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Lesões em Artes Marciais

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 
MARCELO NOLASCO DA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INCIDÊNCIA DE LESÕES DECORRENTES DA PRÁTICA DE ARTES MARCIAIS 
NAS MODALIDADES: KARATE, TAEKWONDO, JIU-JÍTSU E JUDÔ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palhoça 
2016 
 
 
MARCELO NOLASCO DA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INCIDÊNCIA DE LESÕES DECORRENTES DA PRÁTICA DE ARTES MARCIAIS 
NAS MODALIDADES: KARATE, TAEKWONDO, JIU-JÍTSU E JUDÔ 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Graduação em 
Educação Física, da Universidade do Sul 
de Santa Catarina, como requisito parcial 
para obtenção de título de Bacharel. 
 
 
Orientador: Prof. George Roberts Piemontez, Msc. 
 
 
 
 
 
 
Palhoça 
2016 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço e dedico esse trabalho a minha família, amigos e parceiros de lutas 
desportivas, que me ajudaram e incentivaram a finalizar essa etapa. Agradeço em 
especial ao meu mestre, professor, orientador e amigo George Roberts Piemontez, 
que sempre me apoiou no tema desde o início e me orientou sempre que precisei, não 
somente nesse trabalho e na faculdade, como também na minha vida e na minha 
formação como indivíduo. Obrigado Mestre! 
 
 
 
RESUMO 
 
As artes marciais tiveram sua origem a mais de 2000 anos A.C. em regiões da Ásia, 
se difundindo e aprimorando a partir da mesma. As modalidades podem ser divididas 
em esporte de luta com golpes e esporte de lutas com agarre. O presente estudo 
bibliográfico teve como objetivo geral identificar quais as lesões mais frequentes entre 
os praticantes de artes marciais das seguintes modalidades: Karate, Taekwondo, Jiu-
jítsu e Judô. Trata-se de uma revisão de literatura, sendo do cunho qualitativo, 
exploratório, descritivo e bibliográfico de natureza aplicada. Teve como base artigos 
científicos e livros sobre o tema publicados no período de 2001 a 2016. No Karate e 
no Taekwondo as regiões mais acometidas foram os dedos das mãos (22,2%) e os 
pés (20,1%), respectivamente. Já no Jiu-jítsu e no Judô as regiões mais acometidas 
foram os joelhos (20%) e ombros (27,2%) respectivamente. Os tipos de lesões 
desportiva mais incidentes foram: entorses, fraturas e distensões. Nota-se que o 
índice de lesões relacionadas as artes marciais são frequentes, principalmente as 
lesões musculoesqueléticas nos membros inferiores e as circunstâncias que evolvem 
a ocorrência dessas lesões se dão em sua maioria durante o período de treinamento. 
O estudo proporciona na prática formas de prevenções e orientações destas 
atividades, a fim de torná-las adequadas para que se obtenham bons resultados 
físicos e técnicos de seus praticantes. 
 
Palavras-chave: Incidência. Lesões. Artes marciais. 
 
 
ABSTRACT 
 
Martial arts had its origins more than 2000 years A.C. in parts of Asia, spreading and 
improving from there to all around the world. The training modalities can be divided 
into sport of struggle with blows and sport of struggle with grab. This bibliographic study 
aimed to identify the most common injuries among martial practitioners of the following 
modalities: Karate, Taekwondo, Jujitsu and Judo. This is a literature review, with a 
qualitative, exploratory, descriptive and bibliographic of applied nature. It was based 
on scientific articles and books of the subject published from 2001 to 2016. In Karate 
and Taekwondo, the most affected regions were the fingers (22.2%) and feet (20.1%), 
respectively. In the Jiu-Jitsu and Judo, the most affected regions were the knees (20%) 
and shoulders (27.2%) respectively. The type of more common sports injury was 
shown sprains, fractures and distensions. Note that the index-related injuries martial 
arts are frequent, especially musculoskeletal injuries in the lower limbs and the 
circumstances that evolve the occurrence of these injuries occur mostly during the 
training period. The study provides the practical forms of prevention and guidance of 
these activities in order to make them suitable to obtain good physical and technical 
results of its practitioners. 
 
Keywords: Incidence. Injuries. Martial arts. 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Comparações dos estudos publicados de 2006 a 2011 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Karate........................................................................23 
Tabela 2 - Comparações dos estudos publicados de 2004 a 2014 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Taekwondo................................................................25 
Tabela 3 - Comparações dos estudos publicados de 2004 a 2012 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Jiu-jítsu......................................................................26 
Tabela 4 - Comparações dos estudos publicados de 2006 a 2009 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Judô...........................................................................27 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ............................................... 8 
1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 10 
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10 
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10 
2 MÉTODO ................................................................................................................ 12 
2.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 12 
2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ...................................................... 12 
2.3 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 13 
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14 
3.1 HISTÓRICO DAS ARTES MARCIAIS ................................................................. 14 
3.1.1 Histórico e classificação das modalidades .................................................. 15 
3.2 LESÕES DESPORTIVAS .................................................................................... 18 
3.2.1 Classificação das lesões ............................................................................... 19 
3.3 LESÕES NAS ARTES MARCIAIS ...................................................................... 20 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 23 
4.1 RESULTADOS .................................................................................................... 23 
4.2 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 28 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA 
 
Durante todo o tempo, o homem teve a necessidade de defender-se de 
predadores e até mesmo de inimigos da mesma espécie, isso fez com que ele 
desenvolvesse diversos gêneros de luta (FONTEYN, 1981 apud MULLER; ETO, 
2009). Inicialmente, alguns desses gêneros se desenvolveram na Índia, por intermédio 
dos monges budistas que nãoeram autorizados a usar armas, mas precisavam se 
defender de invasores, concebendo um sistema de defesa pessoal próprio (GRACIE, 
2008). 
Alguns desses gêneros de artes marciais chegaram à China a partir do Tibet e da 
Índia, migrando posteriormente para o Japão, país que as aprimorou e desenvolveu 
um grande número de sistemas de luta, dentre estes sistemas, havia dezenas de 
estilos e centenas de sub-estilos diferentes (CARPEGGIANI et al, 2004). 
No Brasil as artes marciais vieram com os imigrantes japoneses chegando 
primeiro aos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, dando início às suas práticas 
tradicionais inicialmente no seio familiar (PIMENTA, 2008). A disseminação dessas 
práticas refere-se ao caráter militar, quando passaram a fazer parte do programa de 
treinamento dos militares. Além desse aspecto, o crescimento da indústria de 
entretenimento como filmes, revistas e jornais, com ênfases nas práticas de artes 
marciais de origens orientais, favoreceram ainda mais a sua propagação (SAMPAIO, 
2014). 
As doutrinas e filosofias das artes marciais pregam a não-violência e o 
autocontrole. Ao adentrar em uma modalidade de arte marcial, o aluno praticante pode 
conhecer um mundo completamente diferente, com normas rígidas de conduta e 
disciplina, a fim de punir atitudes de violência e deslealdade, que auxiliam na formação 
moral do indivíduo. As características como nobreza, respeito mútuo, obediência às 
regras e aos mestres, são sempre demonstradas pelos atletas de lutas marciais. 
Essas características que atraem muitos alunos a serem praticantes e atletas dessas 
modalidades marciais, além de contribuírem para a saúde e o bem-estar, estimulam 
a autoconfiança (FEIJÓ, 1992 apud PACHECO, 2012). 
9 
 
