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Tratamento de Emulsões de Água em Óleo

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ISSN 2176-7947 
 
UNIVERSO DO PETRÓLEO E GÁS 
 
 
Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN 
v. 01 n.2 Jan./Jun – 2010 - Semestral 
 
 
Diretor Geral 
Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
 
Coordenadora Acadêmica 
Eliene Maria Gava Ferrão 
 
Coordenador Financeiro 
Fernando Bom Costalonga 
 
Coordenadores de Curso 
Ciências Contábeis / Petróleo e Gás 
Alcione Cabaline Gotardo 
 
Administração de Empresas/ Administração com linha de Pesquisa em Análise de Sistemas 
Jaqueline Guimarães 
 
Pedagogia / Letras 
Seliane Pezzim Livio 
 
Direito 
Fernanda Mauri 
 
Serviço Social 
Jacqueline Kelly Cunha 
 
Bibliotecária 
Alexandra Barbosa Oliveira 
 
Presidente da Comissão Editorial 
Eliene Maria Gava Ferrão 
 
Comissão Editorial 
Eliene Maria Gava Ferrão 
Kessya Pinitente Fabiano Costalonga 
Viviane Dias de Carvalho Pontes 
 
Endereço para correspondência 
Biblioteca Pe. Carlos Furbetta 
Rua Jacobina, 165 – Bairro São Francisco 
29830-000 – Nova Venécia – ES 
e-mail: alexandrao@univen.edu.br 
 
Capa 
Maico Roncatto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universo do Petróleo e Gás / Faculdade Capixaba de Nova Venécia– v. 
1. n.2, 2010 – Nova Venécia: UNIVEN, 2010. 
 
 
Semestral 
ISSN 2176-7947 
 
1. Pesquisa científica: Periódicos. I. Faculdade Capixaba de Nova 
Venécia. 
 
CDD. 665.05 
 
UNIVERSO DO PETRÓLEO E GÁS 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
A R T I G O S 
 
Tratamento de Emulsões de água em óleo no Processamento Primário do Petróleo.. 
Alex Xavier dos Santos 
Angela Maria Bissoli da Silva 
Gabriel Vaccari 
Wesley Nogueira da Silva 
05 
 
 
Etanol: Impactos do Avanço do Plantio de Cana de Açúcar sobre a Produção de 
Alimentos no Brasil ............................................................................................................ 
Anderson Vieira 
Cilas Vieira Lagoeiro Gabriel 
Edson Lucchi Fabres 
Gean Breda Queiros 
 
24 
 
Importância da Utilização das Brocas Tricônicas e PDC (Polycrystalline Diamont 
Compact): UM ESTUDO DE CASO................................................................................. 
Auliece Bravim 
Darlinaldo Bozzetti 
Gean Breda Queiros 
Vitor Fiorim 
Waniton Carrasco 
 
37 
 
A Contribuição do Espírito Santo na Produção de Gás Natural para a Matriz 
Energética do Brasil........................................................................................................... 
Carlos Henrique Soares de Oliveira 
José Olegário Rodrigues 
Lucio Carlos Freitas Fernandes 
Maria das Graças Santana Fernandes 
Washington Luiz Vasconcelos 
 
47 
 
Matéria-Prima para a Produção de Biodiesel em São Mateus..................................... 
David Simão Araújo 
Layla Aksacki 
Rogério Danieletto Teixeira 
Solivan Altoé 
Thiago Olioze 
73 
 
Completação de Poços: Problemas Associados a Cimentações em Poços com Elevada 
Razão entre Afastamento Horizontal e Profundidade Vertical............................................ 
Eliana Lima Miranda 
Felipe Gonçalves de Souza 
Fernando de Souza Vieira 
Maria Claudia Daré 
Rosangela Salvador Biral dos Santos 
 
93 
 
ISSN 2176-7947 
5 
 
 
 
TRATAMENTO DE EMULSÕES DE ÁGUA EM ÓLEO NO PROCESSAMENTO 
PRIMÁRIO DO PETRÓLEO 
 
Alex Xavier dos Santos1 
Angela Maria Bissoli da Silva2 
Gabriel Vaccari3 
Wesley Nogueira da Silva4 
 
 
RESUMO 
 
O principal objetivo desse artigo é mostrar a importância do tratamento de emulsões de água 
em óleo no processamento primário do petróleo. Para isso, foi realizada uma pesquisa 
descritiva, exploratória e bibliográfica, a fim de coletar os dados e apresentar 
sistematicamente as informações obtidas, descrevendo: O processo de separação primário 
com os problemas que podem ser ocasionados caso as especificações exigidas pelo transporte 
não forem atendidas; os agentes emulsificantes; o método de elevação que pode ser utilizados 
de forma a diminuir a quantidade de emulsão no processo de produção (BCP); demonstrar os 
tratamentos físico/químicos que são utilizadas para a desestabilização dessas emulsões e as 
etapas de separação. 
 
PALAVRAS -CHAVES: Emulsificantes; Emulsão; Tratamento. 
 
 
ABSTRACT 
 
The main goal of this article is to show the importance of treating water emulsions in oil in the 
primary processing of oil (petroleum). For this, was performed a descriptive search, exploratory and 
Bibliographic, in order to collect data and show systematically the information obtained, describing: 
The separation process issues that may be incurred if the required specifications for transport are not 
used , the emulsifying agents (products), the method of elevation that can be used to decrease the 
amount of emulsion in the production process (BCP); demonstrate the physical treatments/chemicals 
that are used to destabilize these emulsions and separation stages. 
KEY -WORDS: Emulsifiers; Emulsion; Treatment. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Na indústria petrolífera a emulsão, que é a mistura entre dois líquidos imiscíveis em que um 
deles (a fase dispersa) encontra-se na forma de finos glóbulos no meio do outro líquido (a fase 
contínua), formando uma mistura estável, está presente desde a perfuração do poço (fluido de 
perfuração) até a distribuição de seus derivados, podendo ser tanto um problema quanto uma 
solução. Problema quando encontramos uma grande quantidade de emulsão nos reservatórios 
 
1 Tecnólogo em Produção de Petróleo e Gás Natural pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
2 Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia-UNIVEN; Especialista 
em Didática no Ensino Superior pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN; Especialista em Gestão 
Empresarial pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN; Complementação Pedagógica em 
Matemática pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN e Professora da Faculdade Capixaba de Nova 
Venécia – UNIVEN. 
3 Tecnólogo em Produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
4 Tecnólogo em Produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miscibilidade
6 
 
 
 
de petróleo que será explorado, e solução quando um acidente ocorre. Por exemplo, quando 
ocorre um derramamento de óleo em águas é formada uma emulsão que será tratada para que 
o ambiente agredido pelo óleo seja limpo; o fato da água não se misturar com o óleo 
derramado é uma vantagem, pois facilita o trabalho de limpeza. Toda esta vasta ocorrência se 
deve à natureza oleosa do petróleo e também a sua composição, estimada em mais de 500 
compostos. 
 
Por consequência da existência de vários tipos de petróleo, a tendência de formar emulsões 
varia a cada tipo, quanto mais pesado o óleo for, maior a facilidade de formar emulsão 
(SCHRAMM, 1992). Isto dificulta em muito o trabalho de projetistas e engenheiros, pois a 
previsão de seu comportamento nem sempre é acertada. 
 
Esse artigo apresenta as diferentes emulsões e seus tratamentos, a separação de seus 
componentes e a análise da formação de emulsões de petróleo e água e o comportamento da 
mistura água/óleo em relação a composição do óleo, a composição da água e a quantidade de 
água presente na emulsão, sabendo que na emulsão também existem outros compostos de 
forma original ou adicionada propositalmente. 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
De acordo com Dourado (2009), no reservatório, o óleo normalmente é encontrado 
juntamente com água, gás e outros compostos orgânicos. Essas substâncias, incluindo o óleo 
estão no reservatório de acordo com suas densidades. Como indicado na figura 1. 
 
Na zona superior do reservatório, geralmente há uma “capa” de gás rico em metano (CH4), 
conhecido como gás associado. Esse gás é composto também por outros hidrocarbonetos (no 
estado gasoso) e por gases corrosivos como o gás sulfídrico (H2S) e o dióxido de carbono 
(CO2). 
 
Na zona intermediária, está o óleo propriamente dito, contendo água emulsionada e também 
os mesmoscomponentes presentes no gás associado. A emulsão de água e óleo se localiza em 
maior concentração na interface do óleo com a água dentro do reservatório. 
 
Na zona inferior, é encontrada água livre (não misturada com óleo), com Sais Inorgânicos 
dissolvidos e Sedimentos. 
 
Figura 1- Representação da composição de um reservatório 
Fonte: Dourado, 2009. 
2.1 EXPLOTAÇÃO (PERFURAÇÃO E PRODUÇÃO) 
7 
 
 
 
 
Depois de reconhecidas as capacidades de produção de uma rocha reservatório são iniciadas 
as etapas de exploração, que se caracterizam em perfurar o poço, e instalar todos os 
equipamentos necessários para colocá-lo em produção. Após o início da produção o óleo é 
extraído e logo que chega à superfície, tratado. Esse tratamento é denominado processamento 
primário do petróleo. 
 
 
2.2 PROCESSAMENTO PRIMÁRIO 
 
Segundo Dourado (2009), o processamento primário é caracterizado por um conjunto de 
operações que evitam maiores custos de produção, pois acima de determinados níveis, a 
presença de gás associado e água salmourada (como é chamada a mistura de água, sais e 
sedimentos) no óleo, causariam corrosões aos dutos, tanques de armazenamentos, petroleiros, 
e nos terminais da refinaria, além de que toda a água descartada no processamento primário 
também seria transportada, aumentando os custos do transporte de tal forma que inviabilizaria 
a produção em muitos locais. 
 
O gás associado contém substâncias corrosivas e por ser altamente inflamável deve ser 
removido por problemas de segurança (corrosão ou explosão). Água, sais e sedimentos 
também devem ser retirados a fim de reduzir os gastos com bombeamento e transporte, bem 
como para evitar corrosão ou acumulação de sólidos nas tubulações e equipamentos por onde 
o óleo passa. Por isso, antes de ser enviado à refinaria o petróleo passa pelo chamado 
Processamento Primário, realizado em equipamentos de superfície nos próprios campos de 
produção. Ao final desse processamento, têm-se fluxos separados de óleo e gás, além de água 
que depois de ser tratada é descartada ou reinjetada no poço como método de recuperação. O 
óleo final conterá teores menores daqueles hidrocarbonetos mais facilmente vaporizáveis, 
ficando, então, menos inflamável que o óleo cru. Por isso, o óleo “processado” demonstrado 
na figura 2 é também chamado Óleo Estabilizado. 
 
