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AULA 1 MANUFATURA DIGITAL TEMA 1 – INTRODUÇÃO À MANUFATURA DIGITAL 1.1 Âmbito da Indústria 4.0 A 4a Revolução Industrial se caracteriza pela evolução da tecnologia, em que tudo está conectado e a troca de informações se dá em tempo real, assim como tudo está on-line, pessoas e equipamentos. Com essa globalização digital, o mercado exige que as empresas atuem de forma mais rápida no lançamento de novos produtos, em contrapartida fazendo uma pressão pela redução dos preços e pelo aumento da qualidade. Para conseguir um diferencial competitivo sustentável, as indústrias precisam se atualizar tecnologicamente, tornando-se mais inteligentes, eficientes e produzindo com menos problemas e defeitos. Para isso, é necessário integrar as tecnologias de produção com as tecnologias de informação, sendo esta integração a principal característica da Indústria 4.0, termo que surgiu em 2011. A manufatura digital é um conceito já existente desde o final do século XX, contudo, vem ganhando força com a evolução da tecnologia e, de forma mais evidente, com os avanços promovidos pela 4a Revolução Industrial. 1.2 Manufatura digital Não há mais tempo para montar toda uma linha de produção para descobrir quais serão os problemas e dificuldades, então, tomar ações corretivas para estabilizar o processo e iniciar a produção. Deve-se realizar tudo certo desde a primeira vez. Nesse sentido, as tecnologias de manufatura digital permitem simular virtualmente todos os componentes e processos fabris, buscando eliminar todo e qualquer erro ou desperdício antes de se começar a trabalhar no ambiente real. Esses modelos virtuais inteligentes também são chamados de gêmeos digitais (digital twins), conforme o exemplo apresentado na Figura 1 da representação digital equivalente a uma parte de uma linha de produção. 2 Figura 1 – Representação digital de uma linha de produção Crédito: Borodatch/Shutterstock. E para garantir a agilidade de todo o processo, assim como a realimentação das informações em toda a cadeia produtiva de forma instantânea, tudo deve estar conectado em rede, não somente local, mas também pela internet. Qualquer informação deve estar disponível para qualquer pessoa ou sistema que precise dela em tempo real, portanto, as tecnologias de mobilidade conectada, entre smartphones e outros dispositivos, estão inseridas nas fábricas. A informação certa, no local certo e no momento certo é um diferencial competitivo para sair na frente em produtividade, qualidade e lucratividade. As empresas devem inovar para acompanhar as novas exigências do mercado e garantir o seu posicionamento. Do contrário, ficar onde está, usando as mesmas tecnologias e processos que estão funcionando bem há um tempo, pode acarretar um fracasso, muitas vezes, sem volta, pois a concorrência poderá estar um passo à frente. Neste cenário da globalização e da rápida evolução tecnológica, o investimento em inovação deve ser constante, para se poder responder na mesma velocidade às mudanças do mercado, fazendo o lançamento de novos produtos mais rapidamente, reduzindo o time to market, aumentando o volume de produção, melhorando a qualidade e reduzindo preços. No ambiente da manufatura, isso será possível garantindo que as atividades necessárias para fabricar qualquer tipo de produto sejam realizadas buscando a redução de desperdícios, assim como a assertividade nas tomadas de decisões. 3 1.3 Virtualização do meio fabril A manufatura digital é uma evolução tecnológica que permite transformar um ambiente real em digital, permitindo simular em um ambiente virtual controlado as tarefas de planejamentos, testes e validações. Com a virtualização do meio fabril, é possível validar novas ideias de processos produtivos, com o domínio sobre as variáveis e sem necessidade de investimentos em materiais ou insumos reais. Na aplicação virtual, como uma maquete digital, pode-se encontrar problemas e, então, solucioná-los com mudanças na estratégia previamente ao início das atividades de forma real. Pode- se analisar diversos cenários, testar vários métodos de fazer algo para que um novo processo de produção seja implantado efetivamente de maneira correta desde a primeira vez, evitando despesas e atrasos desnecessários. Todas as ferramentas de digitalização da manufatura trazem vantagens para o auxílio nas tomadas de decisões, proporcionando a escolha da melhor opção em todos os requisitos para se alcançar os objetivos esperados. 