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Propriedade e Mercadoria

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1ª SÉRIE
Aula 6 – 3º bimestre
Sociologia
Etapa Ensino Médio
Mercadoria
ou moradia
Propriedade;
Mercadoria;
Função social da propriedade;
Movimentos sociais urbanos.
Compreender as noções marxistas de propriedade e mercadoria;
Compreender movimentos sociais urbanos a partir de divergências conceituais em torno da propriedade urbana.
Conteúdo
Objetivos
EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico.
TEMPO DE AULA:
Para começar: 4 minutos.
Foco no conteúdo (Parte I): 9 minutos.
Na prática (Parte I): 5 minutos.
Foco no conteúdo (Parte II): 10 minutos.
Na prática (Parte II): 5 minutos.
Aplicando: 8 minutos.
O que aprendemos hoje?: 1 minuto.
Referências: 1 minuto.
1 minuto
“Portugal vai parar de conceder vistos gold a grandes investidores estrangeiros [...] para aliviar a falta de moradias e frear a especulação imobiliária” (GZH, 16/02/2023).
Observe as reportagens a seguir:
Entre os bairros que tiveram aumento estão Aclimação (21,90%), Alto da Lapa (14,83%), Bela Vista (26,90%), Brooklin (20,64%), Campo Belo (21,34%), Chácara Klabin (16,76%), Jardim América (19,29%), Jardim Paulista (28,83%), Pinheiros (34,25%), Vila Mariana (23,43%), Vila Conceição (19,55%) e Vila Olímpia (18,50%).
Para começar
Faça a sua especulação teórica com o(s) colega(s) ao lado, depois compartilhe suas ideias com toda a turma:
O que é especulação imobiliária?
(LEMOV, 2023, p. 355-368)
3 minutos
Para começar
Após assistir ao vídeo, responda em seu caderno:
Para um empresário do ramo imobiliário, o que é um imóvel (terreno, casa, prédio etc.)?
(LEMOV, 2023, p. 323-327)
Para começar
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tLMKnlqX-og.
Propriedade
Para um empresário do ramo imobiliário, um imóvel é uma propriedade, uma coisa cuja posse pode ser transferida. Segundo a teoria marxista, a propriedade (da terra, da fábrica, do banco e tantos outros meios necessários à produção) gera alienação*.
Isto é, a relação entre o sujeito e o objeto de posse exclui outros sujeitos. É por isso que Karl Marx definirá os trabalhadores como a classe social despossuída (excluída) dos meios de produção. Os burgueses são os outros, os que detêm a propriedade dos meios de produção no capitalismo.
*Alienação, do ponto de vista do Direito, significa transferência de bem ou direito. Mas, desde Rousseau (1712-1778), o termo passa a ideia de privação, falta ou exclusão (COSTA, 2005, p. 113).
Foco no conteúdo
Mercadoria
Para um empresário do ramo imobiliário, um imóvel é uma mercadoria. É o tempo entre a aquisição e a venda dessa mercadoria o que garantirá o seu principal objetivo: lucro e riqueza.
Canal Salgado Social (YouTube)
Para Karl Marx (2008, p. 46), mercadoria “é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia”.
Foco no conteúdo
Link do vídeo: https://drive.google.com/file/d/1_Miesafsf7sByU9qQLEdC7RohiNbBYdD/view?usp=sharing.
Como a riqueza é produzida no capitalismo?
A utilidade da coisa determina o seu valor de uso. Quando ela é trocada por uma quantidade de outra coisa, estamos nos referindo ao seu valor de troca. Para que o valor de um terreno possa ser trocado por um valor diferente do que inicialmente foi vendido, é necessário agregar-lhe justamente mais valor. Ou seja, é preciso pôr trabalho nessa coisa, é preciso pôr no imóvel todo o esforço requerido à construção civil. O resultado é um imóvel trabalhado, porém alienado de quem de fato trabalhou nele. Este é, de um ponto de vista marxista, o processo social que transforma um espaço geograficamente delimitado (um terreno) em mercadoria imobiliária, gerando riqueza.
Foco no conteúdo
Como a riqueza é produzida no capitalismo?
A riqueza advém da alienação e da mais-valia. Esta é a diferença do salário (o valor de troca pelo trabalho) e a quantidade de trabalho extraído dos trabalhadores, sujeitos que não têm nada a oferecer além da sua força.
