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FERIDAS

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ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ABORDAGEM E TRATAMENTO DE OSTOMIAS, 
FERIDAS E QUEIMADURAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO NO TRATAMENTO DE FERIDAS .............................. 7 
A HISTÓRIA ................................................................................................................ 7 
A EVOLUÇÃO ............................................................................................................. 9 
ÉTICA NO TRATAMENTO DE FERIDAS ................................................................. 10 
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ............................ 11 
ENFERMEIRO........................................................................................................... 12 
TÉCNICO DE ENFERMAGEM .................................................................................. 12 
AUXILIAR DE ENFERMAGEM.................................................................................. 12 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.................................................................................... 12 
PARECERES ............................................................................................................ 13 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE ....................................................................... 13 
EPIDERME ................................................................................................................ 14 
DERME ..................................................................................................................... 15 
TECIDO SUBCUTÂNEO ........................................................................................... 15 
CLASSIFICAÇÕES E DEFINIÇÕES ......................................................................... 15 
CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO ................................................................................... 16 
TECIDO NECRÓTICO .............................................................................................. 24 
TECIDO DE GRANULAÇÃO ..................................................................................... 24 
EPITELIZAÇÃO ......................................................................................................... 25 
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO ............................................................................. 28 
A FISIOLOGIA ........................................................................................................... 28 
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO ...................................................................................... 32 
COMPLICAÇÕES DA CICATRIZAÇÃO .................................................................... 34 
FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO ............................................... 34 
TABELA COMPARATIVA NECESSIDADES HÍDRICAS E ENERGÉTICAS ............. 36 
CARACTERÍSTICAS DE DIFERENCIAÇÃO DAS ÚLCERAS .................................. 38 
FORMAÇÃO DA ÚLCERA ........................................................................................ 39 
ÚLCERA VENOSA .................................................................................................... 39 
FISIOPATOLOGIA .................................................................................................... 42 
4 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ............................................................................... 42 
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS ............................................................................ 43 
ÚLCERA ARTERIAL ................................................................................................. 46 
CONDUTAS .............................................................................................................. 50 
TERAPIA ................................................................................................................... 50 
DOR .......................................................................................................................... 51 
ÚLCERA NEUROPÁTICA ......................................................................................... 51 
ÚLCERA NEUROPÁTICA NA HANSENÍASE ........................................................... 51 
ÚLCERA DIABÉTICA ................................................................................................ 52 
CLASSIFICAÇÕES DA PROFUNDIDADE E ISQUEMIA DA LESÃO DO PÉ 
DIABÉTICO ............................................................................................................... 56 
PÉ DE CHARCOT ..................................................................................................... 57 
GUIA DE DIFERENCIAÇÃO ..................................................................................... 59 
GUIA DE DIFERENCIAÇÃO DAS ÚLCERAS ........................................................... 59 
ÚLCERA DE PRESSÃO ............................................................................................ 60 
DEFINIÇÃO ............................................................................................................... 60 
PATOGÊNESE .......................................................................................................... 61 
ETIOLOGIA DAS ÚLCERAS DE DECÚBITO ........................................................... 63 
CLASSIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO ................................................... 63 
TRATAMENTO .......................................................................................................... 65 
CUIDADOS COM A PELE DO PACIENTE ............................................................... 66 
DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ..................................................................................... 66 
FERIDA INFECTADA ................................................................................................ 67 
DEFINIÇÕES............................................................................................................. 67 
A BACTÉRIA E A LESÃO ......................................................................................... 69 
PRESENÇA E TIPOS DE DRENAGEM .................................................................... 73 
A AVALIAÇÃO ........................................................................................................... 76 
TRATAMENTO DA FERIDA INFECTADA ................................................................ 77 
TRATAMENTO GERAL ............................................................................................. 78 
TRATAMENTO LOCAL ............................................................................................. 78 
COMEÇANDO A CUIDAR ......................................................................................... 79 
5 
 
IMPLICAÇÃO PSICOSSOCIAL ................................................................................. 79 
PELE ÍNTEGRA ........................................................................................................ 84 
PELE LESADA .......................................................................................................... 84 
PELE DESIDRATADA ............................................................................................... 84 
PELE MACERADA .................................................................................................... 85 
CICATRIZES ............................................................................................................. 86 
CELULITE/INFLAMAÇÃO ......................................................................................... 86 
DOCUMENTAR ......................................................................................................... 86 
TÉCNICA DE CURATIVO .........................................................................................
87 
10 TIPOS DE CURATIVOS ....................................................................................... 88 
VANTAGENS DO MEIO ÚMIDO ............................................................................... 89 
MATERIAL PARA CURATIVOS ................................................................................ 91 
ALGUNS PRODUTOS E TÉCNICAS UTILIZADAS EM CURATIVOS ...................... 95 
PVPI (POLIVINIL PIRRILIDONA - IODO) .................................................................. 96 
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO OUÁGUA OXIGENADA ........................................... 98 
SULFADIAZINA PRATA 1% ...................................................................................... 98 
CARVÃO ATIVADO COM PRATA .......................................................................... 100 
ALGINATO DE CÁLCIO .......................................................................................... 102 
ÁLCOOL .................................................................................................................. 104 
DESBRIDAMENTO OU DEBRIDAMENTO ............................................................. 104 
MÉTODO CIRÚRGICO ........................................................................................... 106 
MÉTODO MECÂNICO ............................................................................................ 106 
MÉTODOS QUÍMICOS ........................................................................................... 107 
HIDROGEL .............................................................................................................. 110 
CURATIVO COM GAZE .......................................................................................... 111 
MEDICAMENTOS FAVORÁVEIS À GRANULAÇÃO .............................................. 112 
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) ................................................................. 113 
CURATIVOS NATURAIS ........................................................................................ 133 
ARNICA ................................................................................................................... 134 
BABOSA .................................................................................................................. 135 
CALÊNDULA ........................................................................................................... 135 
6 
 
MAMÃO PAPAIA ..................................................................................................... 136 
AÇÚCAR – SACAROSE ......................................................................................... 138 
OSTOMAS .............................................................................................................. 139 
TIPOS DE OSTOMA ............................................................................................... 139 
QUEIMADOS........................................................................................................... 143 
REGRA DOS NOVE ................................................................................................ 146 
MÉTODO DO CURATIVO ....................................................................................... 148 
MEDICINA HIPERBÁRICA NO TRATAMENTO DE FERIDAS ............................... 151 
AÇÕES DA OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA .................................................... 151 
TIPOS DE CÂMARAS ............................................................................................. 152 
CAMARA MONOPLACE ......................................................................................... 152 
O TRATAMENTO .................................................................................................... 153 
INDICAÇÃO TERAPÊUTICA .................................................................................. 153 
CONTRAINDICAÇÕES ........................................................................................... 153 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................................................................ 154 
EVOLUÇÃO ............................................................................................................ 156 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 157 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO NO TRATAMENTO DE FERIDAS 
 
Para que possamos exercer a enfermagem, no âmbito do tratamento de feridas, 
não basta apenas conhecermos os novos produtos disponíveis nesta área ou as 
últimas descobertas científicas, é preciso conhecer o passado para que possamos 
criar um futuro de uma forma mais concreta e precisa. 
E para que possamos ilustrar esta evolução vamos apresentar, 
sistematicamente, algumas práticas naturais que, há vários milênios, vêm sendo 
utilizadas e que, muitas delas foram incorporadas a muitas tecnologias descobertas. 
 
A HISTÓRIA 
 
Os homens da pré-história utilizavam plantas e seus extratos como 
cataplasmas, para estancar hemorragias e umidificar as feridas abertas. Sendo o 
cataplasma um emplasto de substâncias preparadas com linhaça, massa de argila, 
farinha de mandioca ou fubá colocadas entre dois panos, com capacidade de 
absorção das toxinas da pele e para tratar hematomas. 
O Papiro de Edwins Smith foi a descoberta mais recente da história. Era 
chamado o Livro de feridas, continha tratados cirúrgicos e de clínica médica. 
Por volta de 2700 a.C. os egípcios utilizavam produtos que, hoje, denominamos 
“Fármacos da sujeira”, esses produtos eram derivados de produtos aparentemente 
absurdos como urina humana e outros, associados a orações e sacrifícios. Os 
médicos egípcios acreditavam que quanto mais a ferida supurava, mais rápida era a 
cicatrização. 
Foram os precursores do adesivo atual, com a descoberta da ligadura adesiva, 
que consistia em tiras de linho impregnado de goma. 
Os chineses em 2800 a.C. foram os primeiros a relatar o uso do mercúrio, os 
mexicanos e peruanos utilizavam o Mactellu como antissépticos para feridas. 
Quando falamos da civilização Grega, chegamos ao clássico A Ilíada, escrita 
por Homero (800 a.C) que descreve o tratamento de 147 feridos militares utilizando 
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práticas de cauterização de feridas com ferro quente. Nessa época a taxa de 
mortalidade era bastante elevada. 
Na era Cristã, Celsius (200 d.C): classificou tipos de ferida, definiu tratamentos, 
descreveu os sinais inflamatórios, técnicas de desbridamento e sutura. 
No período medieval, Galeno (século II d.C), que era médico do grande 
imperador Marco Aurélio, instaurou a teoria da secreção purulenta. Nessa teoria 
acreditava-se que a formação da secreção era fundamental para a cicatrização. 
Usava na sua terapêutica: 
• Água do mar, do mel, tinta de caneta e barro. 
• As lesões ulceradas eram ligadas com figos (que contêm Papaína). 
• Teia de aranha. 
 