1.4 Contexto na indústria O termo manufatura digital também pode ser abordado como manufatura virtual, fábrica digital, ou pode estar relacionado à manufatura integrada por computador (CIM), sempre no contexto de virtualizar o ambiente da produção. Dentro de uma indústria há diversos setores, com seus respectivos profissionais. A manufatura digital está inserida na engenharia de processos, em que são definidos todos os procedimentos, recursos e necessidades para a fabricação de um produto. Há também uma interface com o setor de tecnologia da informação, no que diz respeito ao dimensionamento de infraestrutura e recursos de hardware e software necessários, assim como uma interface colaborativa com a engenharia de produto e os designers, de forma que o que foi idealizado e projetado possa se tornar realidade, ou seja, que tenha condições de ser realmente produzido. De modo geral, mesmo considerando a manufatura digital como uma inovação tecnológica, os processos tradicionais da engenharia de produção continuam a ser utilizados no ambiente real, portanto, a manufatura digital considera nas ferramentas computacionais de desenvolvimento essas técnicas 4 convencionais, como análise de fluxo de materiais, otimização de layout, tempos e métodos etc. Um conceito mais abrangente dentro da manufatura é o PLM (Product Lifecycle Management), que cuida do gerenciamento do ciclo de vida de um produto, desde a sua concepção até o seu descarte. Portanto, a manufatura digital está inserida como parte do PLM. Muitas ferramentas de software aplicadas à manufatura digital fazem referência à sigla PLM. Em suma, a manufatura digital é o uso de ferramentas computacionais que permitem a reprodução virtual e a visualização em 3D (três dimensões) do ambiente real da fábrica, a criação de protótipos virtuais, simulações e análises para dar suporte às definições dos processos de manufatura, alinhadas aos requisitos de produto e objetivos da corporação, assim como de posicionamento no mercado. No âmbito das pesquisas científicas em manufatura digital, Shinohara et al. (2015) apresentam como uma revisão de literatura uma compilação de publicações relacionadas à manufatura digital, que se iniciam no ano de 1999, enfatizando os termos digital manufacturing e digital factory como palavras-chave, trazendo um material bem abrangente e de diversos países, assim como de diferentes setores da indústria, abordando as características e os benefícios da manufatura digital. TEMA 2 – REVISÃO DAS METODOLOGIAS CONVENCIONAIS – 1a PARTE É importante contextualizar as metodologias convencionais da engenharia de produção para que se possa, na sequência, abordar a aplicação dos recursos tecnológicos da manufatura digital a esses conceitos elementares do ambiente fabril. 2.1 Lean manufacturing A manufatura enxuta, traduzido do inglês lean manufacturing, também chamada de produção enxuta, consiste em estratégias para reduzir desperdícios. Consideram-se oito tipos de desperdícios: 1. Defeito: produto fora das especificações desejadas, que necessita ser retrabalhado. 5 2.Espera: tempo gasto esperando pessoas, materiais, máquinas e equipamentos. 3. Movimentação: deslocamento do recurso humano que não agrega valor ao produto. 4. Transporte: deslocamento de materiais que não agregam valor ao produto. 5. Inventário: excesso de matéria-primaou de peças em processamento. 6. Excesso de produção: excesso de produto acabado ocasionado pela produção acelerada e descontrolada. 7. Processamento desnecessário: etapas ou uso de ferramentas de forma desnecessária que não agregam valor na produção do produto. 8. Criatividade não aproveitada: má utilização do potencial da capacidade do recurso humano. Ferramentas são utilizadas para atingir os objetivos da manufatura enxuta de forma a se realizar uma melhoria contínua. Algumas dessas ferramentas são: 1. 5S: são os cinco sensos, cujo objetivo é a organização do ambiente de trabalho. É assim chamada devido às cinco palavras japonesas seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke, que significam, respectivamente, senso de utilização, senso de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina. 2. Controle visual: seu objetivo é implantar indicadores visuais para auxiliar na identificação das condições do processo, permitindo a fácil visualização e identificação de problemas. 3. Padronização de processos: consiste na elaboração de documentos para padronizar as tarefas, operações e atividades realizadas na manufatura. Com isso, permite que operações e métodos de trabalho sejam reutilizados. 