Buscar

Zumbi dos Palmares

Prévia do material em texto

ZUMBI DOS PALMARES 
 NÃO TINHA ESCRAVOS: 
O ANACRONISMO 
DE NARLOCH 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
1 
 
 
 
 
 
 
Zumbi dos Palmares não tinha escravos: 
o Anacronismo de Narloch 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em memória de Zumbi, o líder negro palmarino. 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
3 
 
ÍNDICE 
 
Prefácio..............................................................................................4 
Introdução..........................................................................................6 
Parte I 
Quem viveu próximo do poder no século 17 tinha escravos?...........7 
Parte II 
Zumbi e o espírito humanista europeu............................................11 
Parte III 
Falando de Zumbi?..........................................................................15 
Parte IV 
O Anacronismo de Narloch..............................................................17 
Parte V 
Marxistas criaram a imagem de Zumbi?..........................................21 
Parte VI 
Objetivo de Leandro Narloch...........................................................28 
PARTE VII 
Conclusão........................................................................................35 
Bibliografia.....................................................................................37 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
4 
 
PREFÁCIO 
 
Poderiam dizer aos queridos leitores que essa obra vem em tempo 
tardio tendo em vista o objeto da mesma ser a análise de ideias 
contidas no Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, o 
qual, por sua vez, já está a um bom tempo no mercado. Todavia, 
pensando um momento e examinando o tema do polêmico livro, 
acredito não ser tarde e nem inoportuno o exame levando-se em 
conta o fato de o mesmo também abordar igualmente questões de 
longa data da história do nosso país e isso não foi empecilho algum 
para ser publicado e lido. Assim sendo, sinto-me tranquilo em 
relação ao tempo nesse aspecto, só lamentando tantas mentes 
inteligentes deixarem-se persuadir pelo conteúdo da obra sem ler 
praticamente nenhuma outra fonte abarcando o tema, 
principalmente fontes antigas de estudiosos africanistas do Brasil e 
obras de estrangeiros sobre nosso país da época colonial. 
Limitando-se os leitores à busca, no fim do livro de Narloch, de uma 
bibliografia para saber quais as fontes sem, contudo, consultá-las 
em si mesmas, ler os textos ou examinar atentamente suas 
palavras. Esse mal, porém, pode ser remediado para os que 
estiverem dispostos. Digo isso porque não são poucos os casos de 
indivíduos se revestindo falsamente com interesse na verdade 
histórica. Há uma multidão de leitores, e até pesquisadores, 
demonstrando falsamente intenção num diálogo das questões sobre 
Zumbi, mas bastam poucas palavras para percebermos a real 
disposição dos mesmos em apenas repetirem as ideias do livro 
daquele autor, sendo eles movidos em grande medida por uma 
conveniência própria que os leva a enxergarem e aceitarem de 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
5 
 
braços abertos as inverdades da polêmica obra. Ademais, estes 
ávidos leitores de uma obra só, o Guia Politicamente Incorreto, 
parecem, por exemplo, acreditar na necessidade do reexame da 
história do líder palmarino contida no livro, mas não se 
conscientizam da necessidade do exame sobre as próprias ideias 
do autor, as quais, como será demonstrado, são passíveis de 
questionamentos e revisões. Pensam tais leitores, infelizmente, 
como um escultor que, tomando um trabalho de outro e pondo 
alguns retoques na obra, acredita ver diante de si a escultura 
definitiva, terminada, perfeita e acabada, a qual não há, do ponto de 
vista dele, necessidade de um novo retoque. Esse o perfil dos 
leitores do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, 
possuindo o livro creem estar de posse do parecer final da questão, 
a obra definitiva sobre o tema, a qual, por isso, não necessita, 
consonante com sua maneira distorcida de julgarem, um exame e 
questionamento sobre sua verdade. A propósito, estou inteiramente 
atento sobre o fato deste tratado igualmente ser passível de 
análises e questões, mas essa função caberá aos leitores, os quais, 
espero, tenham a verdade como norteador a partir de uma 
abordagem séria do problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
6 
 
INTRODUÇÃO 
 
A história do Brasil, como muitas outras, tem, por vezes, mais de 
uma versão. No que diz respeito à escravidão e especificamente a 
Zumbi dos Palmares, maior ícone da luta e liberdade do negro em 
nosso país, não foi diferente. Basta um pouco de pesquisa para 
sabermos, por exemplo, das versões da morte de Zumbi em obras 
de escritores antigos especializados no assunto, assim como a 
versão da existência de vários Zumbis na época do Quilombo. Uns 
falam de uma morte teatral ao se jogar o líder negro do alto de um 
penhasco com seu séquito preferindo a morte à escravidão e, 
outros, relatando como foi traído e pego num esconderijo, lutando 
valentemente até o fim quando os inimigos o encontraram. Em 
resumo, desde aquela época a verdade histórica sobre Zumbi era 
tarefa difícil, mas, graças a estudiosos sérios, muitas especulações 
rodeando o líder palmarino foram gradativamente desfeitas em 
benefício da verdade, da própria história do seu povo e do nosso 
país. Atualmente, entretanto, temos o Zumbi dos palmares 
novamente em foco e a tentativa de acrescentar novas ideias 
nitidamente depreciativas à história do mesmo. Então, tal como 
antes, faz-se necessário uma análise sobre essas ideias e vícios 
que tentam pintar na imagem da grande figura histórica que foi 
Zumbi dos Palmares. O exame aqui presente então abordará os 
trechos principais do Guia Politicamente Incorreto da História do 
Brasil do capítulo Zumbi tinha escravos, ou seja, sobre esse tema 
direcionado ao líder palmarino. 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
7 
 
Parte I 
Quem viveu próximo do poder no século 17 tinha 
escravos? 
 
