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PAPER_DA_PRATICA_INTERDISCIPLINAR_2

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1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
POESIA BRASILEIRA: DIÁLOGOS POÉTICOS, 
IDENTIDADE E CRÍTICA SOCIAL 
 
 
¹ Arielly de Carvalho Alves 
Carlos Geovanio Efigenio Da Silva 
 Fernanda De Oliveira Fernandes 
Jacinta Lúcia de Assis Rocha 
 
² Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
RESUMO 
 
Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar a relevância e ressonância contemporânea de obras 
poéticas clássicas brasileiras, como "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, "Ode ao Burguês" de Mário de 
Andrade e "O Bicho" de Manuel Bandeira. Inserido na área de concentração "ensino de literatura", o tema 
central é "Poesia Brasileira: Diálogos Poéticos, Identidade e Crítica Social". A pesquisa busca compreender 
a configuração da relação entre texto e crítica social nos poemas, explorando influências históricas e sociais 
que moldaram a produção poética desses autores. Os objetivos específicos incluem a leitura e análise dos 
poemas mencionados, a investigação das influências históricas e sociais na produção poética, o exame de 
como temas como identidade, pátria e desigualdade social se relacionam com a realidade contemporânea, e 
a compreensão de como as reflexões poéticas sobre a condição humana contribuem para debates sociais 
atuais. A pesquisa adotará uma abordagem bibliográfica e analítica, utilizando a revisão crítica da literatura 
existente para construir um referencial teórico sólido. A justificativa para este trabalho está fundamentada na 
necessidade de compreender como a poesia clássica brasileira mantém sua pertinência e influência no 
contexto social contemporâneo, sendo considerada clássica não apenas por seu valor estético, mas também 
por abordar temas universais. A estrutura do trabalho compreende as seções de Introdução, Fundamentação 
Teórica, Metodologia de Pesquisa, Resultados e Discussões, Conclusão e Referências, garantindo a 
padronização e organização das informações apresentadas para facilitar a leitura e reflexão. 
 
