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Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22818 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 Beta-Defensinas: resposta imunológica frente a microrganismos invasores e sua ação contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas Beta-Defensins: immune response against invading microorganisms and its action against Gram-positive and Gram-negative bactéria DOI:10.34119/bjhrv6n5-306 Recebimento dos originais: 14/08/2023 Aceitação para publicação: 21/09/2023 Mateus Maciel da Silva Graduando em Odontologia Instituição: Universidade Ceuma – Campus Imperatriz Endereço: Rua Barão do Rio Branco, Quadra 12, 100, Maranhão Novo, Imperatriz – MA, CEP: 65903-093 E-mail: mateus13pbs@outlook.com Marcio Santos Carvalho Mestre em Odontopediatria Instituição: Universidade Ceuma – Campus Imperatriz Endereço: Rua Barão do Rio Branco, Quadra 12, 100, Maranhão Novo, Imperatriz – MA, CEP: 65903-093 E-mail: marciosantcar@gmail.comprar Yuri Jivago Ribeiro Mestre em Odontopediatria Instituição: Universidade Ceuma – Campus Imperatriz Endereço: Rua Barão do Rio Branco, Quadra 12, 100, Maranhão Novo, Imperatriz – MA, CEP: 65903-093 E-mail: yuri60455@ceuma.com.br RESUMO As defensinas são pequenos peptídeos catiônicos ricos em cisteína que desempenham um papel crucial na imunidade inata, apresentando ampla atividade antimicrobiana. São classificadas de acordo com a sua estrutura e sua organização, podendo ser divididas em Alfa (α) e Beta (β)- defensinas. As β-defensinas são capazes de induzir uma resposta imunológica frente a presença de micro-organismos invasores e, em geral, possui ação sobre bactérias Gram-positivos e Gram-negativos, fungos e virus envelopados. Na Odontologia foram feitos estudos que relacionam a presença de β-defensinas com a doença periodontal, com a doença cárie e ainda o seu papel nas funções regulatórias imunológicas em células da polpa dentária. Com base nos achados, foi feito uma revisão de literatura avaliando estudos disponíveis por meio da busca bibliográfica nas bases de dados eletrônicos PubMed, Medline, Licacs, Science Direct e Scielo, no perídio de 1997 a 2020. Para critérios de inclusão foram adotados artigos escritos na língua inglesa; aqueles que se enquadravam no enfoque do trabalho e os mais relevantes em termos de delineamento das informações desejadas. A amostra foi constituída por 78 trabalhos, dos quais, após leitura criteriosa do resumo, 45 trabalhos foram incluídos na revisão de literatura. As β- defensinas exercem uma função regulatória imunológica nas células pulpares, com base nesses achados científicos, fica claro a importância da realização de mais pesquisas acerca deste tema. mailto:mateus13pbs@outlook.com Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22819 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 Palavras-chave: peptídeos antimicrobianos, Beta-defensinas, cárie dentária, inflamação pulpar. ABSTRACT Defensins are small cationic peptides rich in cysteine that play a crucial role in innate immunity, showing broad antimicrobial activity. They are classified according to their structure and organization and can be divided into Alpha (α) and Beta (β) -defensins. Β-defensins can induce an immune response to the presence of invading microorganisms and, in general, have an action on Gram-positive bacteria, Gram-negative bacteria, fungi and enveloped viruses. In Dentistry, studies have been carried out that relate the presence of β-defensins with periodontal disease, with caries disease and its role in the immunological regulatory functions in dental pulp cells. Based on the findings, a literature review was carried out evaluating available studies through bibliographic search in the electronic databases PubMed, Medline, Licacs, Science Direct and Scielo, in the period from 1997 to 2020. For inclusion criteria, articles written in English were adopted; those that fit the work focus and the most relevant in terms of outlining the desired information. The sample consisted of 78 papers, of which, after careful reading of the abstract, 45 papers were included in the literature review. Β-defensins play an immunological regulatory function in pulp cells, based on these scientific findings, it is clear the importance of conducting more research on this topic. Keywords: antimicrobial peptides, Beta-defensins, dental caries and pulp inflammation. 