Foco no conteúdo
Luta de classes
As relações no capitalismo são, antes de tudo, de antagonismo e exploração. “A oposição e o antagonismo derivam dos interesses inconciliáveis entre as classes – o capitalista desejando preservar seu direito à propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho do operário, pagando baixos salários ou ampliando a jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, luta contra a exploração, reivindicando menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros que se acumulam com a venda daquilo que ele produziu.” (COSTA, 2005, p. 114).
Mais-valia
Foco no conteúdo
Certo é certo! (LEMOV, 2023, p. 153-161)
Enem 2013
Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
2 minutos
Na prática
Certo é certo! (LEMOV, 2023, p. 153-161)
Enem 2013
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que: 
o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.
2 minutos
Na prática
Certo é certo! (LEMOV, 2023, p. 153-161)
Enem 2013
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que: 
o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.
2 minutos
Correção
Na prática
A questão habitacional no capitalismo
“[...] o desenvolvimento histórico particular do urbano na sociedade capitalista engendrou um aumento da produção e da acumulação do capital, da divisão social do trabalho e da exploração do trabalho pelo capital, além de produzir um aumento constante de população nos espaços citadinos.
Rua em bairro pobre de Londres (Dudley Street), gravura de G. Doré (1872)
Foco no conteúdo
A questão habitacional no capitalismo
Esse processo de crescente concentração de massas populacionais em determinados espaços originou problemas específicos como a dificuldade de acesso ao solo urbano, ao trabalho, problemas com a poluição crescente, entre outros. Nesse desenvolvimento, a cidade concretizou-se como lócus privilegiado de confronto entre classes sociais.”
Foco no conteúdo
A questão habitacional no capitalismo
“Depreende-se desse contexto a expressividade da questão habitacional, inserida no urbano capitalista como sinalizadora de uma contradição social que pertence à estrutura da sociabilidade regida pelo capital, entre os que detêm a propriedade e os que não têm acesso a ela. (LORENA, 2012, p. 31).
O que podemos dizer olhando para as concepções que os sujeitos de nossa sociedade têm a respeito dos bens imobiliários é que seus interesses em relação a eles são divergentes. 
Foco no conteúdo
A questão habitacional no capitalismoO cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, retrata a “saga do português João Romão, em seu ‘delírio de enriquecer’, explora os empregados e a amante Bertoleza, furta e não mede esforços para a sua ascensão econômica e social” (KIYOMURA, 2018).
Foco no conteúdo
Uma outra concepção de propriedade
A concepção de propriedade capitalista, a que produz desigualdade, não é universal. Daí alguns conflitos de interesse em nossa sociedade. Em outras palavras, assim como existem conflitos interétnicos por conta de distintas concepções em torno da terra e da forma de produzir nela (ou com ela), existem disputas políticas acerca de qual deve ser a função da propriedade urbana.
Foco no conteúdo
Uma outra concepção de propriedade
A função social da propriedade
Um dos princípios da ordem econômica, que está fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, é a função social da propriedade (cf. art. 170 da C.F. de 1988). A ordem econômica deve assegurar a existência digna, e isso perpassa pelo direito à moradia adequada, tal como definido na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
Foco no conteúdo
Um movimento por moradias
“Na análise de Cassab (2004), os processos de ocupação realizados pelo MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] apresentam um duplo objetivo, isto é, visam atender a uma necessidade imediata dos componentes do Movimento e também pôr em debate a questão da propriedade e de sua função: “Se, de um lado procura responder à necessidade imediata por teto, e com isso abrir o processo de negociação com o Estado, por outro se configura enquanto denúncia e questionamento quanto à aplicação da função social da propriedade, prevista na Constituição Federal.” (LORENA, 2012, p. 155).
Foco no conteúdo
Um movimento por moradias
Função Social da Propriedade – Ordem Econômica (Mariana Lira, YouTube)
A noção de função social da propriedade não rompe com a ordem econômica capitalista.
Foco no conteúdo
Enem 2016
O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como fruto da regulação social, isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores, e não somente aqueles que estão no mercado formal da produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre partiram do pressuposto de que a cidade não tem divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.
QUINTO JR., L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos Avançados (USP), n. 47, 2003 (adaptado).
