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propriedade para investimento

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Secretaria do Tesouro Nacional Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público 9ª Edição 194
MCASP
2022
Parte II Procedimentos Contábeis Patrimoniais
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
b. explicação da razão pela qual o valor justo se tornou mensurável confiavelmente; e
c. o efeito da mudança.
7. PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO
A normatização dos procedimentos contábeis relativos à Propriedade para Investimento foi 
elaborada com base na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TSP) 06 Propriedade para 
Investimento, do Conselho Federal de Contabilidade.
Este capítulo dispõe sobre o tratamento contábil aplicável às propriedades para investimento. 
Traz a orientação sobre o reconhecimento e os critérios para sua mensuração, bem como os 
procedimentos para contabilizar as transações que envolvam propriedade para investimento, tais como 
reclassificação e alienação.
Os procedimentos contábeis aqui descritos não se aplicam a:
a. Propriedade mantida para venda no curso normal das operações ou em processo de 
construção ou desenvolvimento com a finalidade de venda. Em tais hipóteses a propriedade 
deve ser classificada como estoque. É o caso, por exemplo, de uma secretaria de habitação 
que vende rotineiramente parte de suas habitações em estoque; 
b. Propriedade em construção ou desenvolvimento por conta de terceiros. Por exemplo, uma 
secretaria pode celebrar contratos de construção com entidades externas ao Governo; 
c. Propriedade ocupada pelo proprietário, incluindo, entre outras coisas: propriedade mantida 
para ocupação futura, propriedade ocupada por empregados (que paguem, ou não, aluguéis 
a taxas de mercado); e propriedade ocupada pelo proprietário ao aguardo de alienação; 
d. Propriedade que é arrendada a outra entidade sob arrendamento mercantil financeiro (neste 
caso, observar o disposto na Parte III PCE, Capítulo de Operações de Crédito);
e. Propriedade mantida para fornecer serviço social, ainda que gere entradas de caixa. Por 
exemplo, uma secretaria de habitação pode manter amplos estoques de habitações utilizados 
para fornecer moradia para famílias de baixa renda por aluguéis com preço abaixo do 
mercado. Nessa situação, a propriedade é mantida primordialmente para fornecer serviços 
de habitação e a renda de aluguel gerada é atinente aos propósitos pelos quais a propriedade 
é mantida;
f. Propriedade mantida para propósitos estratégicos;
g. Propriedades mantidas pelos Regimes Próprios de Previdência Social.
Nas situações acima, as propriedades devem ser contabilizadas de acordo com o Capítulo de
Estoques ou Capítulo de Ativo Imobilizado, conforme o caso.
7.1. DEFINIÇÕES
Propriedade para investimento
É a propriedade (terreno ou edificação ou parte da edificação ou ambos) mantida para auferir 
receitas de aluguel ou para valorização do capital, ou para ambas, e, não, para:
a. uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para finalidades administrativas; 
ou
b. venda no curso normal das operações.
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Propriedade ocupada pelo proprietário
É a propriedade mantida para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para 
finalidades administrativas. Incluem-se na definição as propriedades mantidas pelo arrendatário em 
arrendamento mercantil financeiro.
7.1.1.Determinando se a propriedade se qualifica como propriedade para investimento
As entidades do setor público podem manter propriedades para auferir receitas de aluguel, para 
valorização do capital ou para ambas finalidades. Tais propriedades geram fluxos de caixa de forma 
independente dos outros ativos mantidos pela entidade, distinguindo-as de outros imóveis controlados 
pelas entidades do setor público, os quais geralmente são ocupados pelo proprietário para fins 
administrativos ou para facilitar a produção de outros bens. 
São exemplos de propriedades para investimento:
a. Terrenos mantidos para valorização do capital a longo prazo;
b. Terrenos mantidos para uso futuro ainda não definido;
c. Edifício mantido pela entidade sob arrendamento mercantil operacional com fins comerciais;
d. Edifício que esteja desocupado, mas esteja mantido para ser arrendado em arrendamento 
mercantil operacional com fins comerciais a terceiros; e
e. Propriedade em construção ou desenvolvimento para uso futuro como propriedade para 
investimento.
Em alguns casos, entidades do setor público mantêm propriedades que compreendem:
(a) parte que é mantida para auferir receitas de aluguel ou para a valorização do capital, e 
(b) outra parte que é mantida para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para 
finalidades administrativas. 
Se tais partes puderem ser vendidas separadamente, a entidade deve contabilizá-las 
separadamente. Caso contrário, a propriedade somente deve ser considerada propriedade para 
investimento se parte insignificante é mantida para uso na produção ou fornecimento de bens ou 
serviços ou para finalidades administrativas. 
Em alguns casos, a entidade presta serviços de apoio aos ocupantes da propriedade por ela 
mantida. A entidade deve tratar tal propriedade como propriedade para investimento quando os 
serviços forem insignificantes em relação ao acordo como um todo. Caso os serviços sejam 
significativos, a propriedade deve ser considerada como ocupada pelo proprietário.
