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Professor: Tárcio Soares INTRODUÇÃO: ➔ De acordo com Becker, os princípios básicos de um bom terapeuta é saber acolher e ser empático com um paciente & saber previamente manejar casos de suícidio. ➔ 50% dos pacientes com ideação suicida não buscam tratamento, principalmente devido ao estigma social. ➔ Homem não chora: 76% das pessoas de cometem suicídio no Brasil são do sexo masculino. ➔ Somos responsáveis pelo tratamento e não pela vida do paciente. Por isso não devemos trabalhar sozinhos: envolver sempre a família, psiquiatra, supervisor e outros agentes da saúde que oferecem atendimento para o paciente. ➔ Não devemos ter medo de perguntar ao paciente sobre a possibilidade do suicídio. ➔ Não é perguntar sobre suicídio que irá gerar a ideação no paciente, inclusive devemos desmitificar isso principalmente para os familiares e rede de apoio. Um familiar que pergunta se o paciente está bem e se está em risco, muitas vezes pode salvar sua vida. ➔ Contrato assinado de que a pessoa não vai se matar tipicamente não funciona. Quando o paciente tem muito vínculo até pode funcionar, mas é uma recomendação antiga e que hoje em dia os psicólogos já não sugerem mais. ➔ O que não deve ser falado para um paciente com ideação: não desafiar, não minimizar o seu sofrimento e guardar interpretações mais profundas para a fase intermediária do tratamento. ➔ É necessário validar a vivência emocional da pessoa, escutar e acolher. Diferenças de Suicídio agudo e Suicidalidade crônica ➔ Suicídio agudo: refere-se a um estado de risco imediato e iminente de suicídio. Nesse caso, o paciente pode estar enfrentando uma crise aguda e demonstrando sinais claros de intenção suicida. Isso pode incluir comportamentos como fazer planos específicos para cometer suicídio, adquirir meios para isso, expressar sentimentos de desesperança e desamparo, ou até mesmo tentativas de suicídio recentes. O risco é alto e requer intervenção imediata para garantir a segurança do indivíduo. ➔ Suicidalidade crônica: refere-se a um padrão persistente de pensamentos, sentimentos ou comportamentos suicidas ao longo do tempo. Isso pode ser caracterizado por uma história de tentativas de suicídio anteriores, ideação suicida recorrente, comportamentos autodestrutivos, desesperança contínua e uma sensação de falta de propósito na vida. Embora o risco de suicídio possa ser constante em casos de suicidalidade crônica, ele pode flutuar em intensidade ao longo do tempo e pode não ser tão iminente quanto no caso de suicídio agudo. ➔ Em resumo, o suicídio agudo refere-se a um risco imediato e intenso de suicídio, enquanto a suicidalidade crônica descreve um padrão de pensamentos, sentimentos ou comportamentos suicidas persistentes ao longo do tempo, podendo variar em intensidade. Ambos exigem intervenção e tratamento, mas a abordagem pode ser diferente, dependendo do momento e da gravidade do risco. FASES DE TRATAMENTO ➔ Primeira Fase: Avaliação do risco 1) Se o risco for baixo ou moderado é necessário contato regular com o paciente e envolver a rede de apoio. 2) Se o risco for de moderado para alto: encaminhar para avaliação psiquiátrica pois pode ter a necessidade de medicação. 3) Se o risco for alto/eminente: (tentativas prévias, acesso a meios, plano definido, isolamento social e muita desesperança) é necessário internação. Obs: quase nenhum fator isolado é suficiente para determinar a gravidade do risco, com exceção de tentativas prévias, plano definido e isolamento social. ● Exemplos de investigações: a) Exemplos de perguntas iniciais: - "Algumas pessoas que buscam tratamento, às vezes já passaram por momentos em que pensaram em se machucar. Isso já aconteceu contigo?" - "Algumas pessoas que passaram por sofrimento semelhante ao teu, às vezes pensam em fazer algo contra si. Isso já passou pela sua cabeça?" - "As coisas já estiveram tão ruins que você já pensou em estar morto ou em tirar a própria vida e se machucar?" b) Não pedir desculpas pelas perguntas. c) Uso de álcool: como é o uso do álcool? Tem aumentado nos últimos tempos? (Em um número considerável de vítimas de suícidio é encontrado álcool no seu organismo) d) Se