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CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LAÍS CAVALCANTE SOUTO DA SILVA LAURA LAÍS DE ALMEIDA BARBOSA RAFAELLA DOS SANTOS ALVES RANNY EMILLY PESSOA DE SOUZA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO João Pessoa/PB 2023 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LAÍS CAVALCANTE SOUTO DA SILVA LAURA LAÍS DE ALMEIDA BARBOSA RAFAELLA DOS SANTOS ALVES RANNY EMILLY PESSOA DE SOUZA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à banca de defesa do Curso de Graduação em Enfermagem como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientador(a): Prof. Dr. Itácio Queiroz de Mello Padilha. Coorientador: Me. Fernando Santos do Nascimento. João Pessoa/PB 2023 LISTA DE TABELAS Tabela1- Artigos de Revistas Científicas selecionados na revisão bibliográfica.......12 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AACR – Avaliação e Classificação de Risco ACCR – Acolhimento com Classificação de Risco ATS – Australian Triage Scale BNDENF – Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil BVS – Biblioteca Virtual de Saúde CTAS – Canadian Triage Scale ESI – Emergency Severity Index LILACS – Literatura Latino-americana em Ciências de Saúde MTS – Manchester Triage System PUBMED – National Library of Medicine SCIELO – Scientific Eletronic Library Online SUS – Sistema Único de Saúde SUMÁRIO RESUMO 5 INTRODUÇÃO 6 METODOLOGIA DA PESQUISA 7 RESULTADOS 9 DISCUSSÃO 15 ACOLHIMENTO HUMANIZADO X ENFERMAGEM 15 ACOLHIMENTO 16 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO 17 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: breve histórico 19 SISTEMAS DE TRIAGEM MAIS USADOS NO MUNDO 20 DEFINIÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 22 O PAPEL DO ENFERMEIRO 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS 26 REFERÊNCIAS 27 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO LAÍS CAVALCANTE SOUTO DA SILVA LAURA LAÍS DE ALMEIDA BARBOSA RAFAELLA DOS SANTOS ALVES RANNY EMILLY PESSOA DE SOUZA RESUMO As unidades de urgência e emergência são um dos meios de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e são responsáveis por proporcionar assistência a toda e qualquer pessoa que necessite de cuidado médico. No entanto, por ser um serviço tão importante e significativo, é bastante procurado, havendo, consequentemente, a existência de superlotação, em que muitas vezes, apresentam casos que não são urgentes, com possibilidade de maior tempo de espera para o atendimento. O presente estudo teve como objetivo geral discutir por meio de uma pesquisa bibliográfica a atuação do enfermeiro no acolhimento com classificação de risco. De modo específico, problematizar as atividades exercidas pelo enfermeiro frente ao acolhimento; discorrer acerca das classificações de riscos; caracterizar o papel do enfermeiro no momento da triagem. Em meio essa realidade enfrentada nas unidades de saúde e mediante a prática dos estágios realizados no Curso de Enfermagem, observou-se que o processo de triagem e acolhimento está presente nas redes de atendimento do SUS, sendo uma função de total responsabilidade do enfermeiro. Assim, foram selecionados 28 trabalhos, incluindo livros da área de Enfermagem, produções literárias do Ministério da Saúde, portarias e artigos científicos, disponíveis em bancos de dados do Google Acadêmico, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), PUBMED (National Library of Medicine) e BDENF (Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil). A análise da leitura apresentou que a função da triagem e da classificação de risco é responsabilidade privativa do enfermeiro, profissional de nível superior com conhecimento técnico científico para exercer a função, assim, compete ao enfermeiro realizar os atendimentos com agilidade, coletando informações a partir da escuta da história clínica, da queixa principal e a análise de exame físico, no qual irá realizar o reconhecimento dos sinais que resultaram no julgamento dos níveis de risco, para que os pacientes permaneçam em segurança e tenham o atendimento ideal no tempo correto. Palavras chaves: Enfermeiro. Acolhimento. Classificação de risco. 5 INTRODUÇÃO As unidades de urgência e emergência são um dos meios de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e são responsáveis por proporcionar assistência a toda e qualquer pessoa em situações de risco, sejam elas de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica; com o objetivo de resolutividade destes casos no qual necessitam de auxílio. É o local procurado pela população devido a sua garantia de assistência adequada e atendimento ágil. No entanto, por ser um serviço tão importante e significativo, é bastante procurado, havendo, consequentemente, a existência de superlotação, em que muitas vezes, apresentam casos que não são urgentes, com possibilidade de maior tempo de espera para o atendimento (PINTO; RODOLPHO; OLIVEIRA, 2004). A superlotação gera problemas organizacionais e como os atendimentos aconteciam de acordo com a ordem de chegada, não tendo distinção acerca dos critérios clínicos do paciente, consequências negativas eram desencadeadas. Em razão disso, o Ministério da Saúde padronizou a forma de acolhimento e triagem nestes serviços no Brasil, com o objetivo de organizar a demanda de pacientes entendendo a gravidade do estado de saúde, gerenciando riscos e determinando se o mesmo necessita de um atendimento imediato ou pode aguardar em segurança, tornando o atendimento mais humanizado, sem levar em consideração a ordem de chegada, mas sim, a gravidade clínica de cada caso, como forma de salvar o maior número de vidas possíveis. (SANTOS, 2010). Em meio essa realidade enfrentada nas unidades de saúde e mediante a prática dos estágios nos quais realizamos no Curso de Enfermagem, pudemos observar que o processo de triagem e acolhimento está presente nas redes de atendimento do SUS, sendo uma função de total responsabilidade do enfermeiro. