, pós-graduação, pesquisa, gerência e 
integração docência-assistência, todos conduzidos e fundamentados no cuidado 
humano. 
Ainda, fortalece essa concepção sobre educação continuada a 
Organização Pan-americana da Saúde (OPS), segundo a qual a educação 
continuada é um processo dinâmico de ensino aprendizagem, ativo e 
permanente, destinado a atualizar e melhorar a capacidade de pessoas, ou 
grupos, face à evolução científico-tecnológica, às necessidades sociais e aos 
objetivos e metas institucionais. 
Para que tais pressupostos sejam seguidos, as estruturas de educação 
continuada existentes nas organizações devem criar espaços de discussão, 
propor estratégias e alocar recursos, proporcionando que os trabalhadores 
dominem as situações, a tecnologia e os saberes do seu tempo e do seu 
ambiente, para possibilitar o pensar e a busca de soluções criativas para os 
problemas. 
Neste contexto a pesquisa é apontada como uma das ferramentas que 
podem colaborar nesse processo, pois ela tanto auxilia na validação de práticas 
já consagradas, qualificando o seu uso no cotidiano, como na transformação 
crítica do presente, pela possibilidade de apontar as mudanças necessárias. 
Inserida nesse cenário de aprendizagem também está a educação em 
serviço, caracterizando-se como um processo educativo a ser aplicado nas 
relações humanas do trabalho, no intuito de desenvolver capacidades cognitivas, 
psicomotoras e relacionais dos profissionais, assim como seu aperfeiçoamento 
diante da evolução científica e tecnológica. Dessa maneira, ela eleva a 
competência e valorização profissional e institucional. 
22 
 
 
A educação em serviço é considerada como um tipo de educação cujo 
desenvolvimento processa-se no ambiente de trabalho, voltada para uma 
instituição em particular. 
Nesse âmbito, destaca-se a importância da educação em serviço para a 
enfermagem, como sendo um dos esteios para a assistência eficaz ao paciente, 
pois, por meio de um processo educativo atualizado e coerente com as 
necessidades específicas da área, ela mantém o seu pessoal valorizado e capaz 
de apresentar um bom desempenho profissional. 
Na educação em serviço, podem destacar quatro áreas de atuação, que 
são a orientação ou introdução ao trabalho; treinamento; atualização; e 
aperfeiçoamento, aprimoramento ou desenvolvimento. 
Considerando as questões explanadas, percebe-se que, na educação em 
serviço, os projetos de ensino devem estar em consonância com os interesses 
de todos osenvolvidos, ou seja, devem atender aos anseios e às necessidades 
daqueles que deles vão participar, aos objetivos da instituição e, no caso 
específico da enfermagem, à finalidade do trabalho, que é a melhoria da 
assistência de enfermagem. 
Apesar da distinção entre os termos educação permanente, continuada e 
em serviço, todas têm caráter de continuidade do processo educativo, mas se 
fundamentam em diferentes princípios metodológicos. Entende-se também que 
a educação permanente é mais ampla, por fundamentar-se na formação do 
sujeito, enquanto a educação continuada e a em serviço estão contidas na 
permanente, num contexto de complementaridade. 
A pesquisa é de natureza qualitativa e busca a compreensão do tema 
pesquisado, favorecendo o processo de descobrimento, por meio de análise, 
síntese de ideias e conceitos, com envolvimento de aspectos emocionais e 
contextuais. 
A técnica escolhida para a coleta de dados foi o grupo focal, visto que é 
uma metodologia exploratória, no intento de prover a compreensão das 
percepções, dos sentimentos, das atitudes e motivações. 
23 
 
 
Esta permite ao investigador verificar como as pessoas avaliam uma 
experiência, ideia ou um evento, como definem um problema e quais opiniões, 
sentimentos e significados encontram-se associados a esse problema. Sob essa 
ótica, o grupo focal apresenta caráter exploratório e avaliativo, voltado à 
compreensão de dimensões subjetivas do coletivo, acerca do tema de estudo. 
Esta técnica de pesquisa qualitativa prevê a obtenção de dados por meio de 
discussões em grupo, nas quais cada participante expressa sua percepção, suas 
crenças, seus valores, suas atitudes e representações sociais sobre o tema 
estudado. O grupo focal deve estar centrado em ouvir as opiniões e experiências 
de cada participante. 
Os sujeitos nesta pesquisa foram nove enfermeiros, com no mínimo um 
ano de atuação no serviço e/ou ensino no hospital universitário, em diferentes 
funções: assistenciais, coordenadores, docentes de curso de graduação e curso 
técnico em enfermagem. 
A diversidade na composição do grupo focal visa permitir a identificação 
e a compreensão de diferenças de percepção sobre o tema. 
Visando a busca por esclarecimentos que fundamentem os objetivos do 
estudo, os debates do grupo focal devem ser conduzidos por um guia de temas, 
cuja finalidade é propiciar uma investigação produtiva, ele consiste em questões 
a serem trabalhadas nas reuniões, com o propósito de nortear a discussão. 
Na elaboração do guia de temas, procurou-se relacionar os objetivos da 
pesquisa aos questionamentos feitos aos enfermeiros, assim, para discutir sobre 
educação permanente, continuada e em serviço, buscou-se, nas duas primeiras 
sessões, identificar os fatores intervenientes no processo educativo, dentro do 
processo de trabalho do enfermeiro. 
A terceira sessão teve como objetivo descrever fatores que facilitam ou 
dificultam o desenvolvimento da educação no ambiente do trabalho. 
Na quarta sessão, discutiu-se a diferenciação dos termos educação 
permanente, continuada e em serviço. 
24 
 
