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TEXTO BASE Leila Lopes Medeiros Sergio Botelho do Amaral Educação a Distância Antes de começar... Estamos iniciando uma conversa que, na verdade, começou quando o homem inventou a escrita. Quando se tornou possível enviar o que escrevíamos a outras pessoas, a comunicação de ideias superou uma importante barreira: a da presencialidade. Descobrimos, então, que podíamos estabelecer um diálogo com alguém que, talvez, nunca chegássemos a conhecer pessoalmente. Podemos pensar, por exemplo, no que nos chega da antiguidade grega, das cartas de Platão. Uma vez que a troca de ideias está na base da construção do conhecimento humano, podemos concluir que aprendemos e ensinamos com o que escrevemos e lemos desde que construímos os meios para registrar e disseminar nossos registros. A invenção do papel, da imprensa e do correio criou, na história conhecida da humanidade, um cenário especialmente propício para que ideias circulassem e inspirassem novas descobertas e ampliassem sobremaneira nosso legado cultural. Criaram, igualmente, as condições para que a educação não se fizesse apenas através do contato direto com mestres, mas também pela disseminação de seu saber registrado nos livros e materiais escritos. Assim, podemos admitir que a educação a distância constitui uma prática secular que ganhou, com o tempo, contornos e especificidades condizentes com diferentes momentos e estruturas sociais. É importante refletir sobre o número de sábios, cientistas e pensadores das diversas áreas do conhecimento humano que se valeram dessa prática em algum momento de suas vidas e da contribuição que trouxe ao pensamento contemporâneo. Não é raro se examinar a correspondência de filósofos, cientistas, pensadores e inventores, e descobrir que em suas cartas foram discutidos e amadurecidos alguns dos princípios que constituem a base de nosso conhecimento e do pensamento científico de nosso tempo. Essa reflexão deve nos acompanhar nesse percurso, dedicado à reflexão sobre educação a distância, que iniciamos agora. EAD como começou? Diante do que vimos é importante perceber que há certa dificuldade em estabelecer um marco inaugural para a educação a distância, ou simplesmente EAD, como costuma ser denominada. Para começar, podemos lançar mão de um conceito. Em geral, conceitua-se a EAD por diferenciação do que se denomina ensino presencial. Esse último é usado para denominar o ensino que tem lugar nas instituições dedicadas à educação – as escolas, institutos e academias – nas quais professores e estudantes se reúnem, presencialmente, para realizar atividades direcionadas ao ensino e à aprendizagem, em geral estruturada e organizada em níveis de profundidade, ciclos, cursos e períodos. O ensino presencial constitui uma modalidade educacional que tem como principal característica, portanto, a presencialidade, o encontro presencial de quem estuda e quem aprende em um mesmo tempo, em um mesmo espaço físico. Por diferenciação, a modalidade de educação a distância – a EAD – constitui uma modalidade na qual o compartilhamento do tempo e do espaço físico não são necessários para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra. Professor e alunos podem realizar suas atividades sem um contato direto, mas mediado por algum tipo de tecnologia que possibilite a comunicação entre eles. Mediação e comunicação passam a constituir termos-chave para o entendimento da EAD. Se pensarmos no passado mais remoto, o papiro, a carta ou livro constituíam os suportes da escrita, a primeira forma de comunicação, de mediação entre mestres e estudantes. Quando se procura instituir um marco inaugural para a EAD, como modalidade estruturada para o ensino e a aprendizagem, é comum mencionar o chamado “ensino por correspondência”. É provável que você conheça alguém que aprendeu uma prática profissional em um curso por correspondência em um instituto dedicado a esse tipo de formação. Até hoje, muitos cursos desse tipo existem, ainda que contem com outros mecanismos, além do correio convencional. Hoje é difícil imaginar um processo educacional que se baseie exclusivamente no envio de materiais pelo correio. Sobretudo se considerarmos a dificuldade de estudar assuntos que exijam uma visualização mais detalhada de processos e a limitação à interação entre professores e estudantes – a dificuldade de contato entre os participantes –, pode-se pensar que o ensino por correspondência apresentava muitas restrições e exigia um grande esforço dos estudantes. À medida que a comunicação foi ganhando novas mídias – o rádio, o telefone, o fax, o cinema, o vídeo, e mais recentemente a Internet, a EAD foi