Já os médicos árabes foram os inventores da ligadura de gesso. Chegando a 
era do Misticismo, temos a Teoria dos Miasmas, nesta teoria os corpos deviam ser 
incinerados e após, deveria ser feita a defumação do local com incenso. 
A igreja contribuiu, e muito, para a divulgação dessa teoria e proibiu a 
dissecação e métodos cirúrgicos impedindo a evolução das técnicas. Já Teodorico de 
Lucca e Henri de Mondeville utilizaram pensos embebidos em arnica e vinho (ação 
antisséptica). E observaram que havia diminuição da formação de secreção e 
aumento da cicatrização. 
Ao relembrarmos a história do tratamento de feridas não podemos nos 
esquecer de Hipócrates (300 a.C), considerado o pai da medicina moderna que foi o 
primeiro a implementar os princípios da assepsia, no tratamento das feridas. 
Não acreditava que a formação de pus fosse essencial para a cicatrização 
(teoria que existiu por séculos) e quando a ferida infeccionava, utilizava emplastos 
para drenagem
de secreção e que esta deveria ser lavada com água limpa. 
Fez uso de ervas medicinais, mel, leite e vinagre. Aconselhava desbridamentos 
e cauterizações. Avançando ainda mais na história, chegamos à Revolução Industrial, 
marco da história mundial. No século XVIII, alguns prisioneiros se dedicavam a 
confecção de pensos. Esses eram feitos de trapos velhos, estopa de linho e estopa 
(corda velha desfiada). 
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Os pensos eram utilizados e depois lavados e reutilizados, já que esse 
processo os tornava mais macios e absorventes. Com a revolução industrial 
aconteceu a mecanização desse processo de confecção. Infelizmente, com a 
evolução dos tempos começaram as guerras locais e mundiais. 
Com a guerra da Crimeia deu-se a introdução da pólvora no mundo ocidental. 
As feridas causadas por pólvora eram venenosas e era necessária a remoção da parte 
lesada (amputação) e para cauterizar o coto era utilizado óleo fervente. 
Entretanto nessa época houve uma grande escassez de óleo, o que possibilitou 
a substituição por gema de ovo e óleo de rosa, o que aumentou a taxa de sobrevida 
da população. 
 
A EVOLUÇÃO 
 
A partir deste século várias descobertas favoreceram para a melhoria do 
tratamento das feridas. Destacamos, brevemente, algumas evoluções principais que 
impeliram as novas descobertas atuais neste campo. 
• 1676: descoberta do microscópio. 
• 1752: primeiro passo na desinfecção química, por John Pringle, com o 
uso de ácidos minerais para prevenir e impedir a putrefação. 
• 1860 (Gangee): 1º curativo absorvente à base de algodão; 
• Em 1862: Pasteur concluiu que a putrefação era resultante da 
fermentação causada pelo crescimento dos microorganismos. Descobriu, ainda, que 
eles eram destruídos pela ação do calor. Apontou a falta de limpeza como causa da 
infecção, e que as pessoas que tratavam as feridas eram meio de transporte para 
esses microorganismos. 
• Em 1880: foi construída com êxito a primeira estufa, vindo permitir a 
esterilização pelo calor seco. Dois anos mais tarde surgiu a esterilização pelo vapor. 
• No final de 1840: Deu-se a utilização de antissépticos e a proteção da 
lesão com coberturas secas. Foi nesta fase que se descobriu o efeito antisséptico do 
Iodo, mercúrio e Alumínio, além da utilização do meio seco. 
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• Em 1890 e 1897: foram introduzidas luvas e máscaras, por Willian 
Hasteld e Johann Miculizz. 
• 1945: Bloom relata pela primeira vez o uso do filme transparente 
permeável ao vapor. 
• Após 1960 = descobertos os princípios de leito úmido e limpo para 
acelerar a cicatrização. Entre outras descobertas como: limpeza da ferida, 
aproximação das bordas por meio da sutura, controle da infecção. Sendo descobertas 
do antibiótico um dos maiores feitos desta época. 
• A partir de 1980 estudos em larga escala começaram a ser realizados 
nos Estados Unidos e em vários países da Europa, visando o aperfeiçoamento dos 
das técnicas para realização dos curativos. 
• Em 1982 as coberturas à base de Hidrocoloides são lançadas nos EUA 
e Europa, porém somente em 1990 chegaram ao Brasil com elevado custos 
dificultando o seu uso pela população brasileira. 
Apesar de todos esses avanços de tecnologias, produtos e técnicas para o 
desenvolvimento do tratamento de feridas, a incidência das úlceras crônicas em nosso 
meio ainda é bastante elevada. E embora várias descobertas já tenham sido feitas 
ainda existe muito a ser pesquisados e muitos mitos a serem quebrados para 
aperfeiçoar estes recursos. 
 
ÉTICA NO TRATAMENTO DE FERIDAS 
 
Como já vimos, com a evolução das tecnologias o tratamento de feridas vêm 
se tornando uma área cada vez mais específica e científica, exigindo do profissional 
constantes atualizações. 
Entretanto, não basta apenas o domínio do conhecimento técnico e científico, 
é necessário se priorizar àquele que recebe a nossa ação, que é o alvo do nosso 
conhecimento – o portador da lesão de pele. 
Ao pensarmos dessa forma é importante o conhecimento dos preceitos legais 
que regulamentam a nossa profissão e que nos darão o apoio necessário ao nosso 
cuidar, nos favorecendo e nos preparando para o ato ético. 
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Ética: do grego Ethos, Casa. Preocupa-se com os aspectos práticos da vida do 
indivíduo e da sociedade, tenta criar regras e normas de conduta para a atividade livre 
do ser humano. 
Direito: do Grego Directum, o que é reto (DANTAS, 2003). 
Imperícia: execução de uma função sem plena capacidade para tal. 
Imprudência: cometer um erro conscientemente. Conhece as regras e não as 
executa com perfeição. 
Negligência: saber como o trabalho deve ser feito e não fazer corretamente. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM 
 
 Capítulo I: Dos princípios fundamentais 
Art. 1°: A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser 
humano e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e 
reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos legais. 
Art. 4°: O profissional da enfermagem exerce suas atividades com justiça, 
competência, responsabilidade e honestidade. 
Art. 5°: O profissional de enfermagem presta assistência à saúde visando a 
promoção do ser humano como um todo. 
 
Capítulo II: Dos direitos 
Art. 7°: recusar-se a exercer atividades que não sejam de sua competência 
legal. 
Art. 14°: Atualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais. 
Capítulo III: Das responsabilidades 
Art. 16°: Assegurar ao cliente uma assistência de enfermagem livre de danos 
decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. 
 
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 
 
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ENFERMEIRO 
Lei nº 7.498/86 em seu Artigo 11, Alínea j: 
É privativo do enfermeiro: A prescrição da assistência de enfermagem. 
 
TÉCNICO DE ENFERMAGEM 
Lei 1498/1986, Artigo 10, Parágrafo II: 
Executar atividades de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas 
do enfermeiro e as referidas no artigo 9° deste decreto. 
 
AUXILIAR DE ENFERMAGEM 
Lei 7.498/1986, Artigo 11, Parágrafo III: 
Executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras 
atividades de enfermagem, tais como: Alínea c, fazer curativos. 
 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
O artigo 159 do Código Civil enuncia que "aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica 
obrigado a reparar o dano". 
 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DOS DIREITOS DO 
CONSUMIDOR 
Ser avisado, antes de comprar um produto ou utilizar um serviço, dos possíveis 
riscos que podem oferecer à sua saúde ou segurança. Quando for prejudicado, o 
consumidor tem o direito de ser indenizado por quem lhe prestou o serviço, inclusive 
por danos morais. 
O profissional liberal pode ser responsabilizado por algum dano que causou se 
sua culpa for provada (Art. 14, § 4º, CDC). 
As causas das falhas ou erros profissionais são: 
• Negligência; 
• Imprudência; 
• Imperícia. 
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PARECERES 
COREN-SP: Parecer (1998) sobre a prescrição de curativo e criação da 
comissão de curativos. Parecer (1999) sobre o desbridamento de feridas. 
COREN-MS: Parecer 001/2005, sobre o desbridamento de feridas. 
“O desbridamento cirúrgico pode ser realizado pelo enfermeiro, desde que não 
atinja tecido muscular e que não necessite de narcose ou anestesia. ” 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE 
 
 É o maior órgão do corpo humano, representando cerca de 15% do peso 
corporal total e apresenta grandes variações ao largo de sua extensão. 
 Suas funções são: 
 Sua principal função é revestir e proteger; 
 Auxiliar na manutenção da temperatura (termorregulação); 
 Percepção; 
 Metabolismo. 
 
São três as camadas da pele: 
 EPIDERME; 
 DERME; 
 TECIDO SUBCUTÂNEO. 
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FONTE: Disponível em: <www.theses.ulaval.ca>. 
 
EPIDERME 
 
Tecido avascular possui células dispostas em múltiplas
camadas. 
É nesta camada que encontramos os melanócitos, que são células 
responsáveis pela pigmentação da pele (melanina) e os queratinócitos responsáveis 
pela produção de queratina, que fornece resistência a atritos e variações de 
temperatura. 
A renovação da pele: A pele renova-se -se continuamente, as células nascem 
na camada basal e vão empurrando as células mais externas as até que estas 
desprendem-se da epiderme. 
 
http://www.theses.ulaval.ca/
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FONTE: Disponível em: <www.theses.ulaval.ca>. 
 
DERME 
 
Camada vascularizada possui uma rica rede nervosa. 
É nesta camada que encontramos os anexos da pele: glândulas sudoríparas, 
sebáceas e folículos pilosos. 
A derme contém muitos tipos diferentes de células, incluindo: fibroblastos e 
fibrócitos, macrófagos, mastócitos e leucócitos sanguíneos, particularmente: 
neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos. 
 