Temos na obra, entre outras coisas, o seguinte inicialmente: 
“Essa informação parece ofender algumas pessoas hoje em dia, a 
ponto de preferirem omiti-la ou censurá-la, mas na verdade trata-se 
de um dado óbvio. É claro que Zumbi tinha escravos. Na sua época, 
não havia nada de errado nisso. Sabe-se muito pouco sobre ele- 
cogita-se até que o nome mais correto seja Zambi-, mas é certo que 
viveu no século 17. E quem viveu próximo do poder no século 17 
tinha escravos, sobretudo quem liderava algum povo de influência 
africana”. (Leandro Narloch, Guia Politicamente Incorreto da 
Historia do Brasil) 
Dando início à análise, pouco há de concreto nas palavras de 
Narloch. Temos aqui apenas argumentos, uma conjectura, e 
nenhum fato histórico ligado especificamente à Zumbi. Assim, como 
pode Narloch, sem dados, dizer ser claro que Zumbi tinha 
escravos? O autor iguala Zumbi aos senhores de escravos 
unicamente porque, naquela época, era tido como normal por 
alguns; mas isso, seja dito, era normal somente para a parte da 
sociedade sustentada pelo sistema escravista, não para a parcela 
dos negros explorados. No mais, como foi dito, notemos no trecho a 
ausência de dados históricos corroborando a maneira de pensar do 
autor. Falta algo dizendo expressamente e com todas as letras ser 
o líder Zumbi mais um senhor de escravos, agindo de modo igual 
aos escravocratas que ele próprio combateu. Ou seja, as palavras 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
8 
 
de Narloch são uma conjectura,uma interpretação carente de 
sustentação para o que ele tenta afirmar do líder palmarino. 
Ligar, no mais, os costumes de uma época ou local à vida de um 
homem é uma mera suposição; seria simplesmente afirmar, por 
exemplo, que por sabermos ser o futebol um esporte comumente 
praticado no Brasil, devêssemos, por isso, afirmar que todo 
brasileiro joga futebol. Deveríamos até pensar, com esse tipo de 
raciocínio, que Zumbi também jogava futebol se não houvesse a 
diferença de tempo em que ele viveu. Todavia, seriamente falando, 
sabemos bem que, apesar de haver um costume numa sociedade, 
isso não significa serem todos adeptos do mesmo hábito; de modo 
que podemos encontrar, no nosso exemplo atual, pessoas que não 
jogam futebol, ainda que seja esse esporte uma paixão nacional. 
Logo, basear-se num costume local para determinar a vida de uma 
pessoa em específico não é um fato, mas, como dito, uma 
suposição. 
Continuemos analisando pelo campo da lógica a argumentação 
para ver o que encontramos. Para prosseguirmos, a situação dos 
quilombos e do próprio Zumbi diferiam bastante em comparação à 
vida dos senhores de terras e do sistema escravista da época para 
Narloch tentar, no livro, igualar todos como escravizadores. Em 
verdade estavam eles em lados opostos, de um lado o senhor de 
engenho querendo escravizar e doutro lado o negro lutando pela 
liberdade. 
Ademais, caso Zumbi fosse um escravocrata como os senhores de 
engenho, seria mais conveniente tê-lo como aliado, não como 
inimigo; no entanto, isso obviamente nunca aconteceu. Para se ter 
uma noção lembremos que havia um constante estado de guerra 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
9 
 
entre palmarinos e o sistema escravista, uma situação de conflito 
pior, segundo os próprios portugueses, que a ameaça feita pelos 
holandeses anos antes com as incursões nas costas da Bahia e a 
invasão em Pernambuco em 1624 e 1630 respectivamente. Não 
sem motivo o escritor Mario Freitas ratifica que, no dizer dos 
governadores da capitania pernambucana, a guerra contra 
Palmares foi a mais cruenta guerra colonial pernambucana, muito 
mais cruenta que a guerra dos holandeses, consequentemente 
temos, nesse contexto, lados opostos, não havendo como igualar 
Zumbi com escravocratas. 
Zumbi, além disso, foi figura singular na história de modo a ser 
inadequado pensar ter ele agido tomando por base os vícios e 
costumes do sistema que ele combateu. Sistema esse, seja dito, ele 
e outros negros do Quilombo dos Palmares estavam também fora 
porque, no sistema escravista, os negros do quilombo só tinham 
lugar, na realidade, como escravos e eram vistos como tais. Logo, 
repito, não há como afirmarmos a figura de Zumbi como um 
escravocrata atribuindo ao mesmo o modo de agir dos senhores 
que viviam num sistema que ele não apenas estava fora como 
também morreu combatendo. 
Lembremos, em acréscimo, que, apesar de alguns negros ou 
negras terem conseguido ascender socialmente nesse sistema a 
ponto de terem escravos, esses mesmos negros não lutaram como 
Zumbi contra a escravidão. Por conseguinte, nem a esses pode 
alguém forçar uma equiparação com Zumbi alegando, como o autor 
do livro deseja, que “quem viveu próximo do poder no século 17 
tinha escravos”. Logo é incoerente ou, melhor dizendo, contraditório 
ver o líder negro como escravagista. 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
10 
 
Por fim, encerrando essa primeira análise, não sem motivos os 
negros buscaram liberdade e segurança nas florestas acolhedoras 
dos Palmares, tal como diz o autor Edison Carneiro nas primeiras 
páginas do seu livro O Quilombo dos Palmares. Se Zumbi e os 
demais negros do quilombo fossem adeptos da escravidão, não 
iriam para o Quilombo, mas sim ficariam nas fazendas ou cidades 
onde era comum o sistema escravista e nem seriam vistos como 
inimigos do poder estabelecido na época, mas sim como potenciais 
aliados. Por tanto, de tudo dito nesse trecho extraído do livro de 
Narloch, apenas uma pequena parte pode ser considerada como 
certa quando, se referindo à Zumbi, diz o autor: “mas é certo que 
viveu no século 17”. Sendo assim, tanto em relação aos fatos 
históricos como no campo da lógica argumentativa, não é possível 
considerarmos que Narloch prova ter sido Zumbi um dono de 
escravos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
11 
 
Parte II 
Zumbi e o espírito humanista europeu 
 
Prosseguindo com outras informações na obra de Narloch temos: 
“É difícil acreditar que no meio das matas de Alagoas, Zumbi tenha 
se adiantado ao espírito humanista europeu ou se adiantado aos 
ideais de igualdade, liberdade e fraternidade da Revolução 
Francesa. É ainda mais difícil quando consultamos os poucos 
relatos de testemunhas que conheceram Palmares. Eles indicam o 
esperado: o quilombo se parecia com um povoado africano, com 
hierarquia rígida entre reis e servos. Os moradores chamavam o 
lugar de Ngola Janga, em referência aos reinos que já existiam na 
região do congo e de Angola”. (Narloch, Guia Politicamente 
Incorreto da Historia do Brasil) 
Nessa parte não temos Narloch tentando provar que Zumbi tinha 
escravos, mas, ainda assim, tentando, por outra via, depreciar a 
imagem do líder negro. 
Para começarmos, diferentemente do dito pelo autor, não é difícil 
acreditar que Zumbi, naquela época, tenha se adiantado ao espírito 
humanista europeu ao pensar em ideais de igualdade, liberdade e 
até fraternidade. Recordemos serem os escravos a parcela da 
população mais sofrida pela falta de liberdade; os quais eram vistos 
como mercadorias ou peças para o trabalho, numa tentativa de tirar 
deles o caráter humano, objetivando o lucro por meio do seu serviço 
forçado. Consequentemente, diante dessa conjuntura de 
exploração, os negros foram os primeiros em meio à sociedade 
escravista a clamar e lutar, alguns deles pela liberdade que antes 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
12 
 