 
Durante a quinta sessão, a proposta foi delinear o conceito de educação 
permanente num hospital escola, e a sexta e última sessão visou à proposição 
de diretrizes para o desenvolvimento da educação permanente. 
Os dados foram coletados no período de outubro a dezembro de 2003, 
durante as seis reuniões do grupo focal, por meio do recurso de gravação 
(imagem e vídeo), além dos registros realizados pela coordenadora/moderadora 
e pela observadora das sessões, com a finalidade de obter todas as expressões 
verbais e corporais possíveis dos sujeitos do estudo, visando conseguir uma 
transcrição de dados fidedigna e possibilitar a compreensão deles pela temática 
pesquisada. 
A partir da transcrição dos dados, obtida por meio de cópia rigorosa das 
expressões verbais, realizou-se a análise pela técnica do Discurso do Sujeito 
Coletivo (DSC). A proposta dos autores é reconstruir com pedaços de discursos 
individuais, como em um quebra-cabeça, tantos discursos-síntese quantos se 
julguem necessários para expressar uma dada 'figura', ou seja, um dado pensar 
ou uma representação social de um fenômeno. Observa-se que, apesar desta 
técnica envolver várias pessoas falando, não se trata de um nós, mas de um eu 
coletivizado. 
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sociedade 
Evangélica Beneficente de Curitiba, que analisou e aprovou a pesquisa, na qual 
para a coleta de dados respeitou-se os princípios éticos, em conformidade com 
a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, reservando todos os direitos da 
equipe e da instituição, garantindo aos participantes a liberdade de recusar a 
participar, ou retirar seu consentimento no decorrer do trabalho. 
 
 
25 
 
 
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
Os dados obtidos nas sessões do grupo focal e analisados pela técnica 
do discurso do sujeito coletivo, que versam sobre a educação permanente, 
continuada e em serviço, são relatados a seguir. 
O discurso do enfermeiro descreve que: a busca do conhecimento deve 
ser uma habilidade interna, desenvolvida natural e constantemente. 
Quando isso não ocorre, o estímulo para a mudança vem da necessidade 
de crescer, da exigência do mercado de trabalho, do avanço tecnológico, e ele 
é encontrado nas relações da família, do trabalho, da escola, dialogando-se 
constantemente. 
A partir de um estímulo inicial, essa busca de conhecimento torna-se um 
hábito incorporado e realimentado por meio da qualidade da assistência 
prestada, pela aquisição da autoconfiança, pelo respeito pessoal e profissional, 
levando o profissional a ousar e, consequentemente, a buscar cada vez mais 
conhecimento. 
Para justificar e fundamentar as questões relatadas no discurso do 
enfermeiro sobre o processo educativo encontra-se base na definição de 
educação, descrita como toda modalidade de influências e inter-relações que 
convergem para a formação de traços de personalidade social e do caráter, 
implicando uma concepção de mundo, ideais, valores, modos de agir, que se 
traduz em convicções ideológicas, morais, políticas e princípios de ação frente a 
situações e desafios da vida prática. 
Neste sentido entende-se que a educação origina-se em todas as 
experiências vivenciadas pelo sujeito nas diversas situações que se apresentam, 
portanto, a educação implica na busca constante do homem pela construção do 
seu conhecimento, procurando meios que o levem ao crescimento e 
aperfeiçoamento de seu saber. 
O Discurso do enfermeiro sobre o termo educação permanente diz que 
esta é percebida como a educação do início ao fim da vida, com o nascimento 
26 
 
 
começa a aprendizagem e continua até o fim, durante todo o processo de 
formação. 
Ela é intrínseca à pessoa, é a busca pelo conhecimento, por novas 
informações, e move-se por duas razões: aprimoramento pessoal e exigência do 
trabalho, sendo que, em qualquer uma das formas, leva a aquisição de 
conhecimentos novos e sua aplicação. É constituída na formação geral escolar. 
Essa definição de educação permanente leva ao entendimento de que o 
enfermeiro deve ter no auto aprimoramento, direcionado à busca da 
competência pessoal e profissional, uma meta a ser seguida por toda a sua vida. 
A variedade de informações, bem como a ampla gama de necessidades 
de conhecimento nas mais diversas áreas, leva à constatação de que seria tarefa 
quase impossível para a educação formal garantir uma adequada formação do 
sujeito. 
O enfermeiro compreende que a educação permanente engloba a 
educação continuada e a em serviço, respectivamente, uma formal e outra 
informal, complementando as necessidades do profissional. 
As duas formam a educação permanente, pois a pessoa está 
permanentemente adquirindo e construindo conhecimento. Está relacionada ao 
profissionalismo, compromisso e envolvimento coma profissão, bem como ao 
prazer pelo trabalho, conduzindo ao desejo de estar sempre atualizado, 
informado e evoluindo profissionalmente. Além disso, há a exigência do mercado 
de trabalho, que seleciona os melhores profissionais. 
Com este entendimento de que a educação permanente integra a 
educação continuada e em serviço, o enfermeiro compreende que todas 
possuem caráter de continuidade de aprendizagem, entretanto desenvolvem-se 
em diferentes metodologias. 
Assim, o desenvolvimento da educação permanente leva o profissional 
enfermeiro à competência, ao conhecimento e à atualização, que são 
27 
 