Embora se esteja neste momento abordando a prática de artes marciais como 
forma de atividade física visando à promoção da saúde, Conte (2002) afirma que quem 
pratica algum tipo de exercício físico, seja no sentido competitivo ou recreativo, fica 
exposto aos acidentes desta prática. Pode-se dizer que as lesões desportivas são 
decorrentes devido ao resultado de exercícios realizados de maneira excessiva e de 
maneira imprópria (BENNEL; CROSSLEY, 1996 apud PASTRE, 2005). 
Alguns pesquisadores estudam não apenas os tipos de lesão e as circunstâncias 
que envolvem sua ocorrência, mas também um modo de diminuir as lesões e, 
consequentemente, de melhorar o desempenho dos praticantes de atividade física 
(SIMÕES, 2005). 
Barroso (2011) explica que alguns fatores que aumentam consideravelmente o 
risco de ocorrência dessas lesões nas lutas, seriam o excesso de treinamento, a falta 
de experiência, falha do uso de equipamento e também a falta de descanso adequado 
após o período de treinamento. Alguns pesquisadores observaram ainda que quanto 
maior o nível de competição, maior é o número de lesões. Essa relação pode vir a 
ocorrer devido à maior intensidade de treinamentos para manter o nível desejado, 
onde membros inferiores e superiores sofrem alta carga de intensidade podendo vir a 
acarretar em lesões do tipo tendinites, luxações, fraturas, contusões e até em 
tratamentos cirúrgicos em alguns casos (CARAZATTO; CABRITA; CASTROPIL, 1996 
apud SENA, 2014). 
Analisando por essa perspectiva, as artes marciais são caracterizadas por 
movimentos inesperados, rápidos, repetitivos e de alta intensidade de esforço, 
submetendo a uma intensa sobrecarga nas estruturas. Machado (2012) e Franchini 
(2001) dizem que estes fatores associados ao grande número de competições e 
treinamentos rigorosos fazem com que aumente o número de lesões. 
Constata-se, entretanto que estudos referentes ao tema lesões e prática de 
artes marciais atingiram seu ápice entre os anos de 2001 a 2015, e que, portanto, 
existem poucos estudos atuais. Deste modo, o presente estudo realizou uma análise 
comparativa da literatura sobre a incidência de lesões em quatro diferentes 
modalidades marciais, o Karate e o Taekwondo, que são esporte de lutas com golpes 
o Jiu-jítsu e o Judô, que são esporte de lutas com agarre (GOMES, 2010) a fim de 
responder a seguinte pergunta: qual a incidência de lesões decorrentes da prática de 
artes marciais das modalidades karate, taekwondo, jiu-jítsu e judô? 
10 
 
1.2 OBJETIVO GERAL 
 
Identificar na literatura quais as lesões mais frequentes entre praticantes de artes 
marciais das modalidades: karate, taekwondo, jiu-jítsu e judô 
 
 
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Verificar quais as lesões mais frequentes que ocorrem entre praticantes; 
 Verificar as causas das principais lesões decorrentes da prática de artes marciais 
nas modalidades: karate, taekwondo, jiu-jítsu e judô. 
 Comparar o tipo de lesão, a incidência e as características das modalidades de 
artes marciais através de quadro comparativo. 
 
 
1.4 JUSTIFICATIVA 
 
 Atualmente a população se preocupa muito com a promoção da saúde. O bem-
estar físico e mental é importante para uma boa qualidade de vida, já que a inatividade 
física, estresse do dia a dia e um estilo de vida sedentário estão relacionados a fatores 
de risco para o desenvolvimento ou agravamento de certas condições médicas, e as 
pessoas procuram essas qualidades na prática de exercícios físicos para diminuir 
esses fatores (MARON, 2000 apud SILVA, 2010). 
As artes marciais entram nesse cenário por, além de proporcionarem bem-estar 
físico, trabalham muito com a parte mental de quem a pratica, auxiliando na formação 
moral do indivíduo. As características como nobreza, respeito mútuo e obediência são 
sempre demonstradas pelos praticantes de lutas marciais (FEIJÓ, 1992 apud 
PACHECO, 2012). Muitas dessas modalidades marciais utilizam em seus 
treinamentos elevados níveis de condicionamento físico, o que, segundo Barroso 
(2011) pode acarretar em uma série de lesões devido ao excesso de treinamento, a 
falta de experiência, falha do uso de equipamento e também a falta de descanso 
adequado após o período de treinamento. Um fator que leva ao treinamento 
demasiado seriam as competições, que se mostram muito presentes nas artes 
marciais, e que de acordo com Ide (2014) as condições variáveis que acontecem em 
11 
 
uma competição exigem resistência específica, o que leva ao treinamento de alto 
nível. 
Nota-se diante disto que, prescrever e orientar esta prática torna-se a base para 
que se tenham bons resultados físicos e técnicos, e que ainda, identificar situações 
de excesso de treinamento, repouso inadequado e sobrecarga permitem prevenir as 
lesões e/ou obter um tratamento adequado para uma boa recuperação. 
Devido às características técnicas que cada modalidade apresenta, e das 
solicitações física que lhes competem, acredita-se que apresentam lesões também 
distintas e que, portanto, possa permitir aos técnicos, educadores físicos, praticantes 
e atletas, dosar esta prática respeitando questões de ordem física. 
 
12 
 
2 MÉTODO 
 
 
2.1 TIPO DE PESQUISA 
 
Este estudo aplicado é caracterizado como sendo de cunho qualitativo, 
exploratório, descritivo e bibliográfico. Configura-se de natureza aplicada, pois tem 
como objetivo gerar conhecimento de uso prático, na solução de problemas 
específicos que acontecem na realidade e na aplicação desses conhecimentos 
(SILVA et al, 2011). 
Sua característica qualitativa diz respeito à descrição, compreensão e significado, 
onde o processo é mais importante do que o produto. A interpretação e análise de 
dados são enfatizadas em detrimento aos métodos estatístico, com descrições e 
narrativas (THOMAS; NELSON, 2002). O cunho exploratório orienta o tema em que o 
tema possui poucos estudos relativos na atualidade, buscando o aprimoramentoe a 
familiaridade com as ideias envolvidas (SILVA et al, 2011). 
Sua característica descritiva teve como a finalidade de descrever algo, um fato ou 
fenômeno, em que os dados serão observados, registrados, classificados e 
interpretados (SILVA et al., 2011). Estes dados são observados, registrados, 
classificados e interpretados. 
Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa é bibliográfica, do tipo revisão 
sistemática de literatura que consiste em uma investigação científica que objetiva 
responder a uma pergunta específica utilizando métodos explícitos e ordenados para 
identificar, selecionar e analisar criticamente os estudos, sintetizando os resultados 
(CASTRO, 2001). A busca teve como base artigos científicos e livros sobre o tema. 
 
