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"Proposta de Uso das Áreas Variáveis de Afluência como Área de Preservação Permanente" de Jaciane Xavier Bressiani e Marcio Augusto Reolon Schmidt

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Resumo do artigo "Proposta de Uso das Áreas Variáveis de Afluência como Área de Preservação Permanente" de Jaciane Xavier Bressiani e Marcio Augusto Reolon Schmidt
Introdução
O presente trabalho visa realizar uma síntese abrangente do texto intitulado "Proposta de Uso das Áreas Variáveis de Afluência como Área de Preservação Permanente," elaborado por Jaciane Xavier Bressiani e Marcio Augusto Reolon Schmidt. Este texto aborda questões cruciais no contexto ambiental brasileiro, especialmente relacionadas à preservação de áreas sensíveis e à gestão adequada dos recursos hídricos. Diante do crescimento contínuo da ocupação humana em áreas protegidas, mesmo diante das legislações ambientais vigentes, os autores propõem uma reflexão sobre a utilização das Áreas Variáveis de Afluência (AVA) como uma alternativa à abordagem tradicional de Áreas de Preservação Permanente (APP).
A introdução do texto destaca a lacuna existente nas atuais leis ambientais, em particular, as leis federais 12.727 e 12.651, que atualizam o Código Florestal brasileiro. As limitações e simplificações associadas à definição de APP são ressaltadas, indicando que, embora essas áreas desempenhem um papel importante na proteção dos recursos hídricos, solo e ecossistemas adjacentes, elas podem não ser suficientes para cumprir integralmente sua função ecológica. Nesse contexto, os autores propõem a consideração das AVA, destacando suas características físicas dinâmicas, relacionadas à saturação hídrica durante eventos de chuva, como uma alternativa mais eficaz para a preservação dos recursos hídricos.
Portanto, este trabalho percorrerá as principais ideias apresentadas pelos autores, abordando a importância da zona ripária, a dinâmica das AVA e a necessidade de uma abordagem mais abrangente na legislação ambiental brasileira. Além disso, serão discutidas as implicações práticas e as potenciais contribuições do uso das AVA na gestão sustentável das microbacias urbanas, especialmente no que se refere à prevenção de enchentes e à preservação dos recursos hídricos. 
Desenvolvimento 
A discussão sobre o uso de Áreas Variáveis de Afluência (AVA) como alternativa para Áreas de Preservação Permanente (APP) ganha destaque no contexto ambiental brasileiro, considerando a crescente ocupação humana em regiões protegidas. O desenvolvimento do resumo abordará os principais pontos do texto de Bressiani e Schmidt, explorando a proposta de utilizar Áreas Variáveis de Afluência (AVA) como Áreas de Preservação Permanente (APP), contrapondo-as às faixas simétricas de vegetação estabelecidas pela legislação brasileira.
Inicialmente, cabe ressaltar que a ocupação humana em áreas protegidas tem aumentado, apesar das leis ambientais vigentes, como evidenciado pelas leis federais 12.727 e 12.651 de 2012. Essas legislações, ao atualizarem o Código Florestal e a Resolução 302/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), reconhecem a vulnerabilidade de áreas declivosas e com cobertura vegetal ripária, as quais podem ser enquadradas como APP.
Contudo, as limitações das APPs são explicitadas, considerando que tais áreas, por se resumirem a faixas simétricas com distâncias fixas ao redor de cursos d'água, não abrangem totalmente a zona ripária. Esta última, entendida como a interface entre os ecossistemas terrestre e aquático, desempenha funções cruciais na proteção dos recursos hídricos e do solo. O ecossistema ripário, abrangendo a dinâmica da zona ripária, sua vegetação e suas interações, influencia diretamente a qualidade da água, a estabilidade das margens, a manutenção de habitats de vida silvestre, e outros serviços ecossistêmicos essenciais.
A legislação atual, ao se concentrar nas faixas de vegetação ripária como APP, deixa lacunas na proteção efetiva dessas áreas. A retirada da vegetação ripária resulta em impactos significativos, como aumento do escoamento superficial, erosão, arraste de nutrientes e sedimentos para os cursos d'água, e, consequentemente, enchentes. As AVAs, por sua vez, oferecem uma abordagem mais abrangente, exigindo uma redefinição nas práticas de manejo do uso e ocupação do solo, considerando não apenas a largura de faixa, mas as áreas dinâmicas propensas à saturação.