 
componentes necessários para garantir a sobrevivência, tanto do profissional 
quanto da própria profissão. 
Complementa-se a exposição desse desafio e dessas mudanças 
referenciando que as revoluções tecnológicas e administrativas já não deixam 
alternativas senão a de segui-las com a mesma rapidez que as caracterizam. 
Todos os dias, a mudança alcança as pessoas e organizações, de forma 
gradual e global; pelos seus impactos, sente-se necessidade de se preparar para 
elas. 
O modo para desenvolver esta educação segundo descreve o enfermeiro 
é iniciar a conscientização desse longo processo educativo na formação 
acadêmica, desde seu início, demonstrando a realidade que o profissional vai 
vivenciar, as cobranças, as tensões e a concepção de que um bom enfermeiro 
é uma sumidade, com domínio da situação e do conhecimento. 
Para que isso ocorra, o aluno necessita aprender a buscar conhecimento, 
e não a recebê-lo pronto, como é característica do ensino hoje. 
Por meio do estímulo, da motivação e da sensibilização, leva-se à 
conscientização e à mudança de atitude do aluno em relação à busca de 
conhecimento. 
O discurso ressalta que, para os enfermeiros assumirem a 
responsabilidade por sua educação permanente, eles devem ser motivados e 
incentivados durante a graduação, mediante um ensino mais problematizador, 
reconhecendo, contudo, que isso é apenas o início do aprendizado, que deverá 
desenvolver-se ao longo da vida. 
Esta reflexão veio ao encontro da compreensão das autoras sobre a 
educação permanente como um compromisso pessoal a ser aprendido, 
conquistado com as mudanças de atitudes, decorrentes das experiências 
vividas, por meio da relação com os outros, com o meio, com o trabalho, 
buscando a transformação pessoal, profissional e social. 
28 
 
 
A educação permanente consiste no desenvolvimento pessoal, que deve 
ser potencializado, a fim de promover, além da capacitação técnica específica 
dos trabalhadores, a aquisição de novos conhecimentos, conceitos e atitudes, 
tais como: visão crítica dos problemas contemporâneos e responsabilidade 
social e cooperação dentro e fora do ambiente de trabalho, constituindo-se em 
motivação para continuar a aprender. 
Sobre a educação continuada o enfermeiro revela em seu discurso que 
são as informações formais, planejadas, direcionadas, aplicadas e avaliadas, de 
acordo com a necessidade do trabalho. 
A pós-graduação, as especializações e o mestrado são considerados 
educação continuada. 
Cada vez mais, os profissionais capacitam-se por meio da educação 
continuada, que deve ser ministrada ou trabalhada de modo multiprofissional, 
pois as questões que se apresentam não são apenas ligadas à enfermagem e 
sim à equipe multiprofissional, ao hospital como um todo. Então, a questão 
educacional deve ser vista também como um todo. 
Neste sentido o entendimento de educação continuada refere-se as 
experiências que seguem a formação inicial, com a finalidade de melhorar a 
competência do sujeito. 
Corroborando e complementando a compreensão da definição acima 
citada, a educação continuada é abordada como um amplo processo, que inclui 
a educação formal e a informal, como encontros com colegas e 
autoaprendizagem, objetivando o desenvolvimento pessoal e profissional. 
Nesse sentido, a educação continuada é responsabilidade dos serviços e 
das pessoas, cuja motivação propicia o uso das experiências vividas no trabalho, 
na família e na sociedade, para se educar continuamente. 
Assim, uma efetiva educação continuada na profissão de enfermagem 
deve ser direcionada para o desenvolvimento global de seus integrantes, tendo 
como meta a melhoria da qualidade da assistência. 
29 
 
 
A educação em serviço é entendida pelo enfermeiro como sendo um 
trabalho diário, momentâneo, em que o enfermeiro necessita de tempo e 
dedicação para acompanhar no dia-a-dia sua equipe, e a sistematização do 
trabalho é fundamental para que isso ocorra. 
A educação em serviço é importante no processo de trabalho, e isso deve 
ser colocado para o funcionário no treinamento, na capacitação, apesar das 
dificuldades encontradas para incentivá-los a participar dessas atividades. 
Aqueles que participam são os que gostam do que fazem e são conscientes da 
concorrência do mercado de trabalho. 
A educação em serviço dá-se pelo acúmulo de experiências, é empírica, 
facilitada a cada mudança de setor, quando necessitamos conhecer nova rotina, 
novos clientes, novas patologias, geralmente, associando o que conheço a 
novas situações vividas no atendimento ao cliente ou às relações 
interprofissionais, sem que haja planejamento, preparo ou pesquisa. 
Assim, a educação em serviço ocorre no momento do trabalho, conforme 
a necessidade de esclarecer uma situação. 
Esta percepção sobre a educação em serviço fundamenta-se no 
entendimento que esta é caracterizada como processo educativo desenvolvido 
e aplicada nas inter-relações do trabalho, visando aperfeiçoamento, a melhoria 
da competência e a valorização profissional e institucional. 
Neste contexto o enfermeiro compreende que a relação entre educação 
permanente, continuada e em serviço é visualizada pela característica de 
continuidade que elas contêm. Existe uma constância de aprendizagem, mas 
que se diferenciam entre si pela finalidade e dependerão de cada situação de 
ensino e de seus objetivos. 
 