4. Mapeamento da cadeia de valor: consiste na visualização do fluxo do processo em operação, para analisar a situação atual das atividades, permitindo que futuros processos sejam melhor planejados e implementados. 5. Kanban: tem o objetivo de buscar um fluxo do processo em que o produto é produzido de acordo com a necessidade do cliente. Por meio de cartões, identifica e requisita os produtos, insumos ou matérias-primas necessários para a atividade ao longo da cadeia de produção, somente quando houver necessidade. 6 6. Kaizen: é uma melhoria contínua dos processos, em que os próprios colaboradores responsáveis pelas atividades de manufatura buscam encontrar formas de aperfeiçoá-la e de eliminar desperdícios que podem ser encontrados ao longo dos processos da manufatura. 7. Just-in-time (JIT): visa à minimização de gastos com estoques de acordo com a demanda exigida pelo cliente. 8. Jidoka: é uma automação parcial do sistema de manufatura, constituindo uma forma mais econômica que a automação total. Permite que problemas ou falhas ocasionem a parada automática da atividade para identificar problemas de qualidade e os corrijam imediatamente. A manufatura enxuta busca, por meio dos seus conceitos, técnicas e ferramentas relacionadas, evitar qualquer tipo de desperdício, de forma a atender ao cliente com o menor custo, menor tempo de entrega do produto e maior qualidade possíveis. 2.2 Trabalho padronizado Consiste em definir procedimentos para a realização do trabalho de cada um dos operadores em um processo de produção, com base nestes três elementos: 1. Tempo takt: é a taxa na qual os produtos devem ser produzidos para o atendimento à demanda do cliente. 2. Sequência: ordem exata de trabalho em que um operador executa suas tarefas no tempo takt. 3. Estoque padrão: insumos, considerando os itens nas máquinas, exigidos para que o processo seja mantido operando suavemente. O trabalho padronizado, uma vez determinado e exposto nas estações de trabalho, é o objeto da melhoria contínua por meio da ferramenta kaizen. Seus benefícios incluem a documentação do processo corrente para todos os turnos, reduções nas variações, treinamento facilitado para os operadores mais recentes, redução de riscos e acidentes, assim como uma base comum para as atividades de melhoria. Três documentos básicos são habitualmente usados na criação do trabalho padronizado. São utilizados pelos supervisores e engenheiros para projetar o 7 processo, também pelos operadores para realizarem melhorias em suas próprias tarefas: 1. Quadro de Capacidade do Processo: é usado para determinar a capacidade de cada máquina em processos conectados (normalmente uma célula), a fim de comprovar a capacidade real, detectar e eliminar os gargalos, determinando certos fatores, como o tempo de ciclo das máquinas, o tempo de set-up e interrupção para troca da ferramenta e os tempos dos trabalhos manuais. 2. Tabela de Combinação do Trabalho Padronizado: mostra a combinação do tempo de trabalho manual, o tempo de caminhada e o tempo de processamento da máquina para cada operador em uma sequência de produção. A tabela em sua totalidade mostra as interações de operadores e máquinas em um processo e, então, permite que seja recalculado o conteúdo de trabalho de um operador, conforme o tempo takt se contrai ou se expande. 3. Diagrama de Trabalho Padronizado: mostra a movimentação do operador e a localização do material com relação à máquina e ao layout do processo como um todo. O diagrama deve mostrar os três elementos que representam o trabalho padronizado: tempo takt atual (e o tempo de ciclo das máquinas) para o trabalho, a sequência de trabalho e a quantidade de estoque padrão requerida para assegurar a suavidade das operações. Os diagramas de trabalho padronizado são comumente expostos nas estações de trabalho como uma ferramenta para a gestão visual e para o kaizen. São constantemente revisados e atualizados, sempre que as condições da estação de trabalho se modificam. Estes documentos de trabalho padronizado são comumente utilizados em conjunto com duas outras ferramentas: 1. Folha de padrões de trabalho: concentra uma diversidade de documentos que definem como produzir o produto de acordo com as especificações de engenharia. Geralmente, apresenta os requisitos de operação precisos que devem ser seguidos para assegurar a qualidade do produto. 