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AULA 2 MANUFATURA DIGITAL TEMA 1 – FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE DE MANUFATURA E GERENCIAMENTO DE DADOS 1.1 Planejamento da atividade de manufatura Esta é a primeira atividade que deve ser realizada. Durante o planejamento da atividade de manufatura, deve ser proposta uma reunião com todos os envolvidos no projeto, ou seja, os responsáveis pelo processo, recursos, layout, simulação, robótica, automação e instalação. É nesse momento que o projeto é discutido como um todo, quando os envolvidos devem se posicionar e entender o escopo para o desenvolvimento da atividade que será realizada. Cada equipe é responsável por uma parte do projeto, porém, as atividades desenvolvidas devem estar precisamente alinhadas, pois, ao final do trabalho, elas devem se encaixar perfeitamente a fim de implementar com sucesso o projeto desenvolvido. Quando essa atividade de planejamento antecipado não ocorre, ou seja, não se envolvem todos os participantes do projeto, as possibilidades de insucessos posteriores são grandes. Existem muitas ferramentas no mercado que possuem condições de desenvolver um projeto colaborativo, permitindo que todos os integrantes das equipes se comuniquem perfeitamente e tenham as informações necessárias para a realização do trabalho. O ponto-chave para um bom trabalho baseado no conceito da manufatura digital é a integração de informações. Um sistema de tecnologia de informação de PDM (Product Data Management) ou EDM (Electronic Document Management) se mostra necessário para o desenvolvimento do projeto. Esse tipo de sistema tem o objetivo de centralizar toda e qualquer informação pertinente ao projeto. É possível trabalhar de forma isolada, ou seja, sem conexões entre as informações das diversas atividades, porém, essa ação pode tornar o trabalho mais difícil de ser desenvolvido e aumenta as chances de se perder o controle do que está sendo criado. Problemas comuns existentes em uma atividade sem integração de informações podem ser: a) Versionamento inconsistente de documentos: esse problema é muito frequente. Um grande exemplo são os casos de determinadas atividades estarem sendo realizadas com versões desatualizadas de documentos 2 desenvolvidos por etapas anteriores, comprometendo o projeto como um todo. b) Ausência de workflow: quando não se trabalha com integração de informações, não é possível garantir o fluxo de trabalho adequado. Neste caso, cada um desenvolve as tarefas individualmente, sem se preocupar com atividades que estão sendo realizadas por outras equipes de trabalho. Esse tipo de problema acarreta retrabalhos desnecessários por falta de um fluxo de atividades coerente e aumento do custo do projeto. c) Rastreabilidade comprometida: na ausência de um sistema gerenciador e centralizador de informações, torna-se praticamente impossível saber quem é, ou foi, o responsável pela atividade executada. Desta forma, se problemas ocorrerem, torna- se difícil saber qual a fonte que ocasionou tal transtorno. Além disso, com a ausência de um centralizador de informações, excessivos e-mails são trocados no decorrer do trabalho e muitas vezes se perdem no caminho, comprometendo a rastreabilidade do projeto como um todo. De um modo geral, o ponto-chave desta atividade é alinhar todas as tarefas que devem ser realizadas e seus respectivos responsáveis. Além disso, é necessário garantir que as informações estejam disponíveis a todos os envolvidos e estejam armazenadas em um único local, facilitando assim seu acesso. 1.2 Gerenciamento de dados A manufatura digital se baseia no princípio de trabalhos colaborativos, portanto, torna-se necessária uma ferramenta de gerenciamento de dados para possibilitar os trabalhos, inclusive considerando todo o conceito global do PLM. Por meio deste gerenciamento, os dados e as informações pertinentes ao projeto tornam-se disponíveis para todos os envolvidos nessas atividades, possibilitando que as tarefas sejam realizadas de maneira colaborativa. Com o uso dessa ferramenta, é possível garantir que os documentos envolvidos no projeto estejam na versão e local corretos, disponíveis para quem necessitar utilizá-los, garantindo a confiabilidade dos arquivos que estão sendo utilizados. Tem ainda o objetivo de gerenciar toda e qualquer informação pertinente ao projeto. 