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12 Passos Psicoterapeuta

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12 PASSOS
PARA SER UM
BOM PSICOTERAPEUTA
Thomaz Szechir
CLUBE ALLERS
 
 
Sumário 
 
Saiba que psicoterapeuta não é necessariamente um 
psicólogo............................................................................2 
Tenha consciência do chão que você está pisando......3 
Conte com excelentes referências para realizar o seu 
trabalho...............................................................................4 
Faça terapia........................................................................5 
Tenha um supervisor ou participe de grupos de 
supervisão..........................................................................6 
Cobre o preço que você pagaria pelo seu 
trabalho...............................................................................7 
Procure estar no lugar que você quer levar seus 
clientes................................................................................8 
Enriqueça o seu imaginário..............................................9 
Considere a importância da exposição.........................10 
Viva a verdade..................................................................11 
Tenha o amor como premissa........................................12 
Participe do Clube Allers.................................................13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1) Saiba que psicoterapeuta não é necessariamente 
um psicólogo 
 
Nem todo psicoterapeuta é psicólogo e nem todo psicólogo é 
psicoterapeuta. Essa é uma informação que poucas pessoas têm 
conhecimento, inclusive dentro das universidades e entre os próprios 
psicólogos. Primeiro de tudo, vamos fazer uma distinção: psicólogo 
é aquele indivíduo que cola grau em uma faculdade de Psicologia e 
que, necessariamente – para poder apresentar-se como psicólogo e 
realizar atividades privativas de psicólogos – é registrado em um 
Conselho Regional. O psicoterapeuta, no entanto, pode ser formado 
em psicologia ou não. Por exemplo, um médico psiquiatra pode atuar 
como psicoterapeuta; um estudante de psicologia pode atuar como 
psicoterapeuta – desde que sob supervisão de um psicólogo; um 
coach, um terapeuta holístico que utiliza técnica integrativas, podem 
ser psicoterapeutas. As atividades privativas dos psicólogos, ou seja, 
aquelas coisas que só o psicólogo pode realizar, são: diagnóstico 
psicológico; orientação e seleção profissional; orientação 
psicopedagógica; solução de problemas de ajustamento. 
Isso quer dizer que qualquer pessoa pode atuar como 
psicoterapeuta? Sim e não. Sim porque a atividade de psicoterapia 
não é regulamentada em nosso país – apesar de existir um projeto 
no Senado Federal para que isso aconteça -, e não porque todos 
sabemos a gravidade que é escutar e orientar uma pessoa em 
sofrimento. 
Dito isso, se você é estudante ou graduado em psicologia, médico, 
dentista, enfermeiro, etc, você pode atuar como psicoterapeuta sem 
qualquer escrúpulo de estar fazendo algo errado. Mas ressalto: você 
não pode se apresentar como psicólogo e nem realizar as atividades 
privativas. Uma escuta, um acolhimento, uma orientação, não 
configura como exercício ilegal da profissão. 
 
 
 
 
 
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2) Tenha consciência do chão que você está pisando 
 
A realidade humana é algo inabarcável, às vezes até inacessível, 
incompreensível. E esse é o objeto de estudo do psicoterapeuta. Ao 
tocar uma alma humana, participam ali daquela relação os traumas, 
as dificuldades, as inconsistências, os descaminhos, as crises; 
participam também os anseios, as realizações, a transcendência, as 
inúmeras faculdades e potencialidades humanas, E essas coisas se 
apresentam não com uma ordem, mas todas ao mesmo tempo e com 
uma desorganização característica. E isso é o humano! 
Isso já explica a desarticulação da realidade que caracteriza aqueles 
que pretendem adotar “abordagens” eu seu trabalho. Vamos pegar 
uma situação bastante comum: um rapazinho bem intencionado fez 
uma especialização em psicanálise e agora apresenta-se como 
psicanalista. Feliz e super empolgado com seu título, ele busca 
aplicar as técnicas e a visão de homem da psicanálise em todos os 
seus clientes. Essa postura, de maneira óbvia, vai gerar alguns 
resultados até certo ponto. Esse tipo de coisa ocorre porque 
nenhuma “abordagem” é capaz de apreender toda a realidade 
humana. Um bom psicoterapeuta sabe disso e não cai nesse erro 
que reduz o ser humano. 
O que realmente trata é a personalidade do terapeuta. É evidente 
que a técnica, as teorias e os protocolos são importantes, mas não 
são essas coisas que promovem a cura. Sim, eu falei cura! O bom 
psicoterapeuta acredita na cura do espírito humano, apesar das 
circunstâncias que o ocupam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3) Conte com excelentes referências para realizar o 
seu trabalho 
 
