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GARANTIAS-CONSTITUCIONAIS-E-DIREITO-ELEITORAL

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GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E DIREITO ELEITORAL 
 
 
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SUMÁRIO 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 
2. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS ......................................................................... 4 
2.1. Classificação dos Direitos Fundamentais ............................................................ 9 
2.2. Características dos Direitos Fundamentais ....................................................... 10 
3.CONQUISTAS ELEITORAIS AO LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL ................. 12 
4.CONCEITOS E ALCANCE DAS NORMAS ELEITORAIS ..................................... 14 
5.FONTES DO DIREITO ELEITORAL ..................................................................... 19 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(Fonte: www.querobolsa.com.br) 
1. INTRODUÇÃO 
O ato de através do voto manifestar sua vontade na escolha de um 
representante é uma grande conquista da sociedade brasileira. O poder delegado a 
uma autoridade para que ela aja em nome dos eleitores é a espinha dorsal da 
democracia. Esta se fundamenta na ideia de que todo poder emana do povo. 
Para que a garantia dos direitos políticos, bem como toda a atuação da Justiça 
Eleitoral, do Ministério Público, dos Partidos Políticos e candidatos sejam 
preservados, é necessário a devida observância a um conjunto de princípios que são 
responsáveis por fundamentar o direito eleitoral. 
Direito eleitoral é o ramo do direito que estuda os processos eleitorais e sua 
legislação. No Brasil, ele é o elemento central da Justiça Eleitoral, uma das três 
justiças especializadas (junto com a Militar e a do Trabalho) e capitaneada 
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua principal fonte é a Constituição 
Federativa, complementada especialmente pelo Código Eleitoral (Lei no 4.737/65) e 
pela Lei das Eleições (Lei no 9.504/97), entre outros. Para manter a estabilidade de 
uma democracia livre, este direito almeja procedimentos objetivos tanto para os 
https://www.infoescola.com/direito/justica-eleitoral-do-brasil/
https://www.infoescola.com/direito/tribunal-superior-eleitoral/
https://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/
https://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/
 
 
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eleitores e candidatos quanto para o processo eleitoral (pleito) em si. Seu fundamento 
básico é a soberania popular, manifestada no Brasil por sufrágio universal. 
A soberania é a característica-chave do Estado de Direito, dotando o Estado 
do poder de administrar as políticas públicas. Em democracias livres, ela é 
sustentada pela vontade do povo, ou soberania popular, que supõe que todos os 
governantes e legisladores foram escolhidos livremente pelos cidadãos. Tal 
soberania fundamenta-se no sufrágio universal, quando não há restrições étnicas, 
sociais ou econômicas para um indivíduo eleger e ser eleito. Seu oposto é o sufrágio 
restrito, que está presente em partes do mundo ou na própria história brasileira, a 
exemplo do sufrágio censitário (limitações de ordem econômica, presente na 
Constituição do Brasil Império), masculino (exclui o sexo feminino das eleições) e 
cultural (ou capacitário, onde se considera a escolaridade). Por esta análise, deduz-
se que o sufrágio universal do Brasil não é "perfeito", visto que a Constituição inclui 
uma limitação cultural (inelegibilidade de analfabetos) no parágrafo quarto de seu art. 
14. 
No decorrer dos estudos que serão elaborados na presente apostila, será 
possível adquirir uma melhor compreensão acerca do Direito Eleitoral e as Garantias 
Constitucionais, fazendo com que se estabeleça uma relação direta entre esses dois 
institutos do ramo jurídico. 
 
2. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS 
Uma das principais inovações da Constituição Federal de 1988, concebida 
após os anos de chumbo da ditadura militar que perdurou no Brasil durante 21 anos, 
é a ampla cobertura de direitos fundamentais e de garantias fundamentais que a 
mesma traz. 
Os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro são instrumentos de 
proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Estando eles previstos no título II 
da Constituição Federal de 1988. 
https://www.infoescola.com/politica/soberania-popular/
https://www.infoescola.com/direito/estado-de-direito/
https://www.infoescola.com/sociedade/politica-publica/
https://www.infoescola.com/politica/democracia/
 
 
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Os direitos fundamentais, então, são direitos protetivos, que garantem o 
mínimo necessário para que um indivíduo exista de forma digna dentro de uma 
sociedade administrada pelo Poder Estatal. 
Os direitos fundamentais são baseados no princípio da dignidade da pessoa 
humana, buscando estabelecer formas de fazer com que cada indivíduo tenha seus 
direitos assegurados pelo Estado que administra a sociedade onde esse mesmo vive, 
dando ao mesmo autonomia e proteção. 
Assim, os direitos fundamentais são inalienáveis do contrato social feito entre 
o indivíduo e o Estado, uma vez que a aplicação dos direitos fundamentais do cidadão 
brasileiro não pode ser ignorada pelo Poder Estatal. 
Os direitos e garantias fundamentais, consolidados e inerentes a todos os 
cidadãos brasileiros através da Constituição Federal de 1988, possuem um histórico 
de evoluções e de bases que remetem ao século XVIII. 
A existência dos direitos fundamentais está muito atrelada à criação dos 
Direitos Humanos como um todo. 
O primeiro grande marco na criação de direitos e garantias fundamentais à 
existência digna do ser humano é 1789, mais especificamente na Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, escrita durante da Revolução 
Francesa. 
Os ideais da dignidade humana e das garantias básicas para a existência da 
humanidade em sociedade foi um marco importante, pois foi a primeira vez que se foi 
pensado na criação de direitos universais, que garantissem as condições mínimas da 
existência humana em sociedade. 
Dessa forma, a Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações 
Unidas (ONU) de 1948 é fortemente baseada na sua irmã de 1789, e teve uma 
amplitude maior, uma vez que é uma cartilha de direitos básicos que é defendida por 
todos os países que a assinaram. 
https://www.projuris.com.br/blog/principio-da-dignidade-humana/
https://www.projuris.com.br/blog/principio-da-dignidade-humana/
 