1 INTRODUÇÃO As b-defensinas humanas (hBDs) são expressas em vários tecidos epiteliais no ser humano, incluindo a cavidade oro-nasal, gengiva, polpa dentaria, língua, glândulas salivares e mucosa. Depois de expressos, esses peptídeos antimicrobianos podem ser detectados na gengiva, tecido e saliva, fluido crevicular gengival e secreções nasais, assim como o epitélio também foi demonstrado que vários tipos de células, incluindo monócitos e macrófagos, células dendríticas derivadas de monócitos, odontoblastos e queratinócitos podem expressar hBDs no corpo humano, no entanto apenas 4 (hBD1-4) foram detectadas no epitélio gengival, hBDs estão localizados e expressos em epitélio estratificado, os hBDs apresentam vários modos de expressão, o que ocorre constantemente, ou após a estimulação com polissacarídeos bacterianos, inflamação, mediadores ou lesões neoplásicas, por exemplo a expressão de hDB- 1 é constitutiva em tecidos epiteliais. Peptídeos antimicrobianos (AMPs), incluem uma ampla gama de biomoléculas, são divididos em grupos numerosos dependendo da sua estrutura e topologia fundamental. Defesinas são um tipo de AMPs essenciais em mamíferos que são os peptídeos catiônicos e anfipáticos preenchidos com b-folhas. Esses peptídeos são compostos por seis cisteínas, resíduos que criam redes distintas de bissulfeto ponte que mantem a estrutura do peptídeo. Com base nas evidencias obtidas no topologia de dissulfeto, existem três grupos de a, b e u defensinas Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22820 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 em mamíferos além de que as b-defensinas são duas grandes famílias de proteínas, a a- defensinas faz parte das proteínas neutrofílicas ricas em angina com 29-35 aminoácidos encontrados em azurófilos grânulos e seus vacúolos fagocíticos Até agora, seis tipos de a- defensina, incluindo peptídeo neutrófilo humano (HNP)-1, HNP-2, HNP-3, HNP-4, alfa defensina humana (HD)-5 e HD-6 têm foi descoberto em humanos (Escribese et al., 2011); Peptídeos antimicrobianos (AMPs), são moléculas produzidas por células epiteliais e leucócitos que atuam no sistema imunológico inato, essas moléculas fornecem a primeira linha de defesa contra os micro-organismos durante uma reação inflamatória (1,2). Dentre as AMPs, podemos destacar a família das defensinas humanas (hBDs), pequenos peptídeos catiônicos ricos em cisteína, são classificados em Alfa e Beta-defensinas (α-defensinas, β-defensinas), atuam nos tecidos epiteliais exercendo atividade antimicrobiana e quimiotática (1,3). As α- defensinas são expressas por neutrófilos e as β-defensinas são expressas por células epiteliais (4). A expressão de hBDs é induzida por citocinas pró-inflamatórias e produtos/subprodutos do agente agressor (5,6). A atividade biológica das hBDs na cavidade bucal, tem relação direta na proteção do hospedeiro contra os micro-organismos patogênicos, esses peptídeos antimicrobianos podem ser encontrados nas células epiteliais, no fluido gengival e na saliva, e são responsáveis pelo equilíbrio da microbiota bucal (4). As β-defensinas tem uma alta expressão nas doenças periodontais e cárie dentária (1,3,4,7). A literatura já descreveu quatro subtipos de β-defensinas nos tecidos epiteliais da cavidade bucal: hBD-1, hBD-2, hBD-3, hBD-4 (2). Otecido gengival além proteger os tecidos mineralizados tem papel importante no mecanismo de defesa do hospedeiro, a severidade das doenças periodontais como periodontite podem estar associados com as alterações dos níveis de hBDs, frente a um quadro inflamatório (8). A doença cárie pode estar relacionado com os marcadores genéticos e biológicos presentes na saliva e defensivas humanas. Sabe-se que hBDs são eficazes contra micro- organismos Gram-positivos e Gram-negativos (9). Frente às injurias do tecido pulpar, a polpa dentária é capaz de induzir uma resposta biológica coordenada por odontoblastos, essas células são capazes de estimular a expressão de hBD-1 e Hbd-22 (10,11). Um estudo demostrou que hBD2 é capaz de estimular a diferenciação de odontoblastos, além de, aumentar a expressão de Sialofosfoproteína dentinária, proteína não-colagênica da matriz dentinária (12). A odontologia conta com uma variedade de recursos cabendo ao pesquisador dispor das técnicas mais indicadas ao enfrentar os diferentes desafios, sendo o domínio do conhecimento quanto ao papel biológico das hBDs um fator que merece a atenção do cirurgião-dentista como um poderoso aliado facilitador da compreensão do desenvolvimento das doenças e sua Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22821 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 etiopatogenia. Diante do exposto, este trabalho tem o objetivo de realizar uma revisão de literatura inspirada por uma série de estudos recentes referente a importância do papel das hBDs como reguladoras imunológicas associados a diferentes distúrbios odontológicos. 