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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS SEÇÃO DE ENSINO, INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E MEMÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIROLOGIA IZABEL KELLER MOREIRA LIMA AVALIAÇÃO DAS PRINCIPAIS CITOCINAS SÉRICAS DOS PERFIS TH1, TH2 E TH17 EM PACIENTES COM COVID-19 Ananindeua 2023 IZABEL KELLER MOREIRA LIMA AVALIAÇÃO DAS PRINCIPAIS CITOCINAS SÉRICAS DOS PERFIS TH1, TH2 E TH17 EM PACIENTES COM COVID-19 Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Virologia do Instituto Evandro Chagas, como requisito para a obtenção do título de mestre em Virologia Orientador: Prof. Dr. Igor Brasil Costa Ananindeua 2023 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca do Instituto Evandro Chagas Lima, Izabel Keller Moreira. Avaliação das principais citocinas séricas dos perfis Th1, Th2 e Th17 em pacientes com COVID-19. / Izabel Keller Moreira Lima. – Ananindeua, 2023. 66 f.: il.; 30 cm Orientador: Dr. Igor Brasil Costa Dissertação (Mestrado em Virologia) – Instituto Evandro Chagas, Programa de Pós-Graduação em Virologia, 2023. 1. Citocinas. 2. Citometria de fluxo. 3. COVID-19. 4. Imunologia. I. Costa, Igor Brasil, orient. II. Instituto Evandro Chagas. III. Título. CDD: 616.2 IZABEL KELLER MOREIRA LIMA AVALIAÇÃO DAS PRINCIPAIS CITOCINAS SÉRICAS DOS PERFIS TH1, TH2 E TH17 EM PACIENTES COM COVID-19 Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Virologia do Instituto Evandro Chagas, como requisito para a obtenção do título de mestre em Virologia Aprovada em 20 / 06 / 2023 BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Prof. Dr. Igor Brasil Costa (Orientador) ______________________________________________ Profª Lívia Medeiros Neves Casseb (Membro interno) ______________________________________________ Prof. Rogério Valois Laurentino (Membro externo) RESUMO No final de dezembro de 2019 cientistas chineses identificaram um novo vírus pertencente à família Coronaviridae, sendo denominado SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19. No contexto da COVID-19, uma resposta imunológica desregulada pode resultar em uma "tempestade de citocinas". Portanto, entender o perfil das citocinas liberadas durante a infecção por SARS-CoV-2 e sua interação complexa é crucial para compreender os mecanismos imunológicos subjacentes à COVID-19. O estudo teve como objetivos: (1) quantificar as principais citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 em pacientes com diagnóstico para SARS-CoV-2 e pacientes com síndrome gripal não SARS-CoV-2; (2) avaliar a positividade dos pacientes suspeitos para infecção por SARS-CoV-2; (3) comparar os sinais e sintomas com a dosagem de citocinas; (4) comparar a quantificação das citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 entre os pacientes com SARS-CoV-2 e pacientes com síndrome gripal; (5) comparar a quantificação das citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 entre os pacientes com SARS-CoV-2 e pacientes do grupo controle. O estudo utilizou a técnica de citometria de fluxo para analisar as citocinas e foi dividido em diferentes etapas, incluindo a coleta de amostras de pacientes com COVID-19, a determinação dos perfis TH1, TH2 e TH17 por meio das citocinas avaliadas e a comparação dos resultados com parâmetros clínicos. Os resultados revelaram uma desregulação da resposta imune, com um aumento significativo na produção de citocinas inflamatórias, como IL-6, IL-1β e TNF-α, caracterizando a "tempestade de citocinas" observada em pacientes graves. Além disso, foi observado um desequilíbrio entre os perfis TH1, TH2 e TH17, com um predomínio da resposta inflamatória. Essas alterações podem contribuir para danos nos tecidos e órgãos, resultando em complicações graves da doença. A discussão abordou a importância desses achados na compreensão da fisiopatologia da COVID-19 e no desenvolvimento de estratégias terapêuticas direcionadas. Em conclusão, a avaliação das citocinas séricas pode fornecer informações relevantes sobre a resposta imunológica na COVID-19 e auxiliar na avaliação da gravidade da doença. No entanto, é necessário um maior aprofundamento e mais pesquisas para compreender completamente o papel dessas citocinas na fisiopatologia da doença. Palavras-chave: Citocinas; Citometria de Fluxo; COVID-19; Perfis TH1; TH2; TH17; Resposta Imunológica; Imunologia. ABSTRACT At the end of December 2019, the Chinese identified a new virus belonging to the Coronaviridae family, being named SARS-CoV-2, responsible for COVID-19. In the context of COVID-19, a dysregulated immune response can result in a "cytokine storm". Therefore, understanding the profile of cytokines released during SARS-CoV-2 infection and their complex interaction is crucial to understanding the immunological democracy underlying COVID-19. The study aimed to: (1) quantify the main serum cytokines of the Th1, Th2 and Th17 response profiles in patients diagnosed with SARS-CoV-2 and patients with non-SARS- CoV-2 flu syndrome; (2) evaluate the positivity of patients suspected of having SARS-CoV-2 infection; (3) compare signs and symptoms with cytokine dosage; (4) compare serum cytokine quantification of Th1, Th2 and Th17 response profiles among patients with SARS-CoV-2 CoV- 2 and flu-like illness patients; (5) compare serum cytokine quantification of Th1, Th2 and Th17 response profiles between patients with SARS-CoV-2 and control patients. Flow to analyze the cytokines and was divided into different steps, including the collection of selection of patients with COVID-19, the intelligence of the TH1, TH2 and TH17 profiles through the cytokines evaluations and comparison of the results with clinical criteria. The results revealed a dysregulation of the immune response, with a significant increase in the production of inflammatory cytokines, such as IL-6, IL-1β and TNF-α, characterizing a "cytokine storm" observed in critically ill patients. Furthermore, a balance between TH1, TH2 and TH17 profiles was observed, with a domain of the inflammatory response. These alterations can contribute to tissue and organ damage resulting from serious complications of the disease. The discussion addressed the importance of these findings in understanding the pathophysiology of COVID- 19 and in developing targeted therapeutic strategies. In conclusion, the assessment of serum cytokines can provide relevant information about the immune response in COVID-19 and help in assessing the severity of the disease. However, further in-depth research is needed to fully understand the role of these cytokines in the pathophysiology of the disease. Keywords: Cytokines; Flow cytometry; COVID-19; Profiles TH1, TH2, TH17; Immune Response; Immunology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Estrutura da partícula viral do SARS-CoV-2 com suas partes estruturais mais importantes .......................................................................................... 20 Figura 2 – Entrada do vírus SARS-CoV-2 na célula humana por meio da interação entre proteína S e receptores ECA II ........................................................... 22 Figura 3 – Representação do genoma do SARS-CoV-2 e suas principais proteínas .... 23 Figura 4 – Fluxograma de seleção de pacientes e divisão de grupos de pesquisa ........ 39 Figura 5 – Sinais e sintomas apresentados entre os grupos de pacientes positivos para Covid-19 e pacientes com síndrome gripal não COVID19 ......................... 44 Figura 6 –Comparação dos níveis das citocinas entre os grupos do estudo ................ 46 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Etapas para a realização da RT-qPCR de acordo com as normas descritas no Kit ........................................................................................................... 41 Tabela 2 – Grupos do estudo e quantidade de indivíduos presente em cada grupo ...... 43 Tabela 3 – Média de quantificação das citocinas entre os grupos do estudo com os valores maiores em destaque ....................................................................... 44 Tabela 4 – Análise de variância dos níveis séricos de citocinas entre os grupos estudados ..................................................................................................................... 47 Tabela 5 – Resultado da comparação entre os sinais e sintomas e a quantificação de citocinas entre os grupos .............................................................................. 49 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS COVID-19 Coronavírus-19 IFN- γ Interferon-gama IL-2 Interleucina-2 IL-4 Interleucina-4 IL-6 Interleucina-6 IL-10 Interleucina-10 IL-17A Interleucina-17A SARS-CoV-2 Coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave TH1 Linfócitos T helper 1 TH2 Linfócitos T helper 2 TH17 Linfócitos T helper 17 TNF-α Fator de necrose tumoral alfa ECA II Enzima conversora de angiotensina II SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 15 2.1 Taxonomia do SARS-CoV-2 ............................................................................. 16 2.2 Biologia do Vírus/Morfologia .................................................................................... 19 2.3 Genoma e estratégia de replicação .............................................................................. 21 2.4 Epidemiologia ............................................................................................................. 24 2.5 Resposta Imune à Infecção por SARS-CoV-2 ............................................................. 25 2.6 Patogenia do SARS-CoV-2 ......................................................................................... 