 
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A Constituição Federal de 1988, no entanto, dispôs de um título específico para 
falar apenas dos direitos fundamentais do ser humano dentro dos limites de atuação 
do Estado, já no início da Carta Magnabrasileira. 
Isso quer dizer que os direitos e garantias fundamentais expressas na 
Constituição Federal são fortemente baseados na Declaração dos Direitos Humanos, 
com o objetivo de conferir dignidade à vida humana e proteção dos indivíduos frente 
a atuação do Estado, que é obrigado a garantir e prezar por tais direitos e garantias. 
Os direitos e garantias fundamentais, as normas protetivas que têm como 
objetivo proteger o cidadão da ação do Estado (uma vez que o Estado é obrigado a 
garantir as mesmas) e garantir os requisitos mínimos para que o indivíduo tenha uma 
vida digna perante a sociedade, estão previstas na Constituição Federal de 1988, no 
título II da mesma. 
Na Constituição Federal brasileira de 1988, o artigo que abre o título II da Carta, 
denominado “dos direitos e garantias fundamentais”, é o artigo 5º. 
O artigo 5º aponta, em sua frase, cinco direitos fundamentais que são basilares 
para a criação dos demais e para todo o ordenamento jurídico brasileiro. A frase 
determina: 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade […]”. 
 
A partir dessa frase, vemos que os seguintes itens são a base dos direitos 
fundamentais da Constituição Federal: 
➢ Direito à vida; 
➢ À liberdade; 
➢ À igualdade; 
➢ À segurança; e, 
 
 
7 
➢ À propriedade. 
A inviolabilidade dos mesmos é a garantia de que a relação entre o indivíduo 
e o Estado se mantém intacta, juntamente com o Estado Democrático de Direito. 
• Direito à Vida 
Provavelmente o direito fundamental mais importante para a existência do 
indivíduo em sociedade, o direito à vida não leva em consideração apenas a garantia 
de que a pessoa tem direito sobre a própria vida e a sua existência. 
O direito à vida também leva em consideração da condição de viver de forma 
digna, preservando a integridade física e moral de cada indivíduo que vive na nação. 
Além do direito à vida, práticas que possam humilhar física e psicologicamente 
o indivíduo são vedadas. A coação e a tortura (incisos II e III da Constituição Federal), 
por exemplo, são exemplos de práticas que violam diretamente o direito à vida, e, por 
isso, são vedadas no artigo 5º: 
 
“II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei; 
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante”. 
 
• Direito à Liberdade 
O direito à liberdade, da mesma forma que o direito à vida, não está limitado à 
liberdade física, de não ser preso ou detido sem motivo ou sem ter infringido a lei. 
O direito à liberdade engloba o direito de ir e vir, o direito de livre expressão e 
pensamento, de liberdade religiosa, de liberdade intelectual, filosófica e política, da 
liberdade à manifestação, entre outras. 
 
 
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• Direito a Igualdade 
O direito à igualdade, dentro do rol de direitos fundamentais previstos na 
Constituição Federal, trata mais das questões envolvendo o direito de ser tratado 
como igual perante os demais membros da sociedade. 
Questões relacionadas ao gênero, à classe, à etnia e raça, à crença religiosa 
e a demais questões são abordadas na Constituição com o objetivo de dar respaldo 
protetivo legal à possibilidade de as pessoas serem tratadas como iguais, tendo em 
mente as suas diferenças entre si. 
Outra questão relacionada à igualdade tratada na Constituição Federal tange 
à questão material, onde as pessoas devem ter incentivo à acesso a certos bens e 
condições materiais a partir da classe social, com o objetivo de combater a 
desigualdade social e econômica. 
Além da preservação dos direitos à igualdade, os direitos fundamentais e 
garantias fundamentais criam mecanismos de punição àqueles que infringirem o 
direito à igualdade alheio. 
• Direito à Segurança 
Dos direitos fundamentais, o direito à segurança é o que mais tem a ver com a 
ação do Estado na vida individual das pessoas que compõem a nação. 
Dentro do direito à segurança está a capacidade do Estado em punir aqueles 
que não respeitam as leis, além de oferecer segurança para que o indivíduo se 
defenda do Estado quando o mesmo age em desacordo com a Constituição Cidadã. 
O inciso XXXIX do artigo 5º da Constituição Federal, por exemplo, determina 
que ninguém pode ser responsável por crimes que não estejam tipificados em lei, 
nem podem ser penalmente responsáveis sem um julgamento justo e legal. 
• Direito à Propriedade 
 
