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AULA 2 MANUFATURA DIGITAL

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AULA 2 
MANUFATURA DIGITAL 
TEMA 1 – FERRAMENTA DE 
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE 
DE MANUFATURA E 
GERENCIAMENTO DE DADOS 
1.1 Planejamento da atividade de 
manufatura 
Esta é a primeira atividade que deve ser 
realizada. Durante o planejamento da 
atividade de manufatura, deve ser proposta 
uma reunião com todos os envolvidos no 
projeto, ou seja, os responsáveis pelo 
processo, recursos, layout, simulação, 
robótica, automação e instalação. É nesse 
momento que o projeto é discutido como um 
todo, quando os envolvidos devem se 
posicionar e entender o escopo para o 
desenvolvimento da atividade que será 
realizada. 
Cada equipe é responsável por uma parte do 
projeto, porém, as atividades desenvolvidas 
devem estar precisamente alinhadas, pois, 
ao final do trabalho, elas devem se encaixar 
perfeitamente a fim de implementar com 
sucesso o projeto desenvolvido. Quando 
essa atividade de planejamento antecipado 
não ocorre, ou seja, não se envolvem todos 
os participantes do projeto, as possibilidades 
de insucessos posteriores são grandes. 
Existem muitas ferramentas no mercado que 
possuem condições de desenvolver um 
projeto colaborativo, permitindo que todos os 
integrantes das equipes se comuniquem 
perfeitamente e tenham as informações 
necessárias para a realização do trabalho. 
O ponto-chave para um bom trabalho 
baseado no conceito da manufatura digital é 
a integração de informações. Um sistema de 
tecnologia de informação de PDM (Product 
Data Management) ou EDM (Electronic 
Document Management) se mostra 
necessário para o desenvolvimento do 
projeto. Esse tipo de sistema tem o objetivo 
de centralizar toda e qualquer informação 
pertinente ao projeto. 
É possível trabalhar de forma isolada, ou 
seja, sem conexões entre as informações 
das diversas atividades, porém, essa ação 
pode tornar o trabalho mais difícil de ser 
desenvolvido e aumenta as chances de se 
perder o controle do que está sendo criado. 
Problemas comuns existentes em uma 
atividade sem integração de informações 
podem ser: 
a) Versionamento inconsistente de 
documentos: esse problema é muito 
frequente. Um grande exemplo são os casos 
de determinadas atividades estarem sendo 
realizadas com versões desatualizadas de 
documentos 
2 
desenvolvidos por etapas anteriores, 
comprometendo o projeto como um 
todo. 
b) Ausência de workflow: quando não se 
trabalha com integração de 
informações, não é possível garantir o fluxo 
de trabalho adequado. Neste caso, cada um 
desenvolve as tarefas individualmente, sem 
se preocupar com atividades que estão 
sendo realizadas por outras equipes de 
trabalho. Esse tipo de problema acarreta 
retrabalhos desnecessários por falta de um 
fluxo de atividades coerente e aumento do 
custo do projeto. 
c) Rastreabilidade comprometida: na 
ausência de um sistema gerenciador e 
centralizador de informações, torna-se 
praticamente impossível saber quem é, ou 
foi, o responsável pela atividade executada. 
Desta forma, se problemas ocorrerem, torna-
se difícil saber qual a fonte que ocasionou tal 
transtorno. Além disso, com a ausência de 
um centralizador de informações, excessivos 
e-mails são trocados no decorrer do trabalho 
e muitas vezes se perdem no caminho, 
comprometendo a rastreabilidade do projeto 
como um todo. 
De um modo geral, o ponto-chave desta 
atividade é alinhar todas as tarefas que 
devem ser realizadas e seus respectivos 
responsáveis. Além disso, é necessário 
garantir que as informações estejam 
disponíveis a todos os envolvidos e estejam 
armazenadas em um único local, facilitando 
assim seu acesso. 
1.2 Gerenciamento de dados 
A manufatura digital se baseia no princípio de 
trabalhos colaborativos, portanto, torna-se 
necessária uma ferramenta de 
gerenciamento de dados para possibilitar os 
trabalhos, inclusive considerando todo o 
conceito global do PLM. Por meio deste 
gerenciamento, os dados e as informações 
pertinentes ao projeto tornam-se disponíveis 
para todos os envolvidos nessas atividades, 
possibilitando que as tarefas sejam 
realizadas de maneira colaborativa. 
