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TCC - ISABELLA LACKIN

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UTILIZAÇÃO DE CONCRETO RECICLADO NA CONSTRUÇÃO 
CIVIL 
 
Isabella Samanta Vieira Lackin
1
 
lackinisabella@gmail.com 
 
Professor orientador: Paulo Ricardo 
 
Coordenação de curso de Engenharia Civil 
 
Resumo 
 
Com o aquecimento da área da construção civil nos últimos anos, no Brasil, somado a 
produção de resíduos no setor, temos como resultado um alto impacto ambiental. Com alto 
consumo enérgico e utilização de recursos naturais. O resíduo da construção civil (RCC) ou 
resíduo da construção e demolição (RCD) é todo resíduo gerado através da construção civil, 
escavação ou demolição. É frequentemente descartado de forma incorreta, trazendo 
problemas para as vias urbanas, como também, lotando aterros sanitários. Visto isso, tem se 
feito necessário estudos que aprimoram o uso de RCC no setor tendo como exemplo, o 
concreto reciclado, que utiliza o RCC como agregado. Que tem se mostrado um material 
versátil, seguro e pode reduzir os custos de uma obra em outros países. No Brasil tem que 
estimar se o uso do agregado reciclado para fabricação do concreto pode favorecer o meio 
ambiente. 
 
Palavras-chave: Construção. Resíduo. Concreto. Sustentabilidade. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A indústria da construção é uma das mais antigas em todo o mundo e se utiliza de 
técnicas e materiais que não mudaram muito ao longo do tempo. O concreto, por exemplo, é 
produzido hoje com a mesma receita básica de anos atrás: água, cimento e agregado, podendo 
variar apenas com o uso de um ou outro aditivo, ou adição, que podem levar a alguns efeitos 
diferenciados. A preocupação com o meio ambiente tem levado todas as indústrias a começar 
a repensar métodos e técnicas (LEITE, 2001). 
No concreto podemos usar aditivos para a intensificar ou enfraquecer uma 
característica que já está no concreto e a adição é quando o material substitui parcialmente ou 
adiciona no cimento. 
Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e 
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de 
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, 
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento 
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc. (CONAMA 307,2002). 
A construção civil é um dos setores da economia que mais cresce no Brasil, segundo 
os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) a construção 
civil gerou mais de meio milhão de empregos desde o início da pandemia. Com esse 
crescimento os resíduos da construção civil vêm crescendo abundantemente, mesmo em 
cidades que tem uma gestão voltada para esse resíduo não é suficiente. A sociedade tem que 
 
1
 Graduação em Engenharia Civil – Faculdade Ages de Senhor do Bonfim 
 
considerar cada vez mais o uso do concreto com resíduos reciclado para contribuir com o 
meio ambiente. 
Várias são as fontes de geração de resíduos na construção civil. Por exemplo, a falta 
de qualidade dos bens e serviços, no setor da construção, pode dar origem às perdas de 
materiais, que saem das obras em forma de entulho e contribuem sobremaneira no volume de 
resíduos gerados. Por outro lado, existem ainda as perdas que não saem da edificação, que 
podem levar ao mau funcionamento das mesmas e acabam por acarretar o aparecimento de 
manifestações patológicas. Deste modo, há uma redução da vida útil das estruturas, que 
necessitarão de manutenção mais frequente, vindo também a propiciar maior consumo de 
matéria prima e geração de resíduos (LEITE, 2001). 
Em Salvador, onde é significativa a geração de resíduos sólidos urbanos, o 
crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias 
inadequadas têm contribuído para que essa quantidade aumente ainda mais. Em um momento 
caracterizado pelo forte aquecimento do setor imobiliário na cidade, torna-se urgente a 
necessidade de soluções alternativas para a destinação dos RCC (EVANGELISTA; COSTA; 
ZANTA, 2010). 
Segundo a empresa de limpeza urbana de Salvador (LIMPURB), em 2020 a coleta de 
RCC aumentou 0,86% em relação a 2019, nesse ano foram coletadas 2.462,28 toneladas por 
dia de resíduos e 750.389,92 toneladas por ano. 
A geração de RCD já possui números assustadores e a tendência mundial é que estes 
valores aumentem ainda mais. Encontrar uma utilização para estes resíduos é mais que uma 
necessidade, é uma obrigação (LEITE, 2001). 
Em muitos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão as usinas de reciclagem 
de resíduos de construção e demolição já são uma realidade e o processo, em muitos deles, já 
está muito avançado (LEITE, 2001). 
As inúmeras pesquisas relacionadas ao estudo de agregados reciclados de concreto 
atestam o grande potencial do material. No Brasil, os estudos concentram-se basicamente no 
tratamento das sobras de concreto em centrais dosadoras, e ao reaproveitamento de resíduos 
de construção e demolição (BUTTLER, 2003). 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
Nenhuma sociedade poderá atingir o desenvolvimento sustentável sem que a 
construção civil, que lhe dá suporte, passe por profundas transformações (CASSA, 2001). 
Os resíduos de concreto, devido ao conhecimento das propriedades do material de 
origem, na maioria dos casos, possuem uma grande potencialidade para serem reciclado como 
matéria prima. Infelizmente, ainda não existem procedimentos nacionais para utilização, 
devido a isto ocorre o panorama existente no Brasil, onde os resíduos são na maioria das 
vezes despejados no meio ambiente. A falta de informação e estudos sobre estes materiais, 
levam à um desperdício econômico enorme, pois se está jogando fora um material com grande 
possibilidade de ser reaproveitado (GONÇALVES, 2001). 
A cadeia produtiva da construção civil, também denominada construbusiness, 
apresenta importantes impactos ambientais em todas as etapas do seu processo: extração de 
matérias primas, produção de materiais, construção, uso e demolição. Qualquer sociedade 
seriamente preocupada com esta questão deve colocar o aperfeiçoamento da construção civil 
como prioridade (CASSA, 2001). 
 