 
Figura 2- Representação do processamento primário do óleo. 
 
O processamento primário do óleo cru é resumido em um conjunto de processos detalhados a 
seguir: 
 
 
2.2.1 SEPARADORES GRAVITACIONAIS 
 
8 
 
 
 
O processo de separação gás-óleo-água é realizado em equipamentos conhecidos como 
separadores trifásicos, onde essas três substâncias com diferentes densidades são separadas 
por ação da gravidade. Esse é um tratamento físico denominado decantação, apresentado 
esquematicamente na figura 3. 
 
 
Figura 3 - Separador Trifásico - óleo, água e gás 
Fonte: Dourado, 2009. 
 
 
2.2.2 DESIDRATAÇÃO DO ÓLEO 
 
A segunda etapa do Processamento Primário é a desidratação do óleo que sai do separador. 
 
O objetivo da desidratação é remover ao máximo essa água emulsionada do óleo, e para isso 
podem ser injetadas substâncias químicas chamadas desemulsificantes. Devido à ação dos 
desemulsificantes, as gotículas de água se coalescem e agora, em gotas com diâmetros 
maiores, boa parte dessa água emulsionada se separa do óleo. A figura 4 a seguir demonstra a 
emulsão água/óleo. 
 
 
Figura 4 - Emulsão água-óleo 
 
9 
 
 
 
Em resumo, o Processamento Primário permite então, que o óleo atenda as especificações 
exigidas pelo refino que são: 
 
a) um mínimo de componentes mais leves (os gases); 
b) quantidade de sais abaixo de 270 miligramas por litro (270 mg/l) de óleo; 
c) quantidade de água e sedimentos abaixo de 1% (do volume do óleo). Essa quantidade é 
conhecida como BSW (Basic Sediments and Water - Água e Sedimentos Básicos). 
 
 
2.3 EMULSÕES 
 
Emulsão é um sistema líquido heterogêneo consistindo de dois líquidos imiscíveis com um 
dos líquidos intimamente dispersos na forma de gotículas no outro líquido. As emulsões se 
distinguem pelo fato de existir uma grande dispersão de um líquido dentro de outro, havendo 
uma pequena coalescência (união de partículas de um mesmo liquido). A figura 5 apresenta os 
principais tipos de emulsão existentes no petróleo. 
 
 
Figura 5- Tipos de emulsão 
Fonte: Souza, 2009. 
 
A estabilidade da emulsão é determinada pelo tipo e pela quantidade de agentes superficiais 
que agem como agentes emulsificantes na formação das gotas. Estes agentes emulsificantes 
agem nas interfaces das gotículas, impedindo o coalescimento, mantendo assim, uma fase 
dispersa em outro líquido. 
 
Uma emulsão é constituída basicamente de duas fases, a fase externa ou fase contínua, a fase 
onde estão dispersas as gotas e a porção da emulsão que se constitui em pequenas gotículas 
chamadas de fase interna ou fase dispersa ou fase descontinua. (BRADLE, 2009). 
 
A coloração da emulsão no petróleo pode ser bem escura, dependendo do tipo do óleo e da 
quantidade de água em emulsão na mistura. A cor mais comum é o preto meio avermelhado, 
mas, pode-se encontrar desde cores como verde claro ou amarelo ao cinza ou preto. SILVA, 
(2009), afirma que o brilho na superfície é um indicativo da presença de um emulsificante. 
 
 
2.3.1 EMULSÕES NO ÓLEO CRU 
 
De acordo com Silva (2009), três condições são necessárias para a formação de uma emulsão: 
(1) os dois líquidos que formam a emulsão precisam ser imiscíveis, (2) precisam ser 
10 
 
 
 
suficientemente agitados para haver uma dispersão de um líquido em outro e (3) é necessária 
à presença de um agente emulsificante na mistura. Óleo e água apresentam estas 
características e, se levemente agitados rapidamente se separam. 
 
Quando se fala em emulsão de óleo cru, geralmente se considera uma emulsão do tipo 
água/óleo, também chamada de emulsão normal na indústria do petróleo. A emulsão de 
óleo/água na indústria do petróleo é chamada de emulsão inversa. 
 
As agitações necessárias para a formação de emulsões podem ser resultantes de uma ou varias 
fontes, tais como: bombeamento do petróleo no fundo do poço, escoamento do fluido pela 
tubulação e pela cabeça do poço, bombeamento na superfície e pela perda de carga existente 
nas singularidades das tubulações. 
 
O óleo cru apresenta tendência a se emulsificar e algumas emulsões são mais difíceis de 
serem separadas do que outras. A estabilidade da emulsão varia de acordo com a quantidade e 
a natureza do emulsificante. Se no óleo cru não existir agentes emulsificantes, a instabilidade 
contribuirá para o coalescimento, facilitando a separação dos líquidos. Caso haja a presença 
de um agente emulsificante, haverá uma maior estabilidade das gotículas dificultando a 
separação natural das fases. 
 
Mesmo sem o tratamento da emulsão, esta irá se separar naturalmente devido à diferença de 
densidade entre os fluidos. Alguns processos de tratamento são utilizados para uma completa 
separação, entretanto, haverá ainda uma pequena porcentagem de líquido pesado dispersa no 
liquido leve após todo processo, sendo estas gotas restantes separadas naturalmente por 
gravidade. 
 
 
2.3.2 AGENTES EMULSIFICANTES 
 
O agente emulsificante facilita a emulsificação pela diminuição da tensão interfacial e pela 
formação de um filme rígido na interface entre a água e o óleo, dificultando a floculação e 
coalescência das gotículas. Os agentes emulsificantes podem ser eletrólitos inorgânicos, 
tensoativos, macromoléculas ou sólidos finamente divididos (SCHRAMM, 1992). 
 
Os agentes emulsificantes podem estar presentes tanto na água quanto no óleo. Dentre os 
presentes na água, destacam-se os sedimentos suspensos e particulados como as argilas. Já no 
petróleo, estão presentes os asfaltenos, parafinas, resinas e compostos oxigenados (LEE, 
1999). 
 
Os asfaltenos são moléculas de alta massa molecular formadas por poliaromáticos 
condensados interconectados por enxofre,éter, cadeias alifáticas e anéis naftênicos. (Sullivan 
e Kilpatrick, 2002). Vários desses heteroátomos também estão presentes, como o oxigênio, o 
nitrogênio e metais (principalmente níquel e vanádio). São insolúveis em n-alcanos e solúveis 
em aromáticos leves. Portanto, a razão alcanos/aromáticos em um petróleo é muito importante 
na determinação do tamanho das partículas de asfaltenos. 
 
As parafinas são alcanos de alta massa molecular. Elas não estabilizam emulsões sozinhas, 
pois são altamente hidrofóbicas não atuando na interface água-óleo. 
 
11 
 
 
 
Os produtos da foto-oxidação do petróleo também atuam como agentes emulsificantes. Vários 
pesquisadores constataram que petróleos que não formavam emulsões estáveis passaram a 
formá-las após a exposição à luz. Isto se deve a formação de compostos tensoativos, tais como 
ácidos carboxílicos e aldeídos (LEE, 1999). 
 
Outra classe de compostos estudada, como agente emulsificante, é a de porfirinas metálicas. 
 
No petróleo essas porfirinas possuem quatro núcleos pirrol e um metal, geralmente níquel ou 
vanádio. Supõe-se que estes compostos se acomodam na interface água-óleo formando um 
filme que impede a coalescência das gotas. A adição de porfirinas de níquel em um petróleo 
que não formava emulsões estáveis seguida pela mistura com água do mar resultou na 
formação de uma emulsão estável de aparência marrom avermelhada. Outro experimento 
interessante foi feito com o petróleo Gulfaks que também não formava emulsões estáveis 
mesmo com a adição de porfirinas de níquel. Após a exposição do óleo à luz do sol por dois 
dias, o petróleo continuava sem formar emulsões estáveis. Apenas após a exposição ao sol e à 
adição de porfirinas de níquel o óleo formou emulsões estáveis. Isto sugere que as porfirinas 
sozinhas não estabilizam emulsões, mas necessitam da presença de outros agentes 
emulsificantes ou partículas para fazê-lo. Alguns pesquisadores correlacionaram a extensão da 
emulsificação de um petróleo em um derramamento com a quantidade de níquel e vanádio de 
um petróleo (LEE, 1999). 
 
Gomal estudou o efeito da adição de asfaltenos, carbonatos e argilas na densidade e 
viscosidade das emulsões formadas. Com relação à adição de carbonatos, um aumento na 
viscosidade foi observado com o aumento no teor de CaCO3. Isto pode ser atribuído à 
presença do cátion divalente Ca2+ que possui uma alta capacidade de ligar partículas 
coloidais e aumenta o potencial de floculação o que leva a um aumento na viscosidade. No 
estudo da adição de argilas, foram comparadas duas estruturas distintas, a caolinita e a 
bentonita. Para pequenas quantidades de água (10 e 20 %), a adição de argilas não causou 
diferenças entre as densidades das emulsões. No entanto com o aumento da quantidade de 
água (30 e 40%), as emulsões que continham mais argilas apresentaram densidades maiores. 
Isto foi relacionado com a possível formação de uma estrutura de argila que aprisiona uma 
grande quantidade de óleo. 
 
 
2.3.3 EFEITOS DO SAL NA EMULSÃO 
 
No processo de produção de petróleo, geralmente a água, na forma emulsionada, possui 
elevada salinidade, causando vários problemas na produção, tais como a elevada viscosidade 
da emulsão (A/O) e corrosão. A composição de sais é variável, sendo os mais comumente 
encontrados os de sódio, magnésio e cálcio, sob a forma de cloretos e, em menor intensidade 
sulfatos. (OLIVEIRA, 2000). 
 
Vários trabalhos tratam da emulsificação no derramamento de petróleo em água do mar, nos 
experimentos foram utilizadas águas do mar sintéticas simplificadas como no caso de Fingas. 
(2000), Sun e Shook (1996), que utilizaram apenas cloreto de sódio; Aomari, (1998) 
utilizaram cloreto de sódio e cloreto de cálcio e Schorling, utilizou uma salmoura contendo 
cloreto de sódio, cloreto de cálcio, cloreto de magnésio e sulfato de cálcio. As emulsões 
formadas no mar são do tipo A/O e segundo Fingas. (1993) e Fingas (1995) são estáveis com 
conteúdo de 50% a 80% em volume de água, representando uma expansão de volume de 3 a 5 
vezes do volume original. A densidade das emulsões formadas pode resultar maior que 1 
12 
 
 
 
g/mL e mais significativamente a viscosidade pode passar de alguns mPa.s (unidade de 
viscosidade) a 1000 mPa.s, um aumento típico de mil vezes. 
 