 
30 
 
 
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE 
O conhecimento se constitui por meio de um processo contínuo, sendo a 
educação estabelecida de pensamento livre, crítico e reflexivo, podendo ser 
utilizada para transformar a prática vivenciada e fundamentar um compromisso 
pessoal e profissional. 
Com isso, tornar-se um importante instrumento de mudança e, quando 
direcionada para a área da saúde, pode auxiliar na reflexão do fazer profissional. 
Nesta perspectiva, a educação na enfermagem permeia o processo de 
trabalho, com a responsabilidade de atualizar e de capacitar os profissionais de 
enfermagem por meio da inserção de ações educativas, motivando o 
autoconhecimento, o aperfeiçoamento e atualização profissional. 
Por isso, vem se destacando como estratégia para promover a qualidade 
dos cuidados realizados, permitindo a atuação em serviço de forma segura e 
efetiva, proporcionando a aquisição de novos conhecimentos para que se atinja 
a capacidade profissional e desenvolvimento pessoal de acordo com a realidade 
social e institucional. 
A necessidade de aperfeiçoamento dos profissionais partiu do insucesso 
de modelos de assistência em saúde e formação hospital ocêntricos que 
possuíam como foco a educação continuada para rápida assimilação de 
conhecimentos. 
A educação permanente surge juntamente com a necessidade de 
mudanças no modelo assistencial, com ampliação de ações assistenciais para 
uma visão integral dos usuários dos serviços de saúde. Isso fez com que nas 
décadas de 80 e 90, o conceito de educação permanente fosse trabalhado pela 
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). 
Após, o Ministério da Saúde (MS) instituiu a Portaria nº 198, de 13 de 
fevereiro de 2004, que constitui a Política Nacional de Educação Permanente em 
Saúde (PNEPS), com a finalidade de formar e capacitar profissionais da saúde 
para atenderem às reais necessidades populacionais, oferecendo às instituições31 
 
 
vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) financiamento para incentivo de 
ações que capacitem os funcionários, melhorando seu atendimento, com 
embasamento teórico-prático, a fim de melhorar o atendimento aos usuários. 
A educação permanente é um conceito pedagógico, na área da saúde, 
para efetuar relações orgânicas entre o ensino e as ações e serviços, agregando 
aprendizado, reflexão crítica do trabalho, e resolutividade da clínica e da 
promoção da saúde coletiva. 
Atualmente, a educação permanente tem sido considerada um 
instrumento importante na construção da competência profissional, contribuindo 
para a organização do trabalho. As competências pessoais ou profissionais são 
ações que articulam conhecimentos (o saber), habilidades (o fazer), valores (o 
ser) e atitudes (o conviver), construídos de forma articulada, voltadas para a 
contextualização dos serviços de saúde. No entanto, mesmo com a criação da 
Política Nacional de Educação há mais de dez anos, ainda existem dificuldades 
para implementá-la nos serviços de saúde, aspecto que impulsionou o 
desenvolvimento desta investigação. 
Conforme estudo realizado com profissionais da área da saúde, as 
maiores dificuldades estão sendo a falta de tempo para reunir a equipe e a falta 
de organização e planejamento para que ações de educação permanente sejam 
realizadas. 
Sendo assim, a educação permanente deve ser vista com prioridade, 
propiciando o aumento do conhecimento de cada profissional, além de 
proporcionar a socialização dos saberes, a fim de melhorar o atendimento ao 
usuário do sistema de saúde. 
Frente à temática apresentada, optou-se por desenvolver o trabalho em 
um Hospital de ensino, visto que estes cenários estão envolvidos com o processo 
de formação profissional e também constituem espaços de educação, formação 
de recursos humanos, pesquisa e avaliação de tecnologias em saúde para a 
rede de atenção à saúde (RAS). 
32 
 
 
Frente ao exposto, objetivou-se com o desenvolvimento deste estudo 
conhecer a visão de enfermeiros de um hospital escola sobre a educação 
permanente. 
 
VISÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE EDUCAÇÃO PERMANENTE 
Os enfermeiros definiram conceitos sobre a educação permanente, 
conforme suas concepções: 
Educação permanente é um conjunto de ações na prática cotidiana do 
serviço, que buscam a qualificação do profissional. Educação permanente, já diz, 
permanente, deve ser cíclica, e com rotinas bem fixas, pela necessidade da 
unidade em que tu trabalha, então educação permanente, tu vai sanar algum 
problema da tua unidade, de conhecimento, tanto teórico como prático, pra que 
toda equipe, não só o enfermeiro, mas toda a equipe possa participar. 
Deve ocorrer a partir das necessidades do cotidiano da prática. A partir 
dos depoimentos, pode-se afirmar que os participantes entendem que a 
educação permanente deve ser adotada de forma contínua no ambiente de 
trabalho para que o conhecimento seja utilizado e aplicado em sua prática 
profissional. 
A educação permanente é definida como um processo de ensino- 
aprendizagem, no qual o objetivo é a transformação das práticas profissionais e 
a sistematização do trabalho a partir das necessidades populacionais e da 
problematização da saúde, e deve ocorrer no cotidiano das pessoas e 
organizações. 
O processo de educação permanente pode facilitar a interação de todos 
os profissionais da área da saúde e a multidisciplinaridade é uma estratégia 
importante na formação de profissionais atuantes na consolidação dos princípios 
do SUS. 
33 
 