3 Portanto, uma ferramenta de gerenciamento de dados ou informações pertinentes ao projeto mostra-se necessária para que os trabalhos sejam realizados da melhor forma possível, com agilidade e assertividade. TEMA 2 – FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO 2.1 O desenvolvimento do processo É uma atividade de suma importância para projetos que envolvem o conceito de manufatura digital, pois quase todas as atividades referentes aos trabalhos desempenhados dependem de um processo bem elaborado. Caso não existam operações a serem realizadas, as demais etapas não possuem propósito. É durante o desenvolvimento desta atividade que se elabora o processo completo de manufatura e se identificam os elementos necessários para a fabricação dos produtos. A manufatura digital auxilia tanto um planejamento macro quanto um planejamento mais detalhado do processo. Deve-se entender qual a necessidade imposta pelo trabalho, para que seja possível desenvolver um processo coerente de modo a se atingir o objetivo desejado. Durante esta etapa, deve-se analisar cuidadosamente o produto que será fabricado, a fim de criar as operações necessárias para sua construção. O ponto-chave desta atividade é possuir uma excelente estatística de fábrica, capaz de fornecer dados pertinentes ao processo. Caso a empresa não possua dados estatísticos armazenados para utilizar como referência na elaboração de novos processos, deve-se realizar a metodologia convencional de tempos e métodos, buscando coletar e armazenar informações pertinentes aos processos de manufatura. Nestes casos, por meio do procedimento de cronoanálise, podem-se obter os tempos individuais das tarefas realizadas ao longo do processo e desenvolver um banco de dados com o objetivo de armazená- las. Quando as organizações dispõem de informações sobre atividades e operações de processos já existentes, fica mais fácil o planejamento de um novo processo, pois esses dados podem ser reaproveitados, agilizando a elaboração do processo. Ao longo da criação do processo é necessário se preocupar com os recursos que serão utilizados. Durante esse planejamento é possível fazer um 4 esboço do layout, bem como a seleção e disposição dos recursos que serão utilizados na manufatura. Desta maneira, contribui-se mais ativamente nas etapas posteriores de desenvolvimento de recursos e layout. Ainda nesta etapa, pode ocorrer o uso de simulações para validar posicionamentos e acessibilidades de determinados recursos. Não se trata propriamente da simulação do processo como um todo, porém, cabe como um pré-estudo e facilita o andamento do projeto. É importante ressaltar que o processo pode acabar sofrendo alterações ao longo do desenvolvimento das demais atividades, uma vez que, por meio da etapa de simulação, podem ser encontrados problemas que devem ser corrigidos antes da atividade de instalação no ambiente fabril. Deste modo, a atividade de desenvolvimento de processo tem como objetivo elaborar a melhor sequência de atividades que deve ser empregada para se fabricar determinado produto. Além disso, deve-se preocupar em esboçar um layout e selecionar recursos necessários para que essa fabricação seja possível. 2.2 Ferramentas para o desenvolvimento do processo Ferramentas voltadas ao planejamento e desenvolvimento de processos devem possibilitar que ele seja criado, validado e, quando possível, reutilizado. Devem permitir uma definição e análise tanto das tarefas de forma individual quanto da sequência das operações do processo.As ferramentas de software mais atuais já possuem interface com visualização em 3D (três dimensões) para facilitar o desenvolvimento das tarefas de planejamento. Com a interface 3D, é possível analisar tanto o produto quanto os recursos empregados no processo, possibilitando que as atividades sejam desenvolvidas com maior riqueza de detalhes. Essas ferramentas devem possibilitar que todos os tempos gerados pelas atividades sejam armazenados para uso posterior, permitindo a criação de uma biblioteca de operações. Por meio da metodologia de tempos e métodos, é possível levantar o tempo de realização das atividades e armazená-lo na ferramenta de planejamento de processo. Isso torna a atividade de planejamento mais flexível e ágil, uma vez que possibilita a reutilização das diversas atividades armazenadas para a criação de novos processos que serão elaborados no futuro. Tendo em mãos o processo montado, com suas devidas operações detalhadas, torna-se necessária uma ferramenta que possua interface para a 5 criação de gráficos de visualização do tempo por atividade, como o diagrama de Gantt. Esse tipo de informação é necessário para que seja possível analisar os tempos totais envolvidos no processo de modo interligado. Por meio desse gráfico, é possível verificar o início e o fim de cada atividade envolvida no processo elaborado, possibilitando que alterações sejam feitas de modo a melhorar a atividade como um todo. A análise desse gráfico tem como objetivo