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LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Profª Drª CARLA PORTAL VASCONCELLOS ESTATUTO DA CIDADE DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE I - garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra- estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações; II - gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas (...) na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE III - cooperação entre os governos, iniciativa privada e demais setores da sociedade (...) V - oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados (...); IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território de sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativo sobre o meio ambiente; DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso inadequados à infra-estrutura urbana; d) a instalação (...) de pólos geradores de tráfego sem previsão (...) correspondente; e) a retenção especulativa de imóveis urbanos (subutilizado ou não utilizados); f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental. DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE VII - integração das atividades urbanas e rurais(...); VIII - (...) padrões de produção e consumo (...) compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental; IX - justa distribuição dos benefícios e ônus do processo de urbanização; X - adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano (...); DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; XIII - audiência pública nos processos de implantação de empreendimentos com efeitos potencialmente negativos sobre o meio; XIV - regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda (...); XV - simplificação da legislação (...); XVI - isonomia de condições para os agentes públicos e privados (...). DIRETRIZES DO ESTATUTO DA CIDADE INSTRUMENTOS DO ESTATUTO DA CIDADE - deve ser determinada por lei municipal específica a área do plano diretor onde incidirão estes instrumentos; - é considerado subutilizado o imóvel cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor; - o município deve notificar o proprietário para parcelar, edificar ou utilizar o imóvel; - os prazos da lei não podem ser inferiores a um ano, a partir da notificação, e a dois anos, a partir da aprovação do projeto para iniciar as obras. PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIOS (ART. 5 E SEGS.) - em caso do descumprimento das determinações do artigo 5º, o município procederá a aplicação do IPTU progressivo no tempo, através do aumento da alíquota no prazo de cinco anos consecutivos; - o valor do aumento não poderá ser superior a dobro do valor do ano anterior, respeitada a alíquota máxima de 15% do valor do imóvel; - caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não for atendida em cinco anos, o município manterá a cobrança pela alíquota máxima; - é vedada a concessão de isenções e anistias; - decorridos os cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar, o município poderá proceder a desapropriação do imóvel com pagamento em títulos da dívida pública. IPTU PROGRESSIVO (ART. 7 E SEGS.) - se trata da preferência do poder público na compra e venda de imóveis, em áreas definidas pelo plano diretor, por um prazo de até cinco anos; - será exercida quando o município necessitar de áreas para: regularização fundiária, projetos habitacionais de interesse social, reserva fundiária, direcionamento da expansão urbana, implantação de equipamentos, criação de áreas verdes ou unidades de conservação/proteção ambiental, histórica, cultural ou paisagística; - o proprietário é obrigado a notificar o município se tiver intenção de vender o imóvel, tendo o município o prazo de 30 dias para manifestar-se; - não havendo manifestação, o proprietário está autorizado a negociar o imóvel. DIREITO DE PREEMPÇÃO (ART. 25 E SEGS.) - autorização do poder público para o proprietário construir área superior aquela definida pelo plano diretor, através da compensação financeira ao município; o plano diretor deverá determinar os limites máximos que poderão ser construídos; - os recursos deverão, ser utilizados para regularização fundiária, habitacionais de interesse social, reserva fundiária, direcionamento da expansão urbana, equipamentos, áreas verdes ou unidades de proteção ambiental, histórica, cultural ou paisagística. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR - é a autorização para o proprietário vender seu direito de construir, conforme previsto no plano diretor, quando seu imóvel for necessário para implementação de programas de regularização fundiária, habitação social, equipamentos urbanos ou ser considerado de preservação; - é também concedido este direito, se o proprietário doar seu imóvel ao município com estas mesmas finalidades. TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR - são intervenções coordenadas pelo município com o objetivo de alcançar transformações urbanísticas, melhorias sociais e valorização ambiental; - lei específica deverá definir: a área, o programa de ocupação, a finalidade da operação, as contrapartidas a serem exigidas dos proprietários e investidores, dentre outros aspectos; - os recursos deverão ser obrigatoriamente utilizados na própria operação urbana. OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS (ART. 32 E SEGS.) Instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, aprovado por lei municipal; Na sua elaboração: previsão de audiências públicas e debates com a participação da população; Deverá conter, no mínimo, a delimitação das áreas de aplicação do parcelamento, edificação e utilização compulsórios e de outros instrumentos do estatuto da cidade, além de sistema de acompanhamento e controle; Obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, áreas de interesse turístico, ou de empreendimentos com impacto ambiental; O plano deverá ser revisto a cada dez anos. PLANO DIRETOR Tratam-se de áreas de interesse social classificadas em razão das características de uso e ocupação da área urbana. A primeira classificação diz respeito a terrenos públicos ou particulares ocupados por favelas, população de baixa renda ou assentamentos. A segunda diz respeito a loteamentos irregulares que tem, por sua característica, interesse público em se promover a regularização ou recuperação ambiental. A terceira, diz respeito aos terrenos não edificados, subutilizados ou não-utilizados, necessários a aplicação de programas habitacionais. Está prevista nos Planos Diretores do Rio de Janeiro, Recife, João Pessoa e Natal. ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL (ART. 4°, V, F ) Áreas acima de 250 m2, ocupadas em regime de composse (posse compartilhada), pela população de baixa renda, para moradia, durante o prazo ininterrupto e sem oposição, de cinco anos. Somente as áreas urbanas particulares, maiores de 250 m2. O reconhecimento se dá por sentença declaratória do juiz. A sentença final valerá como título para o registro de imóveis. USUCAPIÃO URBANO COLETIVO (ART. 10) Para o juiz proferir a sentença é necessário delimitar a fração ideal de terreno para cada possuidor. São possíveis duas hipóteses para o juiz proferir a sentença:na primeira, o juiz atribui igual fração ideal de terreno a cada possuidor; na segunda, é elaborado um plano de urbanização da área ocupada, onde podem ser definidas ruas, vielas, áreas comuns, etc... em que será celebrado um acordo em juízo, a ser apresentado ao juíz na forma de uma planta contendo um memorial descritivo com a divisão de lotes entre os possuidores. Desta forma, a sentença criará um condomínio especial, de natureza indivisível, e que será administrado através das deliberações tomadas pela maioria dos presentes em reuniões condominiais. USUCAPIÃO URBANO COLETIVO OUTROS INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA Se trata do reconhecimento do poder público do direito subjetivo do ocupante de áreas públicas de obter a declaração de domínio útil sobre o imóvel que ocupa. A sua regulamentação veio com a MP 2.220/2001 que garantiu o direito a concessão de uso especial, de forma individual ou coletiva de áreas públicas urbanas. É reconhecido para as pessoas que até 30 de junho de 2001, possuíam como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, imóvel público de até 250 m2 em área urbana, estivessem usando para moradia, não sendo proprietários de outro imóvel. É transmitido também por herança. CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA (MP 2.220/2001) Para a concessão coletiva se enquadram os mesmos requisitos do usucapião coletivo. O artigo 4° da Medida Provisória prevê que se a ocupação oferecer risco (áreas de risco), o poder público deve assegurar ao possuidor o exercício do direito em outro local, como também nos casos do uso comum, projetos de urbanização, preservação ambiental, etc... A administração pública, por se tratar de um direito e não uma pretensão, tem a obrigação de conceder o título a pessoa que atender as condições constitucionais, ou seja, não é necessária autorização legislativa para outorgar a concessão. CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA (MP 2.220/2001) A Concessão do Direito Real de Uso pode ser definida como um direito real, resolúvel, aplicável a terrenos públicos e particulares, de caráter gratuito ou oneroso, para fins de urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra ou outra utilização de interesse social. Pode ser constituído através de instrumento público ou particular ou através de termo administrativo, inscrito em livro especial. A concretização está condicionada a autorização legislativa. CONCESSÃO DO DIREITO REAL DE USO (CDRU) O Estatuto da Cidade admite a modalidade da CDRU coletivo nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social desenvolvidos pela administração pública. Poderá ser outorgada para uma associação comunitária ou uma cooperativa habitacional. Nestes casos, os contratos terão caráter de escritura pública. Criado pelo Decreto Lei 271/67. E também presente no Art. 1225 do Código Civil, Lei 11.481/2007, Lei 13.465/2017 (reurb). CONCESSÃO DO DIREITO REAL DE USO (CDRU)
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