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UTILIZAÇÃO DE CONCRETO RECICLADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Isabella Samanta Vieira Lackin 1 lackinisabella@gmail.com Professor orientador: Paulo Ricardo Coordenação de curso de Engenharia Civil Resumo Com o aquecimento da área da construção civil nos últimos anos, no Brasil, somado a produção de resíduos no setor, temos como resultado um alto impacto ambiental. Com alto consumo enérgico e utilização de recursos naturais. O resíduo da construção civil (RCC) ou resíduo da construção e demolição (RCD) é todo resíduo gerado através da construção civil, escavação ou demolição. É frequentemente descartado de forma incorreta, trazendo problemas para as vias urbanas, como também, lotando aterros sanitários. Visto isso, tem se feito necessário estudos que aprimoram o uso de RCC no setor tendo como exemplo, o concreto reciclado, que utiliza o RCC como agregado. Que tem se mostrado um material versátil, seguro e pode reduzir os custos de uma obra em outros países. No Brasil tem que estimar se o uso do agregado reciclado para fabricação do concreto pode favorecer o meio ambiente. Palavras-chave: Construção. Resíduo. Concreto. Sustentabilidade. 1. INTRODUÇÃO A indústria da construção é uma das mais antigas em todo o mundo e se utiliza de técnicas e materiais que não mudaram muito ao longo do tempo. O concreto, por exemplo, é produzido hoje com a mesma receita básica de anos atrás: água, cimento e agregado, podendo variar apenas com o uso de um ou outro aditivo, ou adição, que podem levar a alguns efeitos diferenciados. A preocupação com o meio ambiente tem levado todas as indústrias a começar a repensar métodos e técnicas (LEITE, 2001). No concreto podemos usar aditivos para a intensificar ou enfraquecer uma característica que já está no concreto e a adição é quando o material substitui parcialmente ou adiciona no cimento. Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc. (CONAMA 307,2002). A construção civil é um dos setores da economia que mais cresce no Brasil, segundo os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) a construção civil gerou mais de meio milhão de empregos desde o início da pandemia. Com esse crescimento os resíduos da construção civil vêm crescendo abundantemente, mesmo em cidades que tem uma gestão voltada para esse resíduo não é suficiente. A sociedade tem que 1 Graduação em Engenharia Civil – Faculdade Ages de Senhor do Bonfim considerar cada vez mais o uso do concreto com resíduos reciclado para contribuir com o meio ambiente. Várias são as fontes de geração de resíduos na construção civil. Por exemplo, a falta de qualidade dos bens e serviços, no setor da construção, pode dar origem às perdas de materiais, que saem das obras em forma de entulho e contribuem sobremaneira no volume de resíduos gerados. Por outro lado, existem ainda as perdas que não saem da edificação, que podem levar ao mau funcionamento das mesmas e acabam por acarretar o aparecimento de manifestações patológicas. Deste modo, há uma redução da vida útil das estruturas, que necessitarão de manutenção mais frequente, vindo também a propiciar maior consumo de matéria prima e geração de resíduos (LEITE, 2001). Em Salvador, onde é significativa a geração de resíduos sólidos urbanos, o crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que essa quantidade aumente ainda mais. Em um momento caracterizado pelo forte aquecimento do setor imobiliário na cidade, torna-se urgente a necessidade de soluções alternativas para a destinação dos RCC (EVANGELISTA; COSTA; ZANTA, 2010). Segundo a empresa de limpeza urbana de Salvador (LIMPURB), em 2020 a coleta de RCC aumentou 0,86% em relação a 2019, nesse ano foram coletadas 2.462,28 toneladas por dia de resíduos e 750.389,92 toneladas por ano. A geração de RCD já possui números assustadores e a tendência mundial é que estes valores aumentem ainda mais. Encontrar uma utilização para estes resíduos é mais que uma necessidade, é uma obrigação (LEITE, 2001). Em muitos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão as usinas de reciclagem de resíduos de construção e demolição já são uma realidade e o processo, em muitos deles, já está muito avançado (LEITE, 2001). As inúmeras pesquisas relacionadas ao estudo de agregados reciclados de concreto atestam o grande potencial do material. No Brasil, os estudos concentram-se basicamente no tratamento das sobras de concreto em centrais dosadoras, e ao reaproveitamento de resíduos de construção e demolição (BUTTLER, 2003). 