FONTE: Disponível em: <www.theses.ulaval.ca>. 
 
TECIDO SUBCUTÂNEO 
 
É vascularizada, possui tecido adiposo em sua constituição histológica 
envolvido na termorregulação, reserva nutricional e provisão de energia. 
 
CLASSIFICAÇÕES E DEFINIÇÕES 
 
FERIDA: É caracterizada pela perda da continuidade dos tecidos, podendo ser 
superficial ou profunda, que deve se fechar em até seis semanas. 
ÚLCERA: A FERIDA se torna uma úlcera após seis semanas de evolução sem 
intenção de cicatrizar. 
 
http://www.theses.ulaval.ca/
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CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO 
 
As lesões podem ser classificadas conforme: 
• Comprometimento tecidual. 
• Como foram produzidas. 
• Grau de contaminação. 
 
Comprometimento Tecidual 
 
• Quanto à localização anatômica; 
• Quanto ao tamanho, comprimento, largura, profundidade e formação de 
túneis; 
• Aspectos do leito da ferida e pele circunjacente; 
• Drenagem, cor e consistência; 
• Dor ou hipersensibilidade e temperatura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como Foram Produzidas 
 
CONTUSAS: produzidas por objeto rombo e caracterizadas por traumatismo 
das partes moles, hemorragia. 
 
 
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FONTE: Anjos do Norte 
 
INCISAS: produzidas por um instrumento cortante. Feridas limpas geralmente 
fechadas por sutura. 
 
 
FONTE: Anjos do Norte 
 
LACERADAS: com margens irregulares. 
 
 
FONTE: Anjos do Norte 
 
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 PERFURANTES: pequenas aberturas na pele. 
 
 
FONTE: Anjos do Norte 
 
GRAU DE CONTAMINAÇÃO 
 
 1. LIMPAS 
 
 
Sem presença de infecção. Lesão sem exsudato ou com pequena quantidade 
de exsudato de cor clara ou transparente. 
 
 
 
 
2. CONTAMINADAS 
 
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 Presença de bactérias e outros microorganismos, com presença transitória ao 
tecido, sem presença de infecção instalada. Não há sinais flogísticos. 
 
 
 
 3. INFECTADAS 
Presença e a multiplicação de bactéria e outros microorganismos associado a 
um quadro infeccioso já instalado, há presença dos sinais flogísticos. 
 
 
 
 Alguns Tipos de Lesões de Pele 
 
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1. MÁCULA: Lesão superficial, circunscrita, coloração marrom, azulada ou 
avermelhada. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
2. PÁPULA: Lesão sólida e elevada, plana ou encurvada e coloração 
variada. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
3. NÓDULO: Lesão sólida, superficial, circunscrita, chega a 0,5 cm de 
altura, não necessariamente faz relevo à superfície. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
http://www.iqb.es/
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4. VESÍCULA: Coleção de fluidos claros, podendo tornar-se turvo ou 
hemorrágico, circunscrita à superfície da pele, com diâmetro médio de 0,5 cm. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
5. BOLHA: Lesão circunscrita, com coleção de líquido claro, com diâmetro 
maior que 1cm. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
 
6. PÚSTULA: Coleção de leucócitos, circunscrita à superfície da pele e de 
tamanho variado. 
http://www.iqb.es/
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FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
7. ESCAMAS: excesso de células epidérmicas mortas ou por alterações 
inflamatórias. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
8. PLACA: Lesão sólida, elevada, diâmetro superior a 1cm. 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
9. CROSTAS: Lesão formada por uma coleção de soro, sangue ou pus, 
que junto aos restos epiteliais, desidrata a superfície da pele. 
 
 
http://www.iqb.es/
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FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
10. FISSURAS: São fendas cutâneas, formato linear que podem acometer 
a epiderme e derme. 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
11. ATROFIA: Depressão ocasionada pela falta de nutrição e oxigenação 
das células. 
 
FONTE: Disponível em: <www.iqb.es>. 
 
Classificação Quanto ao Tipo de Tecido 
 
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TECIDO NECRÓTICO 
Restrito a uma área – isquemia, redução da circulação, tecido não viável. 
Pode ser caracterizada por liquefação e ou coagulação produzido por enzimas 
que acarretam a degradação dos tecidos isquêmicos, se diferenciam pela coloração 
e consistência. 
• ESCARA: de coloração marrom ou preta, é descrita como uma capa de 
consistência dura e seca 
• ESFACELO: de cor amarelada ou cinza; descrita de consistência 
mucoide e macia; pode ser frouxo ou firme a sua aderência no leito da ferida; formado 
por fibrina (concentração de proteína). E fragmentos celulares 
 
ESCARA ESFACELO 
 
 
 
TECIDO DE GRANULAÇÃO 
 Aumento da vascularização é um tecido de cor vermelho vivo. 
 
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25 
 
 
EPITELIZAÇÃO 
 
 Redução da vascularização e um aumento do colágeno, contração da ferida. 
 
Tecido róseo. 
 
 
Classificação Quanto ao Exsudato 
 
SECA: Fundo pálido, gaze seca gruda na ferida com pequena hemorragia, para 
a repitelização. 
 
 
ÚMIDA: Fundo brilhante de cor vermelho vivo, a gaze fica por 24 horas úmida. 
Tem borda ativa 
24 
26 
 
 
MUITO EXSUDATIVA: Vermelho vivo, tecido próximo umedecido, gaze troca 
no período de 24 horas. Borda lesionada e ou macerada. 
 
 
 
Alguns Tipos de Úlceras 
 
• Úlceras de estase: Ocorre geralmente por: varizes, trombose venosa, 
insuficiência valvular. 
Características: Não tem necrose, não é isquêmica, tem um hiperpigmentação, 
com edema no tornozelo e possui uma atrofia branca na pele. 
 
• Úlceras tropicais: 
Ex.: Leishmaniose: mucosa e cartilagem. 
Incubação: 1 a 3 meses 
25 
27 
 
 
 
• Úlceras arteriais: 
Característica: Edema, ausência de pulso arterial, não possui pelos devido a 
danos causados em órgãos anexos da pele, apresenta alteração de temperatura do 
órgão lesado. 
 
• Úlceras mistas: Presença de lesão venosa e arterial associadas. 
 
• Úlceras neuropáticas: Presença de lesão em terminações nervosas 
periféricas, principalmente em membros inferiores. 
 
• Úlceras diabéticas: 
Característica: Ferida contaminada apresenta desidrose – estase com hipóxia, 
ressecamento dá área circunjacente. 
 
• Úlcera por pressão: 
É o tipo mais comum de úlcera, encontrada em larga escala nas unidades de 
internação hospitalar e domiciliar. Além de ser uma enfermidade cutânea é 
considerado, também, um indicador de qualidade da assistência de enfermagem. 
É caracterizada por uma área localizada de perda de
pele e dos tecidos 
subcutâneos causadas por pressão, tração, fricção ou de uma combinação desses 
fatores. 
 
28 
 
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO 
 
Quando pensamos em injúria tecidual, seja de qual for o tamanho e proporção, 
pensamos logo na forma como ela vai cicatrizar. E existem diversas formas de 
pensamentos e tratamentos quando falamos em cicatrização. 
Há, ainda, quem defenda o meio seco como forma de acelerar o processo 
cicatricial, mesmo existindo diversos estudos e pesquisas provando as inúmeras 
vantagens do meio úmido sobre o meio seco. 
Se entendermos a fisiologia da cicatrização, veremos que uma lesão irá 
cicatrizar tanto se mantivermos o meio seco quanto o meio úmido. O que irá fazer a 
diferença é o tempo somado à quantidade de energia que o organismo irá gastar para 
fechar a lesão. 
Ou seja, quem faz a cicatrização acontecer não são os profissionais envolvidos 
na execução de um curativo, nem tampouco os produtos utilizados para isso. Ambos 
podem acelerar ou atrasar esse processo, mas quem executa a ação é o organismo 
do portador da lesão. 
Nós podemos ajudar ou atrapalhar. Depende do nosso conhecimento, da 
técnica e dos produtos que usamos em cada situação. 
 
A FISIOLOGIA 
 
A fisiologia da cicatrização nada mais é que uma cascata de eventos celulares 
e moleculares, que envolvem processos bioquímicos e fisiológicos, sendo esses 
dinâmicos e simultâneos. 
Esse processo é desencadeado por qualquer perda tecidual, podendo essa 
perda ser variável, vem daí a definição do grau da lesão. 
O processo de cicatrização tem por objetivo único, restabelecer a integridade 
da pele. 
E para isso o organismo usa de diversos meios para alcançar esse objetivo. 
Alguns autores classificam e dividem a fisiologia da cicatrização em três 
estágios sendo eles: inflamatório, proliferativo e remodelação (maturação). Outros em 
29 
 
cinco estágios: coagulação, inflamação, proliferação, contração da ferida e 
remodelação (maturação). 
 