2 MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado uma revisão de estudos disponíveis na literatura por meio da busca bibliográfica nas bases de dados eletrônicos PubMed, Medline, Licacs, Science Direct e Scielo, no perídio de 1997 a 2020. Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: peptídeos antimicrobianos, Beta-defensinas, cárie dentária e inflamação pulpar. Para critérios de inclusão foram adotados artigos escritos na língua inglesa; aqueles que se enquadravam no enfoque do trabalho e os mais relevantes em termos de delineamento das informações desejadas. A amostra foi constituída por 78 trabalhos, dos quais, após leitura criteriosa do resumo, 45 trabalhos foram incluídos na revisão de literatura. 3 REVISÃO DE LITERATURA O sistema imunológico engloba um conjunto de estruturas e processos biológicos que visa a proteção do hospedeiro contra doenças infecciosas (5). Os peptídeos antimicrobianos (AMPs), são moléculas produzidas por células epiteliais e leucócitos e fornecem a primeira linha de defesa contra os micro-organismos durante uma reação inflamatória (1,2). As Defensinas humanas (hBDs) são classificadas em α-defensinas (Neutrófilos HNP1, HNP2, HNP3 e HNP4, células de Paneth HD5, HD6), β-Defensinas (Células epiteliais hBD-1, hBD-2, hBD-3 e hBD-4) e θ-defensinas, esses peptídeos atuam como antibióticos naturais em tecidos inflamados ou infectados (1,2). 3.1 FORMAÇÃO E ESTRUTURAS DAS β-DEFENSINAS β-defensinas são pequenos peptídeos catiônico, antimicrobianas, com pesos de menos de 7 kDa, são formados por uma estrutura de folha β predominantemente estabilizada por três ligações dissulfeto (13). São classificadas de acordo com a estrutura e organização da ligação dissulfeto, dividindo-se em três grupos: α-, β-, e θ-defensinas (1,14,15). Os seres humanos expressam seis α-defensinas e até trinta e uma β-defensinas (16). As β-Defensinas (hBDs) são expressas principalmente por células epiteliais na pele e nas superfícies mucosas em contato com o ambiente. Podem possuir forma oligomérica, que é o caso da HBD3, enquanto outras, como a hBD1 e hBD2, são monoméricas (17,18). Elas podem ser expressas também por monócitos, macrófagos e por certas células dendríticas (19). Citocinas pró-inflamatórias Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22822 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 bactérias e fungos foram também citados como responsáveis pelo aumento da expressão das defensinas queratócitos cultivados (20). Sua principal ação antibacteriana envolve a permeabilização das células-alvo, já na sua atividade antiviral parece haver um envolvimento na sua ligação a glicoproteínas de membrana (1). A síntese e a liberação das β-defensinas são mediadas por sinais microbianos, sinais de desenvolvimento, citocinas e, em alguns casos sinais, por sinais neuroendócrinos. As defensinas dos neutrófilos são sintetizadas pelos percursores da medula óssea de neutrófilos durante estágios de diferenciação específicos de desenvolvimento dos neutrófilos, em promielócitos e mielócitos. As defensinas são então armazenadas em grânulos primários. Tendo maturado na medula óssea e gerado o seu arsenal de grânulos, os neutrófilos cessam a síntese de grânulos, e esses são liberados na corrente sanguínea. Na fagocitose, os grânulos primários ricos em defensinas fundem-se com vacúolos fagocíticos e geram altas concentrações de defensinas (1,21). A hBD-1, por exemplo, é expressa por uma série de sistemas do corpo humano, incluindo o trato urogenital e o respiratório (22) a hBD-2 em inflamações, como nos pulmões, na mucosa oral e superfícies oculares. A hBD-3 é expressa principalmente pela pele e pelas amigdalas e hBD-4 por tecidos, principalmente no antro gástrico (9,21). A expressão da hBD- 1 é constitutiva, enquanto a hBD-2 e hBD-4 são induzíveis para desempenhar um papel crucial contra a infecção bacteriana como parte da barreira epitelial (1). 