tinham quando ainda moravam em suas terras na África e outros 
pela liberdade nunca antes conhecida por terem nascidos de 
pessoas escravizadas. 
Sobre o fato de ter ocorrido no meio das matas de Alagoas o 
pensamento de liberdade, seja dito e lembrado que antes mesmo 
de ir para as matas, ainda nos navios negreiros quando era 
transportado para o Brasil, o negro já lutava contra o cativeiro com 
este pensamento de libertação. Isso sem mencionar os conflitos em 
terras africanas, ainda entre tribos, quando guerreava contra outros 
que tentavam alimentar o comércio de escravos. Portanto antes de 
adentrar nas matas brasileiras, na fuga do cativeiro, nos quilombos, 
o negro pensou nas mais diversas formas de viver livre e junto com 
os seus irmãos de maneira igual; em suma, bem antes das florestas 
o negro guerreava encontrando, por fim, no Palmares aquilo que ele 
buscava. Além do mais, imaginar negros fugindo e considerar que 
estes não pensavam na ideia de liberdade é um raciocínio tanto 
quanto incompatível ou até mesmo absurdo, tamanha a 
contradição. Isso, no entanto, só revela a intenção de Narloch de 
distorcer, por todos os meios possíveis, os fatos. Por isso, seja dito: 
ao viver num sistema escravocrata não é de admirar ver o negro se 
adiantando em relação ao espírito humanista europeu no que diz 
respeito à liberdade, igualdade e fraternidade. 
Noutra parte, tentando fortalecer a sua tese anterior, Narloch 
informa que o Quilombo parecia com povoado africano com servos 
e reis- como se isso fosse motivo para vermos a impossibilidade de 
ideais da Revolução Francesa entre homens vivendo naquelas 
condições. Narloch parece esquecer, involuntariamente ou 
voluntariamente, que, diferente de muitos negros do continente 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
13 
 
africano, diversosnegros no Brasil passaram pelos mais variados 
castigos, humilhações, injustiças advindas da cobiça do homem 
branco adepto da exploração, sendo praticamente impossível para 
um individuo aceitar isso contra si mesmo sem pensar nalgum 
momento em sua própria liberdade. Sobre isto citemos alguns 
exemplos relatados de punições e castigos empregados. Vejamos: 
1-Depois de sofrer os horrores das travessias marítimas no bojo dos 
navios negreiros e de ser humilhado nos mercados de escravos, 
experiências comuns em toda América- estava o negro indefeso 
ante todos os castigos engendrados pelo sadismo do senhor; 
2-Se desagradava ao senhor era metido no tronco- pescoço, pés e 
mãos imobilizados entre dois grandes pedaços de madeira 
retangular ou, mais raramente, de ferro, presos a cadeado- ou 
supliciado com viramundo, um pequeno instrumento de ferro, que 
prendia pés e mãos do escravo, forçando-o a uma posição 
incomoda durante vários dias; 
3-Se o castigo devia ser mais prolongado, o negro era supliciado 
com o cêpo, um longo toro de madeira que devia carregar à cabeça 
e que prendia, por uma corrente, ao tornozelo; 
4-Se fugia era castigado com libambo- uma argola de ferro que 
rodeava o pescoço do negro, com uma haste terminada por um 
chocalho- com a gargalheira ou com a golilha, sistemas de 
correntes de ferro que impediam os movimentos. Outras vezes os 
escravos fugitivos eram contidos por peias ligadas por correntes de 
ferro ao tornozelo, cujo peso os impedia de caminhar; 
5-Se furtava, prendiam-lhe à cara uma mascará de folha de 
Flandres, com pequenos orifícios para a respiração, fechada no 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
14 
 
occipício a cadeado, ou ainda penduravam-lhe às costas, numa 
golilha, uma placa de ferro com dizeres aviltantes, como “ladrão” e 
“ladrão e fujão”; 
6-Se o senhor queria obter uma confissão do negro, comprimia-lhe 
os polegares com os anjinhos, dois anéis de ferro que diminuíam à 
medida que se torcia um pequeno parafuso, provocando-lhe dores 
horríveis; 
7-O negro era supliciado publicamente, quando as suas faltas eram 
consideradas mais graves, com um chicote especial de couro cru, o 
bacalhau, nos pelourinhos existentes nas cidades. 
O rigor do cativeiro obviamente não se resumia a esses horrores. 
Os negros padeciam inúmeros outros males impostos pelo ódio 
desumano dos senhores de terra da época. Logo, diante disso, 
percebemos o quão importante para muitos negros era o desejo de 
liberdade, um ideal nascido muito antes da Revolução Francesa e 
de, por conseguinte, antes do espírito humanista europeu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
15 
 
Parte III 
Falando de Zumbi? 
 
Continuemos e vejamos outras ideias presentes no Guia 
Politicamente Incorreto: 
“Ganga Zumba, tio de Zumbi e o primeiro líder do maior quilombo 
do Brasil, provavelmente descendia de imbangalas,‘os senhores 
da guerra’ da África Centro-Ocidental. Os imbangalas viviam de um 
modo similar ao dos moradores do Quilombo dos Palmares. 
Guerreiros temidos, eles habitavam vilarejos fortificados, de onde 
partiam para saques e sequestros dos camponeses de regiões 
próximas. Durante o ataque a comunidades vizinhas recrutavam 
garotos- que depois transformariam em guerreiros- e adultos para 
trocar por ferramentas e armas com os europeus”. (Narloch, Guia 
Politicamente Incorreto da Historia do Brasil) 
Analisando, com atenção, esse trecho do livro percebemos que o 
autor ocupa-se de Ganga Zumba, líder do Quilombo dos Palmares 
antes de Zumbi. Todavia lembremos ser o título desse capítulo do 
livro o seguinte: “Zumbi tinha escravos”. Ou seja, em lugar de tratar 
aqui da vida de Zumbi, o autor trouxe para exame a vida do tio dele, 
Ganga Zumba. Como se, com isso, devêssemos atribuir 
necessariamente à Zumbi o que foi praticado pelo tio. Pior, o autor 
prossegue dizendo ser Ganga Zumba provavelmente um 
descendente de imbangalas conforme podemos ver acima. Repito, 
o autor fala PROVAVELMENTE e, a partir desse provavelmente, 
prossegue nas palavras enumerando características dos 
imbangalas como se estivesse, desse modo, saindo do 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
16 
 