FASE INFLAMATÓRIA 
 
 A função desta fase é o controle do sangramento e a limpeza da lesão, girando 
em torno de três dias. 
Tem início imediato com o surgimento da ferida, é totalmente dependente da 
atividade plaquetária e da cascata de coagulação, e da liberação de alguns produtos, 
como substâncias vasoativas, algumas proteínas, fatores de crescimento, proteases 
etc. 
A primeira coisa que acontece quando se tem a ruptura do tecido, é uma 
vasoconstrição local, na tentativa de estancar o sangramento, além disso, fluem para 
a ferida as plaquetas, para auxiliar no processo de hemostasia. 
Outra reação que acontece nesta fase é a vasodilatação, ocorrendo com isso 
um aumento do fluxo sanguíneo para o local da lesão. E esse aumento da irrigação 
promove a ruborização e o aumento da temperatura local, presente em muitas feridas. 
Existe, portanto, uma reação inflamatória local e essa reação ativa os 
mecanismos de defesa do corpo. 
Células presentes nessa fase: 
• Macrófagos; 
• Linfócitos; 
• Neutrófilos; 
• Mastócitos; 
• Plaquetas, dentre outras. 
30 
 
 
 
 
FASE PROLIFERATIVA 
 
 Ocorre por volta do 2º ou 3º dia pós-trauma e tem duração média de 3 a 24 
dias. 
Nessa fase as células locais formam o tecido de granulação, os miofibroblastos 
agem promovendo a contração da ferida, juntamente com os fibroblastos. Durante o 
fechamento, há o processo de angiogênese, que permitirá a necessária oferta de 
oxigênio e nutrientes, permitindo a atividade dos fibroblastos. As células epiteliais nas 
margens da ferida proliferam e migram pela superfície, repondo a perda celular, 
formando as camadas da epiderme. 
Sendo assim dividimos essa fase, didaticamente, em três subfases: 
1ª - Reepitelização: acontece pela migração dos queratinócitos das margens 
da ferida. Essa migração, o movimento desses queratinócitos é determinado pelo 
conteúdo de água no leito da ferida, da umidade. 
2ª - Fibroplasia: é a formação da matriz, que é uma coleção de elementos 
celulares como fibroblastos, fibronectina, colágeno, dentre outros. Essa matriz é a 
base para a formação do tecido de granulação. 
3ª - Angiogênese: como todo processo de reparação exige um gasto grande de 
energia existe a necessidade de um aumento no aporte sanguíneo para o local da 
lesão. Esse aumento circulatório se dá pela formação de novos vasos sanguíneos, ou 
seja, a neo angiogênese. 
 
29 
31 
 
Em resumo: 
A epitelização é feita pela migração de células endoteliais que vão da periferia 
para o leito da ferida. Esse processo é realizado sobre o tecido de granulação, 
enquanto a ferida se contrai em média 20% a 60% seu tamanho e só acontece em 
meio úmido. 
 
FASE DE MATURAÇÃO 
Há diminuição da vascularização e da força de contração. Nessa fase o tecido 
é remodelado, a quantidade de fibroblastos diminui e as fibras de colágeno se 
orientam aumentando a força tênsil. 
Segundo Meneghin (2003), a força tênsil também cresce na linha da ferida, 
após três semanas, 20% da força original do tecido, cinco semanas depois 40%, ao 
final de oito semanas, 70%, sendo, entretanto, que a força original jamais será 
alcançada ou recuperada. 
O tecido de granulação muda de avermelhado para branco pálido, 
vascularizado. 
Isso se dá devido a dois processos que ocorrem de forma simultânea que é a 
síntese de tecido, realizada pelos fibroblastos e a lise do colágeno, coordenada pela 
colagenase. Esta fase dura de 20 dias a 1 ano. 
 
FASE PROLIFERATIVA FASE DE MATURAÇÃO 
 
 
 
32 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.eerp.usp.br>. Acesso em: 05 jul. 2010. 
 
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
 
 CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO: 
• Incisão limpa em que as bordas estão aproximadas; 
• Existe pouca perda de tecido; 
• Pouco ou nenhum exsudato. 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.eerp.usp.br>. Acesso em: 05 jul. 2010. 
 
 CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO: 
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
33 
 
• É aquela que permanece aberta; 
• Onde existe uma perda significante de tecido e onde as fases de 
cicatrização são bastante marcadas; 
• Resposta inflamatória bastante evidente, com necessidade maior de 
tecido de granulação, com epitelização visível; 
• Há necessidade de um grande fortalecimento e um grande processo de 
contração. 
 
FONTE: Disponível em: <www.eerp.usp.br>. Acesso em: 05 jul. 2010. 
 
CICATRIZAÇÃO POR TERCEIRA INTENÇÃO: 
• Ferida que fica aberta por um tempo determinado; 
• Ela ficará aberta só enquanto estiver com uma infecção real e depois 
fechará. 
 
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
http://www.eerp.usp.br/
34 
 
 
 
COMPLICAÇÕES DA CICATRIZAÇÃO 
 
 Infecção: drenagem, borda hemorrágica. 
 Deiscência: separação das camadas (3 a 11 dias após a lesão). 
 Evisceração: protusão dos órgãos. 
 Fístula: comunicação anormal entre dois órgãos e superfície do corpo. 
 
FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO 
 
Como visto, a cicatrização é um complexo processo biológico dependente de 
vários fatores. Portanto, existem fatores que interferem no processo de cicatrização a 
partir do seu fisiológico, outros que acometem o biológico do indivíduo a partir do seu 
psicológico. Sendo assim, podemos classificar os fatores que interferem na 
cicatrização em BIOPSICOSSOCIAL. 
 
PSICOSSOCIAL 
 
Sendo a nossa pele o maior órgão do corpo humano podemos considerá-la, 
além de barreira protetora o nosso “cartão-postal”, sendo a primeira coisa observada 
e vista em todos os indivíduos. 
35 
 
Atualmente, com a evolução da medicina estão se aperfeiçoando meios cada 
vez mais avançados de tratamentos estéticos, comprovando, mais uma vez, a 
importância estética da pele. 
Se olharmos a pele também pelo ângulo da estética, qualquer tipo de
lesão 
nela encontrada é causa de intenso desconforto para quem a possui. E esse 
desconforto é evidenciado pela baixa autoestima que em muitas vezes possam levar 
o indivíduo à depressão. 
A baixa autoestima, a depressão, dentre outros problemas pode levar a pessoa 
a diminuir a produção de inúmeras substâncias endógenas, que auxiliam ou são 
responsáveis pelo processo de cicatrização. 
 
PERFUSÃO E OXIGENAÇÃO 
 
 Durante todo processo de cicatrização existe um consumo de oxigênio, sendo 
a pressão média de oxigênio (PO2) necessária para a proliferação e síntese do 
colágeno é de 40 mmHg. Em situações que essa pressão se torna menor ocorre 
diminuição da proliferação e síntese de colágeno e diminuição da resistência a 
infecções. 
Assim sendo, pacientes anêmicos são mais suscetíveis a um retardo na 
cicatrização devido a uma diminuição no transporte de oxigênio, ocasionado por uma 
deficiência ou incapacidade das hemácias em transportar este importante 
componente da cicatrização. 
Portanto, é importante na cicatrização o aumento no suporte de oxigênio para 
acelerar o processo. 
 
NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO 
 
 A nutrição e a hidratação têm uma tarefa fundamental na manutenção da 
integridade dos tecidos e na promoção dos processos de reparação de todas as 
lesões cutâneas, o que enfatiza a importância de uma equipe multiprofissional para 
que o tratamento do paciente portador de uma lesão seja eficaz. 
 
36 
 
 
A NUTRIÇÃO 
 
Citamos alguns elementos nutricionais fundamentais para o reparo tecidual de 
uma lesão: 
 
As proteínas previnem infecções e participam na síntese do colágeno, 
fibroblastos e na angiogênese. 
As calorias dão sustentação a todos os processos, a sua maior necessidade 
é em relação aos pacientes acamados, pois previnem a degradação das proteínas, e 
é a principal fonte de energia para os leucócitos e fibroblastos, por isso, o processo 
de cicatrização requer gasto de energia. 
A Vitamina C é um cofator na síntese de colágeno, além de possuir ação 
antioxidante. Já a Vitamina A proporciona resposta inflamatória local e migração 
epitelial, auxilia na diferenciação celular na epitelização. E a vitamina E estimula a 
fibroplasia e age como cofator da síntese do colágeno. 
O complexo B é importante para a junção das fibras de colágeno durante a 
fase de maturação. O ferro e o zinco são cofatores na formação de colágeno e na 
síntese de proteínas; 
 
A HIDRATAÇÃO 
 
O nosso corpo é constituído de 70% de água que é utilizada para a manutenção 
da volêmica, da temperatura corporal, dentre outras funções. 
A sua redução, quando falamos no tratamento de feridas, causa diminuição do 
volume circulante e consequente hipotensão arterial. Aumenta o edema dos tecidos, 
além de reduzir a difusão do oxigênio e dos nutrientes às células. 
 
TABELA COMPARATIVA NECESSIDADES HÍDRICAS E ENERGÉTICAS 
 
 
37 
 
 PELE NORMAL ÚLCERA 
Água (ml/kg/dia) 25 50-100 
Energia (Kcal/kg/dia) 25-30 50 
Proteína (g/Kg/dia) 0.7 1-2. 5 
 
INFECÇÃO 
 
Como vimos, a fase inflamatória, primeira fase do processo, é onde acontece, 
além da hemostasia, a limpeza da lesão pelas células de defesa. 
Sendo assim, na presença de infecção as células de defesa trabalham em 
maior número, necessitam de uma maior demanda metabólica e gasto energético o 
que prolonga a duração desta fase e retarda o processo de cicatrização. 
 
MEDICAMENTOS 
 
Algumas terapêuticas medicamentosas interferem diretamente no processo 
cicatricial, devendo ser levadas em consideração no momento em que for instituído o 
plano de cuidados de cada paciente. 
O corticosteroide inibe a proliferação epitelial e migração de neutrófilos e 
macrófagos. Já os anti-inflamatórios reduzem a síntese do colágeno e inibem a 
contração da ferida diminuindo a velocidade de epitelização. Os imunossupressores 
aumentam a suscetibilidade à infecção e diminui a produção de neutrófilos. 
 