lançando mão desses novos suportes e recursos e a experiência de estudar remotamente foi perdendo o caráter de educação menos valorizada, destinada àqueles que não podiam estudar presencialmente. Hoje a EAD constitui uma alternativa à educação presencial tanto em localidades afastadas dos grandes centros urbanos quanto nesses últimos, uma vez que mesmo nas grandes cidades, o tempo de deslocamento, a necessidade de conciliar trabalho e estudo e de constante atualização profissional são significativas. A principal característica da EAD atual é menos de solucionar a questão da distância do que de proporcionar maiores oportunidades de democratização do acesso à educação de qualidade, de atualização constante em um mundo de mudanças rápidas e de otimização do tempo dedicado a estudar. A possibilidade de estudar sem ter que estar constantemente em um lugar específico, a uma certa hora, e poder decidir a agenda de estudos em um período determinado, sem ser impedido de manter uma interação, uma vivência acadêmica virtual com colegas e professores têm trazido à EAD uma relevância especial no mundo contemporâneo. Muitos autores afirmam que estamos vivendo um momento muito especial para a EAD. Os números da EAD no Brasil e no mundo confirmam essa afirmação. Da mesma forma, a legislação específica e as políticas públicas brasileiras nesse setor demonstram a compreensão de que, sobretudo em um país com demanda educacional como o Brasil, a EAD, se bem estruturada, pode oferecer uma importante contribuição ao cenário educacional e profissional. Para que se possa fazer EAD com a qualidade que o país necessita e a população espera, é importante visualizar o que tem acontecido no mundo e no Brasil, a forma como os principais problemas vêm sendo enfrentados e as estratégias desenvolvidas para que a EAD se torne, cada vez mais, uma opção de qualidade para a educação, inclusive no ensino médio e superior. A EAD no mundo e no Brasil A seleção de eventos de um resumo histórico é sempre incompleta e passível de crítica. É importante deixar claro o tipo de visão que norteia a seleção realizada. Nesse caso, o que se procura é destacar de que modo determinações econômicas, políticas e culturais, sobretudo da aplicação da tecnologia disponível, têm se refletido na organização da EAD ao longo do tempo. Em seguida, destacar alguns marcos históricos reconhecidos na EAD no mundo e, em especial, no Brasil. Podemos iniciar reafirmando que história da EAD se confunde com a história das tecnologias de comunicação que ela incorporou ao longo do tempo. Sobre o espaço que se abriu com a escrita para comunicação e, posteriormente, para o ensino e a aprendizagem, assim se expressa Pierre Lévy: A escrita abriu um espaço de comunicação desconhecido pelas sociedades orais, no qual tornava-se possível tomar conhecimento de mensagens produzidas por pessoas que encontravam-se a milhares de quilômetros, ou mortas a séculos, ou então que se expressavam apesar de grandes diferenças culturais ou sociais. A partir daí, os atores da comunicação não dividiam mais necessariamente a mesma situação, não estavam mais em interaçãodireta. (LÉVY, 1999) A escrita constituiu, assim, a primeira tecnologia a serviço da EAD. E como se trata de uma modalidade de educação mediada, até hoje o texto escrito constitui a base das ações em EAD, mesmo que o texto impresso não seja seu suporte principal. As cartas de Platão e as epístolas de São Paulo são consideradas, por alguns historiadores, as primeiras referências para a futura EAD. Os primeiros movimentos organizados de EAD de que se tem registro, marcos do início de uma ação intencionalmente destinada a prover formação específica, datam do século XVIII, e utilizavam o serviço de correios já então existentes. O texto de um anúncio de jornal na cidade de Boston constitui a mais antiga notícia sobre oferta de educação a distância: Qualquer pessoa que queira estudar taquigrafia pode ter várias lições enviadas à sua casa semanalmente, e estará sendo tão bem instruída quanto uma pessoa que more em Boston. (apud DOBES, s.d.) O ensino por correspondência constituiu a primeira geração do que autores como Garrison (apud PETERS, 2001) denominam as três gerações da EAD, do ponto de vista da tecnologia exclusiva ou predominantemente utilizada. Na perspectiva dos autores, a primeira geração (textual), persistiu de 1850 até 1960, sendo caracterizada pelo uso predominante, mas não exclusivo do material impresso, enviado pelo correio. Ao longo do período, novos recursos começaram a ser incorporados, ainda que em menor escala. Da mesma forma, a cada geração subsequente, o uso predominante de outros recursos não corresponde ao