verificar se o processo desenvolvido atende às necessidades impostas pelo projeto. Deve ainda possibilitar que algumas informações pertinentes ao processo sejam extraídas, como tempo de ciclo, quantidade de recursos, estimativas de custos e folhas de processos. O balanceamento de linha de produção torna-se viável e simplificado, possibilitando a obtenção de uma visão geral de todos os recursos que serão empregados no projeto e como eles se relacionarão com o produto, levando em consideração todas as tarefas desenvolvidas pelo processo. Em resumo, uma ferramenta de desenvolvimento do processo deve permitir que ele seja planejado e realizado de forma clara, levando em conta tanto o produto quanto os recursos necessários para realizar a atividade de manufatura. TEMA 3 – FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS 3.1 O desenvolvimento de recursos Na atividade de desenvolvimento de recursos está incluído o projeto de todos os recursos necessários para a execução do processo que foi planejado. Células de montagem, máquinas, equipamentos, dispositivos, entre outros, são exemplos dos recursos que devem ser estudados e projetados. Faz parte desta atividade a elaboração de manuais de instruções de trabalho, a fim de facilitar as atividades de construção e instalação que serão realizadas em ambiente real. Nessa fase, vale ressaltar que, caso o recurso não exista em ambiente 3D, deve ser projetado a fim de possibilitar o estudo dentro do ambiente virtual. É comum haver certa confusão entre desenvolvimento de produto e de recurso. No entanto, uma maneira bem simples de entender a diferença entre eles é imaginar que o produto é sempre algo que será destinado ao cliente final, ao passo que os recursos serão todos os elementos necessários para a realização da confecção desse bem de consumo final. É de suma importância que todos os elementos que fazem parte do recurso sejam modelados, ou seja, além do recurso propriamente dito, todos os periféricos 6 necessários para o seu funcionamento devem ser agregados a essa modelagem. Elementos como sensores, fins de cursos, válvulas, suportes, entre outros, devem ser considerados no desenvolvimento 3D. Isso é necessário, pois os recursos servirão de input para a atividade de desenvolvimento de simulação. Se esses periféricos não existirem, a equipe de simulação terá o seu trabalho comprometido, muitas vezes inviabilizando suas atividades. Caso haja dificuldade no desenvolvimento desses periféricos, pode-se criar apenas uma área quadrada ou retangular considerando os limites superiores de seu dimensionamento, limitando o espaço que pode ser ou não utilizado durante as etapas de simulações. Como exemplo, podemos citar o caso de um sensor contido em algum recurso: se ele for de difícil representação em 3D, pode ser criado um bloco, considerando os limites superiores de seu dimensionamento, a fim de representar as possíveis áreas de interferências e colisões mecânicas que poderão ser evidenciadas na etapa de simulação. 3.2 Ferramentas para o desenvolvimento de recursos As ferramentas voltadas para o desenvolvimento de recursos são as mesmas utilizadas na elaboração do produto, como os ambientes CAD/CAM/CAE, porém, com finalidade diferente. Essas ferramentas devem permitir a modelagem 2D e 3D dos recursos a serem utilizados no projeto. Por meio da utilização do CAD, o recurso é criado em ambiente tridimensional, possibilitando que se tenha uma ideia de como ele será quando estiver construído. Essa ferramenta deve permitir a geração da lista de materiais, bem como o detalhamento para que seja possível a sua construção. A análise CAE tem como objetivo avaliar a robustez e o desempenho dos recursos, podendo-se, por exemplo, analisar tensões e possíveis pontos de ruptura do recurso. Serve ainda para validar a qualidade do que está sendo construído. O desenvolvimento do CAM tem como objetivo realizar a fabricação daquilo que foi planejado no CAD. Por meio da integração CAD/CAM, é possível transferir para uma máquina que utiliza a linguagem CNC (Comando Numérico Computadorizado) tudo o que foi projetado no computador e realizar a confecção do recurso. Nem sempre essas ferramentas de desenvolvimento de recursos precisam possuir todos os módulos referentes a CAD/ CAM/CAE. Quando o recurso não 7 será fabricado pela própria indústria, não se mostra necessária a utilização dos módulos de CAE e CAM, pois o módulo de CAD já atende a necessidade, e o recurso pode ser fornecido por um fabricante especializado. Nesse caso o módulo CAD auxilia na montagem do equipamento. Desta forma, é possível criar uma representação em ambiente 3D do recurso adquirido apenas com a finalidade de