PROVAVELMENTE para o CERTAMENTE haja vista a 
determinação e o modo enfático das palavras nessa parte da obra. 
Em suma, trata-se também de outra conjectura a qual percebemos 
Narloch agindo novamente no campo da probabilidade sem 
embasamento histórico algum, mas que, no fim, aborda a questão 
como se fosse algo certo, mesmo desprovido de certezas e ainda 
atribuindo a outra pessoa, a Zumbi, por ter sido esse sobrinho de 
Ganga Zumba. 
Os laços familiares, ademais, não levam os seus membros a 
compartilharem necessariamente as mesmas ideias. Enquanto 
Ganga Zumba, por exemplo, tentou um acordo de paz com os 
portugueses onde seria concedida a liberdade apenas para os 
negros do quilombo, Zumbi, a seu turno, desejou a liberdade de 
todos, tanto dos quilombolas como daqueles que ainda estavam 
escravizados e fora do quilombo. Em suma, Leandro Narloch fez, 
como dizem, uma colcha de retalhos com quaisquer ideias na 
tentativa, novamente, de difamar Zumbi, tentando igualar pelo 
parentesco quando sabemos que até irmãos gêmeos podem ser 
muito diferentes no modo de agir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
17 
 
Parte IV 
O Anacronismo de Narloch 
 
Noutro ponto temos: 
“Para obter escravos, os quilombolas faziam pequenos ataques a 
povoados próximos.‘Os escravos que, por sua própria indústria e 
valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, 
mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas 
continuavam escravos’, afirma Edison Carneiro no livro O Quilombo 
dos Palmares, de 1947”. (Narloch, Guia Politicamente Incorreto da 
História do Brasil) 
Esse é um dos principais pontos do livro tentando defender a ideia 
de Zumbi como senhor de escravos. Para começar o exame desse 
trecho, onde Narloch se utiliza das palavras de um historiador e 
pesquisador da temática africana e escravidão, Edison Carneiro, é 
preciso deixar nítido algo simples, mas que passou desapercebido 
aos olhos de muitos: 
Edison Carneiro não fala de Zumbi, ele se referiu, nesse trecho, ao 
Quilombo dos Palmares de uma época anterior ao nascimento de 
Zumbi. 
Apesar de Zumbi dos Palmares ser abordado na obra de Carneiro, 
nessa parte do livro o estudioso das questões africanas no Brasil 
não toca no nome de Zumbi. Em verdade seria impossível até para 
Carneiro falar do líder negro nesse trecho, pois, como dito, a 
informação refere-se a um Palmares anterior à Zumbi. Podemos 
comprovar isso na fonte dessa informação de Edison Carneiro, uma 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
18 
 
obra publicada anos antes de Zumbi ter nascido. A obra a qual 
estamos nos referindo, contendo a informação, é o livro O Brasil 
Holandês, escrito por Gaspar Barléu e publicado em 20 de abril de 
1647. Essa é a fonte de Carneiro, a qual o mesmo informa no final 
de seu livro como bibliografia útil, mas não mencionada por Narloch 
ou, melhor dizendo, nunca sendo citada pelo autor do Guia 
Politicamente Incorreto da História do Brasil. 
Sobre a obra de Gaspar Barléu, este escreve sobre diversos 
aspectos do Brasil em relação à terra, clima, geografia, costumes, 
cultura e a constituição do povo da época, entre os quais os negros 
e o Quilombo de Palmares. Sendo narrado os feitos do conde 
Maurício de Nassau na época dos seus anos de governo no Brasil, 
com Gaspar Barléu encarregado de escrever sobre o trabalho o 
qual foi publicado, como dito, em 1647. 
Ocorre que na data da publicação da obra de Barléu, o líder negro 
Zumbi não havia, repito, nem ao menos nascido. Palmares 
evidentemente já existia, maso grande líder negro não. Assim, 
além de Edison Carneiro não mencionar no trecho supracitado por 
Narloch o nome de Zumbi, o mesmo escritor (Carneiro) se baseou 
nas informações de um livro publicado quando Zumbi não existia. 
Vejamos as palavras usadas nesse antigo livro- O Brasil Holandês- 
ao se referir à Palmares para compararmos com as de Edison 
Carneiro. Gaspar Barléu diz: 
“Qualquer escravo que leva de outro lugar um negro cativo fica 
alforriado; mas consideram-se emancipados todos quantos 
espontaneamente querem ser recebidos na sociedade.” (O Brasil 
Holandês, Gaspar Barléu) 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
19 
 
Enquanto Edison Carneiro diz as mesmas coisas, mas com outras 
palavras: 
“Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam 
chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos 
raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam 
escravos” (O Quilombo dos Palmares, Edison Carneiro) 
Ou seja, como já foi dito, a fonte de Edison Carneiro é um livro 
escrito em 1647; enquanto o próprio Zumbi, segundo consta, veio a 
nascer somente anos depois, entorno de 1655. Havendo, desse 
modo, uma diferença de oito anos entre um e outro, cometendo 
Leandro Narloch um anacronismo ao tomar como fonte a 
informação duma obra que, por sua vez, baseou-se num texto 
anterior ao nascimento de Zumbi dos Palmares. 
A obra de Gaspar Barléu pode ser consultada aqui nesse link, 
encontrando a informação citada na página 334 do documento em 
PDF onde fala sobre a Descrição dos Palmares grandes e 
pequenos: 
https://www.mediafire.com/file/ml17j3in8ni3w3f/O_BRASIL_HOLAND%CAS.pdf
/file 
Ou pode ser baixada a obra de Barléu neste outro link da Biblioteca 
Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), órgão da Pró-Reitoria de 
Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo 
(USP) com a informação na página 273 do PDF: 
https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4496/1/039738_COMPLETO.pdf 
Voltando ao exame, como, então, atribuir a Zumbi algo dito por um 
livro escrito antes dele nascer, uma obra que se refere apenas aos 
https://www.mediafire.com/file/ml17j3in8ni3w3f/O_BRASIL_HOLAND%CAS.pdf/file
https://www.mediafire.com/file/ml17j3in8ni3w3f/O_BRASIL_HOLAND%CAS.pdf/file
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
20 
 
eventos da época de sua publicação? É simplesmente impossível e 
ilógico o raciocínio de Narloch, não havendo forma de aceitar, com 
base nisso, Zumbi como escravizador. Esse o equívoco do autor, o 
Anacronismo de Narloch. Um dos maiores equívocos relacionados 
à história do Brasil. O erro de Leandro Narloch está em ter adotado 
os estudos mais recentes sobre Zumbi, repetindo e fazendo 
conjecturas sem se preocupar em analisar as fontes primárias- ele 
próprio afirma esse procedimento como poderemos ver até o final 
desse tratado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
21 
 
