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GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E DIREITO ELEITORAL 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS ......................................................................... 4 2.1. Classificação dos Direitos Fundamentais ............................................................ 9 2.2. Características dos Direitos Fundamentais ....................................................... 10 3.CONQUISTAS ELEITORAIS AO LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL ................. 12 4.CONCEITOS E ALCANCE DAS NORMAS ELEITORAIS ..................................... 14 5.FONTES DO DIREITO ELEITORAL ..................................................................... 19 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 (Fonte: www.querobolsa.com.br) 1. INTRODUÇÃO O ato de através do voto manifestar sua vontade na escolha de um representante é uma grande conquista da sociedade brasileira. O poder delegado a uma autoridade para que ela aja em nome dos eleitores é a espinha dorsal da democracia. Esta se fundamenta na ideia de que todo poder emana do povo. Para que a garantia dos direitos políticos, bem como toda a atuação da Justiça Eleitoral, do Ministério Público, dos Partidos Políticos e candidatos sejam preservados, é necessário a devida observância a um conjunto de princípios que são responsáveis por fundamentar o direito eleitoral. Direito eleitoral é o ramo do direito que estuda os processos eleitorais e sua legislação. No Brasil, ele é o elemento central da Justiça Eleitoral, uma das três justiças especializadas (junto com a Militar e a do Trabalho) e capitaneada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua principal fonte é a Constituição Federativa, complementada especialmente pelo Código Eleitoral (Lei no 4.737/65) e pela Lei das Eleições (Lei no 9.504/97), entre outros. Para manter a estabilidade de uma democracia livre, este direito almeja procedimentos objetivos tanto para os https://www.infoescola.com/direito/justica-eleitoral-do-brasil/ https://www.infoescola.com/direito/tribunal-superior-eleitoral/ https://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/ https://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/ 4 eleitores e candidatos quanto para o processo eleitoral (pleito) em si. Seu fundamento básico é a soberania popular, manifestada no Brasil por sufrágio universal. A soberania é a característica-chave do Estado de Direito, dotando o Estado do poder de administrar as políticas públicas. Em democracias livres, ela é sustentada pela vontade do povo, ou soberania popular, que supõe que todos os governantes e legisladores foram escolhidos livremente pelos cidadãos. Tal soberania fundamenta-se no sufrágio universal, quando não há restrições étnicas, sociais ou econômicas para um indivíduo eleger e ser eleito. Seu oposto é o sufrágio restrito, que está presente em partes do mundo ou na própria história brasileira, a exemplo do sufrágio censitário (limitações de ordem econômica, presente na Constituição do Brasil Império), masculino (exclui o sexo feminino das eleições) e cultural (ou capacitário, onde se considera a escolaridade). Por esta análise, deduz- se que o sufrágio universal do Brasil não é "perfeito", visto que a Constituição inclui uma limitação cultural (inelegibilidade de analfabetos) no parágrafo quarto de seu art. 14. No decorrer dos estudos que serão elaborados na presente apostila, será possível adquirir uma melhor compreensão acerca do Direito Eleitoral e as Garantias Constitucionais, fazendo com que se estabeleça uma relação direta entre esses dois institutos do ramo jurídico. 2. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS Uma das principais inovações da Constituição Federal de 1988, concebida após os anos de chumbo da ditadura militar que perdurou no Brasil durante 21 anos, é a ampla cobertura de direitos fundamentais e de garantias fundamentais que a mesma traz. Os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro são instrumentos de proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Estando eles previstos no título II da Constituição Federal de 1988. https://www.infoescola.com/politica/soberania-popular/ https://www.infoescola.com/direito/estado-de-direito/ https://www.infoescola.com/sociedade/politica-publica/ https://www.infoescola.com/politica/democracia/ 5 Os direitos fundamentais, então, são direitos protetivos, que garantem o mínimo necessário para que um indivíduo exista de forma digna dentro de uma sociedade administrada pelo Poder Estatal. Os direitos fundamentais são baseados no princípio da dignidade da pessoa humana, buscando estabelecer formas de fazer com que cada indivíduo tenha seus direitos assegurados pelo Estado que administra a sociedade onde esse mesmo vive, dando ao mesmo autonomia e proteção. Assim, os direitos fundamentais são inalienáveis do contrato social feito entre o indivíduo e o Estado, uma vez que a aplicação dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro não pode ser ignorada pelo Poder Estatal. Os direitos e garantias fundamentais, consolidados e inerentes a