27 2.7 Citocinas ...................................................................................................................... 28 2.7.1 Citocinas do Perfil TH1 ............................................................................................ 28 2.7.2 Citocinas do Perfil TH2 ............................................................................................ 29 2.7.3 Citocinas do Perfil TH17 .......................................................................................... 31 2.8 Tempestade de Citocinas ............................................................................................. 32 2.8.1 IL-17A ...................................................................................................................... 33 2.8.2 TNF-α ....................................................................................................................... 33 2.8.3 IFN-ɣ ........................................................................................................................ 34 2.8.4 IL-10 ......................................................................................................................... 34 2.8.5 IL-6 ........................................................................................................................... 35 2.8.6 IL-4 ........................................................................................................................... 35 2.8.7 IL-2 ........................................................................................................................... 36 3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 38 3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 38 3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 38 4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 39 4.1 População do Estudo e Obtenção de Amostras ........................................................... 39 4.2 Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................................. 40 4.3 Transporte de Amostras .............................................................................................. 40 4.4 Extração do Àcido Nucleico ........................................................................................ 41 4.5 Dosagem de Citocinas ................................................................................................. 41 4.6 Análise Estatística ....................................................................................................... 42 5 RESULTADOS ............................................................................................................. 43 6 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 48 6.1 IL-17A ......................................................................................................................... 48 6.2 IFN- γ .......................................................................................................................... 48 6.3 TNF-α .......................................................................................................................... 49 6.4 IL-10 ............................................................................................................................ 50 6.5 IL-6 .............................................................................................................................. 50 6.6 IL-4 .............................................................................................................................. 51 6.7 IL-2 .............................................................................................................................. 52 7 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 54 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 55 ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ....................................... 59 ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO .. 65 10 1 INTRODUÇÃO No final de dezembro de 2019, as autoridades de saúde pública chinesas relataram vários casos de pneumonia de causa desconhecida que evoluíam para síndrome respiratória aguda grave, na cidade de Wuhan, província de Hubei, China. Cientistas chineses, por meio de sequenciamento genômico, logo identificaram um novo vírus pertencente à família Coronaviridae, gênero Betacoronavirus, sendo denominado de SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19 (SEADE, 2022; SOUZA, 2020; FELTRIN, 2021; TAIT, 2020). Desde a comunicação das autoridades chinesas dos casos de COVID-19 à Organização Mundial da Saúde, relatórios diários com o número de casos nos diferentes países, regiões ou territórios vêm sendo publicados e demonstram a marcada capacidadede disseminação do SARS-CoV-2. Em março de 2020 a OMS decretou a pandemia de COVID-19 e a tualmente, o mundo contabiliza aproximadamente de 760 milhões de casos de COVID-19, com cerca de 6 milhões de óbitos registrados (SEADE, 2022; SOUZA, 2020; WHO, 2023 FELTRIN, 2021; TAIT, 2020). Infortunadamente no cenário atual, o Brasil é um dos países mais afetados em todo o mundo, tendo registrado mais de 37 milhões de casos e aproximadamente de 700 mil óbitos (CONASS, 2023). De acordo com boletins oficiais da Secretaria de Saúde do Pará, o estado soma mais de 881 mil casos confirmados laboratorialmente, com cerca de 19 mil óbitos (SESPA, 2023). Diante da gravidade vista em muitos casos de infecção pelo SARS-CoV-2, explicações têm sido aventadas para explicar tal fato, entre estas, uma das mais fortes hipóteses para o agravamento dos casos da doença é a resposta imunológica guiada contra o vírus SARS-COV- 2, que pode desencadear uma tempestade de citocinas (TC) (SÁNCHEZ-DÍEZ, 2023). O termo “tempestade de citocinas” tornou-se cada vez mais usado não apenas por autores de artigos científicos, mas também pela mídia popular. A TC refere-se à liberação excessiva e desregulada de citocinas pró-inflamatórias, que contribui para manifestações clínicas das formas graves da COVID-19 e evolução à óbito. A síndrome da tempestade de citocinas tem sido observada em várias doenças, incluindo doenças infecciosas e doenças reumáticas, além de imunoterapia em oncologia. Clinicamente, a TC pode implicar na inflamação sistêmica, falência de múltiplos órgãos e altos parâmetros inflamatórios (SÁNCHEZ-DÍEZ, 2023; BERAUD, 2022; BERGANTINI, 2022). Em doenças agudas graves desencadeadas por coronavírus, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), associada à rápida 11 replicação viral, um grande número de infiltrado de inflamatório e TC foram observados, que levaram a lesão pulmonar aguda, síndrome da angústia respiratória aguda (SDRA) e morte (BERGANTINI, 2022). Assim como visto na SARS e MERS, nos casos graves de COVID-19 tem sido visto alterações nos níveis das citocinas e quimiocinas, como IL-17A, TNF-α, IFN-ɣ., IL-10, IL-4, IL-2, entre outras (Huang, 2020). Além destas, um estudo multicêntrico de corte apontou o aumento dos níveis de IL-6, especialmente, em pacientes graves que não sobreviveram à infecção (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Frente à infecção por SARS-CoV-2, tem sido descrito que as células envolvidas na resposta, tais como os linfócitos T e Células NK, as mais especializadas na eliminação de vírus se mostram em baixos níveis, especialmente, em pacientes que desenvolvem quadros graves da doença (QIN, 2020; BERGANTINI, 2022). Entre os principais perfis de resposta imunológica orquestrada por linfócitos T, temos Th1, Th2 e Th17. Destas, a resposta Th1 é a mais eficiente na eliminação de patógenos virais. Entretanto, como mecanismo de escape, alguns vírus direcionam o perfil de resposta para Th2 ou Th17 (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Sabe-se que o controle da infecção viral depende potencialmente da resposta celular via linfócitos T CD4+ e CD8+. Evoluções clínicas para quadros mais severos da COVID-19 são caracterizadas por intensa resposta inflamatória sistêmica com elevada produção de citocinas (tempestade de citocinas) IL-1β, INFγ, IP-10 e MCP-1, sugerindo hiperativação da resposta mediada pelo perfil Th1 (HUANG, 2020). Durante a infecção pelo SARS-CoV-2, células Th1 e Th17 agem na tentativa de eliminar a replicação viral e células infectadas, através da síntese de citocinas pró-inflamatórias, as quais potencializam a resposta. As células Th17 sintetizam IL-17 e GM-CSF, que apresentam diversos efeitos pró-inflamatórios, logo, a resposta Th17 em sinergismo com a resposta Th1 pode contribuir para exacerbação da síntese de citocinas inflamatórias durante a infecção pelo SARS-CoV-2 e consequentemente em danos teciduais e edema pulmonar (WU; YANG, 2020; ZHANG, 2020). Neste cenário, a resposta imunológica exacerbada contra a infecção pode agravar o quadro clínico do paciente. Desta forma, o uso de terapia anti-inflamatória é uma estratégia interessante para manejo de casos greves. Entretanto, existe a necessidade de uma avaliação minuciosa dos casos, pois na medida em que a terapia evita uma piora clínica ela pode favorecer também a persistência viral e a suscetibilidade a novas infecções (Zhang, 2020). Entretanto, a infecção pelo SARS-CoV-2 também pode estimular a síntese aumentada 12 de citocinas do perfil Th2, como a IL-4 e IL-10, as quais desencadeiam a supressão da resposta inflamatória. Potentes repostas mediadas por citocinas do perfil Th2 apresentam relação direta com a elevada síntese de anticorpos neutralizantes, uma vez que a elevação sérica das citocinas IL-4, IL-5 e IL-10 viabiliza o aumento da produção de anticorpos (HUANG, 2020; ROKNI, 2020). Relatórios diários demonstram o aumento acentuado no número