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Linguistica 2

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Linguística
Profa. Lilian Dal Cin
UNIDADE II
 Nesta unidade, serão abordados os objetos de estudo de duas disciplinas 
específicas dos estudos linguísticos: fonologia e morfologia. 
 Fonologia: estudo específico das unidades sonoras distintivas 
de uma língua.
 Morfologia: analisa a forma e a estrutura das palavras de uma língua. 
 Essa abordagem começou a partir dos séculos XV e XVI, quando o interesse era 
encontrar a sistematicidade nos aspectos físicos da linguagem. 
(WEEDWOOD,1995).
Fonologia e morfologia
 Além das especificidades de cada disciplina, abordaremos a influência que uma 
exerce sobre a outra e suas contribuições para o ensino-aprendizagem de línguas.
Fonologia e morfologia: contribuições para o ensino-aprendizagem
 A fonologia estuda e descreve o plano sonoro dos sistemas linguísticos. Vale 
ressaltar que, apesar de a fonologia servir-se dos conhecimentos advindos da 
fonética, seus objetos de estudo são distintos. 
Fonologia e fonética
Fonética Fonologia
Significante 
(fala)
Significado
(língua)
Unidade de 
análise
Fones
[t]
Unidade de 
análise
Fonemas
/t/
 A fonologia analisa os sons que produzem significado em uma língua; a fonética 
analisa como se dá a produção dos sons por meio do aparelho fonador. Portanto, 
para a fonologia, o foco é a produção de significado, e para a fonética, é a 
produção dos sons.
Fonologia e fonética: objetivos distintos
Fonética Fonologia
Significante
(fala)
Significado
(língua)
Unidade 
de análise
Fones
[t]
Unidade 
de análise
Fonemas
/t/
 À fonologia, cabe analisar os sons característicos de determinado sistema 
linguístico: as unidades fônicas distintivas de uma língua. 
 Por exemplo, em português, a palavra caça ['kasa] diferencia-se de casa ['kaza] 
pelo uso de uma consoante fricativa alveolar surda /s/ em caça e de uma sonora 
/z/ em casa.
 As unidades /s/ e /z/ diferenciam significados. 
A fonologia e as unidades fônicas distintivas
 As línguas possuem fonemas específicos; por exemplo, no português existem sete 
vogais; no espanhol, cinco, e no inglês, onze.
 Esse fato explica a dificuldade que muitos alunos apresentam para pronunciar 
vogais, no inglês, que não são reconhecidas em sua língua materna. O som de [i], 
no inglês, apresenta uma ocorrência em leave e outra em live.
A fonologia e as vogais
 A teoria fonêmica americana define o fonema como a menor unidade fonológica da 
língua. 
 Os teóricos da Escola de Praga consideram os fonemas como traços distintivos 
simultâneos.
Fonemas
 /p/ e /b/ são considerados fonemas, pois apresentam um mesmo modo de 
articulação (oclusivos – obstrução total de ar), um mesmo ponto de articulação 
(labiais) e apresentam a distinção surdo e sonoro (vibração do som).
 A análise ocorre pela permuta de um som por outro, na composição das palavras: 
“bata” e “pata”.
Exemplos de fonemas
 Alofone: um mesmo fonema é realizado de forma variada, como no caso do /s/ 
produzido pelos cariocas. O alofone, portanto, é uma variante fonética de um 
mesmo fonema.
 Sílaba: unidade básica que nos informa acerca de como está organizado o sistema 
fonológico de uma língua: ela é estritamente fonológica e não pode ser confundida 
com uma unidade da gramática ou da semântica.
Alofones e sílabas
 A sílaba pode ser formada por mais de um fonema. 
 A sílaba é divisível. 
 A sílaba organiza o sistema fonológico de uma língua. 
 A forma mais conhecida de divisão silábica, nas línguas do mundo, é a estrutura 
conhecida por CVC (consoante + vogal + consoante).
A organização da sílaba
 Na estrutura silábica do português, as vogais formam o “centro da sílaba” (amora); 
as consoantes nunca aparecem como núcleo de sílaba. 
 Essa ocorrência explica o motivo de falantes da língua portuguesa terem 
dificuldade para pronunciar palavras de outras línguas que admitem outra 
configuração.
Vejamos alguns exemplos de estrutura silábica do português:
 CVC: cor;
 CV: de;
 CCV: grupo.
Estruturas silábicas
Indique a alternativa correta:
a) A fonologia estuda e descreve o plano sintático dos sistemas linguísticos.
b) A fonologia estuda e descreve o plano sonoro dos sistemas linguísticos.
c) Fonética e fonologia estudam as unidades sonoras significativas.
d) A fonologia estuda os morfemas de uma língua.
e) A fonologia estuda o léxico de uma língua.
Interatividade
b) A fonologia estuda e descreve o plano sonoro dos sistemas linguísticos. 
