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281 bem utilizados não descaracterizam a situação a ser apresentada. A citação de terceiros deve ser igualmente descaracterizada, pois os mesmos não foram consultados a este respeito e, se o fossem, isto, por si só, caracterizaria uma situação eticamente inadequada. Devem ser fornecidos apenas os da- dos necessários à compreensão da si- tuação a ser apresentada, sendo pre- servadas todas as demais informações. Não devem ser permitidas cópias dos vídeos para qualquer outra pessoa, mesmo alunos em processo de forma- ção, salvo prévia autorização pelos pacientes, de forma explícita, indican- do a finalidade específica de tal pro- cedimento. Os cuidados devem ser re- dobrados quando são utilizados servi- ços de outros profissionais em qualquer das etapas de produção dos vídeos. Estes profissionais também têm deve- res para com a preservação da priva- cidade dos pacientes, sendo obrigação do pesquisador ou terapeuta enfatizar tais obrigações. Além disso, estes vídeos não poderão ser utilizados como demonstração ou propaganda dos ser- viços prestados por estes profissionais. Pesquisa A realização de um projeto de pesquisa envolve aspectos de confidencialidade e privacidade em todas as suas etapas. Desde o plane- jamento até a divulgação, o pesquisa- dor e todas as demais pessoas que vie- rem a se envolver têm o compromisso de resguardar as informações, ou seja, de impedir que as mesmas sejam utili- zadas de forma inadequada. Durante a fase de planejamento a preservação das informações entre os membros da equipe é fundamental, pois o projeto ainda não foi apresen- tado. Da mesma forma, os Comitês de Ética em Pesquisa, em todas as ins- tâncias, e os Comitês Assessores das agências financiadoras assumem o compromisso com a preservação das informações a eles submetidas. Quan- do forem utilizados consultores ad hoc, esta característica deve constar formal- mente na solicitação do parecer (37). Durante a execução do proje- to devem ser mantidas todas as propostas contidas no mesmo, ou seja, a não identificação dos indiví- duos pesquisados, a preservação de suas imagens, o uso específico para a finalidade do projeto. Os pesquisado- res, entre si, devem, igualmente ter uma garantia sobre as informações duran- te a execução do projeto. Nenhuma informação pode ser divulgada por membros isolados, mesmo que sob a forma de “cartas a editor” ou “temas livres”, salvo quando a toda a equipe autorize tal situação. Na divulgação, o importante é a garantia de que todos os participantes tiveram as suas identidades preserva- das na íntegra. Os editores de revistas científicas, por sua vez devem garantir a preservação dos contéudos, durante a tramitação do artigo. Novamente, to- dos os consultores e membros do Cor- po Editorial estão comprometidos for- mal e solidariamente. Considerações finais Inúmeros novos desafios estão sen- do propostos. O uso crescente de re- cursos de transmissão de dados sobre 282 pacientes, utilizando telefone, fax, redes de computadores, podem se constituir em novas situações de quebra de confi- dencialidade ou de privacidade. A nova medicina preditiva traz consigo questões complexas como a forma de registrar estas novas informa- ções e seu risco de acarretar danos, muitas vezes irreparáveis, ao pacien- te. Outra importante questão, ainda na área da genética, é a do tempo ade- quado para revelar informações a um paciente que ainda terá vários anos de vida antes que sua doença genética venha a se expressar. O profissional deve revelar esta informação ou, ba- seado na não-maleficência, deve evi- tar causar um dano deliberado? A telemedicina também é um de- safio, pois o médico e o paciente esta- rão em locais diferentes, muitas vezes sem qualquer contato pessoal anterior ou futuro. Este novo tipo de vínculo não alterará o compromisso do profissio- nal para com seu paciente, porém sem- pre haverá a participação de outros profissionais mediando a relação en- tre ambos. Isto por si só poderia ser caracterizado como sendo uma que- bra de privacidade. Estes e outros novos desafios de- vem ser enfrentados com sabedoria, entendida como o conhecimento ne- cessário para lidar com o próprio co- nhecimento. Novas situações exigem novas soluções, que muitas vezes res- gatam antigas proposições, apenas adequando-as ao novo contexto. O fundamental é reconhecer que as pes- soas sempre possuem dignidade, inde- pendentemente de sua idade ou capa- cidade, merecendo, desta forma, todo o nosso respeito e cuidado para com as informações a elas pertinentes. Referências bibliográficas 1. Edwards RB. Confidenciality and the professions. In: Edwards RB, Graber GC. Bio-Ethics. San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, 1988: 74-7. 2. Brasil. Código Penal Brasileiro 1941. Violação do segredo profissional: Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 3. Conselho Federal de Medicina (Brasil). Código de Ética Médica. Resolução CFM nº 1.246/88. É vedado ao médico: Art. 102 - Revelar fato de que tenha conheci- mento em virtude do exercício de sua pro- fissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente. 4. Ross W.D. The right and the good. Oxford: Clarendon, 1930: 19-36. 5. França GV. Comentários ao Código de Ética Médica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1994: 103. 6. Hofstede G. Cultures and organizations. New York: McGraw-Hill, 1997: 67. 7. Lloyd GER. Hippocratic writings. London: Penguin, 1983: 67. 8. Percival T. Medical ethics. Manchester: Russel, 1803: 101. 9. Bioethics Information Retrieval Project. Bioethics thesaurus. Washington: Kennedy Institue of Ethics, 1995: 9 10.Conselho Federal de Medicina (Brasil). Código de Ética Médica. Resolução CFM nº 1.246/88. É vedado ao médico: Art. 103 - Revelar segredo profissional refe- rente a paciente menor de idade, inclu- sive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade
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