2. DESENVOLVIMENTO Nenhuma sociedade poderá atingir o desenvolvimento sustentável sem que a construção civil, que lhe dá suporte, passe por profundas transformações (CASSA, 2001). Os resíduos de concreto, devido ao conhecimento das propriedades do material de origem, na maioria dos casos, possuem uma grande potencialidade para serem reciclado como matéria prima. Infelizmente, ainda não existem procedimentos nacionais para utilização, devido a isto ocorre o panorama existente no Brasil, onde os resíduos são na maioria das vezes despejados no meio ambiente. A falta de informação e estudos sobre estes materiais, levam à um desperdício econômico enorme, pois se está jogando fora um material com grande possibilidade de ser reaproveitado (GONÇALVES, 2001). A cadeia produtiva da construção civil, também denominada construbusiness, apresenta importantes impactos ambientais em todas as etapas do seu processo: extração de matérias primas, produção de materiais, construção, uso e demolição. Qualquer sociedade seriamente preocupada com esta questão deve colocar o aperfeiçoamento da construção civil como prioridade (CASSA, 2001). 2.1 Concreto O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra ou brita). O concreto pode também conter adições e aditivos químicos, com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas (BASTOS,2019). O concreto de cimento Portland é o mais importante material estrutural e de construção civil da atualidade. Mesmo sendo o mais recente dos materiais de construção de estruturas, pode ser considerado como uma das descobertas mais interessantes da história do desenvolvimento da humanidade e sua qualidade de vida (HELENE E ANDRADE,2010). O concreto usado como material estrutural é chamado de concreto estrutural e pode ser o concreto simples, sem armadura; o concreto armado quando a armadura não é pré- tracionada ou protendida e o concreto protendido quando a armadura é ativa ou protendida (COUTO et al, 2013). O concreto simples é usado na fabricação de blocos de concreto; na construção de estaca broca de fundação; na construção de tubulações; no cimento de pisos etc. (BOTELHO, 2006). O concreto armado é um material de construção resultante da união do concreto simples e de barras de aço, envolvidas pelo concreto, com perfeita aderência entre os dois materiais, de tal maneira que resistam ambos solidariamente aos esforços a que forem submetidos. A utilização de barras de aço juntamente com o concreto, só é possível devido as seguintes razões: trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os dois materiais; o coeficiente de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente iguais; o concreto protege de oxidação o aço da armadura garantido a durabilidade da estrutura (SOUZA JÚNIOR). Por vida útil entende-se o períodode tempo no qual a estrutura é capaz de desempenhar as funções para as quais foi projetada, sem necessidade de intervenção não prevista. A questão da vida útil das estruturas de concreto deve ser considerada como resultante de ações coordenadas e realizadas em todas as etapas do processo construtivo (HELENE, 2002). No projeto de controle de qualidade do concreto, a resistência é uma propriedade normalmente especificada, porque, comparado aos ensaios envolvendo outras propriedades, o ensaio de resistência é relativamente fácil. Além disso, acredita-se que muitas das propriedades do concreto, como módulo de elasticidade, estanqueidade ou impermeabilidade, e resistência a intempéries, incluindo águas agressivas, estão ligadas à resistência e, por isso podem ser deduzidas a partir dos dados da resistência. A resistência à compressão do concreto é muitas vezes maior do que outros tipos de resistências. Assim, a maior parte dos elementos de concreto é projetada para tirar vantagem de uma maior resistência à compressão do material. Embora na pratica, a maior parte do concreto esteja sujeita simultaneamente à combinação de tensões a compreensão uniaxial são mais fáceis de realizar em laboratórios, e o ensaio de resistência à compressão para o concreto aos 28 dias é aceito universalmente como um índice geral da resistência do concreto (MEHTA E MONTEIRO, 2008). 