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Endometriose 1 Endometriose PREVALÊNCIA 4 REVISÃO Patologia benigna caracterizada pela presença de tecido endometrial (estroma e glândulas endometriais) ectópico (fora da cavidade uterina). Adenomiose: ocorre quando há tecido endometrial dentro do miométrio. As lesões geralmente aparecem na pelve, mas podem estar presentes também no intestino, diafragma e até na cavidade pleural. É hormônio dependente (menacme — o desenvolvimento depende de estrogênio). Aparentemente, a endometriose é uma doença poligênica e multifatorial, resultante da interação genética com fatores ambientais envolvidos. Os principais fatores de risco incluem: História familiar; Malformações uterinas; Menarca precoce; Menopausa tardia; Infertilidade; Alterações anatômicas; Baixos índices de massa corporal; Raça branca e asiática; Consumo de toxinas. Os locais de lesões mais comuns são: Ovário. Fundo de saco posterior (de Douglas)/região retrocervical. Ligamentos uterossacros. Fossa ovariana. Endometriose 2 Peritônio pélvico. Intestino (retossigmoide, íleo e apêndice cecal). Bexiga. Ureter. Cicatrizes abdominais. Diafragma. Em relação ao quadro clínico, o principal sintoma é a dor, que é dividida em dismenorreia, dor pélvica crônica e dispareunia. Dismenorreia: tende a ser progressiva, com aumento de intensidade ao longo dos anos. Algumas vezes é incapacitante, levando a paciente a procurar algum serviço de urgência pra analgesia. Dor pélvica crônica: dor independente do ciclo menstrual por pelo menos 6 meses. Está relacionada ao processo inflamatório local, às aderências geradas em decorrência da doença e, também, às lesões em nervos pélvicos. Dispareunia: de profundida. Também existem outros quadros, incluindo: Endometriose de trato urinário: as lesões podem invadir a bexiga e ureteres e podem ser assintomáticas ou sintomáticas, geralmente relacionadas ao período menstrual. Pode haver disúria e hematúria. Quadros mais graves podem levar a quadro de hidronefrose/obstrução urinária. Endometriose intestinal: quando sintomática, pode ser cíclico (relacionado ao ciclo menstrual), incluindo disquezia (como um tenesmo, sem a capacidade de evacuar), constipação ou diarreia, sangramento intestinal e dores abdominais. Quadros obstrutivos são mais raros. Infertilidade: as lesões podem levar a aderências, alterando a anatomia da pelve e até obstruindo as tubas uterinas (causa de infertilidade por endometriose mais bem estabelecida). Além disso, pode haver alterações da qualidade dos óvulos e da receptividade endometrial devido à resposta inflamatória no local. Endometriose 3 💡 Lembrar que a dor não é necessariamente relacionada à extensão da doença. 💡 6 Ds da endometriose: Dismenorreia. Dor pélvica crônica. Dispareunia. Dificuldade para engravidar. Dor/Dificuldade cíclica para urinar. Dor/Dificuldade cíclica para evacuar. Em relação ao exame físico, é comum encontrar dor à palpação em andar inferior do abdome. No exame ginecológico, avaliamos ao toque vaginal o tamanho uterino (tende a ser normal), sua posição (com aderências, pode ser mais comum encontrar o útero retrovertido e fixo), mobilização de colo (pode ser dolorosa), palpação de anexos e toque de região de fundo de saco posterior (podem ser encontrados nódulos de lesões retrocervicais/ligamento uterossacro). Normalmente, só os grandes endometriomas ovarianos são palpáveis ao exame físico. O diagnóstico definitivo ocorre apenas quando uma amostra histológica comprova a presença de tecido endometrial nas lesões. A laparoscopia com biópsia das lesões é o procedimento mais eficiente para o diagnóstico de endometriose, mas não deve ser indicado para todas as pacientes. Em relação aos exames de imagem complementares, temos: USGTV com preparo intestinal: superior à USGTV simples. Busca-se lesões