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo geral discutir a respeito da atuação do enfermeiro no acolhimento com classificação de risco. De modo específico, delineamos como objetivos: 1) Problematizar as atividades exercidas pelo enfermeiro frente ao acolhimento; 2) Discorrer acerca das classificações de riscos; 3) Caracterizar o papel do enfermeiro no momento da triagem. Diante desse contexto, o referido estudo traz como questão norteadora: Qual o papel do enfermeiro no acolhimento e classificação de risco? 6 O enfermeiro tem a função de acolher o paciente de forma humanizada e por meio da escuta qualificada descobrir o motivo da busca pelo serviço de saúde. Assim, inicia-se, paralelamente, o processo de classificação de risco da situação apresentada e o estado geral do paciente, determinando a melhor forma de atendimento e o tempo necessário, aspectos esses que em muitos casos são de extrema importância para definir a sobrevivência. De início, serão descritas as etapas do processo de acolhimento, o papel desempenhado pela enfermagem, desde a chegada do paciente à unidade de saúde de urgência e emergência, o primeiro contato com o profissional de enfermagem e como proceder ao atendimento no local. Assim apresentaremos que o acolhimento deve ser realizado de maneira humanizada junto ao paciente, em que o enfermeiro precisa demonstrar domínio no manejo da situação e empatia através da escuta qualificada, a qual representa extrema importância para a continuidade da classificação. Posteriormente, abordaremos acerca do procedimento da classificação de risco, como ela foi originada levando em consideração o modelo de classificações utilizadas em outros países como base para a criação da escala padronizada no SUS, os critérios e as divisões apresentadas a fim de determinar os riscos que o paciente corre após a chegada ao serviço de saúde, quanto tempo o paciente é capazde esperar até o atendimento e demais medidas sobre o tratamento inicial que serão tomadas a partir do processo de triagem feito pelo enfermeiro. Por fim, nas “Considerações finais”, exporemos as conclusões que chegamos com a pesquisa, além de propormos sugestões com a finalidade de melhorar o processo de acolhimento com classificação de risco realizado pelo enfermeiro no SUS e as condições do seu local de trabalho. METODOLOGIA DA PESQUISA Em relação à metodologia empregada, esta pesquisa é, quanto aos objetivos, do tipo exploratória, e quanto aos procedimentos técnicos, é do tipo bibliográfica. No que diz respeito à abordagem do problema, será uma pesquisa de caráter qualitativo, pois, não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. 7 Nossa pesquisa no enfoque dos objetivos configura-se como exploratória, por que busca apresentar mais informações acerca do papel da enfermagem no acolhimento e na classificação de risco. Prodanov e Freitas (2013) abordam sobre pesquisa exploratória da seguinte forma, utiliza-se quando a pesquisa encontra-se em fase preliminar, tendo como finalidade possibilitar mais informações a respeito do tema no qual será investigado, permitindo sua definição e seu delineamento, ou seja, facilitando a delimitação do tema de pesquisa. No que se refere aos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtivemos os dados necessários para elaboração da pesquisa, definimos nossa pesquisa como sendo bibliográfica, pois está sendo construída a partir de matérias já existentes na área estudada. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 54) a pesquisa bibliográfica é entendida da seguinte maneira, é: Elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Ressaltamos que nesse tipo de pesquisa, é essencial que o pesquisador verifique a veracidade e confiabilidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências entre assuntos abordados em algumas obras. Diante do exposto acima, salientamos que a pesquisa bibliográfica não é a repetição de assuntos já expostos, seja escrito ou falado, mas sim, a reflexão de um tema sobre um novo enfoque e/ou abordagem, objetivando conclusões inovadoras. Sendo assim, os dados desta pesquisa foram compostos por literaturas relacionadas à área em estudo, disponíveis em bancos de dados do Google Acadêmico, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), PUBMED (National Library of Medicine) e BDENF (Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil), além do Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores: “Acolhimento”; “Classificação de risco”, “Enfermagem”, “Atribuições à enfermagem” e “Assistência de Enfermagem”. 8 Para este estudo foram utilizados livros da área de Enfermagem, produções literárias do Ministério da Saúde, portarias e artigos científicos, a busca dos materiais foi realizada no período de agosto a setembro de 2023. A busca resultou em 25 trabalhos publicados na íntegra entre os anos de 1987 a 2021. Essa seleção foi realizada a partir de leitura criteriosa dos materiais acima descritos, no qual selecionamos as leituras que correspondiam ao tema trabalhado, os critérios para a seleção desses materiais foram a partir das palavras chaves: enfermeiro, acolhimento e classificação de risco. Os artigos selecionados foram submetidos aos critérios de inclusão atendendo os seguintes requisitos: publicado na língua portuguesa, língua espanhola e língua inglesa, disponíveis na íntegra, dentro da temática proposta que apresentaram ideias claras e coerentes com o assunto. Exclui-se, portanto, artigos que não abordaram a temática. Após a coleta dos dados, foi realizada a leitura de todo o material, compilando as informações necessárias para compor a referida pesquisa. Em seguida, foi realizada uma análise das informações objetivando estabelecer uma compreensão do conteúdo, ordenando os dados de forma lógica para que possam expor as respostas de maneira clara e objetiva. “A análise e a interpretação desenvolvem-se das evidências observadas, de acordo com a metodologia, com relações feitas através do referencial teórico e complementadas com o posicionamento do pesquisador” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 112). RESULTADOS Nossos resultados e discussões foram baseados em artigos, onde houve a leitura completa do material, posteriormente, foram classificados, separados por ano de publicação e temáticas abordadas. Nosso estudo está dividido em tópicos que discorrem acerca do acolhimento; a forma como a enfermagem participa do acolhimento; a definição da classificação de risco; os principais sistemas de triagem utilizados no mundo; e o papel do enfermeiro na classificação de risco. Nas leituras realizadas, observamos uma semelhança entre as conclusões e os conteúdos dos artigos acerca dos tópicos abordados, tornando as informações complementares e satisfatórias. 