Exemplos:
a. Uma agência governamental possui um edifício de escritórios mantido exclusivamente para 
aluguel com fins comerciais e também presta serviços de segurança e de manutenção aos 
arrendatários que ocupam o edifício. Neste caso, o serviço prestado é insignificante frente ao 
acordo como um todo e a propriedade deverá ser classificada como propriedade para 
investimento.
b. Um governo pode possuir um edifício ou complexo administrativo no qual algumas salas ou 
espaços são alugados a terceiros para prestação de serviços aos funcionários, como 
restaurantes. Tal edifício ou complexo deve ser considerado propriedade ocupada pelo 
proprietário e, não, propriedade para investimento.
Em alguns casos, a entidade possui propriedade que está arrendada e ocupada por sua 
controladora ou por outra controlada. A propriedade não se qualifica como propriedade para 
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investimento nas demonstrações contábeis consolidadas, porque a propriedade está ocupada pelo 
proprietário sob a perspectiva do grupo. A NBC TSP 06 estabelece que, sob a perspectiva da entidade 
que a possui, tal propriedade deve ser considerada propriedade para investimento se satisfizer à 
definição, sendo apresentada como tal nas suas demonstrações contábeis individuais. No entanto, tendo 
em vista a metodologia atualmente em vigor para a consolidação das contas nacionais, que dificulta a 
aplicação desta determinação, recomenda-se que o ativo seja contabilizado como imobilizado, inclusive 
nas demonstrações individuais, de acordo com o capítulo de Ativo Imobilizado deste Manual.
7.2. RECONHECIMENTO
A propriedade para investimento deve ser reconhecida como ativo quando:
a. for provável que os benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços associados à 
propriedade para investimento fluirão para a entidade; e
b. o custo ou valor justo da propriedade para investimento puder ser mensurado 
confiavelmente.
Atendida a definição e os critérios de reconhecimento, a propriedade deverá ser reconhecida no 
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estrutura do PCASP e observado o detalhamento específico, quando houver. A contrapartida dependerá 
da forma de aquisição, como, por exemplo, se o pagamento foi à vista ou a prazo, se decorre de uma 
transação sem contraprestação, permuta ou reclassificação de outro ativo,nos casos previstos no item 
11.3.
7.3. MENSURAÇÃO
7.3.1.Mensuração no reconhecimento
A propriedade para investimento deve ser inicialmente mensurada pelo seu custo, incluídos os 
custos de transação. 
O custo da propriedade para investimento adquirida compreende o seu preço de compra e 
qualquer gasto diretamente atribuível, tais como a remuneração profissional de serviços legais, tributos 
de transferência de propriedade e outros custos de transação. 
Se o pagamento da propriedade para investimento for a prazo, o seu custo é o equivalente ao 
valor à vista. A diferença entre o valor à vista e o total dos pagamentos deve ser reconhecida como 
despesa financeira durante o período do financiamento.
Não compõem o custo de propriedade para investimentos:
a. gastos de início das operações (a não ser que sejam necessários para trazer a propriedade à 
condição necessária a fim de que seja capaz de funcionar da forma pretendida pela 
administração);
b. perdas operacionais incorridas antes de a propriedade para investimento ter atingido o nível 
de ocupação previsto; ou
c. quantidades anormais de material, mão de obra ou outros recursos consumidos na 
construção ou desenvolvimento da propriedade.
7.3.1.1. Aquisição por meio de transação sem contraprestação
Quando a propriedade para investimento é adquirida por meio de transação sem 
contraprestação, seu custo deve ser mensurado pelo seu valor justo na data da aquisição. 
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São exemplos de aquisição de propriedade para por meio de transação sem contraprestação: 
(a) transferência de um edifício de escritórios do governo nacional para o governo subnacional, 
que, por sua vez, aluga-o a preços de mercado; 
(b) confisco. 
Em tais circunstâncias, o custo da propriedade é seu valor justo na data da aquisição.
Ressalta-se que, neste caso, o valor justo é considerado como custo da propriedade. A entidade 
deve decidir, subsequentemente ao reconhecimento inicial, adotar o modelo do valor justo ou o modelo 
do custo.
7.3.1.2. Arrendamento mercantil
O custo inicial do direito sobre propriedade mantida em arrendamento mercantil e classificado 
como propriedade para investimento deve ser o estabelecido como o menor valor entre o valor justo 
da propriedade e o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento. Montante equivalente 
deve ser reconhecido como passivo.
Se o direito sobre propriedade mantida sob arrendamento mercantil for classificado como 
propriedade para investimento, o item contabilizado pelo valor justo é esse direito e não a propriedade 
subjacente. 
