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Unidade 9 – Trypanosoma cruzi Doença: doença de Chagas, conhecida também como tripanossomíase americana. Agente etiológico: Trypanosoma cruzi. Morfologia/formas evolutivas Tripomastigota (presente no HD tripomastigota sanguínea, e o HI presente tripomastigota metacíclica): extracelular, flagelo, membrana ondulante. No interior da célula encontra-se o núcleo e cinetoplasto. Epimastigota (presente no HI): extracelular, flagelo, membrana ondulante. O cinetoplasto é anterior ao núcleo, e sua reprodução é por divisão binária; Amastigota (presente no HD): intracelular, cinetoplasto próximo ao núcleo, flagelo, sua reprodução ocorre no citoplasma das células dos HDs de forma assexuada, por divisão binária. Ciclo de vida: heteroxênico, envolvendo 2 hospedeiros (HD e HI). Depois do repasto sanguíneo, os barbeiros defecam a forma tripomastigota metacíclica, a qual penetra pelo próprio orifício da picada, mucosa ou pele. Após isso, os tripomastigotas são contidos num vacúolo parasitóforo, iniciando o processo de diferenciação em amastigotas, que se reproduzem assexuadamente por divisão binária. Após alguns ciclos de reprodução, os amastigotas voltam a ser tripomastigotas. Os tripomastigotas sanguíneos se disseminam pelo sangue. Os barbeiros se infectam ao ingerir o sangue do HD contaminado pela forma tripomastigota sanguínea. No intestino do barbeiro, as tripomastigotas diferenciam-se em esferomastigotas e depois em epimastigotas. Os epimastigotas se multiplicam assexuadamente por divisão binaria. No final do intestino, epimastigotas diferenciam-se em tripomastigotas metacíclicos, formas infectantes para o HD. Hospedeiros Hospedeiro definitivo (HD): ser humano e outros mamíferos; Hospedeiro intermediário (HI): percevejos hematófagos (alimentam-se de sangue). Forma infectante: tripomastigota metacíclica. Transmissão: Vetorial: humano em contato com as fezes dos insetos infectados, liberando tripomastigotas metacíclicas (forma infectante); Oral: ingestão de alimentos (ex: cana-de-açúcar, açaí) contaminados pelo barbeiro ou por suas fezes. A ingestão de carne crua/malcozida de animais de caça infectados também é uma forma de transmissão; Transfusão sanguínea: doação de sangue contaminado; Congênita (transplacentária): ocorre na fase aguda ou crônica da doença durante a gestação ou parto. Na fase aguda, o leite materno pode estar contaminado com a forma tripomastigota. Patogenia Fase aguda da doença: caracterizada pela alta parasitemia, intensa reação inflamatória e baixos níveis de anticorpos classe IgG. Na maioria dos pacientes essa fase não é fatal. Pode ser sintomática ou assintomática; Fase crônica da doença: caracterizada pela redução da parasitemia e dos focos inflamatórios, e altos títulos de anticorpos IgG. Pode ser sintomática ou assintomática. Uma parcela desses indivíduos infectados pelo T. cruzi pode evoluir para a forma cardíaca (responsável pela morbidade e mortalidade da doença), digestiva ou cardiodigestiva. Sinais e sintomas Fase aguda: sinal de romanã, chagoma de inoculação, febre, edema de face e membros inferiores, hepatoesplenomegalia e aumento dos gânglios linfáticos, e em casos graves, miocardite e menigoencefalite; Fase crônica: distúrbios na condução do potencial de ação, fenômenos tromboembólicos e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) - forma cardíaca; Forma digestiva: lesões dos plexos nervosos, incoordenação motora, retenção do conteúdo no tubo digestivo (acarreta no megaesôfago e megacólon); Diagnóstico Fase aguda – alta parasitemia e baixos níveis de anticorpos. Parasitológico do sangue; Método de concentração: + de 30 dias de sintomas, analisando o sangue centrifugado; Sorológico: pesquisa de anticorpos da classe IgM anti-T. cruzi; Fase crônica – redução na parasitemia e aumento nos níveis de anticorpos específicos. Sorológico: pesquisa de anticorpos da classe IgG; ELISA (imunoensaio enzimático); HAI (hemaglutinação indireta); IFI (imunoflorescência indireta); Tratamento