Palavras-chave: Poesia Brasileira. Identidade. Crítica Social. Diálogos Poéticos 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A poesia, como forma artística e expressão literária, tem o poder de transcender o 
tempo e refletir sobre aspectos fundamentais da experiência humana. Este projeto de pesquisa 
busca analisar como obras poéticas clássicas, como "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, 
"Ode ao Burguês" de Mário de Andrade e "O Bicho" de Manuel Bandeira, continuam a ressoar 
e oferecer insights relevantes na contemporaneidade. Assim, este trabalho pertence a área de 
concentração ensino de literatura” com o seguinte tema: POESIA BRASILEIRA: DIÁLOGOS 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
POÉTICOS, IDENTIDADE E CRÍTICA SOCIAL. Desta maneira, se busca entender como 
configura-se a relação texto e crítica social nos textos poéticos. 
Disto isto, tem-se como objetivo geral: Analisar a relevância e a ressonância 
contemporânea de obras poéticas clássicas brasileiras. E como específicos: Ler os poemas 
Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, "Ode ao Burguês" de Mário de Andrade e "O Bicho" de 
Manuel Bandeira ;Investigar as influências históricas e sociais que moldaram a produção 
poética desses autores; Examinar como temas como identidade, pátria e desigualdade social, 
presentes nos poemas, se relacionam com a realidade contemporânea; Compreender como as 
reflexões poéticas sobre a condição humana, expressas nos poemas, podem contribuir para 
debates sociais atuais. Desta maneira, provocou a seguinte indagação: De que maneira os 
poemas Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, "Ode ao Burguês" de Mário de Andrade e "O 
Bicho" de Manuel Bandeira, mantém montam a crítica social e identitária através da poesia? 
Como metodologia a pesquisa adotará uma abordagem bibliográfica e analítica, 
buscando aprofundar a compreensão sobre o tema proposto por meio da revisão crítica da 
literatura existente. A estratégia metodológica será centrada na análise de conceitos, teorias e 
evidências presentes em fontes bibliográficas selecionadas, visando a construção de um 
referencial teórico sólido e embasado. 
Este trabalho se justificou pela necessidade de compreender como a poesia clássica 
brasileira, marcada por sua riqueza lírica e reflexões profundas, mantém sua pertinência e 
influência no contexto social contemporâneo. As obras selecionadas são consideradas clássicas 
não apenas por seu valor estético, mas também por abordarem temas universais como 
identidade, pátria e desigualdade social. Investigar essas obras é essencial para enriquecer o 
entendimento da literatura brasileira e sua relevância contínua na formação crítica da sociedade. 
Diante do exposto, estrutura-se assim este trabalho de pesquisa: Introdução, 
fundamentação teorica, metodologia de pesquisa, resultados e discussões, conclusão e 
referências. Tal configuração garante a padronização e organização das informações aqui 
apresentadas, visando maior maximização e dinamismo no processo de leitura e reflexão. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 Diálogo Poético: Reflexões sobre Identidade e Crítica Social na Poesia Brasileira 
 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
A poesia, enquanto manifestação artística, tem sido alvo de investigação por diversos 
teóricos ao longo do tempo. Em seu ensaio "Tradição e Talento Individual" (1921), T.S. Eliot 
enfatiza a importância da tradição literária na poesia, argumentando que a verdadeira criação 
poética ocorre quando o poeta mantém um diálogo consciente com a tradição literária, 
absorvendo influências e reinterpretando-as de maneira única. Eliot destaca que essa relação 
dinâmica entre tradição e inovação é crucial para a vitalidade da poesia ao longo das eras. 
Harold Bloom, em "A Angústia da Influência" (1973), aprofunda nossa compreensão 
sobre as relações entre poetas predecessores e sucessores. Bloom sugere que os poetas 
emergentes enfrentam uma angústia em relação às influências literárias, uma luta vital para a 
criação poética original. Ele propõe o conceito de "ansiedade da influência", destacando como 
os novos poetas respondem, rejeitam e transformam as obras de seus antecessores, contribuindo 
assim para o desenvolvimento constante da poesia. 
Ao explorar a identidade na literatura brasileira, Antonio Candido emerge como uma 
figura central. Em seu ensaio "Dialética da Malandragem" (1970), Candido oferece uma análise 
profunda das raízes culturais do Brasil, examinando o arquétipo do malandro como um 
elemento constitutivo da identidade nacional. Ele destaca como a malandragem, longe de ser 
uma mera astúcia, reflete aspectos fundamentais da cultura brasileira, permeando a literatura, 
incluindo a poesia, e influenciando a construção da identidade nacional. 
Stuart Hall, em "A Identidade Cultural na Pós-modernidade" (1992), propõe uma visão 
mais fluida e dinâmica da identidade. Suas ideias são particularmente relevantes ao 
considerarmos as múltiplas camadas de identidade presentes na sociedade brasileira. Hall 
argumenta que a identidade não é algo fixo, mas sim uma construção em constante mudança, 
influenciada por fatores sociais, culturais e históricos. Essa abordagem nos permite analisar 
como a poesia brasileira aborda e reflete as transformações na construção da identidade ao 
longo do tempo.A crítica social na literatura brasileira é um tema que permeia diversas obras. Roberto 
Schwarz, em "Ao Vencedor as Batatas" (1977), analisa a obra de Machado de Assis, destacando 
a sátira social como uma ferramenta literária poderosa. Schwarz foca na crítica sutil e 
sofisticada de Machado de Assis às estruturas sociais brasileiras, proporcionando uma base 
crítica para entender como a poesia pode se engajar em reflexões sociais profundas. Suas 
análises críticas enriquecem a compreensão das camadas sociais e das relações de poder 
presentes na poesia brasileira. 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
Ferrez, autor contemporâneo, traz uma perspectiva única para a crítica social na 
literatura brasileira. Em obras como "Capão Pecado" (2000), ele explora as realidades das 
periferias urbanas, revelando as dinâmicas sociais e as injustiças presentes nessas comunidades. 
A análise de Ferrez pode enriquecer nossa compreensão de como a poesia contemporânea 
continua a abordar questões sociais prementes, oferecendo uma voz autêntica às experiências 
marginalizadas. 
 