Ghannan (2005) mostrou que uma concentração de 1% de NaCl na água utilizada para fazer a 
emulsão aumenta levemente a estabilidade da mesma. Já uma concentração de 5 % de NaCl 
melhora muito a estabilidade da emulsão formada. Ele conclui que o aumento da força iônica 
pode reduzir a atração eletrostática entre as gotículas de água e que, portanto impedem a 
floculação e o coalescimento dessas gotículas. 
 
A estabilização das emulsões depende de outros fatores que não poderiam deixar de serem 
tratados, a repulsão eletrostática é um deles. 
 
a) Repulsão eletrostática 
 
A aproximação das gotas (fase dispersa) pode gerar uma repulsão eletrostática mantendo a 
emulsão estável quando emulsificantes iônicos estão presentes na interface água/óleo. Este 
tipo de mecanismo é mais comumente presente nas emulsões do tipo O/A e não é governante 
na estabilização de emulsões A/O devido à baixa constante dielétrica do óleo (HAVRE e 
SJÖBLOM, 2003; COUTINHO, 2005). 
 
Os agentes emulsificantes iônicos quando presentes na interface induzem o aparecimento de 
cargas elétricas na região. Como é de se esperar, na região próxima à interface acumulam-se 
preferencialmente as cargas opostas a da interface. Este conjunto de cargas distribuídas na 
interface é conhecido como dupla camada elétrica. Se refinarmos essa estrutura difusa 
teremos a camada de Stern, representada na fig. 6. Uma camada simples de cargas opostas de 
tamanho finito adjacente à superfície, e a camada difusa que se estende para fora da camada 
de Stern. 
 
Figura 6- Camada de Stern, repulsão eletrostática. 
 
b) Estabilização Estérica 
 
13 
 
 
 
Alguns emulsificantes, como os asfaltenos, agregados de resinas/asfaltenos e partículas 
sólidas (orgânicas e inorgânicas) são agentes de superfície ativa e absorvem na interface das 
gotas de água. O padrão no qual eles adsorvem é bem definido devido à afinidade das diversas 
partes da molécula pelas fases água e óleo. Assim, as extremidades hidrofílicas ficam 
alinhadas com a água, enquanto as lipofílicas ficam alinhadas com o óleo formando uma 
película orientada e estabilizada (FRANCO, 1988). 
 
A figura 7 mostra o esquema que causa a estabilização estérica, onde as moléculas se 
localizam na extremidade das gotículas de água repulcionando as outras gotículas de água 
impedindo sua coalescência. 
 
 
Figura 7- Repulsão por efeito estérico. 
Fonte: Kokal, 2002. 
 
 
2.4 EFEITOS DO TAMANHO DA PARTÍCULA 
 
O tamanho da partícula é uma variável muito importante em reologia de emulsões. O tamanho 
da partícula é naturalmente função do tipo e estabilidade do estabilizante usado e também do 
tipo e grau de agitação usado. 
 
Ultimamente, têm-se afirmado que uma diminuição no tamanho da partícula aumenta a 
viscosidade. Os efeitos do tamanho da partícula estão intimamente ligados à interação entre as 
partículas, mas somente quando as mesmas são consideravelmente pequenas, menores que 
1μm. Porém, muitas emulsões possuem uma grande quantidade dessas partículas e, quaisquer 
efeitos de carga que possam produzir efeitos similares são negligenciados. 
 
 
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS EMULSÕES 
 
A porcentagem da fase interna não é suficiente para determinar a geometria da emulsão. 
Entretanto, pode se fazer uma classificação da emulsão de acordo com a fronteira das fases. 
(SILVA) 
 
Entre 0 e 5% de fase interna: trata-se de emulsões de muito baixo conteúdo de fase interna. 
Estes aparecem mais em problemas de contaminação de água por hidrocarbonetos e em 
aplicações de produtos pesticidas. 
14 
 
 
 
Entre 5 e 30% de fase interna: trata-se de emulsões de baixo conteúdo de fase interna. São 
mais importantes que a anterior constituindo uma situação indesejável tal como na águaproduzida com o óleo cru. 
 
Entre 30 e 70% de fase interna: trata-se de emulsões de médio conteúdo de fase interna. Suas 
propriedades dependem consideravelmente de sua formação e dos métodos empregados para 
preparação. 
 
Acima de 70% de fase interna: trata-se de emulsões de alto conteúdo de fase interna. A 
proporção de fase interna promove o contato entre gotas auxiliando no coalescimento. 
 
Quando a quantidade de fase interna se aproximar de 90-95% observa-se uma deformação das 
gotas. O sistema não se prepara diretamente, somente por segregação gravitacional. 
 
 
2.6 MÉTODO DE ELEVAÇÃO PREVENTIVO (BCP). 
 
Alguns métodos de elevação artificial foram desenvolvidos com a intenção de minimizar os 
problemas com as emulsões, o BCP (Bombeamento por Cavidade Progressiva) é um deles, 
que utiliza de meios gravitacionais para a elevação do fluido, ao invés de turbilhões que 
ocasionariam o aumento das emulsões no fluido produzido. 
 
A formação de emulsões se dá pela agitação de fluidos com densidades diferentes, se não 
houvesse nenhuma agitação ou se toda água pudesse ser retirada do meio do óleo não haveria 
nenhuma emulsão. 
 
Na produção do óleo, os turbilhões não podem ser evitados, pois os métodos de elevação 
tendem a agitar o fluido para que o mesmo possa ser escoado até a superfície. Ou seja, é quase 
impossível evitar as formações de emulsões no petróleo. Para que possamos entender um 
pouco mais sobre essas características trataremos a seguir à reologia das emulsões. 
 
 
2.7 REOLOGIA DAS EMULSÕES 
 
Em linhas gerais, reologia é a ciência que estuda a viscosidade, plasticidade, elasticidade e o 
escoamento da matéria, ou seja, um estudo das mudanças na forma e no fluxo de um material, 
englobando todas estas variantes. Podemos então concluir que é a ciência responsável pelos 
estudos do fluxo e deformações decorrentes deste fluxo, envolvendo a fricção do fluido. 
 
Esta fricção ocorre internamente no material, onde uma camada de fluido possui certa 
resistência ao se deslocar sobre outra. Tudo isto envolve uma complexidade de fatores. O 
tamanho e geometria de cadeia é um exemplo possível. Enquanto temos os solventes que 
possuem uma viscosidade desprezível, temos também as resinas, com uma viscosidade 
elevada, graças ao tamanho de sua cadeia polimerizada. Ambos são compostos orgânicos, mas 
seus comportamentos são totalmente diferentes. O termo “reologia” foi introduzido por 
Eugene Cook Bingham a partir de suas publicações da década de vinte. 
 
A preocupação com o aspecto de fluência da matéria remonta um passado distante e os anais 
da história da reologia registram como conceito primordial a observação de ser um material 
mais espesso do que outro, e assim mais resistente à fluência do que outro. Nos diversos 
15 
 
 
 
ramos da Reologia, com o aperfeiçoamento dos novos materiais, a quantidade desses ramos 
tem crescido nos últimos tempos. Os materiais podem ser classificados quanto ao seu 
comportamento reológico da seguinte forma: Quanto à deformação, podem ser classificados 
em: Reversíveis ou elásticos e Irreversíveis ou viscosos, em relação aos sistemas ideais. 
 
Os fluidos são classificados em: Newtoniano, Fluido de Bingham, Fluidos pseudoplásticos e 
Fluidos dilatantes. Mas em termos vamos considerar como fluidos Newtonianos e não 
Newtenianos. 
 
 
2.7.1 FLUIDOS NEWTONIANOS 
 
O fluido Newtoniano apresenta um comportamento viscoso ideal onde a variação da taxa de 
cisalhamento versus tensão de cisalhamento é linear. 
 
Os fluidos mais comuns, como a água, o ar e a gasolina, são newtonianos em condições 
normais. 
 
 
2.7.2 FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 
 
Os fluidos nos quais a tensão de cisalhamento não é diretamente proporcional à taxa de 
cisalhamento são não-Newtonianos. A viscosidade nesses fluidos muda quando a taxa de 
cisalhamento é variada. Portanto, os parâmetros experimentais de um Viscosímetro rotativo 
terão efeito sobre a viscosidade medida de um fluido não-Newtoniano. Essa viscosidade 
medida é chamada de “viscosidade aparente” do fluido e é real somente quando parâmetros 
experimentais explícitos são definidos. 
 
Para a viscosidade de fluidos não-Newtonianos, vários métodos são atualmente utilizados. 
 
 
2.7.3 VISCOSIDADE 
 
Em linhas gerais, a viscosidade pode ser definida como sendo a resistência ao escoamento de 
um sistema submetido a uma certa tensão mecânica. A viscosidade é uma expressão da 
resistência de um fluido ao escoamento, sendo assim, quanto maior a viscosidade, maior a 
resistência. 
 
Mais profundamente, viscosidade é a medida do atrito interno de um fluido. Este atrito se 
torna aparente quando uma camada do fluido se move em relação à outra camada. A 
quantidade de força requerida para causar esse movimento é chamada de “cisalhamento”. O 
cisalhamento ocorre quando o fluido é fisicamente movido ou distribuído. Fluidos altamente 
viscosos requerem uma força maior para que uma camada se mova em relação à outra do que 
materiais menos viscosos. 
 
A viscosidade pode ser dividida em três tipos: Viscosidade Aparente, Viscosidade Cinemática 
e Viscosidade Absoluta. 
 
16 
 
 
 
• Viscosidade Aparente: É aquela medida em um único ponto e através de cisalhamento 
constante. É expressa por unidades de Poise ou centiPoise. Utilizada na leitura de viscosidade 
de fluidos pseudoplásticos. 
• Viscosidade Cinemática: é aquela medida por um sistema de geometria que utiliza-se da 
gravidade para sua obtenção de medida. Medida por copos tem, como método, a contagem, 
através de um cronômetro, do tempo gasto para o fluido escorrer pelo orifício inferior destes 
copos. 
• Viscosidade Absoluta: é aquela que é medida por um sistema de geometria que não sofre 
influência da gravidade para a obtenção desta medida. 
 