em todos os locais mais comuns de aparecimento da doença. Muito eficaz para determinar lesões intestinais, definindo o local, a profundidade e até a porcentagem de acometimento circunferencial. Endometriose 4 Na USG, os endometriomas de ovários apresentam-se como cistos com ecos/debris internos e paredes com focos ecogênicos. Podem ter septos internos. RNM de abdome e pelve: com contraste endovenoso e gel vaginal. Pode avaliar de forma eficaz a presença de lesões em cavidade abdominopélvica. Em relação aos exames laboratoriais, o CA 125 não deve ser utilizado para diagnóstico pois não é sensível. Pode ser utilizado para seguimento pós- operatório em alguns casos. Outros exames que podem ser solicitados incluem: Colonoscopia e cistoscopia: se suspeita de invação do retossigmoide e bexiga. Laparoscopia: método diagnóstico e terapêutico. A visualização direta com a biópsia e a confirmação histológica da lesão constituem o método padrão-ouro para o diagnóstico. Contudo. não deve ser indicado para todas as pacientes. Diagnóstico diferencial: DIP. Adenomiose. Tumores ovarianos. Síndrome do intestino irritável. Cistite intersticial. Fibromialgia. A endometriose é classificada em: superficial (peritoneal), ovariana (endometrioma de ovário) e profunda (lesões infiltrativas com mais de 5mm de profundidade). A paciente pode apresentar mais de um tipo simultaneamente. As lesões peritoneais se dividem em: Pretas: lesões típicas “em pólvora ,ˮ puntiformes. Vermelhas: “chama de vela ,ˮ excrescências glandulares, petéquias peritoneais, áreas de hipervascularização. São consideradas as lesões mais ativas do ponto de vista histológico. Endometriose 5 Brancas: opacificações brancas, aderências subovarianas, defeito/falha/janela peritoneal, lesões amarronzadas (amarelo amarronzadas), em “café com leite .ˮ O tratamento deve ser individualizado, atentando-se para as lesões existentes e para o quadro clínico. Pacientes assintomáticas e com lesões mínimas podem ter apenas o acompanhamento clínico. Após a menopausa, as lesões tendem a regredir. Para pacientes com dor, o tratamento pode ser iniciado empiricamente com base na anamnese e exame físico. O tratamento clínico objetiva inibir a produção de estrogênio. As medicações usadas incluem: ACO, progesterona, DIU de levonorgestrel, análogos de GnRH, danazol (hormônio com atividade androgênica, progestagênica e que inibe a estoroidogênese) e AINEs/analgésicos para os episódios de dor. ACOs: normalmente opta-se por uso contínuo sem pausa. Progestagênio: podem ter como efeitos colaterais o sangramento de privação, ganho de peso e retenção hídrica. Um progestagênio indicado para tratar os sintomas da endometriose especificamente é o Dienogeste. DIU de progesterona Mirena). Análogos de GnRH levam a uma menopausa medicamentosa por bloqueio do eixo. Trazem os efeitos colaterais da menopausa. Deve ser temporário 6 meses). Danazol, gestrinona e inibidores da aromatase. AINEs e analgésicos: usados nas crises álgicas. O tratamento cirúrgico é indicado quando há falha do tratamento clínico. Idealmente realizado por laparoscopia, com o objetivo de ressecar todas as lesões possíveis e coletar material para biópsia. A excisão da lesão é melhor que a cauterização. Além da retirada das lesões, liberam-se as aderências pélvicas com o objetivo de reestabelecer a anatomia normal da pelve feminina. A histerectomia não trata a endometriose. Endometriose 6 Para a paciente com infertilidade, deve-se analisar se primeiro será feita a cirurgia ou técnicas de reprodução assistida. Sabe-se que a laparoscopia com ressecção dos focos de endometriose pode aumentar as taxas de gestação em pacientes com endometriose leve/moderada, mas sempre há o risco de diminuir a reserva ovariana caso haja lesões no ovário.
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