 
2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS 
 
Esta pesquisa bibliográfica e documental (ALVEZ-MAZZOTTI e 
GEWANDSZNAJDER, 2002; LAVILLE e DIONE, 1999), foi desenvolvida a partir de 
artigos científicos publicados em periódicos e livro-texto, no período de 2001 a 2016. 
Para tanto foram realizadas duas etapas para o processo de revisão sistemática: 1) 
13 
 
Identificação e seleção das bases de dados; 2) Levantamento e análise da produção 
científica. 
 A primeira etapa consistiu em selecionar bases de dados que atendam a dois 
critérios de inclusão: 1) caracterizar-se como uma base de dados cientificamente 
confiável; 2) apresentar-se nos idiomas português, inglês e espanhol. Os artigos não 
disponibilizados gratuita e integralmente, foram encaminhados à Biblioteca 
Universitária da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) onde foram 
solicitados. Deste modo foi possível selecionar seis bases de dados na rede mundial 
de computadores: PUBMED, LILACS, ScIELO, MEDLINE, COCHRANE, BIREME. 
A segunda etapa teve como objetivo o levantamento de dados que possibilita o 
levantamento e análise de produção científica nos idiomas português, inglês e 
espanhol, desenvolvida através de quatro passos: 1) busca simples de produções 
científicas sobre as categorias principais deste estudo, usando os descritores lesões 
esportivas e artes marciais e suas traduções correspondentes; 2) delimitação do 
período de publicação entre 2001 a 2015; 3) análise preliminar da relevância do artigo 
aos termos investigados; 4) estudo minucioso dos artigos analisando-se criticamente 
a metodologia adotada e os resultados obtidos. Deste modo foi possível selecionar 
um determinado número de artigos nos idiomas determinados. 
 
 
2.3 ANÁLISE DOS DADOS 
 
A análise dos conteúdos foi realizada com o apoio do quadro operacional (LAVILLE 
e DIONE, 1999), utilizando as ferramentas de unidades de significância e 
reagrupamento temático. Deste modo, as apresentações descritivas, expondo as 
características metodológicas e os resultados, e sintéticas, as quais resumem as 
informações através do quadro-síntese, visam demonstrar o entendimento global dos 
estudos, sem que aja negligência dos aspectos específicos de cada uma das 
produções científicas investigadas. 
 
14 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
3.1 HISTÓRICO DAS ARTES MARCIAIS 
 
O homem desde sua existência já exercia papel de caçador e de presa, devido 
a isso, para sobreviver, ele precisava correr, saltar, escalar e até mesmo lutar. Durante 
todo o tempo, o homem teve a necessidade de defender-se de predadores e até 
mesmo de inimigos da mesma espécie, isso fez com que ele desenvolvesse diversos 
gêneros de luta (MULLER; ETO, 2009). 
 É possível admitir que alguns desses gêneros de artes marciais chegaram à 
China a partir do Tibet e da Índia segundo registros de 2000 A.C., migrando 
posteriormente para o Japão, país que as aprimorou. Um grande número de sistemas 
de luta se desenvolveu no Japão, dentre estes sistemas, havia dezenas de estilos e 
centenas de sub-estilos diferentes (CARPEGGIANI et al, 2004). Segundo Gracie 
(2008), alguns desses gêneros que se desenvolveram na Índia se deram por 
intermédio dos monges budistas que não eram autorizados a usar armas, mas 
precisavam se defender de invasores bárbaros e de saqueadores, concebendo um 
sistema de defesa pessoal próprio com base na observação da natureza. Analisando 
essas transformações, Fonteyn (1981) afirma que o surgimento dessas artes marciais 
deu origem às outras, ressaltando que a grande parte dessas lutas é fruto da 
observação e aprendizagem das técnicas de defesas dos animais. 
A chegada de algumas destas manifestações para o Brasil, tem-se graças a 
movimentos imigratórios “necessários” para a produção nas lavouras. Em 1895 o 
Brasil e o Japão assinaram um acordo permitindo a imigração para fins de disposição 
a mão de obra oriental, e com isso o Japão teria reduzido seu contingente 
populacional. Os primeiros japoneses, após o acordo firmado passaram a chegar ao 
Brasil pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, também dando início às suas 
práticas tradicionais inicialmente no seio familiar, com a disseminação de artes 
marciais como o Judô, o Karate e o Jujútsu (PIMENTA, 2008). A disseminação dessas 
práticas, não somente no Brasil, mas em outros países, refere-se ao caráter militar 
dado a algumas artes marciais, em especial, ao Judô e Karate, quando passou a fazer 
parte do programa de treinamento dos militares, sobretudo dos americanos em solo 
japonês. Além desse aspecto, o crescimento da indústria de entretenimento, com 
15 
 
projeções de filmes, revistas e jornais com ênfases nas práticas de artes marciais de 
origens orientais, favoreceu ainda mais a sua propagação (SAMPAIO, 2014). 
 
 
3.1.1 Histórico e classificação das modalidades 
 
O desenvolvimento de cada técnica varia de acordo com a região onde ela foi 
inserida, segundo Muller e Eto (2009) essa ideia nos faz pensar que as características 
iniciais de cada arte marcial estavam ligadas diretamente com os fenômenos naturais, 
onde a evolução e os conceitos iniciais das técnicas marciais se fizeram por métodos 
de investigação baseados na observação da natureza. 
As lutas desportivas se caracterizam por utilizarem de uma gama infinita de 
movimentos e técnicas de treino, sendo que para classificar as modalidades pode-se 
usar uma série de critérios como os objetivos de um combate, tipo de contato entre 
oponentes, suas ações motoras, distância entre oponentes e tipo de meta no 
enfrentamento. Esses critérios de classificação unem as lutas desportivas pelo que 
têm em comum, assim como as separam por suas diferenças (GOMES, 2010). 
 As Lutas podem ser divididas em “Esportes de Luta com agarre”, “Esportes de 
Luta com golpes” e “Esportes de Luta com implementos” (ESPATERRO, 1999 apud 
GOMES, 2010). 
Na categoria de luta com agarre, o agarre seria uma ação básica que 
representa os objetivos comuns entre as modalidades, tais como a derrubada, as 
projeções e o controle no solo. Pode ser subdivida em decorrência da imposição inicial 
do agarre ou da não imposição desses agarre, como também pela finalidade da luta, 
que seria finalizar o combate ao projetar o oponente ao solo ou continuar a luta no 
solo após a projeção. A categoria de luta com golpes é subdividida de acordo com o 
tipo de golpe: apenas com os punhos, apenas com as pernas, ou mãos e pernas 
conjuntamente. A terceira categoria é a que trata de luta com implementos, na qual o 
objetivo é tocar o adversário com algum implemento, como a espada, por exemplo 
(CASADO, 1999). 
A origem do Karate data de mais de mil anos, quando o monge indiano Daruma 
(Bodhidharma) viajou para a China com o intuito de pregar o budismo, e para trazer 
mais adeptos a sua causa e pregar o fortalecimento do corpo e mente, se retirou para 
as montanhas onde aprimorou técnicas de treinamentomarcial com base na 
16 
 
