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Variedades de Plantas e Frutos

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lhas, de vagens, de tubérculos, ou em geral da parte procurada das plantas hortí-
colas, relativamente às flores das mesmas variedades; e, enfim, num pomar, a 
diversidade de frutos de uma mesma espécie, comparativamente às folhas e às 
flores dessas mesmas árvores. Notai quanto diferem as folhas da Couve, e quanta 
semelhança na flor; quanto, ao contrário, são diferentes as flores do Amor-perfeito, 
e como as folhas são uniformes; como os frutos das diversas espécies de Grose-
lheira diferem pelo tamanho, pela cor, pela forma e grau de vilosidade, e que pou-
ca diferença nas flores. São apenas as variedades que diferem muito num ponto, 
não diferindo de resto em todos os outros, porque posso afirmar, após longas e 
cuidadosas observações, que isto jamais se dá ou quase nunca. A lei da correla-
ção do crescimento, de que não se deve esquecer a importância, arrasta quase 
sempre algumas diferenças; mas, em regra geral, não se pode duvidar que a sele-
ção contínua de ligeiras variações, quer nas folhas, quer nas flores, quer nos fru-
tos, não produza raças diferentes umas das outras, mais particularmente num dos 
órgãos. 
Poder-se-ia objetar que o princípio da seleção tem sido reduzido à prática 
apenas há cerca de três quartos de século. Sem dúvida que este assunto, recen-
temente, tem merecido mais interesse e se têm publicado numerosas obras a seu 
respeito; também os resultados têm sido, como era de esperar, rápidos e impor-
tantes; mas não é permitido dizer-se que este princípio seja uma descoberta mo-
derna. Eu poderia citar muitas obras de uma remota antiguidade provando que, 
desde então, se reconhecia a importância deste princípio. Temos a prova de que, 
mesmo durante os períodos bárbaros pelos quais tem passado a Inglaterra, se 
importavam muitas vezes animais de raça, e as leis proibiam a exportação; orde-
nava-se a destruição dos cavalos que não atingiam uma certa altura; o que se po-
de comparar ao trabalho que fazem os horticultores quando eliminam, entre os 
produtos das suas sementes, todas as plantas que tendam a desviar-se do tipo 
regular. Uma antiga enciclopédia chinesa formula nitidamente os princípios da se-
leção; certos autores clássicos romanos indicam algumas regras precisas; resulta 
de certas passagens do Gênese que, desde esse antigo período, se prestava já 
alguma atenção à cor dos animais domésticos. Ainda hoje os selvagens cruzam

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