2.2 Concreto reciclado O concreto com agregados reciclados é aquele produzido com resíduos britados, em substituição parcial ou total aos agregados convencionais. Como os agregados convencionais, oriundos de rochas britadas, seixos e areias lavadas de rio são muito pouco porosos, a resistência ou durabilidade do concreto convencional é controlada exclusivamente pela porosidade (vazios) da pasta de cimento. Já os agregados reciclados são mais porosos que os agregados de rochas britadas e areias naturais. Assim, a resistência e durabilidade deste outro tipo de concreto são controladas, não apenas pela porosidade da pasta de cimento, mas também pela porosidade do agregado, que facilmente ultrapassa os 10%. Assim, a diferença essencial entre um concreto convencional e um concreto com agregado reciclado é a porosidade (ÂNGULO E FIGUEIREDO, 2011). VÁSQUEZ e BARRA, citado por ARAGÃO (2001) comenta que no Japão, uma parte do resíduo de concreto demolido já é utilizado para pavimentação de rodovias. Todavia, já existe um plano para que seja estimulado o uso deste resíduo para produção de novos concretos. Muitos países estão adotando esta solução: utilizar cada vez mais os resíduos de construção, e tentar incorporá-lo em usos cada vez mais nobres. De acordo com Hansen, citado por Silva (2004) o procedimento básico da reciclagem consiste em britar o resíduo até se obter a granulometria desejada. A britagem pode acontecer somente uma vez (primária), ou pode se realizar mais de uma britagem, dependendo do tipo de aproveitamento a ser dado para o resíduo. De acordo com a resolução do CONAMA 307/2002, entende-se como reciclagem um processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. Nesta resolução os resíduos da construção civil são classificados da seguinte forma: - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. No artigo 10 fala que os resíduos da classe A deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterros de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Para os resíduos passar chegar na forma de agregado é necessário passar pelo processo de britagem, assim reduzindo sua granulometria. De acordo com Levy (2021) 75% do concreto é composto por agregado, isso influencia a resistência e compromete a durabilidade e o desempenho estrutural do concreto. LEVY (1997) diz que a composição do entulho é função da fonte que o originou e também do momento em que foi colhida a amostra. Esse entulho pode conter impurezas que podem danificar o concreto como: vidro, gesso, matéria orgânica, metais, pavimentos betuminosos, cloretos, esses matérias podem diminuir a resistência do concreto, podem causar fissuras e corrosão na armadura. SCHUL e HENDRICKS, citados por LEITE (2001) mostram registros da utilização de alvenaria britada para produção de concreto desde a época dos romanos. Igualmente nesta https://www.vgresiduos.com.br/blog/qual-a-diferenca-entre-reciclagem-e-reutilizacao/ https://www.vgresiduos.com.br/blog/veja-as-principais-perguntas-e-respostas-sobre-reciclagem/ https://www.vgresiduos.com.br/blog/conheca-algumas-tecnologias-para-tratamento-de-residuos-solidos/ http://https/www.vgresiduos.com.br/blog/abnt-nbr-10004-o-que-preciso-saber-sobre-residuos-perigosos/ época era usada uma mistura de argilas, cinzas vulcânicas, cacos cerâmicos e pasta aglomerante de cal, que servia como uma camada para pavimentos sobre a qual efetuava-se o revestimento final no pavimento (BRITO FILHO, citado por LEITE 2021). QUEBAUD e BUYLE-BODIN, citado por LEITE (2021) Os agregados reciclados apresentam características peculiares que dependem muito dos materiais que chegam às centrais de processamento e do tipo de processo utilizado nas mesmas como, por exemplo, o tipo de britador, os dispositivos para extração de impurezas, entre outros. LIMA, citado por ARAGÃO (2007) As características dos concretos com reciclados variam mais que a de concretos convencionais, pois além das variações ligadas à relação água/cimento e ao consumo de aglomerantes, há ainda as mudanças determinadas