2.2 Análise dos poemas Canção do Exílio, Ode ao Burguês e O Bicho 
 
Analisemos o poema Canção do Exílio" — Gonçalves Dias: 
 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas tem mais flores, 
Nossos bosques tem mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Nesta inicial, Gonçalves Dias estabelece imediatamente a imagem de sua terra natal 
como um lugar exuberante e acolhedor. "Minha terra tem palmeiras // Onde canta o Sabiá." As 
palmeiras e o canto do Sabiá não são apenas elementos geográficos ou biológicos, mas símbolos 
poéticos que evocam uma atmosfera de beleza e harmonia natural. Depois, o poeta destaca a 
singularidade da natureza brasileira, sugerindo que mesmo as aves têm um canto diferente, 
único para a sua terra. "As aves que aqui gorjeiam // Não gorjeiam como lá." Esta comparação 
reforça a ideia de que a pátria é especial e incomparável. Ao referir-se ao céu estrelado e às 
várzeas floridas, Gonçalves Dias continua a enaltecer as características distintas e abundantes 
da natureza brasileira. "Nosso céu tem mais estrelas // Nossas várzeas têm mais flores." A ênfase 
na quantidade de estrelas e flores cria uma imagem de exuberância e generosidade da terra. o 
poeta estende a comparação às florestas e à vida humana. "Nossos bosques têm mais vida // 
Nossa vida mais amores." A sugestão de que "nossos bosques têm mais vida" vai além da mera 
descrição da fauna e flora, implicando uma conexão mais profunda entre a natureza e a vida 
humana, enquanto a afirmação "nossa vida mais amores" evoca a intensidade emocional 
associada à terra natal. Em cismar, sozinho, à noite, // Mais prazer encontro eu lá" aqui, há uma 
mudança de tom à medida que o poeta se volta para suas reflexões noturnas. A solidão noturna 
torna-se uma oportunidade para uma introspecção prazerosa, sugerindo uma ligação emocional 
profunda com a pátria que transcende a presença física. Por fim A repetição desta estrofe inicial 
"Minha terra tem palmeiras // Onde canta o Sabiá" que encerra o poema, veem a refor a ideia 
central da beleza natural e da melodia única da terra natal. A repetição também destaca a 
constância desse sentimento, como se o poeta quisesse reafirmar sua conexão inabalável com a 
pátria. 
Conclui-se, portanto, que "Canção do Exílio" é uma obra-prima romântica que, por 
meio de uma linguagem lírica e imagens poéticas, expressa o profundo amor e saudade pela 
pátria. Cada estrofe contribui para a construção dessa imagem idealizada da terra natal, 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
destacando elementos naturais e sentimentos pessoais. A repetição da estrofe final intensifica a 
emoção e reforça a importância dessa conexão emocional para o poeta. Gonçalves Dias, ao criar 
esta "canção", não apenas enaltece a geografia brasileira, mas também celebra a pátria como 
um espaço carregado de emoções e significados. 
 
Analisemos o poema Ode ao Burguês — Mario de Andrade: 
 
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, 
o burguês-burguês! 
A digestão bem-feita de São Paulo! 
O homem-curva! O homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! 
 
Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! 
que vivem dentro de muros sem pulos; 
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês 
e tocam os Printemps com as unhas! 
 
Eu insulto o burguês-funesto! 
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! 
Fora os que algarismam os amanhãs! 
Olha a vida dos nossos setembros! 
Fará Sol? Choverá? Arlequinal! 
Mas à chuva dos rosais 
o èxtase fará sempre Sol! 
 
Morte à gordura! 
Morte às adiposidades cerebrais! 
Morte ao burguês-mensal! 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! 
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! 
"– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? 
– Um colar... – Conto e quinhentos!!! 
Mas nós morremos de fome!" 
 