2.1 Concreto 
 
 
O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo 
(areia) e agregado graúdo (pedra ou brita). O concreto pode também conter adições e aditivos 
químicos, com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas 
(BASTOS,2019). O concreto de cimento Portland é o mais importante material estrutural e de 
construção civil da atualidade. Mesmo sendo o mais recente dos materiais de construção de 
estruturas, pode ser considerado como uma das descobertas mais interessantes da história do 
desenvolvimento da humanidade e sua qualidade de vida (HELENE E ANDRADE,2010). 
O concreto usado como material estrutural é chamado de concreto estrutural e pode ser 
o concreto simples, sem armadura; o concreto armado quando a armadura não é pré-
tracionada ou protendida e o concreto protendido quando a armadura é ativa ou protendida 
(COUTO et al, 2013). 
O concreto simples é usado na fabricação de blocos de concreto; na construção de 
estaca broca de fundação; na construção de tubulações; no cimento de pisos etc. (BOTELHO, 
2006). O concreto armado é um material de construção resultante da união do concreto 
simples e de barras de aço, envolvidas pelo concreto, com perfeita aderência entre os dois 
materiais, de tal maneira que resistam ambos solidariamente aos esforços a que forem 
submetidos. A utilização de barras de aço juntamente com o concreto, só é possível devido as 
seguintes razões: trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os 
dois materiais; o coeficiente de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente 
iguais; o concreto protege de oxidação o aço da armadura garantido a durabilidade da 
estrutura (SOUZA JÚNIOR). 
Por vida útil entende-se o períodode tempo no qual a estrutura é capaz de 
desempenhar as funções para as quais foi projetada, sem necessidade de intervenção não 
prevista. A questão da vida útil das estruturas de concreto deve ser considerada como 
resultante de ações coordenadas e realizadas em todas as etapas do processo construtivo 
(HELENE, 2002). 
No projeto de controle de qualidade do concreto, a resistência é uma propriedade 
normalmente especificada, porque, comparado aos ensaios envolvendo outras propriedades, o 
ensaio de resistência é relativamente fácil. Além disso, acredita-se que muitas das 
propriedades do concreto, como módulo de elasticidade, estanqueidade ou impermeabilidade, 
e resistência a intempéries, incluindo águas agressivas, estão ligadas à resistência e, por isso 
podem ser deduzidas a partir dos dados da resistência. A resistência à compressão do concreto 
é muitas vezes maior do que outros tipos de resistências. Assim, a maior parte dos elementos 
de concreto é projetada para tirar vantagem de uma maior resistência à compressão do 
material. Embora na pratica, a maior parte do concreto esteja sujeita simultaneamente à 
combinação de tensões a compreensão uniaxial são mais fáceis de realizar em laboratórios, e 
o ensaio de resistência à compressão para o concreto aos 28 dias é aceito universalmente 
como um índice geral da resistência do concreto (MEHTA E MONTEIRO, 2008). 
 