Resposta
 As monossílabas apresentam apenas uma vogal (já).
 As dissílabas apresentam duas vogais (ca-da).
 As trissílabas apresentam três vogais (es-co-la).
 As polissílabas apresentam quatro ou mais vogais (a-mi-gá-vel).
Classificação das palavras pelo número de sílabas
 As sílabas também podem ser classificadas segundo a intensidade da voz (tônicas 
e átonas).
 Oxítonas: quando a última sílaba é tônica (Pa-ra-ná).
 Paroxítona: penúltima sílaba tônica (pa-re-de).
 Proparoxítona: antepenúltima sílaba tônica (mé-di-co).
Classificação das palavras segundo a intensidade
 Para classificar os fonemas, utilizamos critérios dos estudos fonéticos sobre a 
produção dos sons por meio do aparelho fonador (articulação dos sons).
 Modo de articulação: maneira como a corrente de ar proveniente dos pulmões 
supera os obstáculos. Por exemplo, uma consoante oclusiva é produzida por uma 
obstrução total à passagem do ar: /p/.
Consoantes do português: modo de articulação
 Ponto de articulação: local em que ocorre a obstrução ou o estreitamento por meio 
das pregas vocais. O /p/ é um som labial.
 Sonoridade: quando as pregas vocais vibram, a consoante é descrita como sonora 
/b/; caso contrário, é surda /p/.
Consoantes do português: ponto de articulação
Joaquim Mattoso Câmara Jr. foi o pioneiro da linguística e do estruturalismo no 
Brasil. Fez uma descrição detalhada do sistema fonológico do português. Vejamos 
um exemplo da classificação do autor para as consoantes do português:
Modo de articulação
oclusivas fricativas
surdas sonoras surdas sonoras
p b f v
Ponto de articulação
labial ântero-linguais
p/b t/d
Linguística e estruturalismo no Brasil 
 Sua contribuição foi de extrema importância, pois a partir do mapeamento dos 
fonemas que formam o sistema fonológico da nossa língua, podemos identificar 
suas variações.
Contribuição de Mattoso Câmara Jr. 
 O sistema vocálico do português compreende sete vogais orais (a corrente de ar 
passa pela cavidade oral) e cinco nasais (ressonância nasal produzida pela 
influência das consoantes “n” ou “m” ou marcadas pelo “til”). 
 As vogais [e] e [o] podem distinguir significados, por exemplo, nas palavras s[e]de 
(necessidade de beber) e s[Є]de (lugar).
Vogais do português
 O conhecimento fonológico serve para caracterizar o plano sonoro de um sistema 
linguístico, contribuindo para a aprendizagem de aspectos significativos das 
línguas.
Importância do conhecimento fonológico
 A morfologia é a disciplina que estuda a forma e a estrutura das palavras. 
 Antes do Renascimento, cada palavra era vista como uma unidade semântica; não 
se decompunha em unidades menores. 
 Muito antes, porém, os semitas já possuíam o conceito de raiz (núcleo com 
conteúdo semântico básico). 
 A palavra “infelizmente” pode ser dividida em unidades menores: prefixo (in); raiz 
(feliz); mente (sufixo).
Morfologia: formação das palavras
Para o estruturalismo, a morfologia é uma disciplina essencial porque:
a) a morfologia tenta explicar como reconhecemos palavras nunca ouvidas antes;
b) a morfologia procura identificar os morfemas que compõem cada língua falada no 
mundo.
Morfologia e estruturalismo
Indique a alternativa correta:
a) A morfologia estuda a forma e a estrutura das palavras.
b) Todas as línguas apresentam os mesmos fonemas.c) O estruturalismo não se interessa pelos aspectos morfológicos de uma língua.
d) A morfologia estuda as unidades sonoras mínimas de sentido.
e) As consoantes não podem ser classificadas de acordo com o modo de articulação.
Interatividade
a) A morfologia estuda a forma e a estrutura das palavras.
Resposta
Morfemas são unidades abstratas que constituem a menor unidade significativa na 
composição das palavras. Podem ser lexicais e gramaticais.
 Os morfemas lexicais possuem significado e podem ocorrer como palavras 
separadas ou usados na formação de novas palavras. Por exemplo: feliz –
felizmente.
Morfemas lexicais
 Os morfemas gramaticais (afixos, preposições, artigos etc.) exprimem relações 
gramaticais. Por exemplo: alunos de Letras.
 Alomorfes: variantes de um mesmo morfema. 
Morfemas gramaticais e alomorfes
Existem vários processos de formação de palavras no português. Os principais são 
os seguintes: 
 Derivação: consiste no acréscimo de morfemas a um radical já existente (afixos). 
Pode ocorrer por:
 Prefixação: consiste em adicionar à palavra um prefixo. Exemplos: feliz – infeliz; 
ligar – desligar etc. 
 Sufixação: consiste em adicionar à palavra um sufixo. Exemplos: laranja –
laranjeira.
