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Geração Modernista

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Terceira geração modernista – Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto
3a SÉRIE
Aula 10 – 4o Bimestre
Língua Portuguesa 
Etapa Ensino Médio
Terceira geração modernista; 
A obra de Guimarães Rosa e de João Cabral de Melo Neto.
Reconhecer características poéticas da terceira geração modernista;
Analisar características linguísticas e textuais das obras de Guimarães Rosa e de João Cabral de Melo Neto.
Conteúdo
Objetivos
Professor(a), ao trabalhar esta aula e as atividades propostas, você estará potencializando o desenvolvimento das habilidades. (EM13LGG601) - Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
(EM13LP46) - Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
Sugestão de tempo:
Para começar: 6 minutos	
Foco no conteúdo I: 5 minutos
Na prática I: 6 minutos
Foco no conteúdo II: 5 minutos 
Na prática II: 6 minutos
Aplicando: 15 minutos
Morte e vida severina é a mais famosa obra de João Cabral de Melo Neto. Severino é o nome do protagonista desse poema dramático que narra sua partida do sertão em busca de uma vida melhor na capital.
Mas…por que será que o título é esse?
Por que morte vem antes de vida?
Por que “severina”, se o protagonista é um homem?
Técnica LEMOV:
virem e conversem
Para começar
O título Morte e vida severina aponta uma inversão, já que a vida vem antes da morte. O poeta utiliza a morte em posição anterior, porque ela prevalece sobre a vida no sertão, traduzindo a condição de extrema miséria e a falta de recursos para uma vida digna. Severina é a vida, que é uma variante da palavra severo. Ou seja, ou prevalece a morte ou uma vida severa.
severo: 1. Concebido ou aplicado com rigor (punição severa). 2. Que não é indulgente, brando ou flexível (juiz severo); INFLEXÍVEL; RIGOROSO; RÍGIDO 3. Que é sério, grave (lesão severa). 4. Que é ríspido, áspero (palavras severas). SEVERO, In: AULETE Digital. Disponível em: https://www.aulete.com.br/severo. Acesso em: 25 ago. 2023.
CANVA. Imagem elaborada na plataforma de design gráfico. Disponível em: https://www.canva.com/. Acesso em: 25 ago. 2023.
Terceira geração modernista 
Surgida após o término da Segunda Guerra Mundial, essa geração de escritores, como Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, rompeu com os princípios do Modernismo anterior e buscou uma abordagem mais reflexiva e intimista. 
Essa geração também expressou um forte desejo de desvendar a identidade nacional e a realidade social do Brasil, enfrentando temas como a migração, a seca nordestina e as questões culturais regionais. Ao fazer isso, a terceira geração modernista expandiu os horizontes da literatura brasileira e deixou uma marca duradoura na cena literária, contribuindo para uma compreensão mais profunda das complexidades do país.
Foco no conteúdo
Guimarães Rosa (1908-1967)
Rosa é conhecido por sua prosa inovadora, que mescla elementos da linguagem coloquial brasileira com experimentações linguísticas profundas. Sua capacidade de criar um universo literário complexo e sua exploração da cultura e da psicologia do sertanejo brasileiro marcaram seu legado como um dos maiores escritores do século XX. 
Reconhecido por sua contribuição única para a literatura, ele é mais famoso por sua obra-prima Grande sertão: veredas, publicada em 1956. Suas principais obras foram ambientadas no sertão brasileiro, com ênfase no regionalismo e marcadas por uma linguagem inovadora (invenções linguísticas, arcaísmo, palavras populares e neologismos).
Foco no conteúdo
Guimarães Rosa (1908-1967)
Além de sua influência literária, Guimarães Rosa também era médico e teve uma carreira diplomática ativa, representando o Brasil em diversos países, como Alemanha, França e Portugal. Sua habilidade em lidar com línguas e seus estudos voltados à cultura popular brasileira complementaram sua perspicácia literária, tornando-o uma figura notável no cenário literário ao escrever contos, novelas e romances. 
Foco no conteúdo
Guimarães Rosa, anos 1960. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Guimar%C3%A3es_Rosa,_anos_1960.tif. Acesso em: 24 ago. 2023.
(Enem 2014)
“Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.”
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da linguagem, identificada como:
Na prática
Enem 2014. LC - 2o dia | Caderno 6 - CINZA - Página 16. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/2014_PPL_PV_D2_CD6.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
(a) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
(b) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se” e “tome-se hipotrélico”.
(c) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
(d) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
(e) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
Na prática
(a) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
(b) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se” e “tome-se hipotrélico”.
(c) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
(d) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
(e) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
Correção
Na prática
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Foi um renomado poeta e diplomata brasileiro, amplamente reconhecido por sua poesia única e inovadora. Ele é frequentemente associado ao movimento literário conhecido como "geração de 45", que valorizava a objetividade e a precisão na escrita. João Cabral destacou-se por sua linguagem austera, caracterizada pela economia de palavras e busca pela essência das coisas. Sua obra é marcada por uma profunda observação da realidade e uma abordagem quase "arquitetônica" da poesia, em que a forma e a estrutura são cuidadosamente elaboradas para refletir os temas que aborda, muitas vezes relacionados à cultura popular nordestina e à vida cotidiana.
