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EXCLENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PETRÓPOLIS/RJ Processo nº: 0142575-28.2020.8.19.0001 PEDRO HENRIQUE MARCELINO FERREIRA CARVAL, já qualificado no processo em epígrafe, vem por sua advogada e bastante procuradora que a esta subscreve, respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar suas: ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS na forma do art. 403, §3º, do CPP, contestando de forma veemente a denúncia; bem como as alegações finais do Ilustre Representante do Ministério Público. I – BREVE SÍNTESE FÁTICA. 1. O órgão Ministerial ofereceu denúncia em face do Réu pela suposta prática de conduta tipificada no art. 33 da Lei nº 11.343/06. 2. Narra a exordial, em síntese, que o Réu foi preso em suposto flagrante, guardando em depósito 86g de cocaína. 3. Finda a instrução criminal, em sede de alegações finais, o parquet requereu a condenação do Réu nos termos da exordial acusatória, requerimento este que se mostra manifestamente contrário ao que restou comprovado em instrução e será devidamente esmiuçado a seguir. II – DO DIREITO. II.1 – DA ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS POR MANIFESTA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. (ART. 386, V e VII do CP). 4. Mesmo diante da materialidade apresentada pelos laudos juntados ao processo, não restou comprovado de forma idônea que o acusado praticava a conduta descrita no art. 33 da lei de Drogas, em seu ânimo subjetivo de TRAFICÂNCIA e nem que realmente concorreu para a ação penal nos moldes narrados na exordial acusatória. 5. Primeiramente cumpre salientar que as alegações finais apresentadas pelo ilustre parquet se utilizam única e exclusivamente do depoimento dos policiais como fundamento para o pedido de condenação do Réu, o que é aceito pelo nosso ordenamento jurídico pela fé pública inerente às autoridades de segurança pública, mas que não pode ser utilizado no presente procedimento e pela utilização indiscriminada da Súmula 70 do TJRJ, ocorre que os depoimentos prestados não se mostram suficiente pois mesmo neles não há a comprovação da prática da traficância, pois esta prática se entendeu presente por uma denúncia anônima e não pela narrativa policial. 6. Visando trazer provas da ocorrência dos fatos nos moldes da exordial o órgão acusador traz o depoimento do suposto comprador, em sede de delegacia, mas que não pode ser utilizado, pois impossível a possibilidade de contraditório frente ao óbito da testemunha. 7. Dentro da presente instrução se vislumbra, além da inversão do ônus probatório, a presunção de culpabilidade que é comumente utilizada para egressos do sistema penitenciário, qualquer narrativa, por mais absurda que seja dada em relação a indivíduo com as subjetividades como a do Réu, “COLA”. 8. Nesse diapasão o que deve ser utilizado para fundamentar uma possível condenação nos termos da exordial em desfavor do Réu, são os fatos apurados na presente instrução, e definitivamente esses fatos não restaram suficientes para fundamentar uma condenação em desfavor do Réu pela prática da conduta tipificada no art. 33 da Lei de drogas. 9. Frente ao narrado observa-se dos fatos, uma tentativa sufocante por parte do Ministério Público, que ofereceu a denúncia, em querer incriminar o Réu, porém, como já demonstrado, sem trazer nenhuma prova idônea para fundamentar minimamente esta condenação. 10. Diante da insuficiência de provas não há como imputar ao Réu a autoria pelo crime de tráfico de drogas, de forma que nos termos dos art. 386 V e VII do CPP, o juiz deve absolvê-lo. 11. Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, torna-se incontestável então a necessidade da aplicação do IN DUBIO PRO REO, uma vez que certa é a dúvida acerca da culpa atribuída ao Réu, sendo assim, diante da insuficiência probatória, posto que a acusação não conseguiu demonstrar de forma irrefutável os fatos narrados na denúncia, a pretensão punitiva merece ser julgada improcedente. 12. Nesse aspecto, como corolário da presunção de inocência, o in dubio pro reo pressupõe a atribuição de carga probatória ao acusador. Sobre esse preceito assim leciona Aury Lopes Jr. in verbis: “A complexidade do conceito de presunção de inocência faz com que o dito princípio atue em diferente dimensões no processo penal. Contudo, a essência da presunção de inocência pode ser sintetizada na seguinte expressão: dever de tratamento. Esse tratamento atua em duas dimensões, interna e externa ao processo. Dentro do processo, a presunção de inocência implica um dever de tratamento por parte do juiz e do acusador, que deverão efetivamente tratar o Réu como inocente, não (ab) usando das medidas cautelares e, principalmente, não olvidando que a partir dela, se atribui a carga da prova integralmente ao acusador (em decorrência do dever de tratar o Réu como inocente, logo, a presunção deve ser derrubada pelo acusador). Na dimensão externa ao processo, a presunção de inocência impõe limites à publicidade abusiva e à estigmação do acusado (diante do dever de trata-lo como inocente)”. 13. Colacionamos o entendimento jurisprudencial do Egrégio Tribunal de justiça do Estado do Paraná, que assim decidiu: DECISÃO: Acordam os Desembargadores da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e dar provimento ao recurso de apelação, absolvendo o acusado, com fulcro no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, oficiando-se à vara de origem para que esta expeça alvará de soltura em favor de L. P. P., nos autos NU 0025281-83.2014.8.16.0021, se por outro motivo não estiver preso. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO (ART. 155, § 4º, IV, DO CP)- PLEITO ABSOLUTÓRIO - ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA ACOLHIDA - PALAVRA DA VÍTIMA ISOLADA DOS AUTOS - EXISTÊNCIA DE PROVAS CONTRÁRIAS AO SEU RECONHECIMENTO - DEPOIMENTO DOS POLICIAIS MILITARES - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO - PEDIDOS REFERENTES À DOSIMETRIA DA PENA PREJUDICADOS ANTE A ABSOLVIÇÃO - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, OFICIANDO-SE A VARA DE ORIGEM PARA QUE EXPEÇA ALVARÁ DE SOLTURA EM FAVOR DO RÉU, SE POR ‘AL’ NÃO ESTIVER PRESO. (TJPR - 5ª C.Criminal - AC - 1324502-8 - Cascavel - Rel.: Marcus Vinicius de Lacerda Costa - Unânime - - J. 14.05.2015) (TJ-PR - APL: 13245028 PR 1324502-8 (Acórdão), Relator: Marcus Vinicius de Lacerda Costa, Data de Julgamento: 14/05/2015, 5ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1573 27/05/2015) III – DO PEDIDO. Diante do exposto, requer: 1) a ABSOLVIÇÃO por insuficiência de provas da imputação de tráfico de drogas do art. 33 da lei nº 11.343/06 na forma do art. 386, VII do CPP, ou ainda, com a aplicação do in Dubio pro Reo; Termos em que, Pede deferimento, Petrópolis, 28 de Fevereiro de 2023. Rafaela Dias Teodoro OAB/RJ 207.504 2024-02-28T18:56:17-0300
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