 
Sendo assim, a qualificação profissional deve ser uma alternativa de 
transformação das práticas, tornando-se necessária a disseminação de 
conhecimento e atividades inerentes ao serviço de forma crítica, reflexiva, 
compromissada e eficiente. 
No entanto, também se evidenciou, nos relatos supracitados, que os 
entrevistados entendem que o objetivo da educação permanente é sanar 
problemas das unidades assistenciais e que deve ocorrer a partir das 
necessidades do cotidiano do trabalho, o que se aproxima do conceito de 
educação continuada, e que em alguns casos pode ser confundida com a 
educação permanente. 
Essa equiparação conceitual se dá pelo fato de ambas implicarem na 
transmissão de conhecimentos, porém a educação permanente possibilita 
espaços de discussão e de reflexão sobre a prática, o que pode proporcionar 
maiores resultados qualitativos da assistência prestada pelos profissionais de 
saúde. 
Tal fato também pode ser atribuído ao modelo de ensino-aprendizagem 
instituído desde a formação, em que há um condicionamento para receber 
informações previamente elaboradas, divididas em temáticas e segmentadas, 
sendo o pensamento crítico reflexivo pouco estimulado. 
Logo, ao deparar-se com um modelo de aprendizagem diferente, como é 
o da proposta da educação permanente, há um estranhamento por parte dos 
profissionais de saúde, sendo mais fácil a compreensão da educação 
continuada, pois é mais próximo do modelo aprendido durante o seu processo 
de formação, por estar centrado em atividades pontuais. 
Portanto, a educação permanente estimula o pensamento crítico, a 
construção coletiva do planejamento da assistência em saúde que os 
profissionais planejam desenvolver e, principalmente, estímulo ao crescimento 
pessoal e da equipe de trabalho, não ficando apenas restrita à transmissão de 
conhecimentos. 
34 
 
 
A educação continuada está relacionada com um aprendizado ativo que 
deve atualizar o indivíduo, voltado ao ambiente de trabalho, e uma forma de 
atualização relacionada às tecnologias. 
A importância da educação permanente para a formação pessoal e 
profissional tem com o objetivo fortalecer o trabalho em equipe e melhorar o 
cuidado prestado ao paciente e à comunidade. Alguns depoimentos refletem a 
visão dos enfermeiros sobre esta questão: 
Por meio dessa educação permanente que os profissionais vão conseguir, 
além de se qualificarem, e aprenderem a trabalhar em grupo, é uma 
possibilidade de troca de experiência, possibilidade de ganho de conhecimento 
e é lógico que isso aqui vai facilitar para nossa prática do cotidiano. 
 
 
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: INSTRUMENTO DE 
TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO DE ENFERMEIROS 
A educação permanente ela vai te deixar mais atualizado, até para 
melhorar teu desempenho dentro da tua unidade e de conhecimento também, 
tudo o que tiver de novo sempre agrega. 
Eu acho muito importante, e eu acho que muitas vezes os profissionais 
não dão o devido valor a isso. 
Tu só percebes a importância da coisa quando tu vai, porque tu vê que 
sempre naquilo que estão falando tem uma coisa que tu não sabe, e tu sempre 
aprende alguma coisa. 
Eu acho que é superimportante, pois, na enfermagem, somos 
acomodados, eu estou dizendo a enfermagem em geral, fazem o curso, e não 
estudam. 
35 
 
 
Às vezes o técnico te pergunta umas coisas que ele não precisa te 
perguntar, ele tinha que saber, e eles não estudam, eu acho que assim a gente 
tem que ter coisas básicas, não são capazes de ler um artigo, eles não se 
atualizam. 
Os enfermeiros expressaram a relevância da educação permanente, do 
aprimoramento e atualização constante envolvendo a promoção, prevenção e 
reabilitação da saúde contextualizada pelas políticas públicas. 
A educação permanente tem o compromisso de possibilitar novas 
atitudes, soluções, ideias, conceitos que sejam capazes de transformar hábitos 
e comportamentos que torne seu trabalho o mais perfeito possível. 
Os profissionais acreditam que somente o aprendizado não tem seu 
devido valor se for de forma individualizada, devendo-se associá-lo à prática 
cotidiana para que seja totalmente aproveitado, conforme se identifica nos 
depoimentos: 
Eu acredito que sim, pra qualificar a assistência, pra valorizar e qualificar 
a formação dos profissionais, eu acho que é indispensável, muito importante, 
mas eu achoque tem que ser, não pode ser só uma coisa no papel, tem que ser 
alguma coisa de qualidade que realmente promova o conhecimento e a 
formação, uma coisa mais democrática, pra construir o conhecimento e não só 
repassar, não só palestra, não só repasse de conteúdos, mas que promova a 
formação mesmo, eu acho importante como discussão e reflexão. 
Sim, eu acho que além de oportunizar conhecimento, tem que se buscar 
mexer na estrutura do fazer, do processo do trabalho do fazer, o modo como 
está sendo feito, o modo como está sendo conduzido, o modo como as equipes 
se comunicam, as equipes transferem atividades, isso é um ponto bastante 
importante. 
Então, educação permanente é boa, mas não basta só conhecer, eu tenho 
que ter os meios pra prover essa assistência. 
36 
 