Foco no conteúdo
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
O poeta também é reconhecido por seu interesse em temas como a seca, a aridez e a cultura popular do nordeste brasileiro, que ele abordou de maneira única em sua obra. 
Além disso, sua carreira diplomática o levou a viver em países como Espanha e Inglaterra, experiênciasque também influenciaram sua escrita. 
Ao longo de sua trajetória literária, João Cabral de Melo Neto recebeu importantes prêmios, incluindo o Prêmio Camões, em 1990, em reconhecimento à sua contribuição significativa para a literatura brasileira e à sua marcante influência sobre gerações de poetas.
Foco no conteúdo
Posse de João Cabral de Mello Neto na ABL. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Posse_de_Jo%C3%A3o_Cabral_de_Mello_Neto_na_ABL.tif. Acesso em: 24 ago. 2023.
(Enem 2016) 
Antiode
Poesia, não será esse
o sentido em que
ainda te escrevo:
flor! (Te escrevo:
flor! Não uma
flor, nem aquela
flor-virtude – em disfarçados urinóis).
Na prática
Enem 2016. LC - 2o dia | Caderno 5 - AMARELO - Página 8. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2016/2016_PV_impresso_D2_CD5.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
Flor é a palavra
flor; verso inscrito
no verso, como as
manhãs no tempo.
Flor é o salto
da ave para o voo:
o salto fora do sono
quando seu tecido
se rompe; é uma explosão
posta a funcionar,
como uma máquina,
uma jarra de flores.
MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
Na prática
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem sem, necessariamente, explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de:
(a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.
(b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.
(c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.
(d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.
(e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.
Na prática
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem sem, necessariamente, explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de:
(a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.
(b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.
(c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.
(d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.
(e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.
Correção
Na prática
(Enem 2015) 
Famigerado
“Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá:
Técnica LEMOV:
de surpresa
Aplicando
Enem 2015. LC - 2o dia | Caderno 13 - CINZA - Página 11. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2015/2015_PV_reaplicacao_PPL_D2_CD13.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado… faz-me-gerado… falmisgeraldo… familhas-gerado…?”
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre o personagem e o narrador se estabelece, porque
Aplicando
(a) o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.
(b) o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em: “a conversa era para teias de aranha”.
(c) entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais.
(d) a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.
(e) a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar os personagens em planos incomunicáveis.
Aplicando
(a) o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.
(b) o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em: “a conversa era para teias de aranha”.
(c) entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais.
(d) a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.
(e) a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar os personagens em planos incomunicáveis.
Correção
Finalizando… O que os três textos trabalhados nesta aula apresentam em comum?
Aplicando
O que os três textos trabalhados nesta aula apresentam em comum? 
Os três textos apresentam em comum o trabalho com a linguagem, o uso inovador da língua portuguesa, explorando a criação de palavras e seus significados múltiplos.
Nos textos “Há o hipotrélico” e “Antiode”, podemos identificar a metalinguagem, pois os autores utilizam a língua para explorar seus potenciais significados. Há ainda o uso de neologismos, como hipotrélico, antipodático, sengraçante e imprizido (Há o hipotrélico), ou cabismeditado e monologar (Famigerado). 
Em “Antiode”, a palavra flor ganha diferentes significados e associações; já em “Famigerado”, a ignorância do sentido da palavra, que dá título ao texto, gerou um mal estar entre os interlocutores.
Correção
Aplicando
Reconhecemos características poéticas da terceira geração modernista;
Analisamos características linguísticas e textuais das obras de Guimarães Rosa e de João Cabral de Melo Neto.
O que aprendemos hoje?
Tarefa SP
Localizador: 102304
Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br 
Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
Clique em “Procurar”. 
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/ 
22
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 34. ed. São Paulo: Cultrix, 1996.
Enem 2014. LC - 2o dia | Caderno 6 - CINZA - Página 16. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/2014_PPL_PV_D2_CD6.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
Enem 2015. LC - 2o dia | Caderno 13 - CINZA - Página 11. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2015/2015_PV_reaplicacao_PPL_D2_CD13.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
Referências
Enem 2016. LC - 2o dia | Caderno 5 - AMARELO - Página 8. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2016/2016_PV_impresso_D2_CD5.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista do Ensino Médio. São Paulo: SEE, 2020. 
SEVERO, In: AULETE Digital. Disponível em: https://www.aulete.com.br/severo. Acesso em: 25 ago. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – CANVA. Imagem elaborada na plataforma de design gráfico. Disponível em: https://www.canva.com/. Acesso em: 25 ago. 2023.
Slide 6 – Guimarães Rosa, anos 1960. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Guimar%C3%A3es_Rosa,_anos_1960.tif. Acesso em: 24 ago. 2023.
Slide 11 – Posse de João Cabral de Mello Neto na ABL. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Posse_de_Jo%C3%A3o_Cabral_de_Mello_Neto_na_ABL.tif.Acesso em: 24 ago. 2023.
Referências
Material 
Digital

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