Benznidazol (1º opção e age sob as formas tripomastigotas circulantes) e nifurtimox. Profilaxia Diagnóstico e tratamento de infectados; Combate ao vetor por meio de inseticidas; Melhoria das habitações; Evitar manter luzes acessas fora de casa para não atrair barbeiros; Tiragem sorológica dos doadores de sangue e doadores de órgãos; Higienização na produção e manipulação de alimentos de origem vegetal que possam estar contaminados com o vetor ou suas fezes. Unidade 10 – Leishmanias Doença: leishmaniose Agente etiológico: protozoários flagelados do gênero Leishmania. O protozoário é transmitido pela picada de mosquitos fêmeas dos gêneros Lutzomya e Phlebotomus. As leishmanioses podem ser de dois tipos: Leishmaniose tegumentar (LT): Leishmania braziliensis, Leishmania amazonenses e Leishmania guyanensis; Leishmaniose visceral (LV): Leishmania chagasi. Morfologia/formas evolutivas Promastigota: extracelular, encontrada no trato digestório do inseto vetor, flagelada. No interior da célula encontra-se o núcleo e o cinetoplasto. Forma infectante para o hospedeiro vertebrado; Amastigota: intracelular, encontrada em células do sistema fagocítico mononuclear do hospedeiro vertebrado. Núcleo arredondado e possui cinetoplasto. Ciclo de vida: heteroxênico, possuindo 2 hospedeiros (HD e HI). Após o repasto sanguíneo, as formas promastigotas metacíclicas são introduzidas pelo mosquito. Na pele do hospedeiro, as promastigotas são fagocitadas pelos macrófagos e no interior do vacúolo parasitóforo se diferenciam em amastigotas, as quais se multiplicam assexuadamente por divisão binária. O macrófago se rompe e as amastigotas liberadas são fagocitadas por novos macrófagos iniciando um novo ciclo replicativo. No caso da LV se disseminam para outros órgãos ricos em células do sistema fagocitário mononuclear. O HI se infecta ao realizar o hematofagismo no hospedeiro infectado. O mosquito ingere células contaminadas (amastigotas), as quais se diferenciam no trato digestório em promastigota procíclica. As formas promastigotas procíclicas se multiplicam assexuadamente por divisão binária. Quando a concentração de nutrientes diminui ocorre a diferenciação para a forma infectante, denominada de promastigota metacíclica, a qual migra para a região do esôfago. Hospedeiros Hospedeiro definitivo (HD): ser humano e outros mamíferos; Hospedeiro intermediário (HI): fêmeas do mosquito do gênero Lutzomya. Forma infectante: promastigota metacíclica (HD). Transmissão: ocorre de forma vetorial. As fêmeas do mosquito Lutzomya infectadas transmitem as formas promastigotas metacíclicas durante a picada. NÃO ocorre transmissão de pessoa para pessoa. Patogenia, sinais e sintomas Leishmaniose tegumentar (LT): conhecida também como úlcera de Bauru, botão do oriente ou ferida brava é caracterizada por lesões na pele (ulceradas ou não) e mucosas. Pode ser classificada em três formas clínicas principais: Tegumentar cutânea (LTC): infecção pela L. braziliensis (+ importante), L. amazonenses e L. guyanensis. Caracterizada por lesões ulceradas na pele, indolor; Cutânea difusa (LCD): infecção L. amazonenses caracterizada por lesões não ulceradas (nódulos) espalhadas pela pele; forma rara e grave; Cutânea mucosa (LCM): infecção pela L. braziliensis caracterizada por lesões destrutivas nas mucosas oral e nasal que comprometem respiração, fala e alimentação. Leishmaniose visceral (LV): também conhecida como calazar, é uma doença sistêmica que acomete o fígado, baço, linfonodos e medula óssea, podendo levar à morte caso não seja diagnosticada. Alguns pacientes são assintomáticos. A forma olissintomática é caracterizada por manifestações clínicas discretas, tais como: febre baixa e intermitente, diarreia e discreta hepatomegalia. Sinais e sintomas da forma clínica clássica: febre persistente ou intermitente, diminuição da força física, perda de peso, diarreia e hepatoesplenomegalia; IMPORTANTE: pacientes imunodeficientes como os infectados pelo HIV e que apresentam coinfecção pela LV apresentam uma