de novos casos em muitos países/regiões, todavia os esforços para conter a disseminação do vírus são dificultados pela falta de conhecimento de vários aspectos importantes da infecção por SARS-CoV-2, desde a biologia do patógeno, bem como a resposta do hospedeiro, e ainda as lacunas quanto às possíveis opções de tratamento. Portanto, há uma necessidade urgente de entender melhor a biologia da interação patógeno-hospedeiro no contexto da COVID-19. Isto oferecerá informações importantes sobre o tratamento e o manejo da doença, incluindo o detalhamento dos mecanismos moleculares associados à patogenia, identificação de alvos terapêuticos e entendimento do desenvolvimento da memória imunológica (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). A avaliação das principais citocinas séricas dos perfis TH1, TH2 e TH17 em pacientes com COVID-19 tem sido objeto de estudo para compreender melhor a resposta imunológica associada à doença. As citocinas são proteínas liberadas por células do sistema imunológico em resposta a estímulos, desempenhando um papel crucial na regulação da resposta imune (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). O perfil TH1 refere-se a um tipo de resposta imune celular envolvendo citocinas como interferon-gama (IFN-γ), interleucina-2 (IL-2) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). Essas citocinas estão associadas à ativação de células T citotóxicas e resposta imune antiviral efetiva. O perfil TH2, por sua vez, está associado a uma resposta imunológica mais voltada para a produção de citocinas como interleucina-4 (IL-4), interleucina-5 (IL-5) e interleucina-13 (IL- 13). Essas citocinas desempenham um papel na ativação de células B e na produção de anticorpos. O perfil TH17 envolve citocinas como interleucina-17 (IL-17) e interleucina-22 (IL-22), que desempenham um papel na resposta imunológica inflamatória e na defesa contra infecções fúngicas e bacterianas extracelulares (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Em pacientes com COVID-19, tem sido observado que a resposta imune pode ser desregulada, com aumento da produção de citocinas inflamatórias, incluindo interleucina-6 (IL- 6), interleucina-1β (IL-1β) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). Essa chamada "tempestade de citocinas" pode levar a danos nos tecidos e órgãos, resultando em complicações graves da doença (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). 13 A avaliação das citocinas séricas dos perfis TH1, TH2 e TH17 em pacientes com COVID- 19 pode fornecer informações importantes sobre a resposta imunológica e auxiliar na avaliação da gravidade da doença. Além disso, a identificação de perfis específicos de citocinas pode ter implicações no desenvolvimento de estratégias terapêuticas direcionadas para modular a resposta imune e melhorar os desfechos clínicos (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). No final de dezembro de 2019, as autoridades de saúde pública chinesas relataram casos de pneumonia de causa desconhecida, que evoluíampara síndrome respiratória aguda grave, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. Desde então, a COVID-19 se disseminou globalmente, tornando-se uma pandemia declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. A infecção por SARS-CoV-2 resultou em milhões de casos e óbitos em todo o mundo, com o Brasil sendo um dos países mais afetados (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). A resposta imunológica desencadeada pelo SARS-CoV-2 é um fator crucial na manifestação clínica da COVID-19. Estudos têm explorado as citocinas, proteínas liberadas pelas células do sistema imunológico, como mediadoras chave nessa resposta. Essas citocinas podem ser agrupadas em três categorias principais: pró-inflamatórias, anti-inflamatórias e regulatórias (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). No contexto da COVID-19, uma resposta imunológica desregulada pode resultar em uma "tempestade de citocinas", caracterizada pela liberação excessiva e desregulada de citocinas pró-inflamatórias. Essas citocinas pró-inflamatórias, como IL-6, IL-1β e TNF-α, têm sido associadas a danos nos tecidos e órgãos, contribuindo para a progressão da doença e complicações graves (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Por outro lado, citocinas anti-inflamatórias, como IL-10 e TGF-β, desempenham um papel na modulação da resposta imune, limitando a inflamação excessiva e promovendo a regulação do sistema imunológico. Essas citocinas têm o potencial de atenuar a resposta inflamatória exacerbada observada em casos graves de COVID-19 (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Além disso, citocinas regulatórias, como IL-2 e IL-4, desempenham um papel importante na coordenação da resposta imune adaptativa, incluindo a ativação e proliferação de células T e B. Essas citocinas podem influenciar a gravidade da resposta imune contra o SARS-CoV-2 e a produção de anticorpos protetores (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Portanto, entender o perfil das citocinas liberadas durante a infecção por SARS-CoV-2 e sua interação complexa é crucial para compreender os mecanismos imunológicos subjacentes 14 à COVID-19 e identificar potenciais alvos terapêuticos para mitigar a resposta inflamatória exacerbada observada em pacientes graves (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). Sendo assim, é importante ressaltar que a interpretação dos níveis de citocinas em pacientes com COVID-19 deve ser feita com cautela, levando em consideração outros fatores clínicos e laboratoriais. O campo da avaliação das citocinas na COVID-19 ainda está em evolução, e mais pesquisas são necessárias para entender completamente o papel dessas citocinas na fisiopatologia da doença (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). É fundamental buscar informações atualizadas e realizar uma revisão da literatura científica para obter uma compreensão mais abrangente sobre a avaliação das citocinas nos perfis TH1, TH2 e TH17 em pacientes com COVID-19, especialmente com referências bibliográficas brasileiras relevantes (ZHOU, 2020; BERGANTINI, 2022). 15 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Taxonomia do SARS-CoV-2 A doença de coronavírus 2019 (COVID-19) causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), afetou o mundo de maneira devastadora, desde sua primeira aparição em dezembro de 2019 na China, mais especificamente na cidade de Wuhan, na província de Hubei. O marco zero está geralmente relacionado a uma feira livre (Huanan South China Seafood Market), em que há comércio de animais vivos e produtos de caça (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; CHANG; BAI; YOU, 2022). O SARS-CoV-2 é um vírus zoonótico, pertence à família dos coronavírus, que são vírus envelopados com genoma de RNA de cadeira simples. Esta é uma família de vírus que causam infecções respiratórias, os quais foram isolados pela primeira vez no ano de 1937 e descritos como tal em 1965, eles são chamados assim devido às suas projeções em forma de coroa na superfície viral quando visualizados em microscópio eletrônico, a taxonomia do SARS-CoV-2 o classifica como parte do gênero Betacoronavírus, da subfamília Orthocoronavirinae, da família Coronaviridae e da ordem Nidovirales. O SARS-Cov-2 não foi o único ou o primeiro coronavírus a infectar humanos, antes da Covid-19 outros dois vírus pertencentes à mesma família causaram grandes surtos de doenças em populações humanas (ICTV, 2022; BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; MAIER; BICKERTON; BRITTON, 2015). Em 2002 no leste Asiático, mais precisamente na província chinesa de Guangdong um surto foi ocasionado pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-Cov), que se espalhou rapidamente por 29 países, resultando em mais de 8.000 infectados, com aproximadamente 10% de mortalidade e grande impacto econômico em vários países, o surto foi controlado em aproximadamente 7 meses, tendo sido considerada a primeira grande epidemia do século XXI (MAIER; BICKERTON; BRITTON, 2015). A resposta à pandemia de SARS envolveu uma colaboração global entre organizações de saúde, cientistas e autoridades governamentais. Medidas rigorosas de controle foram implementadas, incluindo a identificação e isolamento de casos, o rastreamento de contatos, a aplicação de quarentenas e restrições de viagem. Essas medidas foram eficazes na contenção da pandemia, e o último caso confirmado de SARS ocorreu em julho de 2003 (MAIER; BICKERTON; BRITTON, 2015). Já no ano de 2012, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), causada por MERS‐CoV, foi descrita pela primeira vez na Arábia Saudita. Durante o surto dessa doença, 16 que também foi diagnosticada em outros países, como Coreia do Sul, Estados Unidos, Catar, Líbano, França, Itália e Reino Unido, mais de 1.000 pessoas foram infectadas, das quais 39% vieram a óbito (MAIER; BICKERTON; BRITTON, 2015). Os animais domésticos ou domesticados desempenham papel importante como hospedeiros intermediários que possibilitam a transmissão do vírus dos hospedeiros naturais para os humanos. Nas epidemias de coronavírus provocadas pelo SARS-CoV e pelo MERS- CoV, os vírus provavelmente se originaram de morcegos-ferradura (Rhinolophus sinicus) e depois saltaram para outro mamífero hospedeiro de amplificação, como no caso da civeta-de- palmeiras-mascarado (Paguma larvata) na SARS-CoV, enquanto, para a MERS-CoV, os dromedários (Camelus dromedarius) foram os hospedeiros intermediários antes de cruzar a barreira de espécies para infectar seres humanos (CUI, 2019; KHALIL, 2020; HU, 2021; GONDIN, 2020; SPICKLER, 2021). O SARS-CoV-2 é