Processo de formação de palavras em português: prefixação e sufixação
Parassíntese (derivação parassintética): consiste em adicionar, ao mesmo tempo, 
um sufixo e um prefixo:
 Exemplo: “desalmado”.
Processo de formação de palavras em português: parassíntese
 Prefixação e sufixação: não são consideradas parassínteses palavras como 
“decodificação”, uma vez que existe a palavra “codificação”, sendo o prefixo 
independente do sufixo. 
 Quando isso ocorre, a palavra sofreu tanto prefixação quanto sufixação. 
Processo de formação de palavras em português: prefixação e sufixação
 Regressão: geralmente são substantivos que provêm de verbos, sem as 
desinências verbais. 
Exemplo: consumir – consumo.
 Conversão: consiste apenas em mudar a classe gramatical, geralmente 
transformando o verbo em substantivo.
Exemplo: o amar.
Processo de formação das palavras: regressão e conversão
 Composição: processo que consiste em unir dois ou mais radicais para formar uma 
nova palavra.
Existem quatro processos de composição:
 Justaposição: não há mudança nas palavras originais; são unidas sem perder 
letras ou fonemas, com ou sem hífen. Exemplo: couve-flor. 
 Aglutinação: parte do elemento original das palavras se perde. Exemplo: planalto. 
Processo de formação das palavras: justaposição e aglutinação
 Hibridismo: consiste na união de elementos originados de idiomas diferentes. 
Exemplo: automóvel.
 Onomatopeia: reprodução imitativa de certos sons. 
Exemplo: blém-blém.
Processo de formação das palavras: hibridismo e onomatopeia
Indique a definição correta para o processo de derivação parassintética:
a) Acréscimo de sufixo.
b) Acréscimo de prefixo.
c) Acréscimo de raiz e sufixo, ao mesmo tempo.
d) Acréscimo de fonemas.
e) Acréscimo de sufixo e prefixo, ao mesmo tempo.
Interatividade
e) Acréscimo de sufixo e prefixo, ao mesmo tempo.
Resposta
 Conhecer a estrutura das palavras e seus componentes mínimos, conforme 
estudado pela morfologia, pode propiciar um entendimento mais amplo sobre o 
significado das palavras, inclusive daquelas que nunca ouviram antes.
Morfologia e ensino-aprendizagem
 A variedade linguística é uma marca de identificação de sotaque que corresponde 
à região geográfica do falante. Pode ajudar a despertar, nos alunos, a percepção e 
o respeito à diversidade presente no modo de falar dos brasileiros.
Fonologia e ensino-aprendizagem
 O professor de língua estrangeira pode resolver problemas de interferência, 
desenvolvendo estratégias que auxiliem o estudante a superar a tendência de 
transpor o sistema fônico de sua língua materna para a língua estrangeira.
Fonologia e língua estrangeira
 Há uma relação entre os fonemas e os símbolos gráficos que os representam. 
Porém, algumas ocorrências são claras e demonstram que letra não é fonema.
 Por exemplo, o fonema /s/, em português, é grafado de diferentes maneiras: cedo, 
cresça, passar, sintaxe etc.
Fonologia e ortografia
 Ao saber que letra não é fonema, pode-se explicar, por meio dos conhecimentos 
da fonologia, as questões que envolvem a ortografia das palavras.
Fonologia e ortografia
 O estudo das línguas estrangeiras recebe o estatuto de disciplina tão importante 
como qualquer outra do currículo. Por isso, é necessário ressaltar o papel do 
professor no processo de ensino-aprendizagem. 
Ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras
 Se os alunos forem estimulados a comparar dois sistemas linguísticos distintos, 
certamente encontrarão diferenças de vários tipos.
Ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras
 Por exemplo: no inglês, a estrutura silábica é mais econômica do que no português 
(trip – viagem). 
 Na construção das frases, a ocorrência fica ainda mais evidente: “let’s work” (duas
sílabas) e “va-mos tra-ba-lhar” (cinco sílabas). 
Ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras
 Vários aspectos podem ser abordados por meio dos estudos da fonologia e da 
morfologia para despertar a reflexão crítica de professores e de alunos quanto à 
aprendizagem de línguas e à diversidade linguística presente na própria língua. 
Reflexões sobre a aprendizagem de línguas
Indique a alternativa incorreta: 
a) A variedade é uma marca responsável pela identificação de sotaque.
b) Pelos estudos realizados, pode-se dizer que fonema é sinônimo de letra.
c) A aprendizagem de uma língua estrangeira pode se beneficiar do conhecimento 
da fonologia.
d) Ao aprender uma língua, é comum usar os fones da língua materna na pronúncia 
daquela que se está aprendendo.
e) Morfemas não são sinônimos de fonemas.
Interatividade
b) Pelos estudos realizados, pode-se dizer que fonema é sinônimo de letra.
Resposta
ATÉ A PRÓXIMA!

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