evolução + grave da doença e uma pior resposta ao tratamento. Diagnóstico Exame parasitológico: identificação da forma amastigota; forma LV Exame imunológico: pesquisa de anticorpos contra a Leishmania; forma LV e LT Intradermorreação de Montenegro (IDRM): teste de hipersensibilidade tardia, o qual detecta presença de uma resposta celular contra a Leishmania; forma LV Exame molecular. forma LV e LT Tratamento: antimoniato de meglumina ou anfotericina B. Nos casos da LT o isotionato de pentamidina pode ser utilizado como uma droga de 2º opção. Profilaxia Diagnóstico e tratamento dos doentes; Uso de repelentes, mosquiteiros e telas; Limpeza urbana (quintais e terrenos); Evitar a construção de casas próximas à região de mata. Unidade 11 – Toxoplasma gondii Doença: toxoplasmose (um tipo de zoonose). Agente etiológico: Toxoplasma gondii, protozoário geohelminto intracelular pertencente ao grupo Apicomplexa. Morfologia/formas evolutivas Taquizoíto: núcleo redondo, multiplicam-se rapidamente em todos os tipos de células nucleadas por endodiogenia (reprodução assexuada), caracterizando a fase AGUDA da doença; Bradizoíto: multiplicam-se lentamente no interior dos cistos, caracterizando a fase CRÔNICA da doença. Encontrados em diversos tecidos, principalmente no músculo esquelético, cardíaco e tecido nervoso; Oocisto (infectante): formada apenas no intestino dos FELINOS, por meio de reprodução sexuada. Quando maduros, apresentam dois esporocistos com 4 esporozoítos cada. Ciclo de vida: heteroxênico, possuindo dois hospedeiros (HD e HI). O ser humano se infecta ao ingerir os oocistos liberados nas fezes dos gatos contaminados ou pela ingestão de carnes/alimentos contaminados. No intestino, os oocistos rompem liberando os esporozoítos. Os esporozoítos e os bradizoítos se diferenciam em taquizoítos, os quais se multiplicam rapidamente de forma assexuada (endodiogenia). Após o rompimento da célula, os taquizoitos se disseminam de forma hematogênica e/ou linfática ou podem invadir células vizinhas, iniciando um novo ciclo replicativo. A disseminação e a multiplicação rápida dos taquizoítos caracteriza a fase aguda da doença. A fase crônica da doença é caracterizada pela presença de cistos (contendo bradizoítos) teciduais. A diferenciação dos taquizoítos em bradizoítos parece estar relacionada com o surgimento de uma resposta imunológica específica efetiva contra o parasita. Quando os cistos rompem, o estado imunológico do hospedeiro irá determinar o curso da doença. Em pacientes imunocompetentes os bradizoítos são destruídos pelos mecanismos imunológicos, mas em pacientes imunodeficientes, pode ocorrer a reativação da doença. O ciclo de vida do T. gondii no HD envolve uma etapa de multiplicação assexuada e uma reprodução sexuada. O HD se contamina naturalmente ao predar mamíferos infectados com cistos teciduais. No intestino dos felinos, o cisto rompe-se e os bradizoitos infectam os enterócitos, onde se multiplicam assexuadamente dando origem aos merozoítos. Após o rompimento da célula epitelial, os merozoítos invadem novas células dando origem a mais merozoítos e as formas sexuadas. O macrogameta F é fecundado pelo microgameta M, originando o oocisto. Após o rompimento da célula epitelial, o oocisto é eliminado nas fezes do animal, e depois de 2 a 5 dias no ambiente, o oocisto torna-se maduro (infectante). Hospedeiros Hospedeiro definitivo (HD): felinos; Hospedeiro intermediário (HI): humanos, outros mamíferos e aves. Forma infectante: oocisto Transmissão Ingestão de cistos e/ou oocistos: os oocistos liberados nas fezes dos felinos infectados tornam-se maduros no ambiente, contaminam o solo, a água e alimentos; mãos contaminadas pela terra infectada é uma forma de infecção; Transmissão congênita: a transmissão congênita ocorre na fase aguda da doença, sendo transmitida de mãe pra filho. Patogenia: a toxoplasmose adquirida em paciente imunocompetente geralmente é assintomática. Os taquizoítos (fase aguda) são o estágio patogênico e responsáveis pelas manifestações