Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página I AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página II – 1 1. O AUTOR Nelson Rodrigues nasceu em Recife, PE, mas ainda criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro onde viveria até a morte. Iniciou precocemente sua carreira jornalística: foi repórter policial já aos treze anos de idade, exerceu permanentemente o jornalismo e ficou famoso, principalmente, por suas crônicas sobre futebol. Grande apaixonado pelo esporte, e prosador de recursos admiráveis e graça incisiva, Nelson Rodrigues deu ao futebol brasileiro um texto de qualidade raras vezes igualada (como cronista futebolístico, aliás, o irmão de Nelson, Mário Filho, também atingiu nível extraordi nário). Cronista da cidade, seja em suas peças teatrais, seja em seus romances (vários publicados sob o pseudônimo de Susana Flag), Nelson Rodrigues é um narrador exímio e um perverso observador de costumes. Suas personagens são marcadas por condutas “aberrantes”, que procuram ser a representação da monstruosidade corrente da burguesia em suas diversas camadas, mas, muitas vezes, disfarçada sob as aparências do decoro social. Suas obsessões são sobretudo de natureza sexual: o sexo, nele, de forma vagamente freudiana, é sempre ligado a alguma “tara”, a algum comportamento “vicioso”, vivido e penetrantemente observado pelos olhos do moralista “estreito”, mas dotado de irresistível humor. Partidário do “teatro desagradável”, o único que ele considerava “vital”, Nelson Rodrigues assim formulou seu objetivo: escrever “obras pestilentas, fétidas, capazes, por si mesmas, de produzir tifo e malária no público”. Esse projeto justifica as referências insistentes a aspectos desagradáveis do corpo – suor, mau hálito, sangue, fezes, putrefação –, assim como explica certas constantes temáticas do autor – machismo, prostituição, homossexualidade, incesto, aborto, violência sexual e racial, o beco-sem-saída da pobreza. À parte seus romances, contos e crônicas, podem-se mencionar, entre suas principais obras, as seguintes peças teatrais: A Mulher sem Pecado (1941), Vestido de Noiva (1943), Álbum de Família (1945), A Falecida (1954), Beijo no Asfalto (1961), Toda Nudez Será Castigada (1965). Nelson Rodrigues faleceu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, de complicações cardíacas e respiratórias. 2. CRONOLOGIA HISTÓRICO-LITERÁRIA 1889 – Proclamação da República. 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, que duraria até 1918. No período, o Brasil desenvolve o seu parque industrial, sob a forma de indústria de substituição. 1922 – Realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Modema, reunindo um grupo de artistas que se propõe a renovar a arte brasileira, dando-lhe um caráter eminentemente nacional. 1929 – Estouro da Bolsa de Nova York. 1930 – Revolução contra a oligarquia que resulta na deposição do presidente Washington Luís e na ascensão de Getúlio Vargas. Fim do primeiro período republicano, conhecido como República Velha. 1930 – Início do Estado Novo, sob a ditadura de Getúlio Vargas, que duraria até 1945 e seria uma base de desenvolvimento da economia interna. 1939 – Começo da Segunda Guerra Mundial, que terminaria em 1945. A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES AULAS ESPECIAIS AS OBRAS DA UNICAMP PORTUGUÊS AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 1 2 – 1940 – Criação do grupo teatral Os Comediantes, que encerraria suas atividades em 1947, elevando o espetáculo teatral no Brasil a um alto nível. 1943 – Estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, considerada um marco na dramaturgia brasileira. 1956 – Início do governo Kubitschek, que terminaria em 1960, caracterizando-se pela rápida industrialização, alta inflação e grande euforia desenvolvimentista. Formação do Arena como grupo teatral estável. 1964 – Deposição do presidente João Goulart e início de uma nova fase da vida política brasileira, com o golpe militar. 1968 – Edição do Ato Institucional número 5, que restringiu a liberdade de expressão. A censura foi exercida não só sobre os meios de comunicação de massa, como também sobre as próprias obras artísticas. 