transmitido principalmente por meio do contato próximo de pessoa para pessoa, sendo via gotículas, aerossol e fômites, sendo também identificada a transmissão via fecal-oral e transmissão vertical. O vírus infecta principalmente o trato respiratório, gastrointestinal e sistema nervoso, podendo também acometer o trato urinário e cardiovascular. Em alguns indivíduos, pode progredir para a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Quando isso ocorre, a doença pode progredir rapidamente para a síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (MODS) e morte (BERAUD, 2022; CHANG; BAI; YOU, 2022; CDC, 2022; TRẦN, 2023). A apresentação dos sinais e sintomas da infecção por coronavírus é bastante amplo, e pode ir de um simples resfriado até uma pneumonia grave. O quadro clínico inicial da doença é caracterizado como uma síndrome gripal (FARA, 2020; HU; HUANG; YIN, 2021; SAFIABADI TALI, 2021). A anosmia (perda do olfato) e ageusia (perda do paladar) foram relatadas como sintomas distintivos da COVID-19, especialmente em casos leves a moderados. Outros sintomas também relatados foram dor de cabeça, calafrios, congestão nasal, náuseas, vômitos, diarreia e erupções cutâneas, febre, tosse, dispneia, fadiga, dor de garganta, mialgia e artralgia (FARA, 2020; HU; HUANG; YIN, 2021; ÖZCEYLAN; ALTUNTAŞ, 2022). Há uma variação substancial nas consequências clínicas da infecção entre os indivíduos, desde a doençaassintomática até a morte. A gravidade da doença e a mortalidade aumentam com a idade. As crianças são significativamente menos propensas a desenvolver doença aguda grave. Além disso, o tabagismo pode estar associado a doenças mais graves. Finalmente, 17 adultos com doença cardiovascular preexistente podem apresentar taxas mais altas de gravidade da doença e morte (HU, 2021). Em casos graves, a deterioração clínica costuma ser rápida e, em grande parte, o curso grave da doença é causado por hiper-inflamação sistêmica, a chamada tempestade de citocinas. A maioria dos pacientes com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva apresenta aumentos significativos de citocinas e outros biomarcadores inflamatórios, como interleucinas (ILs), interferons (IFNs), fatores de necrose tumoral (TNFs), fatores estimuladores de colônias, fatores de crescimento, ferritina, proteínas C-reativas e D-dímeros. Essa resposta excessiva e prolongada de citocinas pode induzir o recrutamento de outras células imunes, por exemplo, linfócitos, monócitos/macrófagos, células dendríticas, causando um crescimento inflamatório exponencial (SAFIABADI TALI, 2021). O SARS-CoV-2 é um vírus pertencente à família dos coronavírus que foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. Ele é responsável por causar a doença conhecida como COVID-19, que se espalhou rapidamente pelo mundo, levando a uma pandemia declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020 (HU, 2021; JACKSON, 2022). O SARS-CoV-2 possui características semelhantes a outros coronavírus, como o SARS- CoV (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave) e o MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio), que surgiram em epidemias anteriores. É um vírus envelopado, com um genoma de RNA de cadeia simples e sentido positivo (HU, 2021; JACKSON, 2022). A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre principalmente por meio de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tem tosse, espirra, fala ou respira. Também é possível a transmissão por contato com superfícies contaminadas e posterior contato com o rosto, embora esse não seja o principal modo de disseminação (HU, 2021; JACKSON, 2022). Os sintomas mais comuns da COVID-19 incluem febre, tosse seca, fadiga, falta de ar, dor de garganta, dor de cabeça e perda do olfato e do paladar. No entanto, muitos casos podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas leves, o que torna o vírus altamente contagioso e difícil de ser controlado (HU, 2021; JACKSON, 2022). A gravidade da doença varia, sendo que alguns indivíduos podem desenvolver complicações respiratórias graves, como pneumonia e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), que podem levar à hospitalização e, em alguns casos, ao óbito. Os grupos de maior risco incluem idosos, pessoas com comorbidades e sistema imunológico comprometido (HU, 2021; JACKSON, 2022). 18 O diagnóstico da infecção pelo SARS-CoV-2 é realizado principalmente por meio de testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), que detecta o material genético do vírus, e os testes rápidos de antígeno, que detectam proteínas virais. Além disso, os testes sorológicos podem ser usados para detectar a presença de anticorpos produzidos pelo organismo em resposta à infecção (HU, 2021; JACKSON, 2022). A prevenção da disseminação do SARS-CoV-2 envolve medidas como o uso de máscaras, distanciamento social, higienização das mãos frequente e completa, e a vacinação em massa da população, que tem se mostrado uma estratégia eficaz para reduzir a gravidade da doença e o número de hospitalizações e óbitos (HU, 2021; JACKSON, 2022). O SARS-CoV-2 continua sendo objeto de intensas pesquisas científicas em todo o mundo, visando entender melhor sua epidemiologia, transmissão, tratamento e desenvolvimento de vacinas. As descobertas desses estudos são fundamentais para aprimorar as estratégias de prevenção e controle da COVID-19 e mitigar o impacto da pandemia na saúde global (HU, 2021; JACKSON, 2022). 2.2 Biologia do Vírus/Morfologia A biologia do vírus da COVID-19, também conhecido como SARS-CoV-2, é um tópico de grande interesse e importância na compreensão da doença e no desenvolvimento de estratégias de diagnóstico, prevenção e tratamento eficazes. A morfologia do vírus desempenha um papel crucial na sua capacidade de infectar e replicar-se no hospedeiro humano (BERGANTINI, 2022). O SARS-CoV-2 pertence à família dos coronavírus, que são chamados assim devido às projeções em forma de coroa (ou "corona") na sua superfície. Essas projeções, conhecidas como proteínas spike (ou proteínas S), são responsáveis pela ligação do vírus às células humanas e pela entrada do vírus no organismo (BERGANTINI, 2022). As partículas virais do SARS-CoV-2 possuem tamanho de 50 a 200 nm. O SARS-CoV- 2 contêm um genoma de RNA de sentido positivo não segmentado com cerca de 30 kb de tamanho, e é composto por quatro proteínas estruturais e 16 proteínas não-estruturais. As proteínas estruturais incluem a proteína N, que forma o capsídeo viral, e as três proteínas que formam o envelope: proteína de membrana (proteína M), proteína spike (proteína S) e proteína de envelope (proteína E) - (Figura 1) (FUNG; LIU, 2019; HU; HUANG; YIN, 2021; QU, 2021). 19 Figura 1 – Estrutura da partícula viral do SARS-CoV-2 co m suas partes estruturais mais importantes Fonte: Adaptado de Sher, 2023 A proteína M dá a forma para o envelope e interage com o nucleocapsídeo, sendo essencial para a montagem do vírion. A proteína E possui uma função mais ampla, atuando como um canal iônico que pode ser importante na patogênese do vírus. Por fim, a proteína N também é importante para a montagem do vírion e atua na eficiência de transcrição do vírus (KASMI, 2020; QU, 2021). A proteína S do SARS-CoV-2 se liga ao receptor ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2) nas células humanas. A interação entre a proteína S viral e o receptor ACE2 é crucial para a entrada do vírus nas células e para a disseminação da infecção. Além disso, a proteína S é um alvo importante para o desenvolvimento de vacinas e terapias antivirais, uma vez que a neutralização da sua atividade pode prevenir a infecção (BERGANTINI, 2022). Uma vez que o SARS-CoV-2 entra nas células humanas, o seu genoma de RNA é liberado e serve como modelo para a síntese de proteínas virais. O vírus utiliza a maquinaria celular hospedeira para replicar o seu genoma e produzir proteínas virais adicionais, que são essenciais para a montagem de novas partículas virais. Essas partículas são liberadas das células infectadas, propagando a infecção para outras células e indivíduos (BERGANTINI, 2022). A compreensão da biologia e morfologia do SARS-CoV-2 é fundamental para a compreensão dos mecanismos de infecção, resposta imune e desenvolvimento de estratégias terapêuticas. Estudos sobre as citocinas séricas, como as dos perfis TH1, TH2 e TH17, em 20 pacientes com COVID-19, podem fornecer informações valiosas sobre a resposta imune associada à infecção pelo vírus. Essas citocinas desempenham um papel central na modulação da resposta imune e podem influenciar a gravidade da doença. Portanto, a avaliação dessas citocinas pode auxiliar na identificação de possíveis alvos terapêuticos e no desenvolvimento de intervenções mais direcionadas para o tratamento da COVID-19 (BERGANTINI, 2022). 