 
Assim, da prática profissional emergem questões que influenciam 
significativamente no cotidiano dos profissionais de enfermagem, fazendo com 
que a educação permanente seja proveniente de uma relação da prática com a 
teoria. Ainda, os trabalhadores devem realizar suas atividades de maneira 
interdisciplinar, para um processo de trabalho ágil, veloz, de raciocínio rápido e 
desenvoltura profissional de acordo com o desenvolvimento técnico-científico da 
profissão. 
O programa de educação permanente em saúde deve ser oferecido aos 
profissionais de saúde, baseado no aprendizado em serviço, no qual o aprender 
e ensinar se incorporam ao cotidiano dos hospitais e das equipes. Sua 
implementação na prática poderá contribuir para a qualificação do trabalho em 
saúde, além de fortalecer a valorização profissional. 
 
 
DIFICULDADES RELACIONADAS À EDUCAÇÃO PERMANENTE 
NA PRÁTICA DOS ENFERMEIROS 
Sabe-se que existe uma lacuna entre falar sobre a importância da 
educação permanente e efetivamente implementá-la na prática. 
Dessa forma, alguns relatos demonstram a dificuldade de alguns 
profissionais em saírem dos seus setores por falta de pessoas para substituí-los, 
falta de otimização do seu tempo e também por falta de interesse. 
Porque eu vejo dificuldade, até pra mim mesma, dificuldade quando a 
gente precisa vir em um horário fora do turno de trabalho e quando a gente 
precisa sair do setor, no meu caso que trabalho em setor fechado, em unidade 
fechada, só sou eu a enfermeira de tarde, não tem ninguém que possa me 
substituir, mesmo que seja no meu turno de trabalho, tem algum treinamento 
nesse horário, tenho dificuldade de conseguir sair, participar do treinamento, eu 
não consigo ficar duas horas, por exemplo, fora do meu setor, um setor de alta 
complexidade, um setor fechado, não tem quem me substitua no período. 
37 
 
 
Eu nunca participei de nenhuma, porque primeiro nunca teve nenhuma 
focada para o ambiente no qual eu trabalho e também nunca foi liberado para 
assistir nenhuma aula, mas eu acho que tem no hospital, eu já vi propagandas e 
coisas do tipo, informativos, mas nada relacionado a centro cirúrgico e tampouco 
a gente ser liberado. 
A gente não tem disponibilidade de sair, porque não tem como eu sair, 
como a maioria dos funcionários ou eu mesmo, sair e deixar as cirurgias rolando 
sem que tenha alguém aqui e sempre se tem cirurgia, então é complicado. 
Indo ao encontro dos relatos, um outro estudo que fala da multiplicação 
de atividades de educação permanente aponta as dificuldades dos profissionais 
em aderirem às ações disponibilizadas. 
Foram citadas: falta de tempo, dificuldade em parar as atividades 
cotidianas para a realização de abordagens educativas, falta de apoio de 
gestores, desinteresse de alguns profissionais, falta de recursos humanos, entre 
outros. 
Além das dificuldades em participar das ações de educação permanente 
apresentadas nos depoimentos, alguns enfermeiros também manifestaram 
obstáculos que impedem a disseminação de conhecimento entre os 
trabalhadores. É muito difícil trabalhar em um serviço público, é muito difícil. 
O pessoal se manda, a equipe se manda, não tem uma hierarquia no final, 
o enfermeiro teoricamente é que coordena o serviço, mas é só teoricamente, o 
enfermeiro só resolve quando tem problema, então eu acho muito difícil trabalhar 
em serviço público. 
Assim, que eles não têm interesse, não é só a instituição que deve dar de 
mão beijada, eu posso buscar também, mas aí o pessoal não busca, o pessoal 
da enfermagem é muito acomodado. 
Na visão dos participantes, a rotatividade dos profissionais e sua 
característica de ser um hospital público acabam dificultando a implementação 
da Educação Permanente em Saúde. 
38 
 
 
Resultado semelhante foi evidenciado em uma pesquisa realizada no 
município de Embu, no estado de São Paulo, em que foi citada a dificuldade dos 
trabalhadores em aplicar os conceitos na prática, rotina de trabalho intensa, 
desmotivação de alguns trabalhadores e ampliar a participação dos usuários. 
Dessa forma, percebe-se que os obstáculos apresentados nos 
depoimentos e nos estudos apresentados são, na sua maioria, problemas de 
interesse pessoal, de falta de funcionários e de desorganização da equipe, esses 
que precisam de um olhar diferenciado da instituição de saúde. 
 
