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iniciao biotica-140

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bem utilizados não descaracterizam a
situação a ser apresentada. A citação
de terceiros deve ser igualmente
descaracterizada, pois os mesmos não
foram consultados a este respeito e, se
o fossem, isto, por si só, caracterizaria
uma situação eticamente inadequada.
Devem ser fornecidos apenas os da-
dos necessários à compreensão da si-
tuação a ser apresentada, sendo pre-
servadas todas as demais informações.
Não devem ser permitidas cópias
dos vídeos para qualquer outra pessoa,
mesmo alunos em processo de forma-
ção, salvo prévia autorização pelos
pacientes, de forma explícita, indican-
do a finalidade específica de tal pro-
cedimento. Os cuidados devem ser re-
dobrados quando são utilizados servi-
ços de outros profissionais em qualquer
das etapas de produção dos vídeos.
Estes profissionais também têm deve-
res para com a preservação da priva-
cidade dos pacientes, sendo obrigação
do pesquisador ou terapeuta enfatizar
tais obrigações. Além disso, estes
vídeos não poderão ser utilizados como
demonstração ou propaganda dos ser-
viços prestados por estes profissionais.
Pesquisa
A realização de um projeto de
pesquisa envolve aspectos de
confidencialidade e privacidade em
todas as suas etapas. Desde o plane-
jamento até a divulgação, o pesquisa-
dor e todas as demais pessoas que vie-
rem a se envolver têm o compromisso
de resguardar as informações, ou seja,
de impedir que as mesmas sejam utili-
zadas de forma inadequada.
Durante a fase de planejamento
a preservação das informações entre
os membros da equipe é fundamental,
pois o projeto ainda não foi apresen-
tado. Da mesma forma, os Comitês de
Ética em Pesquisa, em todas as ins-
tâncias, e os Comitês Assessores das
agências financiadoras assumem o
compromisso com a preservação das
informações a eles submetidas. Quan-
do forem utilizados consultores ad hoc,
esta característica deve constar formal-
mente na solicitação do parecer (37).
Durante a execução do proje-
to devem ser mantidas todas as
propostas contidas no mesmo, ou
seja, a não identificação dos indiví-
duos pesquisados, a preservação de
suas imagens, o uso específico para a
finalidade do projeto. Os pesquisado-
res, entre si, devem, igualmente ter uma
garantia sobre as informações duran-
te a execução do projeto. Nenhuma
informação pode ser divulgada por
membros isolados, mesmo que sob a
forma de “cartas a editor” ou “temas
livres”, salvo quando a toda a equipe
autorize tal situação.
Na divulgação, o importante é a
garantia de que todos os participantes
tiveram as suas identidades preserva-
das na íntegra. Os editores de revistas
científicas, por sua vez devem garantir
a preservação dos contéudos, durante
a tramitação do artigo. Novamente, to-
dos os consultores e membros do Cor-
po Editorial estão comprometidos for-
mal e solidariamente.
Considerações finais
Inúmeros novos desafios estão sen-
do propostos. O uso crescente de re-
cursos de transmissão de dados sobre
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pacientes, utilizando telefone, fax, redes
de computadores, podem se constituir
em novas situações de quebra de confi-
dencialidade ou de privacidade.
A nova medicina preditiva traz
consigo questões complexas como a
forma de registrar estas novas informa-
ções e seu risco de acarretar danos,
muitas vezes irreparáveis, ao pacien-
te. Outra importante questão, ainda na
área da genética, é a do tempo ade-
quado para revelar informações a um
paciente que ainda terá vários anos de
vida antes que sua doença genética
venha a se expressar. O profissional
deve revelar esta informação ou, ba-
seado na não-maleficência, deve evi-
tar causar um dano deliberado?
A telemedicina também é um de-
safio, pois o médico e o paciente esta-
rão em locais diferentes, muitas vezes
sem qualquer contato pessoal anterior
ou futuro. Este novo tipo de vínculo não
alterará o compromisso do profissio-
nal para com seu paciente, porém sem-
pre haverá a participação de outros
profissionais mediando a relação en-
tre ambos. Isto por si só poderia ser
caracterizado como sendo uma que-
bra de privacidade.
Estes e outros novos desafios de-
vem ser enfrentados com sabedoria,
entendida como o conhecimento ne-
cessário para lidar com o próprio co-
nhecimento. Novas situações exigem
novas soluções, que muitas vezes res-
gatam antigas proposições, apenas
adequando-as ao novo contexto. O
fundamental é reconhecer que as pes-
soas sempre possuem dignidade, inde-
pendentemente de sua idade ou capa-
cidade, merecendo, desta forma, todo
o nosso respeito e cuidado para com
as informações a elas pertinentes.
Referências bibliográficas
1. Edwards RB. Confidenciality and the
professions. In: Edwards RB, Graber GC.
Bio-Ethics. San Diego: Harcourt Brace
Jovanovich, 1988: 74-7.
2. Brasil. Código Penal Brasileiro 1941.
Violação do segredo profissional: Art.
154. Revelar alguém, sem justa causa,
segredo de que tem ciência em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, e
cuja revelação possa produzir dano a
outrem: Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, ou multa.
3. Conselho Federal de Medicina (Brasil).
Código de Ética Médica. Resolução CFM
nº 1.246/88. É vedado ao médico: Art.
102 - Revelar fato de que tenha conheci-
mento em virtude do exercício de sua pro-
fissão, salvo por justa causa, dever legal
ou autorização expressa do paciente.
4. Ross W.D. The right and the good.
Oxford: Clarendon, 1930: 19-36.
5. França GV. Comentários ao Código de
Ética Médica. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 1994: 103.
6. Hofstede G. Cultures and organizations.
New York: McGraw-Hill, 1997: 67.
7. Lloyd GER. Hippocratic writings.
London: Penguin, 1983: 67.
8. Percival T. Medical ethics. Manchester:
Russel, 1803: 101.
9. Bioethics Information Retrieval Project.
Bioethics thesaurus. Washington:
Kennedy Institue of Ethics, 1995: 9
10.Conselho Federal de Medicina (Brasil).
Código de Ética Médica. Resolução CFM
nº 1.246/88. É vedado ao médico: Art.
103 - Revelar segredo profissional refe-
rente a paciente menor de idade, inclu-
sive a seus pais ou responsáveis legais,
desde que o menor tenha capacidade

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