clínicas. O quadro clínico da toxoplasmose pode ser dividido em: Toxoplasmose aguda em imunocompetentes: erupção cutânea, hepatoesplenomegalia, febre, miocardite, pneumonite e encefalite; Toxoplasmose aguda em imunodeficientes: encefalite; Toxoplasmose congênita: toxoplasmose ocular; Sinais e sintomas Geralmente os infectados são assintomáticos, não necessitando de tratamentos específicos. Os sintomas, normalmente, são leves, similares à gripe, dengue e podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos. A doença em outros estágios pode trazer complicações: Gestantes: podem ter abortamento ou nascimento de criança com macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas; Pessoas com sistema imunológico enfraquecido (infectados por HIV, em tratamento oncológico ou transplantados): podem apresentar sintomas mais graves, incluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, convulsões, etc. Diagnóstico Exame sorológico; Pesquisa de anticorpos contra o T. gondii; Teste de avidez; Fundoscopia – toxoplasmose ocular. Tratamento O tratamento é indicado nas gestantes, recém-nascidos, imunodeficientes e pacientes com toxoplasmose ocular. É realizado com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. No caso da toxoplasmose ocular, é usado corticosteroides. O tratamento das gestantes pode ser realizado com espiramicin, porém não elimina a possibilidade de infecção do feto. Quando a transmissão é confirmada, o feto é tratado com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Profilaxia Não consumir carne crua ou malcozida de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves, etc.; Lavar as mãos após manipular a carne crua e lavar adequadamente frutas/hortaliças; Ingerir água tratada ou fervida; Higiene de caixas de água, caixas de areia ou onde os gatos defecam; Sorologia durante o pré-natal e tratar gestantes diagnosticadas em fase aguda da doença; Unidade 12 – Plasmo dios Doença: malária. Agente etiológico: protozoários do gênero Plasmodium, subgrupo Apicomplexa, transmitido pela picada dos mosquitos fêmeas do gênero Anopheles. A doença é causada pelas espécies P. vivax, P. falciparum, P. ovale e P. malariae. Morfologia/formas evolutivas Esporozoítos: possui complexo apical, formado por um conjunto de estruturas que tem como função a adesão e invasão da célula hospedeira. São as formas infectantes para o HD e possuem capacidade de invadir os hepatócitos; Merozoítos (hepáticos e sanguíneos): invadem apenas os glóbulos vermelhos. Os merozoítos do P. vivax invadem apenas hemácias jovens, enquanto os merozoítos do P. falciparum infectam qualquer tipo de hemácias; Trofozíto e esquizonte: forma evolutiva encontrada no glóbulo vermelho. Após uma reprodução assexuada por esquizogonia, dá origem ao esquizonte que possui uma quantidade de núcleos variada, e cada núcleo dará origem a um novo merozoíto; Gametócitos (fem. e masc.): forma infectante para a fêmea do Anopheles. O gametócito feminino é chamado de MACROgametócito, e o masculino é chamado de MICROgametócito; Oocineto: fecundação do MACRO pelo MICROgametócito no estômago do mosquito; Oocisto: originado pelo oocineto. Ciclo de vida Durante o repasto sanguíneo, as fêmeas do mosquito Anopheles, inoculam os esporozoítos. Os mesmos migram pela corrente sanguínea, e após +/- 30 minutos chegam ao fígado e invadem os hepatócitos iniciando o ciclo pré-eritrocítico. No interior dos hepatócitos, diferenciam-seem criptozoítos e se multiplicam assexuadamente por esquizogonia originando o esquizonte. Após 1- 2 semanas (dependendo da espécie de Plasmodium) ocorre a ruptura do hepatócito e a liberação de milhares de merozoítos para a circulação. A fase eritrocítica inicia-se com a invasão das hemácias pelos merozoítos. No interior das hemácias, o trofozoíto se multiplica, formando o esquizonte. Em seguida ocorre a hemólise com a liberação dos merozoítos e do pigmento malárico (hemozoína). Os merozoítos invadem novas hemácias e iniciam um novo ciclo eritrocítico, o qual coincide com o pico febril