9 Para descrever o que é o acolhimento e sua principal função na saúde, tomamos por base, Shimazaki (2001), que discorre sobre o acesso de todas as pessoas aos serviços de saúde, a escuta dos problemas de forma respeitosa e a resposta com discurso positivo vindo do profissional responsável pelo atendimento; Silva e Alves (2008), completa que o processo de acolhimento colabora para o atendimento qualificado e humanizado, contudo, deve haver o trabalho multiprofissional para os resultados serem mais eficientes. Por fim, Neto et al. (2013), na sua pesquisa, discorre que o acolhimento não é apenas receber bem, mas sim, garantir a assistência completa e a resolução adequada do problema e para isso, o enfermeiro deve possuir capacitação específica, raciocínio crítico e reflexivo. Para entendermos como o acolhimento está inserido no meio da classificação de risco e como pode ser uma ótima ferramenta para a enfermagem, utilizamos os estudos de Silva, Barros e Torres (2012), que retrata a maior autonomia dos enfermeiros após a implantação do acolhimento nos serviços de saúde, a confiança e liberdade para decidir a conduta necessária na classificação de risco; Oliveira e Guimarães (2013), apresenta que a classificação de risco promove a organização das unidades de saúde e a segurança do paciente, onde serão atendidos pelo grau de gravidade, gerando a valorização do usuário ao levar em consideração como prioridade suas necessidades; Já, Damasceno et al. (2014), aborda que, com a classificação de risco houveram melhorias do atendimento e no conforto, diminuindo a superlotação e auxiliando no direcionamento do tratamento de cada usuário. Além disso, também discorre acerca da habilidade de escuta qualificada e o correto registro das queixas e histórias clínicas que irão auxiliar no diagnóstico e tratamento. Para entendermos acerca da função da triagem e o papel da enfermagem nela, utilizamos os estudos de Vinha, De Ângelis, Stecchini, Grieten (1987), no qual apresentam que o serviço de triagem funciona de forma mais proveitosa quando feito por enfermeiros, já que em sua formação é ensinado a dar assistência e atenção aos pacientes, assim como questões de administrações, mantendo a ordem no ambiente de trabalho, e o cumprimento com suas funções atribuídas; Já Bover e Lisboa (2005), descrevem sobre o uso do formulário na triagem e classificação de risco para o auxílio do profissional ao coletar dados importantes sobre as condições de saúde do paciente, assim, registrando as reais condições do paciente e indicando 10 o grau de complexidade do seu estado de saúde; Becker, Lopes, Pinto et al. (2015), realiza um estudo confirmando que a triagem quando realizada corretamente, avaliando os riscosindividualizados, melhora a qualidade da assistência prestada e a segurança do profissional e do paciente. Em seguida, para discutirmos acerca da importância da classificação de risco, tomamos por base os estudos de Jimenez (2003) que pontua sobre a coleta de dados satisfatória para o reconhecimento de sinais que podem evoluir para níveis altos de riscos, frisando a importância da correta classificação; Dias (2014), faz um paralelo entre a classificação de risco e o acolhimento, onde relata que não é objetivo da classificação de risco a compreensão do ser humano, a interação, o diálogo e a escuta entre o usuário e o profissional, pois este é o papel do acolhimento, sendo assim, um protocolo suprindo as necessidades do outro e se completando, formando um atendimento mais humanizado; Ferreira et al. (2016), problematiza que o número insuficiente de profissionais da saúde, uso de um sistema não eficiente, falta de investimentos para formação dos profissionais, falha na atenção aos casos graves, pouca estrutura para realização da classificação de risco, entre outros, são questões que precisam ser discutidas, tais como assuntos relativos a sobrecarga do profissional de enfermagem; Silva et al. (2017), confirma que a busca pela qualidade do serviço com maior segurança do paciente, vem após a análise do processo de trabalho e se aprimora com a implantação de medidas educacionais para os profissionais. Logo após, os estudos seguintes nos esclarecem acerca do Protocolo de Manchester, bastante popular no Brasil e sua função na classificação de risco, dessa forma, complementando as informações já inseridas. Martins, Cunâ e Freitas (2009), Schellein, Ludwig-pistor e Bremerich (2009), Coutinho et al. (2012), Souza et al. (2013), Bramatti, Ferreira e Silva (2021), discorrer em seus trabalhos que o sistema de triagem de Manchester é funcional e confiável, e que pode ser utilizado em serviços de saúde mediante o treinamento necessário para o profissional que o irá realizar, também frisam a importância da auditoria para o aprimoramento e nivelamento da equipe de trabalho. As pesquisas nos esclarecem acerca dos cinco estágios que acometem o protocolo de Manchester e dos fluxogramas que auxiliam os profissionais a fazer a discriminação entre as prioridades de acordo com sinais e sintomas apresentados. Também é destacado que junto à implementação do 11 protocolo de Manchester, o uso da tecnologia e de um programa de software que promove a documentação da classificação correta para cada paciente, auxilia na diminuição do tempo entre o primeiro contato do paciente com a enfermagem e o tratamento médico, sendo assim, priorizando os casos mais urgentes. Para agregar e contextualizar a temática, tomamos como referência Pinto, Rodolpho, Oliveira (2004), Santos (2010), Wehbe e Galvão (2011), que discorrem sobre o funcionamento da urgência e emergência, o papel do enfermeiro e reforçam que os profissionais de enfermagem são os mais indicados para realizar o acolhimento nas unidades de saúde, ouvindo os pacientes, suas queixas e ofertando