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Instalações elétricas de uma residência Apresentação Na elaboração de um projeto de uma instalação elétrica residencial, é necessário o conhecimento prévio sobre determinados pontos que compõem essa instalação, como equipamentos, aparelhos e dispositivos elétricos, a potência instalada e os dispositivos de proteção para o sistema. Para isso, é preciso ter bem claro os seus conceitos e as suas aplicações, de acordo com as normas técnicas vigentes. Tendo esses conhecimentos, é possível, então, partir para a próxima etapa, que é a elaboração de um projeto de instalações elétricas residenciais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a conceituar os componentes de uma instalação elétrica residencial, aplicar os conceitos relacionados às normas para projeto de instalações elétricas de baixa tensão e elaborar um projeto de instalações elétricas residenciais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar os componentes de uma instalação elétrica residencial.• Aplicar os conceitos relacionados às normas para projeto de instalações elétricas de baixa tensão. • Elaborar um projeto de instalações elétricas residenciais.• Desafio Quando são realizadas atividades na área de instalações elétricas residenciais, é importante o conhecimento sobre os símbolos gráficos utilizados. Esse item se torna necessário, uma vez que a instalação é executada por meio da utilização de esquemas elétricos (também denominados de diagramas elétricos). Os esquemas podem ser do tipo unifilar ou multifilar. O unifilar representa o circuito elétrico de forma simplificada, identificando os tipos e o número de condutores por meio de uma única linha. Já os esquemas multifilares representam os condutores elétricos de um sistema que realiza a conexão dos componentes. Nesse caso, são apresentadas todas as conexões de um projeto elétrico, sendo possível a visualização da distribuição de cargas e as suas conexões. Geralmente, nos diagramas multifilares são representados barramentos, quadros de distribuição, circuitos terminais e aterramento. Para o seu melhor desenvolvimento na atividade, essa instalação será executada em etapas e, por isso, você deverá, primeiramente, elaborar o diagrama da instalação. Baseado nesse contexto, faça as seguintes atividades: Etapa 1: elabore o diagrama elétrico do circuito referente a um interruptor simples e uma lâmpada (L1). Etapa 2: acrescente ao circuito anterior uma tomada. Etapa 3: coloque uma lâmpada (L2) em paralelo com L1. O acionamento da L2 se dará por meio do mesmo interruptor de L1. Etapa 4: adicione uma terceira lâmpada (L3), porém esta deverá ser acionada por meio de um interruptor em paralelo. Etapa 5: finalmente, instale uma lâmpada fluorescente com o acionamento por meio de um interruptor simples. Infográfico Quadro de distribuição (QD) é o local onde se concentra a distribuição de todos os circuitos de uma instalação elétrica. Neles estão os dispositivos de controle e proteção dos circuitos, como os disjuntores termomagnéticos (DTM) e os disjuntores diferenciais residuais (DR). O quadro de distribuição recebe os condutores que vêm do medidor e, dele, partem os circuitos terminais que vão alimentar diretamente os circuitos de iluminação, tomadas e aparelhos elétricos da instalação. Esses circuitos são constituídos, normalmente, de quadros fixados à parede, sobrepostos ou embutidos. O QD, também conhecido como quadro de luz (QL), é composto dos seguintes elementos: disjuntor geral, barramentos de interligação das fases, disjuntores dos circuitos terminais, barramento de neutro e barramento de proteção (terra). No Infográfico a seguir, você vai ver a classificação dos disjuntores em relação ao tipo de proteção e ao número de polos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/288cc195-4c9d-43b8-ae48-6da78e37f514/cc36f1d4-dbf0-41f0-b9d6-4ba521e4dea5.png Conteúdo do livro Hoje, a eletricidade é um elemento permanente na vida de todos. Dentro de ambientes residenciais, comerciais e industriais, há a necessidade da energia elétrica. Porém, essa mesma energia que traz tantos benefícios pode ocasionar incêndios ou, então, um choque elétrico, que pode ser fatal. Para que isso não ocorra, é necessário conhecer os componentes de uma instalação elétrica, com as suas especificações e normas pertinentes, para saber utilizá-los de forma adequada e segura. No capítulo Instalações Elétricas de uma residência, da obra Projeto de Instalações Elétricas, você irá conhecer os componentes de uma instalação elétrica residencial, saber quais as normas que são aplicadas e entender como é realizada a elaboração de um projeto elétrico residencial. PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Gerson Paz Teixeira Instalações elétricas de uma residência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar os componentes de instalação elétrica residencial. � Aplicar os conceitos de eletricidade relacionados às normas para projeto de instalação elétrica em baixa tensão. � Elaborar um projeto de instalação elétrica residencial. Introdução As instalações elétricas residenciais são compostas por diversos elementos, que vão desde condutores básicos em qualquer instalação até dispositivos de automação, aplicados em instalações mais complexas. O conhecimento desses elementos e de sua forma correta de utilização é necessário aos projetistas para garantir instalações confortáveis e seguras a seus usuários. As normas técnicas apresentam os critérios mínimos de segurança e funcionalidade que uma residência deve apresentar, mas é necessário um prévio conhecimento dos conceitos relacionados à eletricidade, para que a interpretação da norma seja realizada corretamente durante a execução de um projeto elétrico. Neste capítulo, você aprenderá a conceituar os componentes de uma instalação elétrica residencial, aplicar os conceitos de eletricidade relacionados às normas para projeto de instalações elétricas em baixa tensão e elaborar um projeto de instalação elétrica residencial. Componentes de instalação elétrica residencial O sistema elétrico predial permite o abastecimento da energia elétrica no inte- rior das residências e é composto por um conjunto de dispositivos e elementos, que podem ser classificados em: dispositivos de proteção, dispositivos de comando da iluminação, condutores de corrente elétrica, tomadas de corrente e pontos de iluminação. Esses elementos precisam ser dimensionados conforme os requisitos mínimos da norma ABNT NBR 5410:2004, para evitar falhas técnicas ou de segurança. A seguir, são apresentados