abandono dos recursos da geração anterior. Uma segunda geração se consolida, a partir de 1960 até 1985, denominada geração analógica ou de teledifusão. Caracteriza-se pela incorporação da televisão, as fitas cassete de áudio e, posteriormente, as fitas de vídeo (videocassete) – a chamada tecnologia analógica. A partir do pós-guerra, como reflexo do florescimento da indústria da mídia, a radiodifusão e o uso intensivo de recursos tecnológicos analógicos marca essa geração da EAD. A partir de 1985 até nossos dias, predomina o uso do computador e das tecnologias de informática em diferentes níveis, associando, em diferentes medidas, os demais recursos, constituindo a terceira geração de EAD, a geração digital. Alguns autores fazem ainda uma distinção, destacando dentro da terceira uma quarta geração, dos computadores em rede, da Internet, dos ambientes virtuais de educação – os AVA. Sintetizando o que vimos, antes de prosseguir, construa, a partir do que leu, uma síntese da EAD, do ponto de vista da incorporação de recursos tecnológico complementado o quadro a seguir : Geração de EAD Recurso(s) tecnológico(s) utilizado(s) Primeira geração Segunda geração ou Terceira geração ou Você pode assistir também o vídeo “Gerações de Ensino a Distância”, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Y5HGdARsbKQ . É interessante notar que as gerações de EAD, bem como as tecnologias predominantemente empregadas, refletem o momento socioeconômico predominante e os arranjos produtivos vigentes. Para suscitar o interesse e o investimento público e privado, a primeira geração de EAD teve que ganhar escala. Inspirada pelos processos industriais e com objetivo de produzir e entregar, em larga escala, materiais impressos para estudo remoto, foi abandonando a ideia de um professor que distribui suas aulas, organizando cursos estruturados como o processo fabril e comercialmente viáveis. Peters usa a denominação ensino industrial e compara a sua produção à concepção fordista da divisão do trabalho: Nesse processo, o desenvolvimento dos cursos oferecidos por escrito antes do início do ensino propriamente dito adquiriu importância crescente, o que no processo de produção industrial correspondia ao planejamento do trabalho, feito por especialistas adequadamente qualificados. Onde até então os docentes realizavam o ensino literalmente utilizando sua força física, esse processo foi mecanizado (e, mais tarde automatizado). Se até então o ensino era altamente individualizado pela personalidade dos docentes, a partir daí ele foi padronizado, normalizado e formalizado. (PETERS, op. Cit.) Embora o planejamento detalhado, a previsão dos recursos e suportes envolvidos e o trabalho inter e transdisciplinar sejam imprescindíveis até hoje para a oferta estruturada de cursos em EAD, a concepção de ensino e de aprendizagem e a dinâmica da EAD são bastante distintas do que se propõe no ensino industrial. E foi esse esforço organizador, associado à paulatina incorporação de recursos tecnológicos e abordagens pedagógicas mais complexas que trouxe a EAD ao volume de utilização que hoje experimentamos. As necessidades de reconstrução socioeconômica do pós-guerra apontaram a EAD como ferramenta importante desse processo. Além disso, o período de guerra constituiu um excelente laboratório para técnicas e recursos a serem empregados na EAD. Também a necessidade de formação continuada para profissionais, derivada das crises da produção e do capital que marcaram as décadas de 1960 e 1970, reforçaram o valor da EAD, agora provida com novos recursos tecnológicos, diante da movimentação intensa de trabalhadores por um cenário profissional no qual profissões se extinguiam rapidamente, dando lugar a outras novas ocupações. Hoje, com a exacerbação da volatilidade do trabalho, da velocidade de alteração do saber humano e o surgimento constante de novas tecnologias, a incorporação das TIC à EAD abre novas perspectivas para a criação de desenhos didáticos inovadores, materiais multimidiáticos, e ambientes de interação e de cooperação para o acesso, a produção e a disseminação de conhecimentos, de modo a acompanhar o ritmo de nossa época. Ao longo do último século, em meio a tantas alterações, a mudança de maior impacto na EAD foi o uso educacional da Internet. Para marcar a trajetória de crescimento da oferta de EAD no mundo, podemos destacar como alguns marcos representativos: 1840 – Criação, no Reino Unido, das Faculdades Sir Isaac Pitman, que constituem a primeira escola por correspondência na Europa. 1881 – Oferta, pelo primeiro reitor e fundador da Universidade de Chicago, William Rainey Harper, de um bem-sucedido curso de Hebreu por correspondência. 