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ENFERMEIROS PARA A 
PRÁTICA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE 
A educação permanente tem como foco a transformação das 
organizações dos serviços e do cotidiano do trabalho, pelo fato de possibilitar a 
construção de espaços coletivos, reflexão e avaliação dos problemas gerados 
no ambiente de trabalho, e construir ações de educação permanente para que 
ocorra a transformação da prática. 
Porém, para que ela possa se desenvolver como uma prática consistente 
dentro das instituições de saúde é preciso, após reconhecimento das 
dificuldades, apresentar alternativas efetivas de planejamento e implementação. 
Evidencia-se nos depoimentos a seguir que a opinião dos entrevistados 
demonstra que a instituição deve ter o papel principal de incentivar os seus 
servidores, a participar e implementar ações de educação permanente no 
ambiente de trabalho. 
[...] aqui a instituição permite isso e coloca o funcionário como parte 
integrante da educação permanente, isso é bem interessante aqui dentro. 
E a gente tem um contato e tem uma supervisora, aqui, direto da UTI, que 
também procura nos manter atualizados, trazer assuntos, e a gente, na medida 
do possível, se divide para fazer educação permanente no setor. Tem um 
39 
 
 
programa, de cada um fazer uma aula, uma dinâmica, fazer alguma coisa assim, 
trazer alguma coisa diferente aqui dentro da UTI. 
[...] praticamente diário, mais de uma vez por dia, surgiu uma situação ali, 
já lança, já se discute, já busca uma solução, por quê? Porque aproveita o 
momento para o aprendizado. 
Sempre se procura oportunizar isso, procura se discutir isso, que se 
aborde essa constante. Eu sou um enfermeiro prático, sou assistencialista e 
prático, meu negócio é cuidar, estar na cabeceira do paciente, planejar esse 
cuidado, planejar essa alta, planejar, isso eu sei fazer, conjuntamente com as 
intervenções necessárias para melhorar a condição dele. 
A educação permanente deve ter o apoio da gestão institucional, dos 
enfermeiros e demais profissionais atuantes, deve-se incentivar a participação 
de todos que fazem parte do cuidado com o paciente, no planejamento e na 
realização das ações. 
Alguns pontos significativos para a implementação da educação 
permanente foram apontados por uma pesquisa, abordando entre eles: 
comprometimento do gestor e realização de ações de educação a partir da 
problemática levantada pelas unidades de saúde. 
Os problemas levantados em cada setor servem como orientação para a 
realização das ações educativas, evidenciado no depoimento a seguir: 
A educação permanente aqui, eu fiquei um ano, mas já faz alguns anos, 
logo que surgiu a política de educação permanente. Então eu trazia material, na 
época não tinha muitos artigos, eram mais livros, distribuíapara o pessoal, eles 
liam e faziam como se fossem resenhas, resumo sobre aquilo ali, depois a gente 
discutia, porque eram diferentes literaturas, e a partir daquilo ali a gente via o 
que era mais adequado para nossa realidade. 
A gente está montando esses protocolos de úlcera de pressão, a gente 
está padronizando o que vai usar, o grupo já está bem coeso com isso, assim 
40 
 
 
que a gente conseguir terminar esses protocolos, a gente já vai socializar com 
os setores. 
A motivação dos profissionais para o planejamento e realização da 
educação permanente é um ponto principal, pois devem ser os sujeitos ativos 
tanto para o levantamento dos temas mais relevantes, quanto para a tomada de 
decisão da forma mais adequada de desenvolvimento das atividades de 
educação. 
O enfermeiro, por ser o líder da equipe de enfermagem, deve ser visto 
como peça chave de disparador dessa motivação dentro da equipe de 
enfermagem. 
Do mesmo modo, o processo de ensino aprendizagem deve formar 
profissionais com uma visão mais ampla, que refletem em atitudes crítico 
reflexivas, e uma finalidade de enfrentar obstáculos de forma consciente e de 
maneira sistemática. 
Assim, pode-se observar nos depoimentos a seguir, que o enfermeiro 
consegue realizar o planejamento de suas ações de maneira eficaz, que 
contempla a todos os funcionários do seu setor. 
Toda uma orientação nas primeiras quimioterapias deles, pelo menos nas 
três primeiras, até eles se adaptarem, verem como realmente é o tratamento, 
explica tudo, fala como é o tratamento, como que é a terapia, a medicação 
específica que ele está fazendo, o protocolo que ele vai fazer, é bom poder 
explicar, ao paciente, numa linguagem bem simples, bem básico, o que é a 
quimioterapia, o que é o câncer, como a quimioterapia pode ser feita, tem umas 
orientações bem simples do dia a dia. 
Neste último relato, o enfermeiro planeja suas ações de maneira muito 
inteligente, incorporando o paciente como principal ator do seu cenário 
profissional, tornando-o importante, promovendo sua adesão ao tratamento e 
dando a ele autonomia para que seu processo de internação seja o mais 
esclarecido possível. 
41 
 