já teve tentativas prévias: como foi essa tentativa? qual o método? Qual foi o contexto? e) Com que frequência tem acontecido as ideações? Com qual intensidade? f) Avaliar desesperança g) Possui plano específico de como cometer suícidio? (30% dos pacientes que tem um plano específico cometem suícidio, em contrapartida, menos de 5% dos pacientes que não tem plano, comentem suicídio) h) O paciente tem acesso a meios? Ex: arma de fogo e medicações. i) Quais são os motivos para viver? Planos para o futuro? j) Avaliação da rede de apoio e isolamento social. Como tem passado o seu tempo? Como isso foi prejudicado? k) Avaliar ideações de morte na fala do paciente: "queria dormir e nunca mais acordar, queria sumir para sempre, está tudo bem se eu morrer, não faria diferença se deus me levasse". ➔ Segunda Fase: Envolver a família e a rede de apoio e orientá-los como podem ajudar o paciente em risco. Exemplos de estratégias: a) Desde a primeira sessão, psicoeducar o paciente sobre a necessidade da família para o sucesso do tratamento. b) Conscientizar a família sobre a seriedade do caso. c) Psicoeducar a família sobre: escuta ativa, acolhimento, como evitar um ambiente invalidante, explicar que nunca devemos ignorar ameaças (muitas das tentativas acontecem quando a família já está cansada ou não leva a sério as ameaças), auxiliar a família sobre como não ser tóxica, psicoeducar sobre o que fazer se a crise agravar. d) Se mesmo com a intervenção do psicólogo o núcleo família tiver resistências de aderir ao tratamento e estiver agravando o caso, é necessário criar outra rede de apoio: amigos ou familiares mais distantes. A longo prazo será necessário preparar o paciente para sair desse núcleo familiar. ➔ Terceira Fase: Eliminar fatores de risco a) De forma colaborativa conscientizar o paciente sobre os riscos. Ex: eu me preocupo com essas medicações em casa, o que você acha de tirarmos elas de perto? b) Se após inúmeras tentativas o paciente continuar resistente e não for convencido, em última opção, será necessário avaliar a quebra do sigilo da terapia. A vida não é negociável. De acordo com o código de ética, o psicólogo deve quebrar o sigilo em caso de risco à vida do paciente ou de outros. c) Há formas de quebrar o sigilo sem quebrar o vínculo com o paciente, mas se o vínculo tiver que ser rompido, entende-se que a vida do paciente está em primazia. Também podemos levar em consideração que o próximo profissional que atender este caso, pode se beneficiar do fato da família ter consciência sobre o que está acontecendo com o paciente. ➔ Quarta fase: em geral é necessário ensinar habilidades e reorganização de vida. a) Começar com temas centrais: ajudar paciente a regular alimentação, exercício físico e sono (40% das tentativas de suicídio acontecem entre meia-noite e quatro da manhã, horário que o paciente se sente mais isolado). b) Paciente com ideação costuma ter insônia, o que aumenta emoções negativas, maior sensibilidade e mais impulsividade. c) Outros alvos da terapia são: baixa resolução de problemas, sensação de desesperança e perfeccionismo. Também investigar e trabalhar as questões que levaram o paciente a chegar a esse momento de grande desespero. Também é sugerido construir um plano de segurança com passo a passo do que o paciente pode fazer ou recorrer em casos de crises. OVERVIEW DO TRATAMENTO INICIAL ➔ Primeira sessão: avaliação e dependendo do resultado pode ser que o psicólogo tenha que imediatamente caminhar para um psiquiatra ou imediatamente encaminhar para um caso de internação. Também pode ser necessário retirar fatores de risco ➔ Segunda a quarta sessão: combinar de chamar a família, reduzir fatores de risco e trabalhar em algumas variáveis como sono, isolamento social, desesperança e perfeccionismo. ➔ Quinta a sétima sessão: de forma colaborativa montar planode segurança/enfrentamento completo de 7 passos e pacotes de intervenção. Obs: A depender do caso (risco moderado para alto), é recomendado fazer sessões mais próximas, sendo duas ou três por semana. Livros: TCC para casos de suícidio. Estudar DBT para este tipo de caso também é benéfico.
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