1891 – Criação, na Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, do International Correspondence Institute, com um curso sobre medidas de segurança no trabalho de mineração. 1892 – Criação, na Universidade de Chicago, da Divisão de Ensino por Correspondência para preparação de docentes no Departamento de Extensão. 1894 – Oferta, na Universidade de Oxford, Reino Unido, de cursos por correspondência. 1922 – São computadas trezentas mil pessoas já estudando por correspondência na União Soviética, com o objetivo de expandir a oferta educacional. 1938 – Fundação, no Canadá, do Conselho Internacional para Educação por Correspondência (ICDE), objetivando a criação de ações internacionais para a oferta de programas em EAD. 1939 – Criação, na França, do Centro Nacional de Educação a Distância atendendo a 184 mil alunos. 1946 – Oferta dos primeiros cursos superiores em EAD pela Universidade da África do Sul. 1948 – Surge, na Noruega, a primeira legislação sobre escolas por correspondência. 1969 – Criação da Open University no Reino Unido, que se torna uma das mais importantes referências em EAD. 1970 – Criação, no Canadá, da Universidade de Athabasca, totalmente dedicada à EAD. 1972 – Criação da UNED – Universidade Nacional de Educação a Distância, na Espanha. 1974 – Criação da Fern Universität na Alemanha. 1977 – Criação da Universidade Nacional Aberta, na Venezuela. 1978 – Criação da Universidade Estadual a Distância de Costa Rica. 1979 – Criação da TV University System, naChina, com 530 mil alunos. 1983 – Criação, no Japão, da Universidade do Ar. 1985 – Criação da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi, na Índia. No Brasil, as primeiras ofertas de EAD, no início do século XX, são de iniciativa de instituições privadas estrangeiras. Marcada pela falta de continuidade dos programas, a EAD no Brasil teve como primeiras ações em grande escala, o uso da radiofonia e do cinema, além do ensino por correspondência. Podemos destacar os seguintes eventos: 1934 – Fundação da Rádio-Escola Municipal no Rio de Janeiro, posteriormente, Rádio MEC, por Roquette-Pinto. A iniciativa combinava programas radiofônicos com pequenos textos impressos. 1939 – Fundação do Instituto Rádio-Monitor, em São Paulo. 1941 – Fundação do Instituto Universal Brasileiro. 1947 – Início da Universidade do Ar, do SESC/SENAC. 1960 – Início do Movimento de Educação de Base (MEB), através do qual, Igreja e Governo Federal desenvolviam programação educativa através do rádio. 1970 – Início do Projeto Minerva, das Fundações Padre Landell de Moura e Padre Anchieta. 1970 – Início do Telecurso, pela Fundação Roberto Marinho, voltado ao ensino Fundamental e, posteriormente, Médio. 1992 – Criação da Universidade Aberta de Brasília. 2000 – Criação do Centro de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro – CEDERJ com o objetivo de oferecer cursos de graduação a distância, na modalidade semipresencial para todo o Estado do Rio de Janeiro 2006 – Criação da Universidade Aberta do Brasil, um consórcio de Universidades públicas para a oferta de educação superior. Legislação em EAD no Brasil No Brasil, a primeira menção da EAD na Legislação de Ensino ocorre em 1996, na LDB 9394/96. Seu artigo 80 foi totalmente dedicado a essa modalidade de ensino: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (LDB 9394/96, Capítulo V, título VIII) As bases legais estabelecidas pela lei foram regulamentadas pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos anteriores n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No decreto n°5.622, foram estabelecidas a obrigatoriedade de momentos presenciais para avaliação, estágios, defesas de trabalhos e conclusão de curso, a duração e a aplicabilidade aos diferentes níveis de ensino bem como define os critérios para transferência e aproveitamento de estudos. Classifica, também, os níveis de modalidades educacionais em educação básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos deverão ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial e poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em cursos presenciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados em cursos a distância. Regulariza, ainda, o credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na modalidade a distância (básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior). O Decreto Nº 5.800, de 8 de junho de 2006, cria o Consórcio Universidade Aberta do Brasil com os seguintes objetivos: I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica; II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento; IV - ampliar o acesso à educação superior