1976 – A arte volta a ter um compromisso com a problemética social, em virtude da gradativa liberacão da censura. 1980 – Procura de novos caminhos para a arte, dentro do processo de redemocratização do País. Cronologia adaptada de “Literatura Comentada”, da Editora Abril. 3. PRINCIPAIS OBRAS DO AUTOR Teatro • A mulher sem pecado • Álbum de família • Vestido de noiva • Doroteia • Anjo negro • Valsa n.° 6 • A falecida • Senhora dos afogados • Perdoa-me por me traíres • Viúva, porém honesta • Os sete gatinhos • O boca de ouro • Beijo no asfalto • Bonitinha, mas ordinária • Toda nudez será castigada • O anti-Nelson Rodrigues • A serpente ROMANCE (Sob o pseudônimo de Suzana Flag) • Meu destino é pecar • Escravos do amor • Minha vida • Núpcias de fogo Podemos citar também: • A mulher que amou demais • O homem proibido • A mentira • Asfalto selvagem • O casamento Crônicas • Memórias de Nelson Rodrigues • O óbvio ululante • A cabra vadia • O reacionário AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 2 – 3 4. SÍNTESE DOS TEMAS PRINCIPAIS DAS CRÔNICAS DE A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL 1 O ex-covarde O medo não faz sentido depois de muito sofrimento. 2 A grande viúva A morte de John Kennedy transformou-o em celebridade e Jacqueline, em viúva da tragédia. 3 Mãe A falta de respeito dos filhos e a violência considerada como normalidade comportamental. 4 O sotaque O impacto da chegada das transmissões em cores pela televisão. 5 A gratificação As palestras dos “padres de passeata” em troca de dinheiro. 6 Werther A rejeição dos críticos à música popular. 7 A netinha O raro amor das famílias no século XX. 8 Solidão negra Pelé é o único afrodescendente considerado importante no Brasil. 9 Sexo nos berçários O absurdo da educação sexual para crianças. 10 Os dois namorados A aceitação de todos os comportamentos da juventude. 11 O belo rosto Mário Filho e a crônica futebolística. 12 Os noivos Padres x Castidade e Prostitutas x Prostituição. 13 A selva teatral A inveja dominante na classe teatral. 14 Os defuntos literários O fim da literatura de qualidade no Brasil. 15 Tempo de papelotes Trair sem amar não é delito. 16 O aniversariante A emotividade autêntica de alguns brasileiros. 17 Os meninos A mulher sem pecado, Vestido de Noiva e o artigo de Manuel Bandeira. 18 Estreia A recepção de Vestido de noiva. 19 O palavrão A esquerda, o palavrão e o teatro. 20 O único jovem A revolta estudantil e a eleição de De Gaulle. 21 A vaca premiada A vaidade dos premiados. 22 Festa de cabeças cortadas A liderança dos idiotas. AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 3 n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL 23 A grande tosse Os poucos amigos de Nelson Rodrigues e a tosse misteriosa. 24 Os idiotas da objetividade A objetividade nos textos e nas manchetes dos jornais. 25 Nossos amores Os assassinatos sem explicação e as mortes por amor. 26 As duas cabeças O que é o desenvolvimento? 27 O bom menino A impossibilidade de existirem dois Kennedys incríveis. 28 A feia nudez A nostalgia dos anos de 1968. 29 Saúde dentária O subdesenvolvimento do povo brasileiro usado como auto-promoção de intelectuais. 30 Alienação O suicídio de Getúlio Vargas e a esquerda brasileira. 31 “O velho” O desconhecimento sobre o que Marx e Engels realmente pensavam. 32 A doença infantil do palavrão O uso aleatório do palavrão e a perda de seu sentido agressivo. 33 Velho mito Os últimos heróis do século XX. 34 As cabeças rolantes A impessoalidade dos movimentos coletivos. 35 Terreno baldio A “entrevista imaginária” com D. Hélder Câmara e a mentira. 36 Caça-níqueis A moda de ser comunista e ex-católico. 37 Nelsinho A nudez desnecessária no Carnaval e a fome no Brasil.38 Os abnegados A liberdade de expressão e da imprensa. 39 Os ceguinhos A necessidade e o valor de um elogio. 40 Os assassinados O estímulo aos assassinatos. 41 O paulista O silêncio e a solidão do paulista. 42 A mulher interessante A beleza não está no aspecto físico da mulher. 43 Da linha chinesa A razão atribuída ao jovem revolucionário. 44 O irmão adquirido O início da amizade entre Carlos Heitor Cony e Nelson Rodrigues. 