 
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Dentro do ordenamento jurídico e dos direitos fundamentais, o direito à 
propriedade é um dos direitos mais importantes para garantir que todos tenham a 
possibilidade morar e subsistir de forma digna. 
O direito à propriedade assegura que todos possam desfrutar de propriedades 
privadas, criando normas protetivas (registros para que a propriedade seja 
regularizada de forma legal), além de instituir modos de distribuir propriedade a 
pessoas que não possuem as condições de ter um lugar para moradia e subsistência. 
A usucapião, por exemplo, se baseia no inciso XXIII do artigo 5º da 
Constituição Federal, que determina que toda a propriedade tenha uma função social. 
Trata-se de um mecanismo criado para garantir o direito à propriedade a todos, 
além de determinar que a propriedade precisa possuir um uso que tenha uma 
finalidade social (moradia, trabalho, alimentação…). 
2.1. Classificação dos Direitos Fundamentais 
Os direitos e garantias fundamentais podem ser absolutos ou relativos. 
Os direitos fundamentais absolutos são aqueles imprescindíveis à vida digna, 
portanto, não podem ser sobrepostos. Já os direitos fundamentais relativos não 
perdem seu caráter de essencialidade ou sua importância. Contudo, podem ser 
relativizados conforme as circunstâncias. 
A principal relevância dessa diferenciação estaria na colisão de direitos 
fundamentais. Uma vez que eles tenham pesos idênticos, é difícil avaliar qual deve 
ser privilegiado em detrimento de outro. Por essa razão, considerando as exigências 
para uma vida digna, pode-se atribuir valor absoluto a alguns e relativo a outros. 
os direitos e garantias fundamentais são divididos em categorias que os 
classificam de acordo com as suas aplicações em relação aos direitos dos indivíduos 
e da sociedade. 
 
 
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Os direitos individuais e coletivos, por exemplo, trazem direitos fundamentais 
relacionados ao direito à vida e à liberdade, tanto de indivíduos quanto de coletivos 
organizados ou formados a partir de características específicas. 
Os direitos sociais, por sua vez, levam em consideração os direitos 
fundamentais que toda a sociedade desfruta. Os direitos à educação, alimentação, 
segurança, trabalho, moradia e saúde são exemplos de direitos sociais fundamentais. 
Os direitos de nacionalidade, como o nome já diz, determina quais são as 
normas, direitos e deveres dos brasileiros (natos e naturalizados), em relação ao seu 
país e à sua condição de cidadão brasileiro em outros locais. 
Por último, os direitos políticos determinam a liberdade de manifestação 
política, de se organizar politicamente e de constituir partidos políticos, apresentando 
regras, direitos e deveres do cidadão e da célula partidária política frente à sociedade. 
2.2. Características dos Direitos Fundamentais 
Como tudo dentro do ordenamento jurídico, os direitos fundamentais possuem 
princípios e características próprias que explicam o modus operandi dos mesmos. 
Dentre essas características estão: 
Universalidade: os direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal 
de 1988 devem, por sua natureza protetiva, alcançar toda a população administrada 
pelo Estado, sem nenhum tipo de distinção. 
Imprescritibilidade: a imprescritibilidade é o princípio que determina que os 
direitos fundamentais não prescrevem com o tempo. Eles podem ser exercidos a 
qualquermomento e não possuem prazo de validade. O não aproveitamento de um 
direito fundamental específico não faz com que o indivíduo perca, com o tempo, a 
possibilidade de exercer aquele direito. 
Inalienabilidade: os direitos fundamentais são, por natureza, inalienáveis. Isso 
quer dizer que não podem ser transferidos, ignorados, desfeitos e negociados, pois a 
 
 
11 
existência dos mesmos confere a ordenação da ordem jurídica e da manutenção do 
Estado em si. 
Relatividade: outra característica dos direitos fundamentais é a sua 
relatividade. isso quer dizer que, embora universais, os direitos fundamentais não são 
absolutos e podem ser relativizados conforme a situação e o conflito de interesses 
que dessa surgir. 
A relativização, no entanto, não é irrestrita: não se pode relativizar o direito ao 
ponto em que o mesmo não faça mais sentido ou não possa ser mais aplicado. 
Um exemplo: as pessoas são livres e têm direito à liberdade, mas têm a sua 
liberdade privada quando cometem crimes que resultem em condenações ao cárcere. 
Complementariedade: o princípio da complementariedade define que os 
direitos fundamentais e as garantias fundamentais são complementares. isso quer 
dizer que devem ser analisados sempre em conjunto, com um complementando a 
extensão do outro. 
Para que os direitos coletivos possam ser exercidos de acordo com o que a 
Constituição Federal demonstra, por exemplo, os direitos fundamentais individuais 
devem também estar funcionando e podendo ser completamente exercíveis. 
Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais não podem ser renunciados por 
nenhum indivíduo da nação. nenhuma pessoa pode, por vontade própria, negar os 
direitos e deveres dados como fundamentais. 
Historicidade: o último princípio dos direitos e garantias fundamentais afirma 
que os mesmos são frutos de um processo histórico. 
Isso significa que os direitos fundamentais e garantias fundamentais não estão 
alheios aos processos históricos e as mudanças dentro da sociedade, podendo se 
adaptar às novas realidades e mudanças de paradigmas que a sociedade enfrenta 
enquanto caminha no tempo. 
 