a melhor resolutividade, contudo, o envolvimento de toda a equipe neste processo é de suma importância. Para falarmos sobre o estresse que acomete os profissionais enfermeiros, utilizamos os autores Batista e Bianchi (2006), Barbosa e Batista (2015), que indicaram que enfermeiros de unidade de emergência apresentam um nível considerável de estresse, em que as atividades que mais exigem do profissional são as que necessitam da administração de pessoas. Além disso, constatou-se que, apesar da sua relevância em um serviço de urgência, longas jornadas de trabalho e falta de recursos necessários, afetam os profissionais tornando situações simples em mais estressantes. Por fim, os estudos de Bittencourt, Hortale et al. (2009) contribuíram para a abordagem acerca de intervenções para auxiliar a problemática da superlotação dos serviços de urgência e emergência, os quais consistem em implantação de cursos para os profissionais de enfermagem que lidam com acolhimento, triagem e classificação de risco, pois, com a admissão correta a partir do nível de necessidade do paciente pode-se evitar aglomerações e, assim, fica possível voltar a atenção e recursos para os pacientes que realmente estão em situação de emergência. Tabela 1 - Artigos de Revistas Científicas selecionados na revisão bibliográfica. ESTUDO AUTORES TÍTULO DO ARTIGO ANO 01 VINHA, P. V. H.; DE ANGELIS, J. A.; Triagem de pacientes para consulta feita por médicos e enfermeiras. 1987 12 STECCHINI, M. A. M. F.; GRIETEN, E. M. V. 02 SHIMAZAKI, M. E. Acolhimento solidário: a saúde de braços abertos. 2001 03 JIMÉNEZ, J. G. Clasificación de pacientes em los servicios de urgencias y emergencias. 2003 04 PINTO, I. C.; RODOLPHO, F.; OLIVEIRA, M. M. Pronto atendimento: a percepção da equipe de enfermagem quanto ao seu trabalho no setor de recepção. 2004 05 BOVER, P.; LISBOA, M. A. P. L. P. Triagem de enfermagem em pronto-socorro: proposta para implantação em hospital privado. 2005 06 BATISTA, K. M.; BIANCHI, R. F. Estresse do enfermeiro em uma unidade de emergência. 2006 07 SILVA, L. G.; ALVES, M. S. O acolhimento como ferramenta de práticas inclusivas de saúde. 2008 08 BITTENCOURT, R. J; HORTALE, V. A. Intervenções para solucionar a superlotação nos serviços de emergência hospitalar: uma revisão sistemática. 2009 09 MARTINS, H., M., G.; CUNÃ, L. M. C. D.; FREITAS, P. Manchester (MTS) é mais do que um sistema de triagem? Um estudo da sua associação com mortalidade e admissão a um grande hospital português. 2009 10 SCHELLEIN, O.; LUDWIG-PISTOR, F.; BREMERICH, D. H. Sistema de triagem Manchester: Otimização de processos no departamento de emergência interdisciplinar. 2009 11 BEATO, M. F.; MOREIRA, R. A.; SOARES, S. F. C. P.; OLIVEIRA, A. L. A importância da classificação de risco em um Pronto Socorro. 2010 13 12 SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para enfermagem: do atendimento pré-hospitalar (APH) à sala de emergência. 2010 13 COUTINHO, Ana Augusta Pires; CECÍLIO, Luiz Carlos de Oliveira; MOTA, Joaquim Antônio César. Classificação de risco em serviços de emergência: uma discussão da literatura sobre o Sistema de Triagem de Manchester. 2012 14 WEHBE, G.; GALVÃO, C. M. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. 2012 15 SILVA, Paloma Morais; BARROS, Kelly Pereira; TORRES, Heloísa de Carvalho. Acolhimento com classificação de risco na atenção primária: percepção dos profissionais de enfermagem. 2012 16 OLIVEIRA, Daiani Antunes de; GUIMARÃES, Jaciane Pinto. A importância do acolhimento com classificação de risco nos serviços de emergência. 2013 17 SOUZA, C. C.; MATA, L. R. F.; CARVALHO, E. C.; CHIANCA, T. C. M. Diagnósticos de enfermagem em pacientes classificados nos níveis I e II de prioridade do Protocolo de Manchester. 2013 18 NETO, A. V. de L.; NUNES, V. M. de A.; FERNANDES, R. L.; BARBOSA, I. M. L.; CARVALHO, G. R. P. Acolhimento e humanização da assistência em pronto-socorro adulto: percepções de enfermeiros. 2013 19 DAMASCENO, F. P. C. Acolhimento com classificação de risco na rede de urgência e emergência: perspectivas para enfermagem. 2014 20 DIAS, E. S. S. Classificação de risco: dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros. 2014 14 21 BECKER, J. B.; LOPES, M. C. B. T.; PINTO, M. F.; CAMPANHARO, C . R. V.; BARBOSA, D. A.; BATISTA, R. E. A. Triagem no serviço de emergência: associação entre as suas categorias e os desfechos do paciente. 2015 22 BARBOSA, D. A.; BATISTA, R. E. A; Triagem no serviço de emergência: associação entre as suas categorias e os desfechos do paciente. 2015 23 FERREIRA, Edinete Bezerra; MELO, Laura Beta Duarte; BEZERRA, André Luiz Dantas; ASSIS, Elisangela Vilar de; FEITOSA, Ankilma do Nascimento Andrade; SOUSA, Milena Nunes Alves. Acolhimento com classificação de risco em serviços de urgência e emergência hospitalar. 2016 24 SILVA, Joselito Adriano;EMI, Angélica Santos; LEÃO, Eliseth Ribeiro; LOPES, Maria Carolina Barbosa Teixeira; OKUNO, Meiry Fernanda Pinto; BATISTA, Ruth Ester Assayag. Índice de gravidade de emergência: acurácia na classificação de risco. 2017 25 BRAMATTI, Rafaela; FERREIRA, Oelinton T.; SILVA, Rafaela K. B. O papel do enfermeiro na classificação de risco na urgência e emergência. 2021 DISCUSSÃO ACOLHIMENTO HUMANIZADO X ENFERMAGEM Com o avanço da tecnologia na área da saúde e o aumento da morbimortalidade através dos anos decorrentes de epidemias e endemias, o 15 atendimento de urgência ganhou mais relevância tendo um aumento significativo de procura mostrando-se um serviço de grande importância mundialmente. Com o crescente processo de novas promoções à saúde, o aumento da procura dos serviços de urgência resultou na necessidade de serem adotados sistemas de triagem que contribuam com a priorização clínica do atendimento visando à facilidade e igualdade de acesso, determinando aqueles que precisam de cuidado imediato (JIMÉNEZ, 2003). Os serviços de urgência e emergência em especial estão sob constante crítica em relação ao seu desempenho (BITTENCOURT; HORTALE, 2009). As exigências nestas unidades por parte dos usuários estão cada vez maiores e mais presentes, o que resultou na necessidade de mudanças de estratégias para gerar mais