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e-Tec Brasil15 Aula 1 – Histórico da Segurança Nesta aula vamos conhecer o histórico da segurança e associá-lo com a realização de eventos. Inicialmente voltaremos no tempo para comparar como as ações que envolvem critérios de seguran- ça, saúde, bem estar e conforto se aperfeiçoaram. Bom estudo! 1.1 Importância da segurança para o profissional de eventos Figura 1.1: Segurança profissional de evento Fonte: © Yuri Arcurs/Shutterstock Com certeza você já deve ter visto pela televisão, internet, ou em outra mídia um evento que não tenha terminado bem, não é mesmo? Vamos elencar alguns deles. • 1972 - Olimpíadas de Munique, na Alemanha, onze atletas da comiti- va israelense são mortos em atentando terrorista. • 1994 - morre Ayrton Senna em Ímola, na Itália, em acidente automo- bilístico de Fórmula 1, na curva Tamburello. • 2009 - queda do palanque onde estava o então governador do Para- ná, Roberto Requião, tendo 25 feridos no acidente. A que se pode atribuir tais ocorrências? Pode ter sido falta de preparo da equipe organizadora dos eventos com relação à imperícia, negligência e omissão quanto ao treinamento, conferência, ajustes mecânicos dos equipa- mentos em geral; falta de atenção ou sinalização, ou seja, por mais que se cuide da segurança, as falhas e erros ocorrem. O importante é estar sempre atento e cuidar para que a segurança possa estar a mais próxima possível do ideal. 1.2 A história do trabalho e da segurança Trabalhar nem sempre foi considerado uma atividade dignificante para a construção do ser humano. Se você buscar no dicionário Aurélio e procurar o significado da palavra trabalho vai encontrar a seguinte definição: pade- cimento, pena, labuta ou castigo. Repare que não há uma associação com aspectos positivos como crescimento, gratificação ou mesmo realização. Por que então o trabalho deve ser visto como algo ruim? Será cultural? Ou mesmo religioso? A origem da palavra trabalho vem do latim (tripalium) e tem como signi- ficado instrumento de tortura formado por três paus aguçados, algumas vezes munidos de ponta de ferro, com o qual os agricultores batiam o trigo e as espigas de milho, para rasgá-las e esfiapá-las. (ALBORNZ, 1994). Se olharmos para o trabalho com o caráter religioso, a explicação ocorre quando da expulsão de Adão e Eva do paraíso, após comerem o fruto proi- bido e assim, Deus declarar que o homem tiraria da terra o seu sustento com trabalhos penosos. 1.3 Trabalho na Antiguidade Na Antiguidade grega, o trabalho manual foi sempre tido como menos valorizado, e os profissionais braçais como costureira, ferreiro, carpintei- ro não tinham valor para a sociedade. O trabalho digno e nobre era o intelectual realizado pelos grandes pensadores como Pitágoras, Sócrates, Aristóteles, Arquimedes, etc. Claro que o fruto destas ideias podem ser observadas até hoje nos conhecimentos da matemática, física, astronomia, ética e arquitetura. Imperícia Significa falta de habilidade, destreza, experiência ou mesmo incompetência. (http://www. dicio.com.br/impericia/) Negligência Significa falta de cuidado ou de exatidão, displicência, desatenção ou descuido. (http:// www.dicio.com.br/impericia/) Para saber mais sobre a história de Adão e Eva, leia Gênesis, capítulo 3, versículos dezessete a dezenove da Bíblia. Segurança e Operacionalidade de Eventose-Tec Brasil 16 1.4 Trabalho na Idade Média Avançando um pouco mais no tempo, na Idade Média, o trabalho braçal continua sendo árduo. As ferramentas utilizadas eram muito simples (mar- telo, serrote, alicate) e a força física para arar a terra e transportar peso era feita por tração animal (cavalo e boi). As famílias da época eram muito numerosas. Os casais tinham 15, 20 ou mesmo 30 filhos, para que estes pu- dessem servir como mão de obra na lavoura e na indústria familiar. Mas quando o trabalho passa a ter uma concepção gratificante? Quando o esforço físico deixa de ser intenso? 1.5 Revolução Industrial Figura 1.2: Revolução Industrial Fonte: http://www.mises.org.br Uma nova forma de executar a atividade laborativa começa no século XVIII com a Revolução Industrial e, mesmo assim, as condições de trabalho ainda eram difíceis. A indústria teve um crescimento visível e as máquinas diminu- íram o trabalho braçal. Na tecelagem, o uso da máquina de fiar a lã, o tear mecânico e o transporte de produtos passou a ser feito por trem a vapor; a invenção da imprensa por Gutenberg facilitou a reprodução de textos em quantidade. O aperfeiçoamento de ferramentas e técnicas destacou a pre- cisão, a rapidez, a regularidade e a eficiência através da mecanização das ações realizadas pelo trabalhador. E as condições do trabalho melhoram também? Será que nesta época po- demos encontrar empresas que ofereçam ambientes de trabalho saudáveis e seguros? e-Tec BrasilAula 1 – Histórico da Segurança 17 As primeiras indústrias eram grandes galpões, estábulos ou velhos