Parte V 
Marxistas criaram a imagem de Zumbi? 
 
Trazendo à tona agora uma análise sobre a relação dos marxistas e 
a história de Zumbi, conforme vemos no livro de Narloch, o autor 
diz: 
“Apesar disso, Zumbi ganhou um retrato muito diferente de 
historiadores marxistas das décadas de 1950 a 1980. Décio 
Freitas, Joel Rufino dos Santos e Clóvis Moura fizeram do líder 
negro do século 17 um representante comunista que dirigia 
uma sociedade igualitária. Para eles, enquanto fora do quilombo 
predominava a monocultura de cana-de-açúcar para exportação, 
faltava comida e havia classes sociais oprimidas e opressoras (tudo 
de ruim), em Palmares não existiam desníveis sociais, plantavam-
se alimentos diversos e por isso havia abundância de comida (tudo 
de bom)”. (Narloch, Guia Politicamente Incorreto da Historia do 
Brasil) 
Falar de Zumbi como uma imagem de escritores marxistas seria 
algo realmente a ser pensado, mas isso ocorreria apenas se a 
história do líder negro fosse contada somente pelos três escritores 
citados. É sabido, no entanto, que outros africanistas, 
pesquisadores e estudiosos do assunto falaram não apenas de 
Zumbi, mas também de Palmares, como também sobre a história 
do Brasil no período da escravidão. Permitindo a cada um de nós 
ter ciência dos fatos e relatos, desde a forma como negros foram 
trazidos da África para servirem de mão de obra escrava aqui, onde 
muitos deles padeceram nas péssimas condições da travessia 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
22 
 
transatlântica, óbitos no trabalho forçado ou pelos castigos sem que 
nenhum tipo de justiça olhasse para eles ou a qual pudessem 
recorrer sendo, pelo contrário, a escravização do negro considerada 
e vista por muitos como justa. Tudo isso aos olhos de vários 
estudiosos, não apenas os três citados por Narloch. 
Acrescentemos a isso haver também, de certa maneira, uma classe 
que era exploradora (escravizadores) e noutra ponta uma classe 
explorada (escravizados)- tal fato em nossa história não foi 
invenção de marxistas. Surgindo deste modo o Quilombo e a 
necessidade de uma ordem nesse último que permitisse o mesmo a 
sua existência e preservação. Existindo nele, diferentemente das 
palavras escritas por Narloch, uma abundância de recursos para 
todos conforme informações de documentos portugueses à época 
de 1694. 
Num desses documentos é dito sobre o valor das terras de 
Palmares: 
“[...]as terras que se vão conquistando aos Palmares, e outras 
muitas desertas que ficaram livres com sua total destruição, são as 
de maior importância e valor que se acham em todas aquelas 
capitanias de Pernambuco, não só pelo grande da sua extensão, 
mas pelo abundante dos pastos para os gados, utilidades das 
madeiras, sítios para engenhos e a capacidade para todos gêneros 
de lavouras de mantimentos...” (Documento nº 29 de 25 de 
novembro de 1694, As Guerras nos Palmares, Ernesto Ennes) 
Isso demonstra o valor da terra e, mais uma vez, a desatenção de 
Narloch para com os documentos antigos sobre Palmares e seu 
desconhecimento do tema. Devendo, além da terra que tudo 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
23 
 
concedia, ser dito sobre a extensão dos bosques onde viveram os 
palmarinos que, no dizer de outro documento da época, fazia maior 
circunferência que todo o reino de Portugal. Logo, havia sim 
abundância de recursos para todos do quilombo. 
Todavia o autor, Leandro Narloch, prossegue, noutro ponto, falando 
da possibilidade de invenção do nome Francisco atribuído à Zumbi 
pelo jornalista Décio Freitas, dito como marxistas. Dentro daquilo 
que explicou Narloch no Guia Politicamente Incorreto, o máximo 
que pode ter sido criado por Décio Freitas foi a parte da história 
relacionada ao local em que Zumbi cresceu e o nome do líder 
negro; pois, conforme pode ser lido, Freitas dizia ter documentos 
(cartas) sobre a infância de Zumbi comprovando ter este crescido 
num convento em Alagoas e que se chamava Francisco. As cartas, 
no entanto, jamais foram mostradas por Freitas. O problema desse 
pequeno detalhe é Narloch se apegar ferreamente e expandir, por 
assim dizer, a ideia de que tudo mais foi invenção objetivando 
assim tirar o crédito de outros fatos relacionados ao líder negro e o 
Quilombo dos Palmares. Contudo, isso é apenas mais um 
argumento de Narloch. Seria como alguém mostrando uma 
pequena alteração, ou erro, encontrado numa página de um livro e, 
a partir disso, afirmar estar equivocada toda a obra ou que todo o 
restante foi inventado pelos autores. É simplesmente, de uma forma 
ilógica, julgar o todo por uma parte. 
O jornalista revela-se também bastante tendencioso em mais 
trechos do livro, pois critica outros autores devido, segundo vemos, 
a linha de pensamento marxista deles. Contudo o mesmo Narloch 
parece esquecer ter feito uso das obras desses pesquisadoresconsiderados marxista para tentar defender seus próprios pontos de 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
24 
 