IDADE 
 
O envelhecimento causa a diminuição da quimiotaxia e da ação das células de 
defesa; acarretando uma diminuição da resposta frente às agressões externas. 
 
38 
 
Quando falamos no processo de cicatrização do idoso, devemos ressaltar que 
há diminuição da taxa de divisão celular e na síntese do colágeno e a capacidade de 
contração é mais lenta porque há baixa oferta de oxigenação pelos vasos capilares, 
prejudicando a atividade dos fibroblastos, lentificando e interferindo na resposta 
cicatricial. 
 
EXTENSÃO E LOCALIZAÇÃO DA FERIDA 
 
Quanto ao tamanho da área lesionada deve-se considerar a extensão e a 
profundidade que foi acometido o tecido, pois quanto maior for a extensão e 
profundidade maior a probabilidade de infecção e o tempo de cicatrização. 
Em relação à localização anatômica em que se encontra a lesão, o fator 
agravante ao processo de cicatrização são as particularidades de cada região como 
as articulações, cabeça, pescoço e regiões abdominais, pois há um maior volume de 
irrigação sanguínea e drenagem nessas áreas que interferem na escolha do 
tratamento a ser utilizado, necessitando previamente de uma avaliação criteriosa do 
Enfermeiro. 
 
MOBILIDADE DO PACIENTE 
 
Os pacientes que possuem o autocuidado prejudicado e déficit em se 
movimentar no leito possuem maior probabilidade de desenvolver lesão de pele 
devido à pressão e compressão da microcirculação dificultando a nutrição e 
oxigenação celular e dificultando o fluxo arteriovenoso e linfático de um ou mais 
membros. 
 
CARACTERÍSTICAS DE DIFERENCIAÇÃO DAS ÚLCERAS 
 
Conforme definido anteriormente a úlcera cutânea é uma lesão de pele 
caracterizada por uma perda de substância dermo-hipodérmica que não mostra 
39 
 
nenhuma tendência a cicatrizar-se em até seis semanas por uma alteração da 
homeostase vascular. 
Citamos diversos tipos de úlcera, dentre eles estão: úlceras por pressão, 
encontradas nos ambientes hospitalares e nas internações domiciliares; as úlceras 
tropicais, muito encontradas em nosso país, e as úlceras de perna, sejam elas 
venosas arteriais ou mistas. As úlceras de pernas constituem um sério problema 
médico e socioeconômico, elas podem ocorrer na faixa etária de 20 a 40 anos. 
Pesquisas da OMS revelam que a frequência dessas úlceras é equivalente à do 
câncer e diabetes. 
• Nos EUA a percentagem é de 0,3 % da população geral. 
• Na Dinamarca é de 3,9%, e na Inglaterra é de 0,4%. 
• No Brasil, estima-se que gire em torno de 3,0% (2 milhões de pacientes). 
• As úlceras de perna são, sem dúvida, um importante fator de morbidade, 
com grande repercussão socioeconômica. 
Sendo assim, apresentamos, alguns tipos de úlceras, suas características e 
definições, prevenção e tratamento. 
 
FORMAÇÃO DA ÚLCERA 
• Isquemia tecidual; 
• Espessamento das fibras musculares; 
• Comprometimento arterial; 
• Necrose do tecido gorduroso; 
• Formação de fibrina nos vasos capilares. 
 
ÚLCERA VENOSA 
A função da veia é levar o sangue de retorno ao coração, após ter cumprido a 
função de trocas metabólicas e térmicas ao nível dos tecidos. No sistema venoso 
existem três sistemas de veias diferentes em posições anatômicas e funções, sendo 
esses sistemas denominados: superficial, profundo e perfurante. 
As veias desses sistemas possuem inúmeras válvulas, que servem para 
direcionar a corrente sanguínea impedindo seu refluxo. Este fluxo tem que vencer, 
 
40 
 
além da pressão positiva abdominal, a ação da gravidade que se exerce, 
intensamente sobre os membros inferiores. 
Quando essas válvulas estão comprometidas, vários sinais começam a ser 
observados decorrentes de um fenômeno chamado ESTASE VENOSA. 
 
FONTE: Manual Merck. 
 
ESTASE VENOSA: é um dano crônico ou agudo do fluxo de sangue das 
pernas que resulta em aumento da pressão hidrostática capilar e consequentemente 
a hipertensão venosa, que pode levar a ruptura da pele.
42 
41 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www. sbacvrj.com.br>. 
 
FATORES PREDISPONENTES 
• Hereditariedade; 
• Idade; 
• Sexo; 
• Obesidade; 
• Postura predominante de trabalho; 
• Varizes. 
 
 
FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
VARIZES: 
http://www/
42 
 
É a dilatação de uma veia transportadora do retorno venoso. 
 
FISIOPATOLOGIA 
O processo de retorno venoso ao coração é feito pelas válvulas, que impedem 
que o refluxo sanguíneo de volta à periferia. Quando elas apresentam problema no 
seu funcionamento o sangue reverte seu curso, voltando para baixo, enfraquecendo 
a veia. 
O sangue venoso, pobre em oxigênio e nutrientes, permanece nos tecidos 
causando dilatações, edema e impedindo que o sangue arterial nutra os tecidos. 
Esses necrosam, dando origem a eczemas e úlceras. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Geralmente localizada na região maleolar medial, por ser a área de 
maior hipertensão venosa e além de haver perfurantes insuficientes ao nível de 
tornozelo. 
• Abaulamento do tornozelo quando as pernas estão ligeiramente 
pendentes; 
• Descoloração no tornozelo; 
• Edema de tornozelo e pé, não depressível; 
• Pulsos presentes; 
• Pode estar presente uma lipodermatoesclerose (regiões 
esbranquiçadas, próximas à lesão); 
 Dermatite venosa (hiperpigmentação); 
 Exsudato purulento em 80% das úlceras; 
 Incidência elevada de erisipela, devido ao comprometimento, da rede 
linfática; 
 Não há claudicação; 
 Desconforto moderado devido à úlcera aliviado por elevação. 
 Úlceras superficiais com bordas irregulares em fase de evolução. 
 
43 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS 
 
Edema, Atrofia branca (lipodermatoesclerose) e Hiperpigmentação. 
 
 
FONTE: UNIVERSITY ERLANDEN, dia/mês/ano. 
 
 EDEMA: primeiro sinal de insuficiência vascular circulatória (IVC); inicialmente 
a parede dos vasos sofre alterações em sua estrutura por alteração do oxigênio; em 
sua fisiologia ocorre um desequilíbrio entre filtração e absorção. 
O edema se reduz com a elevação do membro completamente, erroneamente 
se faz a elevação apenas dos pés apoiados em travesseiros que mascarram a 
45 
44 
 
terapêutica empregada dificultando o retorno venoso e ainda o mais grave, o fluxo 
arterial. 
ATROFIA BRANCA/ LIPODERMATOESCLEROSE: em consequência à 
dificuldade do retorno venoso temos a hipertensão venosa crônica, que na veia sadia 
há referências literárias que em repouso a pressão vascular é de 0 mmHg esta que 
se altera com o deambular ou o indivíduo em pé. Essa hipertensão causa um dano 
venoso e intersticial, não ocorrendo formação de novos capilares intralesional e 
consequentemente a atrofia, derrmo epidérmica, caracterizando a borda com 
manchas angiomatosas ou de pigmentação. 
 HIPERPIGMENTAÇÃO: Ocorre a perda de caráter laminar do fluxo e a 
diminuição da permeabilidade capilar, consequentemente temos a aglutinação das 
hemácias e diapedese das hemácias no interstício (tecidos), com a deposição da 
hemosiderina (resultado final do metabolismo do ferro) e o aumento dos melanócitos 
aparecem alguns micros trombos, caracterizando as manchas escuras e pontos de 
pigmentação em meio à atrofia branca. 
 
Anamnese e Histórico 
• Patologia familiar de caráter hereditário; 
• Estilo de vida e condição particular; 
• Doença, intervenções, trauma pregresso; 
• História da formação da úlcera; 
• Diabetes; 
• Varizes em membros inferiores; 
• Dislipidemias; 
• Doenças cardiovascolares. 
 
CONDUTAS: 
 
1- Avaliação da lesão quanto ao seu aspecto físico: localização, 
profundidade, bordas, leito, exsudato e mensuração e dor. 
45 
 
2- DOR: de característica peculiar às lesões isquêmicas em sua menor 
intensidade, considerando todo o histórico do cliente e da lesão quanto à umidade da 
lesão e da cobertura utilizada, da presença de infecção e estase venosa. O tratamento 
farmacológico antes da realização do curativo auxilia a adesão ao tratamento e reduz 
o fator stress do cliente, tornando o procedimento menos traumático e humano. 
3- Aplicação da compressão do membro inferior pode ser de três tipos: 
bandagem de curto estiramento ou inelástico indicado apenas para as pessoas que 
deambulam, pode ser obtida pela Bota de Unna. 
4- Bandagens de longo estiramento ou elásticas, não são as mais utilizadas 
no Brasil devido ao seu custo e ao clima em que vivemos, são de compressão contínua 
mesmo com o membro elevado e durante vários dias. 
5- Meias-calças elásticas são poucas usadas pela não praticidade aos 
idosos e necessitam de uma cobertura primária e devem ser substituídas por no 
máximo seis meses. 
 
 
 
6- Consultar uma equipe multiprofissional clínico, intervencionista e 
cirúrgico, para tratar a causa, a consequência e a reabilitação da insuficiência vascular 
circulatória e manter um cuidador constantemente orientado sobre o prognóstico, 
tratamento e o tempo que estas úlceras levam para melhorar e ou cicatrizar. 
 