os componentes de uma instalação elétrica residencial. Interruptores Segundo Gebran e Rizzato (2017), o interruptor é o equipamento responsável por estabelecer e interromper a corrente elétrica em um circuito elétrico. Com relação aos interruptores utilizados em instalações elétricas residenciais para o comando de iluminação, existem os tipos a seguir: � simples de uma seção — um interruptor comanda um único ponto de iluminação; � simples de duas sessões ou interruptor duplo — um interruptor comanda simultaneamente dois pontos de iluminação; � interruptor paralelo, popular three-way — dois interruptores comandam, a partir de dois pontos diferentes, um mesmo ponto de iluminação; � interruptor intermediário, popular four-way — instalado entre dois interruptores paralelos, permite o controle de um mesmo ponto de iluminação por mais de dois pontos. A Figura 1, a seguir, apresenta os diagramas de ligação dos interruptores utilizados em instalações elétricas residenciais, considerando a instalação de uma lâmpada halógena ligada em 127 V entre fase (F) e neutro (N). Instalações elétricas de uma residência2 Figura 1. Diagrama multifilar de ligação de interruptoresresidenciais para o comando de iluminação. Outros dispositivos de comandos de iluminação podem ser encontrados no Capítulo 8 da obra Instalações Elétricas Prediais (GEBRAN; RIZZATO, 2017), como relé fotoelétrico, sensor de presença, minuteria, dimmer e relé de impulso. 3Instalações elétricas de uma residência Tomadas de corrente Segundo Gebran e Rizzato (2017), as tomadas são componentes utilizados para possibilitar o fornecimento de eletricidade para um equipamento, sendo as mais comuns em uso residencial as que fornecem a alimentação monofásica, 127 V, ou bifásica, 220 V. Na Figura 2, a seguir, está apresentada a forma de ligação de uma tomada de corrente, baseada no novo padrão de tomadas, conforme a ABNT NBR 14136:2012, entre uma fase 01 e o neutro, 127 V, ou entre a fase 01 e a fase 02, 220 V, com o condutor de proteção (PE). Figura 2. Ligação de uma tomada de corrente. Pontos de iluminação Os pontos de iluminação em uma residência são os locais onde são instaladas as lâmpadas. Para instalação das lâmpadas é necessária a utilização de um receptáculo, que é um adaptador para ligação delas. Os receptáculos são po- pularmente conhecidos como “bocais”, sendo o modelo E27 o mais utilizado em instalações elétricas residenciais. Instalações elétricas de uma residência4 Condutores elétricos Os condutores elétricos devem conduzir a corrente elétrica do ponto de alimen- tação até o componente a ser energizado. Podem ser fabricados em diversos materiais condutores, sendo o cobre e o alumínio os mais utilizados — desses dois, o cobre ainda mais, devido à sua alta capacidade de condução de corrente elétrica. Apesar de a norma citar outras formas de isolação dos condutores elétricos, eles devem ser isolados com policloreto de vinila (PVC), já que esse isolante possui building wire flame (BWF), que é a proteção do condutor contra a pro- pagação de chamas — requisito obrigatório segundo a ABNT NBR 5410:2004. As cores dos condutores também são padronizadas pela norma ABNT NBR 5410:2004, sendo: azul-claro para condutor neutro e verde-amarela ou verde para condutor de proteção (PE). A cor dos condutores de fase e de comando não são normalizadas, mas normalmente utilizadas as cores: vermelho, para primeira fase e amarelo, preto ou branco, para segunda fase ou comando de iluminação. Dispositivos de proteção De acordo com Gebran e Rizzato (2017), os dispositivos de proteção são componentes inseridos nos circuitos elétricos com o objetivo de interromper a circulação da corrente em caso de alguma anomalia. Para cada tipo de defeito, existe um dispositivo de proteção adequado. As anomalias mais comuns em instalações elétricas residenciais são: curto circuito, sobrecarga, sobretensão e fugas de corrente — cabendo aos disjuntores termomagnéticos (DTM), dis- positivos de proteção contra surtos de tensão (DPS) e dispositivos de proteção diferencial residual (DR) as respectivas proteções. O DTM é um dispositivo eletromecânico que garante a proteção dos con- dutores elétricos e equipamentos ligados à sua jusante contra correntes de sobrecargas ou correntes de curto-circuito. Garantem, também, a manobra do circuito elétrico para realização de uma eventual manutenção. 5Instalações elétricas de uma residência O DPS garante a proteção dos equipamentos elétricos contra surtos de tensão, como os raios. Esses surtos de tensão podem eventualmente quei- mar os aparelhos elétricos e eletrônicos de uma residência quando o valor deles ultrapassa os limites do equipamento. São instalados geralmente nos quadros de distribuição, sendo necessário um DPS para cada fase e um para o neutro, mas existem modelos que podem ser conectados localmente direto nos equipamentos. O DR assegura a proteção de pessoas e animais em choques elétricos por contato indireto que acontecerem com fluxo de corrente para terra. Por norma, esses dispositivos devem ser instalados no quadro de distribuição e proteger todos os ambientes úmidos da casa, como: cozinhas, banheiros, áreas de serviço, e locais análogos. Esses dispositivos de proteção são de instalação obrigatória, conforma a norma ABNT NBR 5410:2004. A Figura 3 apresenta um quadro de distribuição, em que estão instalados os três dispositivos de proteção. Figura 3. Quadro de distribuição completo com os dispositivos de proteção. Fonte: Adaptada de Clamper (2017, documento on-line). Dispositivo de proteção contra surtos (DPS) Disjuntores termomagnéticos monopolares Dispositivo de proteção contra correntes residuais (DR) Instalações elétricas de uma residência6 A unificação desses componentes e elementos forma uma instalação elé- trica. Essas instalações e a conexão dos componentes podem ser representadas por diagramas multifilares ou unifilares. Os multifilares são mais didáticos que a representação unifilar, porém menos utilizados devido ao seu tamanho, não sendo possível desenhá-los em uma planta baixa de uma residência. Já os unifilares são mais utilizados em plantas baixas, porém um pouco mais complexos, exigindo um maior conhecimento dos profissionais envolvidos no projeto elétrico. A Figura 4, a seguir, está apresentado um diagrama multifilar de alguns componentes instalados em um cômodo de uma residência. Note que as co- nexões estão todas representadas, sendo possível a visualização de todos os detalhes do projeto. Figura 4. Diagrama multifilar de uma instalação elétrica residencial. Já na Figura 5, vemos o diagrama unifilar dessa mesma instalação, com os elementos representados por símbolos e as conexões não mais visíveis, exigindo maior capacidade de interpretação. 