2.3 Genoma e estratégia de replicação A infecção viral das células hospedeiras é iniciada pela ligação da proteína S aos receptores da enzima conversora de angiotensina II (ECA II) presente na superfície das células humanas (Caputo, 2022). A proteína S parece ser o principal determinante para o sucesso dos eventos iniciais de infecção entre as espécies, enquanto a ECA II é conhecida como umreceptor humano para essa proteína viral, o que facilita sua transmissão entre espécies, a ligação entre a proteína spike e o receptor ECA II permite que o vírus se anexe à célula hospedeira (Figura 2) (AHMED MOSTAFA, 2022; SHER, 2023). Figura 2 – Entrada do vírus SARS-CoV-2 na célula humana por meio da interação entre proteína S e receptores ECA II (Chang; Bai; You, 2022) Fonte: Adaptado de Fiocruz, 2022. Após a ligação inicial, o processo de entrada é facilitado por uma proteína celular chamada TMPRSS2 (serina protease transmembrana 2). Essa enzima cliva a proteína S do vírus, permitindo a fusão da membrana viral com a membrana da célula hospedeira. A fusão das membranas permite a liberação do material genético viral, contendo o RNA viral de cadeia 21 simples, para o interior da célula (JACKSON, 2022; HU, 2021; CAPUTO, 2022). Uma vez que o vírus se liga à membrana celular por um mecanismo de endocitose, o genoma do RNA viral é liberado e serve como molde para a síntese de proteínas virais. Essas proteínas são responsáveis pela replicação do vírus e montagem de novas partículas virais. O ciclo de replicação viral continua resultando em infecção e propagação do vírus pelo organismo (HU, 2021; JACKSON, 2022). Entender o mecanismo de entrada do coronavírus nas células hospedeiras é fundamental para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas e vacinas que visam bloquear essa interação e impedir a infecção viral (HU, 2021; JACKSON, 2022). O genoma do vírus SARS-CoV-2 é composto por um único segmento de RNA de fita simples de sentido positivo, o qual contém todas as informações genéticas necessárias para a replicação do vírus. O genoma é composto por aproximadamente 30.000 bases de nucleotídeos e codifica várias proteínas virais essenciais para a replicação e montagem do vírus (Figura 3) (BERGANTINI, 2022). Figura 3 – Representação do genoma do SARS-CoV-2 e suas principais proteínas Fonte: Cruz, Lima e Pereira, 2021. A estratégia de replicação do SARS-CoV-2 envolve uma série de etapas coordenadas, que ocorrem principalmente dentro das células hospedeiras infectadas. O primeiro passo é a entrada do vírus na célula hospedeira, mediada pela interação entre a proteína spike (S) do vírus e o receptor ACE2 na superfície da célula. Após a ligação, o vírus é internalizado por endocitose e libera o seu genoma viral no citoplasma da célula. Assim sendo, uma vez dentro da célula hospedeira, o genoma viral é traduzido em poliproteínas, que são proteínas precursoras maiores que são posteriormente clivadas em proteínas individuais por enzimas virais e celulares. Essas proteínas incluem proteínas estruturais, como a proteína spike (S), membrana (M), envelope (E) e nucleocapsídeo (N), bem 22 como proteínas não estruturais que são importantes para a replicação viral (BERGANTINI, 2022). A replicação do genoma viral ocorre no citoplasma da célula hospedeira e é mediada por uma enzima viral chamada RNA polimerase dependente de RNA. Essa enzima utiliza o genoma viral como molde para sintetizar cópias do RNA viral de fita negativa, que servem como modelo s para a síntese de RNA viral de fita positiva. As novas cópias de RNA viral são então usadas para a produção de proteínas virais adicionais e para a montagem de novas partículas virais (BERGANTINI, 2022). Durante a montagem, as proteínas estruturais virais são organizadas e o genoma viral é incorporado em partículas virais envelopadas. Essas partículas são liberadas da célula hospedeira através de processos de brotamento ou lise celular, permitindo que o vírus se espalhe e infecte outras células do organismo ( BERGANTINI, 2022). A estratégia de replicação do SARS-CoV-2 é altamente eficiente e permite que o vírus se replique rapidamente dentro do hospedeiro. No entanto, essa replicação também desencadeia uma resposta imune do hospedeiro, que visa combater a infecção. A compreensão dos mecanismos de replicação do vírus é fundamental para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas e vacinas que visam interromper a replicação viral e controlar a propagação da doença (BERGANTINI, 2022). Entender o mecanismo de entrada do coronavírus nas células hospedeiras é fundamental para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas e vacinas que visam bloquear essa interação e impedir a infecção viral (HU, 2021; JACKSON, 2022). 2.4 Epidemiologia A epidemiologia é o campo da ciência que estuda a ocorrência, a distribuição e os determinantes das doenças em populações humanas. É uma disciplina essencial para compreender e controlar a propagação de doenças, incluindo a COVID-19. Através da análise de dados epidemiológicos, os epidemiologistas podem identificar padrões e tendências de doenças, investigar fatores de risco, avaliar a eficácia das intervenções e tomar medidas para proteger a saúde pública (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). No caso da COVID-19, a epidemiologia desempenha um papel fundamental na compreensão da disseminação do vírus e na implementação de medidas de controle. Os epidemiologistas monitoram e registram casos de infecção, rastreiam contatos, analisam características demográficas e clínicas dos pacientes e avaliam a gravidade da doença. Essas informações são cruciais para a tomada de decisões baseadas em evidências e para a formulação 23 de políticas de saúde eficazes (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). A epidemiologia também é fundamental para determinar a taxa de transmissão do vírus, ou seja, quantas pessoas são infectadas por um único indivíduo infectado. Essa medida,conhecida como número básico de reprodução (R0), ajuda a estimar a velocidade de propagação da doença e a planejar a capacidade dos sistemas de saúde para lidar com o aumento de casos (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Outro aspecto importante da epidemiologia é a identificação dos fatores de risco associados à infecção e à gravidade da doença. Os epidemiologistas investigam características como idade, sexo, condições médicas preexistentes e exposição a determinados ambientes ou grupos populacionais. Essas informações permitem identificar grupos vulneráveis e direcionar medidas preventivas e de proteção específicas (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI , 2020; GODA, 2023). Além disso, a epidemiologia desempenha um papel crucial na avaliação da eficácia de intervenções de saúde pública. Por exemplo, estudos epidemiológicos podem ser conduzidos para avaliar a eficácia das vacinas contra a COVID-19, analisando dados sobre a redução de infecções, hospitalizações e óbitos em populações vacinadas (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Os epidemiologistas também utilizam modelos matemáticos para prever a propagação da doença e avaliar o impacto de diferentes estratégias de controle, como distanciamento social, uso de máscaras e restrições de viagem. Esses modelos auxiliam na tomada de decisões informadas e na formulação de políticas de saúde baseadas em evidências (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Em resumo, a epidemiologia desempenha um papel fundamental no entendimento da COVID-19 e de outras doenças infecciosas. Ao analisar dados epidemiológicos e aplicar métodos de investigação, os epidemiologistas podem identificar os principais fatores que contribuem para a disseminação da doença, auxiliando no desenvolvimento de estratégias de prevenção, controle e tratamento eficazes (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). 2.5 Resposta Imune à Infecção por SARS-CoV-2 A resposta imune à infecção pelo SARS-CoV-2, o vírus responsável pela COVID-19, desempenha um papel crucial na defesa do organismo contra a doença. A resposta imune é uma 24 complexa interação entre componentes do sistema imunológico, que atuam em conjunto para reconhecer, neutralizar e eliminaro vírus, além de promover a recuperação e a proteção futura contra a infecção (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Quando uma pessoa é exposta ao SARS-CoV-2, o sistema imunológico é ativado e inicia uma resposta imune adaptativa. Isso envolve a ativação de células imunes específicas, como linfócitos T e linfócitos B. Os linfócitos T CD4+ auxiliares desempenham um papel central na coordenação da resposta imune, secretando citocinas que estimulam a resposta inflamatória e ativam outras células imunes (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Os linfócitos T CD8+ citotóxicos são responsáveis por identificar e eliminar as células infectadas pelo vírus. Essas células reconhecem as proteínas virais apresentadas na superfície das células infectadas e as destroem, prevenindo a disseminação do vírus. Além disso, os linfócitos B produzem anticorpos, que são proteínas capazes de se ligar ao vírus e neutralizá- lo, impedindo sua entrada nas células hospedeiras e promovendo sua eliminação (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Além da resposta imune adaptativa, a resposta imune inata é ativada logo após a infecção pelo SARS-CoV-2. Essa resposta é mediada por células como macrófagos, células dendríticas e células natural killer (NK). Os macrófagos são responsáveis por fagocitar e destruir o vírus, além de liberar substâncias que ativam outras células imunes. As células dendríticas capturam o vírus e apresentam fragmentos virais aos linfócitos T, estimulando uma resposta imune adaptativa mais específica. As células NK têm a capacidade de reconhecer e destruir células infectadas pelo vírus, contribuindo para a eliminação da infecção (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). No entanto, em alguns casos, a resposta imune pode ser desregulada, resultando em uma resposta inflamatória excessiva e prejudicial, conhecida como tempestade de citocinas. Isso pode levar a complicações graves, como a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e danos aos tecidos. A tempestade de citocinas é caracterizada pela liberação excessiva de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL- 6) e interleucina-1 beta (IL-1β), entre outras (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). É importante destacar que a resposta imune à infecção por SARS-CoV-2 pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como idade, estado imunológico prévio, presença de comorbidades e resposta genética. Além disso, a resposta imune também pode ser influenciada por fatores ambientais, como o nível de exposição ao vírus (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 25 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). O estudo da resposta imune à infecção por SARS-CoV-2 é fundamental para compreender os mecanismos de proteção e patogênese da COVID-19. Essas informações são cruciais para o desenvolvimento de estratégias de prevenção, tratamento e vacinas eficazes, além de contribuir para o monitoramento da resposta imune em diferentes estágios da doença e para a identificação de possíveis alvos terapêuticos (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). 