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma! 
Oh! purée de batatas morais! 
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! 
Ódio aos temperamentos regulares! 
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia! 
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! 
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, 
sempiternamente as mesmices convencionais! 
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! 
Dois a dois! Primeira posição! Marcha! 
Todos para a Central do meu rancor inebriante 
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! 
Morte ao burguês de giolhos, 
cheirando religião e que não crê em Deus! 
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! 
Ódio fundamento, sem perdão! 
 
Fora! Fu! Fora o bom burgês!... 
 
O poema "Ode ao Burguês" de Mário de Andrade é uma expressão vigorosa e 
revolucionária que critica ferozmente a classe burguesa e suas práticas. O uso repetitivo da 
palavra "ódio" e os insultos diretos reforçam a intensidade das emoções do poeta, revelando um 
profundo descontentamento com a sociedade burguesa da época. A linguagem audaciosa e 
irreverente destaca-se ao longo do poema, onde Mário de Andrade utiliza imagens fortes e 
sarcasmo para descrever o comportamento e as características associadas aos burgueses. Desde 
a "digestão bem-feita de São Paulo" até a crítica às tradições representadas pelo "feijão com 
1 Arielly de CarvalhoAlves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
toucinho", o poema é uma denúncia da estagnação e do conservadorismo atribuídos à classe 
burguesa. A inclusão de referências como "Padaria Suíssa" e "burguês-cinema" satiriza 
elementos da cultura burguesa, sugerindo uma aversão ao consumismo e à superficialidade. O 
verso que menciona "Morte viva ao Adriano!" pode ser interpretado como uma rejeição a um 
indivíduo específico ou, mais simbolicamente, como uma crítica à conformidade e à aceitação 
passiva. 
Ao convocar a "morte ao burguês" de joelhos, cheirando religião e que não crê em 
Deus, o poema assume uma dimensão crítica não apenas ao aspecto econômico da burguesia, 
mas também à sua suposta hipocrisia moral e religiosa. O tom de desafio, manifesto na 
expressão "Fora o bom burguês!", revela a postura contestadora do autor e sua busca por uma 
transformação radical.Em síntese, "Ode ao Burguês" é uma obra que transcende a simples 
crítica social, representando um manifesto poético que denuncia, com vigor e paixão, as 
inadequações percebidas na classe burguesa da época, contribuindo assim para o espírito 
revolucionário e modernista do período em que foi escrito. 
 
Por fim, analisemos o poema "O Bicho" — Manuel Bandeira: 
 
Vi ontem um bicho 
Na imundície do pátio 
Catando comida entre os detritos. 
 
Quando achava alguma coisa, 
Não examinava nem cheirava: 
Engolia com voracidade. 
 
O bicho não era um cão, 
Não era um gato, 
Não era um rato. 
 
O bicho, meu Deus, era um homem. 
 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
No poema "O Bicho" de Manuel Bandeira inicia-se com a observação direta de uma 
cena cotidiana: "Vi ontem um bicho". Esse verso, apesar de sua simplicidade aparente, sugere 
uma descoberta significativa. O cenário é habilmente delineado no segundo verso, "Na 
imundície do pátio", evocando a imagem de um ambiente sujo e abandonado, onde o 
acontecimento se desenrola. A busca por sustento é retratada no terceiro verso, "Catando 
comida entre os detritos", revelando a luta pela sobrevivência em meio à desolação. 
A voracidade do ser diante da escassez é destacada no verso seguinte: "Quando achava 
alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade". Aqui, a escolha da 
palavra "voracidade" ressalta a fome extrema e a urgência na obtenção de alimento. A 
identidade enigmática do protagonista é explorada na sequência, onde o poeta enumera animais 
comuns — "O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato". Essa enumeração, 
ao sugerir uma identidade não convencional, aumenta a curiosidade do leitor. 
A revelação final, "O bicho, meu Deus, era um homem", é impactante. O uso da 
expressão "meu Deus" denota choque e incredulidade diante da verdadeira natureza do ser 
observado. Cada verso, cuidadosamente escolhido, contribui para a construção de uma narrativa 
que transcende a aparente simplicidade do poema. Assim, Bandeira não apenas descreve a 
miséria, mas também convida à reflexão sobre a complexidade da condição humana e suas 
implicações sociais. 
 