7Instalações elétricas de uma residência Figura 5. Diagrama unifilar de uma instalação elétrica residencial. Para realizar um projeto elétrico residencial de baixa tensão, é necessário definir a quantidade de pontos de iluminação, de tomadas de corrente e dispo- sitivos de proteção, distribuir esses elementos pela planta baixa da residência e criar o diagrama unifilar da instalação. Além disso, esses dispositivos pre- cisam ser dimensionados, sendo necessários alguns conceitos importantes de eletricidade, que serão abordados a seguir. Conceitos de eletricidade relacionados às normas para projeto de instalação elétrica em baixa tensão Os dispositivos de proteção instalados em um quadro de distribuição precisam ser dimensionados conforme os condutores elétricos utilizados na instalação, os quais devem ser dimensionados conforme a corrente consumida pelos equipamentos ligados no circuito. Logo, vemos que o dimensionamento de uma instalação elétrica está interligado. Instalações elétricas de uma residência8 Para conhecer a corrente consumida por um equipamento, é necessário saber sua potência elétrica e seu nível de tensão elétrica. Além desses dois fatores, equipamentos ligados em tensões alternadas apresentam fator de potência, e suas correntes elétricas de funcionamento podem ser definidas pela seguinte equação: onde: � P é a potência elétrica do equipamento, em Watts (W); � U é a diferença de potencial (tensão) do equipamento, em Volts (V); � FP é o fator de potência do equipamento elétrico, que não possui unidade; � IB é a corrente elétrica consumida pelo equipamento, em Ampères (A). A corrente elétrica consumida por um equipamento deve ser corrigida para utilização no cálculo de projetos elétricos, por dois fatores que dependem da forma com que foram distribuídos os condutores na planta elétrica, sendo eles: o fator de correção de temperatura (FCT) e o fator de correção de agrupamento (FCA). Sendo assim, a corrente corrigida é determinada pela equação: Os valores de FCT e FCA são definidos pelas tabelas 40 e 42 da norma ABNT NBR 5410:2004, respectivamente. 9Instalações elétricas de uma residência Conhecendo a corrente corrigida, é possível calcular a área de seção trans- versal de um condutor elétrico, conhecida como bitola de um condutor. Ela é definida em função da corrente elétrica corrigida,da queda de tensão que esse condutor apresentará devido ao aquecimento do cabo, está diretamente relacionada com o comprimento do condutor e o material do condutor, e sua área de seção transversal, então, pode ser definida pela seguinte equação: onde: � SC é a área de seção transversal do condutor, em milímetros quadrados (mm²); � IC é a corrente corrigida da instalação, em Ampères (A); � l é o comprimento do condutor elétrico desde a fonte até a carga, em metros (m); � U é a tensão elétrica do circuito, em Volts (V); � ∆V é a máxima queda de tensão permitida, definida pelo item 6.2.7 da ABNT NBR 5410:2004; � 2 é uma constante para circuitos monofásicos e bifásicos — em caso de circuitos trifásicos, essa constante deve ser substituída por √3; � 56 é a constante para resistividade do cobre a 20°C, em (Ω∙mm²/m). A área de seção transversal dos condutores que conduzirão a corrente elétrica do quadro medidor até o quadro de distribuição é calculada com base na potência demandada pela instalação elétrica, que leva em conside- ração a possibilidade de não simultaneidade no funcionamento das cargas. Por exemplo, em um circuito de iluminação, nem todas as lâmpadas estarão acesas ao mesmo tempo. A determinação dos fatores de demanda exige o conhecimento detalhado da instalação considerada, bem como experiência quanto às condições de funcionamento e de utilização dos equipamentos, ou pode-se utilizar as tabelas fornecidas pelas concessionárias de energia elétrica como orientação básica. Instalações elétricas de uma residência10 A Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (CEMIG, 2017) apresenta, em sua norma de distribuição ND 5.1, uma forma simplificada de realizar o cálculo de demanda, sendo ele adaptado para residências: D = a + b + c + d kVA onde: � a é demanda referente à iluminação e às tomadas; � b é demanda relativa aos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento; � c é a demanda dos aparelhos condicionadores de ar; � d é demanda de motores elétricos. Todas as informações sobre o fator de demanda e as tabelas para o cálculo de cada demanda individual determinadas pela norma ND 5.1 da CEMIG (2017) podem ser vistas no Capítulo 5 da Norma, disponível no link a seguir. https://tinyurl.com/njn2rnre A potência demandada é definida em forma de potência aparente, que é a soma vetorial das potências ativas e reativas da instalação. A potência aparente de qualquer equipamento pode ser calculada por meio da utilização da potência ativa do equipamento e de seu fator de potência, sendo descrita pela equação: onde: � Se é a potência aparente do equipamento, em Volt-Ampère (VA); � Pe é a potência elétrica do equipamento, em Watts (W); � FP é o fator de potência do equipamento elétrico, que não possui unidade. 11Instalações elétricas de uma residência Unificando os conceitos sobre os componentes de uma instalação e os conceitos elétricos envolvidos em um projeto, é possível realizar o projeto elétrico de uma residência. Projeto de instalação elétrica residencial O projeto elétrico deve basear-se nos conceitos descritos nas normas técnicas, para garantir aos usuários das instalações elétricas condições seguras de utili- zação e conforto e, para máquinas e equipamentos, proteção contra eventuais falhas que possam ocorrer. Segundo Mamede Filho (2017), um projeto elétrico deve conter os seguintes dimensionamentos básicos: � previsão de cargas; � demanda provável; � divisão de circuitos; � dimensionamento de condutores; � dimensionamento de eletrodutos; � dimensionamento de dispositivos de proteção. É necessário desenvolver um memorial de cálculo do projeto e, também, um descritivo, apresentando a descrição dos materiais a serem utilizados, as etapas do projeto a serem seguidas e indicação do uso correto dos equipa- mentos e componentes. O projeto elétrico deve ainda ter uma planta baixa da residência, onde constam as informações de localização correta dos quadros, dos interrupto- res, das tomadas e de todos equipamentos a serem instalados, percursos dos eletrodutos necessários e identificação dos condutores que alimentarão os circuitos terminais da instalação elétrica. A apresentação do conteúdo de como executar um projeto elétrico será diretamente relacionada ao exemplo de residência da Figura 6, a seguir. Já todos os cálculos e as informações serão baseados nesse projeto. Para o cálculo do ramal de entrada, será utilizada a planta de situação apresentada na Figura 7. Instalações elétricas de uma residência12 Figura 6. Planta baixa da residência utilizada como modelo de projeto. Figura 7. Planta de situação da residência. 