característico da malária. O intervalo entre um pico febril e outro está associado com a espécie de Plasmodium. Alguns merozoítos que invadem as hemácias se diferenciam em gametócitos (macrogametócito e microgametócito), estágio infectante para o mosquito. A fêmea do mosquito do gênero Anopheles se infecta ao realizar o hematofagismo em uma pessoa contaminada. No estômago do mosquito o macrogametócito dá origem ao macrogameta e o microgametócito origina os microgametas. O zigoto formado pela fusão dos gametas é capaz de se movimentar, razão pela qual é denominado de oocineto, e aloja-se na parede do estômago formando o oocisto. No interior do oocisto ocorre a formação dos esporozoítos, que são liberados na cavidade geral (hemolinfa) do mosquito após a ruptura do oocisto. Os esporozoítos migram para as glândulas salivares do mosquito e são inoculados no hospedeiro, no próximo repasto sanguíneo. O ciclo no vetor leva, em média, de 10 a 17 dias. Hospedeiros Hospedeiro intermediário (HI): ser humano (hospedeiro vertebrado); Hospedeiro definitivo (HD): fêmeas do mosquito Anopheles (hospedeiro invertebrado). Forma infectante: esporozoítos (para os humanos); gametócitos (para a fêmea do Anopheles). Transmissão Ocorre principalmente de forma vetorial: as fêmeas do mosquito do gênero Anopheles infectadas, inoculam os esporozoítos, juntamente da saliva, durante o repasto sanguíneo. Outras vias de transmissão: Transfusão de sangue e hemoderivados; Uso de materiais perfurocortantes; Acidentes laboratoriais; Transmissão congênita. Patogenia, sinais e sintomas Os sinais e sintomas iniciam com mal-estar, dor de cabeça, dores musculares e calafrios. Depois, ocorre febre, e, posteriormente, a sudorese. O período entre um pico febril e outro está relacionado com o tempo que o parasita leva para se reproduzir nas hemácias e causar hemólise. Os pacientes podem apresentar anemia e hepatoesplenomegalia (aumento do baço e fígado). A malária pela espécie P. falciparum é mais grave e, geralmente, associada aos casos fatais, podendo causar: hiperparasitemia, anemia grave, malária cerebral (coma profundo), hipoglicemia, acidose metabólica, icterícia e insuficiência renal. Diagnóstico Pesquisa direta do parasita; Método de gota espessa; Pesquisa de antígenos, realizado com testes imunocromatográficos (teste rápido); PCR (reação em cadeia de polimerase); Exame sorológico; Exame parasitológico. Tratamento O tratamento mais comum é feito com antimaláricos que atuam de forma específica em vários momentos do parasita. No Brasil, os medicamentos específicos para o tratamento da malária são: cloroquina, primaquina, quinina, doxiciclina, clindamicina, arteméter e artesunato. Profilaxia Ações de combate ao Plasmodium e ao Anopheles, mosquito transmissor; Diagnostico e tratamento de doentes; Uso de repelentes, roupa de manga longa, mosquiteiros, telas e inseticidas; Evitar a exposição onde os mosquitos estão presentes; Quimioprofilaxia para pessoas que irão viajar para áreas endêmicas; Eliminação de criadouros por meio de obras de saneamento básico, etc. Unidade 13 – Wuchereria bancrofti Doença: filariose linfática/bancroftiana ou elefantíase Agente etiológico: nematodas das espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori São transmitidos para o ser humano por meio da picada de mosquitos fêmeas dos gêneros Culex, Aedes e Anopheles. Morfologia/formas evolutivas Os principais estágios evolutivos do W. bancrofti são: as microfilárias, as larvas de primeiro (L1), segundo (L2) e terceiro (L3) estágios e os vermes adultos (macho e fêmea). No hospedeiro vertebrado (ser humano) ocorrem as formas de microfilárias e vermes adultos. Já no hospedeiro invertebrado (fêmeas do mosquito C. quinquefasciatus) ocorrem os estágios larvais (L1, L2 e L3). Uma característica que diferencia o sexo é a extremidade posterior, que no macho é enrolada ventralmente e na fêmea é retilínea. Os vermes adultos alojam-se nos vasos e gânglios linfáticos onde se reproduzem de forma sexuada. As larvas L1, L2 e L3 