3.2 MECANISMO DE DEFESA DAS β-DEFENSINAS A cavidade bucal é composta por mais de 1.000 espécies de micro-organismos, frente a um processo de disbiose da microbiota bucal, as β-defensinas são capazes induzir uma resposta imunológica (23). As β-defensinas, em geral, têm ação contra os micro-organismos Gram- positivos, Gram-negativas, fungos e virus envelopados. Essas moléculas são atraídas para as membranas externas das bactérias carregadas negativamente, a ação antimicrobiana é mediada por mecanismos capazes de destruir a parede celular dos micro-organismos (24) (Figura 1). Além da ação antimicrobiana, β-defensinas contribuem para o processo de cicatrização de feridas. A cicatrização de feridas tem quatro fases: inflamação, reepitelização, formação do tecido de granulação e remodelação do tecido. A fase de reepitelização requer migração, diferenciação e proliferação de células epiteliais (25). Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22823 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 Figura 1:Inflamação dos tecidos mole do dente. O tecido eptélial exerce uma função protetora através de uma barreira física. Quando acontece um desequilibrio da microbiota bucal (disbiose), o organismo induz uma resposta imuno-inflamatória, celulas de defesa da imunidade inata e adquirida são sinalizadas e recutratas para o local da inflamação, essa ação é coordenada e regulada pela liberação de citocinas As β-defensina é um antibiótico natural produzido no local para destruir os micro-organismos. Quando os micro-organismos atravessam a barreira epitelial, os linfócitos intra-epiteliais agem eliminando o micro-organismo. Fonte: (Abbas, 2015-Adaptado). 3.3 β-DEFENSINAS E CÁRIE As β-defensinas são capazes de induzir uma resposta imunológica frente a presença de micro-organismos invasores. Elas fazem parte da primeira linha de defesa contra os micro- organismos durante uma reação inflamatória (1,2). Sabe-se que os odontoblastos possuem um sistema imunológico inato especializado no combate a patógenos orais que possam invadir a dentina. Uma vez que os receptores expressos na membrana dos odontoblastos detectam micro- organismos, um caminhode sinalização é ativado levando à produção e liberação de peptídeos antimicrobianos (como β-defensinas) e óxido nítrico, estes são capazes de eliminar bactérias, vírus, parasitas e fungos (26,27). A liberação de β-defensinas induz a produção de quimiocinas que atraem células inflamatórias ao local da infecção, como visto na Figura 2. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22824 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 Figura 2: Mecanismo de defesa orquestrado pelas β-defensinas após entrada de patógenos via atividade de cárie Fonte: (Ortiz et al., 2019 – Adaptado) 3.4 RELAÇÃO DE SUSCEPTIBILIDADE DA DOENÇA CÁRIE COM β-DEFENSINAS Embora os fatores de risco para atividade de cárie sejam descritos em abundância na literatura, ela ainda é um considerada um grave problema de saúde pública. Principalmente quando está presente de maneira severa e precoce em crianças. De acordo com a declaração de Bagkok da International Association of Paediatric Dentistry (IAPD), a Cárie Precoce da Infância (CPI) é a doença prevenível mais comum e atualmente afeta mais de 600 milhões de crianças no mundo (29). Até o presente, estudos relacionados à susceptibilidade que um indivíduo possa ter à cárie estão associados com a experiência de cárie já vivenciada por ele, costuma-se usar o índice CPOD para avaliação da doença cárie na população, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seu valor expressa a média de dentes cariados, perdidos e obturados em um grupo de indivíduos. Para compreender melhor o fato de que que algumas pessoas apresentam maior propensão à cárie mesmo vivendo em condições socioambientais e comportamentais de risco semelhantes, tem-se a realizado pesquisas para entender como os fatores de risco biológicos (biomarcadores) e genéticos estão relacionados à etiopatogenia da doença cárie (30). Estudos apontam que esta susceptibilidade pode estar relacionada a marcadores genéticos e biológicos presentes na saliva, os peptídeos antimicrobianos, como as β-defensinas Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22825 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 humanas (hBDs) ou aos genes que as codificam, β-defensina (DEFBs) (31). Pesquisas atuais procuram estabelecer a correlação entre os 4 tipos distintos de β-defensinas da cavidade bucal hBD-1, hBD-2, hBD-3 e hBD-4 com a susceptibilidade de cárie, analisando qual dos tipos tem maior expressão e concentração na saliva entre os hospedeiros com maior ou menor experiência de cárie. Diante destas pesquisas, embora ainda existam controvérsias a respeito da relação entre as concentrações dos AMPs e sua ação