 
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3. CONQUISTAS ELEITORAIS AO LONGO DA HISTÓRIA DO 
BRASIL 
O processo histórico de ampliação dos direitos políticos no Brasil ocorreu de 
maneira forma bem gradual. Ele teve início quando, em 1822, houve a proclamação 
da independência do Brasil. Em 1824, o Imperador D. Pedro I outorgou a Constituição 
que daria início ao sistema eleitoral. No entanto, essa Constituição excluía a maioria 
da população brasileira, pois não era permitida a participação de mulheres, escravos, 
índios, homens menores de 25 anos, e, além disso, foi instituído o voto censitário. 
Segundo este sistema, de concepção elitista, para votar, o eleitor deveria ter renda 
anual de, pelo menos, 100 mil-réis. 
A República Velha, período entre 1889 e 1930, trouxe algumas alterações dos 
direitos políticos dos cidadãos. Os eleitores deveriam ser maiores de 21 anos, mas 
não havia mais necessidade de comprovação de renda. Foram excluídos mendigos, 
mulheres, dentre outras mudanças. 
Com a Revolução de 1930, novas mudanças aconteceram. Nos governos 
passados, a administração das eleições era confiada às pessoas mais importantes e 
próximas aos chefes políticos. Mas, em 1932, foi criado o Código Eleitoral, que, além 
de reduzir a idade de votar para 18 anos, tornou o alistamento obrigatório, 
possibilitou que as mulheres passassem votar, também instituiu o voto secreto e 
criou a Justiça Eleitoral. Esta seria composta pelo Tribunal Superior Eleitoral e 
Tribunais Regionais Eleitorais. Com isso, houve a centralização do processo eleitoral 
nesses órgãos do governo. 
O Estado Novo (1937-1945) iniciava, com Getúlio Vargas, um governo 
ditatorial, que extinguiu os partidos políticos, as eleições democráticas e todas as 
formas de participação democrática. Todas essas medidas arbitrárias foram tomadas 
sob a justificação de que apenas a elite, e não o povo, poderia tomar os rumos da 
nação. 
 
 
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Com a queda de Getúlio, os direitos políticos foram restaurados e poucas 
mudanças foram instituídas. No entanto, mais uma vez, os direitos conquistados 
foram suprimidos, com o advento do golpe de 1964. 
Em 1964, os militares assumiram o poder. O controle político do governo foi 
ocupado por generais que, através de Atos Institucionais, restringiram as instituições 
democráticas, provocando o limite e a abolição da participação política. 
A economia brasileira esteve imersa numa grave crise econômica no período 
em que foi governada pelos militares. 
A sociedade, totalmente insatisfeita com a situação, foi às ruas pedindo 
melhorias. 
Um dos clamores do povo se referia ao desejo de se ter eleições diretas para 
Presidente da República. A partir daí era iminente o fim da ditadura e o Brasil passava 
por um processo de redemocratização. 
Com o fim do regime militar e, posteriormente, com o advento da Constituição 
Federal de 1988, foram definitivamente conquistados os direitos políticos que 
atualmente vigoram no país. 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: Google) 
 
 
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4. CONCEITOS E ALCANCE DAS NORMAS ELEITORAIS 
De antemão é necessário que se esclareça, desde logo, o que é esse ramo do 
direito e qual sua abrangência, seu alcance. É importante realizar uma finalidade 
nitidamente prática para facilitar a compreensão da matéria a ser desenvolvida. 
Para a renomada eleitoralista Flávila Ribeiro, 
 
“o Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e 
procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de 
sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a 
vontade do povo e a atividade governamental”. 
 
Não resta dúvidas, percebe-se, que o Direito Eleitoral pertence ao direito 
público, daí que a todos interessa a justa solução dos conflitos surgidos por ocasião 
da vivência das suas regras. Basta lembrar que o Direito Eleitoral regula a capacidade 
eleitoral ativa, que se traduz no direito de votar, o mais importante exercício de 
cidadania, pois implica o poder que tem o alistado de influir na formação do governo. 
É também pela sua disciplina que se sabe quem, dentre aqueles com capacidade 
eleitoral ativa, terá o direito de ser votado, ou seja, a capacidade eleitoral passiva. 
Bastam tais considerações para que se perceba a importância do direito eleitoral num 
Estado Democrático de Direito. 
De nada adiantará o enunciado constitucional, alardeando a República 
Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito, se as regras eleitorais não 
forem firmemente observadas e feitas observar, porque ilegítimo poderá ser o colégio 
eleitoral e, via de consequência, também os mandatos alcançados no sufrágio. 
Então, sobressalta-se como de fundamental importância a atuação do 
Ministério Público Eleitoral e da Justiça Eleitoral na construção de um Direito Eleitoral 
que encontre respostas adequadas à demanda social pela lisura da disputa e pela 
probidade dos mandatários. 
Por conseguinte, os Juízes e Promotores Eleitorais não podem perder de vista, 
que cada cidadão, ao se inscrever eleitor irregularmente, macula o processo eleitoral 
 