 
47 
46 
 
ÚLCERA ARTERIAL 
 
 
A lesão do sistema vascular periférico inclui também a lesão de artérias em 
suas diferentes estruturas anatômicas, sejam elas as pequenas, médias e as grandes, 
superficiais ou profundas, e ainda estão relacionadas com as condições biológicas do 
ser humano e das condições culturais quanto aos hábitos alimentares e sociais, 
quanto ao sedentarismo na população adulto e jovem. 
 
CARACTERÍSTICA: 
A lesão arterial periférica é descrita em várias referências literárias como um 
acúmulo de gordura na parede das artérias (aterosclerose) e pelo endurecimento 
desta por processos degenerativos (arteriosclerose) acometidos por doenças crônicas 
degenerativas (Diabetes e Hipertensão Arterial sistêmica). 
Essa lesão é progressiva, inicialmente ocorre uma redução de fluxo ocorrendo 
a isquemia, e consequentemente se não corrigido a causa, ocorre a obstrução do vaso 
de pequeno a grosso calibre com a perda total de tecidos por necrose e ou gangrena. 
Com característica de ser uma lesão de membros inferiores que denominamos como 
Úlcera de Perna, com sinais clínicos iniciais que vai de uma simples arterite de 
pequenos vasos a uma obstrução parcial ou total de um grande vaso comprometendo 
todo um membro e até a vida deste indivíduo. 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
47 
 
PATOGÊNESE: 
• Embolia cardíaca; 
• Vasculopatia periferica obstrutiva; 
• Inativação do mecanismo arteriolar e capilar de compensação; 
• Aumento da resistência periférica; 
• Redução do fluxo hemático > 50%; 
• Vasculopatia inflamatória. 
 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
Características clínicas 
• Claudicação intermitente aliviada pelo repouso; 
• Dor noturna, aliviada por uma posição pendente; 
• Dor em repouso, no ponto da úlcera; 
• Pés frios e unhas dos pés espessadas; 
• Pulsos ausentes ou diminuídos; 
• Atrofia cutânea (fina e lustrosa); 
• Perda de pelos da extremidade inferior; 
• Rubor quando pendente; 
• Palidez por elevação; 
49 
48 
 
• Possível gangrena. 
 
Fatores predisponentes 
• Tabagismo; 
• Hiperlipidemia; 
• Diabetes Mellitus; 
• Hipertensão. 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
 
Localização da úlcera 
• Cabeças das falanges; 
• Calcanhar; 
• Maléolo lateral; 
• Pré-tibial; 
• Extremidades dos dedos do pé ou entre os dedos do pé. 
 
50 
49 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
CARACTERÍSTICAS DA ÚLCERA: 
 
 
 
 Pálida com bordas regulares (como se cortado com uma forma); 
 Leito da ferida pálido, ressecado; 
 Mínima secreção; 
 Aparência de perfuração; 
 Poderá não ter sangramento; 

Poderá apresentar tecido necrótico negro; 
 Área perilesional pálida; 
 Pequenas quantidades de tecido de granulação pálido. 
 
50 
 
FONTE: UNIVERSITY ERLANDEN. 
 
O QUE INVESTIGAR? 
• Pés frios; 
• Pulsos ausentes ou diminuídos; 
• Atrofia cutânea (fina e lustrosa); 
• Perda de pelos da extremidade inferior; 
• Rubor quando pendente; 
• Palidez por elevação; Unha dos pés espessa; 
• Possível gangrena. 
 
CONDUTAS 
• Tratar causa subjacente (cirurgia ou farmacoterapia); melhorar perfusão 
tecidual; 
• Decidir cuidadosamente quanto ao método de desbridamento, a 
GANGRENA seca atua como uma capa protetora. Devido à redução do fluxo 
sanguíneo; 
• Prevenção do trauma e infecção. 
 
TERAPIA 
• Terapia farmacológica; 
• Terapia angioradiológica; 
• Terapia cirúrgica; 
• Terapia contra a dor. 
 
51 
 
FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
DOR 
 
Sinais físicos 
• Modificação da pressão arterial; 
• Mudança na frequência cardíaca e respiratória; 
• Modificações tróficas; 
• Sintomas neurológicos. 
 
Sinais visíveis 
• Modificação na posição corporal; 
• Expressão do rosto e da voz; 
• Mudança no estado emocional; 
• Anorexia, insônia e etc. 
 
ÚLCERA NEUROPÁTICA 
 
 As úlceras neuropáticas são lesões de pele bastante comuns e que têm 
incidência elevada na nossa população. São decorrentes, principalmente, da falta de 
sensibilidade local que leva às deformidades e consequentemente à formação de 
lesões de pele. 
Dentre as úlceras neuropáticas, a mais comum e a mais conhecida, é o pé 
diabético, encontrado em larga escala nas Unidades Básicas de Saúde e que acomete 
uma grande parcela da população idosa do País. 
Outra neuropatia bastante conhecida é a causada pela Hanseníase, também 
comumente encontrada nos Postos de saúde de todo Brasil, e com grande incidência 
no estado do Mato Grosso do Sul. 
 
ÚLCERA NEUROPÁTICA NA HANSENÍASE 
 
 
52 
 
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução lenta e duração bastante 
longa, é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, também 
conhecida por Bacilo de Hansen. 
 Essa doença atinge principalmente a pele e as extremidades do corpo, sendo 
uma das suas principais características comprometimento dos nervos periféricos, o 
que acarreta diminuição ou perda de sensibilidade nos membros, além do 
comprometimento dos filetes nervosos e alguns anexos da pele, como os folículos 
pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas. 
 
Patogênese da úlcera neuropática na hanseníase 
 
O comprometimento dos nervos periféricos leva à diminuição da sensibilidade 
nos membros, o que pode levar a formação de úlceras, principalmente nos pés, tanto 
por trauma, uma vez que o indivíduo pode machucar-se sem sentir, quanto por 
pressão ou fricção dos pés dentro do próprio calçado. 
 
ÚLCERA DIABÉTICA 
 
O Diabetes Mellitus é uma doença que acomete grande parte da população 
idosa no Brasil, sendo considerada, juntamente com a hipertensão arterial, a doença 
crônica de maior repercussão socioeconômica no nosso meio. 
Além de todos os sintomas já conhecidos, causados pelo Diabetes 
descompensado, outro agravante que, atualmente preocupa as autoridades em saúde 
são as úlceras de pé, que acometem alguns portadores dessa patologia. Essas 
úlceras são decorrentes de alterações neurológicas associadas, geralmente a um 
quadro infeccioso. 
O surgimento dessa úlcera acontece de duas maneiras: 
 
1. Por perda de sensibilidade: 
2. Por doença vascular. 
 
 
53 
 
1. PERDA DA SENSIBILIDADE: 
 
A constante hiperglicemia pode afetar os nervos periféricos das pernas e, 
principalmente dos pés, o que leva a perda da sensibilidade tanto tátil, quanto térmica 
e dolorosa, deixando o pé suscetível a traumas químicos, térmicos e mecânicos. 
 
2. DOENÇA VASCULAR: 
 
O paciente diabético tem uma maior propensão às doenças do coração e à 
hipertensão arterial, uma vez que a glicemia aumentada por um tempo prolongado 
leva ao endurecimento e ao estreitamento das artérias e arteríolas. Além dessas 
patologias, temos também, as vasculopatias periféricas, que é o comprometimento 
dos vasos periféricos. 
Esse comprometimento leva a alguns sinais clínicos característicos, em seu 
portador sendo: 
• Pé frio, cianótico, em alguns casos e com a pele fina; 
• Unhas deformadas e com presença de fungos, na maioria dos casos; 
• Pulsos finos e diminuídos, dentre outros. 
No caso dos pacientes diabéticos, podem aparecer lesões nos nervos por 
comprometimento arterial, o que acarreta diminuição do aporte sanguíneo àquele 
nervo levando- o à isquemia e consequentemente à diminuição da sensibilidade, já 
citada anteriormente. 
 
Características dos pés: 
• Pulsos usualmente presentes; 
• Pés frescos ou mornos; 
• Ausência de dores (por vezes) devido à neuropatia; 
• A pele das extremidades inferiores é seca com rachaduras/fissuras nos 
pés; 
• Micoses nas unhas dos pés. 
 
54 
 
Características da úlcera: 
• Profundas, podendo apresentas túneis; 
• Pálidas, com bordas uniformes; 
• Pode estar presente tecido de granulação; 
• Pode existir calosidade ao redor; 
• Localizada geralmente nos pés (área plantar), sendo as áreas mais 
comuns as cabeças dos metatarsos e os pontos de pressão. 
 
 
 
ESCALA DE RISCO: Sistema de Classificação de Meggitt – Wagner 
 
 
 
GRAU/DEFINIÇÃO INTERVENÇÃO 
CLASSIFICAÇÃO DA PROFUNDIDADE 
0 – Neuropatia Ausente 
Pé “sob risco”: úlcera pregressa ou 
neuropatia com deformidade, que podem 
causar uma nova úlcera. 
Orientação do paciente, exames periódicos, 
calçados e solas internas apropriados. 
Avaliação anual. 
1 – Neuropatia presente Úlcera superficial 
sem infecção. 
Redução da pressão externa: fôrma 
moldada de contato total, imobilização para 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
55 
 
caminhar, calçados especiais, etc. Avaliação 
semestral. 
2- Neuropatia presente e/ou 
deformidades, proeminências e/ou 
isquemia: 
Úlcera profunda com exposição de um 
tendão ou articulação (com ou sem infecção 
superficial). 
Desbridamento cirúrgico, cuidados com a 
ferida, redução da pressão se a lesão fechar 
e passar ao grau 1 (antibióticos se 
necessário). 
Avaliação trimestral por equipe 
especializada. 
3- Úlcera e/ou amputação 
Úlcera extensa com exposição de osso e/ou 
infecção profunda, ou seja, osteomielite ou 
abcesso. 
Desbridamentos cirúrgicos, amputação dos 
dedos ou de parte do pé, antibióticos, 
redução da pressão se a ferida passar para 
o grau 1. 
Avaliação 1 a 3 meses 
 por equipe especializada. 
4- Gangrena da parte externa do pé Avaliação e reconstrução vasculares, 
amputação parcial do pé. 
5- Gangrena total do pé Avaliação vascular, amputação ampla da 
extremidade com possível reconstrução 
vascular proximal. 
 