observação dos animais. Essas técnicas foram introduzidas no Japão por volta de 
1320 com a chegada de imigrantes chineses, e junto com eles, monges budistas que 
difundiram seus treinamentos e ensinamentos marciais. Gichin Funacochi foi o 
principal responsável pela modernização dessas técnicas e deu origem a palavra 
Karate-do (SOUZA et al, 2002). Hoje Karate é a arte marcial mais conhecida do 
mundo, tendo como principal característica os golpes de impacto, não utilizando 
nenhum tipo de arma, uma vez que a palavra “Karate-Do” significa caminho das mãos 
vazias, em uma clara alusão aos princípios budistas (SOUZA et al, 2011). A dinâmica 
de treinamento e competição se constituiu de bloqueios e uma gama de golpes, 
através de socos e chutes executados ou em posições estáticas ou em movimento 
em diversas posturas e bases. Os membros superiores e inferiores são afetados, 
porém as regiões do tronco e da cabeça do adversário são as mais atingidas, podendo 
provocar lesões e contusões nessas áreas (SOUZA; SILVA, 2011; ROSSI; 
TIRAPEGUI, 2007). 
O Taekwondo teve sua origem na Coréia por volta de 670 d.C. onde a mesma 
era dividida em três reinos: Kogoryo, Baek e Silla, este o menor deles, que era 
constantemente invadido e saqueado pelos seus vizinhos. Para defender Silla, foi 
criado um grupo de guerreiros, formados por jovens militares, que eram treinados em 
diversas formas de luta e manejo de armas, sistema conhecido na época como Subak, 
e tinham grande disciplina física e mental (MARCON, 2008). Logo após a sua 
popularização pelo país, passou a ser chamado de Taekyon, onde já não se fazia 
mais o uso de armas, e que permaneceu por muitos anos. O nome Taekwondo só foi 
criado em 1955, onde “Tae” significa saltar, golpear e bater com os pés, “Kwon” 
significa técnicas utilizando o punho e “Do” seria o caminho, dando conteúdo espiritual 
a essa modalidade. Está na mesma categoria que a do Karate, que seria a de luta 
com golpe, porém o Taekwondo se diferencia pelo fato utilizar prioritariamente todas 
as suas técnicas partindo da combinação de ataques e golpes de membros inferiores, 
partindo em sua totalidade de chutes em projeções frontais, dorsais e laterais, que 
configuram um importante mecanismo de lesões aos seus praticantes (KAZEMI et al., 
2005). Aliada a estas características, a necessidade do aprimoramento físico, técnico 
e tático é essencial ao treinamento do Taekwondo e de lutas desportivas de alto 
rendimento, onde podem contribuir a diminuição desequilíbrios físicos e biomecânicos 
variados, assim como retrações musculares, entorses, contusões e outras lesões 
desportivas (OLIVEIRA, 2010). 
17 
 
O Judô e o Jiu-jítsu estão na mesma categoria, a de lutas com agarre, onde 
utilizam grande número de técnicas de projeções e controle de solo, com bases 
filosofias de grande valor na formação do indivíduo (GOMES, 2010; CASADO, 1999). 
Também tiveram as mesmas origens, segundo Carpeggiani (2004), quando o Dr. 
Jigaro Kano, em 1880, fez uma análise das técnicas existentes nos diversos estilos 
praticados no Japão até então, criando duas categorias de luta: uma centrada em 
técnicas de queda e imobilização, que deu origem ao Judô, e outra categoria que foi 
baseada em técnicas de golpear utilizando mãos e pés e também a combinação de 
agarramentos e chaves para imobilização, com ênfase na defesa pessoal, que era 
conhecido na época pela nomenclatura de Jujútsu. 
O Jiu-jítsu foi introduzido no Brasil na época da I Guerra Mundial, pelo conde 
japonês Maeda Koma, acolhido em Belém do Pará pelo brasileiro Gastão Gracie. Os 
ensinamentos da arte marcial conhecida na época como Jujútsu foram passados ao 
filho de Gastão, Carlos Gracie. Logo foi fundamentado não na força bruta, mas em 
chaves, projeções, torções das articulações, estrangulamentos e no uso de alavancas, 
técnicas que possibilitam imobilizar o adversário sem provocar danos físico, onde 
Carlos Gracie deu a essa nova arte o nome de Jiu-jítsu. Este novo estilo foi, 
inicialmente, difundido pelas lições dos faixas-preta da família Gracie, e a seguir pelos 
novos graduados, tanto nacional como internacionalmente (GRACIE, 2008). Ide 
(2005) afirma que devido às características das ações motoras no Jiu-Jítsu desportivo, 
e pelo fato de constituir um esporte de contato, observa-se que os praticantes podem 
estar constantemente sujeitos as lesões decorrentes dos golpes, como também dos 
deslocamentos corporais dos atletas. Lesões essas que podem muitas vezes afastar 
os praticantes dos treinamentos e das competições, por períodos de tempo 
indeterminados. 
O Judô foi criado aproveitando as técnicas do já existente Jujútsu, 
acrescentando métodos próprios. De acordo com registros, o professor Jigoro Kano 
criou o Judô para eliminar contusões, mantendo os valores positivos do jujútsu e 
acrescentando outros como o respeito e a preservação do oponente (GOMES et al, 
2007). Ainda segundo Gomes (2007), suas técnicas podem ser divididas em três tipos: 
técnicas de projeção (nague-waza), de domínio (katame-waza) e de ataque a pontos 
vitais (atemi-waza). Para o praticante de Judô, o esporte consiste em um 
aperfeiçoamento físico e mental do indivíduo por meio de técnicas e exercícios 
musculares, como tem-se muitas quedas, projeções rolamentos e pegadas, o 
18 
 
aquecimento e o relaxamento da mente antes dos treinos e competições é 
considerado muito importante para evitar estiramentos, torções ou lesões mais 
graves, tais como uma lesão muscular ou óssea (STANLEI, 1986 apud SOARES, 
2003). É necessário um condicionamento prévio não só dos músculos e articulações 
como também da própria mente, através de técnicas de concentração e relaxamento, 
pois uma boa interação entre corpo e mente irá permitir as melhores ações de ataque 
e defesa, diminuindo assim chances de luxações, distensões e contusões (ALVIM, 
1975 apud SOARES, 2003). 
 
 
3.2 LESÕES DESPORTIVAS 
 
O aumento da demanda de exercícios modernos e competitivos provocou o 
aumento simultâneo no risco de lesões, causando preocupações tanto para os 
praticantes de atividades físicas, quanto para treinadores e atletas de todas as esferas 
de rendimento, pois interrompem o processo evolutivo de adaptações sistemáticas 
impostas pelo treinamento (KATTUNEN, 2001 apud PASTRE, 2005). 
De acordo com Conte (2002), embora exista grande apelo para realização de 
atividade física visando à promoção da saúde, a população que faz ou pratica algum 
tipo de exercício físico, seja no sentido competitivo ou recreativo, fica exposta aos 
acidentes desta prática. Pode-se dizer que as lesões desportivas (LD) são decorrentes 
devido ao resultado de exercícios realizados de maneira excessiva e de maneira 
imprópria, sendo subestimadas a prevalência e incidência destes episódios devido à 
ausência de notificação em todo o universo esportivo, seja na iniciação das 
modalidades ou em altos níveis de performance (BENNELL; CROSSLEY, 1996 apud 
PASTRE, 2005). 
Alguns autores afirmam que em resultado de situações de treino ou de 
competições desportivas, a LD pode ser caracterizada por qualquer sintoma de dor 
ou afeção músculo esquelética suficiente para causar alterações e consequente 
afastamento, impedindo o praticante de realizar a modalidade por um período mínimo 
de um dia, após a ocorrência do evento traumático (MATA; BRITO, 2014 apud 
KUJALA et al, 2003). Segundo Simões (2005), Williams (1992) afirma que não há 
lesões desportivas, apenas lesões, algumas das quais ocorrem em consequência da 
atividade desportiva. Alguns pesquisadores estudam não apenas os tipos de LD e as 
19 
 