Com o uso dessa ferramenta, é possível 
garantir que os documentos envolvidos no 
projeto estejam na versão e local corretos, 
disponíveis para quem necessitar utilizá-los, 
garantindo a confiabilidade dos arquivos que 
estão sendo utilizados. Tem ainda o objetivo 
de gerenciar toda e qualquer informação 
pertinente ao projeto. 
3 
Portanto, uma ferramenta de gerenciamento 
de dados ou informações pertinentes ao 
projeto mostra-se necessária para que os 
trabalhos sejam realizados da melhor forma 
possível, com agilidade e assertividade. 
TEMA 2 – FERRAMENTA DE 
DESENVOLVIMENTO DO 
PROCESSO 2.1 O desenvolvimento do 
processo 
É uma atividade de suma importância para 
projetos que envolvem o conceito de 
manufatura digital, pois quase todas as 
atividades referentes aos trabalhos 
desempenhados dependem de um processo 
bem elaborado. Caso não existam operações 
a serem realizadas, as demais etapas não 
possuem propósito. É durante o 
desenvolvimento desta atividade que se 
elabora o processo completo de manufatura 
e se identificam os elementos necessários 
para a fabricação dos produtos. 
A manufatura digital auxilia tanto um 
planejamento macro quanto um 
planejamento mais detalhado do processo. 
Deve-se entender qual a necessidade 
imposta pelo trabalho, para que seja possível 
desenvolver um processo coerente de modo 
a se atingir o objetivo desejado. 
Durante esta etapa, deve-se analisar 
cuidadosamente o produto que será 
fabricado, a fim de criar as operações 
necessárias para sua construção. 
O ponto-chave desta atividade é possuir uma 
excelente estatística de fábrica, capaz de 
fornecer dados pertinentes ao processo. 
Caso a empresa não possua dados 
estatísticos armazenados para utilizar como 
referência na elaboração de novos 
processos, deve-se realizar a metodologia 
convencional de tempos e métodos, 
buscando coletar e armazenar informações 
pertinentes aos processos de manufatura. 
Nestes casos, por meio do procedimento de 
cronoanálise, podem-se obter os tempos 
individuais das tarefas realizadas ao longo do 
processo e desenvolver um banco de dados 
com o objetivo de armazená- las. 
Quando as organizações dispõem de 
informações sobre atividades e operações de 
processos já existentes, fica mais fácil o 
planejamento de um novo processo, pois 
esses dados podem ser reaproveitados, 
agilizando a elaboração do processo. 
Ao longo da criação do processo é 
necessário se preocupar com os recursos 
que serão utilizados. Durante esse 
planejamento é possível fazer um 
4 
esboço do layout, bem como a seleção e 
disposição dos recursos que serão utilizados 
na manufatura. Desta maneira, contribui-se 
mais ativamente nas etapas posteriores de 
desenvolvimento de recursos e layout. 
Ainda nesta etapa, pode ocorrer o uso de 
simulações para validar posicionamentos e 
acessibilidades de determinados recursos. 
Não se trata propriamente da simulação do 
processo como um todo, porém, cabe como 
um pré-estudo e facilita o andamento do 
projeto. 
É importante ressaltar que o processo pode 
acabar sofrendo alterações ao longo do 
desenvolvimento das demais atividades, uma 
vez que, por meio da etapa de simulação, 
podem ser encontrados problemas que 
devem ser corrigidos antes da atividade de 
instalação no ambiente fabril. 
Deste modo, a atividade de desenvolvimento 
de processo tem como objetivo elaborar a 
melhor sequência de atividades que deve ser 
empregada para se fabricar determinado 
produto. Além disso, deve-se preocupar em 
esboçar um layout e selecionar recursos 
necessários para que essa fabricação seja 
possível. 
2.2 Ferramentas para o 
desenvolvimento do processo 
Ferramentas voltadas ao planejamento e 
desenvolvimento de processos devem 
possibilitar que ele seja criado, validado e, 
quando possível, reutilizado. Devem permitir 
uma definição e análise tanto das tarefas de 
forma individual quanto da sequência das 
operações do processo.As ferramentas de software mais atuais já 
possuem interface com visualização em 3D 
(três dimensões) para facilitar o 
desenvolvimento das tarefas de 
planejamento. Com a interface 3D, é possível 
analisar tanto o produto quanto os recursos 
empregados no processo, possibilitando que 
as atividades sejam desenvolvidas com 
maior riqueza de detalhes. 