vista e interpretações. Basta lembrarmos das citações utilizadas 
com trechos do livro de Edison Carneiro tentando mostrar ser Zumbi 
um senhor de escravos como vimos na Parte IV desse tratado. Uma 
leitura atenta no trabalho da historiadora Andressa Merces revela 
ser Edison Carneiro um dos precursores do marxismo na 
historiografia de Palmares. Vejamos um trecho: 
“No início da historiografia marxista estariam seus escritores muito 
próximos aos membros dos Institutos Históricos. Como foi o caso 
do alagoano Alfredo Brandão, que teria presidido o Instituto de 
Alagoas e depois passou a explorar o episódio do Quilombo ao lado 
dos autores Arthur Ramos e Edison Carneiro, precursores do 
marxismo na historiografia de Palmares.” (Zumbi: Historiografia e 
Imagens, Andressa Merces Barbosa dos Reis) 
Isso, porém, não foi empecilho para Narloch fazer uso da obra 
desse autor. Se a linha de pensamento dos escritores levasse os 
mesmos a inventarem uma imagem de Zumbi e Palmares, Narloch 
deveria se mostrar pouco inclinado a citar trechos dos livros deles 
em sua obra visando defender as suas próprias interpretações. 
Como havia dito, daquilo visto no Guia Politicamente Incorreto, a 
invenção de alguns autores (especificamente Décio Freitas) deve 
ser resumida apenas ao verdadeiro nome de Zumbi bem como o 
local onde cresceu o líder negro, isto por falta de provas concretas 
apresentadas. 
Aproveitando ainda o trabalho da historiadora Andressa Barbosa, 
vejamos as palavras da mesma sobre os ditos marxistas e 
Palmares. Em sua tese de mestrado ela escreve: 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
25 
 
“Nessa bibliografia de viés marxista há um esforço em caracterizar 
Palmares como a primeira luta de classes na História do Brasil.” 
A mesma também fala: 
“...os quilombos eram considerados um local privilegiado para 
convivência de práticas culturais diferentes, pois, segundo Arthur 
Ramos e Edison Carneiro, a população de Palmares seria 
caracterizada pela variedade de raças. Contudo, estes estudos 
foram prejudicados pelo cenário político de meados do século 
XX, como muitos destes pesquisadores eram comunistas 
estiveram por muito tempo sob a vigilância do Estado Novo, o 
qual proibira a manifestação de ideais marxistas a partir de 1935.” 
 
Notemos que os estudos desses autores foram prejudicados pela 
situação política da época, o Estado Novo, isto é, não houve uma 
refutação de seus trabalhos pela descoberta de outros documentos 
ou novos dados históricos e pesquisas, mas sim uma tentativa de 
impedi-los devido a linha de pensamento de seus autores segundo 
as considerações do Estado na época. Noutras palavras, não houve 
necessariamente a reprovação de suas pesquisas dentro do campo 
de estudo, mas unicamente vigilância sobre o trabalho deles por 
motivos políticos. Ademais, a mesma autora diz o seguinte sobre 
Edison Carneiro: 
“Foi através desta obra (O Quilombo dos Palmares) que a imagem 
de Zumbi consolidou-se na historiografia. Edison Carneiro canalizou 
todas as alterações que vinham ocorrendo desde o início do século 
XX, visto que neste primeiro momento ainda era posta em dúvida a 
existência de Zumbi. No presente texto, o autor (Edison Carneiro) 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
26 
 
congregou as informações dispersas sobre Zumbi na historiografia 
e na cultura popular.” 
 
Ou seja, no final das contas, não houve de Edison Carneiro, 
considerado precursor dos marxistas, invenção. Enquanto a 
existência de Zumbi ainda era uma dúvida, Edison Carneiro 
trabalhou sanando a questão sem se basear em ideias marxistas, 
mas sim coligindo dados históricos para encontrar e demonstrar a 
verdade. No fim, a própria autora Andressa Barbosa revela dúvida 
sobre o fato de a linha marxista ter ou não influenciado a obra de 
Edison Carneiro.Temos: 
“Contudo, o autor Edison Carneiro apresentou novos valores para 
narrar o assassinato de Zumbi. Talvez, por causa de sua filiação 
comunista e vivendo durante a ditadura varguista, passou a 
destacar o caráter rebelde e guerreiro de Zumbi...” 
 
E essa influência nos estudos sobre Zumbi, caso existisse, visaria 
apenas destacar a luta de Zumbi, como diz a autora, não 
necessariamente alterar ou inventar. Logo, nas palavras de 
Andressa Barbosa, nada indica com exatidão que Edison Carneiro 
acrescentou algo à figura de Zumbi. Edison Carneiro, além disso, 
demonstra no seu livro as suas fontes de modo que é possível, a 
qualquer um, descobrir se o mesmo modificou ou não a forma como 
ele descreveu os fatos e Zumbi. 
Resumindo, não temos as provas de Décio Freitas em relação ao 
nome e local no qual diz que Zumbi cresceu; isso, contudo, em 
nada diminui o valor e importância de Zumbi na luta dos negros. 
Ademais temos o expoente dos marxistas, Edison Carneiro, não 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
27 
 
inventando imagens de Zumbi, mas sim juntando informações de 
vários anos consolidando o personagem histórico do líder de 
Palmares. 
Na ausência, por conseguinte, das provas de Décio Freitas, deve-se 
apenas deixar em aberto a verdade referente a esses dois 
pormenores inerentes à história do líder palmarino: ter nascido num 
convento em Alagoas e o nome Francisco. Os demais 
acontecimentos consequentemente relacionados ao principal negro 
dos Palmares e ao próprio Quilombo não perdem em importância e 
nem em veracidade. A tentativa de Narloch foi utilizar-se de um 
detalhe, a ideia de serem pesquisadores marxistas, para, com isso, 
repito, tentar retirar o crédito dos escritores que trataram de Zumbi 
e, consequentemente, apagar tudo aquilo atribuído ao chefe de 
Palmares por esses estudiosos afirmando ele serem invenções, tal 
como o ocorrido com o nome Francisco atribuído à Zumbi, haja 
vista nunca terem sido apresentadas as provas por Décio Freitas- 
isto, contudo, não inviabiliza as demais informações sobre Zumbi 
dos Palmares. 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
28 
 