2.6 Patogenia do SARS-CoV-2 A patogenia do SARS-CoV-2, o vírus responsável pela COVID-19, refere-se aos mecanismos pelos quais o vírus invade o organismo, se replica e causa danos aos tecidos, resultando nos sintomas e na progressão da doença. Compreender a patogenia é fundamental para desenvolver estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento eficazes (TRẦN, 2023). A entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas ocorre através da interação entre a proteína spike (S) do vírus e o receptor ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2) presente na superfície das células hospedeiras. Após a ligação, a proteína spike sofre uma modificação estrutural mediada por uma enzima chamada TMPRSS2, permitindo a fusão do vírus com a membrana da célula hospedeira e a liberação do seu material genético no citoplasma (TRẦN, 2023). Uma vez dentro da célula hospedeira, o genoma viral de RNA de fita simples é utilizado como molde para a síntese de proteínas virais e para a replicação do próprio genoma viral. Durante esse processo, ocorre uma interferência com as vias celulares normais, levando à disfunção de várias funções celulares e à ativação de respostas inflamatórias (TRẦN, 2023).. O SARS-CoV-2 tem uma afinidade particular pelos tecidos do sistema respiratório, incluindo as células epiteliais dos pulmões. A infecção viral nas vias aéreas superiores e inferiores pode levar a sintomas respiratórios, como tosse, falta de ar e pneumonia. O vírus também pode se disseminar para outros órgãos, como coração, rins, fígado e sistema nervoso central, por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático, causando danos em diferentes sistemas e órgãos do corpo (TRẦN, 2023). A resposta imune do hospedeiro à infecção pelo SARS-CoV-2 desempenha um papel crucial na patogenia da COVID-19. A ativação do sistema imunológico é necessária para combater a infecção viral, mas em alguns casos, uma resposta imune desregulada pode levar a uma inflamação excessiva e danos aos tecidos, resultando em complicações graves (TRẦN, 26 2023). Uma característica distintiva da COVID-19 é o desenvolvimento de uma resposta inflamatória sistêmica, muitas vezes chamada de "tempestade de citocinas". Isso envolve a liberação excessiva de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF- α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1 beta (IL-1β), entre outras. A tempestade de citocinas pode levar a uma lesão pulmonar aguda, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), disfunção de múltiplos órgãos e, em casos graves, choque e falência de órgãos (TRẦN, 2023). Além disso, a resposta imune adaptativa, incluindo as respostas de linfócitos T e linfócitos B, também desempenha um papel importante na patogenia da COVID-19. Em alguns casos, uma resposta imunológica inadequada ou insuficiente pode permitir que o vírus se replique de forma descontrolada, resultando em uma carga viral elevada e uma progressão mais grave da doença (TRẦN, 2023). É importante ressaltar que a patogenia da COVID-19 pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como idade, estado de saúde geral, presença de comorbidades e resposta imune individual. A compreensão detalhada dos mecanismos de patogenia é essencial para o desenvolvimento de terapias direcionadas, bem como para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle da doença (TRẦN, 2023). 2.7 Citocinas 2.7.1 Citocinas do Perfil TH1 As citocinas do perfil TH1 desempenham um papel fundamental na resposta imune adaptativa, especialmente na defesa contra infecções intracelulares, como a provocada pelo SARS-CoV-2. O perfil TH1 refere-se a um tipo de resposta imune mediada por linfócitos T auxiliares CD4+ que secretam citocinas específicas para combater invasores intracelulares, como vírus e algumas bactérias (TRẦN, 2023). As principais citocinas do perfil TH1 incluem interferon-gama (IFN-γ), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e interleucina-2 (IL-2). Essas citocinas têm várias funções importantes na resposta imune, contribuindo para a ativação de células imunes específicas e para a eliminação de células infectadas (TRẦN, 2023). O IFN-γ é uma citocina chave do perfil TH1. Ele desempenha um papel crucial na ativação de macrófagos, que são células imunes especializadas na fagocitose e destruição de microrganismos intracelulares. O IFN-γ estimula os macrófagos a produzirem moléculas 27 bactericidas e a apresentarem antígenos de maneira mais eficiente, amplificando assim a resposta imune. Além disso, o IFN-γ aumenta a expressão do receptor ACE2 nas células, que é o receptor utilizado pelo SARS-CoV-2 para entrar nas células hospedeiras (TRẦN, 2023). O TNF-α também desempenha um papel importanteno perfil TH1. Ele possui propriedades pró-inflamatórias e estimula a ativação de células imunes, incluindo macrófagos e células NK. O TNF-α também está envolvido na regulação da resposta inflamatória e pode contribuir para a eliminação de células infectadas (TRẦN, 2023). A IL-2 é uma citocina que desempenha um papel central na ativação de células imunes, principalmente linfócitos T. Ela promove a proliferação e diferenciação de linfócitos T, aumentando assim a resposta imune adaptativa. A IL-2 é importante na coordenação das respostas de linfócitos T e na promoção da resposta citotóxica mediada por linfócitos T CD8+ (TRẦN, 2023). A produção dessas citocinas do perfil TH1 é regulada por uma complexa interação entre as células do sistema imunológico, incluindo linfócitos T auxiliares CD4+, macrófagos e células dendríticas. A ativação dessas células ocorre quando antígenos específicos são apresentados aos linfócitos T, desencadeando a liberação das citocinas TH1 (TRẦN, 2023). Em relação à COVID-19, a análise das citocinas do perfil TH1 em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 pode fornecer informações valiosas sobre a resposta imune associada à infecção. O perfil TH1 é esperado para desempenhar um papel importante na defesa contra o vírus, estimulando a atividade de células imunes específicas e promovendo a eliminação do SARS-CoV-2. A avaliação dessas citocinas pode auxiliar na identificação de marcadores de gravidade da doença e no desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais direcionadas para o tratamento da COVID-19 (TRẦN, 2023). 2.7.2 Citocinas do Perfil TH2 As citocinas do perfil TH2 são uma classe de citocinas que desempenham um papel importante na resposta imune adaptativa, particularmente na resposta a alérgenos e parasitas. O perfil TH2 é caracterizado pela secreção de citocinas específicas por linfócitos T auxiliares CD4+, promovendo uma resposta imune voltada para a eliminação de parasitas e a regulação de processos inflamatórios (TRẦN, 2023; BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022). As principais citocinas do perfil TH2 incluem interleucina-4 (IL-4), interleucina-5 (IL-5) e interleucina-13 (IL-13). Essas citocinas estão envolvidas em várias funções imunológicas, como a ativação de células envolvidas na resposta alérgica e na defesa contra parasitas (TRẦN, 28 2023). A IL-4 desempenha um papel central no perfil TH2. Ela é responsável por induzir a diferenciação de linfócitos B em células produtoras de anticorpos, conhecidas como plasmócitos. A IL-4 também estimula a produção de anticorpos do tipo IgE, que desempenham um papel importante nas reações alérgicas (TRẦN, 2023; SÁNCHEZ-DÍEZ, 2023). A IL-5 é uma citocina envolvida na ativação e recrutamento de eosinófilos, células do sistema imunológico responsáveis pela eliminação de parasitas multicelulares e que também desempenham um papel na patogênese de doenças alérgicas. A IL-5 estimula a maturação e a liberação de eosinófilos a partir da medula óssea e promove sua migração para tecidos inflamados (TRẦN, 2023). A IL-13 compartilha algumas funções com a IL-4 e é considerada uma citocina chave na resposta TH2. Ela desempenha um papel na regulação da resposta inflamatória, na produção de muco e no recrutamento de células envolvidas na resposta alérgica (TRẦN, 2023). A resposta TH2 é especialmente importante na proteção contra parasitas e na resposta a alérgenos, mas também pode estar associada a doenças alérgicas, como asma e rinite alérgica. Em certos casos, uma resposta TH2 desregulada pode levar a uma resposta inflamatória excessiva e a sintomas alérgicos (TRẦN, 2023; COPERCHINI, 2020). A compreensão das citocinas do perfil TH2 é fundamental para a compreensão da resposta imune adaptativa e para o desenvolvimento de estratégias de tratamento de doenças alérgicas e parasitárias. Além disso, em relação à COVID-19, a análise das citocinas do perfil TH2 em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 pode fornecer informações importantes sobre a resposta imune associada à infecção viral e sua relação com a inflamação e os sintomas clínicos. Isso pode auxiliar no desenvolvimento de intervenções terapêuticas direcionadas para o tratamento da doença (TRẦN, 2023; GODA, 2023). 