4 – AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 4 n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL 45 Os dráculas As violências justificadas são o futuro de um Brasil repleto de assassinos. 46 Admirável defunto A “razão da idade” permite ao jovem qualquer ato criminoso. 47 O nu e o grito O teatro de Flávio Rangel, Carlinhos de Oliveira e José Celso Martinez Corrêa. 48 Os falsos canalhas Os falsos canalhas e Alceu Amoroso Lima. 49 “El Arzobispo de la Revolución” D. Hélder Câmara: “mais importante formar um sindicato que construir um templo”. 50 A frase Problemas importantes são trocados por questões fúteis. 51 O marxista brasileiro A idealização que se faz por Marx e Engels e o desconhecimento das ideias defendidas em suas correspondências. 52 Os centauros A violência contra Caetano Veloso no Festival da Canção. 53 A fotografia do ódio Três ódios: fotografia do vietnamita morto; falta de socorro médico que leva à morte; suicídio provocado pela justiça arbitrária. 54 Negro azul A necessidade de se ter sempre razão em tudo. 55 Bonita demais As mulheres belas não são realmente amadas. 56 O único De Gaulle Não há mais grandes homens no Brasil e no mundo. 57 Herói e mártir A inexistência de grandes frases brasileiras no século XX. 58 A fome agradecida A miséria na Índia. 59 O esquecido O esquecimento das pessoas que morrem. 60 A morte do teatro A transformação do teatro brasileiro em classe política. 61 O antiteatro A infinitude do teatro e os artistas que se converteram em ativistas políticos. 62 Veterinários Pobreza de Nelson Rodrigues e a necessidade de haver amor na atividade sexual. 63 Otto A tristeza dos ativistas de esquerda no Brasil que bebem para se tornarem eufóricos. 64 O cachorro atropelado A interdição da peça Toda nudez será castigada e a vergonha de ser brasileiro. 65 A maior dor A morte não é mais chorada publicamente. – 5 AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 5 n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL 66 De educação sexual A educação sexual de crianças em uma escola de freiras católicas. 67 Flor de obsessão O ultraje da nudez no Carnaval. 68 A patusca O irônico poder emagrecedor das passeatas. 69 Os militares Questionamentos sobre o poder dos militares no Brasil. 70 Católicos em pânico A moda é ser ex-católico. 71 A messalina gaga Entrevista imaginária com D. Hélder Câmara sobre amor e sexo. 72 Agonia da palavra O Brasil e o Imperialismo. 73 Anti-Brasil A proibição do amor e permissão do ódio. 74 A bofetada A permissividade dos mais velhos autoriza o comportamento autoritário dos jovens. 75 Sobre vaidade O fascínio e o poder da televisão. 76 Contra a violência A utopia do cinema hollywodiano sem violência. 77 A inteligente A falta de inteligência dos brasileiros, dos artistas e das elites. 78 O bom padre “Padres de passeata” pedem desculpas pelos dois mil anos da Igreja. 79 O guarda-chuva O distanciamento da classe artística da verdadeira Arte. 80 Velhos espartilhos A mudança dos hábitos com o passsar dos tempos. 81 As bolachas A ostentação do novo rico brasileiro. 82 A surra O habitual erro da surra educativa. 83 O espantoso silêncio do paulista A importância da palavra e do silêncio. 84 “O falso defunto” As regalias que vêm de Brasília. 85 Madrugada de 13 de janeiro Duas tragédias por amor. 6 – AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 6 – 7 5. BREVE ANÁLISE DE A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES As crônicas de memória e confissão de Nelson Rodrigues reúnem cinco livros: O óbvio ululante, A cabra vadia, O reacionário, O remador Ben Hur e A menina sem estrelas, estes dois últimos publicados após a morte do autor. Em A cabra vadia: novas confissões, a maioria dos textos data de 1968, período de turbulência política no Brasil. A ficção e a realidade misturam-se nas crônicas de Nelson Rodrigues, que não perde a oportunidade de criticar, muitas vezes por meio da ironia, personalidades da época, costumes urbanos, modernidades religiosas, a juventude inconsequente, as manifestações populares, a classe teatral, o jornalismo, temas avaliados pelo olhar agudo e, às vezes, subjetivo do autor. As crônicas de Nelson Rodrigues enfocam o dia-a-dia