Estamos vivendo o melhor momento para quem deseja estudar algo 
de maneira séria. Temos acesso a milhares de bibliografias e 
centenas de cursos. Isso graças à internet. É uma prática comum 
argumentar que vivemos um “boom” de informações e que, por isso, 
as coisas estão mais difíceis etc. Eu discordo totalmente disso. É uma 
delícia estudar dentro desse contexto de excesso de informações. 
Quem é organizado, por exemplo, consegue captar a totalidade de 
algum assunto, por ter acesso facilitado a bibliografias completas do 
autor estudado. Além disso, é possível fazer contato com o próprio 
autor sem qualquer dificuldade. 
Ao mesmo tempo, diante desse excesso, é fundamental que 
limitemos as nossas fontes. Por exemplo: em 2020 eu, Thomaz, me 
determinei a consumir conteúdo de somente 3 pessoas. Vou 
mergulhar na obra desses caras, vou imitá-los, vou buscar fazer 
algum tipo de contato com eles. Eles serão as minhas referências. E 
é isso que um bom psicoterapeuta faz: ele elenca 2,3 ou 4 pessoas 
para seguir como exemplo. Eu te sugiro, de coração, que você faça 
isso nesse ano que está entrando. 
É evidente que uma das características de um bom psicoterapeuta é 
a originalidade, ou seja, o conjunto das suas experiências, dos seus 
estudos e da sua personalidade tem como resultado um trabalho 
único e irrepetível. No entanto, ninguém chega à originalidade sem a 
imitação. Sim, imitação! Elencar as referências e imitá-las. Fazer o 
que elas estão fazendo, comunicar como estão comunicando. Não 
tenha medo de ficar “parecido” com as referências pois, ao elencar 
até 4 pessoas para imitar, você vai compor o seu arsenal pessoal e 
a sua originalidade vai ser potencializada pela originalidade dos 
outros. 
Contando com boas referências, você vai perceber que há uma 
unidade na multiplicidade. Todos esses excelentes psicoterapeutas 
que vemos por aí têm diversas coisas em comum – como ter as 
mesmas pessoas como referências, por exemplo. A conclusão é que 
um bom psicoterapeuta é aquele que tempera a sua originalidade 
com a sabedoria dos excelentes. 
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4) Faça terapia 
 
Todos nós sabemos que o conteúdo que o psicoterapeuta lida não é 
dos mais leves. Os dramas humanos são naturalmente pesados. O 
cliente chega na terapia com o anseio que o terapeuta entregue uma 
ajuda efetiva, evidentemente. No entanto, se o terapeuta é inseguro, 
instável, sem consciência de suas capacidades e limitações, essa 
entrega é limitada. É claro que isso não quer dizer que o terapeuta 
não possa ter dificuldades ou sofrimentos, mas é fundamental que 
ele saiba lidar bem com essas coisas, de modo que seja alguém todo 
inteiro para quem solicita ajuda. 
A terapia é uma ferramenta que serve também para o psicoterapeuta. 
O bom psicoterapeuta também busca resolver as inconsistências de 
sua vida. Uma das maiores dificuldades dos psicoterapeutas que 
buscam terapia é a insegurança com o seu trabalho. No entanto, a 
insegurança é um sintoma que, obviamente, não se manifesta 
somente no trabalho. Então todos os âmbitos da vida do 
psicoterapeutaem terapia devem ser mapeados a fim de identificar 
as causas dessa insegurança. 
Além da insegurança, a alta carga de trabalho é algo comum em 
psicoterapeutas. Trabalhar 10, 11, 12 horas por dia é algo que tem o 
potencial de esgotar qualquer humano. Ao mesmo tempo, sabemos 
que é possível trabalhar todas essas horas sem ter qualquer 
dificuldade. E a terapia ajuda nesse âmbito. 
Conversando com algumas pessoas, várias delas me apontaram que 
algumas vezes o psicoterapeuta apresentou tristeza ou deixou muito 
claro que estava passando por alguma dificuldade em sua vida. 
Comunicar isso ao cliente não é um problema em si, mas o não 
cuidado com essas coisas pode afetar diretamente o processo de 
cura do cliente. 
 