todos os cidadãos brasileiros através da Constituição Federal de 1988, possuem um histórico de evoluções e de bases que remetem ao século XVIII. A existência dos direitos fundamentais está muito atrelada à criação dos Direitos Humanos como um todo. O primeiro grande marco na criação de direitos e garantias fundamentais à existência digna do ser humano é 1789, mais especificamente na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, escrita durante da Revolução Francesa. Os ideais da dignidade humana e das garantias básicas para a existência da humanidade em sociedade foi um marco importante, pois foi a primeira vez que se foi pensado na criação de direitos universais, que garantissem as condições mínimas da existência humana em sociedade. Dessa forma, a Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1948 é fortemente baseada na sua irmã de 1789, e teve uma amplitude maior, uma vez que é uma cartilha de direitos básicos que é defendida por todos os países que a assinaram. https://www.projuris.com.br/blog/principio-da-dignidade-humana/ https://www.projuris.com.br/blog/principio-da-dignidade-humana/ 6 A Constituição Federal de 1988, no entanto, dispôs de um título específico para falar apenas dos direitos fundamentais do ser humano dentro dos limites de atuação do Estado, já no início da Carta Magnabrasileira. Isso quer dizer que os direitos e garantias fundamentais expressas na Constituição Federal são fortemente baseados na Declaração dos Direitos Humanos, com o objetivo de conferir dignidade à vida humana e proteção dos indivíduos frente a atuação do Estado, que é obrigado a garantir e prezar por tais direitos e garantias. Os direitos e garantias fundamentais, as normas protetivas que têm como objetivo proteger o cidadão da ação do Estado (uma vez que o Estado é obrigado a garantir as mesmas) e garantir os requisitos mínimos para que o indivíduo tenha uma vida digna perante a sociedade, estão previstas na Constituição Federal de 1988, no título II da mesma. Na Constituição Federal brasileira de 1988, o artigo que abre o título II da Carta, denominado “dos direitos e garantias fundamentais”, é o artigo 5º. O artigo 5º aponta, em sua frase, cinco direitos fundamentais que são basilares para a criação dos demais e para todo o ordenamento jurídico brasileiro. A frase determina: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […]”. A partir dessa frase, vemos que os seguintes itens são a base dos direitos fundamentais da Constituição Federal: ➢ Direito à vida; ➢ À liberdade; ➢ À igualdade; ➢ À segurança; e, 7 ➢ À propriedade. A inviolabilidade dos mesmos é a garantia de que a relação entre o indivíduo e o Estado se mantém intacta, juntamente com o Estado Democrático de Direito. • Direito à Vida Provavelmente o direito fundamental mais importante para a existência do indivíduo em sociedade, o direito à vida não leva em consideração apenas a garantia de que a pessoa tem direito sobre a própria vida e a sua existência. O direito à vida também leva em consideração da condição de viver de forma digna, preservando a integridade física e moral de cada indivíduo que vive na nação. Além do direito à vida, práticas que possam humilhar física e psicologicamente o indivíduo são vedadas. A coação e a tortura (incisos II e III da Constituição Federal), por exemplo, são exemplos de práticas que violam diretamente o direito à vida, e, por isso, são vedadas no artigo 5º: “II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. • Direito à Liberdade O direito à liberdade, da mesma forma que o direito à vida, não está limitado à liberdade física, de não ser preso ou detido sem motivo ou sem ter infringido a lei. O direito à liberdade engloba o direito de ir e vir, o direito de livre expressão e pensamento, de liberdade religiosa, de liberdade intelectual, filosófica e política, da liberdade à manifestação, entre outras. 8 • Direito a Igualdade O direito à igualdade, dentro do rol de direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, trata mais das questões envolvendo o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade. Questões relacionadas ao gênero, à classe, à etnia e raça, à crença religiosa e a demais questões são abordadas na Constituição com o objetivo de dar respaldo protetivo legal à possibilidade de as pessoas serem tratadas como iguais, tendo em mente as suas diferenças entre si. Outra questão relacionada à igualdade tratada na Constituição Federal tange à questão material, onde as pessoas devem ter incentivo à acesso a certos bens e condições materiais a partir da classe social, com o objetivo de combater a desigualdade social e econômica. Além da preservação dos direitos à igualdade, os direitos fundamentais e garantias fundamentais criam mecanismos de punição àqueles que infringirem o direito à igualdade alheio. • Direito à Segurança Dos direitos fundamentais, o direito à segurança é o que mais tem a ver com a ação do Estado na vida individual das pessoas que compõem a nação. Dentro do direito à segurança está a capacidade do Estado em punir aqueles que não respeitam as leis, além de oferecer segurança para que o indivíduo se defenda do Estado