são encontradas no mosquito. A larva L1 se diferencia em L2, a qual dá origem a L3, forma infectante para o ser humano. A L1 e L2 são larvas do tipo rabditoide, enquanto a L3, infectante, é filarioide. Ciclo de vida A fêmea do mosquito C. quinquefasciatus, ao realizar o hematofagismo em uma pessoa infectada, ingere as microfilárias presentes no sangue periférico. As microfilárias atravessam a parede do estômago e migram para o tórax do inseto, onde se transformam em L1. Depois de, aproximadamente, 8 dias, a L1 se diferencia em L2. Na hemolinfa, a L2 sofre a última muda para L3 (forma infectante), a qual migra para a região da probóscide (lábios) do mosquito. O desenvolvimento no HI leva em média 20 dias. O ser humano adquire a infecção ao ser picado por um mosquito infectado. A L3 penetra através da pele lesada pela picada do vetor e migra para os vasos linfáticos. O desenvolvimento em vermes adultos é longo, levando em média quase 1 ano. Os vermes maduros sexualmente se reproduzem de forma sexuada e a fêmea grávida libera as microfilárias nos vasos linfáticos, as quais migram para a circulação sanguínea. Hospedeiros Hospedeiro definitivo (HD): ser humano; Hospedeiro intermediário (HI): fêmeas do mosquito C. quinquefasciatus. Forma infectante: larva L3 – filarioide. Transmissão Ocorre de forma vetorial, ou seja, durante a picada das fêmeas do mosquito C. quinquefasciatus. Durante o hematofagismo, as larvas L3, presentes nos lábios do mosquito (região da probóscide), penetram pela pele lesada. Patogenia, sinais e sintomas O período compreendido entre a penetração da L3 (picada do mosquito) e o aparecimento das microfilárias no sangue periférico, é denominado de período pré-patente, geralmente assintomático. Entretanto, a presença dos vermes adultos vivos nos vasos linfáticos pode levar a linfangectasia (dilatação dos vasos linfáticos). Aproximadamente 30% das pessoas parasitadas apresentam manifestações clínicas que podem ser classificadas em: agudas ou crônicas. Manifestações agudas: Linfangite ou adenite filarial aguda; Nódulos nos vasos linfáticos; Hidrocele aguda e linfedema agudo (inchaço); Ascite filarial; Quilose; Quilúria; Elefantíase. Diagnóstico Pesquisa de microfilárias no sangue periférico (método da gota espessa); Pesquisa de antígenos (testes imunocromatográficos, ou seja, testes rápidos (TR)); ELISA (técnica imunoenzimática); PCR (amplifica o DNA da W. bancrofti no sangue). Tratamento Dietilcarbamazina (DEC), albendazol e ivermectina. O tratamento é indicado para os pacientes que possuam infecção ativa. Profilaxia Diagnóstico e tratamento de doentes; Uso de repelentes, mosquiteiros, telas e inseticidas; Eliminação de criadouros do vetor por meio de obras de saneamento básico e combate as larvas utilizando larvicidas; Medidas de higiene. Unidade 14 – Artro podes São animais com pés articulados e corpo revestido por uma cutícula (exoesqueleto), corpo segmentado, sistema sensorial e digestório bem desenvolvido, sistema traqueal na maior parte dos grupos terrestres e crescimento por ecdises(troca do exoesqueleto). Piolhos Fazem parte da classe Insecta, ordem Phthiraptera e subordem Anoplura. Os piolhos que apresentam importância para o ser humano pertencem a dois gêneros: Pediculus e Phthirus. A infecção por Pediculus é denominada de pediculose, e pelo Phthirus é conhecida como ftiríase. Pediculus humanus capitis: piolho da cabeça; Pediculus humanus humanus: piolho do corpo, muquirana; Phthirus pubis: piolho “chato”, encontrado na região pubiana. Os piolhos não possuem asas (ápteros) e não pulam, possuem corpo dividido em três regiões: cabeça, tórax e abdômen. O Phthirus pubis possui apenas duas regiões, pois o tórax e abdômen estão unidos. Possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador. São hematófagos e durante o hematofagismo, liberam saliva e defecam no local. O desenvolvimento ocorre em três fases diferentes: ovo (lêndea), ninfas e adultos. As lêndeas fixam-se nos cabelos por meio de uma substância cimentícia secretada