2.7.3 Citocinas do Perfil TH17 As citocinas do perfil TH17 são um grupo de citocinas produzidas por linfócitos T auxiliares CD4+ que desempenham um papel fundamental na regulação da resposta imune e na inflamação. O perfil TH17 refere-se a uma resposta imune adaptativa caracterizada pela secreção dessas citocinas, que desempenham um papel importante na defesa contra infecções fúngicas e bacterianas, bem como na patogênese de doenças autoimunes e inflamatórias (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). As principais citocinas do perfil TH17 incluem interleucina-17A (IL-17A), interleucina- 29 17F (IL-17F), interleucina-22 (IL-22) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Essas citocinas têm diversas funções na regulação da resposta imune e na inflamação (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). A IL-17A e a IL-17F são as citocinas mais estudadas do perfil TH17. Elas promovem a resposta inflamatória, estimulando a produção de outras citocinas inflamatórias, quimiocinas e moléculas de adesão, e recrutando células imunes para o local da inflamação. Essas citocinas também estão envolvidas na ativação e recrutamento de células inflamatórias, como neutrófilos, e na produção de defensinas, que são proteínas com atividade antimicrobiana (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). A IL-22 é outra citocina do perfil TH17 que desempenha um papel importante na regulação da resposta imune e na proteção de superfícies mucosas. Ela estimula a produção de moléculas protetoras nas células epiteliais, promovendo a integridade das barreiras mucosas e contribuindo para a defesa contra infecções (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). Além disso, o TNF-α, embora seja produzido por vários tipos de células, também está envolvido na resposta TH17. Essa citocina pró-inflamatória contribui para a resposta imune inflamatória, regulando a adesão celular, a produção de outras citocinas e a ativação de células imunes (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). A resposta TH17 é importante para a defesa contra infecções por fungos e bactérias extracelulares. No entanto, em algumas condições, uma resposta TH17 desregulada pode estar associada ao desenvolvimento de doenças autoimunes e inflamatórias, como esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal e psoríase (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). A compreensão das citocinas do perfil TH17 é fundamental para a compreensão da regulação da resposta imune e da inflamação. O equilíbrio entre as respostas TH1, TH2 e TH17 é crucial para a manutenção da homeostase imunológica e para a proteção contra patógenos, mas um desequilíbrio pode levar a distúrbios imunológicos e inflamatórios (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). 2.8 Tempestividade de Citocinas As citocinas inflamatórias, um grande grupo de proteínas ou peptídeos secretados por células imunes, desempenham papéis vitais nos processos inflamatórios. Promovem o reconhecimento de patógenos, recrutamento de células imunes, eliminação de ameaças e 30 homeostase sistêmica. Eles são essenciais para o correto funcionamento do sistema imunológico e estão envolvidos em uma multiplicidade de processos fisiopatológicos fundamentais para a sobrevivência, como inflamação, reparo tecidual, fibrose e coagulação (BEKTAŞ; ÖZDEMIR, 2022; COPERCHINI, 2020; GODA, 2023). No entanto, quando produzidas em excesso devido a uma disfunção do sistema imunológico, as citocinas podem se tornar prejudiciais ao organismo, levando a um estado de hiperinflamação sistêmica com consequências prejudiciais para todo o organismo chamada de tempestadede citocinas (TRẦN, 2023). A resposta imune do hospedeiro ao SARS-CoV-2 é bastante intensa, o que leva a uma resposta inflamatória excessiva (Vargas, 2022). Um estudo com pacientes positivos para COVID-19 sugeriu que a tempestade de citocinas é uma condição crítica e com risco de vida, o que requer que o paciente seja hospitalizado (TRẦN, 2023). A tempestade de citocinas está subjacente a várias condições infecciosas e não infecciosas, como doenças autoinflamatórias, linfo histiocitose hemofagocítica primária e secundária (HLH), doença multicêntrica de Castleman e sepse, assim como, pode ocorrer na ausência de qualquer gatilho, a natureza da tempestade de citocinas é complexa e a relação entre as citocinas envolvidas também, a inflamação associada à essa tempestade de citocinas começa em um local e pode se espalhar para todo o corpo, podendo ocorrer rubor, tumor, calor e dor (GODA, 2023; QU, 2021; SÁNCHEZ-DÍEZ, 2023; ZANZA, 2022). A síndrome da tempestade de citocinas causa síndrome do desconforto respiratório agudo e insuficiência respiratória, que é considerada a principal causa de morte em pacientes com COVID-19. Pacientes com idade avançada (acima de 60 anos) e com doenças pré-existentes graves têm maior risco de desenvolver síndrome do desconforto respiratório agudo e morte. A falência de múltiplos órgãos também foi relatada em alguns casos de COVID-19 (HU, 2021; HU; HUANG; YIN, 2021). Dentre algumas das citocinas mais relacionadas à tempestade de citocinas temos a IL- 17A, TNF-α IFN-ɣ, IL-10, IL-6, IL-4 e IL-2. 2.8.1 IL-17A A IL-17A é um dos ligantes da IL-17, sendo considerada o efeito e a citocina clássica das células Th-17. Essa citocina desempenha um papel protetor na defesa do hospedeiro contra patógenos, direcionando a migração de neutrófilos e macrófagos para os tecidos afetados. A IL-6 é uma das células que estimula a produção das células de Th-17 (AHMED MOSTAFA, 31 2022; GODA, 2023). No entanto, a produção descontrolada e excessiva de IL-17A é um dos mecanismos potenciais subjacentes à autoimunidade, condições inflamatórias crônicas e neoplasias, por conta disso pode ser prejudicial quando não estritamente regulada, sendo sua produção desregulada e excessiva um dos mecanismos que desempenha um papel fundamental nas condições inflamatórias. Em alguns estudos já foram apresentados níveis séricos maiores de IL-17A em pacientes com COVID-19 grave e já foi visto também uma associação com a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) (AHMED MOSTAFA, 2022; GODA, 2023). 2.8.2 TNF-α TNF-α é uma das mais conhecidas e mais estudadas das citocinas pró-inflamatórias, e desempenha um papel importante na literatura da tempestade de citocinas. O TNF-α, é sintetizado principalmente por macrófagos, sendo que monocitos, neutrófilos, células T e NK, após estimulação por lipopolissacarídeo, também o sintetizam. IL-2 é uma das células que podem estimular sua produção e IL-6 é estimulada por TNF-α (TISONCIK, 2012). A principal atividade biológica do TNF-α é uma acentuada citólise e citoestase em diferentes linhagens neoplásicas, tendo ação antitumoral importantíssima. As alterações endoteliais, principalmente a perda da função de diminuição de coagulação, a atividade quimiotática e estímulo ao metabolismo oxidativo de fagócitos são ações do TNF-α. Tem também atividade de pirógeno endógeno, aumenta a reabsorção óssea, a atividade de adipócitos e a expressão de MHC-I e II. O TNF-α é considerado uma citocina central em doenças virais agudas, incluindo vírus influenza, vírus da dengue e o vírus Ebola (TISONCIK, 2012). 2.8.3 IFN-ɣ Os interferons possuem um papel central na imunidade inata medida por vírus e outros patógenos microbianos, ligam-se receptores específicos e resultam na expressão de genes que codificam proteínas com propriedades antivirais ou imunomoduladoras Esta sequência de eventos apoiou o uso terapêutico de IFNs em algumas doenças virais, como hepatite crônica, mas também em condições não virais, incluindo leucemia e linfoma, melanoma e esclerose múltipla (TRẦN, 2023). Tem sido associado à casos de COVID-19 grave, com sua baixa expressão, onde as células CD8+T em pacientes com COVID-19 parecem estar esgotadas funcionalmente, https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/nodular-melanoma https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/multiple-sclerosis 32 indicadas por uma menor produção de IFN-ɣ (TRẦN, 2023). Eles podem ser classificados em três tipos principais, tipo I, tipo II e tipo III, com base em sua especificidade ao receptor. O INF-y é de tipo I, a ativação do interferon tipo I (IFN) é a primeira resposta do sistema imunológico do hospedeiro à infecção viral. Sua ativação é o principal fator que controla a multiplicação viral e provoca uma resposta imune adaptativa adequada (SÁNCHEZ-DÍEZ, 2023; SHER, 2023; TISONCIK, 2012). 2.8.4 IL-10 A IL-10 é produzida principalmente por células CD8+ ativadas. Células Th1, Th2 ativadas, também podem produzir IL-10. A síntese é inibida por IL-4 e pela própria IL-10. O efeito principal da IL-10 é inibir a síntese de outras citocinas, dentre elas a IL-2, antagoniza as populações celulares inflamatórias, previne a hiperatividade imune e inibe os linfócitos TH1, mas não de Th2, diminuindo ainda a função citolítica e secretora de citocinas por Th1 e facilitando o desenvolvimento de respostas Th2. No entanto, pode ter papel na persistência viral além de dificultar e acarretar na predisposição a infecções oportunistas. Além disso, inibe os macrófagos ativados e as células dendríticas, ambos indutores da secreção de IL-10, desta forma, atua como regulador de retro estimulação negativa (CHANG; BAI; YOU, 2022). A IL-10 também tem sido associada à COVID-19, tanto nas formas leves quanto na grave, resultando na regulação positiva de IL-10. A produção sistêmica de IL-10 após o início de uma tempestade de citocinas é um marcador de uma resposta anti-inflamatória, na medida em que está associada à regulação negativa da função de neutrófilos e monócitos na circulação sistêmica. A regulação negativa da inflamação sistêmica pode ser conceitualmente benéfica no controle das respostas sistêmicas às infecções locais (AHMED MOSTAFA, 2022; TISONCIK, 2012). 