2.2 Concreto reciclado 
 
O concreto com agregados reciclados é aquele produzido com resíduos britados, em 
substituição parcial ou total aos agregados convencionais. Como os agregados convencionais, 
oriundos de rochas britadas, seixos e areias lavadas de rio são muito pouco porosos, a 
resistência ou durabilidade do concreto convencional é controlada exclusivamente pela 
porosidade (vazios) da pasta de cimento. Já os agregados reciclados são mais porosos que os 
agregados de rochas britadas e areias naturais. Assim, a resistência e durabilidade deste outro 
tipo de concreto são controladas, não apenas pela porosidade da pasta de cimento, mas 
também pela porosidade do agregado, que facilmente ultrapassa os 10%. Assim, a diferença 
 
essencial entre um concreto convencional e um concreto com agregado reciclado é a 
porosidade (ÂNGULO E FIGUEIREDO, 2011). 
VÁSQUEZ e BARRA, citado por ARAGÃO (2001) comenta que no Japão, uma parte 
do resíduo de concreto demolido já é utilizado para pavimentação de rodovias. Todavia, já 
existe um plano para que seja estimulado o uso deste resíduo para produção de novos 
concretos. Muitos países estão adotando esta solução: utilizar cada vez mais os resíduos de 
construção, e tentar incorporá-lo em usos cada vez mais nobres. 
De acordo com Hansen, citado por Silva (2004) o procedimento básico da reciclagem 
consiste em britar o resíduo até se obter a granulometria desejada. A britagem pode acontecer 
somente uma vez (primária), ou pode se realizar mais de uma britagem, dependendo do tipo 
de aproveitamento a ser dado para o resíduo. 
De acordo com a resolução do CONAMA 307/2002, entende-se como reciclagem um 
processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. Nesta 
resolução os resíduos da construção civil são classificados da seguinte forma: 
- Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: 
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de 
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; 
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos 
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; 
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, 
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; 
- Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, 
papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; 
- Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações 
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; 
- Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, 
solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de 
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem 
como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos 
à saúde. 
No artigo 10 fala que os resíduos da classe A deverão ser reutilizados ou reciclados na 
forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterros de resíduos da construção civil, 
sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. 
Para os resíduos passar chegar na forma de agregado é necessário passar pelo processo 
de britagem, assim reduzindo sua granulometria. De acordo com Levy (2021) 75% do 
concreto é composto por agregado, isso influencia a resistência e compromete a durabilidade 
e o desempenho estrutural do concreto. 
 LEVY (1997) diz que a composição do entulho é função da fonte que o originou 
e também do momento em que foi colhida a amostra. Esse entulho pode conter impurezas que 
podem danificar o concreto como: vidro, gesso, matéria orgânica, metais, pavimentos 
betuminosos, cloretos, esses matérias podem diminuir a resistência do concreto, podem causar 
fissuras e corrosão na armadura. 
SCHUL e HENDRICKS, citados por LEITE (2001) mostram registros da utilização de 
alvenaria britada para produção de concreto desde a época dos romanos. Igualmente nesta 
https://www.vgresiduos.com.br/blog/qual-a-diferenca-entre-reciclagem-e-reutilizacao/
https://www.vgresiduos.com.br/blog/veja-as-principais-perguntas-e-respostas-sobre-reciclagem/
https://www.vgresiduos.com.br/blog/conheca-algumas-tecnologias-para-tratamento-de-residuos-solidos/
http://https/www.vgresiduos.com.br/blog/abnt-nbr-10004-o-que-preciso-saber-sobre-residuos-perigosos/
 