13Instalações elétricas de uma residência Previsão de cargas Na norma ABNT NBR 5410:2004, em sua subseção 9.5, há prescrições apli- cáveis especificamente a locais utilizados como habitação, compreendendo, assim, as unidades residenciais como um todo. Conforme o item 9.5.2 dessa subseção, em cada cômodo ou dependência, deve ser previsto pelo menos um ponto de iluminação fixo no teto ou em parede para locais de pequenas dimensões, comandado por interruptor e com potência prevista conforme os critérios apresentados a seguir. � Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m², deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA. � Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m² inteiros. Ainda conforme o item 9.5.2 da subseção 9.5 da norma, o número de pon- tos de tomada deve ser determinado em função da destinação do local e dos equipamentos elétricos que podem ser ali utilizados. Os critérios simplificados para o número mínimo de pontos de tomadas de uso geral (TUE), conforme a ABNT NBR 5410:2004, estão listados a seguir. � Em banheiros, deve ser previsto, pelo menos, um ponto de tomada, próximo ao lavatório, a, no mínimo, 60 cm do box; � em cozinhas, copas, área de serviço, lavanderias e locais análogos, deve ser previsto, no mínimo, um ponto de tomada para cada 3,5 m, ou fração, de perímetro; � em varandas, deve ser previsto, pelo menos, um ponto de tomada; � em salas e dormitórios, deve ser previsto, pelo menos, um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro, espaçados tão unifor- memente quanto possível; � em cada um dos demais cômodos e das dependências de habitação, devem ser previstos, pelo menos um ponto de tomada, se a área do cômodo for igual ou inferior a 6 m². A potência a ser atribuída a cada ponto de tomada é definida em função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar, e não deve ser inferior aos valores listados a seguir. Instalações elétricas de uma residência14 � Em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, no mínimo, 600 VA por ponto de tomada, até três pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, considerando-se cada um desses ambientes separadamente; � nos demais cômodos ou nas dependências, no mínimo, 100 VA por ponto de tomada. Para finalizar o levantamento de cargas, é necessário considerar as especiais, que são cargas cuja potência é elevada e demanda instalação de tomadas de corrente de uso específico (TUE). São consideradas cargas especiais: aquece- doras, ar condicionado, fornos, entre outros. Para essas cargas, deve-se verificar o tipo de carga, a potência, a corrente e a tensão à qual a carga será submetida. Considerando os critérios descritos para iluminação, tomadas de uso geral e inserção das cargas especiais no projeto, apresentamos o levantamento final de cargas no Quadro 1, a seguir. A potência instalada total da residência é calculada em Quilowatts. Dessa forma, as cargas apresentadas em Volt-Ampère precisam ser convertidas por meio do fator de potência. A ND 5.1 da CEMIG (2017) indica a utilização de fator de potência médio de 0,92 para cargas de TUG e de iluminação. O valor da potência total instalada é a soma de todas ascargas da residência, sendo: PI = (500 × 0,92) + (4.600 × 0,92) + 8.500 = 13.192,0 W ou 13,19 kW Ainda de acordo com a ND 5.1, consumidores que possuam carga instalada entre 10 kW e 15 kW devem ser atendidos por fornecimento bifásico a três fios, possuindo, assim, em sua residência, dois níveis de tensão 127 V (fase- -neutro) e 220 V (fase-fase). O tipo de fornecimento de energia elétrica é determinado pelas concessionárias de energia de cada região. Verifique as normas de distribuição da concessionária da sua. 15Instalações elétricas de uma residência Cô m od o Á re a (m ²) Pe rí m et ro (m ) Po tê nc ia d e ilu m in aç ão (V A ) Po tê nc ia d e TU G (V A ) Ti po d e TU E Po tê nc ia d e TU E (W ) Co zi nh a 6, 75 10 ,4 10 0 1. 80 0 M ic ro -o nd as 1. 00 0 H al l 0, 92 0, 92 10 0 10 0 — — Ba nh o 1, 75 3, 9 10 0 60 0 Ch uv ei ro 6. 00 0 Q ua rt o 6, 48 10 ,2 10 0 30 0 — — Á re a de se rv iç o 3, 83 9, 4 10 0 1. 80 0 M áq ui na d e la va r r ou pa s 1. 50 0 To ta l - - 50 0 4. 60 0 — 8. 50 0 Q ua dr o 1. L ev an ta m en to fi na l d as c ar ga s d a re sid ên ci a, o bj et o de e st ud o Instalações elétricas de uma residência16 Após realizada a previsão de cargas, essas podem ser distribuídas pela planta baixa, seguindo os critérios anteriormente mencionados. Essa tarefa conta com a expertise do projetista e pode ser realizada com base nas preferências do proprietário da residência. Nessa etapa, escolhe-se o local para instalação do quadro de distribuição e deve-se atentar a duas observações: quadros de distribuição devem ser instalados em locais visíveis de fácil acesso, não podendo estar atrás de ar- mários ou escondidos em dispensas; escolha um lugar onde a economia com os condutores de maior seção reta transversal seja possível — os condutores de maior seção em uma instalação residencial ficam nos circuitos de chegada do padrão e no circuito do chuveiro. A altura de instalação das tomadas de corrente deve ser selecionada con- forme o local de instalação. Em locais como banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, deve-se utilizar tomadas médias, 1,4 m do piso, e nos demais cômodos da residência, tomadas baixas, 30 cm do piso. As tomadas altas, 2,2 m do piso, são definidas pela necessidade das cargas, como no caso do chuveiro. Cálculo da potência demandada Para realizar o cálculo da potência demandada, será utilizado o critério esta- belecido pela norma ND 5.1 da CEMIG (2017). Os fatores de demanda, assim como os de potência, foram utilizados conforme recomendado pela norma, ficando assim definido: a = (500 × 0,86) + (4.600 × 0,68) = 3.558,0 VA b1 = 6.000 × 1 × 1 = 6.000,0 VA b4 = (1.000⁄0,92) × 1 = 1.086,9 VA b5 = (1.500⁄0,92) × 1 = 1.630,4 VA D = 3.558 + 6.000 + 1.086,9 + 1.630,4 = 12.275,3 VA ou 12,28 kVA onde: � a é a demanda referente à iluminação e às tomadas; � b1 são chuveiros, torneiras e cafeteiras elétricas; � b4 são máquinas de lavar e secar roupas, máquinas de lavar louça e ferro elétrico; � b5 são os demais aparelhos (TV, micro-ondas, ventilador, geladeira, freezer, etc.). 