pelas fêmeas, a ninfa sofre três mudas dando origem ao piolho adulto. A pediculose e a ftiríase causam irritação com o prurido do couro cabeludo, do corpo e região pubiana, causados pela saliva e fezes do piolho no local. As lesões causadas pelo prurido podem ocasionar infecções secundárias por bactérias, como por exemplo: anemia ferropriva, tifo exantemático, febre de trincheiras e febre recorrente. Transmissão: o piolho de cabeça pode ser transmitido pelo compartilhamento de pentes, bonés, toucas, chapéus, roupas e fronhas, sendo mais observado em crianças em idade escolar. O piolho do corpo está associado com condições precárias de higiene, sendo mais comum em moradores de rua e prisioneiros. Já o P. pubis pode ser transmitido pelo contato sexual. Diagnóstico: observação e identificação das formas evolutivas do parasita. O tratamento é feito com loções piolhicidas, como a permetrina e o lindano, e também a retirada mecânica de piolhos vivos e lêndeas. Profilaxia: higiene pessoal com banhos diários e troca de roupas, não compartilhar objetos e ferver roupas de cama e de uso pessoal em caso de infestação Pulgas Fazem parte da classe Insecta e da ordem Siphonaptera. Existem vários tipos de pulgas: Pulex irritants: pulgas do ser humano; Ctenocephalides felis e canis: pulgas de gatos e cachorros; Xenopsylla, Nosopsyllus e Leptopsylla: pulgas de ratos. Não possuem asas e apresentam aparelho bucal do tipo picador-sugador. Corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça há olhos, antenas, componentes do aparelho bucal, cerdas e o ctenídeo genal (espinhos quitinizados abaixo do aparelho bucal). No tórax há pernas e pode apresentar o ctenídeo pronotal (atrás da cabeça). No abdômen há 10 segmentos imbricados e estruturas genitais O desenvolvimento ocorre em quatro fases: ovo, larva, pupa e adultos. Após a cópula e repasto sanguíneo, a fêmea libera os ovos. Depois de alguns dias, a larva emerge e sofre duas mudas (L1, L2 e L3) e depois produz um casulo onde a pupa se desenvolve. Após 30 dias, o adulto emerge da pupa e são exclusivamente hematófagas. A espécie Xenopsylla na ausência de seu hospedeiro preferido (rato) realiza o hematofagismo no ser humano, contribuindo para a transmissão de doenças (peste bubônica e tifo murino). Além disso, a saliva das pulgas causa prurido, o que pode acarretar a entrada para infecções secundárias por bactérias. Tratamento: anti-histamínicos e corticosteroides Profilaxia: limpeza do ambiente domiciliar, proteção e tratamento de animais domésticos. Tungíase (bicho-de-pé ou bicho-de-porco) – doença causada pela pulga Tunga penetrants. São hematófagas e somente as fêmeas penetram na pele do hospedeiro. Costuma ser assintomática ou levar a manifestações clínicas, ocorrendo uma reação inflamatória com dor e prurido no local. O tratamento é a retirada da pulga do corpo do hospedeiro e aplicação de antibiótico tópico. Moscas e mií ases Fazem parte da classe Insecta e ordem Diptera. Possuem o corpo dividido em três regiões (cabeça, tórax e abdômen) e seu ciclo de vida possui quatro fases evolutivas: ovo, larva, pupa e adultos. Depois de fecundada, as fêmeas colocam seus ovos no ambiente. A larva que emerge do ovo sofre duas mudas (L1, L2 e L3) antes de se transformar em pupa. Depois de vários dias, o estágio adulto se forma e deixa o pupário. As larvas de algumas espécies de moscas se nutrem e desenvolvem em um hospedeiro produzindo miíases. Miíase é a infestação do ser humano e de vertebrados domésticos por larvas de algumas espécies de moscas que se nutrem de tecido vivo/morto de seu hospedeiro. As principais espécies envolvidas com as miíases pertencem as seguintes famílias: Calliphoridae, Cuterebridae, Sarcophagidae e Fanniidae. Miíase primária ou obrigatória É causada por larvas que se alimentam de tecido vivo, principalmente das espécies Cochliomyia hominivorax (mosca varejeira) e Dermatobia hominis (mosca do berne). A infestação por D. hominis ocorre acidentalmente e envolve a participação de um vetor (mosca ou