época era usada uma mistura de argilas, cinzas vulcânicas, cacos cerâmicos e pasta 
aglomerante de cal, que servia como uma camada para pavimentos sobre a qual efetuava-se o 
revestimento final no pavimento (BRITO FILHO, citado por LEITE 2021). 
QUEBAUD e BUYLE-BODIN, citado por LEITE (2021) Os agregados reciclados 
apresentam características peculiares que dependem muito dos materiais que chegam às 
centrais de processamento e do tipo de processo utilizado nas mesmas como, por exemplo, o 
tipo de britador, os dispositivos para extração de impurezas, entre outros. 
LIMA, citado por ARAGÃO (2007) As características dos concretos com reciclados 
variam mais que a de concretos convencionais, pois além das variações ligadas à relação 
água/cimento e ao consumo de aglomerantes, há ainda as mudanças determinadas por 
variações na composição e outras características físico-químicas dos resíduos reciclados. 
Apesar disto, pode-se obter concretos com reciclado adequados a diversos serviços de 
construção, desde que se tomem cuidados com a produção do agregado e do novo concreto 
(escolha do resíduo, classificação e separação dos contaminantes, controle de qualidade, 
adoção de procedimentos corretos de aplicação, análise das condições de exposição e outros 
cuidados). 
Uma das propriedades mecânicas mais abordadas e que tem relevância na 
caracterização do concreto no estado endurecido é a resistência à compressão. Pode-se 
correlacionar diversas propriedades do concreto, tais como resistência à tração e à abrasão, e 
módulo de deformação longitudinal com a resistência à compressão (ARAGÃO, 2007). 
Todos os materiais dos quais o concreto é composto afetam diretamente a sua 
resistência e o seu desempenho final. Assim, os agregados também são extremamente 
importantes para análise criteriosa das propriedades do concreto. Qualquer variação dos 
materiais componentes do concreto merece um estudo sistemático e isso também se aplica ao 
agregado reciclado, principalmentequando se pensa que eles correspondem até 80% de toda 
mistura (LEITE, 2001). 
SHETHAMARAI e MANOHARAN, citado por ARAGÃO (2007) obtiveram, em seus 
estudos, valores de resistência à tração de concretos reciclados de material cerâmico menores 
que os valores do concreto convencional. 
RAVINDRARAJAH, citado por LEVY (2001), o módulo de deformação longitudinal 
dos concretos com agregados reciclados é menor do que o dos concretos com agregados 
naturais e além do mais esta diferença é maior para resistências à compressão mais elevadas. 
A procedência dos resíduos de construção destinados à produção de agregados 
reciclados deve ser considerada fator relevante, uma vez que dependo da sua origem, ao 
passarem por um determinado britador estes resíduos darão origem a agregados com forma 
totalmente diferentes entre si. Em determinadas condições podem levar a um consumo de 
cimento extremamente elevado, tornado inviável técnica e economicamente a produção de 
concretos de classes com resistências superiores a 30 MPa (LEITE, 2001). 
 
3. METODOLOGIA 
 
 A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi a revisão de literatura em 
artigos, dissertação de mestrado e tese de doutorado, visando o uso de agregado 
reciclado para a produção de concreto, a fim de oferecer uma forma mais sustentável 
para construção civil ajudar o planeta. 
 Após os referenciais teóricos pesquisados foram constatados a resistência e a 
durabilidade desse concreto reciclado e se ele é capaz de atender as necessidades na 
construção civil e o que ainda precisa ser analisado para a utilização segura do 
concreto reciclado. 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
ARAGÃO (2007) fez uma análise de lajes pré-moldadas produzidas com concreto 
reciclado de construção e demolição. Ele produziu três lajes, uma com agregado natural, outra 
com agregado 50% reciclado e a última com agregado 100% com o FCK 25 Mpa, realizou 
todos os ensaios de resistência à compreensão e modulo de elasticidade. Segundo os 
resultados obtidos pelos ensaios o comportamento das lajes produzidas com concretos 
reciclados foi muito semelhante ao comportamento da laje referência, para os valores de 
deslocamento abaixo da flecha limite estabelecido pela NBR – 6118 (ABNT 2004). 
 
Figura 1 – Laje após a moldagem (ARAGÃO, 2007). 
 
 
Figura 2– Laje referência fissurada (ARAGÃO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Laje RCD-50% fissurada (ARAGÃO, 2007). 
 
 
Figura 4 – Laje RCD-100% fissurada (ARAGÃO, 2007). 
 
 
SILVA (2004) realizou um experimento fazendo 78 corpos de provas com concreto 
convencional e substituindo 25%, 50% 75% e 100% com agregado reciclado, trabalhando 
com fator água/cimento e traços diferentes em cada caso, os corpos de prova com concreto 
reciclado foram ensaiados aos 3, 7 e 28 dias, o convencional só aos 28 dias. De acordo com o 
resultado final dos ensaios a evolução da resistência à compressão do concreto reciclado se 
comportou de forma semelhante à do concreto convencional, os números mostraram que o 
desempenho da amostra com 50% de agregado reciclado obteve resultados melhores que 
concreto convencional. Outro fato que foi verificado é que quanto mais rico for o traço (mais 
cimento), maior serão as diferenças entre os valores obtidos pelos concretos reciclados em 
relação aos concretos convencionais. Em traços mais pobres essas diferenças tendem a 
diminuir, ou seja, as resistências se aproximam. A curva de Abrams apresentou o mesmo 
formato normalmente apresentado pelos concretos convencionais, ou seja, ao aumentar-se o 
fator a/c, a resistência do concreto diminui. Os resultados mostram que o agregado reciclado 
tem uma perda por abrasão superior se comparado ao agregado natural. 
O ensaio de perda por abrasão dos agregados oferece um indicativo da qualidade do 
material a ser utilizado na produção do concreto. Com o mesmo se determina a resistência à 
fragmentação por choque e atrito das partículas de agregado graúdo (LEITE, 2001). 
A resistência a compressão do concreto é uma das propriedades mais importantes para 
o bom desempenho de uma estrutura e está associada à sua capacidade de resistir as tensões 
sem o surgimento de rupturas. Por esse motivo, características como a porosidade dos 
agregados influenciam diretamente em sua resistência, ou seja, quanto maior o índice de 
vazios dos agregados menor será a resistência do concreto (TOMAZ; MORAES 2017). 
O agregado não só pode influenciar a resistência do concreto, pois agregados com 
propriedades indesejáveis podem não apenas produzir um concreto pouco resistente, mas 
 