Essas ferramentas devem possibilitar que 
todos os tempos gerados pelas atividades 
sejam armazenados para uso posterior, 
permitindo a criação de uma biblioteca de 
operações. Por meio da metodologia de 
tempos e métodos, é possível levantar o 
tempo de realização das atividades e 
armazená-lo na ferramenta de planejamento 
de processo. Isso torna a atividade de 
planejamento mais flexível e ágil, uma vez 
que possibilita a reutilização das diversas 
atividades armazenadas para a criação de 
novos processos que serão elaborados no 
futuro. 
Tendo em mãos o processo montado, com 
suas devidas operações detalhadas, torna-se 
necessária uma ferramenta que possua 
interface para a 
5 
criação de gráficos de visualização do tempo 
por atividade, como o diagrama de Gantt. 
Esse tipo de informação é necessário para 
que seja possível analisar os tempos totais 
envolvidos no processo de modo interligado. 
Por meio desse gráfico, é possível verificar o 
início e o fim de cada atividade envolvida no 
processo elaborado, possibilitando que 
alterações sejam feitas de modo a melhorar 
a atividade como um todo. A análise desse 
gráfico tem como objetivo verificar se o 
processo desenvolvido atende às 
necessidades impostas pelo projeto. 
Deve ainda possibilitar que algumas 
informações pertinentes ao processo sejam 
extraídas, como tempo de ciclo, quantidade 
de recursos, estimativas de custos e folhas 
de processos. O balanceamento de linha de 
produção torna-se viável e simplificado, 
possibilitando a obtenção de uma visão geral 
de todos os recursos que serão empregados 
no projeto e como eles se relacionarão com o 
produto, levando em consideração todas as 
tarefas desenvolvidas pelo processo. 
Em resumo, uma ferramenta de 
desenvolvimento do processo deve permitir 
que ele seja planejado e realizado de forma 
clara, levando em conta tanto o produto 
quanto os recursos necessários para realizar 
a atividade de manufatura. 
TEMA 3 – FERRAMENTA DE 
DESENVOLVIMENTO DE 
RECURSOS 3.1 O desenvolvimento de 
recursos 
Na atividade de desenvolvimento de recursos 
está incluído o projeto de todos os recursos 
necessários para a execução do processo 
que foi planejado. Células de montagem, 
máquinas, equipamentos, dispositivos, entre 
outros, são exemplos dos recursos que 
devem ser estudados e projetados. Faz parte 
desta atividade a elaboração de manuais de 
instruções de trabalho, a fim de facilitar as 
atividades de construção e instalação que 
serão realizadas em ambiente real. 
Nessa fase, vale ressaltar que, caso o 
recurso não exista em ambiente 3D, deve ser 
projetado a fim de possibilitar o estudo dentro 
do ambiente virtual. É comum haver certa 
confusão entre desenvolvimento de produto 
e de recurso. No entanto, uma maneira bem 
simples de entender a diferença entre eles é 
imaginar que o produto é sempre algo que 
será destinado ao cliente final, ao passo que 
os recursos serão todos os elementos 
necessários para a realização da confecção 
desse bem de consumo final. 
É de suma importância que todos os 
elementos que fazem parte do recurso sejam 
modelados, ou seja, além do recurso 
propriamente dito, todos os periféricos 
6 
necessários para o seu funcionamento 
devem ser agregados a essa modelagem. 
Elementos como sensores, fins de cursos, 
válvulas, suportes, entre outros, devem ser 
considerados no desenvolvimento 3D. Isso é 
necessário, pois os recursos servirão de 
input para a atividade de desenvolvimento de 
simulação. Se esses periféricos não 
existirem, a equipe de simulação terá o seu 
trabalho comprometido, muitas vezes 
inviabilizando suas atividades. 
Caso haja dificuldade no desenvolvimento 
desses periféricos, pode-se criar apenas uma 
área quadrada ou retangular considerando 
os limites superiores de seu 
dimensionamento, limitando o espaço que 
pode ser ou não utilizado durante as etapas 
de simulações. Como exemplo, podemos 
citar o caso de um sensor contido em algum 
recurso: se ele for de difícil representação 
em 3D, pode ser criado um bloco, 
considerando os limites superiores de seu 
dimensionamento, a fim de representar as 
possíveis áreas de interferências e colisões 
mecânicas que poderão ser evidenciadas na 
etapa de simulação. 