 
 
 
 
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5) Tenha um supervisor ou participe de grupos de 
supervisão 
 
Junto com a terapia, a supervisão é um importantíssimo auxílio para 
o psicoterapeuta. Naturalmente o psicoterapeuta não possui todas as 
ferramentas existentes para auxiliar todos os clientes que procuram 
ajuda. Cada cliente que procura terapia é um mundo 
extraordinariamente complexo, conforme já conversamos aqui, e, por 
isso, o trabalho do psicoterapeuta precisa ser constantemente 
reforçado com novas qualificações e visões alternativas sobre os 
clientes. 
A supervisão é um espaço que o psicoterapeuta pode usufruir para 
compartilhar suas angústias e dificuldades. A discussão de casos 
que ocorre na supervisão permite um olhar além daquilo que estamos 
enxergamos. E o olhar é algo limitado. Em geral, olhamos para as 
coisas e captamos somente parte da totalidade. E essa parte que 
captamos é, muitas vezes, pautada em nossas paixões, em geral, 
desordenadas. 
A supervisão evita o isolamento do psicoterapeuta. Todos nós 
sabemos que quando devotamos a nossa vida ao estudo e à busca 
de uma compreensão mais ampla da realidade, a solidão nos ocupa. 
E esse é o paradoxo da vida de quem almeja a centralidade do 
espírito: a necessidade da solidão para uma consciência mais total 
das coisas e a importância da troca com os outros para multiplicar o 
conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6) Cobre o preço que você pagaria pelo seu trabalho 
 
Uma das dúvidas que mais ocupam a cabeça dos psicoterapeutas é 
sobre o preço a ser cobrado. A terapia deve ser “precificada” como 
qualquer outro produto. Por exemplo: o preço do pão da padaria da 
esquina: dentro de uma unidade de pão está incluso o salário do 
produtor de trigo, de quem colheu, de quem moeu, de quem separou, 
de quem limpou, de quem transportou, além da gasolina do 
caminhão; depois de chegar à padaria ele foi misturado com a água, 
o óleo, o fermento – essas coisas nós também pagamos no valor do 
pão-, além do salário do padeiro, da atendente. Por fim, pagamos 
pela qualidade do pão. O pão delicioso da padaria do bairro central é 
mais caro do que o da padaria do bairro da periferia. 
O preço da terapia também envolve essas coisas: o quanto foi 
investido em livros e em cursos, em tempo de estudo e de meditação. 
Mas, na verdade, o que importa é a sua percepção sobre quanto você 
pagaria pelo seu próprio serviço. Faça um exercício de meditação e 
se imagine sendo atendido por você mesmo. Depois colocando a 
mão na carteira e pagando. Qual valor você desembolsaria pelo seu 
serviço? 
Em uma ocasião no meu perfil do Instagram eu disse que um bom 
psicoterapeuta não cobra menos que R$100 pela hora de terapia. 
Isso não deve ser entendido de modo radicalmente literal, é óbvio. O 
serviço de psicoterapia é algo naturalmente caro. Eu, como sou um 
apreciador de charutos, sei que quanto mais caro um tabaco, melhor 
a sua procedência – seja em nível de conservação ou qualidade da 
folha Uma terapia que custa menos que R$100 é tida como “barata”, 
mas isso não quer dizer que o terapeuta seja ruim ou que não traga 
resultados. Ao mesmo tempo, se você pagar R$500, isso não é uma 
certeza de que será uma terapia excepcional, apesar de que as 
chances de isso acontecer serem maiores. 
 
 
 
 
 
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7) Procure estar no lugar que você quer levar seus 
clientes 
 
O psicoterapeuta tem vários anseios com os seus clientes: ajudar a 
aliviar o sofrimento; promover mais qualidade de vida; encorajar para 
a busca pelas virtudes; vivificar o espírito; motivar a correção do 
caráter. Essas coisas são belas, evidentemente. 
A terapia assemelha-se a um processo pedagógico de aquisição de 
uma segunda língua. O professor precisa ter a fluência do idioma 
para provocar o aluno a pensar no idioma que está sendo aprendido. 
É fundamental que a fluência do professor impulsiona o aluno a uma 
experiência de imersão na nova língua para que a inteligência 
apreenda aquela novidade. Além disso, o aluno deve ser motivado 
por uma espécie de “inveja” do tipo: “eu quero falar bem igual ao meu 
professor”. 
O psicoterapeuta que pretende elevar a alma do seu cliente precisa 
ter a alma elevada; o psicoterapeuta que anseia pela ordem do seu 
cliente necessita ter a vida ordenada; o psicoterapeuta que espera a 
cura do cliente deve já ter sido curado. Se essas coisas não 
penetrarem o espírito do psicoterapeuta, a terapia será um cego 
guiando outro cego. 
Não há nada mais desorientador para o cliente do que um 
psicoterapeuta que aponta para caminhos que nunca esteve. Isso 
escancara a urgência que o psicoterapeuta realmente busque ser 
uma pessoa melhor, que almeje a perfeição humana. Quando o 
psicoterapeuta tem como premissa o desenvolvimento do seu 
espírito, todos na sua volta percebem isso. 
 