circunstâncias que envolvem sua ocorrência, mas também ummodo de as diminuir e, 
consequentemente, de melhorar o desempenho dos praticantes de atividade física 
(SIMÕES, 2005). Aspectos tanto intrínsecos quanto extrínsecos do indivíduo podem 
ser identificados como fatores de risco, classificação que lhes possibilita subdividi-las 
em dois grupos. Os fatores intrínsecos são caracterizados pela idade, sexo, estatura, 
composição corporal, nível de aptidão física, período de tratamento da lesão, questões 
nutricionais e características psicológicas e sociais. Consideram-se extrínsecos o 
planejamento, periodicidade e intensidade da atividade física, local onde será 
realizada a atividade, condições atmosféricas e equipamentos (acessórios, calçados 
e vestuário) a serem usados durante a execução, tipo de modalidade desportiva a 
praticar, local de treino e instalações desportivas (RENSTROM, 1989 apud SIMÕES, 
2005;). 
Segundo Conte (2002), as lesões também podem ser divididas entre agudas e 
crônicas. Nesse cenário, observa-se que muita atenção é dada às lesões agudas, que 
seriam entorses, luxações e fraturas, porém um dos altos índices do total de lesões 
desportivas são crônicas, que seriam resultado de excessos repetitivos ou incômodos 
de longa data, como por exemplo, a tendinite, bursite e artrite. A recuperação destas 
é em torno de 54% mais lenta do que nas imediatas. De fato, independentemente do 
tipo, as lesões contribuem de maneira significativa para o afastamento, tanto de 
iniciantes quanto de ativos regulares, da prática de atividade física (POLLOCK, 1991 
apud CONTE, 2002). 
 
 
3.2.1 Classificação das lesões 
 
Conforme Simões (2005) existe uma classificação das lesões comumente 
ocorridas durante a prática de atividade física, segundo os autores que as estudaram, 
seriam elas: contusão, distensão, tendinite, entorse, fratura, luxação, subluxação, 
abrasão, bolha e calo. 
A contusão é uma lesão por trauma direto com amassamento dos tecidos 
moles. Sua magnitude depende da força do impacto e do local acometido (VIEIRA 
2001 apud SIMÕES, 2005). 
Uma distensão se caracteriza com o alongamento tecidual excessivo, com 
deformidade plástica do local. Ocorre no ponto mais frágil da unidade músculo-
20 
 
tendínea no momento do trauma. Classificada segundo o nível de acometimento 
tecidual: leve, moderada e grave (VIEIRA 2001 apud SIMÕES, 2005). 
Tendinite é uma alteração degenerativa cujas sequelas produzem reações 
inflamatórias agudas ou crônicas nos tecidos (VIEIRA 2001 apud SIMÕES, 2005). 
A entorse acontece com o ato ou processo de torcer, girar ou rotar em torno de 
um eixo no qual são lesados os ligamentos e a membrana intraóssea (VIEIRA 2001 
apud SIMÕES, 2005). 
Uma fratura ocorre quando à perda de continuidade de um osso (ruptura ou 
quebra) causada por trauma, avulsão ou tração de um ligamento (DORLAND, 1999 
apud SIMÕES, 2005). 
Um trauma grave que se dá pela perda de contato entre a extremidade óssea 
e a superfície articular caracterizam uma luxação. A subluxação nada mais é que uma 
luxação incompleta ou parcial entre duas extremidades articulares ósseas (TABER, 
2000; DORLAND, 1999 apud SIMÕES, 2005). 
Uma abrasão acontece quando ocorre desgaste da pele por meio de algum 
processo mecânico anormal (DORLAND, 1999 apud SIMÕES, 2005). 
A bolha aparece como uma vesícula cheia de serosidade ou pus, provocada 
por atrito ou pressão, na superfície da pele, palmar ou plantar (STEDMAN, 1996 apud 
SIMÕES 2005). 
O calo nada mais é que uma hiperplasia localizada da camada córnea da 
epiderme em decorrência de pressão ou atrito. É doloroso pela pressão (DORLAND, 
1999 apud SIMÕES, 2005). 
 
 
3.3 LESÕES NAS ARTES MARCIAIS 
 
 Existe uma característica particular das modalidades desportivas de lutas em 
comparação as demais modalidades no que se diz respeito ao risco e ocorrência de 
lesões. Pode-se considerar que o risco na prática dessas modalidades pode ser maior 
quando comparado a outras, pois o objetivo principal de suas técnicas é 
fundamentado ou em vencer o oponente colocando-o em risco de lesões como nas 
chaves e entorses, obrigando o mesmo a desistir do combate, ou leva-lo à 
inconsciência, como na situação de nocaute, deixando o oponente fora de ação (IDE; 
PADILHA, 2005). Alguns autores demonstram que um dos fatores determinantes para 
21 
 
ocorrência de lesões nas artes marciais seriam falha no uso de equipamento protetor, 
falta de experiência do atleta, sexo masculino e participação em competições. Dizem 
também ainda que a qualificação, a supervisão e a atitude dos treinadores e árbitros, 
assim como a presença de um ambiente de treinamento ou competição seguros e 
regulamentos rígidos em competições são fatores críticos na prevenção de lesões nas 
artes marciais (CARPEGGIANI, 2004). Em atletas e praticantes de lutas desportivas, 
as lesões crônicas se sobressaem das lesões agudas, e em muitos casos necessitam 
de afastamento do treino por um determinado tempo, onde o praticante possa fazer 
adequados tratamentos da lesão (TAMBORDEGUERI et al, 2011). Nesse caso as LD 
também podem ser classificadas como sendo leve, onde o atleta se afasta do 
treinamento por um período de 1 a 2 dias, moderada, onde o atleta permanece 
afastado por um período de 2 a 4 semanas, e as consideradas graves ou severas, que 
são aquelas em que o atleta se afasta do treinamento por um período maior do que 4 
semanas (MACHADO et al, 2006). 
Outros fatores que aumentam consideravelmente o risco de ocorrência dessas 
lesões nas lutas, conforme Barroso (2011) explica, seriam o excesso de treinamento 
e a falta de descanso adequado após o período de treinamento. 
As modalidades de lutas desportivas se caracterizam também pelas condições 
variáveis de competição e que exigem resistência específica. Nas modalidades o nível 
desportivo da competição se dá pela existência de um conjunto de movimentos 
motores complexos caracterizados pelo nível de desenvolvimento da capacidade de 
aplicar esforços explosivos, possuindo uma adaptação às condições variáveis de 
competição. Ao mesmo tempo, é necessário um alto nível de desenvolvimento da 
capacidade de resistir à fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas, 
táticas e dos métodos. (IDE, 2004). 
Durante estudos realizados sobre a prática de lutas em competição, Carazatto, 
Cabrita e Castropil (1996) observaram que quanto maior o nível de competição, maior 
é o número de lesões. Essa relação pode vir a ocorrer devido à maior intensidade de 
treinamentos para manter o nível, sendo que a maioria das ocorrências de lesões 
acontece em períodos de treinamentos pré-campeonatos, pois os atletas de níveis 
diferentes de peso ou não possuem grande competitividade mesmo sendo somente 
em treinos, vindo logo em seguida acompanhado dos campeonatos (SENA, 2014). 
Os atletas de alto nível se preocupam com as lesões que podem vir a se 
ocasionar na alta intensidade e volume de treinos. Os membros inferiores e superiores 
22 
 
sofrem alta carga de intensidade podendo vir a acarretar em lesões do tipo tendinites, 
luxações, fraturas, contusões e até em tratamentos cirúrgicos em alguns casos, como 
nos treinamentos não há uma divisão de peso pode ocorrer de qualquer atleta treinar 
com algum diferente do seu peso gerar um maior índice de lesão, situação comum 
nas academias (SENA 2014). 
Sendo assim, as lutas desportivas são caracterizadas por movimentos 
inesperados, rápidos, repetitivos e de alta intensidade de esforço, submetendo a uma 
intensa sobrecarga nas estruturas. Estes fatores associados ao grande número de 
competições e intensidades dos treinamentos fazem com que aumente o número de 
lesões (MACHADO, 2012; FRANCHINI, 2001). 
23 
 
4RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Foram feitas a análise de 16 estudos referentes as lesões nas modalidades 
Karate, Taekwondo, Jiu-jitsu e Judô, sendo 4 estudos para cada modalidade. Com 
isso foram preenchidas quatro tabelas, onde cada uma diz respeito a uma modalidade 
de artes marciais contendo as informações metodológicas relevantes para este 
estudo, onde foi feita uma média das informações sobre os artigos analisados, que 
seriam o tamanho da amostra contendo a quantidade de praticantes que participaram 
do estudo, taxa de lesão desportiva (LD) contendo informação da quantidade de 
praticantes que apresentou lesão no referido estudo, locais acometidos contendo o 
percentual dos locais anatômicos mais afetados e tipo de lesão mostrando o 
percentual das mais comuns. 
 
 
4.1 RESULTADOS 
 
Tabela 1 – Comparações dos estudos publicados de 2006 a 2011 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Karate. 
Fonte: Elaboração do autor, 2016. 
Autores e ano 
da publicação 
Tamanho 
da 
amostra 
Taxa de LD Locais acometidos Tipo de Lesão 
DESTOMBE et 
al, 2006 
186 atletas 90% 
LD/atleta 
Rosto: 19,2%; 
Mão/dedos: 13,2%; 
Antebraço: 9,6%; 
Coxa: 8,4%; 
Pé/dedos: 7,2%. 
Hematomas: 52%; 
Entorses: 19%; 
Lesões musculares: 7%; 
Fraturas: 7%. 
SOUZA et al, 
2011 
53 atletas 88,6% 
LD/atleta 
Mãos/dedos: 15,5%; 
Pés/dedos: 12,8%; 
Tornozelo: 9,5%. 
Sem especificação 
MOURA et al, 
2011 
31 atletas Sem 
especificação 
MMII: 44,7%; 
Tronco: 34,2%; 
MMSS: 21%, 
Fraturas: 34,2%; 
Entorses: 15,7%; 
Contusões: 15,7; 
Lesões musculares: 
13,1%; 
Tendinites: 13,1%. 
OLIVEIRA et 
al, 2011 
102 atletas 77,5% 
LD/atleta 
Mãos/dedos: 38%; 
Tornozelo: 22%; 
Ísquio-tibiais, 
quadríceps e adutores: 
17,7%. 
Nariz: 10,8% 
Fraturas: 38%; 
Entorses: 28%; 
Luxações: 24% 
Distensão muscular: 
17%. 
24 
 
A Tabela 1 mostra um total de 372 praticantes analisados, onde a média de 
85,3% relatou ter sofrido alguma lesão decorrente do esporte. A região mais 
acometida foi a dos membros inferiores (30,5%), com destaque para os tornozelos 
(10,5%), coxas (8,7%) e pés (6,6%). Nos membros superiores o local com maior 
incidência foram os dedos das mãos (22,2%). Também tiveram relatos de lesões na 
região da cabeça, onde os locais com maior incidência foram o rosto (6,4%) e nariz 
(3,6%). 
Em relação ao tipo da lesão, as mais comuns foram as fraturas (26,4%), as 
entorses (20,9%) e as distensões musculares (12,3%). Os hematomas também 
apareceram em grande quantidade, com 17,3% dos casos, esse índice se dá pelas 
características de combate do Karate, onde chutes e socos afetam as regiões do 
tronco, cabeça, MMII e MMSS dos praticantes (SOUZA; SILVA, 2011; ROSSI; 
TIRAPEGUI, 2007). 
Segundo a literatura, os dedos das mãos ficam expostos durante o bloqueio 
dos chutes, o que pode explicar a alta incidência de lesões nessa área, assim como 
os pés, que ficam desprotegidos durante o chute podendo atingir regiões mais rígidas, 
como cotovelos e antebraço, configurando uma lesão (DESTOMBE et al, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Tabela 2 - Comparações dos estudos publicados de 2004 a 2014 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Taekwondo. 
Fonte: Elaboração do autor, 2016. 
 
Na Tabela 2 pode-se analisar que dos 127 praticantes dos estudos, 83,3% 
relataram lesão decorrente da prática esportiva. A região mais acometida foi a dos 
membros inferiores (63,7%), com destaque para os pés (20,1%), coxas (11,7%) e 
joelhos (11,2%). Nos membros superiores o local com maior incidência foram os 
dedos das mãos (9,5%). 
Em relação ao tipo da lesão, as mais comuns foram as entorses com a 
incidência 15,6% dos casos, também tiveram grande incidências as distensões 
musculares com 9,7% e as fraturas com 8,7%. As contusões também se mostraram 
comuns, tendo uma incidência de 7% nos artigos analisados. 
 Alguns autores afirmam que os impactos nos membros inferiores são 
constantes pois são utilizados tanto no ataque como na defesa, sendo um importante 
mecanismo de lesões aos praticantes nas regiões dos tornozelos, coxas e joelhos. 
(KAZEMI et al, 2005). 
 
 
Autores e ano da 
publicação 
Tamanho 
da 
amostra 
Taxa de LD Locais acometidos Tipo de lesão 
OLIVEIRA, 2004 43 atletas 95,3% 
LD/atleta 
Pés: 16,2%; 
Joelho: 12,2%; 
Tornozelo: 12,2%; 
Coxa: 10,7%; 
Mãos/dedos: 9,5%. 
Contusões: 21%; 
Entorses: 10,9%; 
Lombalgias: 9,6%. 
OLIVEIRA et al, 
2010 
22 atletas 100% 
LD/atleta 
MMII: 82,1%; 
MMSS: 12,5%; 
Tronco: 5,35%. 
Musculares: 39,3%; 
Articulares: 35,7%; 
Tendíneas: 17,9%; 
Ósseas: 7,1%. 
TAMBORINDEGUY 
et al, 2011 
10 atletas 80% 
LD/atleta 
Pé: 24,1%; 
Coxa: 12,7%; 
Joelho: 10,3%. 
Distensão muscular: 
15,6%; 
Entorse: 12,5%; 
Fratura: 12,5%. 
MATA; BRITO, 
2014 
52 atletas 58% 
LD/atleta 
MMII: 74,4%; 
MMSS: 11,8%; 
Tronco: 5,9%; 
Cabeça: 2%. 
Entorses: 23,5%; 
Rupturas: 15,7%; 
Fraturas: 13,7%; 
Distensões 
musculares: 13,7%. 
26 
 
Tabela 3 - Comparações dos estudos publicados de 2004 a 2012 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Jiu-jítsu. 
Fonte: Elaboração do autor, 2016. 
 