comum, mesclado a assuntos de interesse geral, a partir de convicções do autor, que, muitas vezes, despertam no leitor questionamentos e discordâncias, meta principal de Nelson Rodrigues. Ideologicamente contrário a Comunismo, o cronista frequentemente ataca intelectuais, grã-finos, jovens, religiosos defensores da perspectiva socialista, em defesa de comportamentos mais tradicionais, privilegiando a manutenção da família e do amor. D. Hélder Câmara e Alceu Amoroso Lima são citados constantemente como representantes da esquerda católica, sobre os quais o autor lança dúvidas quanto o verdadeiro pensamento deles, desencadeando dúvidas ligadas à real missão religiosa e registrando a possibilidade de as defesas ideológicas de ambos serem apenas divulgadas em favor da autopromoção de D. Hélder Câmara e Alceu Amoroso Lima. As suposições comportamentais e ideológicas que Nelson Rodrigues lança sobre algumas figuras públicas da época ganham espaço nas “entrevistas imaginárias”, nas quais, segundo o autor, os entrevistados revelariam seus mais íntimos segredos, sempre com o testemunho de uma cabra vadia em um terreno baldio. A origem das “entrevistas imaginárias” foi um quadro apresentado no programa “Noite de Gala”, da TV Globo, em 1966. Nele, denominado “A cabra vadia”, personalida - des brasileiras eram entrevistadas, imaginariamente ou não, e Nelson Rodrigues desfilava sua mais forte crítica irônica. Havia um leque amplo de alvos de Nelson Rodrigues e muito do que não pode apresentar no programa de televisão o autor transferia para suas crônicas-confissões. Che Guevara, Marx, Cacilda Becker, Nelson Motta, militantes políticos, cineastas, diretores teatrais, artistas, personalidades internacionais, como os Kennedys, Onassis, Sartre, pessoas comuns, estudantes, a grã-finagem carioca, qualquer pessoa podia ser mote dos textos de Nelson Rodrigues, principalmente seus adversários ideológicos. Os padrões de comportamento modernos também são alvos do cronista, o qual se declara conservador e, por isso, não aceita algumas mudanças, como, por exemplo, a prática da atividade sexual sem amor. Uma figura representativa dessa sexualidade livre é Palhares, o “canalha”, que não respeitava nem a cunhada e valia-se, até de um retrato de Che Guevara para conquistar as mulheres. Além disso, a nudez, a falta de pudor, o sexo livre, são apresentados por Nelson Rodri gues como um comportamento desregrado e condenável. A situação política, social e econômica do País também ganham uma abordagem questionadora por parte do cronista, numa linguagem repleta de metáforas fortes, mesclada com a oralidade e diversas referências ao leitor. O Brasil passava por um período de intensas transformações políticas, o regime militar dominava o poder e as ideologias de esquerda ganhavam adeptos que se manifestavam frequentemente em passeatas contra os desmandos autoritários e inibidores do livre pensamento. Nesse contexto, Nelson Rodrigues se alinhava ao pensamento da direita e considerava a necessidade de não haver uma única ideologia, pois, para ele, a unanimidade ideológica configuraria a “burrice” brasileira. É importante destacar que Nelson Rodrigues sempre foi contrário à aplicação do poder por meio da força, da tortura, fosse ele praticado pela direita ou esquerda políticas. Assim, o que despertava nocronista um certo inconformismo, era a defesa no meio intelectual e artístico de um consenso ideológico, de uma convicção de que apenas a ideologia socialista poderia salvar o mundo. A partir de uma proposta questionadora que amplia os horizontes do pensamento e não os restringe a apenas uma verdade absoluta, poderemos ler as crônica de Nelson Rodrigues concordando com um de seus aforismos mais célebres: “Toda unanimidade é burra. Quem pensa como a unanimidade não precisa pensar”. AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 7 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. 43.a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. CASTRO, Ruy. O Anjo Pornográfico: a vida de Nelson Rodrigues. 2.a ed., 10.a reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. CUNHA, Francisco Carneiro da. Nelson Rodrigues Evangelista. São Paulo: Editora Giordano, 2000. FACINA, Adriana. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. Coleção Ciências sociais passo a passo. _______, Adriana. Santos e canalhas: uma análise antropológica da obra de Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. GODOY, Alexandre Pianelli. Nelson Rodrigues: o fracasso do moderno no Brasil. São Paulo: Alameda, 2012. LOPES, Ângela. Nelson Rodrigues: Trágico, então moderno. 2.a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. MARTINS, Maria Helena Pires. Literatura Comentada: Nelson Rodrigues. São Paulo: Editora Abril, 1981. MAGALDI, Sábato. Nelson Rodrigues: dramaturgia e encenações. São Paulo: Perspectiva, 2010. _______, Sábato. Teatro da obsessão: Nelson Rodrigues. São Paulo: Global Editora, 2004. PEREIRA, Victor Hugo Adler. Nelson Rodrigues e a obscena contem porânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999. RODRIGUES, Nelson. A cabra vadia. 3.a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. _______, Nelson. O remador de Ben-Hur. 1.a reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. _______, Nelson. Nelson Rodrigues por ele mesmo (organização Sonia Rodrigues). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. VIEIRA, Adriana Lopes. Nelson Rodrigues na perspecti - va paulista: de autor maldito à consagrado. 1v. Mestrado. Universidade de São Paulo – Sociologia. 01/11/2001. 8 – 1. A partir do que Nelson Rodrigues expõe em suas crônicas, em A cabra vadia: novas confissões, é possível afirmar que o autor a) manifesta-se favorável ao pensamento marxista, considerando-os incontestáveis e como verdade absoluta. b) poupa seus desafetos, especialmente D. Hélder Câmara e Alceu Amoroso Lima, por considerá-los vulneráveis a um sistema político inevitável. c) evita empregar a metalinguagem, intertextualidade e conversa com o leitor, a fim de imprimir em seus textos a objetividade crítica. d) é solidário à classe artística, no que concerne à luta pelos ideais comunistas. e) vale-se frequentemente da ironia para afirmar seus pensamentos anti-esquerda e pró-liberdade de expressão. 2. Na crônica intitulada “A gratificação”, Nelson Rodrigues conta que a grã-fina, “amante espiritual” de Che Guevara, convidou-o para ir à sua casa conhecer um padre “mais inteligente do que D. Hélder”. Dentre as características do padre, apresentadas a seguir, qual corresponde ao comportamento religioso tradicional católico? I) O sacerdote não usava batina e parecia um anúncio das lojas de roupa “Ducal”. II) O padre fazia conferências sobre sexo e Che Guevara. III) O religioso fingiu não se lembrar da história que a grã-fina pediu-lhe que narrasse. IV) O representante da Igreja Católica teve receio de que a prostituta o confundisse com um pederasta e, por isso, mentiu. São adequadas ao comportamento de um padre católico as afirmações: a) I, II e III. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) I, III e IV. e) Nenhuma das alternativas. 3. O comportamento desregrado do jovem dos anos de 1960, segundo Nelson Rodrigues, ganha aval de alguns elementos da sociedade da época, exceto de a) intelectuais e religiosos. b) psicólogos e sociólogos. c) professores e velhos. d) operários e classes trabalhadoras. e) artistas e elites. Exercícios AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 8 – 9 1. Nelson Rodrigues emprega em seus textos a ironia para apresentar pontos de vista simpáticos à liberdade de expressão e, também, críticos em relação à esquerda ideológica que se apresenta como única possibilidade política no Brasil. Resposta: E 2. Na crônica “A gratificação”, Nelson Rodrigues desfila uma variedade crítica quanto aos “padres de passeata”, dentre os quais as citadas nos itens I, II, III e IV. Resposta: E 3. Não há referência aos operários e às classes trabalhadoras na chancela aos comportamentos dos jovens revoltados, alicerçados pela “razão da idade” discutida nas crônicas de Nelson Rodrigues. Resposta: D A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES GABARITO AS OBRAS DA UNICAMP PORTUGUÊS AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 9 10 – AULAS ESPECIAIS_UNICAMP_A CABRA VADIA_GK.qxp 01/10/2019 16:05 Página 10
Compartilhar