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Ouro e esmeraldas

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Ouro e esmeraldas: Crixás e 
Campos Verdes na rota da 
mineração 
Eventos de discussão da Política Mineral Goiana estarão nestes municípios no mês de 
abril 
Kharen Stecca 
Crixás é o sexto maior produtor de ouro do Brasil e o primeiro 
em Goiás (Anuário Mineral Brasileiro - 2021). Campos Verdes 
tem esse nome devido às esmeraldas que ocorrem na região. 
Apesar de serem dois grandes municípios mineradores, há 
diferentes contextos nas duas cidades. Para entender sobre o 
assunto conversamos com o Geólogo Heitor Franco, 
responsável pela empresa Pégasus Prospecção Mineral (PPM). 
Ele realizou a leitura e interpretação de dados do 
aerolevantamento geofísico realizado em Goiás pela Secretaria 
de Indústria, Comércio e Serviços do solo goiano e suas 
potencialidades para a mineração. 
Em Crixás a mineração do ouro é realizada por grandes 
empresas mineradoras seguindo protocolos rígidos de 
exploração definidos na legislação brasileira. Há alguns anos, 
podemos considerar que a produção está no auge, mas ainda 
tem um longo caminho pela frente. Como explica Heitor Franco, 
a mineração do ouro é uma das mais complexas. Não por acaso 
o preço deste metal também é mais alto que outros. Mas Crixás 
também é rica em outros minerais como argila, areia e cascalho, 
que são agregados da construção civil, além de níquel e granito 
ornamental. 
Já em Campos Verdes há uma série de pequenos e micro 
mineradores e cooperativas de garimpeiros, e uma enorme 
quantidade de lotes de mineração, mas, a maior parte não dispõe 
de estrutura adequada e tem baixa capacidade de investimento 
em pesquisa e conhecimento geológico. Para viabilizar a lavra, 
hoje desenvolvem-se ações entre o estado, município e 
empreendedores, onde os custos de estruturação e 
licenciamento ambiental necessitam de ações coletivas, e pode 
ser diluído e o arranjo produtivo local estruturado. 
Requerimentos de pesquisa por substância mineral registrados na 
ANM em Campos Verdes (Gráficos: Pégasus Ambiental) 
 
Para isso, o governo de Goiás firmou parceria com a 
Universidade de São Paulo (USP), por meio do Núcleo de 
Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável 
(NAP.Mineração). A finalidade é a formalização e 
sustentabilidade do Arranjo Produtivo Local no Município de 
Campos Verdes. Com isso. Por outro lado, a exploração não está 
mais no auge, o que exige maior esforço para prospecção. 
Campos Verdes também é rica em outros minérios como 
manganês e cobre. O ouro também é um potencial do município. 
Todas essas questões precisam ser pensadas em políticas 
públicas para o setor que viabilizem a exploração mineral nesses 
locais. E esse é o objetivo da terceira rodada de discussão da 
política mineral goiana que será realizada em Crixás e Campos 
Verdes nos dias 25 e 26 de abril. (Veja aqui informações sobre o 
evento) 
Tipos de mineração - Como explica Heitor Franco, o grande 
trunfo da mineração realizada de forma assertiva é a pesquisa. 
Pela legislação brasileira existem dois tipos de exploração 
mineral legalizadas: uma é o garimpo que, quando realizado de 
forma legal, é chamado de Permissão de Lavra Garimpeira e 
segue todas as normas de exploração e recuperação ambiental, 
porém não há pesquisa prévia do local envolvida. E existe a 
Concessão de lavra, onde a mineração é realizada por empresas 
e que só é feita a partir de muita pesquisa e estudo para saber 
exatamente onde está o minério e realizar a exploração de forma 
assertiva. 
A Lavra Garimpeira geralmente é realizada por pequenos 
empreendedores ou de forma associativa por cooperativas de 
garimpeiros que não dispõe de recursos para esses estudos. Esse 
é o caso da maior parte dos processos minerários em Campos 
Verdes. É aí que os levantamentos realizados pelos órgãos de 
governo podem ser o diferencial para o crescimento do setor 
mineral. 
O aerolevantamento geofísico é um método de mapeamento 
que pode auxiliar a definir os melhores locais de exploração de 
determinados minerais, de forma a otimizar a exploração dos 
minérios. Segundo Heitor Franco, grandes empresas fazem esses 
estudos por sua própria iniciativa, no entanto, pequenos 
produtores não têm acesso a esses estudos e por isso, a 
importância do fomento de pesquisas por parte do governo de 
forma a permitir a exploração mineral de forma otimizada e 
legalizada. 
https://perm.go.gov.br/e/33921-3-rodada-de-discussao-da-politica-mineral-goiana-em-crixas-e-campos-verdes
https://perm.go.gov.br/e/33921-3-rodada-de-discussao-da-politica-mineral-goiana-em-crixas-e-campos-verdes
Requerimentos de pesquisa por substância mineral registrados na 
ANM em Campos Verdes 
 
“Toda vez que o Estado disponibiliza esses dados há um boom 
de solicitações para exploração da atividade mineral. Portanto, o 
levantamento é um importante fomento da atividade 
mineradora”, explica Heitor Franco. Por outro lado, quanto mais 
bem regulada a atividade, maior o valor do minério pois há uma 
valorização da atividade realizada de forma correta e organizada. 
“No caso das esmeraldas, por exemplo: quanto maior a 
qualidade da gema, maior o valor. Por outro lado, quanto mais se 
respeita a legislação mineral também há uma valorização do 
produto explorado nessa lavra. 
Mapeamentos - Heitor lembra que ainda existem grandes vazios 
de dados aerogeofísicos em Goiás, em especial em duas regiões 
no Sul do Estado e na região do Nordeste Goiano. Para estas 
regiões já existem projetos de mapeamento em andamento por 
parte do governo. Ele ressalta que na região sul, por exemplo, há 
um potencial de exploração de rochas remineralizadoras, que 
funcionam como adubo, mas são necessários estudos para 
viabilizar essa exploração.

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