 
 
 
 
 
 
9 | P á g i n a 
 
8) Enriqueça o seu imaginário 
 
O repertório que habita em nosso coração e em nossa mente foi 
antes apreendido pelo olhar. Nós temos, portanto, a liberdade para 
decidir quais serão as coisas que ocuparão o nosso acervo interior. 
Sabemos que tudo em nossa volta “induz à loucura, ao infantilismo e 
à exasperação imaginativa”, como disse o professor Olavo de 
Carvalho, mas nem por isso seremos escravos e movidos por essa 
desordem. 
O que é belo, bom e verdadeiro está a nossa disposição também, 
seja em uma obra de literatura, em uma sinfonia bem ordenada ou 
em uma pintura produzida com perfeição. Essas coisas todas 
enriquecem a nossa alma e permitem que o nosso espírito almeje 
coisas altas. 
O trabalho de um bom psicoterapeuta é balizado pelas coisas que 
ocupam o seu interior. Ao atender um cliente, entra ali em jogo dois 
mundos interiores, cada um com suas potências e limitações. O bom 
psicoterapeuta só consegue comunicar aquelas coisas que os seus 
olhos já provaram de alguma forma – seja pela experiência de modo 
ordinário, seja pelas obras belas de modo extraordinário. O escutar 
e o falar do psicoterapeuta só serão decentes se estiverem 
adestrados pelo contato com o mundo sensível e profundo do bom, 
do belo e do verdadeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9) Considere a importância da exposição 
 
O mundo digital radicalizou a máxima do “quem não é visto não é 
lembrado”. Mais do que nunca o psicoterapeuta que quer encher a 
sua agenda tem que ter a coragem de se expor. Os meios, 
obviamente, habitam no mundo digital – principalmente no Instagram. 
Literalmente mostrar detalhes da sua vida de uma forma transparente 
– o local onde trabalha, as pessoas que convive, a comunicação de 
forma natural e sem fingimento, mostrar o dia-dia e as trivialidades 
da vida. 
Além da transparência, o bom psicoterapeuta é constante no 
Instagram – posta frequentemente, incansavelmente. Feed, stories, 
lives, respostas atenciosas no direct. O bom psicoterapeuta deve 
estar atento à importância do marketing digital, das estratégias, do 
tráfego pago, de um bom designer. 
O psicoterapeuta atento não comunica somente para profissionais da 
área através do “psicologiquês”, com pose “profissional”, mas fala 
para o “homem da rua”. Vejovários psicoterapeutas e psicólogos por 
aí que resumem o seu perfil no Instagram a definições de transtornos, 
por exemplo: “o que é ansiedade” ou “qual a importância da 
transferência em um processo terapêutico”. Quem vai te procurar 
para terapia está dando nenhuma importância para essas coisas. O 
cliente procura alguém que se apresente com sinceridade e que 
comunique o alívio das dores e angústias mais comuns. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 | P á g i n a 
 
10) Viva a verdade 
 
Vivemos uma pandemia da mentira e do fingimento. Mentimos 
frequentemente de forma consciente e sem qualquer escrúpulo. 
Parece que é bonito e agradável contar aquela mentirinha inocente. 
Isso mata a personalidade humana, pois acostuma o espírito humano 
a manifestar aquilo que ele não é, a colocar acima da realidade as 
mesquinharias humanas mais baixas. 
Não estou falando aqui somente das mentiras contadas, aquelas 
invenções que costumamos fazer para sermos mais reconhecidos ou 
valorizados, do tipo: “ah, estou ganhando 10 mil reais” – quando na 
verdade ganha um salário mínimo complementado pela mãe. 
 Essas mentiras são graves, mas há um outro tipo de mentira que 
destrói a dignidade humana. É o que chamo de “mentira existencial”. 
São as mentiras que contamos para nós mesmo – e elas ocupam 
tanto o nosso interior que escapam para fora em ações injustas. Um 
exemplo desse tipo de mentira é a exposição a situações que não 
temos capacidade para enfrentar – como atender um cliente com 
uma demanda difícil e não pedir ajuda porque quer posar de seguro 
ou sabichão. 
Esse tipo de mentira é uma das maiores causadoras de ansiedade 
em nosso tempo. Vivemos sempre na corda bamba, inseguros se 
alguém vai descobrir a nossa real versão. É urgente falar a verdade! 
Uma vida vivida com transparência promove tranquilidade e leveza. 
Um psicoterapeuta mentiroso é claramente notado por quem busca 
viver a verdade. Percebe-se que a falta de sinceridade se escancara 
aos olhos dos atentos. A falta de verdade do psicoterapeuta fica mais 
grave ainda quando ela é captada pelo cliente. Por isso, quando o 
psicoterapeuta vive uma vida baseada em mentiras, em traições 
biográficas, quem mais perde são os clientes – aqueles que 
buscavam encontrar no terapeuta uma manifestação da verdade, que 
em si é curativa. 
 