pública; V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País; VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação. Esse decreto caracteriza ainda o polo presencial “como unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados”. As TIC – uma breve reflexão O uso de tecnologias como apoio ao ensino e à aprendizagem vem evoluindo vertiginosamente nos últimos anos, podendo trazer efetivas contribuições à educação, presencial ou a distância. Entretanto, para evitar ou superar o uso ingênuo dessas tecnologias, é fundamental conhecer as novas formas de aprender e de ensinar, bem como de produzir, comunicar e representar conhecimento, possibilitadas por esses recursos, que favoreçam a democracia e a integração social. (ALMEIDA e PRADO, 2005) Nas últimas décadas, a relação entre educação a distância e as tecnologias de informação e comunicação (TIC) se tornou tão visceral que muitas vezes até parece que a educação a distância surgiu após o advento dessas tecnologias. É quase certo que quem não conhece minimamente a trajetória da educação a distância acaba por considerar que ela só se faz, e sempre foi feita, por meio digital. Mas o que as TIC efetivamente nos trazem que chegamos a confundir seu surgimento com a própria EAD? Km por hora? Isso nos faz lembrar o que? Km = espaço e hora = tempo, certo? Velocidade então! As TIC alteram a relação entre espaço e tempo, alteram a velocidade em que se dão nossas relações a distância, sejam elas interpessoais ou com conteúdos de diversas naturezas. Isso pode nos explicar por que um país que se pretende economicamente desenvolvido deve ter, como pauta prioritária de discussão, o tamanho da banda larga disponível para todos. Ou seja, a velocidade do fluxo de comunicação entre pessoas e conteúdos que circula pelo país e com o mundo passa a ser um forte indicador de desenvolvimento. Para ajudar nossa compreensão: Seria possível, por exemplo, alguém se deslocar diariamente do município de Petrópolis para o município do Rio de Janeiro (68 km distantes um do outro) para trabalhar se locomovendo a pé, de bicicleta ou mesmo de carruagem? Certamente que não. No entanto, hoje é rotineiro esse deslocamento de centenas de pessoas, indo e vindo, retornando para suas casas após um dia de trabalho. Veículos, como ônibus, carros e até motos, tornam possível esse deslocamento diário. As TIC são veículos, rápidos veículos. Mas veículos, por mais rápidos que sejam, funcionam precariamente em estradas esburacadas e sem sinalização. E a viagem se torna desagradável e incerta sem uma boa infraestrutura de restaurantes e postos de gasolina e um plano de emergência para acidentes com equipes devidamente capacitadas, não é mesmo? Na educação a distância, seria diferente? Se as TIC são apenas velozes veículos de comunicação e circulação de informação, o que lhes garante, em um programa de aprendizagem a distância, o aproveitamento pleno de suas possibilidades? Vamos,então, conhecer alguns elementos que entendemos importantes para que o percurso sugerido por um programa de educação a distância seja seguro e garantido. Tipo de programa e equipes multidisciplinares O professor-autor. Sobretudo face aos recursos tecnológicos disponíveis, a EAD constitui uma atividade complexa, que envolve o trabalho de equipes multidisciplinares. Nessa modalidade, o material de estudos assume grande importância, já que ele constitui o eixo da mediação entre professor e aluno. Na sua base, se destaca a autoria do professor. O professor-autor, responsável pela elaboração do conteúdo, é aquele que fornece o material- base que permeará todas as demais ações de outros atores envolvidos no processo de construção do programa. O tipo de programa. Associando o conteúdo elaborado pelos professores-autores aos trabalhos das equipes multidisciplinares e ao uso das TIC, abrem-se novas e ricas oportunidades de acesso ao saber, de estudo e de construção de conhecimento. É o material de estudos que viabiliza a existência de cursos a distância estruturados, como os “cursos de estudo a distância típicos” (Moore apud PETTERS, 2001), que podem abranger grandes áreas geográficas e quantitativos de alunos. Distância transacional Tipo Exemplo MAIOR MENOR PROGRAMA DE ENSINO SEM DIÁLOGO E SEM ESTRUTURA LEITURA INDEPENDENTE COM BASE EM LEITURA PRÓPRIA PROGRAMA DE ENSINO SEM DIÁLOGO, MAS COM ESTRUTURA PROGRAMAS DIDÁTICOS NO RÁDIO E NA TELEVISÃO PROGRAMA DE ENSINO COM DIÁLOGO E COM ESTRUTURA CURSO DE ESTUDO A DISTÂNCIA TÍPICO PROGRAMA DE ENSINO COM DIÁLOGO, MAS SEM ESTRUTURA ASSISTÊNCIA TUTORIAL SEGUNDO CARL ROGERS Quadro da distância transacional (PETERS, 2001) É na categoria destacada no Quadro da distância transacional que se enquadram