quando o mesmo age em desacordo com a Constituição Cidadã. O inciso XXXIX do artigo 5º da Constituição Federal, por exemplo, determina que ninguém pode ser responsável por crimes que não estejam tipificados em lei, nem podem ser penalmente responsáveis sem um julgamento justo e legal. • Direito à Propriedade 9 Dentro do ordenamento jurídico e dos direitos fundamentais, o direito à propriedade é um dos direitos mais importantes para garantir que todos tenham a possibilidade morar e subsistir de forma digna. O direito à propriedade assegura que todos possam desfrutar de propriedades privadas, criando normas protetivas (registros para que a propriedade seja regularizada de forma legal), além de instituir modos de distribuir propriedade a pessoas que não possuem as condições de ter um lugar para moradia e subsistência. A usucapião, por exemplo, se baseia no inciso XXIII do artigo 5º da Constituição Federal, que determina que toda a propriedade tenha uma função social. Trata-se de um mecanismo criado para garantir o direito à propriedade a todos, além de determinar que a propriedade precisa possuir um uso que tenha uma finalidade social (moradia, trabalho, alimentação…). 2.1. Classificação dos Direitos Fundamentais Os direitos e garantias fundamentais podem ser absolutos ou relativos. Os direitos fundamentais absolutos são aqueles imprescindíveis à vida digna, portanto, não podem ser sobrepostos. Já os direitos fundamentais relativos não perdem seu caráter de essencialidade ou sua importância. Contudo, podem ser relativizados conforme as circunstâncias. A principal relevância dessa diferenciação estaria na colisão de direitos fundamentais. Uma vez que eles tenham pesos idênticos, é difícil avaliar qual deve ser privilegiado em detrimento de outro. Por essa razão, considerando as exigências para uma vida digna, pode-se atribuir valor absoluto a alguns e relativo a outros. os direitos e garantias fundamentais são divididos em categorias que os classificam de acordo com as suas aplicações em relação aos direitos dos indivíduos e da sociedade. 10 Os direitos individuais e coletivos, por exemplo, trazem direitos fundamentais relacionados ao direito à vida e à liberdade, tanto de indivíduos quanto de coletivos organizados ou formados a partir de características específicas. Os direitos sociais, por sua vez, levam em consideração os direitos fundamentais que toda a sociedade desfruta. Os direitos à educação, alimentação, segurança, trabalho, moradia e saúde são exemplos de direitos sociais fundamentais. Os direitos de nacionalidade, como o nome já diz, determina quais são as normas, direitos e deveres dos brasileiros (natos e naturalizados), em relação ao seu país e à sua condição de cidadão brasileiro em outros locais. Por último, os direitos políticos determinam a liberdade de manifestação política, de se organizar politicamente e de constituir partidos políticos, apresentando regras, direitos e deveres do cidadão e da célula partidária política frente à sociedade. 2.2. Características dos Direitos Fundamentais Como tudo dentro do ordenamento jurídico, os direitos fundamentais possuem princípios e características próprias que explicam o modus operandi dos mesmos. Dentre essas características estão: Universalidade: os direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal de 1988 devem, por sua natureza protetiva, alcançar toda a população administrada pelo Estado, sem nenhum tipo de distinção. Imprescritibilidade: a imprescritibilidade é o princípio que determina que os direitos fundamentais não prescrevem com o tempo. Eles podem ser exercidos a qualquermomento e não possuem prazo de validade. O não aproveitamento de um direito fundamental específico não faz com que o indivíduo perca, com o tempo, a possibilidade de exercer aquele direito. Inalienabilidade: os direitos fundamentais são, por natureza, inalienáveis. Isso quer dizer que não podem ser transferidos, ignorados, desfeitos e negociados, pois a 11 existência dos mesmos confere a ordenação da ordem jurídica e da manutenção do Estado em si. Relatividade: outra característica dos direitos fundamentais é a sua relatividade. isso quer dizer que, embora universais, os direitos fundamentais não são absolutos e podem ser relativizados conforme a situação e o conflito de interesses que dessa surgir. A relativização, no entanto, não é irrestrita: não se pode relativizar o direito ao ponto em que o mesmo não faça mais sentido ou não possa ser mais aplicado. Um exemplo: as pessoas são livres e têm direito à liberdade, mas têm a sua liberdade privada quando cometem crimes que resultem em condenações ao cárcere. Complementariedade: o princípio da complementariedade define que os direitos fundamentais e as garantias fundamentais são complementares. isso quer dizer que devem ser analisados sempre em conjunto, com um complementando a extensão do outro. Para que os direitos coletivos possam ser exercidos de acordo com o que a Constituição Federal demonstra, por exemplo, os direitos fundamentais individuais devem também estar funcionando e podendo ser completamente exercíveis. Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais não podem ser renunciados por nenhum indivíduo da nação. nenhuma pessoa pode, por vontade própria, negar os direitos e deveres dados como fundamentais. Historicidade: o último princípio dos direitos e garantias fundamentais afirma que os mesmos são frutos de um processo histórico. Isso significa que os direitos fundamentais e garantias fundamentais não estão alheios aos processos históricos e as mudanças dentro da sociedade, podendo se adaptar às novas realidades e mudanças de paradigmas que a sociedade enfrenta enquanto caminha no tempo. 12 3. CONQUISTAS ELEITORAIS AO LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL O processo histórico de ampliação dos direitos políticos no Brasil ocorreu de maneira forma bem gradual. Ele teve início quando, em 1822, houve a proclamação da independência do Brasil. Em 1824, o Imperador D. Pedro I outorgou a Constituição que daria início ao sistema eleitoral. No entanto, essa Constituição excluía a maioria da população brasileira, pois não era permitida a participação de mulheres, escravos, índios, homens menores de 25 anos, e, além disso, foi instituído o voto censitário. Segundo este sistema, de concepção elitista, para votar, o eleitor deveria ter renda anual de, pelo menos, 100 mil-réis. A República Velha, período entre 1889 e 1930, trouxe algumas alterações dos direitos políticos dos cidadãos. Os eleitores deveriam ser maiores de 21 anos, mas não havia mais necessidade de comprovação de renda. Foram excluídos mendigos, mulheres, dentre outras mudanças. Com a Revolução de 1930, novas mudanças aconteceram. Nos governos passados, a administração das eleições era confiada às pessoas mais importantes e próximas aos chefes políticos. Mas, em 1932, foi criado o Código Eleitoral, que, além de reduzir a idade de votar para 18 anos, tornou o alistamento obrigatório, possibilitou que as mulheres passassem votar, também instituiu o voto secreto e criou a Justiça Eleitoral. Esta seria composta pelo Tribunal Superior Eleitoral e Tribunais Regionais Eleitorais. Com isso, houve a centralização do processo eleitoral nesses órgãos do governo. O Estado Novo (1937-1945) iniciava, com Getúlio Vargas, um governo ditatorial, que extinguiu os partidos políticos, as eleições democráticas e todas as formas de participação democrática. Todas essas medidas arbitrárias foram tomadas sob a justificação de que apenas a elite, e não o povo, poderia tomar os rumos da nação. 13 Com a queda de Getúlio, os direitos políticos foram restaurados e poucas mudanças foram instituídas. No entanto, mais uma vez, os direitos conquistados foram suprimidos, com o advento do golpe de 1964. Em 1964, os militares assumiram o poder. O controle político do governo foi ocupado por generais que, através de Atos Institucionais, restringiram as instituições democráticas, provocando o limite e a abolição da participação política. A economia brasileira esteve imersa numa grave crise econômica no período em que foi governada pelos militares. A sociedade, totalmente insatisfeita com a situação, foi às ruas pedindo melhorias. Um dos clamores do povo se referia ao desejo de se ter eleições diretas para Presidente da República. A partir daí era iminente o fim da ditadura e o Brasil passava por um processo de redemocratização. Com o fim do regime militar e, posteriormente, com o advento da Constituição Federal de 1988, foram definitivamente conquistados os direitos políticos que atualmente vigoram no país. (Fonte: Google) 14 4. CONCEITOS E ALCANCE DAS NORMAS ELEITORAIS De antemão é necessário que se esclareça, desde logo, o que é esse ramo do direito e qual sua abrangência, seu alcance. É importante realizar uma finalidade nitidamente prática para facilitar a compreensão da matéria a ser desenvolvida. Para a renomada eleitoralista Flávila Ribeiro, “o Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental”. Não resta dúvidas, percebe-se, que o Direito Eleitoral pertence ao direito público, daí que a todos interessa a justa solução dos conflitos surgidos por ocasião da vivência das suas regras. Basta lembrar que o Direito Eleitoral regula a capacidade eleitoral ativa, que se traduz no direito de votar, o mais importante exercício de cidadania, pois implica o poder que tem o alistado de influir na formação do governo. É também pela sua disciplina que se sabe quem, dentre aqueles com capacidade eleitoral ativa, terá o direito de ser votado, ou seja, a capacidade eleitoral passiva. Bastam tais considerações para que se perceba a importância do direito eleitoral num Estado Democrático de Direito. De nada adiantará o enunciado constitucional, alardeando a República Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito, se as regras eleitorais não forem firmemente observadas e feitas observar, porque ilegítimo poderá ser o colégio eleitoral e, via de consequência, também os mandatos alcançados no sufrágio. Então, sobressalta-se como de fundamental importância a atuação do Ministério Público Eleitoral e da Justiça Eleitoral na construção de um Direito Eleitoral que encontre respostas adequadas à demanda social pela lisura da disputa e pela probidade dos mandatários. Por conseguinte, os