17Instalações elétricas de uma residência O circuito que interliga o quadro medidor ao quadro de disjuntores da residência em estudo contém uma corrente elétrica determinada conforme demonstrada pela equação: Agora, é preciso definir os circuitos do quadro de distribuição da residência. Para isso, existem diversos critérios de divisão de circuitos, vistos a seguir. Divisão de circuitos A norma ABNT NBR 5410:2004 prevê, no seu item 9.5.3, a divisão da instalação em circuitos elétricos residenciais com o objetivo de não superdimensionar cabos e evitar a elevada queda de tensão. Isso porque, se colocarmos muitos aparelhos em um único circuito e ligarmos o ultimo equipamento, há a pos- sibilidade de não ter tensão suficiente para o alimentar. A norma ABNT NBR 5410:2004 estipula que a instalação deve ser dividida em tantos circuitos quantos necessários, devendo cada um ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de realimentação inadvertida através de outro circuito, atendendo a critérios de segurança, conservação de energia, funcionalidade da instalação, de produção e de manutenção. A divisão dos circuitos de uma instalação residencial deve ser realizada conforme os critérios adaptados da ABNT NBR 5410:2004 e apresentados a seguir. � Circuito deve ser independente para todo ponto de utilização em que seja previsto alimentar equipamentos com corrente nominal superior a 10 A. � Os pontos de tomada de cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos devem ser atendidos por circuitos exclusivamente destinados à alimentação de tomadas desses locais. � Circuitos terminais distintos devem ser previstos para pontos de ilu- minação e pontos de tomada. � Em locais de habitação, admite-se, como exceção à regra anterior, que pontos de tomada — exceto aqueles para equipamentos com mais de 10 A — e pontos de iluminação possam ser alimentados por circuito Instalações elétricas de uma residência18 comum, desde que as seguintes condições sejam simultaneamente atendidas: ■ a corrente de projeto (IB) do circuito comum (iluminação mais to- madas) não deve ser superior a 16 A; ■ os pontos de iluminação não sejam alimentados, em sua totalidade, por um só circuito, caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas); ■ os pontos de tomadas não sejam alimentados, em sua totalidade, por um só circuito, caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas). Sendo assim, a planta modelo apresentará os dados mostrados no Quadro 2, a seguir. Circuito Tipo Cômodo Potência (VA) Tensão (V) Corrente (IB) 1 Ilumi- nação � Cozinha � Hall � Banho � Quarto � Área de serviço 500 VA 127 V 3,94 A 2 TUG Hall Quarto 400 VA 127 V 3,15 A 3 TUG Cozinha 1.800 VA 127 V 14,17 A 4 TUG Área de serviço 1.800 VA 127 V 14,17 A 5 TUG Banho 600 VA 127 V 4,72 A 6 TUE Cozinha 1.086,95 VA 127 V 8,55 A 7 TUE Área de serviço 1.630,43 VA 127 V 12,84 A 8 TUE Banho 6.000 VA 220 V 27,27 A 9 GERAL - 12.275,3 VA 220 V 55,69 A Quadro 2. Divisão de circuitos conforme critérios da norma na residência objeto de es- tudo 19Instalações elétricas de uma residência Com os circuitos divididos respeitando os critérios da ABNT NBR 5410:2004, é necessário distribuí-los pela planta baixa da residência antes de realizar o cálculo da área de seção transversal dos condutores, já que esse cálculo depende da distribuição dos condutores pela planta baixa. Ao realizar a distribuição dos eletrodutos, deve-se evitar a passagem de eletrodutos por amarrações de paredes, pilares ou vigas. Outra observação importante durante a realização do projeto elétrico é que eletrodutos não devem cruzar-se em paredes ou lajes, executar curvas superiores a 90º e, para cada 15 metros de eletroduto, em trechos não retilíneos, é necessária a instalação de uma caixa de passagem. Em relação à distribuição dos condutores, se possível, sugere-se evitar a passagem de mais de três circuitos por um único eletroduto, fugindo da utilização de eletrodutos com diâmetro muito grande. Dimensionamento de condutores Os condutores elétricos devem conduzir, sem problemas, as correntes elétricas dos equipamentos a eles ligados. Para definição dos condutores elétricos de uma instalação elétrica residencial, conforme a ABNT NBR 5410:2004, o condutor deve atender, no mínimo, aos critérios apresentados a seguir. � A capacidade de condução de corrente dos condutores, conforme a tabela 36 da ABNT NBR 5410:2004, deve ser igual ou superior à corrente de projeto do circuito. � Os limites de queda de tensão devem ser de 4% para circuitos terminais e de 1% para o circuito que interliga o quadro medidor ao quadro de distribuição. � As seções mínimas devem ser de 1,5 mm² para iluminação e 2,5 mm² paratomadas. Primeiramente, é preciso identificar a corrente elétrica de projeto. Para nossa planta-modelo, vamos considerar a temperatura ambiente média de 30°C e o fator de agrupamento dependendo do circuito analisado. Além disso, devemos considerar a pior condição apresentada pelo projeto: se, em um determinado eletroduto, o circuito for agrupado com outros dois, mas a situação não se repetiu, mesmo assim ela deve ser considerada. Então, para nossa planta, teremos conforme apresentado no Quadro 3. Instalações elétricas de uma residência20 Circuito Corrente (IB) FCT FCA Corrente corrigida (IC) 1 3,94 A 1 0,7 5,63 A 2 3,15 A 1 0,8 3,93 A 3 14,17 A 1 0,7 20,24 A 4 14,17 A 1 0,7 20,24 A 5 4,72 A 1 0,8 5,90 A 6 8,55 A 1 0,7 12,21 A 7 12,84 A 1 0,7 18,34 A 8 27,27 A 1 1 27,27 A 9 55,69 A 1 1 55,69 A Quadro 3. Corrente corrigida dos circuitos da residência objeto de estudo Com a corrente de projeto, pode-se determinar os condutores pela capa- cidade de condução de corrente. Consultando a tabela 33 da ABNT NBR 5410:2004, definimos a forma de instalação dos cabos. Para projetos resi- denciais, considera-se que os condutores são instalados em eletroduto de seção circular embutido em alvenaria, obtendo-se o método de referência de instalação B1. Verificando na tabela 46 da ABNT NBR 5410:2004, encontramos o nú- mero de condutores carregados; agora, consultando a tabela 36 da ABNT NBR 5410:2004 e de posse da corrente corrigida, do método referência da instalação e do número de condutores carregados, definimos a área de seção transversal do condutor. Para o cálculo do condutor pela máxima queda de tensão, é preciso saber o comprimento do circuito terminal do quadro de distribuição até o ponto mais distante que ele deve alimentar. Para isso, é preciso medir diretamente na planta baixa da residência o comprimento do circuito. Depois disso, pode-se definir a área de seção transversal por meio da equação a seguir, já descrita anteriormente. 