Nesse contexto, as AVAs emergem como uma alternativa que considera aspectos físicos e dinâmicos das áreas, definindo regiões na microbacia hidrográfica que sofrem expansão e contração com eventos de precipitação. Diferentemente das APPs, as AVAs não se limitam a faixas estabelecidas pela legislação, sendo mais indicadas para a proteção de recursos hídricos devido à sua variação sazonal e propensão ao escoamento superficial durante eventos de chuvas. A dinâmica dessas áreas, embora desafiadora para modelagem hidrológica, destaca sua relevância para a preservação ambiental.
O entendimento das Áreas Variáveis de Afluência, conforme proposto por diferentes pesquisadores, revela que sua característica de variação de área devido à saturação em eventos de chuvas demanda abordagens mais complexas e modelos hidrológicos associados à distribuição espacial. Contudo, a literatura existente indica a escassez de estudos que utilizem modelos hidrológicos distribuídos para a determinação das AVAs.
Considerando a importância da preservação do ecossistema ripário e a necessidade de incluir nas políticas de manejo não apenas a largura de faixa, como nas APPs, mas também as AVAs, torna-se evidente a relevância da modelagem hidrológica espacial. Bressiani e Schmidt defendem que ferramentas como Sistemas de Informação Geográfica (SIG), aliadas a modelos hidrológicos, apresentam-se como recursos eficazes para compreender os mecanismos de geração de escoamento e para delimitar as AVAs em conformidade com as características hidrológicas, topográficas e de uso do solo.
Portanto, ao se considerar a complexidade dos fatores envolvidos na dinâmica da umidade do solo, evapotranspiração e geração de escoamento, a combinação de SIGs e modelos hidrológicos surge como uma abordagem promissora. A modelagem hidrológica distribuída, utilizando o Modelo Digital de Terreno Hidrologicamente Corrigido (MDTHC), oferece uma visão abrangente dos processos hidrológicos, permitindo identificar as AVAs e avaliar sua relação com as legislações existentes, propondo, assim, melhorias nas estratégias de preservação e gestão de microbacias urbanas. Esse enfoque inovador representa uma contribuição significativa para a compreensão e conservação dos recursos hídricos, alinhando-se com a busca por estratégias mais eficientes na promoção da sustentabilidade ambiental.
Conclusão
A partir das informações apresentadas por Bressiani e Schmidt podemos concluir que, diante das limitações das atuais definições de APP, as Áreas Variáveis de Afluência emergem como uma alternativa mais abrangente e dinâmica na preservação dos recursos hídricos. A proposta de incorporar ferramentas de geoprocessamento e modelos hidrológicos na delimitação das AVA representa um avanço na compreensão dos processos hidrológicos e na gestão ambiental.
O estudo propõe um olhar prospectivo, vislumbrando a aplicação efetiva das AVA como um passo significativo rumo a uma gestão ambiental mais integrada e eficaz. A busca por um equilíbrio entre preservação ambiental e ocupação humana é crucial, e a reflexão sobre a adoção de modelos hidrológicos espaciais é uma contribuição relevante nesse contexto. Ao considerar não apenas a largura do curso d'água, mas as características hidrológicas, topográficas e de uso do solo, os gestores ambientais podem garantir a efetiva proteção das áreas sensíveis, promovendo a sustentabilidade ambiental em microbacias urbanas. O estudo de Bressiani e Schmidt destaca a importância de repensar e aprimorar as estratégias de preservação, visando à integridade dos ecossistemas e à qualidade dos recursos hídricos em consonância com o desenvolvimento urbano.
A análise crítica da legislação ambiental e a proposição das AVA não buscam invalidar as conquistas e avanços já alcançados, mas sim apontar para a necessidade de evolução.A inclusão de modelos hidrológicos e ferramentas de geoprocessamento não apenas aprimora a delimitação das áreas de preservação, mas também proporciona uma base técnica sólida para a tomada de decisões em gestão ambiental.

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