2.Folha de instruções de trabalho: também chamada de folha de detalhamento do trabalho ou folha dos elementos de trabalho, é utilizada para treinar os novos operadores. Lista todos os passos do trabalho, 8 detalhando as habilidades especiais requisitadas para a realização do trabalho com qualidade, segurança e eficiência. TEMA 3 – REVISÃO DAS METODOLOGIAS CONVENCIONAIS – 2a PARTE 3.1 Tempos e métodos São dois conceitos que se complementam para a redução de operações desnecessárias. Consistem em fazer um estudo dos tempos e dos métodos de um processo, para torná-lo simples, funcional e otimizado. O estudo dos métodos decompõe as operações de um processo para encontrar a melhor forma de realizar uma determinada tarefa. O estudo dos tempos busca estipular o tempo padrão para realizar um processo. É feita a mensuração do tempo de cada operação de uma linha de produção por meio da cronoanálise, documentando-se os diversos tempos da atividade. Ajuda a estimar e otimizar cada processo de trabalho, assim como a estabelecer metas para incentivar a produtividade. Serve ainda para estimar o custo de um produto. 3.2 Arranjo físico O estudo do arranjo físico com a distribuição e localização dos recursos pertinentes ao processo ou atividade da manufatura dentro de determinado espaço ou área estipulada. São analisadas as possíveis configurações referentes ao espaço disponível, de forma a permitir um fluxo adequado das atividades, buscando o aumento da produtividade, assim como o bem-estar dos trabalhadores. Busca-se eliminar o desperdício e tudo o que não agrega valor ao produto. Na elaboração de um layout de arranjo físico, uma premissa é a minimização das distâncias, de modo a evitar movimentações e transportes desnecessários, possibilitando um fluxo contínuo das operações. Em função das constantes mudanças do mercado e da evolução dos processos produtivos, o arranjo físico deve permitir uma flexibilidade que possibilite uma fácil e rápida reconfiguração para atender qualquer modificação necessária. TEMA 4 – REVISÃO DAS METODOLOGIAS CONVENCIONAIS – 3a PARTE 9 4.1 Estatística de fábrica Visa monitorar, coletar e armazenardados dos processos produtivos para gerar controles, distribuições estatísticas, probabilidades, entre outros indicadores relativos à manufatura e à produtividade, que caracterizam o desempenho ou a performance da indústria, conhecidos pela sigla KPI (Key Performance Indicators). Com a análise desses dados, é possível acompanhar os processos e verificar se estão estáveis ou oscilando, permitindo melhores tomadas de decisões, por exemplo, fazer a análise da vida útil dos equipamentos e controlar os momentos de manutenção desses equipamentos. Com os dados estatísticos é possível identificar a melhor alternativa para que um objetivo seja alcançado. Entre os dados estatísticos estão a curva de tempo de chegada de materiais e insumos, a tolerância de peças e produtos, o tempo médio entre falhas, o tempo médio de reparo etc. Esta base de dados estatísticos ainda pode ser usada para auxiliar na elaboração de novos processos e monitorar ou melhorar os processos já existentes. Nem sempre o entendimento desses dados estatísticos dos processos é simples. Portanto, o sucesso na utilização dessas informações está na sua interpretação para uma ação a ser tomada de forma a chegar no objetivo desejado. Assim, o uso de ferramentas computacionais para tabular e analisar esses dados é de suma importância, principalmente, dentro do contexto da manufatura digital. TEMA 5 – CONCEITO DE SIMULAÇÃO VIRTUAL DA MANUFATURA 5.1 Fábrica inteligente A fábrica digital, ou fábrica inteligente (smart factory), consiste em um conjunto de tecnologias que integram virtualmente diversas informações, possibilitando a simulação, a análise e a tomada de decisão. As tecnologias de simulação englobam as áreas de produto, meios de produção, infraestrutura, logística, predial, entre outras. A busca é pela redução de custos e aumento da produtividade, consequentemente, uma melhoria no processo produtivo. Portanto, a manufatura digital vai do planejamento dos processos até as simulações de processos de 10 montagem e até a simulação da fábrica de todos os segmentos de manufatura, incluindo o produto final. É como fazer um mockup digital. 5.2 Simulação de linha de montagem A Figura 2 exemplifica uma renderização em 3D de uma linha de montagem com células de produção que utilizam braços robóticos, podendo-se visualizar ao fundo uma empilhadeira, máquinas CNC (Comando Numérico Computadorizado) e uma estrutura de estoque. Figura 2 – Renderização em 3D de uma linha de produção Crédito: Chesky/Shutterstock. A simulação da linha de montagem permite otimizar tanto a engenharia de processos quanto o processo de fabricação e montagem, permitindo simular e validar o planejamento do processo de fabricação quando necessário. 