 
 
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11) Tenha o amor como premissa 
 
Quando ocorre o encontro entre duas pessoas, ambas são afetadas. 
Acontece ali uma mudança, pequena que seja, na alma dos dois 
objetos que participam da relação. A psicoterapia presume uma 
relação e relação quer dizer “trazer alguma coisa de volta”. O que é 
“trazido de volta” na psicoterapia? A esperança, a disposição para 
viver, a coragem para suportar o sofrimento. 
O psicoterapeuta só consegue trazer essas coisas de volta se ele 
amar o cliente. O amor acontece quando o bem do outro é uma coisa 
tão importante que passa a ser mais valioso do que a nossa própria 
vida. Se preciso for, aquele que ama é capaz de morrer pelo objeto 
do amor. É querer que aquela pessoa amada dure para sempre, que 
seja eterna. 
A psicoterapia é um ambiente extremamente propício para o amor 
acontecer. O amor do psicoterapeuta pelo cliente, e vice versa, 
constrange o outro. Quando o psicoterapeuta tem o amor como 
premissa, ele permite ser penetrado pela dor do cliente – é como se 
dissesse “eu quero tirar o teu sofrimento e colocá-lo em mim”. 
O coração daquele que ama se torna “híbrido”, ou seja, metade é o 
seu próprio coração e a outra metade é a do ser amado. Quando 
acontece o amor, ali no ambiente da psicoterapia, o psicoterapeuta e 
o cliente trocam as suas qualidades, as coisas boas de um inspiram 
o outro para a melhora. 
Todos sabemos que o amor não é um sentimento, isso é óbvio. 
Ninguém “sente” amor, mas decide amar. Amor é um 
comprometimento profundo e total do espírito, é um ato deliberado 
da vontade do tipo “eu quero e estou decidido a amar”. O 
psicoterapeuta que compreende e decide viver essas coisas está 
perto da maturidade. 
 
 
 
 
 
13 | P á g i n a 
 
12) Participe do Clube Allers 
 
Eu sei, o título desse passo pode ter soado como engraçado. Mas é 
isso mesmo. Se você quer ser um bom psicoterapeuta você deve 
participar do Clube Allers. Não porque foi algo que eu idealizei, mas 
por ser um ambiente de vivência e aplicação de todos esses 11 
passos anteriores. 
O Clube Allers é um clube formação para psicólogos, psiquiatras, 
psicoterapeutas e estudantes de psicologia e medicina. É o tipo de 
coisa que estava faltando. Temos diversos cursos e aulas disponíveis 
na área da psicologia, mas ainda não existia um lugar em que o único 
motivo de sua existência era o que eu chamo de resistência. 
Resistência às limitações da universidade, às lacunas deixadas, às 
perseguições sofridas. Em nosso clube nós estudamos temáticas 
não trabalhadas na universidade; temos espaço para discussão de 
artigos e autores censurados na academia; temos discussão de 
casos; partilha de experiências. 
Como falamos ao longo desse ebook, o sentimento de solidão é algo 
bastante comum para quem busca estudar seriamente. Às vezes até 
mesmo a sensação de desamparo nos acomete. Escuto diariamente 
dos membros que o clube veio para sanar essas dificuldades, que 
são muito frequentes. 
O Clube Allers é um ambiente para exercer a liberdade sem qualquer 
medo da retaliação ou da perseguição. Todos nós precisamos desse 
tipo de amparo em nossa caminhada, seja a acadêmica ou a 
profissional. Há um contexto bastante hostil à verdade, e é a favor da 
verdade que o Clube Allers caminha.

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