Buscar

Educação e Escravidão em Roma

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDUC 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA 
COMPONENTE CURRICULAR: História Antiga Ocidental 
DOCENTE: Anselmo Ronsard Cavalcanti 
DISCENTE: Weverton Santos Lima de Souza 
 
 
 
 
 
 AVALIAÇÃO DA 2° UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Campina Grande, 01-12-2020 
 
EDUCAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DO ENSINO NA ROMA ANTIGA 
 
Na Roma Antiga, foi adotado, em sua cultura, várias características do 
helenismo, porém a atenção dada à educação era menor, comparado com 
outras áreas do Estado. Diante disso, era comum o Estado atribuir essa tarefa 
da educação à família ou a iniciativa privada, podendo ser um dos fatores para 
o atraso que marcou o processo educativo na Roma Antiga. Mas, a datar o 
império (27 a. C. a 476 d. C.), para se adaptar com os novos tempos, Roma 
adquiriu um novo comportamento em relação à educação. 
O ensino foi criado a partir de um organismo centralizado e sob 
responsabilidade do Estado. Porém, o acesso à educação não se dava da 
mesma forma para todas as crianças em idade escolar. Pelo contrário. O 
sistema de educação romano era um sistema de privilégios em que poucos 
tinham acesso à escola, era variável conforme a classe social ou gênero. Os 
filhos de pessoas mais pobres, poucos tinham acesso à educação formal e por 
isso cresciam sem instrução, não aprendendo a ler nem a escrever. Por outro 
lado, os filhos das camadas mais altas da sociedade tinham amplo acesso à 
escola e a uma formação complexa e as filhas de pais abastados, também 
frequentavam a escola, porém tinham direito a um conhecimento mais restrito. 
Em seu currículo escolar estudavam lições básicas de cálculo, de leitura e 
de escrita e frequentavam a escola somente até os doze ou treze anos de 
idade, daí eram dispensadas e liberadas para os casamentos. Já os meninos 
conseguiam continuar os estudos até mais tarde e seus conhecimentos eram 
mais complexos. 
A educação romana iniciava-se do ensino primário e chegava ao ensino 
superior. Os pobres cursavam somente o ensino primário, no qual aprendia 
sobre escrita e cálculo básico, em contrapartida, os jovens abastados 
cursavam o ensino primário, o ensino médio e o ensino superior, nos quais 
eram voltados para o domínio da composição literária, com destaques para a 
gramática do latim, a poesia e a literatura de forma geral. No artigo científico “A 
EDUCAÇÃO E ESTADO ROMANO” de José Joaquim Pereira Melo, mostra em 
seus argumentos que o ensino superior privilegiava a formação para uma boa 
oratória, a partir de matérias que ensinavam os alunos para eloquência e para 
atuação em tribunais. Isso se dava porque os homens das classes mais altas 
eram destinados à vida pública, a partir da atuação tanto no direito como na 
política. Por isso, precisavam defender ideias de forma consistente e clara. 
Outro traço importante da educação recebida era a formação para a arte 
militar, destinada ao comando de tropas. 
Como exposto, Roma tinha uma educação sistematizada, umas das 
principais inovações na qual ficou sob responsabilidade do Estado. Contudo, 
mesmo abrangendo um enorme número da população, era notória a 
segregação do ensino entre as classes sociais e de gênero, privilegiando os 
mais abastados. 
 
ESCRAVIDÃO NA ROMA ANTIGA 
Quando é mencionada “escravidão” lembramos fortemente do tráfico 
atlântico, quando os africanos eram retirados, contra a própria vontade, de seu 
continente e forçados ao trabalho nas colônias americanas. Contudo, na 
antiguidade, inclusive na romana, e em outras civilizações também ocorreu 
escravização, porém, a escravidão antiga e a moderna não pode ser igualada, 
Como abordado no artigo “Escravos sem senhores: escravidão, trabalho e 
poder no Mundo Romano” de Norberto Luiz Guarinello, da USP. 
Na Roma Antiga os escravos eram conquistados em guerras ou através 
de dívidas, portanto a fundamental diferença é justamente essa, os romanos 
não conquistavam escravos focando em um único povo. Eram negociações, 
processos de guerra ou dívidas internas. A escravidão moderna foi concreta 
com base na dominação e exploração de um povo por outro. 
Quando uma pessoa se tornava escravo, ela exercia diversas funções 
para seu patrão, assim, passavam a atuar não só na agricultura como também 
nas manufaturas e na vida administrativa, além disso, desempenhavam 
também tarefas como serem gladiadores ou professores. A relação entre 
patrão e escravos era também marcada por relações sexuais, ademais, era 
comum entre as elites romanas que os homens se relacionassem não apenas 
com as mulheres, mas também com outros homens, inclusive com seus 
escravos. 
A escravidão fazia parte de 35% da população romana, o que 
correspondia a dois milhões de habitantes (FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e 
Roma. São Paulo: Contexto, 2002.). Os escravos, mesmo vivendo sob as 
regras e formas de vida romana, e embora não fossem considerados cidadãos 
romanos, continuavam a viver suas culturas de origem, mantendo suas 
identidades. 
No século I, os convívios entre o escravo e o seu senhor começaram a 
sofrer algumas alterações colocadas pelo governo romano. Uma das 
obrigações essenciais do senhor consistia em dar uma boa alimentação ao seu 
escravo e mantê-lo bem vestido. Nesse mesmo século, os senhores foram 
proibidos de castigar seus escravos até a morte e, caso o fizessem, poderiam 
ser julgados por assassinato. Além disso, um senhor poderia dar parte de suas 
terras a um escravo ou libertá-lo sem nenhuma prévia indenização. Foi a partir 
de várias lutas que os plebeus conquistaram alguns direitos, como o fim da 
escravidão por dívidas, a criação do Tribuno da Plebe e a possibilidade de 
casamento entre patrícios e plebeus, garantindo não só a participação da plebe 
na vida pública como também a possibilidade de desenvolver-se socialmente. 
Os escravos alforriados, chamados libertos, conquistavam alguns poderes 
políticos. Já os direitos plenos só poderiam ser adquiridos pelos seus 
descendentes, que já nasciam livres. 
Diante disso, essas providências em favor dos escravos podem ser 
vistas como uma consequência da rebelião de escravos, liderada por 
Espártaco, um homem da Trácia, que aconteceu em Roma no ano de 70 d.C. 
O movimento de Espártaco foi tão impressionante que por muito tempo foi 
usado para representar movimentos de resistência e revoltas contra opressões.

Continue navegando