mosquito). As lesões são do tipo furuncular, com uma abertura para a respiração da larva, acompanhadas de prurido, dor e sensação de que algo está se mexendo na região. A infestação pela C. hominivorax ocorre com o depósito direto de seus ovos em ferimentos já existentes no hospedeiro. Depois de 24h, as larvas eclodem e ocorre as “bicheiras”. O quadro clínico é variável de acordo com a área afetada e a quantidade de larvas. Miíase secundária ou facultativa É causada por larvas necrobiontófogas (alimentam-se de tecido necrosado dos ferimentos), principalmente a Cochliomyia macellaria. Diagnóstico e tratamento: é feito com base nas características da lesão e pelo encontro da larva, e trata-se com a remoção das larvas e limpeza da lesão. O uso da ivermectina só é recomendado caso a larva não seja removida. Profilaxia: uso de repelentes em áreas rurais, limpeza e troca de curativos de lesões abertas na pele. A caros e escabiose Fazem parte do subfilo Chelicerata, classe Arachnida e subclasse Acari. Existem ácaros causadores de sarna, ácaros presentes na poeira (alergias) e ácaros encontrados em produtos armazenados, e algumas espécies podem transmitir riquétsias e vírus. Seu corpo constitui-se de uma parte só, chamada de idiossoma, as peças bucais encontram-se na região chamada de gnatossoma ou capítulo. A escabiose, conhecida como sarna, é causada pela espécie Sarcoptes scabiei. A sarna é comum em países de clima tropical, associada à pobreza e aglomeração. O ciclo de vida do S. scabiei envolve quatro fases evolutivas: ovo, larva, ninfa e adultos. Transmissão: contato direto com pessoas infectadas ou compartilhamento de roupas contaminadas, e até mesmo entrar em contato com camas e sofás contaminados. Manifestações clínicas: lesões cutâneas com a formação de vesículas de intenso prurido, principalmente à noite. As áreas comumente afetadas são axilas, costas, cotovelos, joelhos, tornozelos e pés. Pacientes imunodeficientes podem contrair a sarna norueguesa (sarna crostosa) que ocorre quando a infestação é muito intensa. Diagnóstico e tratamento: é realizado através das características das lesões e pelo exame direto em raspados de pele. Trata-se com medicamentos de uso tópico e oral (ivermectina); Profilaxia: tratamento de doentes, limpeza do ambiente domiciliar e lavagem das roupas pessoas e de cama com água quente. Carrapatos Fazem parte do subfilo Chelicerara, classe Arachnida e subclasse Acari. Não possuem antenas e nem asas, possuem quelíceras e palpos. São obrigatórios e hematófagos e são distribuídos em, basicamente, duas famílias: Ixodidae e Argasidae. O gênero Amblyomma inclui as espécies mais importantes como parasitas do ser humano. As espécies A. sculptum (A. cajennense) e A. aureolatum transmitem a febre maculosa brasileira. Esta doença, consideradagrave e com alta taxa de mortalidade, é causada pela Rickettsia rickettsii e transmitida durante a picada do carrapato. Carrapatos do gênero Ixodes são vetores de Borrelia burgdorferi (agente etiológico da doença de Lyme) e da Babesia spp (agente causador da Basebiose). A família Argasidae inclui espécies de carrapatos relacionadas com a transmissão da febre recorrente, doença causada por bactérias do gênero Borrelia. Os carrapatos são importantes pois a sua picada pode causar dermatite ou paralisia. Durante a picada, a saliva inoculada, ocasiona uma resposta inflamatória no local, com edema e prurido. A paralisia está relaciona com a inoculação de substâncias tóxicas pelo carrapato. Pode ocorrer uma reação sistêmica com febre, dificuldade na respiração e deglutição. O ciclo de vida inclui quatro fases evolutivas: ovo, larva, ninfa e adultos. Tratamento: retirada mecânica do carrapato do local, uso de corticoides e anti-histamínicos. Profilaxia: utilização de roupas adequadas (calça comprida, botas e camisa de manga longa) e repelente. Em caso de infestação, realizar a remoção dos carrapatos o mais rápido possível para evitar a transmissão de doenças.
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