efetiva no que diz respeito a susceptibilidade de cárie dentária, sabe-se que as β-defensinas apresentam um importante papel defensor na cavidade bucal, atuando como antibióticos naturais de amplo espectro encontrados na saliva, no epitélio da mucosa oral, na gengiva e em neutrófilos. As células hospedeiras são protegidas pela ação das β-defensinas por apresentarem propriedades que se diferem das membranas dos micro- organismos, incluindo diferenças na composição dos fosfolipídeos (32). Os componentes salivares podem impedir a atuação das β-defensinas em suas interações com proteínas salivares, a mucina é o maior componente salivar que mascara esses peptídeos. Esse processo ocorre porque as mucinas formam um complexo com IgA, lisozima, histatina e proteínas ricas em prolina. Este complexo pode envolver pequenos peptídeos, como as β- defensinas, protegendo-as das proteases. No entanto, pode inibir o efeito antimicrobiano por impedir que sua carga positiva se ligue e desestruture a membrana dos microrganismos alvos (33). 3.5 β-DEFENSINAS E GENÉTICA Atualmente a produção científica investiga também os polimorfismos genéticos dos genes relacionados a β-defensinas humanas. A família de peptídeos antimicrobianos de β- defensinas humanas são codificadas por mais de 30 genes de β-defensina (DEFBs) (16). No que se refere aos genes associados as β-defensinas o gene DEFB1 foi selecionado em mais de um estudo para análise de seus polimorfismos (7,34,35,36). Este gene é expresso na cavidade bucal e está relacionado com a resistência a colonização microbiana, desempenhando assim um papel na defesa do hospedeiro contra infecção por bactérias orais. Estudos sugerem que 2 polimorfismos do gene DEFB1 na região motora (rs11362 e rs1799946) estão envolvidos na experiência de cárie (34,35,36). No entanto pesquisa realizada com crianças brasileiras não demonstrou uma associação entre esses polimorfismos e experiência de cárie. Esta diferença pode estar relacionada com a diversidade étnica da população em estudo (Lips et al., 2017). Além disso a grande variação de Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22826 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 concentrações de β-defensinas na saliva e nos tecidos orais poderia ser atribuída às variações genéticas no hospedeiro (37,38). 3.6 MicroRNAS E β-DEFENSINAS Outro mecanismo molecular que deve ser ressaltado na busca por marcadores moleculares para predisposição de cárie é a possível influência dos MicroRNAs (MiRNAs). Estes, são pequenos RNAs não codificantes que exercem um papel pós-transcricional na regulação dos genes. Nas células animais, regulam seus alvos por inibição translacional e desestabilização do RNAm (RNA mensageiro) (39). Estudo de Lips et al, avaliou a associação de polimorfismos genéticos no microRNA202 (miRNA202) com níveis salivares de hBDs. Ele correlacionou o polimorfismo do microRNA202 a um nível mais baixo de hBD-1 salivar. Além de ter associado a distribuição polimórfica do miRNA202 com a experiência de cárie em crianças. Contudo as pesquisas odontológicas avaliando o papel dos miRNAs na área de doenças bucais ainda estão em estágio inicial (31). 3.7 INFLAMAÇÃO DOS TECIDOS PULPARES E β-DEFENSINAS Além de exercer função antimicrobiana sabe-se que as β-defensinas humanas também tem a capacidade de exercer funções regulatórias imunológicas em células da polpa dentária. Contudo, ainda não é bem estabelecido como a cárie interfere a expressão gênica de β- defensinas em tecidos da polpa dentária saudáveis ou com inflamação (10). Os odontoblastos, semelhantes às células epiteliais, expressam constitutivamente hBD- 1 e hBD-2. A estimulação de células semelhantes a odontoblastos com hBD-2 recombinante (rhBD-2) e lipopolissacarídeo (LPS), levou a uma regulação negativa de hBD-1 e regulação positiva de citocinas pró-inflamatórias interleucina-6 (IL-6) e interleucina-8 (IL-8) (10,40). Além disso, o hBD-2 estimulou a diferenciação do odontoblastos, aumentando a expressão da sialofosfoproteína dentinária (12). Alguns estudos obtiveram correlação entre as β-defensinas humanas em polpas dentárias inflamadas em comparação com polpas dentárias saudáveis. Nesse sentido, hBD-1 e hBD-4 foi significativamente aumentada em polpas inflamadas em comparação com polpas saudáveis (3). Estes resultados sugerem que hBD-1 e hBD-4 podem desempenhar um papel na defesa do hospedeiro pulpar. Por tudo isso fica claro a importância de se continuar realizando pesquisas para compreender melhor a atuação desses biomarcadores presentes na saliva. Quer seja pelo seu potencial antimicrobiano, potencial de predição de susceptibilidade à cárie ou potencial Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22827 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 regulatório em tecidos pulpares envolvidos em processos inflamatórios. Ser capaz de compreender os mecanismos envolvidos com a presença de biomarcadores específicos de β- defensinas humanas em saliva pode facilitar a elaboraçãode estratégias preventivas antes mesmo da experiência de cárie pelo hospedeiro. 