 
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e torna ilegítimos os resultados das urnas. E cada nacional que é admitido à 
candidatura sem que sejam preenchidas as condições de elegibilidade, ou que incorra 
em causa de inelegibilidade, poderá transformar-se em agente político, transgredindo, 
já na porta de entrada, as regras de sua investidura. As causas de inelegibilidade têm 
como fundamento constitucional a necessidade de preservar não só a lisura e a 
legitimidade das eleições, como também a probidade administrativa, aqui projetando-
se o pensamento para a ocasião do exercício do mandato pelos eleitos. 
Se "na sociedade democrática a legitimidade governamental é baseada no 
consentimento do povo", a Justiça Eleitoral deve cuidar para que esse consentimento 
seja manifestadode forma livre. 
Nunca se perca de vista o papel de especial importância a ser desempenhado 
pelos Partidos Políticos, que devem fiscalizar-se mutuamente, a menos que sua 
filosofia seja vencer em meio à desordem. 
Como já se antecipou, as regras de Direito Eleitoral organizam o corpo eleitoral, 
ou seja, fixam condições para que o nacional se inscreva eleitor, momento em que 
ele passa a ter capacidade eleitoral ativa (o direito de votar). Com esse objetivo, as 
leis eleitorais disciplinam o alistamento eleitoral: a inscrição e a transferência. E ainda 
agrupam esses eleitores em circunscrições eleitorais, que são entendidas como a 
concentração ou divisão do território nacional segundo o interesse da disputa. Assim, 
tem-se todo o território nacional como uma só circunscrição para as eleições 
presidenciais. Quando as eleições forem para Governador de Estado ou do Distrito 
Federal, Senador e Deputados Distritais, Estaduais ou Federais, a circunscrição é o 
Estado ou o Distrito Federal. Finalmente, tratando-se de preenchimento dos cargos 
de Prefeito e Vereadores, o Município é a circunscrição. Isto porque interessa a todos 
os brasileiros a eleição para presidente, daí que todos são um único corpo eleitoral 
para esse fim; mas interessa apenas aos cidadãos de determinado município a 
eleição para Prefeito e Vereadores, daí que são somente eles, agora, o corpo eleitoral 
nessa eleição. 
Por óbvio, não se pode confundir circunscrição eleitoral com Zonas Eleitorais. 
Estas são fixadas sobre determinado território (que, geralmente, coincide com as 
 
 
16 
Comarcas), visando ao exercício da jurisdição eleitoral. Interessa, portanto, à Justiça 
Eleitoral. Nem sempre a Zona Eleitoral tem território coincidente com o do Município 
ou com o da Comarca (estas são divisões territoriais para o exercício da jurisdição 
comum estadual). Há Zonas que envolvem mais de um município e mais de uma 
Comarca (nas hipóteses em que esta tem número de eleitores insuficiente para 
criação da Zona Eleitoral). E há municípios que são divididos em mais de uma Zona 
Eleitoral, exatamente porque consideravelmente grande o número de eleitores, 
justificando-se sua subdivisão. 
A fórmula do sistema proporcional começa com a definição do "quociente 
eleitoral", que é a divisão do número de votos válidos (excluídos, portanto, os nulos e 
os brancos) apurados na eleição pelo número de cadeiras disponíveis no parlamento. 
Se num determinado município forem apurados 100.000 votos e a Câmara Municipal 
for composta por 10 cadeiras, o quociente eleitoral (100.000 votos divididos por 10 
cadeiras) será 10.000 (dez mil). Este é o valor, em votos, de cada uma das vagas. 
Significa dizer que o partido para conquistar um mandato de vereador terá que somar 
10.000 votos ou mais. E a cada 10.000 votos o partido conquista mais um mandato. 
Como a disputa é, num primeiro momento, entre partidos, necessário apurar 
todos os votos dados a cada um dos partidos, tanto os nominais (votos dados a 
candidatos indicados pelo eleitor) quanto os de legenda (votos dados a partido 
apenas), para se chegar ao "quociente partidário", entendido este como sendo o 
número de mandatos conquistados pela agremiação. E, como dito, o partido 
conquista mais um mandato a cada vez que ele alcança o quociente eleitoral (10.000 
votos no exemplo aqui construído). Se o partido obteve 33.000 votos, v.gr., seu 
"quociente partidário" naquela eleição é 3,3, daí que ele conquistou 3 vagas. 
Essa operação, relativamente complexa, envolvendo os quocientes eleitoral 
(mero divisor para a fase seguinte da formula) e partidário, está prevista nos arts. 106 
e seguintes, do Código Eleitoral, e tem por finalidade transpor para a casa legislativa 
as mais variadas correntes de pensamento existentes na sociedade, na proporção 
dos votos dados. 
 
 
17 
A partir desta operação, ou seja, da definição do número de cadeiras que o 
partido conquistou (quociente partidário), passa-se à identificação dos candidatos do 
partido que vão efetivamente exercer os mandatos. Neste ponto, a regra é 
semelhante à do sistema majoritário, pois estarão eleitos, para as tais vagas 
conquistadas, os candidatos que obtiveram mais votos, dentro do limite de vagas 
obtidas (art. 109, § 1º, do Código Eleitoral). 
A redação do art. 108 do Código Eleitoral foi alterada pela Lei n. 14.211, de 
2021, passando a dispor do seguinte texto legal: 
 
Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que 
tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do 
quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, 
na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. 
 
Seu respectivo parágrafo único foi incluído em 2015 pela Lei n. 13.165, de 2015 
que positiva: 
 
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de 
votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo 
com as regras do art. 109. 
 