conforto e praticidade para os pacientes e os profissionais. Mediante essa realidade, o acolhimento é o primeiro passo para o atendimento humanizado, sendo a forma de interagir com as pessoas que procuram a unidade de saúde, ouvindo suas queixas e pedidos, construindo vínculos, ofertando resolutividade e responsabilidade nos serviços, a fim de que se sintam confortáveis e bem recebidos. Muitos pacientes que procuram os consultórios e hospitais estão fragilizados em situação de vulnerabilidade e desconforto por causa de doenças e sintomas, portanto, esse diferencial de tratamento e escuta ganha mais importância, pois, eles deixam de ser números ou fichas, para serem reconhecidos como indivíduos que estão recebendo atenção. Sendo assim, o acolhimento por estar incluído nas principais etapas do atendimento fortalece as relações entre profissionais da saúde e usuários do serviço, no qual contribui para um trabalho em equipe de qualidade e resolubilidade dos problemas (OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2013). ACOLHIMENTO Segundo o Ministério da Saúde, acolhimento é um processo que deve ocorrer em articulação com as várias diretrizes propostas para as mudanças nos processos de trabalho e gestão dos serviços: clínica ampliada, cogestão, ambiência, valorização do trabalho em saúde. O acolhimento como ato ou efeito de acolher 16 expressa uma ação de aproximação, um estar com e perto de, ou seja, uma atitude de inclusão de estar em relação com algo ou alguém (BRASIL, 2004). O acolhimento está relacionado ao modo no qual o paciente será atendido, espera-se que seja de forma acolhedora, atenciosa e respeitosa, que os profissionais escutem suas angústias e procurem a melhor maneira de solucionar as circunstâncias relativas ao paciente e seus familiares. Na percepção de Martins et al. (2009), o acolhimento é atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e compactuar, dando respostas mais adequadas às necessidades dos usuários hospitalizados e de seus familiares, sendo estes considerados os indivíduos que necessitam de cuidados em saúde no cenário hospitalar. Para Shimazaki (2001), o acolhimento é a humanização do atendimento onde refere-se ao acesso de todas as pessoas, escuta de problemas de forma respeitosa e devolvendo um discurso positivo de resolução do problema em questão, dando atenção necessária para junto ao atendimento propriamente dito em função da melhora e do bem estar do usuário. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO Quando o paciente chega ao serviço, é função do enfermeiro acolher, de forma humanizada, esse usuário e, através da escuta qualificada e critérios clínicos, iniciar a consulta prévia e a classificação de risco. Esse protocolo servirá como guia para todo o decorrer do tratamento dos pacientes e vai orientar acerca das condições em que se encontra, se há risco iminente de vida e tempo máximo para realização do atendimento (DAMASCENO et al., 2014). O processo de triagem, inicialmente, é onde um funcionário da unidade da saúde, geralmente enfermeiro ou técnico de enfermagem, houve por meio da escuta qualificada as informações fornecidas pelo paciente acerca de dados básicos (nome, idade, etc.), queixas atuais que o fizeram se deslocar para a unidade, histórico familiar e uma breve avaliação de parâmetros clínicos colhendo dados importantes dos sinais vitais (temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca, tipo de dor, nível de consciência, uso de remédios, drogas e álcool, etc.). Estes dados são registrados 17 na ficha de atendimento e será fundamental na ajuda de como o profissional irá incluir este paciente na classificação de risco utilizada para receber a ajuda necessária. O atendimento finaliza com o encaminhamento do paciente para a área específica de atendimento (COUTINHO; CECÍLIO; MOTA, 2012). Segundo Santos (2010), a tomada de decisão é um passo importante na triagem realizada pelo enfermeiro, onde ele usará de ferramentas de interpretação, discriminação e, por fim, avaliação, das queixas e histórias relatadas pelo paciente, diferenciando quem necessita de um atendimento imediato, de quem está estável. No Protocolo de Manchester, é seguido um passo a passo descrito em um fluxograma que auxilia na tomada de decisões. Imagem 1 – Fluxograma de atendimento. Fonte: Adaptado de “Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde”, (ABBES; MASSARO, 2004). 18 Wehbe e Galvão (2012) enfatizam que é notável a importância que o enfermeiro exerce na classificação de risco, com foco na atenção que o profissional atribui para todo e qualquer paciente através da escuta qualificada, concretizando o uso do acolhimento em conjunto com a tomada de decisão, para classificar de maneira correta e priorizar o atendimento no serviço de urgência e emergência. Por estar em primeiro contato com o paciente, este profissional deve ter total controle do conhecimento teórico e habilidade prática que possam permitir e facilitar a distribuição da prioridade de atendimento. Em contrapartida, Beato (2010), ressalta que existem dificuldades perante estas funções dentro da triagem. O estresse causado na urgência e emergência, ansiedade de receber pacientes em estados, às vezes críticos, preocupações com mudanças do estado clínico, pressão provocada por relações conflituosas com os próprios pacientes e com a própria equipe de trabalho. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: breve histórico Os serviços de emergência dos hospitais públicos e privados do nosso país, por muitas vezes se tornam a porta de entrada de pacientes a assistência de saúde, onde buscam um atendimento rápido e fácil, devido à deficiência ao acesso a um sistema regular de saúde integral, contudo as superlotações das emergências resultam num desequilíbrio organizacional e de distribuição de recursos. Por estas razões, o Ministério da Saúde buscou soluções para amenizar estes agravantes e assim, surgiu o Protocolo de Acolhimento por Classificação de Risco liderado pela enfermagem (BRASIL, 2014). Utilizado no acolhimento hospitalar como avaliação inicial, a triagem e classificação de risco é o primeiro contato entre o paciente e o profissional, utilizada com o objetivo para organizar a demanda de pacientes entendendo a gravidade do estado de saúde, gerenciando riscos e determinando se o paciente necessita de um atendimento imediato ou pode aguardar em segurança, tornando o atendimento mais humanizado sem levar em consideração a ordem de chegada, mas sim, a gravidade clínica (SILVA; BARROS; TORRES, 2012). Segundo Ferreira etal. (2016, p. 24): 19 A implantação do Protocolo de Manchester permite que os atendimentos sejam realizados com mais eficiência, já que, em se tratando de saúde, o tempo pode representar a diferença entre salvar uma vida e perder um paciente. Além disso, como o sistema prevê uma organização adequada das prioridades, podem-se encaminhar pacientes para outras unidades médicas, de maneira que a demanda pode ser compartilhada entre as unidades médicas próximas, se for o caso. (FERREIRA et al., 2016, p. 24). O Ministério da Saúde afirma que esta avaliação de classificação de risco é atribuída ao profissional de enfermagem, que necessita ter o conhecimento e a linguagem clínica para uma avaliação inicial rápida, precisa e padronizada durante a consulta, assim, planejar os cuidados mais adequados de acordo com o que é ofertado pela unidade de saúde. Colocando como responsabilidade do profissional a rapidez que essas tomadas de decisões serão feitas e o nível da priorização do atendimento, pode ser apresentada certa dificuldade em manejar as etapas do processo, diminuindo a qualidade deste serviço e do atendimento (SOUZA et al., 2013). O sistema de triagem foi inicialmente utilizado nos campos de batalhas para identificar rapidamente os soldados feridos e separar os que necessitavam de atendimento médico urgente, agilizando o tratamento. Jean Dominique Larrey, cirurgião do exército napoleônico durante a revolução francesa, foi o responsável por criar os primeiros modelos de classificação. Estes modelos foram sendo aperfeiçoados por anos e aplicados à população a partir da década de 60, quando a procura pelos serviços de urgência foi aumentando e as mudanças de práticas médicas mais aperfeiçoadas, então surgiu à necessidade de organização da demanda a partir da classificação dos doentes (COUTINHO; MOTA; CECÍLIO, 2012). Após a década de 90, Schellein, Ludwig-pistor e Bremerich (2009, p. 01), relataram que: O objetivo era melhorar a satisfação do paciente e a qualidade do tratamento, otimizando recursos humanos, diagnósticos e espaciais. Em particular, o foco estava em transmitir a avaliação inicial da prioridade do tratamento para o pessoal de enfermagem. Um sistema estruturado de triagem de avaliação primária (sistema de triagem de Manchester, MTS) foi implementado pelo qual uma priorização de pacientes pelo qual uma priorização de pacientes baseada em sintomas em cinco categorias pode ser alcançada. (SCHELLEIN; LUDWIG-PISTOR; BREMERICH, 2009, p. 01). 20 SISTEMAS DE TRIAGEM MAIS USADOS NO MUNDO A palavra triagem deriva do francês “triage” que se refere à classificação em grupos. A triagem se mostra como um sistema eficiente ao reduzir o tempo de atendimento. Para os autores Bove e Lisboa (2005), este sistema deve classificar os pacientes utilizando os termos de urgência e emergência, e não apenas urgência, assim, determinando a ordem de atendimento por prioridade. A triagem deve conter um formulário para que o profissional encarregado de coletar dados importantes acerca da história clínica do paciente e suas principais queixas. O formulário deve oferecer espaço para colar as etiquetas mostrando o grau de complexidade, os quais são: vermelho: emergência; amarelo: urgência; verde: não urgente. Os protocolos mais utilizados para a realização da classificação de risco, nos serviços de urgência e emergência, em nível mundial, são: o Australasian Triage Scale (ATS), Canadian Triage & Acuity Scale (CTAS), Índice de Gravidade de Emergência (ESI - Emergency Severity Index) e o Manchester Triage System (MTS), todos organizados em cinco níveis. No Índice de Gravidade de Emergência ou Emergency Severity Index, os pacientes são classificados de acordo com a gravidade da doença, por meio da estimativa do número de recursos necessários para o atendimento. Segundo esse sistema, pacientes menos graves utilizam menos recursos e são classificados como 4 ou 5, devendo ser atendidos em até 30 minutos, enquanto os casos mais graves estão propensos a utilizar maior quantidade de recursos, sendo classificados como prioridade, os riscos 1 necessitam de atendimento médico imediato e os classificados como 2 e 3 necessitam de atendimento em até 15 minutos (PINTO; RODOLPHO; OLIVEIRA, 2004). A Escala de Triagem Australiana, criada em meados dos anos 70, é uma classificação de risco que busca determinar o tempo máximo de atendimento para cada tipo de caso, foi adotada como sistema de triagem oficial do país no ano de 1990. A categoria 1 possui risco de vida e requer atendimento imediato, a 2 em até 10 minutos, as categorias 3 e 4 podem esperar até 30 e 60 minutos, respectivamente, enquanto que a categoria 5 é referente a pacientes não urgentes (BECKER; LOPES; PINTO et al., 2015). 21 A Escala Canadense de Triagem e Acuidade é utilizada desde a década de 90 e possui um sistema de tempo e cores. A cor azul se refere ao protocolo de reanimação imediata, vermelho são casos emergentes com espera de até 15 minutos, amarelo quer dizer urgente em até 30 minutos, verde com tempo de espera de 60 minutos e branco são os casos não urgentes, 120 minutos (PINTO; RODOLPHO; OLIVEIRA, 2004). No Brasil, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), após a implementação da Política Nacional de Humanização, o uso do Protocolo de Manchester nos serviços de saúde ficou ainda mais popular mostrando relevância, tendo como pioneiro neste método o estado de Minas Gerais, onde ocorreu o primeiro curso sobre o Manchester Triage System e em 2008 o protocolo começou a ser utilizado no estado e em todo o território brasileiro. Manchester ocorre através de protocolos onde é estruturado por 52 fluxogramas: 7 são específicos para crianças e 2 para catástrofes. Os fluxogramas contêm sinais e sintomas que diferenciam as prioridades relacionadas à queixa