 
ESCALA DE RISCO: 
 
 Grau 0: pé em risco; 
 Grau 01: úlcera superficial não infectada clinicamente; 
 Grau 02: úlcera mais profunda, frequentemente infectada, sem osteomielite; 
 Grau 03: úlcera mais profunda, formação de abscesso, osteomielite; 
 Grau 04: gangrena localizada (dedo, parte dianteira do pé ou calcanhar); 
 Grau 05: gangrena de todo o pé. 
 
56 
 
 
 
CLASSIFICAÇÕES DA PROFUNDIDADE E ISQUEMIA DA LESÃO DO PÉ 
DIABÉTICO 
 
 
57 
 
PÉ DE CHARCOT 
 
 Os sintomas incluem temperatura cutânea elevada, hiperemia, edema, as 
vezes dor, ausência de lesões na pele e de sinais radiológicos. Traumas precipitantes, 
tais como distensão ou torção do tornozelo ou tropeço em degrau, são comuns nos 
relatos dos pacientes. A progressão é rápida, com fragmentação óssea e destruição 
das articulações visíveis aos raios X, acompanhada de exuberante reação periósteo. 
 
Perguntas a serem feitas: 
• Quando percebeu a ferida? 
• Alguma secreção, cor, odor? 
• Algum corpo
estranho? 
• Usam sempre sapatos? 
• Faz controle da glicose sempre? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
FONTE: Foto: M. Massulo. 
 
9 
58 
 
 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
Condições do paciente: 
• Verificar os sapatos e as meias, quanto a cerzidos e furos; 
• Examinar ambos os pés e pernas comparando a aparência da pele e 
alterações; 
• Examinar a pele, verificar se está seca, rachada ou com cor alterada; 
• Examinar os pulsos e presença de deformidades nos pés. 
 
Orientações ao paciente: 
• Verificar os pés diariamente; 
• Lavar e secar os pés, hidratar até a perna; 
• Verificar a temperatura da água antes do banho; 
• Cuidado com as unhas, corte em quadrado; 
• Verifique os calçados quanto à presença de corpos estranhos; 
• Nunca ande descalço, não corte calosidades ou calos. 
 
CALÇADOS ADEQUADOS: 
 
O sapato não deve ser muito apertado nem muito folgado; a sua parte interna 
deve ser de 1 a 2 cm maior do que o próprio pé; a largura interna do sapato deve ser 
igual à do pé tomando como referência a face lateral das articulações dos metatarsos, 
e a altura com espaço suficiente para os dedos. Os calçados devem ser 
experimentados com o paciente em pé, de preferência no final do dia. Se ficarem muito 
apertados devido às deformidades ou se há sinais de pressão anormal do pé, como 
hiperemia, calos, ulceração, a prescrição e confecção de palminhas ou órteses, 
sapatos especiais devem ser efetuados. 
 
 
59 
 
GUIA DE DIFERENCIAÇÃO 
 
 ARTERIAL VENOSA LINFÁTICA NEUROPÁTICA 
 
PELE 
Seca, inelástica, 
sem pelos, fria. 
Úmida. Úmida, translúcida, 
friável. 
Sensível, inelástica, 
pálida. 61 
 
 
EDEMA 
Localizado na 
primeira fase. Ou 
sempre mais 
acentuado, na fase 
de descompensação 
da lesão. 
Difuso, na perna e pé 
e, se crônico, é 
endurecido. 
 
Sempre presente. Presente. 
 
DISCROMIA 
Acentuada. Presente. Com 
prevalência na face 
anteromedial, de cor 
marrom violeta. 
Acentuada. Acentuada. 
 Pequena, poco 
secernente, 
Dimensão variável, 
mas 
Pequena, múltiplas, 
com 
Pequena, pouco 
profunda, fundo róseo. 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
GUIA DE DIFERENCIAÇÃO DAS ÚLCERAS 
 
 
 
 
60 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
ÚLCERA DE PRESSÃO 
 
 A expectativa de vida da população brasileira, segundo a OMS, tem 
aumentado substancialmente nas últimas décadas, e com isso aumentou-se também 
o número e o tempo das internações hospitalares causadas pelas doenças crônico-
degenerativas, como o diabetes e a hipertensão, além de outras doenças como 
pneumonias. 
Infelizmente, com esse aumento do tempo de internação e associado às 
inúmeras patologias decorrentes da idade e de vários outros fatores, encontramos um 
problema comum em quase todos os hospitais do país, bem como nas internações 
domiciliares, a ÚLCERA DE PRESSÃO, também chamadas de úlcera de decúbito. 
 
DEFINIÇÃO 
 
61 
 
Área localizada de perda de pele e dos tecidos subcutâneos causados por 
pressão, tração, fricção ou de uma combinação destes fatores. 
FATORES DESENCADEANTES: 
1. INTERNOS: 
• Doença e estado do paciente; 
• Desnutrição; 
• Idade; 
• Mobilidade; 
• Incontinência urinária e fecal. 
 
 
 
2. EXTERNOS 
• Pressão; 
• Fricção; 
• Cisalhamento. 
Sendo assim, os indivíduos mais propensos à formação desse tipo de lesão de 
pele são aqueles com alterações na mobilidade, alterações sensoriais e da circulação 
periférica, alteração do nível de consciência, disfunção de esfíncteres, desnutridos e 
imunodeprimidos. 
 
PATOGÊNESE 
 O nosso organismo precisa de energia e nutrientes para manter a vida, da 
mesma forma o nosso tecido precisa de nutrientes e oxigênio para se manter vivo. 
 
62 
 
Qualquer injúria ou alteração que acarrete interrupção desse suprimento de energia 
pode levar ao sofrimento tecidual e consequentemente morte das células. 
 
No caso da úlcera de pressão, a isquemia é causada pela pressão das partes 
duras do corpo, as proeminências ósseas, no tecido muscular. Essa pressão leva a 
uma diminuição ou um bloqueio da circulação arterial, que é responsável pelo 
fornecimento de nutrientes e oxigênio, com isso existe a formação de uma área 
isquêmica e por consequência, a morte das células e o aparecimento da úlcera de 
pressão. 
 
Causas da hipóxia 
• Compressão; 
• Obstrução Redução fluxo arterial; sanguíneo 
 
• Estase venosa e linfática; 
• Déficit da Isquemia; 
• Microcirculação; 
• Congestão venosa; 
• Trombose venosa; 
• Necrose. 
 
 
 
63 
 
FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
ETIOLOGIA DAS ÚLCERAS DE DECÚBITO 
 
A) SUPERFÍCIES DE APOIO E COMPRESSÃO 
 
B) POSICIONAMENTO 
 
• Pressão; 
• Atrito; 
• Cisalhamento; 
• Umidade. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO 
 
ESTÁGIO 1: neste estágio a pele ainda está integra, entretanto, existem 
algumas alterações que são indicativas de isquemia, tais como; mudança na 
temperatura local (seja calor ou frio), mudança na consistência do tecido, podendo 
aparecer desde áreas amolecidas ou endurecidas, ao edema. Além dessas alterações 
pode aparecer também uma área avermelhada, chamada eritema, que não 
desaparece depois de retirada a pressão. 
 
 ESTÁGIO 2: já neste estágio existe perda de tecido. A úlcera ainda é 
superficial, atingindo epiderme e derme. E pode apresentar-se como abrasão, uma 
espécie de queimadura, bolha ou uma cratera rasa. 
64 
 
 
 
ESTÁGIO 3: temos a perda de todas as camadas da pele, sendo a epiderme, 
derme e tecido subcutâneo, podendo ter ou não tecido necrótico. 
 
 
 
ESTÁGIO 4: é o último estágio, além da perda de todas as camadas da pele, 
existe ainda comprometimento do tecido muscular, ósseo, ligamentos, tendões, com 
o aparecimento de crateras e túneis. 
 
 
 
 
6
7
 
65 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
TRATAMENTO 
 
AVALIAÇÃO DOS RISCOS: 
 
O tratamento da úlcera de pressão se baseia, primeiramente, na avaliação dos 
riscos. Essa avaliação pode ser feita de diversas maneiras, uma delas é a utilização 
das escalas de risco, aqui citamos como exemplo a escala de avaliação de NORTON. 
NORTON: Parâmetros de Avaliação 
• Condição geral; 
• Estado mental; 
• Atividade; 
• Mobilização; 
• Incontinência. 
 
 
66 
 
CUIDADOS COM A PELE DO PACIENTE 
 
 Avaliar e inspecionar a pele do paciente constantemente, mantendo-a seca e 
hidratada. 
 
DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO 
 
• Manter o paciente, quando acamado, em colchão de ar; 
• Mudar de decúbito a cada duas horas, mesmo em colchão de ar e outros; 
• Evitar lesões por cisalhamento, mantendo cabeceira elevada a < 30°; 
• Manter proeminências ósseas afastadas do contato mútuo; 
• Elevar calcanhares. 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
PROIBIDO 
Luvas de procedimentos com ar ou água e rodilhas (almofadas com orifício) de 
ar ou de ataduras. Essas são falsas medidas de diminuição de pressão que se 
utilizadas constantemente, acabam por aumentar ainda mais a área de isquemia 
piorando o quadro do paciente. 
 
67 
 
EXISTEM DIVERSOS MÉTODOS PARA REDUZIR A PRESSÃO DE APOIO E 
QUE SE ADAPTAM AOS DIVERSOS MOMENTOS DO PACIENTE. MAS NINGUÉM 
PODE SUBSTITUIR A INTERVENÇÃO HUMANA E A MUDANÇA HABITUAL DE 
DECÚBITO. 
 
FERIDA INFECTADA 
 A infecção é a complicação mais comum das lesões de pele crônicas e, pode 
ser considerada a mais grave e importante complicação, uma vez que pode deixar de 
ser local para se tornar sistêmica o que implica em uso de antibioticoterapia
sistêmica, 
muitas vezes endovenosa, o que requer internação em ambiente hospitalar causando 
estresse ao paciente e familiares, e aumentando, consequentemente, o tempo de 
tratamento desta lesão além dos custos com medicamentos e curativos. 
Dessa forma é importante lembrar que toda lesão de pele pode torna-se 
infectada se não houver a atenção e um cuidado terapêutico adequado, o qual deve 
partir de avaliações criteriosas e diárias das condições de pele de cada paciente, 
evitando complicações sistêmicas que podem evoluir desde uma simples perda de 
tecido até o óbito do paciente. Salientando e afirmando que o exame físico realizado 
em equipe pelos profissionais da enfermagem e a sistematização da assistência pelo 
Enfermeiro é de suma importância e primordial na prevenção e tratamento de lesão 
de pele. 
 
DEFINIÇÕES 
 
• Contaminação: Presença de bactéria sem multiplicação. 
 
 
68 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
• Colonização: Multiplicação bacteriana sem que haja, entretanto, 
qualquer reação do organismo a esses patógenos. Presente em todas as feridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
73 
74 
69 
 
 
• Infecção: Deposição e multiplicação de microorganismos no tecido com 
reação imunológica do hospedeiro a esses patógenos. 
 
Relembrando a primeira fase da cicatrização, a fase inflamatória, é importante 
que o profissional saiba diferenciar um processo inflamatório do processo infeccioso, 
por meio do exame clínico e laboratorial de cada lesão. 
 
A BACTÉRIA E A LESÃO 
 
Não existe uma úlcera crônica estéril. Em uma única ferida podemos encontrar 
diversas bactérias, entretanto, isto não significa que a úlcera esteja infectada. 
A infecção causa várias reações de estruturas anatômicas e funcionais do 
indivíduo, alterações estas localizadas e sistêmicas que clinicamente identificam o 
início do processo infeccioso. 
 
 
 FONTE: E. RICCI, et al. Atualização do tratamento local das úlceras, 1999. 
 
Sistêmico 
• Mudança de temperatura: Hipertermia (sinal precoce) e Hipotermia (sinal 
tardio de infecção severa). 
75 
 
70 
 
• Taquicardia. 
• Hiperventilação. 
• Dor (dependente sensibilidade do local afetado). 
• Desorientação e obnubilação. 
• Intolerância à glicose. 
• Maior consumo metabólico e um aumento da necessidade hídrica. 
• Anemia mais frequente. 
 
 
 Evidências clínicas de infecção 
• Piora da ferida. 
• Aumento de exsudação. 
• Secreção purulenta. 
• Celulite (rubor, calor, tumor, dor). 
• Odor intenso e não usual. 
• Aumento da dor. 
• Mudança no tecido de granulação. 
• Celulite (rubor, calor, tumor, dor). 
 
 
 
76 
71 
 
 
Fatores que potencialmente causam infecção: 
• Tipo de ferida. 
• Profundidade. 
• Localização. 
• Nível de perfusão tecidual. 
• Tecido desvitalizado e/ou material necrótico. 
• Estadia pré-operatória prolongada e tempo de cirurgia (p/ pacientes 
cirúrgicos). 
• Presença de corpo estranho. 
• Eficácia antimicrobiana. 
• Infecção remota. 
 
 
 
72 
 
 
 
Fatores sistêmicos que facilitam a infecção: 
• Doença vascular. 
• Edema. 
• Cirurgia / Radiação. 
• Incompetência imunitária. 
• Alcoolismo. 
• Deficiência nutricional. 
• Doença crônica. 
• Uso de corticoides, quimioterápicos. 
• Isquemia ou hipóxia. 
• Hipotermia. 
• Tabagismo. 
• Corpos estranhos na ferida (suturas, sujidades p. ex.). 
 
 
 
 
 
73 
 
 
PRESENÇA E TIPOS DE DRENAGEM 
 
 Exsudatos: 
 São fluidos extravasados dos vasos sanguíneos, material proveniente de 
células mortas de dentro ou redor da ferida, fatores de crescimento e da divisão da 
matriz extracelular. E ainda quando o microrganismo presente na lesão é degradado 
e seu derivado compõe esta exsudação, são esses que definem a coloração desta 
secreção. Seus aspectos podem ser: 
• Seroso. 
• Sanguinolento. 
• Purulento. 
• Fibrinoso. 
• Reação mista. 
 
1- Seroso: é caracterizado por uma intensa liberação de quantidade de 
líquido com baixo conteúdo proteico e origina-se do soro sanguíneo. Presente na fase 
inflamatória aguda, tem aspecto fino, aguado e claro. É encontrado no estágio inicial 
da infecção bacteriana. 
 Sanguinolento: é decorrente de lesões com ruptura de vasos. Aspecto fino, 
vermelho e brilhante. E ainda temos o ser sanguinolento que apresenta os seguintes 
aspectos: uma cor pálida avermelhada, aguada. Mistura de seroso com 
sanguinolento. Pode ser descrito como padrões mistos que ocorrem em muitas 
inflamações. 
2- Purulento: é um líquido composto por células e proteínas produzidas 
por um processo inflamatório asséptico ou séptico. Aspecto fino ou espesso, com 
coloração variando de marrom opaco para amarelo. 
3- Fibrinoso: é o extravasamento de grande quantidade de proteínas 
plasmáticas, e a precipitação de grandes massas de fibrina. Durante a realização da 
técnica do curativo forma uma liga com o tecido de limpeza e a lesão. 
74 
 
 FIBRINA: proteína insolúvel, formada a partir do fibrinogênio pela ação 
proteolítica da trombina, durante a coagulação do sangue, é aderente aos tecidos e 
tem coloração esbranquiçada ou amarelada, que chamamos de esfacelo. 
 
4- Exsudato misto: serossanguinolento, seropurulento, serofibrinoso ou 
fibrinopurulento. 
 
Coloração do exsudato: 
 
Depende do tipo de exsudato e pode ser característica do pigmento específico 
de algumas bactérias. Sendo as mais frequentes: Esbranquiçadas, amareladas, 
esverdeadas e achocolatadas. 
 
Odor do exsudato: 
 É proveniente de produtos aromáticos produzidos por bactérias e tecidos em 
decomposição. Devemos observar se, o exsudato é inodoro ou fétido. 
 
RESUMO E ORIENTAÇÃO AO PROCESSO DE AVALIAÇÃO QUANTO ÀS 
CARACTERÍSTICAS DO EXSUDATO 
 
 ASPECTO QUANTIDADE COR ODOR 
75 
 
- Seroso 
- Sanguinolento 
- Purulento 
- Fibrinoso 
 - Ausente 
- Pequena 
- Moderada 
- Grande 
 - Amarelada 
- Esbranquiçada 
- Esverdeada 
- Achocolatada 
 
 
 
O QUE OBSERVAR? 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE ETIOLÓGICO 
 
Indicação da coleta de material: 
• Sinais locais e sistêmicos de infecção. 
• Aumento súbito de glicose (em diabéticos). 
• Dor, tumefação e hipersensibilidade no local da lesão. 
• Atraso na cicatrização maior que 02 semanas em feridas limpas. 
 
Coleta de material: 
 
A identificação do agente etiológico se dá por meio da cultura de material de 
BIÓPSIA ou PUNÇÃO (ASPIRAÇÃO) e, eventualmente, o uso de SWAB. 
 
IMPORTANTE!! 
83 - Presente 
 
- Ausente 
 
- Fétido 
76 
 
 O Swab identifica somente a bactéria responsável, mas não indica a presença 
de infecção! 
 
Cuidados durante a coleta: 
• Lesão exsudativa: lavar abundantemente com soro fisiológico 0,9% para 
remover o exsudato superficial. 
• Lesões bolhosas e abcessos fechados devem ser puncionados com 
técnica asséptica. 
• Em infecção por anaeróbios é recomendado a punção asséptica e o 
envio do material ao laboratório em condições de anaerobiose (seringa com agulha 
protegida ou frasco coletor). 
 
A AVALIAÇÃO 
 
Como avaliamos a lesão com infecção? 
• Eritema perilesional. 
• Sinais clássicos de inflamação. 
• Pele brilhante. 
• Tumefação local. 
• Dor importante. 
• Características da drenagem. 
• Exsudação elevada e odor da drenagem. 
• Tecido de granulação pobre e desvitalizado. 
• Maceração do tecido perilesional e borda. 
• Alterações laboratoriais de glicose em pacientes diabéticos. 
 
77 
 
 
 
TRATAMENTO DA FERIDA INFECTADA 
 
Antibiótico 
 
 É qualquer substância proveniente de um microrganismo e letal para outro tipo 
de microrganismo.

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