4 DISCUSSÃO É indiscutível que as hBDs são componentes importantes do sistema imunológico e na manutenção da homeostase tecidual. A doença cárie ainda é um problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos, o risco e atividade de cárie em crianças e adolescentes possibilita o desenvolvimento de novas estratégias para prevenção e manutenção da saúde bucal desses indivíduos. (41). Em relação aos AMPs, muito têm sido descobertos baseado em sua habilidade de eliminar ou inibir a proliferação de micro-organismos patogênicos advindos da cavidade bucal (1,2,23). Os AMPs fornecem uma primeira linha de defesa contra um amplo espectro de micro-organismos patógenos, e podem ser usados como terapêutica e no desenvolvimento de testes para a avaliação clínica do risco de cárie dentária no futuro. Sua expressão na saliva e em toda a cavidade bucal sugere um papel na proteção contra a doença cárie, bem como proteger a mucosa bucal. Vale ressaltar que a quantidade de AMPs expresso na saliva variam entre os indivíduos (37). As β-defensinas, em geral, têm ação contra micro-organismos Gram-positivos e Gram- negativas, , fungos e virus envelopados (42,43). As hBD-1, são expressas constitutivamente por células epiteliais gengivais (44), enquanto a hBD-2, tem ação antimicrobiana em várias espécies de Streptococcus. O estudo de Nishimura et al. (2004), em seus resultados, apontou atividade bactericida de hBD-2 contra Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus, sugerindo desta forma o seu potencial para uso clínico na prevenção da cárie dentária (45). Algumas pesquisas destacaram resultados distintos em relação a hBD-3. O estudo de Tao et al. (2005), não correlacionou hBD-3 com a experiência de cárie (41). Esta pesquisa se contrapõe ao trabalho de Joly et al. 2004 (42), no qual analisou a eficácia de hBD-2 e hBD-3 para uma coleção de micro-organismos bucais e apresentou dados relevantes, hBD-3 demonstrou maior atividade antimicrobiana e foi eficaz contra uma ampla gama de micro- organismos. No geral, os micro-organismos aeróbios foram 100% suscetíveis a hBD-2 e hBD- 3, enquanto apenas 21,4 e 50% dos anaeróbios foram suscetíveis a hBD-2 e hBD-3, respectivamente. Os resultados obtidos no estudo de Dommisch et al. (10), sugerem que além da atividade antimicrobiana, uma outra função pode estar envolvida com a atividade e presença de β- Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22828 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 defensinas humanas no desenvolvimento de odontoblastos. Certas frações das células pulpares têm a capacidade de se diferenciar em odontoblastos, formando a dentina. Nesse sentido, hBD- 1 e hBD-2 foram encontradas em tecido pulpar por Dommisch et al. (10), já a expressão de hBD-4 em tecido pulpar foi relatada pela primeira vez em estudo de Paris et al,2009 (3). 5 CONCLUSÃO O papel das β-defensinas na Odontologia se mostra ainda incerto. Apesar de haver evidências de que são importantes para a defesa da cavidade bucal, ainda é controverso o fato desses peptídeos antimicrobianos estarem ligados a susceptibilidade da doença cárie. No que diz respeito a polpa, é certo que as β-defensinas exercem uma função regulatória imunológica nas células pulpares, porém é incerto como a cárie interfere na expressão gênica dessas moléculas em tecidos da polpa dentária saudável ou com inflamação. Com base nesses achados científicos, fica claro a importância da realização de mais pesquisas acerca deste tema para o compreendimento de seu potencial antimicrobiano em patologias bucais, o seu potencial de predição de susceptibilidade à doença cárie e o seu papel no efeito regulatório em células pulpares. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 22829 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p.22818-22831, sep/oct., 2023 REFERÊNCIAS 1. Ganz T. Defensins: antimicrobial peptides of innate immunity. 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