3. METODOLOGIA 
 
A metodologia utilizada foi a bibiografica e analítica. De acordo com Gil (2010), "a 
revisão bibliográfica é uma etapa importantíssima, onde o pesquisador busca, através da 
literatura, a fundamentação teórica necessária para embasar sua pesquisa, identificando as 
principais teorias e pesquisas já realizadas sobre o tema". Para com Richardson (1999), "a 
análise é a decomposição de um todo em partes, visando ao conhecimento das partes, das 
funções que desempenham e das relações entre elas". Na metodologia analítica, o pesquisador 
busca identificar padrões, tendências, relações causais ou outros elementos fundamentais 
presentes nas obras analisadas. 
Neste sentindo, a pesquisa se deu pela a seleção dos poemas, logo, foi realizado suas 
leituras e suas análises, ao término disto da análise, foi realizado uma pesquisa bibiografica em 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
sites, livros e periódicos científicos sobre a temática, assim, foi compilado todos as teorias sobre 
o tema e apresentado os resultados e as conclusões final a respeito da temática. 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
A análise comparativa entre os poemas "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, "Ode 
ao Burguês" de Mário de Andrade e "O Bicho" de Manuel Bandeira destaca relações temáticas 
profundas, oferecendo uma visão rica e multifacetada da experiência humana. Em "Canção do 
Exílio", Gonçalves Dias expressa uma conexão romântica e emocional com a pátria, destacando 
a singularidade da natureza brasileira. Esta identidade enraizada ressoa, de forma atemporal, na 
contemporaneidade, onde a diversidade cultural é celebrada em meio a um mundo globalizado. 
Por outro lado, "Ode ao Burguês" de Mário de Andrade proporciona uma crítica ousada 
e direta à classe burguesa, manifestando descontentamento com a hipocrisia e a estagnação 
social. Este poema, apesar de refletir o contexto histórico em que foi escrito, ecoa nas discussões 
contemporâneas sobre desigualdade social, concentrando-se em temas urgentes como 
distribuição de riqueza e acesso a oportunidades. 
Enquanto isso, "O Bicho" de Manuel Bandeira retrata de maneira crua a miséria e a 
luta pela sobrevivência, provocando uma reflexão profunda sobre a condição humana em meio 
às adversidades. Essa representação, embora situada em um contexto específico, encontra 
paralelos na contemporaneidade, onde persistem desafios relacionados à pobreza extrema e às 
desigualdades sociais. 
Ao contrastar esses temas poéticos com a realidade contemporânea, percebemos que 
as questões abordadas nos poemas ainda ressoam de maneira relevante. A conexão emocional 
com a pátria, explorada por Gonçalves Dias, continua a ser uma temática presente, moldada 
agora por uma diversidade cultural mais ampla e globalizada, refletindo a evolução da 
identidade em um mundo interconectado. 
A crítica à classe burguesa, expressa por Mário de Andrade, pode ser vista como 
precursora das discussões contemporâneas sobre desigualdade social, concentrada em temas 
como distribuição de riqueza e acesso a oportunidades. A sociedade contemporânea ainda 
enfrenta desafios relacionados à disparidade econômica e à busca por equidade, tornando a 
crítica burguesa uma voz antecipada de preocupações sociais. 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
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O retrato da miséria e da luta pela sobrevivência em "O Bicho" ressoa em questões 
contemporâneas, como a persistência da pobreza extrema em diversas partes do mundo e a luta 
contra as desigualdades sociais. A reflexão sobre a complexidade da condição humana, exposta 
por Manuel Bandeira, permanece relevante diante dos desafios enfrentados por comunidades 
marginalizadas. Em última análise, os poemas proporcionam uma análise atemporal de aspectos 
fundamentais da experiência humana, incentivando uma compreensão mais profunda e 
empática do mundo contemporâneo. A reflexão poética desses escritores se mantém válida e 
ressoante, oferecendo insights que transcendem as fronteirastemporais e continuam a inspirar 
reflexões críticas sobre a sociedade atual. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