por variações na composição e outras características físico-químicas dos resíduos reciclados. Apesar disto, pode-se obter concretos com reciclado adequados a diversos serviços de construção, desde que se tomem cuidados com a produção do agregado e do novo concreto (escolha do resíduo, classificação e separação dos contaminantes, controle de qualidade, adoção de procedimentos corretos de aplicação, análise das condições de exposição e outros cuidados). Uma das propriedades mecânicas mais abordadas e que tem relevância na caracterização do concreto no estado endurecido é a resistência à compressão. Pode-se correlacionar diversas propriedades do concreto, tais como resistência à tração e à abrasão, e módulo de deformação longitudinal com a resistência à compressão (ARAGÃO, 2007). Todos os materiais dos quais o concreto é composto afetam diretamente a sua resistência e o seu desempenho final. Assim, os agregados também são extremamente importantes para análise criteriosa das propriedades do concreto. Qualquer variação dos materiais componentes do concreto merece um estudo sistemático e isso também se aplica ao agregado reciclado, principalmentequando se pensa que eles correspondem até 80% de toda mistura (LEITE, 2001). SHETHAMARAI e MANOHARAN, citado por ARAGÃO (2007) obtiveram, em seus estudos, valores de resistência à tração de concretos reciclados de material cerâmico menores que os valores do concreto convencional. RAVINDRARAJAH, citado por LEVY (2001), o módulo de deformação longitudinal dos concretos com agregados reciclados é menor do que o dos concretos com agregados naturais e além do mais esta diferença é maior para resistências à compressão mais elevadas. A procedência dos resíduos de construção destinados à produção de agregados reciclados deve ser considerada fator relevante, uma vez que dependo da sua origem, ao passarem por um determinado britador estes resíduos darão origem a agregados com forma totalmente diferentes entre si. Em determinadas condições podem levar a um consumo de cimento extremamente elevado, tornado inviável técnica e economicamente a produção de concretos de classes com resistências superiores a 30 MPa (LEITE, 2001). 3. METODOLOGIA A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi a revisão de literatura em artigos, dissertação de mestrado e tese de doutorado, visando o uso de agregado reciclado para a produção de concreto, a fim de oferecer uma forma mais sustentável para construção civil ajudar o planeta. Após os referenciais teóricos pesquisados foram constatados a resistência e a durabilidade desse concreto reciclado e se ele é capaz de atender as necessidades na construção civil e o que ainda precisa ser analisado para a utilização segura do concreto reciclado. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ARAGÃO (2007) fez uma análise de lajes pré-moldadas produzidas com concreto reciclado de construção e demolição. Ele produziu três lajes, uma com agregado natural, outra com agregado 50% reciclado e a última com agregado 100% com o FCK 25 Mpa, realizou todos os ensaios de resistência à compreensão e modulo de elasticidade. Segundo os resultados obtidos pelos ensaios o comportamento das lajes produzidas com concretos reciclados foi muito semelhante ao comportamento da laje referência, para os valores de deslocamento abaixo da flecha limite estabelecido pela NBR – 6118 (ABNT 2004). Figura 1 – Laje após a moldagem (ARAGÃO, 2007). Figura 2– Laje referência fissurada (ARAGÃO, 2007). Figura 3 – Laje RCD-50% fissurada (ARAGÃO, 2007). Figura 4 – Laje RCD-100% fissurada (ARAGÃO, 2007). SILVA (2004) realizou um experimento fazendo 78 corpos de provas com concreto convencional e substituindo 25%, 50% 75% e 100% com agregado reciclado, trabalhando com fator água/cimento e traços diferentes em cada caso, os corpos de prova com concreto reciclado foram ensaiados aos 3, 7 e 28 dias, o convencional só aos 28 dias. De acordo com o resultado final dos ensaios a evolução da resistência à compressão do concreto reciclado se comportou de forma semelhante à do concreto convencional, os números mostraram que o desempenho da amostra com 50% de agregado reciclado obteve resultados melhores que concreto convencional. Outro fato que foi verificado é que quanto