os cursos que serão a base de nosso estudo – programa de ensino com diálogo e estrutura. O ambiente virtual com espaços bem definidos, a disponibilização de material didático, as atividades sistematizadas, o cronograma, a avaliação e a terminalidade são alguns dos elementos que caracterizam a estrutura dos cursos. Já o diálogo se consolida por meio da mediação realizada pela tutoria e as interações que os recursos de comunicação possibilitam aos alunos. Ou seja, as TIC fortaleceram as possibilidades de diálogo imensamente. Uma pergunta: Podemos incluir, no âmbito do diálogo, o fluxo de comunicação que pode haver entre alunos e tutores com o grupo de suporte técnico e apoio administrativo? A equipe de desenvolvimento didático do curso. Vários nomes são encontrados para esse processo. Desenho instrucional, desenho didático, design instrucional, design didático são alguns deles. O que é importante saber é que é nesse momento que se concentram as grandes decisões metodológicas e estruturais, após a análise do conteúdo entregue pelo professor autor- conteudista. São escolhas que definem a forma didática com que os conteúdos serão apresentados a partir da proposta de maior ou menor estrutura e diálogo do programa. A equipe responsável pelo desenvolvimento didático do curso, além de conhecimentos relacionados à construção da aprendizagem, deve ter bastante desenvoltura no uso de mídias para a educação. A equipe de desenvolvimento e criação. É a equipe responsável pela criação e aplicação da identidade visual do programa e pela construção de possíveis objetos de aprendizagem, incluindo animações e ilustrações, a partir das orientações e roteirização apresentadas pela equipe de desenvolvimento didático. Elabora também todos os materiais a serem disponibilizados ao longo do programa dando-lhe organicidade visual. Os integrantes dessa equipe devem possuir conhecimentos em algumas linguagens de programação, ilustração, diagramação, entre outros. A equipe de tutoria. Em um programa que privilegie o diálogo, um sistema de tutoria é a base para que as interações necessárias sejam producentes na construção da aprendizagem. Dependendo da metodologia definida para o programa, a tutoria pode desenvolver o diálogo em maior ou menor nível. É a estrutura disponível para o diálogo e o grau de autonomia do tutor que irá possibilitar o estabelecimento dos vínculos entre o aluno e os materiais disponíveis no ambiente, além dos vínculos construídos entre os próprios alunos. Essencial para a atuação da tutoria é saber a respeito de estratégias de aprendizagem e como as ferramentas de comunicação e interação podem auxiliar na construção do conhecimento. Além da tutoria a distância, alguns programas, como os do CEDERJ, trabalham também com tutoria presencial com atribuições bem definidas. A equipe de tecnologia e suporte técnico. Responsável pela implementação e manutenção do ambiente de aprendizagem, bem como pela inclusão dos alunos nas respectivas turmas e envio de senhas de acesso. Solucionam diversas dificuldades que os alunos possam ter ao acessarem o ambiente ou as mídias disponíveis. Tornam tecnologicamente viáveis as ideias e proposições criadas pelas equipes de desenvolvimento didático e de criação. Conhecimento profundo de programação e implementação de ambientes virtuais são alguns dos principais quesitos dessa equipe. A equipe CEDERJ Para entendermos melhor o elenco de funções que atuam no Consórcio CEDERJ, é fundamental estudarmos o texto intitulado Funções e atribuições vinculadas ao Consórcio CEDERJ. Nele, podemos conhecer como é o trabalho de cada profissional envolvido na construção, coordenação e implementação dos programas do consórcio. O ambiente virtual de aprendizagem Um ambiente é um espaço no qual são reunidos elementos que lhe dão características específicas e função. Tais elementos podem ser de ordem material ou não. Um “ambiente de trabalho” reúne pessoas e recursos para o desenvolvimento de tarefas profissionais. Já quando pensamos em um “ambiente amistoso” entendemos que ali estão se manifestando sentimentos que regem as relações das pessoas – sentimentos amistosos. Material ou não, a noção de ambiente possui delimitações. Um ambiente virtual de aprendizagem reúne espaços de acesso a conteúdos e possibilidades de comunicação e interação que devem, por uma questão didática óbvia, facilitar a aprendizagem. Ambientes virtuais de aprendizagem que privilegiem as TIC acabam por oferecer possibilidades de inúmeras interações a distância nunca antes experimentadas. Interações em que o diálogo está no centro da aprendizagem. Um ambiente, seja presencial ou a distância, que promova encontros e