21Instalações elétricas de uma residência Unificando os três métodos de dimensionamento dos condutores, a área de seção transversal dos condutores será aquela que apresentar maior área de seção transversal. Sendo assim, para o nosso modelo, teremos conforme o Quadro 4. Ci rc ui to Co nd ut or es ca rr eg ad os Ca pa ci da de de c on du çã o de c or re nt e Co m pr im en to do c ir cu it o [l] ∆V Te ns ão [U ] Q ue da d e te ns ão M ín im a se çã o po r n or m a Co nd ut or fa se es co lh id o 1 2 0,5 mm² 9,4 m 4% 127 V 0,37 mm² 1,5 mm² 1,5 mm² 2 2 0,5 mm² 9,9 m 4% 127 V 0,27 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 3 2 2,5 mm² 6,9 m 4% 127 V 0,98 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 4 2 2,5 mm² 8,7 m 4% 127 V 1,24 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 5 2 0,5 mm² 3,6 m 4% 127 V 0,15 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 6 2 1,0 mm² 5,0 m 4% 127 V 0,43 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 7 2 2,5 mm² 6,3 m 4% 127 V 0,81 mm² 2,5 mm² 2,5 mm² 8 2 4,0 mm² 1,6 m 4% 220 V 0,18 mm² 2,5 mm² 4,0 mm² 9 3 16,0 mm² 7,2 m 1% 220 V 6,51 mm² 2,5 mm² 16,0 mm² Quadro 4. Área de seção transversal dos condutores após aplicação dos critérios da nor- ma Instalações elétricas de uma residência22 Definido o condutor da fase, o condutor neutro deve ter a mesma seção. Além disso, a norma determina que o condutor neutro não pode ser comum a mais de um circuito. A área de seção transversal do condutor de proteção deve seguir a seguinte regra, apresentada no Quadro 5. Seção dos condutores de fase (mm²) Seção mínima do condutor de proteção correspondente (mm²) S ≤ 16 S 16 < S ≤ 35 16 S > 35 S/2 Quadro 5. Área de seção transversal mínima dos condutores de proteção conforme nor- ma Para saber mais sobre o dimensionamento de condutores, você pode consultar o Capítulo 5 da obra Instalações elétricas prediais (GEBRAN; RIZZATO, 2017), onde en- contrará as tabelas da norma ABNT NBR 5410:2004 e demais informações sobre os condutores elétricos. Definidas as seções de condutores e a quantidade de condutores agrupados em cada eletroduto, pode-se definir seu diâmetro nominal. 23Instalações elétricas de uma residência Dimensionamento de eletrodutos Conforme a ABNT NBR 5410:2004, os eletrodutos de uma instalação elétrica devem ser dimensionados de tal forma que sua área útil de transversal seja capaz de suportar a passagem de todos os cabos neles agrupados, com uma taxa máxima de ocupação de 53% (no caso de um condutor), 31% (dois condutores) e 40% (três ou mais condutores). O diâmetro interno mínimo necessário dos eletrodutos pode ser definido por meio da equação: onde: � DI é o diâmetro interno mínimo do eletroduto; � d é o diâmetro externo dos condutores elétricos, considerando a camada isolante; � N é o número de condutores de uma mesma bitola, agrupados no eletroduto; � k é a taxa máxima de ocupação, conforme ABNT NBR 5410:2004 (0,31 ou 0,4 ou 0,53). O diâmetro externo dos condutores pode ser obtido pelo catálogo do fabri- cante de cabos. O Quadro 6, a seguir, apresenta uma tabela das características dos cabos de cobre com isolação em PVC para tensões até 750 V, adaptada de um fabricante de cabos. Instalações elétricas de uma residência24 Fonte: Adaptado de Sil (2019). Quadro 6. Características dos cabos elétricos para instalações elétricas residenciais Seção nominal do condutor (mm2) Diâmetro nominal do condutor (mm) Espessura nominal da isolação Diâmetro nominal externo (mm) 0,5 0,9 0,6 2,1 0,75 1,1 0,6 2,3 1 1,2 0,6 2,4 1,5 1,5 0,7 2,9 2,5 2,0 0,8 3,4 4 2,4 0,8 4,0 6 2,9 0,8 4,5 10 3,9 1,0 5,9 16 5,0 1,0 7,0 25 6,5 1,2 8,8 35 7,5 1,2 9,9 O diâmetro comercial dos eletrodutos depende da espessura de cada um, mas, calculado o diâmetro interno, é possível verificar qual o nominal ao consultar o catálogo dos fabricantes. A Figura 8, a seguir, adaptada de um fabricante de eletrodutos, apresenta características de um eletroduto corrugado de PVC antichama. Considerando a equação para o dimensionamento dos eletrodutos e as tabelas apresentadas, nossa residência modelo apresentará os resultados do Quadro 7. 25Instalações elétricas de uma residência Figura 8. Características dos eletrodutos corrugados para instalações elétricas residenciais. Fonte: Adaptada de Tigreflex (2015). Condição de agrupamento Número de cabos x área de seção transversal Fator de agrupamento (k) Diâmetro interno (DI) Diâmetro comercial 1 9 × 2,5 mm² 0,4 16,1 25 2 6 × 2,5 mm² + 4 x 1,5 mm² 0,4 16,0 25 3 3 × 2,5 mm² 0,4 9,3 20 Quadro 7. Área de seção transversal dos condutores após aplicação dos critérios da nor- ma (Continua) Instalações elétricas de uma residência26 Quadro 7. Área de seção transversal dos condutores após aplicação dos critérios da nor- ma Condição de agrupamento Número de cabos x área de seção transversal Fator de agrupamento (k) Diâmetro interno (DI) Diâmetro comercial 4 3 × 1,5 mm² 0,4 7,9 20 5 3 × 2,5 mm² + 2 x 1,5 mm² 0,4 11,3 25 6 3 × 2,5 mm² + 3 x 1,5 mm² 0,4 12,2 25 7 6 × 2,5 mm² 0,4 13,2 25 8 2 × 1,5 mm² 0,31 7,4 20 9 4 × 16,0 mm² 0,4 22,1 32 10 3 × 4,0 mm² 0,4 11,0 20 (Continuação) Definidos os diâmetros dos eletrodutos, essa informação deve ser adicio- nada à planta baixa do projeto, finalizando, assim, a execução dessa parte do projeto. A planta baixa completa da residência adotada como modelo é apresentada na Figura 9, a seguir. 27Instalações elétricas de uma residência Figura 9. Planta baixa do projeto elétrico da residência adotada como modelo. Estando a planta baixa concluída para finalizar o projeto, é necessário dimensionar os dispositivos de proteção e desenhar o digrama unifilar do quadro de distribuição. Instalações elétricas de uma residência28 Dimensionamento de dispositivos de proteção Os dispositivos de proteção são determinados para realizar as proteções exi- gidas pela ABNT NBR 5410:2004: contra sobrecarga e curto-circuito, contra correntes de fuga e contra surtos detensão. Cada dispositivo exige uma forma diferente de dimensionamento — por exemplo, os DTM são para proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos — e são determinadas conforme as características de cada circuito. Sendo assim, deve conter no painel um DTM para cada circuito elétrico. As características a serem observadas conforme a ABNT NBR 5410:2004 são: corrente nominal (In), corrente de atuação (I2) e curva de atuação. As equações para determinar as características nominais dos disjuntores são as seguintes: Ib ≤ In ≤ IZ I2 ≤ 1,45 × IZ onde: � Ib é a corrente de projeto, em Ampère (A); � In é a corrente nominal do disjuntor, em Ampère (A); � IZ é a capacidade de condução de corrente dos condutores, em Ampère (A); � I2 é a corrente convencional de atuação dos dispositivos de proteção, em Ampère (A). A determinação da curva de atuação do disjuntor depende do tipo de carga a ser protegida por ele, sendo: � curva de disparo magnético B — utilizada para circuitos resistivos, como chuveiros, lâmpadas incandescentes, etc.; � curva de disparo magnético C — utilizada para circuitos de iluminação fluorescente, tomadas, pequenos motores e aplicações em geral; � curva de disparo magnético D — utilizada para circuitos com elevada corrente de energização, como grandes motores. 