mais rico for o traço (mais cimento), maior serão as diferenças entre os valores obtidos pelos concretos reciclados em relação aos concretos convencionais. Em traços mais pobres essas diferenças tendem a diminuir, ou seja, as resistências se aproximam. A curva de Abrams apresentou o mesmo formato normalmente apresentado pelos concretos convencionais, ou seja, ao aumentar-se o fator a/c, a resistência do concreto diminui. Os resultados mostram que o agregado reciclado tem uma perda por abrasão superior se comparado ao agregado natural. O ensaio de perda por abrasão dos agregados oferece um indicativo da qualidade do material a ser utilizado na produção do concreto. Com o mesmo se determina a resistência à fragmentação por choque e atrito das partículas de agregado graúdo (LEITE, 2001). A resistência a compressão do concreto é uma das propriedades mais importantes para o bom desempenho de uma estrutura e está associada à sua capacidade de resistir as tensões sem o surgimento de rupturas. Por esse motivo, características como a porosidade dos agregados influenciam diretamente em sua resistência, ou seja, quanto maior o índice de vazios dos agregados menor será a resistência do concreto (TOMAZ; MORAES 2017). O agregado não só pode influenciar a resistência do concreto, pois agregados com propriedades indesejáveis podem não apenas produzir um concreto pouco resistente, mas também podem comprometer a durabilidade e o desempenho estrutural do concreto. Portanto, este fato por si só, justifica a preocupação com a influência dos agregados na durabilidade do concreto (LEVY, 2001). Em concretos convencionais, produzidos com agregados naturais, densos e resistentes, a resistência à compressão tem enorme influência da porosidade da matriz e da zona de transição. Já em concretos reciclados, nos quais valores de resistência à compressão tendem a ser inferiores à dos convencionais, a ruptura se faz nos agregados, levando-os a serem o elemento determinante nesta propriedade para esses concretos (ARAGÃO, 2007). LEITE (2001) afirma que quando se estuda a utilização de agregados para produção de concretos, as características como granulometria, a absorção de água, a forma e a textura, a resistência à compressão, o módulo de elasticidade e os tipos de substâncias deletérias presentes nos materiais devem ser consideradas, principalmente quando se trata de novos materiais como é o caso do agregado reciclado. Afinal, a viabilidade técnica de sua utilização dependerá do total conhecimento do seu comportamento na estrutura do concreto. Em estudos analisados por Buttler (2003) a relação água/cimento afeta a permeabilidade do concreto, sendo que para os concretos reciclados os resultados de permeabilidade foram superiores aos obtidos para os concretos de referência. A qualidade do agregado reciclado tem pequena influência nessa propriedade. Em concretos convencionais com alto fator a/c, os agregados naturais utilizados apresentam resistência e densidade satisfatórias e todo o conjunto passa a contribuir para o aumento da resistência. Já em concretos com agregados reciclados, a fragilidade está no grão do agregado, entretanto, nesses concretos observa-se uma melhora na zona de transição. Por outro lado, à medida que a relação a/c aumenta, a porosidade da matriz e da zona de transição do concreto convencional aumentam também e a densidade e resistência do agregado graúdo natural tem a sua influência muito diminuída, diferente do agregado reciclado, que passa a ter os valores destas propriedades semelhantes aos da matriz do concreto, deixando de ser assim o elo frágil do sistema, assim o módulo de elasticidade dos concretos reciclados é menor que o do concreto de referência (ARAGÃO, 2007). Quando se utiliza uma relação água/cimento elevada, a resistência não é afetada pelas características do agregado reciclado. Entretanto quando se emprega uma relação água/cimento baixa, as características do agregado reciclado influenciam significativamente na resistência à compressão e tração. (BUTTLER, 2003). A resistência à compressão do concreto reciclado é influenciada pela resistência do concreto que originou o resíduo, ou seja, pela relação água/cimento deste. Esta conclusão é confirmada, quando se analisa a