Juízes e Promotores Eleitorais não podem perder de vista, que cada cidadão, ao se inscrever eleitor irregularmente, macula o processo eleitoral 15 e torna ilegítimos os resultados das urnas. E cada nacional que é admitido à candidatura sem que sejam preenchidas as condições de elegibilidade, ou que incorra em causa de inelegibilidade, poderá transformar-se em agente político, transgredindo, já na porta de entrada, as regras de sua investidura. As causas de inelegibilidade têm como fundamento constitucional a necessidade de preservar não só a lisura e a legitimidade das eleições, como também a probidade administrativa, aqui projetando- se o pensamento para a ocasião do exercício do mandato pelos eleitos. Se "na sociedade democrática a legitimidade governamental é baseada no consentimento do povo", a Justiça Eleitoral deve cuidar para que esse consentimento seja manifestadode forma livre. Nunca se perca de vista o papel de especial importância a ser desempenhado pelos Partidos Políticos, que devem fiscalizar-se mutuamente, a menos que sua filosofia seja vencer em meio à desordem. Como já se antecipou, as regras de Direito Eleitoral organizam o corpo eleitoral, ou seja, fixam condições para que o nacional se inscreva eleitor, momento em que ele passa a ter capacidade eleitoral ativa (o direito de votar). Com esse objetivo, as leis eleitorais disciplinam o alistamento eleitoral: a inscrição e a transferência. E ainda agrupam esses eleitores em circunscrições eleitorais, que são entendidas como a concentração ou divisão do território nacional segundo o interesse da disputa. Assim, tem-se todo o território nacional como uma só circunscrição para as eleições presidenciais. Quando as eleições forem para Governador de Estado ou do Distrito Federal, Senador e Deputados Distritais, Estaduais ou Federais, a circunscrição é o Estado ou o Distrito Federal. Finalmente, tratando-se de preenchimento dos cargos de Prefeito e Vereadores, o Município é a circunscrição. Isto porque interessa a todos os brasileiros a eleição para presidente, daí que todos são um único corpo eleitoral para esse fim; mas interessa apenas aos cidadãos de determinado município a eleição para Prefeito e Vereadores, daí que são somente eles, agora, o corpo eleitoral nessa eleição. Por óbvio, não se pode confundir circunscrição eleitoral com Zonas Eleitorais. Estas são fixadas sobre determinado território (que, geralmente, coincide com as 16 Comarcas), visando ao exercício da jurisdição eleitoral. Interessa, portanto, à Justiça Eleitoral. Nem sempre a Zona Eleitoral tem território coincidente com o do Município ou com o da Comarca (estas são divisões territoriais para o exercício da jurisdição comum estadual). Há Zonas que envolvem mais de um município e mais de uma Comarca (nas hipóteses em que esta tem número de eleitores insuficiente para criação da Zona Eleitoral). E há municípios que são divididos em mais de uma Zona Eleitoral, exatamente porque consideravelmente grande o número de eleitores, justificando-se sua subdivisão. A fórmula do sistema proporcional começa com a definição do "quociente eleitoral", que é a divisão do número de votos válidos (excluídos, portanto, os nulos e os brancos) apurados na eleição pelo número de cadeiras disponíveis no parlamento. Se num determinado município forem apurados 100.000 votos e a Câmara Municipal for composta por 10 cadeiras, o quociente eleitoral (100.000 votos divididos por 10 cadeiras) será 10.000 (dez mil). Este é o valor, em votos, de cada uma das vagas. Significa dizer que o partido para conquistar um mandato de vereador terá que somar 10.000 votos ou mais. E a cada 10.000 votos o partido conquista mais um mandato. Como a disputa é, num primeiro momento, entre partidos, necessário apurar todos os votos dados a cada um dos partidos, tanto os nominais (votos dados a candidatos indicados pelo eleitor) quanto os de legenda (votos dados a partido apenas), para se chegar ao "quociente partidário", entendido este como sendo o número de mandatos conquistados pela agremiação. E, como dito, o partido conquista mais um mandato a cada vez que ele alcança o quociente eleitoral (10.000 votos no exemplo aqui construído). Se o partido obteve 33.000 votos, v.gr., seu "quociente partidário" naquela eleição é 3,3, daí que ele conquistou 3 vagas. Essa operação, relativamente complexa, envolvendo os quocientes eleitoral (mero divisor para a fase seguinte da formula) e partidário, está prevista nos arts. 106 e seguintes, do Código Eleitoral, e tem por finalidade transpor para a casa legislativa as mais variadas correntes de pensamento existentes na sociedade, na proporção dos votos dados. 