ser utilizado no layout do projeto e na simulação do processo. Portanto, esse tipo de ferramenta deve permitir que todos os recursos necessários para o processo de fabricação do produto sejam desenvolvidos, possibilitando que as atividades de desenvolvimento do layout e de simulação sejam realizadas da forma mais completa possível, com o objetivo de representar com maior exatidão a realidade que será construída. TEMA 4 – FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DE LAYOUT 4.1 O desenvolvimento de layout A atividade de desenvolvimento de layout está diretamente relacionada ao posicionamento de todas as áreas, departamentos e recursos utilizados no processo, possibilitando que seja criado um fluxo de trabalho adequado. O objetivo dessa atividade é realizar a combinação entre trabalho humano e recursos industriais (máquinas e equipamentos), de modo a se alcançar maior produtividade, evitando desperdícios de tempo e de espaço. Caso na etapa de desenvolvimento de processo tenha sido realizado um esboço do layout, isso facilitará a atividade do responsável por essa tarefa. No entanto, na ausência desse esboço, cabe à equipe de desenvolvimento de layout entender o processo que foi elaborado anteriormente e criar um arranjo físico que permita um fluxo harmonioso das atividades. Além disso, deve posicionar todos os recursos que foram criados e, caso necessário, comunicar sobre algum problema de interferência ou falta de espaço físico. É muito importante que o layout seja desenvolvido considerando todas as limitações físicas do ambiente real, ou seja, espaçamento entre colunas estruturais, possíveis zonas de interferências, dimensionamento útil da área,entre outros fatores, pois isso servirá de dado de entrada para que a simulação valide o processo criado. Desse modo, se o layout não estiver condizente com o ambiente real, provavelmente ocorrerão problemas durante a fase de simulação. 8 4.2 Ferramentas para o desenvolvimento de layout As ferramentas de desenvolvimento de layout são softwares de CAD que possibilitam o desenvolvimento da fábrica ou de parte da fábrica em ambiente 2D ou 3D, permitindo o planejamento do layout que a fábrica real irá possuir. Contribuem para que problemas relacionados a interferências mecânicas e restrições de espaços sejam identificados em ambiente virtual. Com o uso dessas ferramentas, podem-se alocar os diversos recursos necessários para o funcionamento do processo, desde esteiras até operadores, permitindo que seja definido o melhor arranjo físico e que se crie um fluxo ordenado contínuo e sem obstrução, para o projeto que será desenvolvido. Também, essas ferramentas permitem que todos os envolvidos no projeto possam realizar as devidas análises do layout construído, como um trabalho colaborativo, seja por meio de medidas ou apenas para visualização do conteúdo existente. Desta forma, o layout pode ser criado o mais completo possível, uma vez que todos os responsáveis, sejam eles elétricos, mecânicos, processos ou utilidades, participem de sua construção. TEMA 5 – FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DE SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO FINAL Essas ferramentas permitem que o ambiente real seja retratado em ambiente virtual. Existe a possibilidade de se verificar e analisar diversos comportamentos do sistema de manufatura dentro de um ambiente controlado. A definição de escopo é fundamental para essa atividade, pois é por meio dela que serão estipulados quais tipos de ferramentas deverão ser utilizadas no processo de simulação, quanto tempo será empregado para o seu desenvolvimento e qual será o grau de detalhamento contido. No entanto, antes de realizar a definição do escopo, deve-se saber quais são os tipos de simulações utilizadas nesse conceito. A seguir serão abordados os principais tipos de ferramentas de simulação utilizados pela manufatura digital. 5.1 Simulação de eventos discretos Este tipo de simulação está diretamente relacionado à análise e à validação de dados dos processos em geral. Por meio dessas ferramentas, torna-se 9 possível analisar diversos tipos de processos com o objetivo de melhorá-los. É uma simulação que retrata o sistema de manufatura como uma sequência de eventos discretos ao longo de um período. Cada evento ocorre em um dado momento de tempo, e isso marca uma mudança na característica e no comportamento do sistema. Pode-se exemplificar esse tipo de simulação como uma fila de banco, pois em cada espaço de tempo ela oscila em quantidade, modificando o sistema (fila). Seu fluxo não possui característica contínua, ou seja, não é um crescimento progressivo, por isso recebe o nome de eventos