conversas entre seus participantes, tendo como objetivo a aprendizagem, vai ao encontro do conceito de educação dialógica anunciada por Paulo Freire quando ele nos fala que: “... educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores, que buscam a significação dos significados.” (FREIRE, 1977) E acrescenta: "Não há intelegibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico." (FREIRE, 2001) Um ambiente virtual de aprendizagem, que tenha como base a promoção de uma educação dialógica e reflexiva, aproveita com adequação o fluxo de comunicação e interação que as inúmeras ferramentas virtuais oferecem. Algumas dessas ferramentas já são bem conhecidas, mas nem sempre sua aplicabilidade na construção da aprendizagem o é. Vamos apresentar aqui apenas algumas que podem ajudar nessa construção da aprendizagem. E-mail. Um ambiente virtual pode oferecer formas diferenciadas de envio de mensagens que chegam à caixa de e-mail pessoal do participante. Podem estar disponíveis formas de envio individual, coletiva ou que permitam selecionar apenas aqueles para quem se deseja encaminhar a mensagem. Alguns ambientes permitem, também, envio rápido de mensagensentre participantes, disponibilizadas diretamente na tela do ambiente quando o participante- destinatário faz o acesso. Fórum. Possibilitam a postagem de mensagens que podem ser lidas a qualquer momento, pois ficam sempre disponíveis para leitura e reflexão de forma assíncrona, ou seja, em um momento posterior ao do envio. Não é um espaço para questões de respostas objetivas tipo certo ou errado. Quando utilizado de forma dinâmica, o fórum se torna uma ferramenta poderosa na construção do “pensar certo” (FREIRE, 2001) que se manifesta por meio do diálogo e não da polêmica. Mais do que um espaço de discussão, o fórum é onde as conversas construtivas exploram a “significação dos significados” (FREIRE, 1977). Chat. É uma ferramenta síncrona que utiliza a escrita como meio de expressão, mas de forma menos formal que o fórum, onde a linguagem é mais reflexiva. Um chat é mais bem aproveitado quando há uma pauta bem definida que oriente a conversa e com uma mediação forte que não deixe escapar a diretriz da conversa. Pode ser considerado também um instrumento de socialização dos grupos, fator importante para que as interações se efetivem na construção de conhecimento. Quando temos consciência da importância da socialização para a apropriação feita pelos participantes do processo de aprendizagem, então temos no chat uma ferramenta poderosa, pedagogicamente integrada ao ambiente. Galeria. É um recurso em que os participantes podem colocar textos elaborados por eles mesmos ou frutos de pesquisa, dependendo da atividade proposta. Podem ser postados também arquivos de imagem, animação, vídeos, etc. Como recurso didático é importante no sentido de todos poderem ver as contribuições de todos e, em alguns casos, realizarem comentários. Pode ser um recurso importante de provocação para uma conversa de fórum. Teleconferência e videoconferência. Promove uma forma de comunicação síncrona – num mesmo momento – com a “presença” de todos quando um palestrante em algum ponto realiza uma apresentação a distância de algum conteúdo. Durante esse momento, mídias como vídeos, fotos e ilustrações poderão ser utilizadas como recursos de apoio à apresentação. A interação entre participantes e palestrante se dá via e-mail ao longo da apresentação e podem ser respondidas via a própria transmissão ou, posteriormente, por e- mail também. Wikispace. Alguns ambientes possibilitam a disponibilização desse recurso que permite a elaboração conjunta de textos e diferentes documentos, conforme o objetivo pedagógico. A comunicação ocorre de forma assíncrona e a relação entre os participantes se constrói a partir da edição que cada um vai realizando no documento que está sendo trabalhado. Blog. É outro recurso que pode ter uso pedagógico e que alguns ambientes virtuais de aprendizagem oferecem. Funciona como um diário virtual que serve para os participantes como um repositório de suas reflexões, seus pensamentos, suas experiências, suas atividades, etc. Pode ser um recurso recorrente no qual os participantes visualizam sua trajetória de forma mais abrangente, podendo ou não estar aberto a comentários. Hoje, ainda temos ferramentas de comunicação e interação disponíveis nas redes sociais, como twitter e facebook, cuja aplicabilidade em programas de ensino e aprendizagem ainda está sendo desenvolvida a partir de suas limitações e potencialidades. A aprendizagem colaborativa "Não existe esta coisa de homem feito por si mesmo. Somos formados por milhares de outros. Cada pessoa que alguma vez