armazéns fétidos e insalubres, com pouca iluminação e ventilação, muito lixo e sujeira pelo chão. Não havia refeitório. O operário comia ao lado da máquina para não perder tempo de produção. E se alguém adoecesse todos os demais também ficariam doentes, pois as condições de contágio eram as mais propí- cias possíveis. Não havia a menor preocupação com conforto, com seguran- ça ou mesmo com o uso de equipamentos de proteção. O interesse principal estava na produtividade. A ideia era quanto mais produção, melhor; inde- pendentemente das condições de trabalho. A contribuição de Ramazzini (2000) está na abordagem dos problemas por meio de uma metodologia de sistematização e de classificação das doenças de acordo com a natureza do nexo causal com o trabalho, ou seja, a origem das doenças está diretamente relacionada com o trabalho. Ele ainda sugere prescrições médicas preventivas e curativas para as categorias profissionais analisadas, e por isso recebe o título de “pai da medicina do trabalho”. Então você pode perguntar: • Mas e hoje, como estão as empresas e os postos de trabalho? • E se fizermos uma comparação com a realização de um evento, há uma real preocupação com segurança? A resposta para estes questionamentos pode ter duas versões. A primei- ra positiva, pois algumas empresas têm por filosofia de trabalho uma forte preocupação com segurança, bem estar, qualidade de vida, conforto e ob- servam que os investimentos feitos nestas áreas trazem bons frutos como produtividade, qualidade e satisfação no trabalho. Alguns eventos de grande porte como corridas automobilísticas nacionais e internacionais (Fórmula 1, Indy, Truck, Paris-Dakar), concertos musicais, desfiles de carnaval e de trios elétricos, observa-se um cuidado especial com a segurança dos participantes e do público que acompanham o evento. Existem frentes de apoio voltadas para primeiros socorros, ações imediatas contra incêndio, placas de sinalização, uso obrigatório de equipamentos de proteção, como: botas, luvas, capacetes, óculos. Há pessoas treinadas e, portanto preparadas para enfrentar e auxiliar em diferentes situações pro- blemas que surjam. Fonte: http://2.bp.blogspot.com Assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Disponível em http://www.youtube. com/watch?v=Vqnorw_ Uwes&feature=related (acesso em 20/06/2011) O filme (da década de 1930) traz uma versão bem-humorada sobre a pressão das máquinas e das dificuldades no trabalho durante o período da Revolução Industrial. Outra boa opção de filme é o clássico de 1981 – Eles não usam black tie. Retrata um movimento grevista que se inicia numa empresa. Um operário está preocupado com sua namorada, que engravidou, e eles decidem se casar. Para não perder o emprego, ele resolve furar a greve, que é liderada por seu pai, iniciando um conflito familiar que se estende às assembleias e piquetes. Há alguns estudiosos que investigaram a relação saúde e trabalho e as repercussõespara o organismo humano. Aqui vamos citar Bernardino Ramazzini médico italiano, que em 1700, escreveu o livro intitulado “As doenças dos trabalhadores”. A preocupação deste médico está em verificar como as pessoas adoecem no trabalho e para isso, estuda mais de 50 diferentes categorias profissionais (mineiros, químicos, pintores, ferreiros, trabalhadores de fumo, parteiras, coveiros, joalheiros, confeiteiros, tipógrafos, pedreiros, pescadores, salineiros, carregadores, entre outros) (RAMAZZINI, 2000). Segurança e Operacionalidade de Eventose-Tec Brasil 18 A segunda, em contrapartida, é que há empresas que não se preocupam com segurança e acreditam que investir nesta área é apenas perda de tempo e de dinheiro, que há outras situações mais importantes ou emergenciais e que conforto, bem estar, higiene são aspectos que as próprias pessoas de- vem se ater e não se trata de uma obrigatoriedade organizacional. Resumo Para começarmos nossos estudos vimos a importância da área de segurança para a realização de um evento. Que tudo começou muito antes com uma preocupação com o trabalhador em diferentes empresas até chegarmos aos dias de hoje. O problema inicialmente se limitava às indústrias, ao descon- forto geral quanto à estrutura física, ao uso de equipamentos, as posturas inadequadas até que, aos poucos, ocorre uma atenção de que é necessário buscar ações que reduzam acidentes e doenças ocupacionais. Tal ideal tam- bém deve ser aplicado na realização de um evento para que o programado transcorra muito próximo do planejado: um evento sem acidentes ou outros transtornos negativos. Atividades de Aprendizagem • Alguma vez você já participou de algum evento de forma profissional ou pessoal? E neste evento ocorreu algum acidente ou transtorno? Que pro- vidências foram tomadas? Comente com sua equipe o ocorrido e anali- sem se as medidas tomadas foram as mais adequadas. e-Tec BrasilAula 1 – Histórico da Segurança 19
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