5.3 Simulação de layout de fábrica Na Figura 3, visualiza-se todo o layout de uma fábrica, em que é possível fazer uma análise de interferências entre máquinas e pessoas, peças e ferramentas, componentes e equipamentos, um estudo de fatores ergonômicos, de tempos e métodos, operações humanas etc. 11 Figura 3 – Layout de fábrica digital Crédito: Elenabsl/Shutterstock. As alterações de processos e layouts necessitam ser validadas fisicamente. Com ferramentas de simulação essa validação é possível de maneira virtual. 5.4 Abrangência da simulação A simulação da manufatura permite atuar na etapa de planejamento do processo, envolvendo os processos de seleção de operações e sequenciamento de operações (considerando a capacidade de buffer e mix de produção), na etapa de gerenciamento de recursos (investimentos) envolvendo o layout de fábrica (planta baixa 2D e visão 3D, incluindo a parte predial e de infraestrutura) e requisitos de mão de obra (análise de processos com manequins humanos considerando a ergonomia). Também na etapa de programação das máquinas, envolvendo os centros de usinagem e robótica, assim como na etapa de validações envolvendo as discretas e as ergonômicas. Entre as técnicas cobertas pela manufatura digital, tem-se a simulação de eventos discretos (SED), que considera uma sequência de eventos por um determinado período. Entre seus componentes, por exemplo, pode haver como entidades as máquinas, peças, operadores; como atributos, a dimensão de peças, velocidade de transporte; como eventos, a parada de máquina, setup, mudança de turno; como atividades, a operação, transporte de peças; como variáveis de estado, o status das máquinas, podendo ser ocupadas, em espera ou vazias. 5.5 Ferramentas da fábrica digital 12 As ferramentas de manufatura digital atendem ao desenvolvimento de produto (árvore do produto) com aplicativos CAD (Computer Aided Design), a virtualização e simulação da manufatura com aplicativos em 2D e 3D, a prototipagem rápida com aplicativos que atuam em conjunto com impressoras 3D, a usinagem com aplicativos CAM (Computer Aided Manufacturing), que atuam em conjunto com máquinas CNC, o processo de montagem de um produto com aplicativos de modelagem 3D, assim como os processos de análise da qualidade e desempenho com a simulação dos procedimentos de medição e metrologia com aplicativos CAE (Computer Aided Engineering). De um modo geral, as ferramentas da manufatura digital se inserem no ciclo de vida do desenvolvimento de um produto como um todo, ou seja, no PLM. Com o uso das ferramentas de manufatura digital, vai sendo gerado um histórico de documentações, como bibliotecas de desenhos 3D e padrões estabelecidos, permitindo cada vez mais uma agilidade maior em novos processos, assim como a reutilização de meios produtivos e o facilitado estudo comparativo entre modelos novos e anteriores. Para isso é necessário organizar a cadeia de informações e atividades de diferentes grupos de trabalho, tanto internos quanto externos (fornecedores), por meio da implantação de sistemas de tecnologia de informação que viabilizam toda essa integração e a gestão de mudanças. Portanto, a fábrica digital inteligente consiste em uma indústria que utiliza os recursos da manufatura digital para se tornar mais ágil e competitiva, utilizando não somente ferramentas de simulação da manufatura, mas também toda uma infraestrutura de tecnologia de informação para gestão das informações e integração de todas as ferramentas computacionais, incluindo os sistemas CAD, CAE e CAM dentro do CIM, os sistemas de PCP (Planejamento e Controle da Produção) e ERP (Planejamento de Recursos Corporativos), não somente em âmbito local, mas em âmbito global, alinhados com os avanços da Indústria 4.0, que incluem computação em nuvem, big data e internet das coisas. 13 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, D. S. Tempos e métodos: aplicados à produção de bens. Curitiba: InterSaberes, 2015. CARDOSO, R. C. M. Caminhos da manufatura uma abordagem à manufatura digital. 1. ed. São Paulo: Amazon, 2016. LEAN INSTITUTE BRASIL. O que é Trabalho Padronizado? Disponível em: <www.lean.org.br/conceitos/126/o-que-e- trabalho-padronizado.aspx>. Acesso em: 29 dez. 2019. SHINOHARA, A. C.; ROCHA, L. M.; SILVAE. H. D. R.; LIMA, E. P.; DESCHAMPS, F. Análise de estudos na área de manufatura digital: uma revisão da literatura. In: XXII Simpep – Simpósio de Engenharia de Produção. 9 a 11 de novembro. Bauru – SP, 2015. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2018. 14
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