discretos. Essa ferramenta permite que sejam desenvolvidas simulações com o objetivo de analisar e validar dados estatísticos. Tempo de ciclo, tempo de setup, tempo de reparo, tempo médio entre falhas, gargalos de processos, produtividade da linha, desempenho, taxas de utilizações de equipamentos, dentre outros, são exemplos de dados que podem ser estudados. Simulações de fluxo de material, ociosidade, utilização de recursos, logística interna ou externa, produtividade do sistema, turnos de trabalhos, entre outros, são algumas das simulações que essa ferramenta possibilita. Ela deve ainda permitir a análise de processos, com o objetivo de identificar desperdícios ou problemas ao longo do que está sendo elaborado, sejam eles gargalos entre operações, recursos com baixa utilização, falta de recursos, baixa produtividade, entre outros possíveis problemas. Essas ferramentas permitem ainda que diversos cenários sejam criados e comparados, de modo a se encontrar a melhor solução que atenda a necessidade do projeto. Trata-se de uma ferramenta que tem como objetivo auxiliar nas tomadas de decisões referentes ao que está sendo desenvolvido. Como o objetivo dessa ferramenta é retratar o mundo real, ela depende de informações referentes ao sistema existente, para que assim seja criado o modelo virtual. Quanto mais precisa e confiável for a informação, melhor será o modelo desenvolvido. Para usufruir de forma adequada desse tipo de ferramenta, é necessário que o modelo criado seja validado de acordo com as informações que nele foram inseridas. Apenas assim é possível obter um modelo mais fiel à realidade. O erro mais comum no uso dessas ferramentas é não realizar a validação de dados. Vale ressaltar que se trata de uma ferramenta de trabalho e ela por si só não garante a resposta para todos os problemas. Para tanto, é preciso 10 que os objetivos esperados sejam traçados e as informações fornecidas sejam validadas, com o intuito de se obter respostas coerentes. Em suma, pode-se dizer que esse tipo de ferramenta tem como objetivo auxiliar em processos de tomada de decisão. Não faz parte do escopo dessa ferramenta analisar problemas referentes às interferências mecânicas ou colisões, trata-se apenas de uma ferramenta de análise de dados. 5.2 Simulação de robôs e equipamentos As ferramentas voltadas à simulação cinemática de células robotizadas devem permitir a verificação dos processos de manufatura em ambiente 3D, possibilitando que todo o conceito que foi pensado seja validado. Esses softwares devem permitir que recursos que foram criados, tais como máquinas, dispositivos e layouts, sejam inseridos juntamente com o recurso robótico e o ambiente possa ser testado, em que é possível planejar e programar todos os caminhos que ele irá realizar no ambiente de manufatura real. Deve possibilitar ainda a criação de bibliotecas de recursos, para que as próximas atividades sejam realizadas com maior rapidez. Com essa ferramenta pode-se validar e testar diversos cenários com o intuito de prever interferências mecânicas, colisões, validar o sequenciamento das operações, entre outras atividades. Auxilia ainda na criação de cinemática dos recursos utilizados no processo, dentre eles o próprio robô, permitindo que sejam realizados testes mecânicos referentes ao seu funcionamento. Além disso, torna-se possível gerar a programação do robô sem possuí-lo em ambiente real. Desse modo, atividades que só seriam realizadas quando a fábrica estivesse pronta podem ser antecipadas e testadas em ambiente controlado durante a fase de planejamento, por meio da programação off-line (OLP) dos caminhos a serem executados em ambiente real. De modo geral, é uma ferramenta que visa criar a cinemática dos equipamentos, incluindo todos os recursos mecânicos desenvolvidos para atuar no processo, para que seja possível testar, verificar e validar o seu funcionamento. 5.3 Simulação humana As ferramentas que simulam o recurso humano devem permitir que avatares tridimensionais sejam criados. Além disso, devem contemplar todas as 11 devidas parametrizações pertinentes. Estatura e peso são dados que devem ser levados em conta, com o objetivo de criar o recurso humano que executará a atividade. Essas ferramentas têm como objetivo a simulação e a análise das atividades que serão desenvolvidas por pessoas. Desta forma, pode-se dimensionar adequadamente as estações de trabalho, com o intuito de prevenir problemas de saúde e acidentes de trabalho. Análise do campo visual do operador, geração de diversos relatórios ergonômicos, reconfigurações dos avatares, ou seja, criação de diversos biótipos de seres humanos, análise detalhada de todas as atividades a serem realizadas pelo trabalhador, entre outras ações pertinentes ao recurso humano, estão dentro das diversas funcionalidades que essa ferramenta deve possuir. Em resumo,pode-se dizer que essas ferramentas possibilitam analisar as estações de trabalho, bem como as tarefas que serão realizadas pelo recurso humano, buscando evitar problemas que poderiam acontecer em ambiente real. Por meio do uso dessa ferramenta é possível acompanhar em ambiente virtual todas as atividades que ocorrerão na fábrica, modificando tudo o que for necessário a fim de criar um ambiente real adequado e seguro às tarefas que serão exercidas pelos trabalhadores. 