diferença dos valores encontrados para uma mesma classe de resistência de concreto reciclado quando é variado o tipo de agregado (GONÇALVES, 2001). SILVA (2004) diz que é importante estudar os agregados isoladamente, reside no fato, que 75% do volume do concreto é ocupado pelos agregados, não sendo surpreendente o fato de sua qualidade ser de considerável importância. O agregado não só pode influenciar a resistência do concreto,pois agregados com propriedades indesejáveis podem não apenas produzir um concreto pouco resistente, mas também podem comprometer a durabilidade e o desempenho estrutural do concreto. BUTTLER (2003) afirma que a fase agregado é a principal responsável pela massa unitária, módulo de elasticidade e estabilidade dimensional do concreto. A massa específica do agregado graúdo influi diretamente na massa específica do concreto, sendo também diretamente proporcional à resistência do concreto, isto é, quando maior a porosidade (índice de vazios) do agregado, menor será sua resistência tornando-se o elo fraco da mistura. 5. CONCLUSÕES Mesmo com os diversos problemas causados pela forma errada como no Brasil é descartado os resíduos da construção civil, é muito pouco os estudos sobre a reciclagem de resíduos. Pelo estudo feito nas obras dos autores citados neste trabalho, foi comprovado pelos ensaios feitos com concreto convencional e concreto reciclado que o concreto feito com agregado reciclado atinge resultados de resistência à compressão próximo ao concreto produzido de agregado natural e os resultados estão dentro da NBR 6118. Observando esses resultados pode concluir que o concreto reciclado pode vir ser uma alternativa na área da construção civil para contribuir com a preservação do meio ambiente. Para que isso possa virar uma realidade é importante que no Brasil invista em pesquisas cientificas sobre o caso e intensifique os estudos sobre durabilidade, trabalhabilidade, porosidade, resistência a tração, resistência de aderência e também sobre o custo com o gerenciamento de resíduos. 6. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir este artigo, a minha família e amigos que me deram força durante esse processo. Agradeço também ao professor orientador Paulo Ricardo pela paciência e dedicação nesse momento. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÂNGULO, Sérgio; Figueiredo, Antônio. Concreto: ciência e tecnologia. 2. ed. São Paulo. IBRACON, 2011. ARAGÃO, Hélio. Análise estrutural de lajes pré-moldadas produzidas com concreto reciclado de construção e demolição. Maceió:2007. Dissertação (Mestrado em estruturas) – Programa de Pós-graduação em Engenharia civil. Universidade Federal de Alagoas. BASTOS, Paulo Sérgio. Fundamentos do concreto armado. Bauru. Universidade Estatual Paulista, 2019. BRASIL. Conselho nacional do meio ambiente - CONAMA Resíduos da Construção Civil, MMA, Resolução n° 307. Brasília, 2002. BOTELHO, M. H. C. Concreto armado, eu te amo, para arquitetos. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2006 BUTTLER, Alexandre. Concreto graúdos reciclados de concreto – influencia da idade de reciclagem nas propriedades dos agregados e concretos reciclados. São Carlos: USP, Universidade de São Paulo, 2003. CASSA, José Clodoaldo et al. Reciclagem de entulho para a produção de materiais de construção: projeto entulho bom. 1. ed. Salvador, UFBA, 2021. CONSTRUÇÃO civil gera mais de meio milhão de empregos desde o início da pandemia. Folha do ABC, São Paulo, 19 de jun. de 2022. Disponível em <http://www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/negocios/item/22918-construcao-civil- gera-mais-de-meio-milhao-de-empregos-desde-o-inicio-da-pandemia>. Acesso em: 23 e out. de 2022. COUTO, J.A. et al. o concreto como material de construção. Cadernos de Graduação – Ciências Exatas e Tecnológicas v.1, n.17, Sergipe, out. de 2013. EVANGELISTA, P. P. A.; COSTA, D. B.; ZANTA, V. M. Alternativa Sustentável para destinação de resíduos classe A: avaliação da reciclagem em canteiros de obras. Ambiente Construído, 2010. GONÇALVES, Rodrigo. Agregados reciclados de resíduos de concreto – um novo material para dosagens estruturais. São Carlos: USP, Universidade de São Paulo, 2001. HELENE, P. 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