 
2.8 TRATAMENTO DA EMULSÃO 
 
O objetivo do tratamento das emulsões é fazer coalecer a maior quantidade de partículas do 
mesmo produto que estavam separadas na emulsão, deixando o óleo na especificação desejada 
para ser transportado até a refinaria. 
 
O aparecimento de emulsões estáveis de petróleo do tipo “água em óleo” e a natureza do 
petróleo são os fatores críticos para o tratamento, pois pode ser necessário: 
 
 Adicionar produto químico (desemulsificante) para quebrar a emulsão; 
 Aquecer o petróleo para aumentar a velocidade de quebra da emulsão e a velocidade de 
separação da água do óleo; 
 Promover tempo de separação para que óleo e água se segreguem em diferentes fases. Este 
tempo de separação é oferecido no interior dos vasos separadores: gravitacional, eletrostático 
e tanque de lavagem. 
 
 
2.8.1 DESESTABILIZAÇÃO DO AGENTE EMULSIFICANTE 
 
A desestabilização dos agentes emulsificantes é de fundamental importância para que 
possamos através dos diferentes processos observarmos as emulsões formadas. Geralmente, 
essa desestabilização é realizada adicionando-se calor ou química na mistura. Após a quebra 
das películas, as gotículas começam a coalecer. Agitação moderada ou aplicação de campo 
elétrico auxiliam este processo. Certo tempo em repouso as gotas coalescem, a partir da 
diferença de densidade entre as fases, os líquidos começam a se separar. Existem diferentes 
métodos para a quebra das emulsões, as mais utilizadas são: 
 
 
2.8.2 TIPOS DE TRATAMENTO DA EMULSÃO 
 
a) Tanque de lavagem 
 
Em campos de produção terrestres que apresentam alta razão água-óleo e baixíssima razão 
gás-líquido, são utilizados separadores gás-líquido no primeiro estágio de separação, tipo vaso 
de pressão, e tanques atmosféricos de alta capacidade, mais conhecidos como tanques de 
lavagem, como separador de segundo estágio. A Figura 8 mostra esquematicamente um 
sistema de separação, utilizando tanque de lavagem como separador de segundo estágio. 
 
17 
 
 
 
 
Figura 8- Sistema de separação com o tanque de lavagem 
 
Óleo na saída do tanque de lavagem se encontra, geralmente, emulsionado com água e apenas 
saturado com gás nas condições de operação. Esta mistura é então encaminhada para os 
tratadores deóleo, que finalizam a quebra das emulsões. 
 
b) Tratamento termoquímico 
 
O tratamento termoquímico consiste na quebra de emulsão por meio de aquecimento, 
geralmente na faixa de 45 a 60 ºC. 
 
Estes equipamentos de separação podem ser apenas vasos de alta capacidade com 
aquecimento, produzindo gotas de maior tamanho aumentando assim a taxa de sedimentação 
das gotas de água dispersas. Em alguns casos o próprio tanque de lavagem apresenta um 
sistema de aquecimento e opera como tratador de óleo. 
 
c) Tratador eletrostático 
 
O tratador eletrostático vem como mais uma opção para o processamento primário do óleo, 
mais utilizados nas plataformas marítimas (produção off-shore), por ser menor e mais 
eficiente que os tanques utilizados em terra, e também um processo utilizado para emulsões 
mais estáveis. 
 
Seu sistema de funcionamento se baseia na aplicação de um campo elétrico de alta voltagem a 
uma emulsão; fazendo com que as gotículas de água dispersas no óleo adquiram uma forma 
elíptica alinhadas na direção do campo, com pólos induzidos de sinais contrários, que criam 
uma força de atração provocando a coalescência. Este é o princípio dos tratadores 
eletrostáticos. Abaixo a figura 9 mostra o esquema das gotículas de água na emulsão durante 
o tratamento eletrostático. 
18 
 
 
 
 
Figura 9- Gotículas na emulsão do tratamento eletrostático. 
 
d) Tratamento químico 
 
O tratamento químico das emulsões água-óleo através da adição de desemulsificantes 
apropriados é amplamente utilizado na desestabilização destes sistemas e consequentemente 
na separação das fases óleo e água. Os desemulsificantes apresentam propriedades interfaciais 
e se adsorvem na interface água-óleo mudando as suas propriedades físico-químicas e 
favorecendo assim a coalescência entre as gotas de água (BECKER, 1997 e KOKAL, 2002). 
 
Entre as propriedades que são procuradas nos desemulsificantes destacam-se as altas 
velocidades de adsorção na interface água-óleo, deslocamento dos emulsificantes naturais que 
estabilizam as emulsões e a formação de películas finas e frágeis na interface água-óleo 
(Brasil, 1987). Este mecanismo descreve a formação de gradientes de tensão na interface 
água-óleo devido à aproximação de duas gotas de água. A drenagem da fase contínua entre as 
gotas produz a diminuição da concentração de espécies tensoativas localizadas nas interfaces. 
 
Estes espaços são ocupados pelas moléculas de desemulsificantes que possuem altas 
velocidades de adsorção e melhores propriedades interfaciais que os emulsificantes naturais. 
 
Desta forma, é aumentada a tensão nas interfaces localizadas entre as duas gotas, criando-se 
um gradiente de tensões entre esta região e as demais partes da interface da gota. Assim, é 
favorecida a remoção de mais emulsificantes na região entre as gotas seguido da adsorção de 
desemulsificantes. A película rígida, inicialmente formada pelos emulsificantes naturais é 
substituída por um filme fino e frágil de desemulsificantes de fácil ruptura. 
 
Para cada sistema água-óleo, a eficiência do desemulsificante dependerá da composição da 
espécie química e a concentração adicionada, destacando-se a proporção entre as partes 
hidrofílica e lipofílica da molécula, além do peso molecular da cadeia polimérica. Os efeitos 
composicionais dos emulsificantes presentes num determinado sistema água-óleo podem ser 
quantificados através do termo adimensional HLD definido como o desvio 
hidrofílicolipofílico (SALAGER, 2000 e RONDÓN-GONZÁLEZ, 2006). Apesar dos 
esforços que têm sido feitos na quantificação da eficiência dos desemulsificantes a partir das 
19 
 
 
 
propriedades composicionais do sistema, a escolha do tipo de desemulsificante e a definição 
da concentração ótima são determinadas a partir de testes experimentais de separação (Kokal, 
2002). Estes testes consistem na síntese de emulsões que são misturadas a diversos tipos e 
concentrações de desemulsificantes. A eficiência da separação é avaliada submetendo as 
amostras à centrifugação e/ou aquecimento durante algumas horas (WU, 2003 e TAMBE, 
1995). 
 
 
2.9 ETAPAS DA SEPARAÇÃO 
 
3.9.1 FLOCULAÇÃO 
 
A floculação ocorre quando as gotas tendem a formar um agregado sem perder sua identidade 
inicial. As gotas se aproximam e ficam em equilíbrio nesta condição, formando uma cadeia ou 
corrente também conhecido como colar de pérolas (FRANCO, 1988 e COUTINHO, 2005). 
 
No caso da aproximação de duas gotas, podemos ter duas situações: na primeira, as camadas 
adsorvidas na superfície das gotas não causam interferência entre elas, (fig. 10), e na segunda 
situação estas camadas causam interferência uma na outra, ou seja, as camadas se sobrepõem. 
(fig. 11). (MCLEAN e KILPATRICK, 1997). 
 
 
Figura 10- Gotículas aproximadas sem sobreposição das camadas emulsificantes 
Fonte: Nieves,1987 e; Mclean e Kilpatrick,1997. 
 
20 
 
 
 
 
Figura 11- Gotículas aproximadas com as camadas emulsificantes sobrepostas. 
Fonte: Nieves,1987 e; Mclean e Kilpatrick,1997. 
 
Esse fenômeno é de maior ocorrência no óleo cru, onde os agentes emulsificantes naturais 
encontram-se mais abundantes, reforçando as camadas (filmes), das gotículas emulcionadas. 
 
 
2.9.2 COALESCÊNCIA 
 
A coalescência é o resultado esperado do tratamento das emulsões, é nada mais que a junção 
das gotículas de água que estavam estabilizadas na emulsão, depois do tratamento essas 
gotículas se coalecem aumentando seu tamanho até se sedimentarem junto a porção de água 
livre do sistema. 
 
A coalescência pode ocorrer de modo binário pela agregação das gotas floculadas ou mesmo 
nas zonas de empacotamento denso em quaisquer dos casos a coalescência acontece em duas 
etapas: na primeira ocorre o estreitamento e drenagem do filme interfacial e na segunda etapa 
a ruptura do filme e junção das gotas (Nieves,1987). Como apresentado na figura 11 a seguir. 
 
 
Figura 11- Crescimento das gotas de água. 
Fonte: Dourado, 2009. 
 
21 
 
 
 
Nieves (1987) enfatiza a diferença entre o tempo de coalescência binária e o de coalescência 
interfacial, onde para a coalescência binária define como sendo o tempo para duas gotas em 
aproximação coalescerem, enquanto que para a coalescência interfacial define como sendo o 
tempo necessário para uma gota coalescer com a sua fase homogênea. Na separação 
gravitacional, as gotas estão sob influência da força da gravidade e ambos os tempos de 
coalescência (binário e interfacial) dependem do tamanho da gota e das propriedades físicas 
do sistema líquido-líquido. Do ponto de vista do tempo de coalescência interfacial, outro fator 
que tem forte influência no processo é a altura da zona de empacotamento denso que 
pressiona o filme na interface de coalescência. 
 
Segundo Nieves (1987), na zona de empacotamento denso as gotas perdem a sua geometria 
esférica e formam uma estrutura poliédrica, onde elas apresentam-se bem próximas umas das 
outras, separadas apenas pelo filme da fase contínua, a estabilidade desta emulsão na zona do 
empacotamento depende da drenagem deste filme. O filme é drenado continuamente de forma 
bastante lenta até atingir uma espessura mínima onde ocorre a ruptura do mesmo. A contínua 
drenagem do filme requer um alto módulo de elasticidade dilatacional para as duas interfaces, 
o que é influenciado pelas moléculas de emulsificantes presentes. A presença dos 
emulsificantes dificulta a drenagem do filme. Por outro lado, se o módulo de elasticidade 
dilatacional for extremamente baixo, a drenagem será alcançada, resultando na ruptura do 
filme e a consequente coalescência das gotas. 
 