Com a nova redação dada ao art. 108, para o efetivo preenchimento dessas 
cadeiras, há mais uma exigência: dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a 
cada partido pelo número de lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido 
que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha 
candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; repetir-se-á a 
operação para cada um dos lugares a preencher; quando não houver mais partidos 
com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I deste caput, as cadeiras 
serão distribuídas aos partidos que apresentarem as maiores médias. 
Importante destacar que o preenchimento dos lugares com que cada partido 
for contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. 
 
 
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Ademais, poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que 
participaram do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por cento) 
do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou 
superior a 20% (vinte por cento) desse quociente. 
Organizados o corpo eleitoral (assim definidos os que têm o direito de votar e 
em que circunscrição exercerão esse direito) e o sistema eleitoral segundo o qual 
cada cargo eletivo será preenchido, cabe ao Direito Eleitoral disciplinar o processo 
eleitoral, nesse contexto envolvendo-se regras próprias de eleições, de plebiscito e 
de referendo. Nesse particular, a lei prevê a prática de atos administrativos 
preparatórios da eleição, a cargo da Justiça Eleitoral, como a designação de locais 
de votação, a nomeação de mesários, a regulamentação de transporte e alimentação 
de eleitores, a participação dos partidos e coligações na fiscalização das eleições, 
etc. E, principalmente, fixa as condições de elegibilidade e as causas de 
inelegibilidade, o processo de registro de candidaturas, as regras para a campanha 
eleitoral, os meios lícitos e ilícitos de propaganda e do seu financiamento, o processo 
e o julgamento das irregularidades e as respectivas sanções aos infratores. 
Quando se fala em alcance das normas eleitorais, ou seja, até onde vai o 
Direito Eleitoral, quais as normas legais são entendidas como de seu estudo, ao 
mesmo tempo aproxima-se muito da definição da competência da Justiça Eleitoral, 
seja para atos de mera administração do processo eleitoral, seja mesmo para dirimir 
conflitos. E já se pode antecipar que não são entendidas como normas de Direito 
Eleitoral aquelas que dizem respeito à criação, organização, fusão e extinção de 
partidos políticos, porque já se reconhece a autonomia do Direito Partidário. 
Themistocles Cavalcanti, citado por Fávila Ribeiro, adverte que "o Direito 
Eleitoral se restringe ao mecanismo ativo e passivo da representação, como 
instrumento do sistema democrático". Daí que tudo aquilo que diz respeito aos 
partidos políticos, que não interfiram de alguma forma no processoeleitoral, é matéria 
estranha ao Direito Eleitoral, não obstante tenha a Justiça Eleitoral competência para 
a fiscalização dos partidos e também para o controle das filiações. 
 
 
19 
5. FONTES DO DIREITO ELEITORAL 
O Direito Eleitoral busca sustentação, primeiramente, na Constituição Federal, 
onde se encontram suas principais regras e estão albergados seus princípios 
norteadores. 
No art. 12, a CF/88 diz quem são os brasileiros natos e naturalizados e fixa as 
hipóteses de perdimento da nacionalidade brasileira. Estas disposições são de 
singular relevância, já que "não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros" (art. 
14, § 2°), como também não pode ser candidato aquele que não tiver nacionalidade 
brasileira (art. 14, § 3º, I). Aí, o ordenamento constitucional já sinaliza para a 
capacidade eleitoral ativa (quem pode alistar-se eleitor) e para a capacidade eleitoral 
passiva (quem preenche as condições de elegibilidade). 
Ainda na Constituição Federal, são fixadas outras condições de elegibilidade e 
algumas causas de inelegibilidade (art. 14). E o §9° do mencionado art. 14 abriu à lei 
complementar a possibilidade de estabelecerem-se outras hipóteses de 
inelegibilidade, o que veio com a Lei Complementar n. 64/90, alterada e acrescentada 
pela LC n. 135/2010, a "lei da ficha limpa". 
No seu art. 15, a Carta da República enumera as hipóteses de perda ou 
suspensão dos direitos políticos, o que produz reflexos diretos no Direito Eleitoral, 
pois aquele que não está no exercício dos seus direitos políticos não tem capacidade 
eleitoral ativa e nem passiva, daí que não pode votar e nem ser votado. 
Finalmente, foi nos §§ 10 e 11 do art. 14 da CF/88 que a Ação de Impugnação 
de Mandato Eletivo (AIME) foi acolhida definitivamente no nosso ordenamento jurídico 
eleitoral, já que as experiências anteriores vieram em leis de caráter temporário. 
Talvez o mais importante princípio do Direito Eleitoral, é o da isonomia de 
oportunidades, está consagrado exatamente no texto constitucional, já que o § 9º do 
art. 14 estabelece que as inelegibilidades orientam-se pela necessidade de preservar 
a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico 
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou 
indireta. Sabe-se que o abuso de poder nas eleições é o mais eficiente instrumento 
 