2 minutos
(LEMOV, 2023, p. 104-107)
Na prática
Enem 2016
Uma política governamental que contribui para viabilizar a função social da cidade, nos moldes indicados no texto, é a 
qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.
2 minutos
(LEMOV, 2023, p. 104-107)
Na prática
Correção
Enem 2016
Uma política governamental que contribui para viabilizar a função social da cidade, nos moldes indicados no texto, é a 
qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.
(LEMOV, 2023, p. 104-107)
1 minuto
Na prática
Compreenda o que significa “qualificar”. Na sequência, forme um trio. Sua equipe deverá qualificar um dos serviços públicos prestados no seu bairro ou em bairros próximos à escola, porém deverão visar à função social da propriedade e/ou da cidade. Suas análises precisarão ser fixadas em mural digital, por exemplo, num Padlet.
qualificação
qua·li·fi·ca·ção
s. f.
1 Ação ou efeito de qualificar
qualificar
qua·li·fi·car
2 Indicar a qualidade de ou opinar a respeito de; apreciar, avaliar, classificar: O comitê qualificou o projeto após longo debate.
3 minutos
Aplicando
A propriedade no sistema capitalista, segundo a teoria marxista, gera alienação;
A mercadoria, segundo Marx, é coisa que satisfaz alguma necessidade humana;
De acordo com a teoria marxista, a riqueza, que aparece como acumulação de mercadorias no capitalismo, é produzida pela apropriação e pela alienação do trabalho alheio;
A luta de classes é consequência do antagonismo dos interesses da burguesia e do proletariado;
Assim como existem conflitos interétnicos por conta de distintas concepções em torno da terra e da forma de produzir a partir dela, existem disputas políticas acerca de qual deve ser a função da propriedade urbana;
A noção de função social da propriedade não rompe com a ordem econômica capitalista.
O que aprendemos hoje?
Tarefa SP
Localizador: 97775
Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
Clique em “Procurar”. 
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
27
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 jun. 2023.
COSTA, M. C. C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005.
GZH. Portugal encerra concessão de vistos gold para frear especulação imobiliária. Jornal Gaúcha ZH, 16 fev. 2023. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2023/02/portugal-encerra-concessao-de-vistos-gold-para-frear-especulacao-imobiliaria-cle7kkpiv000401d29pj8ou8o.html. Acesso em: 15 jun. 2023.
KIYOMURA, L. Livro indicado pela Fuvest, “O Cortiço” retrata o Brasil de hoje. Jornal da USP. 19 set. 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/livro-indicado-pela-fuvest-o-cortico-retrata-o-brasil-de-hoje/. Acesso em: 15 jun. 2023.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Tradução de Daniel Vieira, Sandra M. Mallmann da Rosa. Revisão técnica de Fausto Camargo, Thuinie Daros. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2023.
LORENA, E. R. Luta de classes na cidade neoliberal: uma análise sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2012. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/88727/lorena_er_me_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 15 jun. 2023.
MARX, K. A mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento. In: FORACCHI, M. M. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
QUALIFICAÇÃO. Michaelis. Dicionário online de Língua Portuguesa. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=qualifica%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 15 jun. 2023.
QUALIFICAR. Michaelis. Dicionário online de Língua Portuguesa. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=qualificar. Acesso em: 15 jun. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2023/02/portugal-encerra-concessao-de-vistos-gold-para-frear-especulacao-imobiliaria-cle7kkpiv000401d29pj8ou8o.html.
Slide 5 – https://www.youtube.com/watch?v=tLMKnlqX-og.
Slide 7 – https://drive.google.com/file/d/1_Miesafsf7sByU9qQLEdC7RohiNbBYdD/view?usp=sharing.
(fonte original: https://www.youtube.com/watch?v=PLcFXDLgCY8).
Slide 9 – https://www.politize.com.br/mais-valia/
Slide 13 – https://urbanidades.arq.br/2008/02/28/as-origens-do-planejamento-urbano/.
Slide 14 – https://jornal.usp.br/cultura/livro-indicado-pela-fuvest-o-cortico-retrata-o-brasil-de-hoje/.
Slide 16 – https://www.youtube.com/watch?v=BfYyARH-MZc e https://pixabay.com/pt/vectors/exclama%C3%A7%C3%A3o-aviso-alerta-assinar-40026/.Referências
Material 
Digital

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