3.2 Ferramentas para o 
desenvolvimento de recursos 
As ferramentas voltadas para o 
desenvolvimento de recursos são as 
mesmas utilizadas na elaboração do produto, 
como os ambientes CAD/CAM/CAE, porém, 
com finalidade diferente. Essas ferramentas 
devem permitir a modelagem 2D e 3D dos 
recursos a serem utilizados no projeto. 
Por meio da utilização do CAD, o recurso é 
criado em ambiente tridimensional, 
possibilitando que se tenha uma ideia de 
como ele será quando estiver construído. 
Essa ferramenta deve permitir a geração da 
lista de materiais, bem como o detalhamento 
para que seja possível a sua construção. 
A análise CAE tem como objetivo avaliar a 
robustez e o desempenho dos recursos, 
podendo-se, por exemplo, analisar tensões e 
possíveis pontos de ruptura do recurso. 
Serve ainda para validar a qualidade do que 
está sendo construído. 
O desenvolvimento do CAM tem como 
objetivo realizar a fabricação daquilo que foi 
planejado no CAD. Por meio da integração 
CAD/CAM, é possível transferir para uma 
máquina que utiliza a linguagem CNC 
(Comando Numérico Computadorizado) tudo 
o que foi projetado no computador e realizar 
a confecção do recurso. 
Nem sempre essas ferramentas de 
desenvolvimento de recursos precisam 
possuir todos os módulos referentes a CAD/
CAM/CAE. Quando o recurso não 
7 
será fabricado pela própria indústria, não se 
mostra necessária a utilização dos módulos 
de CAE e CAM, pois o módulo de CAD já 
atende a necessidade, e o recurso pode ser 
fornecido por um fabricante especializado. 
Nesse caso o módulo CAD auxilia na 
montagem do equipamento. Desta forma, é 
possível criar uma representação em 
ambiente 3D do recurso adquirido apenas 
com a finalidade de ser utilizado no layout do 
projeto e na simulação do processo. 
Portanto, esse tipo de ferramenta deve 
permitir que todos os recursos necessários 
para o processo de fabricação do produto 
sejam desenvolvidos, possibilitando que as 
atividades de desenvolvimento do layout e de 
simulação sejam realizadas da forma mais 
completa possível, com o objetivo de 
representar com maior exatidão a realidade 
que será construída. 
TEMA 4 – FERRAMENTA DE 
DESENVOLVIMENTO DE LAYOUT 
4.1 O desenvolvimento de layout 
A atividade de desenvolvimento de layout 
está diretamente relacionada ao 
posicionamento de todas as áreas, 
departamentos e recursos utilizados no 
processo, possibilitando que seja criado um 
fluxo de trabalho adequado. O objetivo dessa 
atividade é realizar a combinação entre 
trabalho humano e recursos industriais 
(máquinas e equipamentos), de modo a se 
alcançar maior produtividade, evitando 
desperdícios de tempo e de espaço. 
Caso na etapa de desenvolvimento de 
processo tenha sido realizado um esboço do 
layout, isso facilitará a atividade do 
responsável por essa tarefa. No entanto, na 
ausência desse esboço, cabe à equipe de 
desenvolvimento de layout entender o 
processo que foi elaborado anteriormente e 
criar um arranjo físico que permita um fluxo 
harmonioso das atividades. Além disso, deve 
posicionar todos os recursos que foram 
criados e, caso necessário, comunicar sobre 
algum problema de interferência ou falta de 
espaço físico. 
É muito importante que o layout seja 
desenvolvido considerando todas as 
limitações físicas do ambiente real, ou seja, 
espaçamento entre colunas estruturais, 
possíveis zonas de interferências, 
dimensionamento útil da área,entre outros 
fatores, pois isso servirá de dado de entrada 
para que a simulação valide o processo 
criado. Desse modo, se o layout não estiver 
condizente com o ambiente real, 
provavelmente ocorrerão problemas durante 
a fase de simulação. 