29Instalações elétricas de uma residência Os DR garantem o desligamento de um circuito elétrico em caso de fugas de correntes para terra e devem ser instalados em todas as áreas úmidas da residência, como cozinhas, banheiros, áreas de serviço, ou análogos. As características a serem observadas conforme a ABNT NBR 5410:2004 são: corrente nominal (InDR), sensibilidade do DR (I∆n) e classificação do DR. As equações para determinar suas características nominais são as seguintes: InDR ≥ In I∆n ≤ 30 mA onde: � InDR é a corrente nominal do DR, em Ampère [A]; � In é a corrente nominal do disjuntor, em Ampère [A]; � I∆n é a corrente residual de disparo do DR, em Miliampère [mA]. A determinação da classificação do DR depende do tipo de tensão de alimentação do circuito a ser protegida por ele, sendo: � AC — correntes de faltas alternadas, mais utilizado em instalações residenciais; � A — correntes de falta alternada e corrente contínua pulsante; � B — correntes de falta alternada, corrente contínua pulsante e corrente contínua pura. Os DPS garantem o escoamento para terra das correntes geradas pelos surtos na rede e devem ser instalados no quadro de distribuição, sendo um para cada fase e um para o neutro. Em caso de equipamentos mais sensíveis, pode-se optar pela instalação de um DPS local junto ao equipamento. As características a serem observadas conforme a ABNT NBR 5410:2004 são: � tensão de suportabilidade de impulso (Up); � tensão máxima de operação contínua (Uc); � corrente nominal de descarga (In); � classificação do DPS. Instalações elétricas de uma residência30 As equações para determinar as características nominais dos DPS são as seguintes: Up ≥ 1500 V Uc ≥ 1,1 × Uo DPS de fase: In ≥ 5 kA DPS de neutro: In ≥ 10 kA onde: � Up é a suportabilidade a impulso exigível dos componentes da insta- lação, que seve ser maior que a tensão mínima indicada na tabela 31 da ABNT NBR 5410:2004; � Uc é o valor mínimo de tensão exigível do DPS; � Uo é a tensão de fase-neutro da instalação; � In é a corrente nominal para proteção contra descargas atmosféricas indiretas. A determinação da classificação do DPS depende do local onde o equipa- mento será instalado e do tipo de proteção desejada, sendo: � classe I — indicada para locais sujeitos à descarga de alta intensidade, sendo a rede elétrica aérea e exposta diretamente à incidência do raio (instalado na entrada da rede local); � classe II — indicada para locais com rede elétrica interna (instalado diretamente dentro do quadro de distribuição); � classe III — indicada para proteção pontual de equipamentos, como centrais telefônicas ou circuitos de informática (instalado junto ao equipamento). Dimensionando as proteções para nossa residência utilizada como modelo, temos a relação apresentada no Quadro 8, a seguir. 31Instalações elétricas de uma residência Quadro 8. Corrente corrigida dos circuitos da residência objeto de estudo Circuito Corrente (IB) Condutor do circuito Corrente (IZ) DTM DR 1 3,94 A 1,5 mm² 17,5 A C10 — 2 3,15 A 2,5 mm² 24 A C20 — 3 14,17 A 2,5 mm² 24 A C20 25 A — 30 mA 4 14,17 A 2,5 mm² 24 A C20 25 A — 30 mA 5 4,72 A 2,5 mm² 24 A C20 25 A — 30 mA 6 8,55 A 2,5 mm² 24 A C20 25 A — 30 mA 7 12,84 A 2,5 mm² 24 A C20 25 A — 30 mA 8 27,27 A 4,0 mm² 32 A B32 40 A — 30 mA 9 55,69 A 16,0 mm² 68 A C63 — O diagrama unifilar do quadro de distribuição apresenta os dispositi- vos de proteção, suas ligações e os respectivos circuitos protegidos por eles. O diagrama unifilar do quadro da residência utilizada como modelo está representado na Figura 10, a seguir. Utilizou-se aqui um exemplo simples de projeto, para que ficasse claro o passo a passo. O importante é seguir essa sequência, contar com um bom planejamento e uma boa previsão de carga. Um projeto de projetos elétricos residenciais precisa sempre seguir as normas de distribuição da concessionária local e a ABNT NBR 5410:2004. Seguindo esse detalhamento, o projeto será facilmente interpretado por todos os envolvidos na sua execução. Instalações elétricas de uma residência32 Fi gu ra 1 0. D ia gr am a un ifi la r d o qu ad ro d e di st rib ui çã o. 33Instalações elétricas de uma residência ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410:2004. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14136:2012. Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até 20 A/250 V em corrente alternada — Pa- dronização. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. Versão Corrigida 4:2013. CEMIG. Norma de distribuição: fornecimento de energia elétrica em tensão secundária – rede de distribuição aérea — edificações individuais. Belo Horizonte: CEMIG, 2017. CLAMPER. Clamper VCL Slim. 2017. Disponível em: https://www.clamper.com.br/wp- -content/uploads/2017/08/05-CLAMPER-VCL-Slim-275-20kA-798x796.jpg. Acesso em: 04 nov. 2019. GEBRAN, A. P.; RIZZATO, F. A. P. Instalações elétricas prediais. Porto Alegre: Bookman, 2017. (Série Tekne). MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais: de acordo com a norma brasileira NBR 5419:2015. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. SIL. Cabos elétricos. 2019. Disponível em: https://www.sil.com.br/media/75843/Flexil750V. png. Acesso em: 04 nov. 2019. TIGREFLEX. Ficha técnica. 