Parte VI 
Objetivo de Narloch 
 
Com uma obra tão polêmica surgiu essa pequena questão: qual o 
objetivo de Narloch? 
Logo no começo do livro temos uma breve resposta. O autor diz: 
“Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e 
desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom 
número de cidadãos.” (Narloch, Guia Politicamente Incorreto da 
História do Brasil) 
Tais palavras satisfazem os menos exigentes e agradam à parcela 
de leitores simpatizantes do racismo, principalmente àqueles com 
parentesco ou uma linhagem ligada a adeptos do sistema 
escravista à semelhança dos antigos donos de escravos e senhores 
de engenho da época. O livro de Narloch, por conseguinte, é um 
prato cheio para os descendentes desse sistema e seus partidários, 
bem como para os que são contra a causa dos negros de antes e 
de hoje; nada melhor para o racista escondido no íntimo dessas 
pessoas do que ter um livro dando voz a toda aversão contida em 
seus pensamentos encobertos contra o negro, tentando 
desconstruir a imagem do herói de um povo cuja exploração e 
violência sofrida encontrava limite, muitas vezes, apenas na morte 
do explorado. 
Todavia, as palavras de Leandro Narloch na obra não respondem 
inteiramente à pergunta, ou seja, qual o objetivo do autor. Mas 
Narloch revela, noutros meios, fora da obra, a sua real intenção. 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
29 
 
Buscamos então essas outras fontes, as quais surgiram devido a 
polêmica criada entorno do tema abordado, o que levou a mesma a 
ser lida por muitos e incentivou entrevistas em programas de 
televisão, rádios e amigos de profissão do jornalista a daremseu 
parecer sobre o assunto. Descobrimos deste modo informações 
relevantes, possibilitando compreender melhor o pensamento do 
autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Vejamos 
agora as ideias de Leandro Narloch não escritas em seu livro. 
 
1-Qual a intenção de Narloch com o livro? 
Segundo o próprio Narloch, a intenção é, basicamente, incomodar. 
Como observamos, ele realmente incomodou e enfureceu, tal como 
diz na obra; mas em entrevistas o autor revela que a intenção é, 
além de incomodar, ganhar dinheiro. Por isso, a obra de Narloch 
está longe de ser um trabalho sério e igual ao de pesquisadores e 
historiadores buscando e examinando verdades. Temos ciência de 
estudiosos analisando fontes documentais, tradições orais, fontes 
primárias tudo, em suma, com o intuito de nos aproximar do 
passado, daquilo que ocorreu muito antes de nós. Narloch, porém, 
é diferente. Em entrevistas revela como intenção não apenas 
enfurecer e irritar, mas sim ganhar dinheiro. Tal resposta podemos 
ver quando um historiador entrevista Leandro Narloch no programa 
Aprovado em Cachoeira na Bahia. Vejamos entre 1:43 até 1:59 do 
link https://www.youtube.com/watch?v=5TxQTVZrHuE ou no link 
https://www.youtube.com/watch?v=JlzwQkzt-SI&t=114s. 
Lá o entrevistador pergunta para Narloch: 
-A ideia era incomodar? 
https://www.youtube.com/watch?v=5TxQTVZrHuE
https://www.youtube.com/watch?v=JlzwQkzt-SI&t=114s
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
30 
 
Narloch responde: 
-Uma das ideias era incomodar, a outra era ganhar dinheiro. 
Narloch, então, não visa a verdade, os fatos. Por isso estão 
enganados os leitores que se apegam fortemente ao livro julgando 
encontrar na obra eventos históricos. Leitores estes que 
enriqueceram o jornalista na ilusão de terem em mãos verdades 
não contadas em escolas e faculdades- mas sim, como 
observamos, serem falsas. 
 
2-Quem Narloch quis enfurecer? 
Narloch trabalhou para enfurecer e incomodar a esquerda brasileira. 
Ele próprio, inicialmente, tenta esconder a definição política que 
possui; mas podemos descobrir analisando outras entrevistas. 
Numa dessas entrevistas feitas, no programa de televisão Agora é 
Tarde, Narloch demonstra sua intenção de não revelar uma 
definição política pessoal. 
Veja no link https://www.youtube.com/watch?v=0DxbmU1Z4sM ou nesse 
https://www.youtube.com/watch?v=KwAGFclgU3g&t=3s em 5:12. 
O apresentador pergunta: 
-Você tem uma definição política? 
Narloch lhe responde: 
-Eu sou “palmeirense”. 
https://www.youtube.com/watch?v=0DxbmU1Z4sM
https://www.youtube.com/watch?v=KwAGFclgU3g&t=3s
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
31 
 
Ou seja, responde de forma irônica, como uma brincadeira, mas 
logo depois revela, na mesma entrevista, não ser de esquerda. Veja 
nos mesmos links anteriores em 7:45. 
Temos o apresentador novamente perguntando no vídeo: 
-Você hoje diz que não tem definição ideológica. 
Narloch fala: 
-Esquerda provavelmente eu não sou né!?! 
-Mas você era de esquerda? 
-Era, era. 
Ou seja, Narloch era de esquerda, agora não é mais. Revelando, 
assim, ser de direita- algo ainda mais nítido para quem 
acompanhou o debate entre ele e Fernando Morais na 7ª Festa 
Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) em 2011. No 
encontro Narloch tenta defender a ideia do capitalismo ser bom 
para os pobres, mas Fernando Morais logo menciona a situação 
drástica dos mais humildes vivendo próximos à região onde está 
acontecendo o evento demonstrando, assim, o quanto Narloch foi 
infeliz em suas considerações. 
Noutra entrevista, o jornalista Narloch revela, sem rodeios, ser 
antimarxista. Tal dito podemos constatar em entrevista feita num 
programa da Univesp TV. 
Veja em 3:37 do link https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY) ou em 
3:24 do link https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=20s. 
Temos o apresentador indagando: 
https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY
https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=20s
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
32 
 
-É uma história antimarxista? 
E Leandro Narloch respondendo: 
-Em verdade antimarxista sou eu. 
Isto é, temos a definição ideológica do autor, o qual naturalmente 
escreveu não para enfurecer os de direita, mas sim os de esquerda 
e marxistas. Não sem motivo temos ele também afirmando ser a 
obra não um trabalho imparcial, mas sim parcial e que se deve ter 
muito cuidado ao pensarem inserir a mesma nas escolas. Entre 
3:47 até 4:10 do link anterior 
https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY ou 3:34 até 3:57 do 
segundo link https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=20s , vemos o 
seguinte, é dito: 
-Você fez a história com seu viés antimarxista. 
Narloch responde: 
-Deixa eu explicar. Eu fui, nessa nova história do Brasil, 
coletando só o que fosse antimarxista. Por isso que falo que o 
livro não é imparcial. 
E continua Narloch: 
“Muita gente me fala: 'pô, você acha que o (seu) livro devia ser 
ensinado nas escolas, os alunos deveriam usar?' Eu falei: 'olha, 
cuidado porque ele (o livro) é tão parcial quanto o livro que critico'.” 
(Narloch) 
Sobre essas palavras, acredito que um trabalho cujo objetivo dizem 
ser demonstrar verdades, mas que coleta apenas um lado dos 
fatos, não pode jamais ser levado em conta. Não há verdades, há 
https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY
https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=20s
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
33 
 
somente meias verdades, inverdades, argumentos falaciosos que 
enganaram os leitores. 
 