8 
4.2 Ferramentas para o 
desenvolvimento de layout 
As ferramentas de desenvolvimento de 
layout são softwares de CAD que 
possibilitam o desenvolvimento da fábrica ou 
de parte da fábrica em ambiente 2D ou 3D, 
permitindo o planejamento do layout que a 
fábrica real irá possuir. 
Contribuem para que problemas 
relacionados a interferências mecânicas e 
restrições de espaços sejam identificados em 
ambiente virtual. 
Com o uso dessas ferramentas, podem-se 
alocar os diversos recursos necessários para 
o funcionamento do processo, desde esteiras 
até operadores, permitindo que seja definido 
o melhor arranjo físico e que se crie um fluxo 
ordenado contínuo e sem obstrução, para o 
projeto que será desenvolvido. 
Também, essas ferramentas permitem que 
todos os envolvidos no projeto possam 
realizar as devidas análises do layout 
construído, como um trabalho colaborativo, 
seja por meio de medidas ou apenas para 
visualização do conteúdo existente. Desta 
forma, o layout pode ser criado o mais 
completo possível, uma vez que todos os 
responsáveis, sejam eles elétricos, 
mecânicos, processos ou utilidades, 
participem de sua construção. 
TEMA 5 – FERRAMENTA DE 
DESENVOLVIMENTO DE 
SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO FINAL 
Essas ferramentas permitem que o ambiente 
real seja retratado em ambiente virtual. 
Existe a possibilidade de se verificar e 
analisar diversos comportamentos do 
sistema de manufatura dentro de um 
ambiente controlado. 
A definição de escopo é fundamental para 
essa atividade, pois é por meio dela que 
serão estipulados quais tipos de ferramentas 
deverão ser utilizadas no processo de 
simulação, quanto tempo será empregado 
para o seu desenvolvimento e qual será o 
grau de detalhamento contido. No entanto, 
antes de realizar a definição do escopo, 
deve-se saber quais são os tipos de 
simulações utilizadas nesse conceito. 
A seguir serão abordados os principais tipos 
de ferramentas de simulação utilizados pela 
manufatura digital. 
5.1 Simulação de eventos discretos 
Este tipo de simulação está diretamente 
relacionado à análise e à validação de dados 
dos processos em geral. Por meio dessas 
ferramentas, torna-se 
9 
possível analisar diversos tipos de processos 
com o objetivo de melhorá-los. É uma 
simulação que retrata o sistema de 
manufatura como uma sequência de eventos 
discretos ao longo de um período. 
Cada evento ocorre em um dado momento 
de tempo, e isso marca uma mudança na 
característica e no comportamento do 
sistema. Pode-se exemplificar esse tipo de 
simulação como uma fila de banco, pois em 
cada espaço de tempo ela oscila em 
quantidade, modificando o sistema (fila). Seu 
fluxo não possui característica contínua, ou 
seja, não é um crescimento progressivo, por 
isso recebe o nome de eventos discretos. 
Essa ferramenta permite que sejam 
desenvolvidas simulações com o objetivo de 
analisar e validar dados estatísticos. Tempo 
de ciclo, tempo de setup, tempo de reparo, 
tempo médio entre falhas, gargalos de 
processos, produtividade da linha, 
desempenho, taxas de utilizações de 
equipamentos, dentre outros, são exemplos 
de dados que podem ser estudados. 
Simulações de fluxo de material, ociosidade, 
utilização de recursos, logística interna ou 
externa, produtividade do sistema, turnos de 
trabalhos, entre outros, são algumas das 
simulações que essa ferramenta possibilita. 
Ela deve ainda permitir a análise de 
processos, com o objetivo de identificar 
desperdícios ou problemas ao longo do que 
está sendo elaborado, sejam eles gargalos 
entre operações, recursos com baixa 
utilização, falta de recursos, baixa 
produtividade, entre outros possíveis 
problemas. 
Essas ferramentas permitem ainda que 
diversos cenários sejam criados e 
comparados, de modo a se encontrar a 
melhor solução que atenda a necessidade do 
projeto. Trata-se de uma ferramenta que tem 
como objetivo auxiliar nas tomadas de 
decisões referentes ao que está sendo 
desenvolvido. 