17 A partir desta operação, ou seja, da definição do número de cadeiras que o partido conquistou (quociente partidário), passa-se à identificação dos candidatos do partido que vão efetivamente exercer os mandatos. Neste ponto, a regra é semelhante à do sistema majoritário, pois estarão eleitos, para as tais vagas conquistadas, os candidatos que obtiveram mais votos, dentro do limite de vagas obtidas (art. 109, § 1º, do Código Eleitoral). A redação do art. 108 do Código Eleitoral foi alterada pela Lei n. 14.211, de 2021, passando a dispor do seguinte texto legal: Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. Seu respectivo parágrafo único foi incluído em 2015 pela Lei n. 13.165, de 2015 que positiva: Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as regras do art. 109. Com a nova redação dada ao art. 108, para o efetivo preenchimento dessas cadeiras, há mais uma exigência: dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número de lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I deste caput, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentarem as maiores médias. Importante destacar que o preenchimento dos lugares com que cada partido for contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. 18 Ademais, poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que participaram do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por cento) do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou superior a 20% (vinte por cento) desse quociente. Organizados o corpo eleitoral (assim definidos os que têm o direito de votar e em que circunscrição exercerão esse direito) e o sistema eleitoral segundo o qual cada cargo eletivo será preenchido, cabe ao Direito Eleitoral disciplinar o processo eleitoral, nesse contexto envolvendo-se regras próprias de eleições, de plebiscito e de referendo. Nesse particular, a lei prevê a prática de atos administrativos preparatórios da eleição, a cargo da Justiça Eleitoral, como a designação de locais de votação, a nomeação de mesários, a regulamentação de transporte e alimentação de eleitores, a participação dos partidos e coligações na fiscalização das eleições, etc. E, principalmente, fixa as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade, o processo de registro de candidaturas, as regras para a campanha eleitoral, os meios lícitos e ilícitos de propaganda e do seu financiamento, o processo e o julgamento das irregularidades e as respectivas sanções aos infratores. Quando se fala em alcance das normas eleitorais, ou seja, até onde vai o Direito Eleitoral, quais as normas legais são entendidas como de seu estudo, ao mesmo tempo aproxima-se muito da definição da competência da Justiça Eleitoral, seja para atos de mera administração do processo eleitoral, seja mesmo para dirimir conflitos. E já se pode antecipar que não são entendidas como normas de Direito Eleitoral aquelas que dizem respeito à criação, organização, fusão e extinção de partidos políticos, porque já se reconhece a autonomia do Direito Partidário. Themistocles Cavalcanti, citado por Fávila Ribeiro, adverte que "o Direito Eleitoral se restringe ao mecanismo ativo e passivo da representação, como instrumento do sistema democrático". Daí que tudo aquilo que diz respeito aos partidos políticos, que não interfiram de alguma forma no processoeleitoral, é matéria estranha ao Direito Eleitoral, não obstante tenha a Justiça Eleitoral competência para a fiscalização dos partidos e também para o controle das filiações. 19 5. FONTES DO DIREITO ELEITORAL O Direito Eleitoral busca sustentação, primeiramente, na Constituição Federal, onde se encontram suas principais regras e estão albergados seus princípios norteadores. No art. 12, a CF/88 diz quem são os brasileiros natos e naturalizados e fixa as hipóteses de perdimento da nacionalidade brasileira. Estas disposições são de singular relevância, já que "não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros" (art. 14, § 2°), como também não pode ser candidato aquele que não tiver nacionalidade brasileira (art. 14, § 3º, I). Aí, o ordenamento constitucional já sinaliza para a capacidade eleitoral ativa (quem pode alistar-se eleitor) e para a capacidade eleitoral passiva (quem preenche as condições de elegibilidade). Ainda na Constituição Federal, são fixadas outras condições de elegibilidade e algumas causas de inelegibilidade (art. 14). E o §9° do mencionado art. 14 abriu à lei complementar a possibilidade de estabelecerem-se outras hipóteses de inelegibilidade, o que veio com a Lei Complementar n. 64/90, alterada e acrescentada pela LC n. 135/2010, a "lei da ficha limpa". No seu art. 15, a Carta da República enumera as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos, o que produz reflexos diretos no Direito Eleitoral, pois aquele que não está no exercício dos seus direitos políticos não tem capacidade eleitoral ativa e nem passiva, daí que não pode votar e nem ser votado. Finalmente, foi nos §§ 10 e 11 do art. 14 da CF/88 que a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) foi acolhida definitivamente no nosso ordenamento jurídico eleitoral, já que as experiências anteriores vieram em leis de caráter temporário. Talvez o mais importante princípio do Direito Eleitoral, é o da isonomia de oportunidades, está consagrado exatamente no texto constitucional, já que o § 9º do art. 14 estabelece que as inelegibilidades orientam-se pela necessidade de preservar a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Sabe-se que o abuso de poder nas eleições é o mais eficiente instrumento 20 de desequilíbrio de forças na disputa eleitoral, daí ter merecido da Constituição