3-Para enfurecer os marxistas e os de esquerda 
Narloch inventou alguma coisa? 
Dessa coletânea de estudos e citações antimarxistas, Narloch diz 
não ter inventado nada na sua obra tal como podemos ver ao ser 
ele entrevistado por um jornalista da revista Veja. 
Olhemos no link https://www.youtube.com/watch?v=bjB64raROI4 em 1:35 ou 
noutro link https://www.youtube.com/watch?v=Ri0_a0djjtE&t=10s também no 
mesmo tempo. Vemos o jornalista do programa falando: 
-Você capturou verdades, verdades incomodas? 
-Claro que sempre com minha óptica, capturei só aquilo que irritava. 
Mas fiquei tentado a inventar umas coisas, mas me segurei, 
não inventei não. 
No entanto, o jornalista Leandro Narloch fala o contrário, em outra 
entrevista, agora no programa chamado Programa Namoral. 
Vejamos agora em 2:50 do link 
https://www.youtube.com/watch?v=zv4WNJT0PCc ou assista em 0:08 do link 
https://www.youtube.com/watch?v=iGVYdfQg1wA&feature=youtu.be. 
Leandro Narloch fala sobre o livro, no vídeo, o seguinte: 
“Posso dizer que uma ou outra coisa eu exagerei, foi eu que 
disse.” (Leandro Narloch autor do Guia Politicamente Incorreto do 
Brasil) 
https://www.youtube.com/watch?v=bjB64raROI4
https://www.youtube.com/watch?v=Ri0_a0djjtE&t=10s
https://www.youtube.com/watch?v=zv4WNJT0PCc
https://www.youtube.com/watch?v=iGVYdfQg1wA&feature=youtu.be
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
34 
 
Concluindo, Leandro Narloch, autor do Guia Politicamente Incorreto 
do Brasil, escreveu para irritar e enfurecer esquerdistas e marxistas, 
objetivando ganhar dinheiro com a venda do livro devido a polêmica 
gerada pelas ideias presentes na obra; ideias antimarxistas escritas 
com a óptica do autor, exagerando num ponto e noutro do seu texto 
objetivando o lucro independente de ir contra a história e os fatos. 
Grande prova da sua pouca atenção para com a história é a falta de 
análise de documentos bem como, por incrível que pareça, a 
ausência de consultas à fontes primárias. Aqui ele diz em 3:20 do 
link https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY ou em 3:07 do link 
https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=61s. 
“A minha postura foi bem de jornalista, eu não fui em fontes 
primárias, não analisei documentos, nada disso. Eu só tentei 
trazer para o leitoressa nova história do Brasil.” (Leandro Narloch) 
Em resumo, todos as pessoas que leram e propagaram essas 
informações como verdades, durantes anos, foram ludibriadas. 
Tudo que a maior parte dos leitores fez foi realizar o sonho de 
Narloch de torná-lo rico e disseminar, por todos os cantos, uma 
mentira a respeito de Zumbi dos Palmares. Essa sendo uma das 
maiores ofensas à história de um povo e que certamente, não 
sendo divulgada a verdade, aparecerão aqueles que, acreditando 
nas palavras de Narloch, desejaram, por ignorância, relegar Zumbi 
ao esquecimento. 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=bNyx5Mwt0BY
https://www.youtube.com/watch?v=V8a2azsqYjI&t=61s
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
35 
 
PARTE VII 
Conclusão 
 
Em fim, concluímos esse trabalho, mas caso ainda não acredite, 
caro leitor, mesmo diante de tantos relatos, indicação de fontes, 
informações de outras obras e as palavras do próprio autor fora do 
livro, convido-lhe a apresentar os motivos de suas dúvidas; pois, 
como dito no começo desse tratado, essa obra também é passível 
de questionamento, desde que haja de fato algum. Peço-lhe, 
contudo, que não tenha o dinheiro, o preconceito ou o racismo 
como norteador, mas sim a verdade como guia. 
Fiquemos, por último, com algumas palavras direcionadas ao líder 
palmarino. Assim testemunharam os antigos sobre ele dizendo: 
“Negro de singular valor, grande ânimo, e constância 
rara. Este é o espectador dos mais, porque a sua 
indústria, juízo e fortaleza aos nossos serve de 
embaraço, aos seus de exemplo…” 
 
(Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no 
tempo do Governador Pedro de Almeida de 1675 a 1678) 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
36 
 
 
 
 
 
 
ZUMBI DOS PALMARES 
 
Estátua em homenagem ao líder do Quilombo dos 
Palmares, localizada na Praça da Sé, Centro Histórico, 
Salvador/Bahia. 
ZUMBI DOS PALMARES NÃO TINHA ESCRAVOS: O ANACRONISMO DE NARLOCH 
37 
 
Bibliografia 
 
BARLÉU, Gaspar, O Brasil Holandês sob o Conde João Maurício 
de Nassau, Ministério da Educação, 1940. 
CARNEIRO, Edison, O Quilombo dos Palmares, Civilização 
Brasileira,1966. 
DRUMMOND, Conselheiro, Relação das Guerras feitas aos 
Palmares de Pernambuco no tempo do governador D. Pedro de 
Almeida de 1675 a 1678, Revista do Instituto Histórico e Geográfico 
Brasileiro, 1859. 
ENNES, Ernesto, As Guerras nos Palmares, Companhia Editora 
Nacional,1938. 
FREITAS, Mario Martins de, Reino Negro de Palmares, Biblioteca 
do Exército, 1988. 
REIS, Andressa Merces Barbosa dos. Zumbi: Historiografia e 
imagens. 148 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de 
História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista 
- UNESP, São Paulo, 2002 
RODRIGUES, Nina, Os Africanos no Brasil, Nacional/Brasiliana 9, 
São Paulo, 1932. 
 
SANTOS, Joel Rufino dos. Zumbi. São Paulo: Ed. Moderna, 1985 
 
 
 
 
 
 
 
A. F .M. J

Continue navegando