 
Além disso, estimular a participação efetiva do paciente neste processo, 
preparando-o para o retorno a sua rotina diária, levando em conta sua realidade, 
vai ao encontro da proposta e diretrizes da Política Nacional de Educação 
Permanente em saúde, que preconiza que as reflexões, assim como as ações, 
devem ser problematizadas e sistematizadas com todos envolvidos no cuidado. 
Para que ocorra um bom desempenho profissional, é essencial que o 
trabalhador amplie sua capacidade de atuação, dessa forma se faz necessária 
uma atualização contínua que proporcione eficácia no planejamento, execução 
e avaliação situacional. 
É importante uma tomada de decisões no momento em que se torna 
necessária uma intervenção rápida, para um desempenho responsável e eficaz 
de suas habilidades. 
Percebe-se nos relatos que os enfermeiros julgam o aprendizado muito 
importante para sua formação pessoal e profissional. 
Cabe salientar que eles consideram a busca pelo aperfeiçoamento 
qualquer forma que seja capaz de incorporar a educação no cotidiano. 
Assim, foram citados como forma de adquirir conhecimento: a 
participação em palestras, a elaboração de protocolos e aulas dentro dos 
setores, discussão de casos, leitura de livros e artigos, a proporção de material 
para troca de experiências, sendo que deve ser realizado de forma permanente, 
diariamente. 
A educação permanente compreende um processo político-pedagógico 
em que se torna importante o trabalho em equipe, a ampliação da cidadania e a 
autonomia dos usuários trabalhadores. 
Neste contexto, o levantamento das necessidades e a análise dos 
resultados esperados com as ações educativas aplicadas são relevantes para 
que o processo seja realizado como um todo. 
42 
 
 
A partir de sua implementação na prática, poderá ser criado um ambiente 
de construção e socialização do conhecimento, com vistas à qualificação 
profissional e assistencial. 
As principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros do estudo em 
relação à educação permanente estão relacionadas com a sua 
operacionalização. 
A falta de interesse dos profissionais, a falta de tempo e o pouco incentivo 
dos gestores das instituições podem contribuir para o fazer da educação 
permanente nas organizações de saúde hospitalares. 
Percebe-se, na fala dos depoentes, que sua visão acerca da Educação 
Permanente no trabalho está voltada ainda para uma atualização constante do 
saber, sendo o ponto de partida os enfermeiros das equipes. 
Porém, o grande nó crítico da operacionalização da EPS se dá pelo fato 
não apenas da dificuldade de compreensão dos profissionais sobre os objetivos 
da EPS, mas principalmente por não compreenderem a proposta desta 
metodologia inovadora de ensino. 
O profissional enfermeiro, realidade da maioria das escolas de formação, 
ainda é condicionado, ao longo de sua graduação, a desenvolver instrumentos 
muito fechados, tais como: protocolos, manuais, normas e rotinas, e este tipo de 
metodologia não se aplica na EPS, pois a dinâmica é outra, como rodas de 
conversa, interconsultas, reuniões breves para discussões de casos. 
Diante disso, o ponto de partida para sua efetivação são os trabalhadores 
da saúde, com suas necessidades e experiências, para mediar a possibilidade 
de formar um espaço coletivo saudável e democrático. 
No que se refere às estratégias utilizadas pelos enfermeiros para 
implementar a educação permanente, evidencia-se como importante o 
planejamento de ações por parte do enfermeiro - líder, incentivando sua equipe 
na participação do processo de educação permanente. 
43 
 
 
O fomento, por parte da instituição, também se mostrou relevante, visto 
que poderá estimular os colaboradores a realizarem sua atualização, 
favorecendo a qualificação da assistência em saúde. 
Assim, sabe-se que as estratégias apontadas no estudo colaboram para 
maior credibilidade e visibilidade dos profissionais em relação ao seu trabalho e 
para a organização de saúde, pois proporciona um trabalho qualificado, mais 
humanizado e seguro. 
Conforme identificado no estudo, as equipes se reúnem com mais 
frequência e discutem a prática de trabalho, dessa forma, a operacionalização 
da educação permanente nos Hospitais de Ensino proporciona uma 
aproximação maior dos sujeitos envolvidos no cuidado, fazendo com que os 
problemas e as necessidades sejam discutidos e amenizados através do diálogo 
em grupo. 
Portanto, a Política de Educação Permanente em Saúde deve ser 
entendida pelos profissionais como um espaço de possibilidades de mudanças 
no processo de trabalho, no saber-fazer de cada um no seu cotidiano. 
A mesma auxilia a equipe de enfermagem quanto ao entendimento de sua 
importância no contexto das organizações de saúde, promovendo uma postura 
diferenciada e compromissada com as pessoas de quem cuidam. 
Contudo, torna-se importante que se realizem outros estudos que 
aprofundem esta reflexão acerca da educação permanente, despertando um 
olhar crítico sobre como essas estratégias estão sendo colocadas em prática nos 
demais hospitais escolas do país, assim como o impacto que esta nova 
metodologia de ensino aprendizagem está produzindo nas práticas de cuidado 
 
 
 
 
44 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Farah BF. Educação em serviço, educação continuada, educação permanente 
em saúde: sinônimos ou diferentes concepções? Rev APS. 2003; 6 (2):123-5. 
Paschoal AS, Mantovani MF, Meier MJ. Percepção da educação permanente, 
continuada e em serviço para enfermeiros de um hospital de ensino. Rev Esc de 
Enferm USP. 2007; 41 (3): 478-484. 
 Cotrim-Guimarães IMA. Programa de educação permanente e continuada da 
equipe de enfermagem da clínica médica do Hospital Universitário Clemente de 
Faria:

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