7.3.1.3. Permuta
Uma propriedade para investimento pode ser adquirida por meio de permuta por um ou mais 
ativos não monetários ou pela combinação de ativos monetários e não monetários. 
Em regra, o custo de tal propriedade deve ser mensurado pelo valor justo. Caso a entidade seja 
capaz de mensurar confiavelmente o valor justo tanto do ativo recebido quanto do ativo cedido, então, 
deve-se utilizar preferencialmente o valor justo do ativo cedido
A utilização do valor justo não se aplica quando:
(a) a transação de permuta não tiver essência comercial, ou 
(b) nem o valor justo do ativo recebido nem o valor justo do ativo cedido sejam confiavelmente 
mensuráveis. 
Nestes casos, o custo deve ser mensurado pelo valor contábil do ativo cedido.
Em outras palavras, deve-se observar, na determinação do custo para fins de reconhecimento 
inicial de uma propriedade para investimento adquirida por meio de permuta, a ordem a seguir:
1. valor justo dos ativos cedidos, quando o ativo recebido e o ativo cedido forem mensurados 
confiavelmente ;
2. valor justo do(s) ativo(s) recebido(s), quando o ativo cedido não puder ser mensurado 
confiavelmente;
3. valor contábil do ativo cedido, quando os ativos não puderem ser mensurados confiavelmente 
ou quando a operação não tiver natureza comercial;
O valor justo é facilmente identificado quando existem transações de mercado para esse ativo. 
Quando não houver transações comparáveis, o valor de mercado é considerado confiavelmente 
mensurável se:
(a) a variabilidade na faixa de estimativas razoáveis do valor justo não for significativa para esse 
ativo, ou 
(b) as probabilidades de várias estimativas dentro dessa faixa puderem ser razoavelmente 
avaliadas e utilizadas na mensuração do valor justo
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7.3.2.Mensuração após o reconhecimento
Após o reconhecimento inicial a entidade poderá escolher como política contábil o modelo do 
valor justo ou o modelo do custo. Realizada a escolha, essa política deverá ser aplicada a todas as suas 
propriedades para investimento.
Excetuam-se desta regra as seguintes situações:
a. o direito sobre propriedade mantida por arrendatário em arrendamento mercantil 
operacional, caso em que o modelo do valor justo deve ser obrigatoriamente aplicado;
b. quando a entidade adquire, pela primeira vez, uma propriedade para investimento (ou 
quando uma propriedade existente se torna, pela primeira vez, propriedade para 
investimento após a alteração em seu uso) e há clara evidência de que o valor justo da 
propriedade para investimento não é determinável confiavelmente de forma contínua. Isso 
ocorre quando são pouco frequentes as transações de mercado comparáveis e quando não 
estão disponíveis estimativas alternativas confiáveis (por exemplo, com base em projeções 
de fluxos de caixa descontados). Em tais casos, a entidade deve mensurar essa propriedade 
para investimento utilizando o modelo do custo.
Na situação descrita no item b, embora a entidade possa utilizar o modelo do custo para uma 
propriedade para investimento, a entidade poderá contabilizar as propriedades restantes utilizando o 
modelo do valor justo.
Ressalta-se que a exceção do item b deve ser observada na aquisição inicial. Se a entidade tiver 
previamente mensurado a propriedade para investimento pelo valor justo, ela deve continuar a 
mensurá-la pelo valor justo até sua alienação ou alteração de uso mesmo que os preços do mercado se 
tornem menos disponíveis.
Embora não seja obrigatório, incentiva-se a entidade a mensurar o valor justo das propriedades 
para investimento tendo por base avaliação realizada por avaliador independente que tenha 
qualificação profissional relevante e reconhecida, e que tenha experiência recente no local e na 
categoria da propriedade para investimento que esteja sendo avaliada.
Recomenda-se ainda que as entidades determinem o valor justo de todas as suas propriedades 
para investimento, seja para a finalidade de mensuração (se a entidade utilizar o modelo do valor justo) 
ou para divulgação em notas explicativas (se utilizar o modelo do custo). 
A alteração voluntária na política contábil deve ser feita apenas se a alteração resultar em 
apresentação mais apropriada das operações, de outros eventos ou de condições nas demonstrações 
contábeis da entidade.
7.3.2.1. Modelo do Valor Justo
Após o reconhecimento inicial, a entidade que escolhe o modelo do valor justo deve mensurar 
todas as suas propriedades para investimento pelo valor justo.
O ganho ou a perda proveniente de alteração no valor justo de propriedade para investimento 
deve ser reconhecido no resultado do período em que ocorra.
O valor justo de propriedade para investimento é o preço pelo qual a propriedade poderia ser 
negociada entre partes conhecedoras e interessadas, em transação sem favorecimentos. 
a. vendedor interessado estão 
razoavelmente informados acerca da natureza e características da propriedade para 
investimento, dos seus usos reais e potenciais e das condições do mercado na data das 
demonstrações contábeis.

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