Federal expressa referência. Ainda na Constituição Federal, agora por força da Reforma do Judiciário (EC 45, de 08.12.2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao art. 5°), encontra-se o princípio da celeridade, que deve orientar toda a prestação jurisdicional, não apenas a eleitoral. Interessante observar que esse princípio já vinha sendo desenvolvido havia tempos no processo eleitoral, à consideração de que este tem particularidades que recomendam soluções urgentes como o fato de que a eleição ocorre em data certa, pré-fixada, antes da qual os incidentes devem estar resolvidos, e, também, a temporariedade dos mandatos eletivos sob pena de frustrarem-se os envolvidos na lide e, o que é pior, restar esvaziado o objetivo do próprio Direito Eleitoral. Outra importante fonte do Direito Eleitoral é o Código Eleitoral, instituído pela Lei n. 4.737, de 15/7/65. Não se pode esquecer que foi ele concebido logo no início do regime militar, sendo, portanto, resultado da imposição das forças políticas que acabavam de chegar ao poder pela luta armada, daí que carrega ele a marca do autoritarismo, às vezes com regras incompatíveis com o Estado Democrático de Direito hoje vivido entre nós. De qualquer forma, é no Código Eleitoral que estão fixadas as regras básicas de todo o "processo eleitoral", desde o alistamento (qualificação e inscrição: arts. 42 e seguintes: transferência: arts. 55 e seguintes: atribuições dos partidos: art. 66; encerramento: arts. 67 e seguintes; e cancelamento/exclusão: arts. 71 e seguintes), os sistemas eleitorais (arts. 82 e seguintes), o registro das candidaturas (arts. 87 e seguintes, nesse ponto sendo profundamente alterado pela Lei Complementar n. 64/90), a garantia do voto secreto (art. 103), o modelo da cédula oficial (art. 104, hoje quase superado em razão da informatização), a representação proporcional (arts. 105 e seguintes), os atos preparatórios da votação (seções eleitorais: arts, 117 e 118; mesas receptoras de votos: arts, 119 e seguintes; fiscalização das mesas: arts. 131 e 132), o material para votação (arts. 133 e 134), a votação (lugares da votação: arts. 135 e seguintes; polícia dos trabalhos: arts. 139 a 141; início da votação: arts. 142 a 145; ato de votar: arts. 146 a 152; encerramento da votação: arts. 153 a 157), a apuração (órgãos apuradores, impugnações e contagem dos votos: arts. 158 a 214, 21 hoje profundamente alterada pelo sistema informatizado de totalização; diplomas: arts. 215 a 218; nulidades da votação: arts. 219 a 224; voto no exterior: arts. 225 a 233), as garantias eleitorais (arts. 234 a 239), a propaganda eleitoral (arts. 240 a 256, com importantes inovações contidas na Lei das Eleições), os recursos eleitorais perante Juntas, Juízes e Tribunais (arts. 257 a 282, também com as novidades da Lei Eleitoral e da LC n. 64/90), os crimes eleitorais e o respectivo processo (disposições preliminares: arts. 283 a 288; crimes: arts. 289 a 354-A, com outros tipos penais sendo encontrados na Lei Eleitoral, na LC n. 64/90, na Lei n. 6.091/74, dentre outras; processo: arts. 355 a 364) e disposições gerais e transitórias (arts. 365 a 383), E não se esqueceu o Código Eleitoral de organizar a justiça Eleitoral (seus órgãos: arts. 12 a 15; o Tribunal Superior Eleitoral: arts. 16 a 24; os Tribunais Regionais: arts, 25 a 31; os Juízes Eleitorais: arts. 32 a 35; as Juntas Eleitorais: arts, 36 a 41), como órgão do Poder Judiciário, incumbido de administrar as eleições e dirimir os conflitos de interesses surgidos durante todo o processo. Como já se adiantou, muito do que está disciplinado no Código Eleitoral é hoje matéria de leis especiais, que o modificaram profundamente, como a Lei Complementar n. 64/90 (no que diz respeito principalmente ao registro de candidaturas) e a Lei Eleitoral n. 9.504/97 (no que se refere à propaganda eleitoral e ao procedimento da Reclamação/Representação, com sistema recursal próprio). Então, é preciso olhar para o Código Eleitoral com acentuado cuidado, principalmente porque o Direito Eleitoral, muitas das vezes, é moldado pelo casuísmo. A chamada Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97) é, sem dúvida, a mais recente conquista do Direito Eleitoral brasileiro e talvez o mais importante instrumento legislativo de que dispomos para enfrentar os novos desafios da disputa eleitoral. A Lei Eleitoral n. 9.504, de 30 de setembro de 1997, foi aprovada com o enunciado "Estabelece normas para as eleições", e não mais "estabelece normas para as eleições de ...". No seu art. 1°, refere-se às eleições para Presidente, Governadores, Senadores, Deputados, Prefeitos e Vereadores, embora as eleições que se avizinhavam (em 1998) fossem apenas para Presidente, Governadores, 22 Senadores e Deputados. Então, a novel lei eleitoral tinha como destino regular os processos eleitorais vindouros, o de 1998 (eleições gerais), o de 2000 (eleições municipais), etc. Só por isso, terá a mencionada lei contribuído em muito para o aprimoramento do Direito Eleitoral brasileiro, possibilitando a consolidação do pensamento, a fixação de jurisprudência e até mesmo o encorajamento da doutrina, antes desestimulada