apresentada pelo paciente. Eles são divididos em gerais e específicos. Os gerais se referem a todos os pacientes sem discriminação entre eles e que apresentam características comuns como: dor, risco de morte, hemorragias, agravamentos. Os específicos são para todos os pacientes que tendem a se relacionar e adquirirem as mesmas características e condições especiais (BECKER; LOPES; PINTO et al., 2015). A partir da identificação das principais queixas do cliente, a classificação de risco é feita e o paciente é incluído em um dos cincos níveis diferentes com tempo alvo de atendimento: emergente (vermelho), situação de risco e deve ter atendimento de imediato, muito urgente (laranja), tempo de espera até 10 minutos, urgente (amarelo), no máximo 60 minutos, pouco urgente (verde), atendimento em até 120 minutos e não urgente (azul), espera até 240 minutos (BECKER, LOPES, PINTO et al., 2015). DEFINIÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO A classificação de risco servirá para separar os pacientes em grupos de riscos, qual o profissional da unidade irá atendê-lo e determinar o tempo de espera 22 para o atendimento principal e dando a prioridade e atenção necessária aos casos mais graves, principalmente em centros de urgência e emergência, e evitando o congestionamento nesses locais ofertando uma forma mais organizada, padronizada e ágil no atendimento e, consequentemente, as pessoas que estão aguardando poderão também saber quanto tempo levará para o seu atendimento. (FERREIRA et al., 2016). O objetivo principal da classificação de risco é promover meios de aumentar a qualidade da assistência ofertada pelo profissional de enfermagem e reduzir o fluxo de pacientes que procuram um serviço de saúde, garantindo que a organização seja devidamente mantida e as áreas da unidade sejam separadas de maneira clara e objetiva, evidenciando os níveis de risco correspondentes (DAMASCENO et al, 2014). A Classificação de risco ou triagem surgiu, portanto, como uma estratégia dinâmica para identificar e distribuir os usuários nos serviços corretos de cuidados, minimizando os riscos que as superlotações podem acarretar e diminuir o tempo deespera para os pacientes que mais necessitam de atenção tornando o atendimento humanizado e de melhor acolhimento. (FERREIRA et al., 2016). Para Jiménez (2003), os objetivos da classificação de risco segundo o protocolo de Manchester são: ● Identificar o mais rápido possível os pacientes em situação de risco de morte. ● Determinar o local mais adequado para o tratamento do doente que necessita do serviço de emergência. ● Reduzir o número de pessoas nas áreas de tratamento do serviço de emergência, para melhoria do fluxo de pacientes. ● Garantir a reavaliação dos pacientes. ● Informar aos pacientes e famílias qual serviço ele necessita e o tempo estimado de espera. ● Assegurar as prioridades em função do nível de classificação. ● Contribuir com informações que ajudem a definir a complexidade do serviço, eficiência, consumo de recursos e satisfação do usuário. ● Priorizar o acesso ao atendimento e não fazer diagnóstico. 23 A classificação de risco do protocolo de Manchester, de acordo com Martins, Cunã e Freitas (2009), é dividida em cinco estágios, que são: ● Vermelho: é a classificação atribuída às pessoas com risco iminente de morte. Exemplos disso são casos de traumatismo, acidentes automobilísticos, parada cardiorrespiratória, infarto agudo do miocárdio, choque, entre outros. ● Laranja: esta cor refere-se a pacientes com casos graves e que podem evoluir para morte, embora esteja mais estável que o anterior. Exemplos disso são casos de queimaduras moderadas, dispneia, trauma cranioencefálico sem perda de consciência, entre outros. ● Amarelo: esta cor é atribuída a pacientes sem risco imediato e de gravidade moderada. Exemplos disso são casos de cefaléia intensa, convulsões, alterações de sinais vitais, entre outros. ● Verde: classificação de casos pouco urgentes, casos menos graves e que podem ser encaminhados para as unidades de atenção básica. Exemplos disso são casos de asma, enxaqueca, pacientes hipertensos e diabéticos, curativos, entre outros. ● Azul: esta cor refere-se aos pacientes que devem ser encaminhados para unidade básica demais próxima de sua casa. Exemplos disso são casos de resfriados, queixas crônicas, escoriações, pré-natal, entre outros. Ao realizar a triagem conforme o protocolo de Manchester, a instituição de saúde deve ofertar infraestrutura e equipamentos necessários. São eles: estetoscópio, termômetro, esfigmomanômetro, glicosímetro, relógio, oxímetro, prontuários, pulseiras ou etiquetas. A utilização correta das etapas sugeridas pelo Protocolo de Manchester, traz um resultado positivo controlando os problemas causados pelo modelo tradicional de organização, que seria o atendimento de acordo com a ordem de chegada dos pacientes. Estas etapas são baseadas em padrões internacionais de atendimento nas emergências hospitalares, no qual prioriza o atendimento de urgências clínicas (DIAS, 2014). Neste contexto, a enfermagem tem sido a mais solicitada para realizar a classificação de risco, tendo em vista que esta função deverá ser atribuída pelo profissional de saúde de nível superior mediante treinamento específico, a fim de se 24 familiarizar com a utilização de protocolos e saber avaliar o grau de queixas dos pacientes (BRASIL, 2014). O PAPEL DO ENFERMEIRO Com a implementação do acolhimento com avaliação e classificação de risco (AACR), em 2008, a triagem passou a ser realizada por profissionais da saúde de nível superior com treinamento qualificado, priorizando a redução do tempo de espera, a detecção de casos que podem se agravar se o atendimento não for realizado no tempo correto, a assistência adequada reduzindo os riscos e o direcionamento dos recursos utilizados pelo paciente (SILVA et al., 2017). De acordo com a Resolução Nº 661/2021 do Conselho Federal de Enfermagem, em seu Art. 1°, a função da triagem e da classificação de risco é responsabilidade privativa do enfermeiro, profissional de nível superior com conhecimento técnico científico para exercer a função, além de um consultório com condições e equipamentos