 
20 
de desequilíbrio de forças na disputa eleitoral, daí ter merecido da Constituição 
Federal expressa referência. 
Ainda na Constituição Federal, agora por força da Reforma do Judiciário (EC 
45, de 08.12.2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao art. 5°), encontra-se o 
princípio da celeridade, que deve orientar toda a prestação jurisdicional, não apenas 
a eleitoral. Interessante observar que esse princípio já vinha sendo desenvolvido 
havia tempos no processo eleitoral, à consideração de que este tem particularidades 
que recomendam soluções urgentes como o fato de que a eleição ocorre em data 
certa, pré-fixada, antes da qual os incidentes devem estar resolvidos, e, também, a 
temporariedade dos mandatos eletivos sob pena de frustrarem-se os envolvidos na 
lide e, o que é pior, restar esvaziado o objetivo do próprio Direito Eleitoral. 
Outra importante fonte do Direito Eleitoral é o Código Eleitoral, instituído pela 
Lei n. 4.737, de 15/7/65. Não se pode esquecer que foi ele concebido logo no início 
do regime militar, sendo, portanto, resultado da imposição das forças políticas que 
acabavam de chegar ao poder pela luta armada, daí que carrega ele a marca do 
autoritarismo, às vezes com regras incompatíveis com o Estado Democrático de 
Direito hoje vivido entre nós. 
De qualquer forma, é no Código Eleitoral que estão fixadas as regras básicas 
de todo o "processo eleitoral", desde o alistamento (qualificação e inscrição: arts. 42 
e seguintes: transferência: arts. 55 e seguintes: atribuições dos partidos: art. 66; 
encerramento: arts. 67 e seguintes; e cancelamento/exclusão: arts. 71 e seguintes), 
os sistemas eleitorais (arts. 82 e seguintes), o registro das candidaturas (arts. 87 e 
seguintes, nesse ponto sendo profundamente alterado pela Lei Complementar n. 
64/90), a garantia do voto secreto (art. 103), o modelo da cédula oficial (art. 104, hoje 
quase superado em razão da informatização), a representação proporcional (arts. 105 
e seguintes), os atos preparatórios da votação (seções eleitorais: arts, 117 e 118; 
mesas receptoras de votos: arts, 119 e seguintes; fiscalização das mesas: arts. 131 
e 132), o material para votação (arts. 133 e 134), a votação (lugares da votação: arts. 
135 e seguintes; polícia dos trabalhos: arts. 139 a 141; início da votação: arts. 142 a 
145; ato de votar: arts. 146 a 152; encerramento da votação: arts. 153 a 157), a 
apuração (órgãos apuradores, impugnações e contagem dos votos: arts. 158 a 214, 
 
 
21 
hoje profundamente alterada pelo sistema informatizado de totalização; diplomas: 
arts. 215 a 218; nulidades da votação: arts. 219 a 224; voto no exterior: arts. 225 a 
233), as garantias eleitorais (arts. 234 a 239), a propaganda eleitoral (arts. 240 a 256, 
com importantes inovações contidas na Lei das Eleições), os recursos eleitorais 
perante Juntas, Juízes e Tribunais (arts. 257 a 282, também com as novidades da Lei 
Eleitoral e da LC n. 64/90), os crimes eleitorais e o respectivo processo (disposições 
preliminares: arts. 283 a 288; crimes: arts. 289 a 354-A, com outros tipos penais sendo 
encontrados na Lei Eleitoral, na LC n. 64/90, na Lei n. 6.091/74, dentre outras; 
processo: arts. 355 a 364) e disposições gerais e transitórias (arts. 365 a 383), 
E não se esqueceu o Código Eleitoral de organizar a justiça Eleitoral (seus 
órgãos: arts. 12 a 15; o Tribunal Superior Eleitoral: arts. 16 a 24; os Tribunais 
Regionais: arts, 25 a 31; os Juízes Eleitorais: arts. 32 a 35; as Juntas Eleitorais: arts, 
36 a 41), como órgão do Poder Judiciário, incumbido de administrar as eleições e 
dirimir os conflitos de interesses surgidos durante todo o processo. 
Como já se adiantou, muito do que está disciplinado no Código Eleitoral é hoje 
matéria de leis especiais, que o modificaram profundamente, como a Lei 
Complementar n. 64/90 (no que diz respeito principalmente ao registro de 
candidaturas) e a Lei Eleitoral n. 9.504/97 (no que se refere à propaganda eleitoral e 
ao procedimento da Reclamação/Representação, com sistema recursal próprio). 
Então, é preciso olhar para o Código Eleitoral com acentuado cuidado, 
principalmente porque o Direito Eleitoral, muitas das vezes, é moldado pelo casuísmo. 
A chamada Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97) é, sem dúvida, a mais recente 
conquista do Direito Eleitoral brasileiro e talvez o mais importante instrumento 
legislativo de que dispomos para enfrentar os novos desafios da disputa eleitoral. 
A Lei Eleitoral n. 9.504, de 30 de setembro de 1997, foi aprovada com o 
enunciado "Estabelece normas para as eleições", e não mais "estabelece normas 
para as eleições de ...". No seu art. 1°, refere-se às eleições para Presidente, 
Governadores, Senadores, Deputados, Prefeitos e Vereadores, embora as eleições 
que se avizinhavam (em 1998) fossem apenas para Presidente, Governadores, 
 