2.8.5 IL-6 A IL-6 é uma das citocinas que está muito associada à COVID-19, é um dos principais mediadores de tempestade de citocinas virais, pode ser produzida por vários tipos celulares, sendo as células B, T e monócitos as principais fontes. A IL-1 e TNF-α atuam como um estimulante para a síntese de IL-6 (TRẦN, 2023). A IL-6 é uma citocina pleiotrópica que influencia respostas imunes antígeno específicas e reações inflamatórias, sendo um dos maiores mediadores da fase aguda da inflamação. Estimula a produção de proteínas da fase aguda da inflamação nos hepatócitos e aumenta a https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/interferon-type-i https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/interferon-type-i https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/virogenesis 33 concentração de zinco intracelular nestas células o que, teoricamente, previne a toxicidade causada pelo tetracloreto de metila. Tem ainda ação importante na atração de eosinófilos para o local de inflamação (TRẦN, 2023). A IL-6 aumenta a geração de células Th17 e tanto a IL-6 quanto a IL-17 promovem sinergicamente a persistência viral pela proteção das células infectadas pelo vírus da apoptose. No contexto da infecção viral a IL-17 pode estar relacionada a IL-6. Alguns estudos demonstram a secreção de IL-6 na infecção de COVID-19, e juntamente com outras citocinas podendo levar à tempestade de citocinas. Um aumento dessa citocina também já foi mostrado em estudos anteriores sendo semelhantes na infecção por SARS-CoV e MERS-CoV (AHMED MOSTAFA,2022; GODA, 2023; TISONCIK, 2012). O tocilizumabe, um anticorpo monoclonal humanizado anti-IL-6 receptor começou a ser usado para o tratamento de artrite reumatoide e outras doenças inflamatórias crônicas, surgiu como um tratamento alternativo para pacientes com COVID-19 grave ou gravemente enfermos com lesões extensas nos pulmões e um nível elevado confirmado de IL-6 (AHMED MOSTAFA, 2022; GODA, 2023; TISONCIK, 2012). 2.8.6 IL-4 IL-4 é uma citocina sintetizada por células Th2, as células Th1 também podem produzi- la, mas em quantidades menores quando comparadas à população Th2. A atividade principal da IL-4 é determinar o perfil da resposta imune em Th2. A IL-4 induz a proliferação e diferenciação de células B, aumenta a expressão de MHC-II, possibilitando maior ativação de Th2. aumenta ainda a expressão de receptores de alta afinidade para IgE em mastócitos e basófilos e de baixa afinidade para IgE em células B não-ativadas. Nas células B ativadas estimula a síntese principalmente de IgE e de IgG1, sendo seu efeito antagonizado por IFN-ɣ e pode inibir IL-10 (SHER, 2023). No contexto da Covid-19 e tempestade de citocinas, deve-se destacar que, em pacientes com infecção por SARS-Cov-2, ao contrário da infecção por SARS-CoV, também há aumento da secreção de citocinas orientadas para o sistema imune Th2, como IL-4 e IL- 10, cujo principal efeito é suprimir a inflamação (SHER, 2023). 2.8.7 IL-2 A IL-2 é uma citocina produzida principalmente pelas células T CD4+ e células T CD8+ ativadas. Ela desempenha um papel fundamental na regulação e ativação do sistema https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/th17-cell https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/programmed-cell-death https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/tocilizumab https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/monoclonal-antibody https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/rheumatoid-arthritis https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/inflammatory-disease 34 imunológico. A IL-2 desencadeia respostas imunes, como a proliferação e diferenciação de células T, a ativação de células natural killer (NK) e a produção de outras citocinas (SHER, 2023). A IL-2 tem propriedades imunorreguladoras e imunoestimulantes. Ela promove o crescimento e a sobrevivência de células T ativadas, contribuindo para a amplificação da resposta imunológica. Além disso, a IL-2 estimula a atividade das células NK, que são importantes na resposta antiviral e na eliminação de células tumorais (SHER, 2023). A IL-2 tem sido extensivamente estudada em doenças autoimunes, imunodeficiências e câncer. No contexto de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, e esclerose múltipla e o lúpus eritematoso sistêmico, a IL-2 pode ter efeitos benéficos na modulação da resposta imunológica desregulada (SHER, 2023). Na COVID-19 ela está relacionada à tempestade de citocinas, onde ela pode estar associada com as células CD8+T, onde elas aparecem em baixa quantidade devido a menor produção de IL-2 (SHER, 2023). A tempestade de citocinas, também conhecida como tempestade de citocinas ou síndrome de liberação de citocinas (Cytokine Release Syndrome - CRS), é uma resposta inflamatória intensa e desregulada do sistema imunológico. Essa condição ocorre quando o sistema imunológico libera uma quantidade excessiva de citocinas, que são proteínas sinalizadoras responsáveis pela regulação da resposta imune (SHER, 2023). A tempestade de citocinas pode ocorrer em várias situações, incluindo infecções virais, como a COVID-19, e terapia imunomoduladora, como a imunoterapia contra o câncer. No contexto da COVID-19, a tempestade de citocinas pode ser desencadeada pela resposta imunológica exagerada do organismo ao vírus SARS-CoV-2 (SHER, 2023). Quando o SARS-CoV-2 invade as células do sistema respiratório, o sistema imunológico é ativado para combater a infecção. Em alguns casos, a resposta imune se torna descontrolada e excessiva, levando à liberação exacerbada de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina- 6 (IL-6), interleucina-1β (IL-1β) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) (SHER, 2023). Essa liberação excessiva de citocinas pode levar a uma inflamação sistêmica descontrolada, causando danos aos tecidos e órgãos do corpo. Os sintomas da tempestade de citocinas podem variar, mas geralmente incluem febre alta, hipotensão, dificuldade respiratória, taquicardia, comprometimento da função de múltiplos órgãos e até mesmo choque (SHER, 2023). A tempestade de citocinas pode ser uma complicação grave da COVID-19, especialmente em pacientes com condições subjacentes ou em estágios avançados da doença. É importante 35 identificar e tratar precocemente essa condição, uma vez que ela está associada a um pior prognóstico e maior risco de complicações (SHER, 2023). O tratamento da tempestade de citocinas pode envolver a administração de medicamentos imunossupressores, como corticosteróides ou anticorpos monoclonais direcionados às citocinas inflamatórias, como o tocilizumabe (que bloqueia a ação da IL-6). O objetivo é suprimir a resposta inflamatória descontrolada e reduzir os danos aos órgãos (Sher, 2023). A compreensão da tempestade de citocinas tem sido um campo ativo de pesquisa, visando entender os mecanismos subjacentes, identificar marcadores preditivos e desenvolver estratégias de tratamento mais eficazes. O controle da tempestade de citocinas é crucial para reduzir a morbidade e mortalidade associadas a essa condição em pacientes com COVID-19 e em outras condições em que ela ocorre (Sher, 2023). 36 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Quantificar as principais citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 em pacientes com diagnóstico para SARS-CoV-2 e pacientes com síndrome gripal não SARS- CoV-2. 3.2 Objetivos Específicos a) Avaliar a positividade dos pacientes suspeitos para infecção por SARS-CoV-2; b) Comparar os sinais e sintomas com a dosagem de citocinas; c) Comparar a quantificação das citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 entre os pacientes com SARS-CoV-2 e pacientes com síndrome gripal; e d) Comparar a quantificação das citocinas séricas dos perfis de resposta Th1, Th2 e Th17 entre os pacientes com SARS-CoV-2 e pacientes do grupo controle. 37 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 População do Estudo e Obtenção de Amostras O estudo incluiu pacientes atendidos nos hospitais da UNIMED Belém e uma unidade de saúde de Marituba. A UNIMED trata-se de uma cooperativa de assistência médica particular que atua na região metropolitana de Belém e a Unidade de Saúde da Família (USF) Cristiano Cláudio Torres, no Município de Marituba/PA, bairro Novo Horizonte. Foram incluídos três grupos, um grupo de pacientes positivos para SARS-CoV-2, um grupo de pacientes com síndrome gripal negativa para SARS-CoV-2 e pacientes do grupo controle que foram selecionados como voluntários na pesquisa. No grupo de pacientes com positivos para SARS-CoV-2 foram incluídos 80 pacientes, no grupo de pacientes com síndrome gripal sem SARS-CoV-2 foram incluídos 86 pacientes e no grupo controle outros 19 indivíduos. As amostras a foram de sangue total (aproximadamente 10 ml) e swab combinado (Figura 4) Figura 4 – Fluxograma de seleção de pacientes e divisão de grupos de pesquisa Fonte: Elaborado pela autora 38 O Estudo foi aceito pelo sistema Plataforma Brasil, do MS, sob o CAAE de n.º 36869120.3.0000.0019. O estudo foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes disciplinadas pela Resolução n.º 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IEC, sob parecer de n.º 4.30746 (Anexo 1). Os pesquisados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 2), no qual lhes foram
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