pela temporariedade das regras. A Lei n. 9.504/97 reafirma que as eleições se realizam no primeiro e no último domingo de outubro, e que se considera eleito, para os cargos do Executivo, aquele dos candidatos que obtiver a maioria dos votos, não computadosos votos em branco e os nulos. Fixa regras para as coligações (art. 6º), para as convenções partidárias (arts. 7° e seguintes), para o registro de candidatos (arts. 10 e seguintes), para a arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas (arts. 17 e seguintes), para a prestação de contas (arts. 28 e seguintes), para as pesquisas e testes pré-eleitorais (arts. 33 e seguintes), para a propaganda eleitoral (em geral: arts. 36 a 41-A; na imprensa: art. 43; no rádio e na TV: arts. 44 e seguintes; e na Internet: art. 57-A e seguintes), para o direito de resposta (art. 58), para o sistema eletrônico de votação e totalização (arts. 59 e seguintes), para o funcionamento das mesas receptoras (arts. 63 e 64), para a fiscalização das eleições (arts. 65 e seguintes), para caracterização de condutas vedadas aos agentes públicos (arts. 73 e seguintes) e para o procedimento das reclamações/representações (art. 96). Disciplinando praticamente todo o processo eleitoral (concorrentemente com outras leis, é verdade), a Lei n. 9.504/97 é fonte obrigatória de consulta permanente do operador do Direito Eleitoral. As inelegibilidades, que não foram fixadas diretamente no texto constitucional, estão previstas na Lei Complementar n. 64/90, daí chamada de Lei das Inelegibilidades. Além de estabelecer os casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação (art. 1°), a Lei Complementar n. 64/90 ainda reafirma a competência da Justiça Eleitoral para conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade, indicando os Órgãos Jurisdicionais aos quais deve ela ser dirigida (art. 2°), regula o procedimento da Ação 23 de Impugnação do Registro de Candidatura (arts. 3° e seguintes, agora aplicável também à AIME, por força da Res. 21.634/04-TSE), consagra a regra de que os prazos na AIRC são peremptórios e contínuos (art. 16), institui a Investigação Judicial Eleitoral como ação, com carga decisória (arts. 19 e seguintes) e tipifica como crime eleitoral a arguição de inelegibilidade deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé (art. 25). Essa lei, é de especial importância no contexto eleitoral brasileiro, mormente após as modificações da "lei da ficha limpa", será examinada com pormenores quando do estudo do registro de candidatura. Algumas leis especiais podem ser destacadas por sua importância para o processo eleitoral. Dentre elas, a Lei n. 6.091/74, que disciplina o transporte e a alimentação dos eleitores. Sabe-se que o transporte e a alimentação de eleitores é prática ainda comum em alguns lugares, principalmente no interior do País, onde os "coronéis" da política se incumbem de levar seus "comandados" até o local de votação, dirigindo-lhes a vontade e influenciando decisivamente o seu voto. Mais importante que impor a observância das regras contidas na mencionada lei, e cuidar para que as condições propicias ao fornecimento de transporte e alimentação aos eleitores sejam eliminadas. O eleitor só necessita de transporte e alimentação se o local onde ele votar for distante de sua residência. Resguardadas algumas situações especiais (como na região amazônica e pantaneira, p. ex.), a Justiça Eleitoral deve dedicar-se à tarefa colocar seções eleitorais próximas aos povoados, vilas, etc... levando a urna ao eleitor e invertendo a realidade, que impõe ao eleitor ir até a urna. Então, quando do alistamento eleitoral ou quando da transferência, o eleitor deve ser orientado da existência de locais de votação próximos ao seu domicílio. Ainda constituem fonte do Direito Eleitoral as Resoluções do TSE, que têm força de lei ordinária, conforme decidido por aquela Corte (Recurso n. 1.943-RS, BE- TSE 13/16). 24 São de grande importância, principalmente prática, para o operador do Direito Eleitoral, para os partidos políticos e candidatos, porque essas resoluções consolidam a legislação em vigor, agrupando-a por assunto. Ao editar uma resolução para regular o registro de candidatos, por exemplo, o TSE não repete as normas contidas no Código Eleitoral que já estão superadas diante do que dispõem a Lei Eleitoral (Lei n. 9.504/97) e a Lei Complementar n. 64/90. Além disso, o TSE transforma em dispositivo de resolução a sua jurisprudência dominante, mesmo que sobre o assunto não haja texto expresso de lei. As resoluções do TSE, portanto, traduzem a legislação em vigor e o pensamento da mais alta Corte da Justiça Eleitoral, constituindo-se em importante instrumento de orientação a todos quantos lidam com a matéria. Também os TRE's editam resoluções, no mais das vezes de interesse da organização da Justiça Eleitoral no Estado. 25 BIBLIOGRAFIA "A história da justiça eleitoral no Brasil - TRE/RN". Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, Natal. Disponível em: <http://www.tre-rn.jus.br/institucional/centro- de-memoria/tre-rn-a-historia-da-justica-eleitoral-no-brasil>. 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