O presente trabalho buscou explorar a relevância contemporânea de obras poéticas 
clássicas da literatura brasileira, especificamente analisando os poemas "Canção do Exílio" de 
Gonçalves Dias, "Ode ao Burguês" de Mário de Andrade e "O Bicho" de Manuel Bandeira. Ao 
abordar temas como identidade, crítica social e a complexidade da condição humana, os poetas 
em questão transcenderam as barreiras temporais, oferecendo insights que continuam a ressoar 
na contemporaneidade. 
No poema "Canção do Exílio", Gonçalves Dias apresenta uma expressão lírica e 
romântica que celebra a pátria, revelando uma profunda conexão emocional. A identidade 
brasileira, enraizada na natureza exuberante e na singularidade cultural, continua a ecoar na 
atualidade, proporcionando uma reflexão sobre a diversidade em um mundo globalizado. Já em 
"Ode ao Burguês", Mário de Andrade emprega uma crítica feroz à classe burguesa, destacando 
questões de desigualdade social e hipocrisia. Este poema, embora ancorado em seu contexto 
histórico, antecipa preocupações contemporâneas relacionadas à distribuição de riqueza e 
acesso a oportunidades, contribuindo para discussões persistentes sobre equidade social. 
Por fim, "O Bicho" de Manuel Bandeira mergulha na miséria e na luta pela 
sobrevivência, proporcionando uma reflexão profunda sobre a condição humana em meio às 
adversidades. A revelação impactante de que o "bicho" é, na verdade, um homem, levanta 
questões universais sobre a complexidade e a vulnerabilidade da existência, ecoando em 
desafios contemporâneos como a pobreza extrema e as desigualdades sociais. 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
Ao comparar esses poemas, percebemos que as preocupações poéticas desses autores 
continuam a ser relevantes na sociedade atual. A identidade cultural, a crítica social e a reflexão 
sobre a condição humana são temas atemporais que ecoam em meio às transformações sociais, 
culturais e políticas. A poesia, como expressão artística, revela-se como um meio poderoso para 
provocar reflexões críticas e oferecer insights que transcendem as fronteiras temporais, 
contribuindo para uma compreensão mais profunda e empática do mundo contemporâneo. 
Considerando a complexidade das obras analisadas, concluímos que a poesia brasileira 
clássica continua a desempenhar um papel fundamental na formação crítica da sociedade, 
proporcionando uma ponte entre o passado e o presente. As reflexões poéticas oferecidas por 
Gonçalves Dias, Mário de Andrade e Manuel Bandeira inspiram-nos a contemplar as nuances 
da identidade, a abordar as desigualdades sociais e a compreender a profundidade da condição 
humana, revelando assim a intemporalidade e a relevância da poesia na nossa compreensão do 
mundo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, Mário de. Ode ao Burguês. Revista de Antropofagia, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 25-
30, jan. 1928. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira): 
 
BANDEIRA, Manuel. O Bicho. Poemas Completos. Dissertação (Mestrado em Literatura 
Brasileira), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1924. 
 
BLOOM, H. A Angústia da Influência. Rio de Janeiro: Imago, 1973. 
 
CANDIDO, A. Dialética da Malandragem. In: ___. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: 
Duas Cidades; Ed. 34, 1970. 
 
DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio. São Paulo: Martin Claret, 2002. Artigo de Periódico: 
 
ELIOT, T.S. Tradição e Talento Individual. In: ___. Ensaios. São Paulo: Art Editora, 1921. 
 
FERREZ. Capão Pecado. São Paulo: Ediouro, 2000. 
 
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1992. 
Metodologia Analítica: 
 
1 Arielly de Carvalho Alves; Carlos Geovanio Efigenio da Silva; Fernanda de Oliveira Fernandes; Jacinta Lúcia de 
Assis Rocha; 
2 Marco Aurelio Godinho Rodrigues 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5510952) – Prática do Módulo I - 22/11/2023 
 
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 
1999. 
 
SCHWARZ, R. Ao Vencedor as Batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1977.

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