 
2.9.3 SEDIMENTAÇÃO 
 
A sedimentação ocorre após a coalescência à força, que é regida pela lei de Stokes, quando 
um corpo cai em queda livre, a força de arrasto sobre o corpo vai aumentando à medida que 
sua velocidade cresce. Isso significa que se a altura da queda for suficientemente grande, a 
força de arrasto poderá igualar a força peso e, a partir deste ponto a velocidade do corpo 
torna-se constante ou terminal (MASSAMBANI,2006). 
 
Arnold e Smith (1992) tecem alguns comentários a respeito da utilização da equação de 
Stokes: 
 
Quanto maior o tamanho da gota maior será a velocidade terminal, ou seja, quanto maior a 
gota de água na emulsão maior será a velocidade de sedimentação e menor será o tempo para 
a gota atingir o fundo do separador. 
 
Quanto maior a diferença de densidade entre a água e o óleo maior será a velocidade terminal, 
de modo que petróleos mais leves (densidade baixa) são mais facilmente separáveis. Para uma 
carga de petróleo com 10 ºAPI emulsionado em água doce, a velocidade terminal poderá ser 
praticamente zero tendo em vista a pequena diferença de densidade. 
 
A temperatura tem papel importante na sedimentação tendo em vista que afeta 
consideravelmente a viscosidade do óleo. Assim, altas temperaturas tendem a aumentar a 
velocidade terminal. 
 
A velocidade de sedimentação é bastante afetada pelo tamanho da gota, pela diferença de 
densidade entre as fases e pela viscosidade da fase contínua. Com relação à densidade e 
viscosidade, estes parâmetros são facilmente manipulados com variações de temperatura, 
misturas com petróleos mais leves e diluições com solventes. Por outro lado, o aumento do 
22 
 
 
 
tamanho de gotas por coalescência é favorecido através da utilização de agentes químicos e 
também com o emprego de campo elétrico. 
 
Depois de sedimentado as gotículas se rompem formando uma porção de água livre que é 
descartada pelo processo depois de ser tratada atendendo as especificações exigidas pelos 
órgãos ambientais. Essa água ou é simplesmente descartada, ou reinjetada nos poços como 
método de recuperação secundaria. 
 
Já o óleo depois de atender as especificações, já comentadas por esse trabalho, é transportado 
até as refinarias que fazem o processo de fracionamento, retirando dele diversos produtos 
como: óleos lubrificantes, combustíveis, solventes, asfaltos, e diversos outros produtos que 
fazem parte do cotidiano, e são indispensáveis, mas que devem ser usados com 
responsabilidade para não agredir o meio ambiente. 
 
 
3 CONCLUSÃO 
 
O tratamento das emulsões no processamento primário do petróleo é indispensável no 
tratamento de hidrocarbonetos. Caso o óleo não fosse tratado ao sair do reservatório, os custos 
de transporte, armazenamento e refino, seriam bem maiores que os praticados atualmente, 
pois certamente as manutenções em linhas, e equipamentos seriam em períodos menores, e a 
vida útil desses equipamentos reduzida drasticamente. O tratamento evita todo esse 
transtorno, e reduz o custo de produção, retirando as parcelas de água, sedimentos, e gases 
indesejáveis como o H2S, evitando problemas ocasionados pelos mesmos. 
 
Acredita-se que esse setor na indústria de petróleo e gás tende a evoluir tecnologicamente no 
decorrer dos anos, devido sua importância, e com poços cada vez mais maduros, com isso se 
tem uma produção de óleo cru com BSW bem elevado, consequentemente uma maior 
quantidade de emulsões formadas, dificultando mais o processamento primário do petróleo e 
aumentando os custos de produção. Por isso novas pesquisas devem ser elaboradas, sempre 
buscando melhorias, como métodos que possam adiantar o processo de coalescência das 
gotículas, métodos de elevação que proporcionem menor agitação e possam produzir o óleo 
sem favorecer a formação de emulsões. 
 
Para os patamares atuais, os métodos utilizados atendem muito bem, porém como toda 
indústria pensa em crescimento, a preocupação com mecanismos que busquem o 
desenvolvimento do setor na indústria petrolífera deve ser maior, a ponto de estar aberto a 
novas ideias e buscar estudos e pesquisas a fim de desenvolver projetos capazes de melhorar 
os procedimentos utilizados atualmente. 
 
As mudanças são necessárias e vêm para auxiliar, diminuindo custos e aumentando a 
eficiência de produção, trazendo desenvolvimento ao setor em que atua, e também a toda 
sociedade. 
 
 
4 REFERÊNCIAS 
 
1. A.C. de Miranda. Agente de Flotação, para Quebra de Emusão Óleo/Água Visando 
Tratamento de Águas Produzidas pela Indústria do Petróleo. Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte – UFRN. Acesso em: out. 2009. 
23 
 
 
 
2. CUNHA E. P., Roberto. Modelagem Matemática da Separação de Emulsões de 
Petróleo. Universidade Tiradentes – UNIT. Aracaju, SE – BRASIL, Out. 2007. 
 
3. DOURADO, Robson. Gestão e Engenharia de Petróleo e Gás. IBEC – Instituto 
Brasileiro de Engenharia de Custos. Acesso em: out. 2009. 
 
4. GLÓRIA, M. S. Lucas; OLIVEIRA, C. G. Roberto. Caracterização em Tempo Real de 
Emulsões visando o Dimensionamento de Equipamentos e a Definição das Condições de 
Processamento Primário. Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis – IBP. 
Acesso em: out. 2009. 
 
5. Havre & Sjöblom, Coutinho, Franco, Becker & Kokal, Brasil, Salager, Rondón González, 
Wu & Tambe, Mclean & Kilpatrick, Massambani, (Apud. SILVA). 
 
6. IIDA, Patrícia Hiromi. Estudo do Efeito da Água em Emulsões de Petróleo. 
Universidade Federal do Paraná – UFPR. Acesso em: out. 2009. 
 
7. JÚNIOR, Gilvan. Processamento Primário do Petróleo: Noções de Processo de Refino. 
Tecnologia em Petróleo e Gás – UNIT. Acesso em: out. 2009. 
 
8. Schramm, Lee, Sullivan & Kilpatrick, Fingas, Gomal, Bobra, Sun & Shook Aomari, 
Schorling & Fingas, Fingas e Ghannan, (Apud. CUNHA 2007). 
 
9. SILVA, Mauricio Gonçalves. Comportamento Reológico De Emulsões de Água em 
Óleo na Indústria Petrolífera. Universidade Federal de Itajubá – UFI. Acesso em: out. 2009. 
 
10. SILVA, Robson. Estudo da Aplicação do Pei Hidrofobicamente Modificado Como 
Agente de Estabilização de Emulsões do Tipo Óleo em Água. UFSC – Universidade 
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC – BRASIL, Nov. 2008. 
 
11. SOUZA, Marcos Aurélio. Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional de 
Petróleo e Gás Para o Setor de Petróleo e Gás PRH–ANP/MME/MCT . Rio de 
Janeiro.Acesso em: out. 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
ETANOL: IMPACTOS DO AVANÇO DO PLANTIO DE CANA DE AÇÚCAR SOBRE A 
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO BRASIL 
 
Anderson Vieira5 
Cilas Vieira Lagoeiro Gabriel6 
Edson Lucchi Fabres7 
Gean Breda Queiros8 
 
 
RESUMO 
 
Este artigo teve por objetivo levantar dados e informações necessárias que mostraram se o 
avanço da cultura da cana de açúcar para o etanol impacta ou não na produção de alimentos 
no Brasil. O caminho seguido foi a análise de dados que forneceu a resposta ao 
questionamento proposto. A partir de dados bibliográficos, foi realizada uma análise de 
comparação entre as matrizes energéticas brasileiras e mundiais. Em segundo, um breve 
conceito sobre o que é o etanol e as perspectivas de crescimento do consumo, e por fim, a 
conclusão aponta a necessidade de novas pesquisas para o aprimoramento do tema. 
 
PALAVRAS -CHAVE : Energia; Etanol; Alimentos. 
 
 
ABSTRACT 
 
This article aims to collect data and information necessary to show the progress of the sugar 
cane sugar cane for ethanol or not impacts on food production in Brazil. The route followed 
was the analysis of data that provide the answer to the question proposed. From the 
bibliographic data, an analysis was perfomed to compare the energy matrix in Brazil and 
worldwide. Second, a brief concept about what comes to ethanol and the prospects for 
consumption growth, and finally, the conclusion indicates the need for further research to 
improve the theme. 
 
KEY-WORDS: Energy; Ethanol; Food. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A demanda por fontes de energia remonta a tempos em que o homem passou a utilizar o fogo 
em seu cotidiano, para cozinhar alimentos ou como arma nas guerras. Desde então, não parou 
mais de fazer uso dos variados tipos de materiais que armazenam energia, sejam esses de 
origem vegetal como a biomassa ou de origem fóssil como o petróleo. 
 
Atualmente, os sistemas utilizados para a obtenção da energia requerida pelos processos 
industriais recebem inovações tecnológicas a todo instante. Entretanto, a matéria que contém 
a energia acumuladadenominada hidrocarbonetos é a mesma de milhares de anos atrás. 
 
5 Tecnólogo em Produção do Petróleo e Gás Natural pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
6 Tecnólogo em Produção do Petróleo e Gás Natural pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
7 Tecnólogo em Produção do Petróleo e Gás Natural pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 
8 Mestrando em Administração pela FUCAPE Business School e Professor da Faculdade Capixaba de Nova 
Venécia – UNIVEN. 
25 
 
 
 
Porém, esse uso indiscriminado de hidrocarbonetos está gerando grandes consequências 
ambientais. 
 
A partir desse ponto, o homem está à procura de novas fontes de energia que não agridam 
tanto o seu meio ambiente. Diante desse cenário, o etanol vem se destacando, aumentando 
cada vez mais seu consumo e sua produtividade. Mas essa grande alavancagem, poderá gerar 
impactos em outra área como a produção de alimentos e é isso que este ensaio apresenta: se a 
produção de cana de açúcar para a produção de etanol impacta ou não na produção de 
alimentos. 
 
 
2 REFERENCIAL 
 
2.1 MATRIZES ENERGÉTICAS BRASILEIRAS 
 
Matriz energética é uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da 
quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma região. Uma 
informação importante, obtida a partir da análise de uma matriz energética, é a quantidade de 
recursos naturais que está sendo utilizada. [...] Dispor desta informação nos permite avaliar se 
a utilização desses recursos está sendo feita de forma racional (CENTRAIS ELÉTRICAS 
BRASILEIRAS S.A – ELETROBRÁS, 2009). 
 