5.4 Comissionamento virtual Esta ferramenta deve realizar a integração entre o mundo real e o ambiente digital. Dentre as suas funcionalidades, a principal está na integração entre o software gerado pelo controlador lógico programável (CLP) e o ambiente de manufatura desenvolvido virtualmente, possibilitando assim a verificação do sistema de manufatura. Além do software do CLP, permite também que periféricos eletrônicos, tais como sensores, IHM (interface homem-máquina), barreiras de luz, entre outros, possam ser integrados para validar o processo. O objetivo dessa ferramenta é depurar e validar o software criado pela equipe de automação, e que será utilizado no ambiente fabril real, ainda em ambiente virtual. O software do CLP irá controlar o ambiente virtual, do mesmo modo que controlaria o ambiente real, tornando possível avaliar qual o comportamento do sistema de manufatura e antecipar eventuais problemas. Deste modo, diminui-se o tempo de testes realizados em ambiente real, reduzindo 12 o tempo de parada para realizar as atividades de implantação do software do CLP na linha de produção, ganhando assim melhor produtividade. 5.5 Validação final da atividade de manufatura Assim como no planejamento da manufatura, deve ser realizada uma reunião ao final das atividades de manufatura. Essa reunião mostra-se necessária a fim de que haja a validação final e o entendimento do projeto como um todo, para posteriormente partir para a instalação no ambiente fabril real. Deverão estar presentes todos os envolvidos no projeto, ou seja, os mesmos responsáveis pelos processos, recursos, layout, simulação, robótica, automação e instalação. Neste momento devem ser discutidos todos os dados relevantes empregados durante o processo de desenvolvimento da manufatura digital e alinhadas as informações necessárias para que seja realizada a implantação do projeto em ambiente real. É neste momento também que todos os outputs gerados nas atividades anteriores devem ser alinhados, com o objetivo de proporcionar informações pertinentes para cada uma das equipes responsáveis pelos trabalhos que serão desenvolvidos em ambiente real. Esta atividade é o ponto- chave para o sucesso da implantação de tudo o que foi planejado em ambiente virtual. Caso não haja um alinhamento de todas as informações necessárias, existe a probabilidade de surgirem problemas ao longo das instalações, mesmo após todos os esforços gastos pelo planejamento das atividades. Pode-se citar como exemplo uma tarefa que faça parte da atividade de desenvolvimento de layout em que cotas devem ser geradas no arranjo físico criado virtualmente, com o intuito de auxiliar a instalação dos recursos no ambiente real. Essa atividade tem o objetivo de facilitar o trabalho da equipe de instalação, buscando minimizar os erros que poderiam ocorrer durante o processo de montagem no ambiente real. Essas e outras informações só podem ser alinhadas caso ocorra essa validação final da atividade da manufatura digital. Mesmo após a instalação, deve-se realizar outra reunião a fim de analisar os pontos em que houve sucesso e também aqueles que falharam, com o objetivo de gerar um relatório de lessons learned (lições aprendidas), para que seja possível aprender com os erros, buscando sempre aprimorá-los para os próximos projetos que serão realizados. 13 REFERÊNCIAS CAMARGO, V. L. A. de. Elementos de automação. São Paulo: Érica, 2014. CARDOSO, R. C.M. Caminhos da manufatura. Uma abordagem à manufatura digital. 1. ed. São Paulo: Amazon, 2016. FOINA, P. R. Tecnologia de informação: planejamento e gestão. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. GROOVER, M. P. Automação industrial e sistemas de manufatura. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. LOBO, R. N. Planejamento e controle da produção. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. PACHECO, B. A.; SOUZA-CONCILIO, I. A.; PESSOA FILHO, J. Projeto assistido por computador. Curitiba: Intersaberes, 2017. 14
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