Como o objetivo dessa ferramenta é retratar 
o mundo real, ela depende de informações 
referentes ao sistema existente, para que 
assim seja criado o modelo virtual. Quanto 
mais precisa e confiável for a informação, 
melhor será o modelo desenvolvido. Para 
usufruir de forma adequada desse tipo de 
ferramenta, é necessário que o modelo 
criado seja validado de acordo com as 
informações que nele foram inseridas. 
Apenas assim é possível obter um modelo 
mais fiel à realidade. O erro mais comum no 
uso dessas ferramentas é não realizar a 
validação de dados. Vale ressaltar que se 
trata de uma ferramenta de trabalho e ela por 
si só não garante a resposta para todos os 
problemas. Para tanto, é preciso 
10 
que os objetivos esperados sejam traçados e 
as informações fornecidas sejam validadas, 
com o intuito de se obter respostas 
coerentes. 
Em suma, pode-se dizer que esse tipo de 
ferramenta tem como objetivo auxiliar em 
processos de tomada de decisão. Não faz 
parte do escopo dessa ferramenta analisar 
problemas referentes às interferências 
mecânicas ou colisões, trata-se apenas de 
uma ferramenta de análise de dados. 
5.2 Simulação de robôs e equipamentos 
As ferramentas voltadas à simulação 
cinemática de células robotizadas devem 
permitir a verificação dos processos de 
manufatura em ambiente 3D, possibilitando 
que todo o conceito que foi pensado seja 
validado. Esses softwares devem permitir 
que recursos que foram criados, tais como 
máquinas, dispositivos e layouts, sejam 
inseridos juntamente com o recurso robótico 
e o ambiente possa ser testado, em que é 
possível planejar e programar todos os 
caminhos que ele irá realizar no ambiente de 
manufatura real. 
Deve possibilitar ainda a criação de 
bibliotecas de recursos, para que as 
próximas atividades sejam realizadas com 
maior rapidez. Com essa ferramenta pode-se 
validar e testar diversos cenários com o 
intuito de prever interferências mecânicas, 
colisões, validar o sequenciamento das 
operações, entre outras atividades. Auxilia 
ainda na criação de cinemática dos recursos 
utilizados no processo, dentre eles o próprio 
robô, permitindo que sejam realizados testes 
mecânicos referentes ao seu funcionamento. 
Além disso, torna-se possível gerar a 
programação do robô sem possuí-lo em 
ambiente real. Desse modo, atividades que 
só seriam realizadas quando a fábrica 
estivesse pronta podem ser antecipadas e 
testadas em ambiente controlado durante a 
fase de planejamento, por meio da 
programação off-line (OLP) dos caminhos a 
serem executados em ambiente real. 
De modo geral, é uma ferramenta que visa 
criar a cinemática dos equipamentos, 
incluindo todos os recursos mecânicos 
desenvolvidos para atuar no processo, para 
que seja possível testar, verificar e validar o 
seu funcionamento. 
5.3 Simulação humana 
As ferramentas que simulam o recurso 
humano devem permitir que avatares 
tridimensionais sejam criados. Além disso, 
devem contemplar todas as 
11 
devidas parametrizações pertinentes. 
Estatura e peso são dados que devem ser 
levados em conta, com o objetivo de criar o 
recurso humano que executará a atividade. 
Essas ferramentas têm como objetivo a 
simulação e a análise das atividades que 
serão desenvolvidas por pessoas. Desta 
forma, pode-se dimensionar adequadamente 
as estações de trabalho, com o intuito de 
prevenir problemas de saúde e acidentes de 
trabalho. 
Análise do campo visual do operador, 
geração de diversos relatórios ergonômicos, 
reconfigurações dos avatares, ou seja, 
criação de diversos biótipos de seres 
humanos, análise detalhada de todas as 
atividades a serem realizadas pelo 
trabalhador, entre outras ações pertinentes 
ao recurso humano, estão dentro das 
diversas funcionalidades que essa 
ferramenta deve possuir. 
Em resumo,pode-se dizer que essas 
ferramentas possibilitam analisar as estações 
de trabalho, bem como as tarefas que serão 
realizadas pelo recurso humano, buscando 
evitar problemas que poderiam acontecer em 
ambiente real. Por meio do uso dessa 
ferramenta é possível acompanhar em 
ambiente virtual todas as atividades que 
ocorrerão na fábrica, modificando tudo o que 
for necessário a fim de criar um ambiente 
real adequado e seguro às tarefas que serão 
exercidas pelos trabalhadores. 