O Ministério de Minas e Energia (MME) promove diversos estudos e análises com o objetivo 
de subsidiar a formulação de políticas energéticas, bem como orientar a definição do 
planejamento setorial. Tais estudos e análises são regularmente documentados por meio de 
relatórios e notas técnicas, alguns de grande relevância para a compreensão do setor 
energético nacional. 
 
Um dos estudos mais importantes é o Balanço Energético Nacional (BEN) que, anualmente, 
documenta extensa pesquisa sobre o consumo, a produção e a comercialização dos diferentes 
energéticos em âmbito nacional. O BEN é uma publicação básica para qualquer estudo do 
planejamento do setor energético brasileiro (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIAS, 
2008). 
 
 
2.1.1 ENERGIA NÃO-RENOVÁVEL 
 
Segundo a Agência Municipal de Energia de Almada (2010), energia não-renovável: 
 
São aquelas que se encontram na natureza em quantidades limitadas. E se extinguem 
com a sua utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. 
Consideram-se fontes de energia não renováveis os combustíveis fósseis (carvão, 
petróleo bruto e gás natural) e o urânio, que é a matéria-prima necessária para obter 
a energia resultante dos processos de fissão ou fusão nuclear. 
 
Para o Ministério de Minas e Energias (2008): 
 
O gás natural é o energético que vem apresentando as maiores taxas de crescimento 
na matriz energética, tendo quase triplicado a sua participação nos últimos anos. Em 
2008, com significativo desempenho, a participação passou a 10,2%. O reflexo 
destes aumentos recai, principalmente, sobre os derivados de petróleo, pela 
26 
 
 
 
substituição de óleo combustível e gás liquefeito de petróleo (GLP) na indústria, e 
de gasolina de transporte, além de outras substituições em menor escala. No caso 
específico de 2008, o aumento foi em razão do uso na geração elétrica, com 
crescimento de 81%. 
 
Grande desenvolvimento na área de derivados de petróleo se dá por parte da construção de 
novos gasodutos para abastecer grandes centros metropolitanos que necessitam cada vez mais 
de energia para sustentar principalmente as indústrias, conjuntos habitacionais e prédios 
residenciais. 
 
De acordo com ANP (Agência Nacional de Petróleo): 
 
Foram adicionados mais de 700 km de novos gasodutos ao sistema existente, sendo 
de destacar o gasoduto Cabiúnas-Vitória (303 km), o gasoduto Campinas-Rio de 
Janeiro: trecho Taubaté-Japeri (255 km) e o gasoduto Catu-Carmópolis: trecho Catu-
Itaporanga (196 km). Ao final de 2008, a rede de gasodutos de transporte de gás 
natural chegou a 7.198 mil km. 
 
2.1.2 ENERGIA RENOVÁVEL 
 
Segundo a Agência Municipal de Energia de Almada (2010), diz-se uma fonte de energia é 
renovável quando não é possível estabelecer um fim temporal para a sua utilização. É o caso 
do calor emitido pelo sol, da existência do vento, das marés ou dos cursos de água. As 
energias renováveis são virtualmente inesgotáveis, mas limitadas em termos da quantidade de 
energia que é possível extrair em cada momento. 
 
Foram concluídos levantamentos preliminares que permitiram compor uma ideia concisa da 
Oferta Interna de Energia (OIE) e de outras estruturas energéticas. Tais levantamentos 
indicam que a demanda total de energia no Brasil, em 2008, atingiu 251,5 milhões de tep 
(toneladas equivalentes de petróleo). 
 
Dois fatores contribuíram para a formação do crescimento da demanda por energia: os 
resultados negativos alcançados pelos setores exportadores, especialmente os intensivos em 
energia (metalurgia, química e açúcar) e, o bom desempenho da demanda interna de bens e 
serviços (IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA). 
 
 
2.2 ETANOL 
 
Sardella (2000, p. 286) define etanol “como um líquido incolor, de cheiro característico e 
agradável, e é miscível com a água. Ele é empregado em bebidas alcoólicas, como solvente, 
na preparação de muitas substâncias (ácido acético, éter, tintas, iodofórmio, perfumes), como 
combustíveis nos motores de explosão (substitui a gasolina), etc.”. 
 
O etanol vem sendo considerado um gerador em potencial de biocombustíveis (apesar de 
outras matérias-primas originarem outros tipos de biocombustíveis), ele se tornou o principal 
produto extraído da cana de açúcar que inicialmente era utilizada apenas para fabricação de 
açúcar, mas logo descobriram o seu potencial energético e o Brasil passou a utilizar ainda 
mais o etanol como combustível veicular no começo da década de 70 depois da crise do 
petróleo. E a partir da década de 90 foi criada uma Lei para a adição de um percentual de 
etanol à gasolina. 
27 
 
 
 
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2008): 
 
O álcool etílico, ou etanol, é usado no Brasil, em larga escala, como combustível, 
por meio de dois programas distintos: como álcool hidratado, comercializado via 
bombas específicas nos postos de abastecimento, em veículos movidos 
exclusivamente a álcool e em veículos Flex Fuel, ou como álcool anidro em mistura 
obrigatória à gasolina. A Lei n. 8.723, de 28 de outubro de 1993, dispõe que o Poder 
Executivo fixará o percentual da mistura de álcool anidro na gasolina no intervalo de 
20% a 25%. 
 
2.2.1 CONTEXTO HISTÓRICO 
 
A grave crise do petróleo nas décadas de 70 e 80, quando o preço do barril do petróleo subiu 
de US$ 2,91 para US$ 12,45, aliada a má fase no mercado internacional de açúcar, 
impulsionou o governo brasileiro a implantar um programa que prometia solucionar esses 
problemas: o Proálcool. Afinal, era-se muito dependente da gasolina, e as indústrias de açúcar 
passavam por maus momentos. 
 
Esse programa (o Proálcool, de 1975) constituiu o maior programa público do mundo de 
produção de combustível a partir da biomassa. Na sua primeira fase (1975/1979), o programa 
repetiu uma prática já utilizada no país, desde 1931, a de misturar o álcool anidrido à gasolina, 
visando a dois objetivos: criar um novo mercado para reduzir a capacidade ociosa das usinas e 
reduzir a dependência do petróleo. Nessa primeira fase, de produção de álcool anidro, o 
programa incentivou a instalação de destilarias anexas às usinas existentes. Na segunda fase 
do Programa (1979/1985), priorizou-se a instalação de destilarias autônomas, destinadas à 
produção exclusiva do álcool (anidro e hidratado), este último destinado ao abastecimentodos 
antigos automóveis movidos exclusivamente a álcool (ALVES, 2008, p. 93). 
 
O programa fez com que o governo investisse bastante em diversas áreas como, tecnologia, 
política industrial, planejamento energético, agricultura. Ele incentivava a indústria 
automobilística na fabricação de carros a álcool, reduzindo imposto e financiando estudos 
tecnológicos. Esse programa ofereceu vários benefícios econômicos e ambientais, houve uma 
grande demanda de pessoas para trabalharem nos campos de cana, gerando assim grande 
número de empregos. 
 
Parecia que tudo correria bem, afinal o álcool estava trazendo benefícios a todos. O governo 
estava gerando empregos, resolvendo a questão da dependência da gasolina. A indústria de 
cana de açúcar começava emergir, até que, o preço do barril de petróleo voltou a cair, 
abaixando assim o preço da gasolina, o açúcar voltou a ser lucrativo fazendo com que a 
indústria voltasse sua produção. 
 
[...] o descrédito do programa, foi resultado da ocorrência de duas crises simultâneas de 
abastecimento de álcool para o mercado interno (1989 e 1990). Por sua vez, o 
desabastecimento resultou da destinação da cana à produção de mais açúcar do que álcool. 
 
Essa decisão decorreu da subida dos preços internacionais do açúcar no mercado externo, o 
que tornou mais lucrativo, às usinas, utilizarem a cana para a fabricação de açúcar, do que 
utilizá-la para a produção de álcool, que vivia um período de baixa lucratividade. Devido ao 
controle de preços motivado pela necessidade de conter a inflação interna (ALVES, 2008, p. 
94). 
 
28 
 
 
 
Com os preços do petróleo praticamente estabilizados e em baixa no mercado, houve-se uma 
redução no preço da gasolina e os carros voltaram a utilizá-lo com mais intensidade 
novamente, pois não era viável carros movidos a álcool devido a sua alta de preço no 
mercado. 
 
[...] a década de 90 apresentou o petróleo a preços relativamente baixos, o que comprimia os 
preços da gasolina e era mais um fator a desestimular os automóveis movidos a álcool, 
porque, de um lado, o diferencial de preços da gasolina ficou abaixo, em alguns períodos da 
década, dos 30%, que estimulam a utilização do álcool; de outro, os novos modelos de 
automóveis não foram desenvolvidos para o álcool, portanto a conversão deles para o 
combustível brasileiro, além de ser custosa, provocava uma perda de rendimento, tanto do 
motor, quanto no consumo de combustível (ALVES, 2008, p. 95). 
 
Com o passar dos anos, devido à grande preocupação mundial com o meio ambiente, surgiu a 
necessidade de substituir os combustíveis fósseis por renováveis, e o que mais se encaixava 
em determinados parâmetros foi o álcool, por isso atualmente o Brasil passa por um bom 
momento nesse quesito, afinal é um dos maiores produtores de álcool do mundo, obtém a 
melhor tecnologia de produção, e tem área e clima excelentes para o plantio da cana de 
açúcar, fazendo com que o país seja o foco mundial para o desenvolvimento da área 
canavieira. 
 
 
2.2.2 PERSPECTIVAS PARA O ETANOL 
 
Como na época das crises do petróleo, o mundo está empenhado em encontrar uma solução 
duradoura para seu problema energético. A preocupação ambiental se somou à redução dos 
estoques e a alta dos preços dos combustíveis fósseis para valorizar as fontes renováveis e 
menos poluentes de energia. 
 
O surgimento, em todo o mundo, de novos tipos de veículos e tecnologias de motores, tem 
provocado mudanças importantes na tradicional postura da indústria automobilística e de 
outros agentes atuantes no mercado. 
 
Segundo Alves (2008, p. 96) ocorreu na última década: 
 
 Crescimento da demanda interna de álcool hidratado, devido ao sucesso dos 
novos modelos de automóvel, chamados de “Flex Fuel”, movidos tanto a álcool, 
quanto gasolina; 
 Excelentes perspectivas do comércio internacional, para o álcool, principalmente 
o álcool anidro, decorrentes dos efeitos do Protocolo de Kyoto, que impõe a redução 
das emanações de CO2, um dos principais causadores do chamado efeito-estufa; 
 Elevação dos preços internacionais do petróleo, que ultrapassou a expressiva 
marca de US$ 130,00 o barril (maio de 2008) e continua em tendência de alta. 
 