2015. Disponível em: https://tigrecombr-prod.s3.amazonaws. com/ default/files/produtos/ficha-tecnica/Ficha%20Tecnica%20156_Tigreflex%20 Amarelo.pdf. Acesso em: 04 nov. 2019. Leituras recomendadas ARAUJO, L. M. M.; BARBOSA, F. S. Desenho técnico aplicado à engenharia elétrica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. FRIEDRICH, D. N. et al. Equipamentos elétricos. Porto Alegre: SAGAH, 2018. RODRIGUES, R.; GUIMARÃES, R. F. A.; SOUZA, D. B. C. Instalações elétricas. Porto Alegre: SAGAH, 2017. Instalações elétricas de uma residência34 Dica do professor Quando se atua em instalações elétricas residenciais, um item extremamente importante é a segurança. Ela deve ser colocada em prática no momento de selecionar os materiais e componentes para a instalação, de realizar o correto dimensionamento de todos elementos, entre os quais estão os condutores, eletrodutos, disjuntores e outros, e de obedecer aos requisitos prescritos nas normas técnicas. Com isso, é possível diminuir a possibilidade de um acidente. Porém, em relação às instalações elétricas energizadas, é necessário ver o que é tratado na Norma de Instalações e Serviços em Eletricidade, a NR-10. Essa norma trata de várias diretrizes básicas para implantação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança e saúde, de forma a garantir segurança dos trabalhadoresque, direta ou indiretamente, interagem em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Na Dica do Professor, você vai conhecer mais sobre o item de segurança em instalações elétricas energizadas da NR-10. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/cf13f4072fb9a8f8551fe6c0632ee060 Exercícios 1) A instalação elétrica é uma das etapas mais importantes no processo de construção ou reforma de uma residência. Para isso, é necessário que o projeto elétrico esteja adequado às normas técnicas vigentes. Na elaboração de um projeto de instalações elétricas residenciais, é preciso cumprir algumas etapas. Dentre as alternativas a seguir, qual delas contempla todas essas etapas? A) Memorial descritivo, plantas e memorial de cálculo. B) Memorial descritivo, plantas e prumadas e memorial de cálculo. C) Memorial descritivo, plantas e prumadas, memorial de cálculo e orçamento. D) Memorial descritivo, plantas e prumadas e memorial de cálculo. E) Memorial descritivo, plantas e prumadas e orçamento. 2) Os condutores podem ser utilizados como fase, neutro, proteção e proteção e neutro. Considerando que fosse solicitado realizar a instalação elétrica de uma lâmpada, cuja tensão de fornecimento é de 127v, quantos condutores seriam necessários e quais seriam as suas funções? A) Dois condutores, fase e fase. B) Três condutores, fase, fase e neutro. C) Um condutor, fase. D) Dois condutores, fase e neutro. E) Quatro condutores, fase, fase, fase e neutro. 3) Sabe-se que a NBR 5410 é aplicada em diversas instalações elétricas. Dentre as muitas aplicações referentes à instalações elétricas de baixa tensão, é possível afirmar que a norma é utilizada em quais instalações? A) Residências, indústrias e iluminação pública. B) Residências, instituições e instalações agropecuárias. C) Iluminação pública e instalações residenciais e comerciais. D) Instalações residenciais, comerciais e industriais e redes de distribuição de energia elétrica. E) Instalações residenciais, comerciais e industriais e cercas eletrificadas. 4) Considerando um determinado projeto elétrico residencial, vários aspectos devem ser levados em consideração para ser possível realizar a sua elaboração. Um dos componentes fundamentais é o quadro de distribuição de energia elétrica. Para realizar o seu dimensionamento, deve-se ter bastante clareza de quais informações técnicas são necessárias. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que contenha todas as informações necessárias para executar o dimensionamento de um quadro de distribuição residencial. A) Tensão de fornecimento, corrente corrigida do projeto e circuitos de cargas. B) Diâmetro dos condutores, fator de demanda e fator de agrupamento. C) Capacidade dos disjuntores, fator de demanda e corrente de projeto. D) Corrente corrigida de projeto, fator de demanda e fator de agrupamento. E) Tensão de fornecimento, corrente de projeto e circuitos de cargas. 5) A padronização de componentes elétricos é de extrema importância, pois garante maior confiabilidade nos sistemas e nas instalações elétricas. Em 2011, foi implementado o padrão de três pinos para tomadas no Brasil. Dentre as opções a seguir, qual foi a norma que padronizou os tipos de tomadas? A) NBR 13534. B) NBR 13570. C) NBR 5418. D) NBR 5410. E) NBR 14136. Na prática Seguir as normas técnicas é fundamental. Porém, por desconhecimento ou descaso, algumas práticas, apesar de estarem completamente erradas, acontecem com certa frequência. Essas situações práticas serão apresentadas mostrando a maneira correta de agir em cada uma delas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Projetos elétricos residenciais - aula 1 O vídeo aborda a importância de um projeto elétrico em uma residência, quais os elementos necessários para o desenvolvimento do projeto e o cálculo de área e perímetro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Projetos elétricos residenciais - aula 2 Nesta aula, são mostradas a determinação da potência de iluminação, as tomadas de uso geral (TUGs), as tomadas de uso específico (TUEs) e a proteção do medidor de energia elétrica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Projetos elétricos residenciais - aula 3 A terceira aula do projeto trata da quantidade de circuitos e distribuição de carga em um projeto elétrico residencial. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/zFEdv00l8ao https://www.youtube.com/embed/aI_QfIsEH00 https://www.youtube.com/embed/OCAdDmGC4Zc Projetos elétricos residenciais - aula 4 A última aula aborda a transposição dos circuitos na planta baixa, o cálculo de corrente baseado no fator de agrupamento e o quadro de distribuição. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Dispositivos de proteção elétrica Este vídeo apresenta o funcionamento de um disjuntor termomagnético e suas classificações, referentes à carga a ser protegida. Portanto, há disjuntores de classe B, C e D. Também é apresentado o disjuntor diferencial residual (DDR) e o interruptor diferencial residencial (IDR). Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Projeto de instalações elétricas Este vídeo aborda algumas características do fornecimento de energia elétrica e apresenta diagramas unifilares de uma instalação elétrica. São apresentados exemplos simples que ajudam na compreensão dos conceitos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Dispositivos de proteção elétrica Este vídeo apresenta tipos de proteção, no caso, fusível, disjuntor termomagnético e aterramento. https://www.youtube.com/embed/FG3FeY8Vb0s https://www.youtube.com/embed/YvG56eitRZQ https://www.youtube.com/embed/BvcryFqeNYs Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/h2CXcdsifWo
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