tenha feito um gesto bom por nós, ou dito uma palavra de encorajamento para nós, entrou na formação do nosso caráter e nossos pensamentos, tanto quanto do nosso sucesso." George Matthew Adams Aprendizagem colaborativa pressupõe um sentimento de grupo. Ou seja, a construção do conhecimento se realiza no encontro dos participantes em atividades que possam ser compartilhadas. Portanto, é producente toda atividade, seja ela baseada ou não nos conteúdos, que estabeleça vínculos não apenas individuais, mas coletivos. E mais ainda: em um ambiente dedicado a promover uma aprendizagem colaborativa, não há aquela figura que detém o conhecimento e age como provedor. Em ambientes colaborativos, quando há a mediação da tutoria, por exemplo, é importante que a atuação do tutor privilegie a inclusão de cada indivíduo como colaborador e coautor. Não podemos falar em aprendizagem colaborativa sem abordar a questão da coautoria. Qualquer metodologia que convoque os participantes para a colaboração deve considerá-los coparticipes do processo e, portanto, autores em potencial. Quando se consolida a percepção de que o espaço da coautoria está disponível – e deve ser ocupado por todos – então o sentimento de grupo-colaborador se fortalece. Além da questão da autoria, uma abordagem colaborativa aprofunda uma outra questão relevante que é a da autonomia. Parece óbvio, e talvez seja, falar sobre a importância da autonomia como base para a autoria. Mas quando mergulhamos no entendimento das possibilidades de aprendizagem colaborativa em um programa de educação a distância típico com estrutura e diálogo (programa de ensino com diálogo e estrutura), surgem paradoxos que precisam ser abordados com atenção. Em atividades estruturadas, com intencionalidades e prazos bem definidos, os participantes devem estar seguros e conscientes do grau de autonomia que possuem. O ambiente deve estar aberto para que os participantes se sintam à vontade para realizar suas contribuições, sejam elas originais ou referenciais. Alimentar o ambiente com conhecimento novo e transversal é uma atitude desejada e requerida em ambientes de colaboração. Ao mesmo tempo, devem reconhecer que essa autonomia é norteada pelos objetivos de cada atividade. Recuperar a objetividade, a intencionalidade pedagógica da atividade, é uma das atribuições da mediação em um processo colaborativo quando o próprio grupo não o faz. Na era do conhecimento, em que prevalece o pensamento complexo, entende-se que a produção de ideias não pode mais ter uma origem única, um sujeito exclusivo. A construção do conhecimento se dá na interação de sujeitos que se relacionam intensamente, com objetivos comuns e não limitantes. Daí surge um fazer também complexo entorno do qual processos e pessoas são agrupados para garantia de uma boa realização. A aprendizagem colaborativa busca atender a essa nova forma de apreender o mundo, criando ambientes que possibilitem o encontro dos saberes trazidos por cada indivíduo e gerando novos saberes. Aprender e criar passam a se entrelaçar numa velocidade que ainda nos impressionam. “Duas cabeças pensam melhor que uma”, diziam nossos avôs. Que já eram complexos e nós nem sabíamos. Pensando um pouco a seu respeito... Você sempre foi complexo e não sabia? Você se lembra de momentos em que participou de alguma atividade colaborativa? De construção em grupo? Foi bem-sucedida sua experiência? Se foi, por que foi? Se não foi, por que não foi? Você conseguiria fazer hoje uma análise a respeito do que travou o bom resultado desejado da experiência? Ou o que garantiu seu bom desenvolvimento? Faltou algo? Faça esse exercício e descobrirá que hoje você possui condições melhores de vislumbrar essa e outras experiências colaborativas que tenha tido ou que ainda terá. Bibliografia ALMEIDA, Maria Elisabeth B.. e PRADO, Maria Elizabette B. B. Integração tecnológica, linguagem e representação. Salto para o futuro. 2005. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2005/itlr/> Acesso em: 21 jul 2010. DOBES, Cantalícia E. I. . Educação superior a distância: uma experiência da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: www.inpeau.ufsc.br/coloquio03/Completos/IBARRA.doc . Acesso em: 2 jul 2009. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?. Rio de Janeiro, Paze Terra, 1977. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 18ª ed. São Paulo : Paz e Terra, 2001. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Unisinos, 2001. UNIFESP Virtual. Educação a Distância: Fundamentos e Guia Metodológico. Disponível em: http://www.virtual.epm.br/home/resenha.htm. Acesso em: 12 set 2009.
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