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Indicadores para monitoramento de áreas em recuperação

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Climatologia e MeteorologiaClimatologia e MeteorologiaIndicadores para monitoramento de áreas em recuperação
Aluno: Vanderson Ferreira
Curso: Engenharia Ambiental e Sanitária
São Luís
2024
INTRODUÇÃO
O monitoramento e a avaliação são ferramentas gerenciais que permitem o levantamento e a análise da situação de projetos de recuperação de áreas degradadas. Deste modo, através do uso dessas ferramentas é possível avaliar a trajetória de áreas que estão passando pelo processo de recuperação. Por meio do monitoramento é possível avaliar diferentes momentos entre o início e o final de determinado projeto, além deste fornecer subsídio para verificação da sustentabilidade da área que se encontra em processo de recuperação (ANDRADE, 2014). A partir da avaliação é possível determinar se os objetivos propostos para recuperação estão sendo atingidos, sendo que para alcance dos mesmos devem ser propostas metas. Como exemplo, se um dos objetivos específicos do planejamento da restauração for o aumento contínuo da densidade e da riqueza de indivíduos regenerantes no sub-bosque, durante as avaliações deve ser verificado se os valores representativos desses indicadores estão.
Em se tratando de restauração obrigatória, ou seja, oriunda de processo de licenciamento (mineração) ou quando se trata de reparação de dano ambiental (desmatamento de mata ciliar, por exemplo), um agente público precisará atestar que a restauração ocorreu de forma adequada, desonerando o empreendedor ou o autuado da obrigação. Portanto, o empreendedor ou autuado terá que comprovar que a vegetação atingiu um estágio no qual não requer mais manutenção. Já em casos de restauração voluntária, o monitoramento funciona como uma espécie de orientação técnica, tendo três funções básicas: evitar autuação pela polícia ambiental em caso de intervenções em áreas de preservação permanente.
DESENVOLVIMENTO
Um dos fatores que devem ser considerados no acompanhamento de áreas restauradas é o tipo de público, o qual vai ser apresentado os dados oriundos do monitoramento. Por exemplo, quando a avaliação e o monitoramento são requisitados por órgãos ambientais e empresas que contratam serviços de restauração, a atenção deve ser voltada para chances de sustentabilidade e uso futuro da área que se encontra em processo de restauração, requerendo, portanto, informações acerca da composição, estrutura e o funcionamento da área (BRANCALION et al., 2012). Além do mais, outro aspecto importante que deve ser considerado para implantação do monitoramento é a comparação entre a área que se deseja avaliar com áreas que apresentam uma restauração bem-sucedida para determinada condição ou região ecológica. Portanto, devem ser buscados ecossistemas de referência baseados nas características específicas da região. Como exemplo, no estado de São Paulo, segundo a Resolução SMA-08 de 2008, ficou estabelecido que áreas restauradas de Floresta Estacional, Floresta Ombrófila Densa e Cerradão devem apresentar pelo menos 80 espécies florestais nativas regionais para serem consideradas restauradas (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008)
Os indicadores podem ser qualitativos ou quantitativos, e devem ser escolhidos de acordo com a área que se deseja analisar. Sendo assim, neste livro abordaremos especificamente sobre os indicadores ecológicos e universais, por envolverem principalmente aspectos que regem a análise de parâmetros da vegetação principalmente, além do solo e da fauna. Segundo Brancalion et al. (2012), os indicadores qualitativos são obtidos de forma não mensurável, ou seja, são descritos conforme observação e julgamento do observador. Como exemplo, pode-se verificar visualmente se a área apresenta problemas de conservação de solos. Já os indicadores quantitativos são aqueles que podem ser mensurados a partir de determinados parâmetros oriundos da área em processo de restauração, tais como densidade de indivíduos regenerantes, diversidade de espécies, mortalidade de plantas, entre outros. Ainda segundo estes autores, as avaliações quantitativas podem ser feitas por meio da atribuição de notas para diferentes classes de valores obtidos para um mesmo indicador, baseado em referência previamente estabelecida. Além disso, pode-se também atribuir diferentes pesos a esses indicadores, criando grupos de indicadores com alta, média e baixa importância para o sucesso da restauração. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto, segundo Durigan (2011), vários indicadores ecológicos podem ser utilizados para monitoramento de ecossistemas em restauração ou reabilitação, segundo a composição, estrutura e funcionamento da área analisada. Desta forma, a composição abrange as espécies e os grupos que integram a comunidade vegetal, sendo representada pelos seguintes indicadores: número e proporção entre espécies vegetais nativas com populações persistentes; presença e abundância de espécies de gramíneas e árvores exóticas invasoras e não invasoras; presença e proporção de grupos funcionais (classes sucessionais, tolerância à sombra, entre outras); e presença de árvores, arbustos, ervas, trepadeiras, etc. Ainda segundo o mesmo autor, a estrutura refere-se à forma como a comunidade vegetal encontra-se organizada espacialmente. Dentre alguns indicadores podemos citar: altura média do dossel, cobertura do solo pela copa das árvores; biomassa por área; densidade de plantas; e estratificação (distribuição vertical das plantas). E por fim os indicadores que se referem ao funcionamento da área, dos quais envolvem o restabelecimento de processos ecológicos que permitem a autoperpetuação da comunidade vegetal. Como exemplos, tem-se: taxa de fixação de carbono; polinização; dispersão de sementes; sucessão secundária; ciclagem de nutrientes, formação de serrapilheira; capacidade de infiltração da água no solo; restabelecimento da fauna, entre outros.
De acordo com Brancalion et al. (2012), o monitoramento deve ser baseado em três fases: Implantação (1-12 meses); Pósimplantação (1-3 anos); e Fase de vegetação formada (4 ou mais anos). Nota-se que para cada fase são exigidos indicadores específicos, como exemplo, a estratificação não pode ser analisada no início do monitoramento. Na fase de implantação, nos três primeiros meses as avaliações devem ser mensais, e posteriormente a cada três meses, devendo se fazer uso de alguns indicadores, tais como: cobertura vegetal do solo, cobertura da área por gramíneas exóticas agressivas, taxa de mortalidade do plantio, índices de herbivoria e de deficiência de nutrientes nas mudas ou regenerantes, número de espécies por área (riqueza), indivíduos por hectares plantados ou regenerantes (densidade).
Embora na literatura tenha diversos indicadores que servem de suporte para a avaliação dos resultados da recuperação de áreas degradadas, vários destes necessitam de coleta de dados extensivos, ou sua aplicação necessita de conhecimentos específicos, o que pode encarecer o processo e que nem sempre origina dados que permitam chegar a um bom diagnóstico da área. Deste modo, é muito importante fazer uma análise cautelosa da escolha do indicador a ser utilizado, considerados também os aspectos econômicos para aplicação do mesmo
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