Com esses grandes fatos que ocorreram na última década associados a um bom desempenho 
da produção de etanol, a demanda nacional e internacional tendem a aumentar a grandes 
escalas. 
 
O Brasil tem trabalhado não só no sentido de aumentar sua produção de álcool etílico para 
fins carburantes, a partir da cana de açúcar, como também de transferir sua experiência e 
tecnologia para que outros países tropicais, que dispõem de terras, mão de obra e radiação 
29 
 
 
 
solar intensa, possam ser produtores e exportadores de álcool, ampliando e diversificando sua 
oferta no mercado mundial. A intenção é tornar o álcool uma commodity internacional 
(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 
2008). 
 
De acordo com Meneghetti (2007): 
 
[...] o setor terá que atender até 2010 uma demanda adicional de 10 bilhões de litros 
de álcool, além de 7 milhões de toneladas de açúcar. A produção desta safra, 
iniciada em abril, deve ser de 17 bilhões de litros de álcool e 26 milhões de 
toneladas de açúcar. Para incrementar a produção, será preciso levar mais 180 
milhões de toneladas de cana para a moagem, com uma expansão dos canaviais em 
2,5 milhões de hectares até 2010. Esses investimentos deverão criar 360 mil novos 
empregos diretos e 900 mil indiretos. 
 
E Carvalho (2007) afirma: 
 
A demanda potencial de etanol combustível no nível mundial será crescente e 
continuada. É necessário salientar que somente a China e a Índia possuem juntas um 
terço da população mundial (2,3 bilhões de habitantes) e devem continuar a ter altas 
taxas de crescimento econômico, o que implicará supostamente em aumento da 
demanda de etanol e de óleos vegetais combustíveis para dar conta das 
recomendações da mistura etanol com gasolina e dos óleos vegetais para utilização 
pura ou em mistura com o diesel. E se considerarmos, ainda, os países 
industrializados como aqueles da Comunidade Europeia, o Japão, a Coreia e a 
Rússia tudo leva a crer que a corrida pelo etanol e pelos óleos vegetais significará 
mais de um processo conjuntural. Representará uma mudança estrutural no perfil da 
oferta de matéria prima mundial para o etanol e os óleos vegetais combustíveis, em 
especial no Brasil. 
 
Essa alta demanda no mercado internacional por etanol começa a transformar a matriz 
energética mundial devido a alguns fatores relevantes. 
 
Três fatores têm sido determinantes para a tendência de alteração discreta da matriz energética 
mundial: a) a elevação discreta, mas crescente, dos custos da extração, do refino e da 
distribuição do petróleo; b) a inviabilidade objetiva das grandes empresas multinacionais do 
petróleo controlarem como desejavam as fontes de petróleo no oriente médio e, recentemente, 
na Venezuela; c) as questões ambientais, entre elas a redução da emissão de gases de efeito 
estufa (GEE) que contribuem para o aquecimento global (CARVALHO, 2007). 
 
A partir dos próximos anos o Brasil entrará com altos investimentos no setor sucroalcooleiro 
para ser o maior produtor de etanol do mundo a abastecer todo o mercado nacional e 
internacional, e para que isso tenha resultados satisfatórios serão investidos principalmente 
em novas destilarias em todo o território brasileiro. 
 
De acordo com Meneghetti (2007), cerca de 40 novas usinas estão em projeto ou em fase de 
implantação, com um total de investimentos calculado em 3 bilhões de dólares. A maior parte 
delas se concentra no oeste do estado de São Paulo, ocupando espaço aberto pelo 
deslocamento da pecuária. 
 
Está-se, portanto, em presença de uma disputa mundial pela dominação das fontes de energia 
a partir da biomassa, em especial pelos territórios com recursos naturais mais adequados para 
a produção da matéria prima necessária (CARVALHO, 2007). 
30 
 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
Para esse ensaio, foiutilizada a pesquisa descritiva que de acordo com Ferrão (2003, p. 80), 
“promove estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico, sem a 
interferência do pesquisador.” 
 
Utilizou-se a técnica de pesquisa bibliográfica, como principal fonte de coleta de dados em 
livros, artigos de revistas e busca com o auxílio da Internet. Segundo Ferrão (2003, p. 102), 
“pesquisa bibliográfica é baseada na consulta de todas as fontes secundárias relativas ao tema 
que foi escolhido para realização do trabalho.” 
 
 
3.1 IMPACTOS DA PRODUÇÃO DO ETANOL SOBRE A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS 
 
Segundo Pinto (2008, p. 07): 
 
Entre os principais desafios com que se defronta a humanidade – além da busca da 
paz, da redução das desigualdades e da superação da miséria – situam-se sem dúvida 
a produção de alimentos e de energia. Essa produção, por sua vez, está diretamente 
relacionada às questões do clima e da água. 
 
Diante disso, tem-se a pergunta, Combustíveis ou alimentos? Na busca por fontes alternativas 
e renováveis de energia, a discussão ganha força mundial. 
 
 
3.1.1 IMPACTOS DA PRODUÇÃO DE ETANOL NO MUNDO 
 
Em todo o mundo está havendo uma grande preocupação com o aumento excessivo no preço 
dos alimentos. A consequência disso é que eles estão sendo utilizados para a produção de 
energia, principalmente na produção de etanol para motores a combustão. 
 
O etanol produzido no EUA e na Europa são originados basicamente de produtos alimentares, 
assim, os preços dos alimentos estão subindo em ritmo preocupante na Europa, China, Índia e 
nos Estados Unidos. Neste ano, a inflação dos alimentos deve ficar em 4% nos EUA. Será a 
maior inflação de alimentos em 17 anos. [...] O boom de etanol aumentou muito a demanda 
por milho, que chegou ao preço recorde de US$ 4,10 por bushel (medida utilizada pela Bolsa 
de Chigago e que equivale a 27,21 quilos), antes US$ 2,40 a um ano. E, apesar de as pessoas 
comerem pouco milho diretamente, ele é parte essencial de vários alimentos. É principal 
componente da ração de porcos, bovinos, frangos, o que leva a aumento de custos de criação 
desses animais e afeta derivados como ovos, manteiga e leite (MELLO, 2007). 
 
Ao mesmo tempo em que a população mundial aumenta, aumenta-se também o consumo de 
bens e serviços, principalmente de energia e alimentação que são básicos para sobrevivência 
da vida na terra. 
 
Para ampliar o consumo seria necessário multiplicar extraordinariamente a produção de 
matérias-prima básicas. Com isso, os preços se elevariam a patamares insustentáveis e as 
fontes hoje existentes para sua obtenção se esgotariam em pouco tempo. Entretanto, atender a 
demanda por alimentos e energia é uma exigência a qual não se pode fugir, sob pena de se 
colocar em risco a própria paz. A demanda permanecerá em ascensão nas próximas décadas, 
31 
 
 
 
uma vez que a população continua crescendo; a expectativa de vida eleva-se; o processo de 
urbanização intensifica-se; e renda, apesar de todas as distorções, cresce. A procura maior é 
uma das causas do aumento dos preços dos alimentos no mercado mundial. Outros fatores que 
se conjugaram também incidem sobre o preço: problemas climáticos em algumas regiões, 
consequente queda de produção; especulação com estoque, aumento do preço do petróleo, 
impactando o custo de fertilizante e dos transportes; uso do milho para a produção de etanol 
nos USA; e subsídios e proteção dos mercados nos países ricos, inibindo produção nos países 
subdesenvolvidos (PINTO, 2008, p. 07). 
 
Com o consumo de biocombustíveis, o etanol está alto em todo o mundo, principalmente nos 
EUA e União Europeia (UE) que estão intensificando suas frotas veiculares a utilizarem 
energias que agridem menos o meio ambiente, aumentando a demanda pelo consumo desse 
novo combustível. Mas o grande problema vem a ser utilizar produtos essenciais para a 
alimentação como matéria-prima, criando um grande problema: o aumento no preço dos 
alimentos. Nesse grande cenário mundial entra em destaque o Brasil com clima e terras 
suficientes para abastecer a demanda mundial por etanol. 
 
 
3.1.2 ETANOL NO BRASIL 
 
O país hoje é detentor de grandes extensões de terras com áreas de pastagem ainda 
inexploradas, que podem ser utilizadas tanto para a produção de alimentos como para a 
produção de matéria-prima básica para produtos bioenergéticos como o etanol, que vai ser a 
grande potência energética do futuro por ser renovável e por agredir menos o meio ambiente. 
 
Ele já está sendo utilizado e testado em várias partes do mundo. O Brasil é um caso particular, 
pois é um dos poucos que utiliza a cana de açúcar para produzir etanol, tendo essa grande 
vantagem sobre outros países que usam alimentos para produzir esse combustível, ainda não 
sofrerá com oscilações sobre preços de produtos alimentares e assim a produção de etanol não 
vai gerar grandes impactos no país. 
 
De acordo com Souza (2007), [...] o Brasil é o país que tem as melhores possibilidades no 
mundo para expandir a produção de agroenergia sem comprometer a segurança alimentar. 
Primeiro, porque é um dos poucos países que possuem lei de segurança alimentar, com 
programas voltados ao combate da fome. 
 
Para o Brasil não haverá grandes problemas para cultivar cana de açúcar, porque além do 
grande número de terras para o plantio disponível e nenhum problema para a produção de 
alimentos, há um grande fator que favorece ainda mais a produção, o clima favorável. 
 
O Brasil é o maior produtor de etanol de cana de açúcar do mundo e ocupa posição de 
liderança na tecnologia de sua produção. Essa liderança e competitividade devem-se ao longo 
trabalho de muitos anos feito por pesquisadores em instituições de ensino e pesquisa e em 
empresas privadas, que resultou em valiosa bagagem de conhecimento e de tecnologia sobre a 
cana, seus derivados e sobre o processo de fabricação do etanol (ROMERO, 2009). 
 
A cada ano que passa o país está intensificando ainda mais sua produção de etanol, para se 
tornar uma potência mundial em produção e se tornar ainda menos dependente de petróleo e 
futuramente abastecer a toda a demanda mundial. 
 
