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Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 1 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 1 FACULDADE MARTHA FALCÃO / WYDEN – CURSO DE DIREITO Direito Empresarial / Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. ANDRÉ BESSA - 1) AS SOCIEDADES Dispõe o art. 981 do Código Civil: “Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” Do conceito legal, podemos inferir que uma SOCIEDADE pressupõe a existência dos seguintes elementos: a) pluralidade de pessoas – normalmente toda sociedade, até por se definir como um CONTRATO, requer um mínimo de 2 (duas) pessoas. Cabe, contudo, registrar como exceções a essa regra, entre as sociedades empresárias, os casos da subsidiária integral de sociedade anônima (arts. 251 a 253 da Lei nº 6.404/1976) e da recentemente criada sociedade limitada unipessoal (art. 1.052, §§ 1º e 2º, do Código Civil), bem como, entre as sociedades simples, a sociedade unipessoal de advocacia (art. 15 do Estatuto da OAB, Lei nº 8.906/1994); b) objetivos relacionados ao exercício de atividade econômica; c) contribuição de todos os sócios para o capital – normalmente como dinheiro ou bens, podendo em alguns casos raros haver contribuição com serviços; d) partilha dos resultados entre os sócios (lucros ou prejuízos). A duração indeterminada não é requisito essencial a uma sociedade, como, aliás, deixa claro o parágrafo único do art. 981, segundo o qual a atividade social pode estar restrita a um ou mais negócios específicos. Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 2 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 2 Classificam-se as sociedades, de acordo com o Código Civil, em PERSONIFICADAS e DESPERSONIFICADAS, conforme, respectivamente, tenham ou não personalidade jurídica, decorrente de registro público (arts. 45 e 985 do CC). São sociedades despersonificadas a sociedade em comum (regida pelos arts. 986 a 990 do CC) e a sociedade em conta de participação (arts. 991 a 996 do CC). As sociedades personificadas, ao seu turno, dividem-se em CONTRATUAIS – constituídas por contrato social – e INSTITUCIONAIS – constituídas de forma especial e regidas por estatuto social. No primeiro grupo estão, além da sociedade simples (não- empresária), a sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044 do CC), a sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051 do CC) e a sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087 do CC). O segundo grupo contempla as sociedades por ações (disciplinadas pela Lei nº 6.404/76), que são a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. Como efeito da personificação, vale dizer, a sociedade torna-se sujeito de direito, adquire existência própria, autonomia em relação a seus membros, que se traduz em capacidade negocial e processual, bem como responsabilidade patrimonial próprias. Assim, não se deve, em regra, invadir patrimônio particular de sócio para se pagar ou garantir o pagamento de dívida da sociedade, a não ser quando, pelo tipo específico de sociedade, a lei atribui responsabilidade pessoal aos sócios, em caráter subsidiário (ou seja, depois de esgotado o patrimônio da sociedade – art. 1.024 do CC) – o que ocorre, por exemplo, na “sociedade em nome coletivo” (art. 1.039 do CC) –, ou ainda em algumas hipóteses excepcionais, como: a) quando houver abuso da personalidade jurídica, perpetrado por sócio ou administrador, autorizando a aplicação da chamada “desconsideração da pessoa jurídica”, nos termos do art. 50 do CC; b) ante à existência de obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos (obs: neste caso, apenas os sócios administradores), de acordo com o art. 135, III, do CTN; c) se, na ocorrência de danos ao consumidor, a sociedade não puder arcar com a reparação civil ou a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo para tanto, na forma do art. 28 do CDC. 2) DIFERENÇAS ENTRE ASSOCIAÇÃO E SOCIEDADE Ao relacionar as pessoas jurídicas de direito privado, no art. 44, o Código Civil Brasileiro aponta as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 3 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Roteiro de Estudo: INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO - Prof. André Bessa - Página 3 As fundações são entidades constituídas para fins não econômicos, originadas a partir da dotação especial de um patrimônio, por parte do instituidor (art. 62 do CC); organizações religiosas e partidos políticos têm objetivos bem específicos, inconfundíveis com os de uma sociedade; quanto às empresas individuais de responsabilidade limitada, estas são constituídas por um único titular. Impende, então, destacar a diferença entre associações e as sociedades, que, embora tenham em comum o fato de se constituírem por pessoas com os mesmos objetivos, diferenciam-se principalmente quanto a esses objetivos: enquanto as associações não podem ter fins econômicos (art. 53), as sociedades, para que se caracterizem como tais, devem ter por objetivo o exercício atividade econômica e a partilha dos resultados (lucros ou prejuízos) entre os sócios (art. 981). É de se notar que a atividade econômica pode estar presente nas associações; não, porém enquanto atividade-fim, mas apenas como atividade-meio, ou seja, como forma de captação de recursos que serão empregados nos verdadeiros objetivos dessas pessoas jurídicas. Constitui mérito do atual Código Civil, sem dúvida, a fixação dessa distinção entre associação e sociedade. Na vigência do Código de 1916, falava-se em sociedades com fins lucrativos e sociedades sem fins lucrativos, confundindo-se estas, na prática, com as associações. Uma vez, porém, estabelecida a diferença e fixados os conceitos legais, não há mais como tratar de “sociedade” a entidade de pessoas sem fins econômicos. Portanto, as antigas sociedades civis sem fins lucrativos não podem subsistir, com essa denominação, na vigência do Código Civil atual, devendo passar a se denominar associações. OBSERVAÇÃO: O presente roteiro de estudo, no formato atual, destina-se a orientação, não esgotando, em nenhuma hipótese, o respectivo conteúdo, cujo estudo deve ser complementado, para todos os fins, com a doutrina, a legislação, a jurisprudência, exercícios e eventuais anotações obtidas em sala de aula. Dúvidas / críticas / sugestões: andrebessa@globo.com
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