 
22 
Senadores e Deputados. Então, a novel lei eleitoral tinha como destino regular os 
processos eleitorais vindouros, o de 1998 (eleições gerais), o de 2000 (eleições 
municipais), etc. Só por isso, terá a mencionada lei contribuído em muito para o 
aprimoramento do Direito Eleitoral brasileiro, possibilitando a consolidação do 
pensamento, a fixação de jurisprudência e até mesmo o encorajamento da doutrina, 
antes desestimulada pela temporariedade das regras. 
A Lei n. 9.504/97 reafirma que as eleições se realizam no primeiro e no último 
domingo de outubro, e que se considera eleito, para os cargos do Executivo, aquele 
dos candidatos que obtiver a maioria dos votos, não computadosos votos em branco 
e os nulos. Fixa regras para as coligações (art. 6º), para as convenções partidárias 
(arts. 7° e seguintes), para o registro de candidatos (arts. 10 e seguintes), para a 
arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas (arts. 17 e seguintes), para a 
prestação de contas (arts. 28 e seguintes), para as pesquisas e testes pré-eleitorais 
(arts. 33 e seguintes), para a propaganda eleitoral (em geral: arts. 36 a 41-A; na 
imprensa: art. 43; no rádio e na TV: arts. 44 e seguintes; e na Internet: art. 57-A e 
seguintes), para o direito de resposta (art. 58), para o sistema eletrônico de votação 
e totalização (arts. 59 e seguintes), para o funcionamento das mesas receptoras (arts. 
63 e 64), para a fiscalização das eleições (arts. 65 e seguintes), para caracterização 
de condutas vedadas aos agentes públicos (arts. 73 e seguintes) e para o 
procedimento das reclamações/representações (art. 96). 
Disciplinando praticamente todo o processo eleitoral (concorrentemente com 
outras leis, é verdade), a Lei n. 9.504/97 é fonte obrigatória de consulta permanente 
do operador do Direito Eleitoral. 
As inelegibilidades, que não foram fixadas diretamente no texto constitucional, 
estão previstas na Lei Complementar n. 64/90, daí chamada de Lei das 
Inelegibilidades. 
Além de estabelecer os casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação 
(art. 1°), a Lei Complementar n. 64/90 ainda reafirma a competência da Justiça 
Eleitoral para conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade, indicando os Órgãos 
Jurisdicionais aos quais deve ela ser dirigida (art. 2°), regula o procedimento da Ação 
 
 
23 
de Impugnação do Registro de Candidatura (arts. 3° e seguintes, agora aplicável 
também à AIME, por força da Res. 21.634/04-TSE), consagra a regra de que os 
prazos na AIRC são peremptórios e contínuos (art. 16), institui a Investigação Judicial 
Eleitoral como ação, com carga decisória (arts. 19 e seguintes) e tipifica como crime 
eleitoral a arguição de inelegibilidade deduzida de forma temerária ou de manifesta 
má-fé (art. 25). 
Essa lei, é de especial importância no contexto eleitoral brasileiro, mormente 
após as modificações da "lei da ficha limpa", será examinada com pormenores 
quando do estudo do registro de candidatura. 
Algumas leis especiais podem ser destacadas por sua importância para o 
processo eleitoral. Dentre elas, a Lei n. 6.091/74, que disciplina o transporte e a 
alimentação dos eleitores. 
Sabe-se que o transporte e a alimentação de eleitores é prática ainda comum 
em alguns lugares, principalmente no interior do País, onde os "coronéis" da política 
se incumbem de levar seus "comandados" até o local de votação, dirigindo-lhes a 
vontade e influenciando decisivamente o seu voto. 
Mais importante que impor a observância das regras contidas na mencionada 
lei, e cuidar para que as condições propicias ao fornecimento de transporte e 
alimentação aos eleitores sejam eliminadas. O eleitor só necessita de transporte e 
alimentação se o local onde ele votar for distante de sua residência. Resguardadas 
algumas situações especiais (como na região amazônica e pantaneira, p. ex.), a 
Justiça Eleitoral deve dedicar-se à tarefa colocar seções eleitorais próximas aos 
povoados, vilas, etc... levando a urna ao eleitor e invertendo a realidade, que impõe 
ao eleitor ir até a urna. Então, quando do alistamento eleitoral ou quando da 
transferência, o eleitor deve ser orientado da existência de locais de votação próximos 
ao seu domicílio. 
Ainda constituem fonte do Direito Eleitoral as Resoluções do TSE, que têm 
força de lei ordinária, conforme decidido por aquela Corte (Recurso n. 1.943-RS, BE-
TSE 13/16). 
 
 
24 
São de grande importância, principalmente prática, para o operador do Direito 
Eleitoral, para os partidos políticos e candidatos, porque essas resoluções consolidam 
a legislação em vigor, agrupando-a por assunto. Ao editar uma resolução para regular 
o registro de candidatos, por exemplo, o TSE não repete as normas contidas no 
Código Eleitoral que já estão superadas diante do que dispõem a Lei Eleitoral (Lei n. 
9.504/97) e a Lei Complementar n. 64/90. 
Além disso, o TSE transforma em dispositivo de resolução a sua jurisprudência 
dominante, mesmo que sobre o assunto não haja texto expresso de lei. 
As resoluções do TSE, portanto, traduzem a legislação em vigor e o 
pensamento da mais alta Corte da Justiça Eleitoral, constituindo-se em importante 
instrumento de orientação a todos quantos lidam com a matéria. 
Também os TRE's editam resoluções, no mais das vezes de interesse da 
organização da Justiça Eleitoral no Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
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