A Tabela 3 mostra que no total de 414 praticantes analisados, 83,4% relataram 
lesão decorrente da prática do Jiu-jitsu. A região mais acometida foi a dos membros 
inferiores (31,6%), com destaque para os joelhos (20%). Nos membros superiores os 
locais com maior incidência foram os ombros (16,1%) e cotovelos (7,3%). 
Em relação ao tipo da lesão, nenhum estudo analisado especificou as lesões 
de acordo com a classificação de Simões (2005), mas sim de acordo com o tempo de 
afastamento dos praticantes após terem sofrido as mesmas, sendo leves, moderadas 
e graves (MACHADO et al, 2006). As lesões graves foram as mais acometidas na 
modalidade, totalizando 38,7% dos casos, o que caracteriza um afastamento do 
praticante por um período superior a 4 semanas dos treinamentos. 
Segundo a literatura, o alto índice de lesões no joelho pode ser devido a fatores 
como a extensão dessa articulação contra uma carga equivalente ao peso do lutador, 
trauma repetido da face frontal do joelho contra o solo quando o atleta se encontra 
sobre o oponente, hiperflexão da articulação quando se encontra na chamada guarda 
do adversário, as manobras de estrangulamento como o triângulo, que utilizam o 
Autores e ano 
da publicação 
Tamanho 
da 
amostra 
Taxa de LD Locais acometidos Tipo de lesão 
CARPEGGIANI, 
2004 
78 atletas 64,1% 
LD/atleta 
Joelho: 27%; 
Ombro:18%; 
Lombar:10%; 
Cotovelo: 9%. 
Leves: 37,9%; 
Moderadas: 24%; 
Graves: 37,9%. 
MACHADO et 
al, 2006 
265 
atletas 
94,3% 
LD/atleta 
Joelho: 28,4%; 
Ombro: 15,6%; 
Cotovelo: 10,4%; 
Cabeça/cervical: 2,4% 
Leves: 30%; 
Moderadas: 29,5%; 
Graves: 39,5%. 
SOUZA et al, 
2011 
41 atletas 97,5 % 
LD/atleta 
Joelho: 16,3%; 
Ombro: 14,4%; 
Orelha: 13,3%; 
Tornozelo: 8,8%. 
Sem especificação 
CORSO; 
GRESS, 2012 
30 atletas 77,7% 
LD/atleta 
Ombro: 16,7%; 
Cotovelo: 10%; 
Joelho, lombar e 
punho: 6,7%; 
Mãos/dedos, 
tornozelos, orelhas: 
3,3%. 
Sem especificação 
27 
 
joelho em flexão e rotação interna contra a força do oponente, e finalmente as chaves 
de perna sofridas pelo praticante de jiu-jítsu (CARPEGGIANI, 2004). 
 
 
Tabela 4 - Comparações dos estudos publicados de 2006 a 2009 sobre lesões 
desportivas em praticantes de Judô. 
Fonte: Elaboração do autor, 2016. 
 
Na Tabela 4 pode-se analisar que dos 245 praticantes dos estudos, 81,1% 
relatou alguma lesão decorrente da práticana modalidade. A região mais acometida 
foi a dos membros superiores (40%), com destaque para os ombros (27,2%) e dedos 
das mãos (14,3%). Nos membros inferiores o local com maior destaque de incidência 
foram os joelhos (25,6%). 
Em relação ao tipo da lesão, as duas que mais se destacaram foram as 
entorses e as contusões, com as médias de 22,5% e 22,4% respectivamente. As 
Autores e ano 
da publicação 
Tamanho 
da 
amostra 
Taxa de LD Locais acometidos Tipo de lesão 
BARSOTTINI 
et al, 2006 
78 atletas 82% 
LD/atleta 
Joelho: 28%; 
Ombro: 16%; 
Dedos/mãos: 12%; 
Dedos dos pés: 10%. 
Leves: 10%; 
Moderadas: 9%; 
Graves: 69%. 
SOUZA et al, 
2006 
93 atletas 69,9% 
LD/atleta 
Joelhos: 26,3% 
(6,3% ligamentares); 
Ombros: 21,8% 
(5,4% deslocamentos); 
Dedos/mãos: 17,2% 
(2,7% deslocamentos); 
Tornozelo: 10% 
(6,3% torsões). 
Entorses: 26,3%; 
Contusões: 15,4%; 
Distensões: 14,5%; 
Lesão ligamentar: 
12,7%. 
OLIVEIRA; 
PEREIRA, 
2008 
35 atletas 91,4% 
LD/atleta 
Ombros: 36%; 
Joelhos: 32%; 
Dedos/mãos: 22%; 
Outras áreas: 10%. 
Contusões: 26,3%; 
Entorses: 17,5%; 
Lesões musculares: 
17,5%; 
Fraturas: 15,7%; 
Tendinites: 14,4%; 
Luxações: 8,7%. 
CARVALHO et 
al, 2009 
39 atletas Sem 
especificação 
Ombros: 28,9%; 
Tornozelos: 23,7%; 
Joelhos: 22,7%; 
Cotovelos: 8,7%; 
Dedos/mãos: 6,2%; 
Contusão: 25,7%; 
Entorses: 23,7%; 
Luxações: 21,6%; 
Distensões: 12,3%; 
Fraturas: 9,2%; 
Rupturas: 7,2%. 
28 
 
luxações também se mostraram bastante incidentes, aparecendo em 10,1% dos 
casos seguidas das fraturas com 8,3%. 
Segundo a literatura, é possível afirmar que a alta incidência que acomete a 
região do ombro se dá em cunho competitivo, onde os atletas têm assumido uma 
postura de risco durante a queda, atingindo o solo lateralmente a fim de evitar o golpe 
perfeito, o ippon, no qual o judoca vencido atinge o solo com a totalidade de suas 
costas, com isso acometendo a articulação dos ombros (BARSOTTINI et al, 2006). 
 
 
4.2 DISCUSSÃO 
 
O total das amostras foi de 1.158 praticantes de artes marciais das modalidades 
relevantes para o estudo, onde a média de 83,2% desses relatou algum caso de lesão 
decorrente da prática esportiva. A região anatômica mais acometida em todos os 
estudos foi a dos membros inferiores com a média de 41% dos relatos, contra 24,1% 
dos membros superiores. 
Os locais anatômicos com a maior incidência se diferenciam entre as 
modalidades graças as suas características, onde os Esporte de Lutas com agarre e 
o Esporte de Lutas com golpes (ESPATERRO, 1999 apud GOMES, 2010) 
apresentaram diferenças em seus locais. 
Segundo a literatura, o Karate e o Taekwondo estão na categoria de lutas com 
golpes, que pode ser subdividida de acordo com o tipo de golpe (CASADO, 1999), 
sendo que o Karate constitui suas técnicas em bloqueios e uma gama de golpes, 
através de socos e chutes executados ou em posições estáticas ou em movimento 
em diversas posturas e bases (SOUZA; SILVA, 2011). Os membros superiores e 
inferiores são afetados, assim como as regiões do tronco e da cabeça do adversário 
que também são atingidas, podendo provocar lesões e contusões nessas áreas 
(ROSSI; TIRAPEGUI, 2007). 
 Já o Taekwondo baseia as suas técnicas partindo da combinação de ataques 
e golpes de membros inferiores, sendo em sua totalidade de chutes em projeções 
frontais, dorsais, laterais, curtos, longos e baixos (BURKE et al, 2003). Essas técnicas 
configuram um importante mecanismo de lesões aos seus praticantes, já que o 
praticante sofre impactos repetitivos principalmente nas articulações dos membros 
inferiores (KAZEMI et al, 2006). 
29 
 