adequados para a classificação. Determina, ainda, que o tempo médio para cada classificação é de 4 minutos e estabelece um limite de até 15 classificações por hora para o profissional. De acordo com a pesquisa feita pelos autores Vinha, De Ângelis, Stecchini, Grieten (1987) foi apontado que, o enfermeiro durante sua formação aprende ter uma visão geral acerca das principais necessidades do paciente, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais. Diferente do profissional médico onde sua formação está voltada para o diagnóstico e o tratamento o que não seria de bom proveito na triagem. O enfermeiro em questão deve realizar os atendimentos com agilidade, coletando informações a partir da escuta da história clínica, da queixa principal e a análise de exame físico, no qual irá realizar o reconhecimento dos sinais que resultaram no julgamento dos níveis de risco, para que os pacientes permaneçam em segurança e tenham o atendimento ideal no tempo correto. Portanto, é importante a correta distribuição do protocolo para a rápida tomada de decisão (JIMENEZ, 2003). 25 Ao colocar em prática esse sistema organizacional, no primeiro contato entre o enfermeiro e o paciente, o mesmo deve saber ouvir de forma humanitária as queixas que levaram o paciente a procurar o serviço hospitalar. É preciso que o profissional use de suas habilidades para transmitir tranquilidade para que o atendimento seja ágil com as tomadas de decisões corretas e de forma segura (FERREIRA et al., 2016). O enfermeiro é o profissional que possui uma maior competência para a execução do acolhimento e classificação de risco de maneira adequada, devido a sua capacidade para identificação de sinais e sintomas por meio da escuta qualificada, da queixa principal do paciente, uso do raciocínio clínico e tomada de decisão rápida e eficaz. Portanto, é necessário ter enfermeiros devidamente treinados, que dominem a habilidade para tomada de decisões rápidas e adequadas na classificação de risco (NETO et al., 2013). Dessa forma, fica clara a capacidade do enfermeiro para avaliar os riscos apresentados pelo paciente, embora a capacitação seja essencial para o desempenho dessa função inerente à rotina de todo e qualquer profissional de enfermagem. Para tanto, se faz necessário que o enfermeiro esteja preparado através de conhecimento técnico e científico para diversas situações e intercorrências, e saiba interpretar sinais psicológicos, físicos e aspectos sociais que influenciam diretamente, preenchendo o contexto de vida do usuário. Dessa forma, a avaliação intuitiva através do pré-julgamento a partir da aparência física e modos de se portar, pode ser um aliado para o direcionamento deste paciente para o tratamento correto (FERREIRA et al., 2016). Para os autores Silva e Alves (2008), é indispensável atuação de uma equipe multiprofissional na triagem, contudo, a enfermagem é a mais qualificada e deve estar na linha de frente desenvolvendo o acolhimento e realizando todo o processo. Neste cenário, o trabalho multiprofissional em um serviço de saúde não pode ser dispensado, pois assim, as chances de maior resolutividade diante dos problemas são mais fáceis. Portanto a enfermagem possui habilidade e competência no serviço de acolhimento com classificação de risco, no serviço de urgência e emergência. Porém, a ajuda de outros profissionais nesta atividade é de suma importância (PINTO; RODOLPHO; OLIVEIRA, 2004). 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos, por meio deste trabalho, que os estudos analisados a partir da proposta do tema apresentado evidenciaram ainda mais a importância do profissional de enfermagem está na linha de frente no atendimento e na aplicação dos protocolos referentes à classificação de risco no ambiente hospitalar. No decorrer desse estudo, percebemos que a sua principal função é receber os pacientes e, por meio da escuta qualificada e atenção aos detalhes apresentados, promovero acolhimento dessas pessoas ao serviço de urgência e emergência, além do preenchimento da ficha de admissão e classificação de risco desse paciente, avaliando a situação em que se encontram, o risco apresentado e o tempo necessário para realização do atendimento. Dessa forma, o serviço de triagem mantém uma organização com ordem de prioridade que tem como principal objetivo salvar a maior quantidade de vidas e promover atendimento para todos. Compreendemos a partir dessa pesquisa que o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) foi um grande divisor de água dentro dos serviços de emergência, sendo um sistema executado pelo enfermeiro, no qual tem total respaldo e capacitação para classificar o paciente no primeiro contato com a unidade. Destacamos que no Brasil, é utilizado o Protocolo de Manchester que veio com a finalidade de reorganizar o atendimento nas emergências através do sistema de cores versus tempo, o que possibilitou maior agilidade nos atendimentos. Embora todos os autores que utilizamos neste estudo falam positivamente acerca do acolhimento, classificação de risco e o papel do enfermeiro, todos também destacam o estresse gerado a partir desta função. Para melhoria nessa área de atuação destacamos a necessidade de capacitação e reflexão contínua para os profissionais, de forma a aprimorar os conhecimentos, incentivar a padronização de condutas dos enfermeiros e o planejamento nas ações que visem o aumento da satisfação por parte dos funcionários das unidades de saúde e dos pacientes que utilizam dos serviços oferecidos por essas unidades. 27 Sugerimos que os profissionais da saúde despertem interesse pela temática e através de bases científicas produzam inovações que vão ser grandes aliadas aos profissionais e pacientes, tendo em vista que, mesmo havendo muitos estudos na íntegra, poucos são atuais e não propõem melhorias. Em suma, acreditamos que o presente trabalho contribuiu de forma significativa para a formação acadêmica das autoras, visto que, por meio dele, aprofundamos nosso conhecimento acerca do atendimento com classificação de risco nas unidades de saúde e o papel desempenhado pelo enfermeiro frente a essa atividade. 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