5.4 Comissionamento virtual 
Esta ferramenta deve realizar a integração 
entre o mundo real e o ambiente digital. 
Dentre as suas funcionalidades, a principal 
está na integração entre o software gerado 
pelo controlador lógico programável (CLP) e 
o ambiente de manufatura desenvolvido 
virtualmente, possibilitando assim a 
verificação do sistema de manufatura. 
Além do software do CLP, permite também 
que periféricos eletrônicos, tais como 
sensores, IHM (interface homem-máquina), 
barreiras de luz, entre outros, possam ser 
integrados para validar o processo. 
O objetivo dessa ferramenta é depurar e 
validar o software criado pela equipe de 
automação, e que será utilizado no ambiente 
fabril real, ainda em ambiente virtual. O 
software do CLP irá controlar o ambiente 
virtual, do mesmo modo que controlaria o 
ambiente real, tornando possível avaliar qual 
o comportamento do sistema de manufatura 
e antecipar eventuais problemas. Deste 
modo, diminui-se o tempo de testes 
realizados em ambiente real, reduzindo 
12 
o tempo de parada para realizar as 
atividades de implantação do software do 
CLP na linha de produção, ganhando assim 
melhor produtividade. 
5.5 Validação final da atividade de 
manufatura 
Assim como no planejamento da manufatura, 
deve ser realizada uma reunião ao final das 
atividades de manufatura. Essa reunião 
mostra-se necessária a fim de que haja a 
validação final e o entendimento do projeto 
como um todo, para posteriormente partir 
para a instalação no ambiente fabril real. 
Deverão estar presentes todos os envolvidos 
no projeto, ou seja, os mesmos responsáveis 
pelos processos, recursos, layout, simulação, 
robótica, automação e instalação. 
Neste momento devem ser discutidos todos 
os dados relevantes empregados durante o 
processo de desenvolvimento da manufatura 
digital e alinhadas as informações 
necessárias para que seja realizada a 
implantação do projeto em ambiente real. É 
neste momento também que todos os 
outputs gerados nas atividades anteriores 
devem ser alinhados, com o objetivo de 
proporcionar informações pertinentes para 
cada uma das equipes responsáveis pelos 
trabalhos que serão desenvolvidos em 
ambiente real. Esta atividade é o ponto-
chave para o sucesso da implantação de 
tudo o que foi planejado em ambiente virtual. 
Caso não haja um alinhamento de todas as 
informações necessárias, existe a 
probabilidade de surgirem problemas ao 
longo das instalações, mesmo após todos os 
esforços gastos pelo planejamento das 
atividades. 
Pode-se citar como exemplo uma tarefa que 
faça parte da atividade de desenvolvimento 
de layout em que cotas devem ser geradas 
no arranjo físico criado virtualmente, com o 
intuito de auxiliar a instalação dos recursos 
no ambiente real. Essa atividade tem o 
objetivo de facilitar o trabalho da equipe de 
instalação, buscando minimizar os erros que 
poderiam ocorrer durante o processo de 
montagem no ambiente real. Essas e outras 
informações só podem ser alinhadas caso 
ocorra essa validação final da atividade da 
manufatura digital. 
Mesmo após a instalação, deve-se realizar 
outra reunião a fim de analisar os pontos em 
que houve sucesso e também aqueles que 
falharam, com o objetivo de gerar um 
relatório de lessons learned (lições 
aprendidas), para que seja possível aprender 
com os erros, buscando sempre aprimorá-los 
para os próximos projetos que serão 
realizados. 
13 
REFERÊNCIAS 
CAMARGO, V. L. A. de. Elementos de 
automação. São Paulo: Érica, 2014. 
CARDOSO, R. C.M. Caminhos da 
manufatura. Uma abordagem à manufatura 
digital. 1. ed. São Paulo: Amazon, 2016. 
FOINA, P. R. Tecnologia de informação: 
planejamento e gestão. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
GROOVER, M. P. Automação industrial e 
sistemas de manufatura. 3. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2011. 
LOBO, R. N. Planejamento e controle da 
produção. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. 
PACHECO, B. A.; SOUZA-CONCILIO, I. A.; 
PESSOA FILHO, J. Projeto assistido por 
computador. Curitiba: Intersaberes, 2017. 
14

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