Nos estudos analisados as subdivisões na categoria de lutas com golpes 
mostram diferenças de acordo com a região anatômica mais afetadas, onde o Karate 
mostrou maior incidência nos dedos das mãos com a média de 22,2%, contra apenas 
4,7% mostrada no Taekwondo, sendo que neste último a maior incidência foram de 
lesões na parte do dorso dos pés, com 20,1% dos relatos contra 6,6% do Karate. 
Entretanto, as duas modalidades mostraram uma alta incidência de lesões nas coxas, 
com a média de 10,2% e também nos tornozelos com 8,3% em média, mostrando que 
as características comuns entre as modalidades que envolvem os membros inferiores 
têm influência nos locais das LD. 
Segundo a literatura, o Jiu-jítsu foi fundamentado em chaves, torções das 
articulações, estrangulamentos, controle de solo e no uso de alavancas, técnicas que 
possibilitam imobilizar o adversário e colocá-lo em risco de lesões, obrigando o mesmo 
a desistir do combate (GRACIE, 2008). Devido as características das ações motoras, 
observa-se que os praticantes estão constantemente sujeitos as lesões decorrentes 
dos golpes, que podem muitas vezes afastar os praticantes dos treinamentos e das 
competições, por períodos de tempo indeterminados (GRACIE, 2008; IDE; PADILHA, 
2004). 
No caso do Judô, a literatura o define como uma arte que baseia suas técnicas 
nas projeções, domínio, quedas e pegadas (BARSOTTINI et al, 2006), o que 
desenvolvem no praticante algumas características como equilíbrio, agilidade, força 
estática de membros superiores e explosão de membros inferiores, assim como 
capacidade aeróbica e anaeróbica (CARAZZATO et al,1996). Graças as suas 
características e a quantidade crescente de competições, o Judô apresenta um 
considerável risco para ocorrência de lesões (GOMES et al, 2007). 
Ambos estão na categoria de luta com agarre, onde os objetivos e técnicas das 
modalidades apresentam características em comum, tais como as derrubadas, 
projeções, alavancas, estrangulamentos e torções das articulações, técnicas que 
possibilitam imobilizar o adversário e colocá-lo em risco de lesões (CASADO, 1999). 
Estas relações mostraram comum prevalência de LD na região do joelho, com a média 
de 23,4% dos relatos, seguidos dos ombros com 20,8%. Porém as diferenças técnicas 
das modalidades também exercem influência em relação a outros locais também 
afetados, onde o Jiu-jitsu mostrou uma alta incidência de lesões nos cotovelos, com a 
média de 7,3% dos relatos contra apenas 1,5% mostrada no Judô, sendo que nesse 
último houve uma grande incidência na região dos dedos das mãos e tornozelos, com 
30 
 
14,3% e 8,4% de média respectivamente, contra 1% e 2,2% dos casos relatados no 
Jiu-jitsu. 
Alguns locais anatômicos apareceram em comum em todas as modalidades 
estudadas, com destaque para os joelhos com média de 14,2% nas modalidades, 
seguido dos dedos das mãos com 11,7% e tornozelos com 7%. 
Em relação ao tipo de lesão, as modalidades apresentaram em comum uma 
alta incidência em quatro tipos de LD, onde a mais destacada foram as entorses, com 
média de 19,6% dos estudos analisados, seguida das fraturas com 14,4% de 
incidência, sendo que nessa última a região dos dedos das mãos e dos pés foram os 
mais acometidos. As distensões apresentaram 12,2% de média, tendo valor 
aproximado das contusões, com a incidência de 11,5%. Alguns estudos não 
especificaram as lesões de acordo com a classificação de Vieira (2001) e Simões 
(2005), mas sim de acordo com o tempo de afastamento dos praticantes após terem 
sofrido as mesmas, sendo classificadas como leves, moderadas e graves (MACHADO 
et al, 2006). As modalidades que apresentaram esses dados sobre lesão foram o Jiu-
jítsu e o Judô, mostrando que a maior incidência seria das lesões graves, 
caracterizando incríveis 48,8% dos praticantes acometidos, onde os mesmos 
permanecem afastados da prática das atividades esportivas por um período superior 
a 4 semanas. 
Os estudos analisados não especificaram as lesões de acordocom as causas 
das mesmas, porém a maioria dos estudos foi feita durante o período de treinamento 
pré-competitivo, mostrando que a maior incidência de lesões se dá durante os treinos 
que antecedem os campeonatos, onde, segundo Sena (2014), essa relação pode vir 
a ocorrer devido à maior intensidade de treinamentos para manter o nível, 
treinamentos esses muitas vezes feitos com adversários de diferentes níveis de peso, 
vindo logo em seguida acompanhado dos campeonatos. Outro fator relatado na 
literatura seria um fenômeno caracterizado pelo excesso de treinamento, o qual é 
conhecido como overtraining, onde apresenta entre seus vários sintomas o aumento 
da incidência de lesões. Além disso, o overtraining é responsável pela diminuição do 
desempenho levando a erros de execução nas técnicas de ataque e defesa, 
facilitando a ocorrência de lesões durante a luta (CARVALHO et al, 2009). 
31 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Nota-se que o índice de lesões relacionadas as artes marciais são frequentes, 
principalmente as lesões musculoesqueléticas nos membros inferiores. As 
circunstâncias que evolvem a ocorrência dessas lesões se dão em sua maioria 
durante o período de treinamento, acontecendo principalmente quando houve 
participação de um adversário mais pesado, ocorrendo também um fenômeno 
chamado overtrainig, que seria o excesso de treinamento, facilitando assim a 
ocorrência de lesões. 
Após feita a revisão de literatura através da análise dos artigos, conclui-se que 
a localização anatômica mais acometida nos membros inferiores foram os joelhos, 
onde aparece em comum tendo uma incidência relativamente alta em três das quatro 
modalidades, já nos membros superiores os dedos das mãos foram os mais 
acometidos, com relatos nas quatro modalidades estudadas. 
Nota-se também que as lesões mais comuns diferem de acordo com as 
modalidades, mostrando diferenças de acordo com a região anatômica mais afetadas, 
sendo no Karate os dedos das mãos, no Taekwondo a parte do dorso dos pés, no Jiu-
jítsu os joelhos e no Judô nos ombros. 
O tipo de lesão desportiva mais incidente mostrado foram as entorses, as 
fraturas e as distensões, sendo apontados com elevada ocorrência em todas as quatro 
modalidades. 
Esse estudo permite maior conhecimento sobre as modalidades esportivas das 
artes marciais quando relacionado as suas lesões e circunstância que envolvem as 
mesmas, podendo auxiliar os profissionais na prescrição e prevenção durante os 
treinamentos. Verificou-se também que os estudos sobre essa área atingiram seu 
ápice na década de 2010, mostrando ser um tema atual, o que leva a crer que mais 
estudos comparativos entre as modalidades marciais são necessários para maior 
desenvolvimento dos conhecimentos na área. 
 
32 
 
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