32 
 
 
 
Mas o grande problema que o Brasil pode sofrer no futuro é a invasão dos principais biomas 
como a área da Amazônia e do Pantanal, entre outras que podem sofrer com o setor 
agropecuário. Para que isso não aconteça o governo está criando o Plano de Zoneamento que 
vem a ser um pacote de leis de prevenção dessas áreas de grande importância para o meio 
ambiente. 
 
Segundo Cavalcante (2009): 
 
O plano de zoneamento é uma lei que irá reter e direcionar o crescimento do plantio 
da cana de açúcar; ela proíbe a construção de novas usinas e a expansão do plantio 
em qualquer área da Amazônia, do Pantanal, da Bacia do Alto Paraguai ou em 
vegetação nativa de outros biomas. O projeto ainda será encaminhado ao Congresso 
Nacional. 
 
3.1.3 BRASIL : PRODUÇÃO DE ETANOL X PRODUÇÃO DE ALI MENTOS 
 
O etanol está cada vez mais forte no mercado internacional, com grandes projeções para ser 
utilizado em grande escala em todo o mundo e o Brasil será o principal produtor mundial, 
para que isso aconteça definitivamente ele terá que aumentar sua produção para atender à 
demanda mundial. Para suprir essa, o país necessitará de grandes extensões de terra para o 
cultivo da cana-de-açúcar, e mesmo sendo produzidas em grandes escalas ainda haverá terra o 
suficiente para atender também a demanda para a produção de alimentos em grandes 
problemas futuros. 
 
Em longo prazo alguns países podem até enfrentar problemas. Mas o Brasil não corre este 
risco, pois tem terras disponíveis e clima favorável para expandir o plantio da cana sem 
prejudicar a produção de alimentos. Esta rápida expansão de área é um fenômeno 
momentâneo. Não vai muito longe em termos geográficos, mesmo porque a cana precisa de 
logística. [...] Especialistas avaliam que o crescimento não vai prejudicar a produção de 
alimentos no País. Ao contrário, justificam, pode até elevar a produçãode grãos, 
especialmente soja e milho, culturas usadas no sistema de rotação nas épocas de renovação 
dos canaviais (SOUZA, 2007). 
 
A expansão da produção de etanol de cana não pressiona os preços dos alimentos, uma vez 
que o Brasil tem de fato grandes áreas a serem exploradas aumentando a produção tanto de 
alimentos como a de cana de açúcar, ambas as partes serão beneficiadas. 
 
A cana de açúcar ocupa hoje 6,1 milhões de hectares no Brasil, conforme levantamento da 
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) da safra 2006/2007. São Paulo continua 
sendo o maior produtor, com mais da metade desta área. Dados do Instituto de Economia 
Agrícola (IEA) mostram que a área de cana (para indústria) no Estado cresceu 30% nos 
últimos cinco anos, de 2,5 milhões de hectares em 2001 para 3,4 milhões de hectares em 
2006. Os pastos, principal fornecedor de área para este avanço, ocupa em torno de oito 
milhões de hectares, quase três vezes mais. Na região oeste de São Paulo, para onde mais 
avançam os canaviais, a cana representa cerca de 15% da área agricultável. Em 2010, quando 
30 novas usinas devem começar a funcionar, a cana ocupará 29% (SOUZA, 2007). 
 
Fazendo uma breve comparação com o que acontece em São Paulo, maior produtor de cana 
de açúcar nacional, observa-se que tendo grandes escalas de produção ainda há terra o 
suficiente para aumentar em mais três vezes a área cultivada somente nesse estado, restando 
33 
 
 
 
mais de quatro milhões de hectares de produção para o resto do país que possui cerca de 366 
milhões/hectares de área agricultável. 
 
E mesmo que o Brasil tenha que abastecer seu mercado e ainda atender toda a demanda norte-
americana de etanol, por exemplo, a cultura ocuparia apenas 8% da área agricultável 
(incluindo pecuária) do País. [...] Isso significa cobrir com cana mais de 29 milhões de 
hectares, dos 366 milhões/hectares de área agricultável. O Mapa (Ministério da Agricultura) 
considera que o País tem ainda 90 milhões de hectares de fronteira agrícola (terras 
desmatadas, mas ainda sem uso). Desta área, em cerca de 20 milhões/ha seria possível cultivar 
cana (SOUZA, 2007). 
 
Souza (2007) destaca que o Brasil tinha 340 milhões de hectares aráveis e a cana representava 
apenas 1,8% destas terras. São Paulo é o grande exemplo. Usa cerca de 3 milhões de hectares 
para produzir cana. Mesmo que esta área triplique, está longe de pressionar áreas de alimento. 
 
A agricultura brasileira ocupa 62,9 milhões de hectares e pode se expandir por uma área de 
330,8 milhões de hectares de terras já desmatadas (e não utilizadas) e de pastagens. Sem ter 
de avançar pela Amazônia, sem que seja preciso desmatar. [...] No caso dos EUA, os cultivos 
ocupam 110,7 milhões de hectares, enquanto as terras disponíveis (pastagens) para a produção 
somam 158,4 milhões de hectares. A relação entre as duas variáveis, na China é de 160,2 
milhões de hectares cultivados para zero hectare de terras ainda disponíveis para a agricultura 
(JANK, 2007). 
 
Gaspar (2008) complementa, informando: 
 
Imagine que a gente incorpore para plantio de cana algo em torno de 25 milhões de 
hectares dos 50 milhões em processo de degradação e intensifique a concentração da 
produção de gado. Adicione o resultado para a sociedade do plantio nessas mesmas 
áreas de milho, soja, amendoim e feijão, uma vez que a cana é cultivada em rotação 
com essas culturas. Além dos ganhos objetivos é mais uma prova de que a produção 
de biocombustíveis no Brasil não compete com alimentos, pelo contrário, incentiva 
essas culturas. 
 
A maior preocupação agora do setor sucroalcooleiro é com o melhoramento genético das 
espécies de cana de açúcar para a produção de etanol, pois ainda há poucas pesquisas sobre a 
qualidade da planta, assim como seu rendimento nas usinas de álcool. 
 
[...] a cana teve poucos investimentos em melhoramento, se comparada ao milho, por 
exemplo, ainda há muito que crescer. Teremos variedades mais produtivas. Poderemos 
crescer em volume sem precisar expandir área. [...] produziremos álcool com o bagaço da 
cana. Já existem tecnologias neste sentido sendo testadas, com resultados animadores 
(SOUZA, 2007). 
 
O Brasil está no caminho certo e com as novas tendências internacionais por energias limpas e 
renováveis. O país entrará em destaque nesse quesito por possuir tecnologia de ponta tanto 
para a produção de biodiesel como a produção de etanol que são os principais pilares dos 
biocombustíveis que já são famosos em todo o mundo. 
 
O Brasil tem uma chance única de surfar à frente dos demais países na onda global da 
bioenergia, buscando consolidar o álcool e o biodiesel como commodities globais, produzidas 
de forma ambiental e socialmente correta, numa estratégia sólida que exige ações nas áreas de 
34 
 
 
 
infraestrutura, tecnologia, tributação, cogeração, política comercial e investimento. Trata-se 
de um enorme desafio, que só será possível com intensa coordenação dentro do governo e 
entre este e o setor privado (JANK, 2007). 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Diante da grande demanda de energia e a preocupação com a emissão de gases de efeito 
estufa, é fato que o etanol se tornou o responsável por suprir essas necessidades. Ele tem 
grandes perspectivas de crescimento e avanços, levando consequentemente, ampliação do 
plantio da cana de açúcar. Nesse contexto, o Brasil é apontado como o país que irá suprir essa 
necessidade, através dessa matéria-prima, uma vez que no mundo dispõe das melhores 
condições climáticas e territoriais. 
 
Desta forma, conclui-se que no Brasil o avanço da cultura da cana de açúcar para a produção 
de etanol, tende a não impactar na produção de alimentos, pois o país oferece grandes 
quantidades de terras aráveis e terras que estão ociosas, além de que houve poucos estudos 
para o avanço horizontal da cultura, ou seja, um aumento de produtividade sem aumento de 
terras plantadas. Outro quesito importante para não impactação é o Plano de Zoneamento que 
impede o crescimento da cana em zonas de biomas e em terras já consolidadas para o plantio 
de alimentos. 
 
Através das pesquisas bibliográficas, pode-se perceber quão grande a importância de se ter 
feito uma análise sobre impactos do avanço do cultivo da cana de açúcar na produção de 
alimentos, porém devido ao fato do tema ser extenso, recomenda-se que novas pesquisas 
sejam feitas sobre impactos do avanço do etanol nos aspectos sociais, econômicos e 
ambientais. 
 
 
5 REFERÊNCIAS 
 
1. ALVES, Francisco et al. Certificação Socioambiental para a Agricultura: Desafios 
para o setor Sucroalcooleiro. 1 ed. São Paulo: Edufscar, 2008. 
 
2. AGÊNCIA MUNIPAL DE ENERGIA DE ALMADA. Energias não renováveis. 
Disponível em: 
<http://www.ageneal.pt/content01.asp?BTreeID=00/01&treeID=00/01&newsID=7>. Acesso 
em: jan. 2010. 
 
3. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO . Disponível em: 
<http://www.anp.gov.br/gas/gas_projmalha.asp> Acesso em: jun. 2009. 
 
4. CARVALHO, Horácio Martins de. Impactos Econômicos, Sociais e Ambientais Devido 
à Expansão da Oferta do Etanol no Brasil. Julho de 2007. Disponível em: 
http://www.landaction.org/spip/spip.php?article190 Acesso em: jan. 2010. 
 
5. CAVALCANTE, Talita. Zoneamento da cana-de-açúcar protege biomas brasileiros. 
Setembro de 2009. Disponível em: <http://www.hojenoticias.com.br/brasil/zoneamento-da-
cana-de-acucar-protege-biomas-brasileiros/>. Acesso em: mai. 2009. 
 
http://www.ageneal.pt/content01.asp?BTreeID=00/01&treeID=00/01&newsID=7
http://www.anp.gov.br/gas/gas_projmalha.asp
http://www.landaction.org/spip/spip.php?article190
http://www.hojenoticias.com.br/brasil/zoneamento-da-cana-de-acucar-protege-biomas-brasileiros/
http://www.hojenoticias.com.br/brasil/zoneamento-da-cana-de-acucar-protege-biomas-brasileiros/
35 
 
 
 
6. CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S. A. A matriz brasileira . Disponível em: 
<http://www.eletrobras.gov.br/pesquisa_infanto_juvenil/energia.asp?menu=02&submenu=02
07&conteudo=0207 Acesso em: ago. 2009. 
 
7. FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica

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