também podem comprometer a durabilidade e o desempenho estrutural do concreto. Portanto, 
este fato por si só, justifica a preocupação com a influência dos agregados na durabilidade do 
concreto (LEVY, 2001). 
Em concretos convencionais, produzidos com agregados naturais, densos e resistentes, 
a resistência à compressão tem enorme influência da porosidade da matriz e da zona de 
transição. Já em concretos reciclados, nos quais valores de resistência à compressão tendem a 
ser inferiores à dos convencionais, a ruptura se faz nos agregados, levando-os a serem o 
elemento determinante nesta propriedade para esses concretos (ARAGÃO, 2007). 
LEITE (2001) afirma que quando se estuda a utilização de agregados para produção de 
concretos, as características como granulometria, a absorção de água, a forma e a textura, a 
resistência à compressão, o módulo de elasticidade e os tipos de substâncias deletérias 
presentes nos materiais devem ser consideradas, principalmente quando se trata de novos 
materiais como é o caso do agregado reciclado. Afinal, a viabilidade técnica de sua utilização 
dependerá do total conhecimento do seu comportamento na estrutura do concreto. 
Em estudos analisados por Buttler (2003) a relação água/cimento afeta a 
permeabilidade do concreto, sendo que para os concretos reciclados os resultados de 
permeabilidade foram superiores aos obtidos para os concretos de referência. A qualidade do 
agregado reciclado tem pequena influência nessa propriedade. 
Em concretos convencionais com alto fator a/c, os agregados naturais utilizados 
apresentam resistência e densidade satisfatórias e todo o conjunto passa a contribuir para o 
aumento da resistência. Já em concretos com agregados reciclados, a fragilidade está no grão 
do agregado, entretanto, nesses concretos observa-se uma melhora na zona de transição. Por 
outro lado, à medida que a relação a/c aumenta, a porosidade da matriz e da zona de transição 
do concreto convencional aumentam também e a densidade e resistência do agregado graúdo 
natural tem a sua influência muito diminuída, diferente do agregado reciclado, que passa a ter 
os valores destas propriedades semelhantes aos da matriz do concreto, deixando de ser assim 
o elo frágil do sistema, assim o módulo de elasticidade dos concretos reciclados é menor que 
o do concreto de referência (ARAGÃO, 2007). 
Quando se utiliza uma relação água/cimento elevada, a resistência não é afetada pelas 
características do agregado reciclado. Entretanto quando se emprega uma relação 
água/cimento baixa, as características do agregado reciclado influenciam significativamente 
na resistência à compressão e tração. (BUTTLER, 2003). 
A resistência à compressão do concreto reciclado é influenciada pela resistência do 
concreto que originou o resíduo, ou seja, pela relação água/cimento deste. Esta conclusão é 
confirmada, quando se analisa a diferença dos valores encontrados para uma mesma classe de 
resistência de concreto reciclado quando é variado o tipo de agregado (GONÇALVES, 2001). 
SILVA (2004) diz que é importante estudar os agregados isoladamente, reside no fato, 
que 75% do volume do concreto é ocupado pelos agregados, não sendo surpreendente o fato 
de sua qualidade ser de considerável importância. O agregado não só pode influenciar a 
resistência do concreto,pois agregados com propriedades indesejáveis podem não apenas 
produzir um concreto pouco resistente, mas também podem comprometer a durabilidade e o 
desempenho estrutural do concreto. 
BUTTLER (2003) afirma que a fase agregado é a principal responsável pela massa 
unitária, módulo de elasticidade e estabilidade dimensional do concreto. A massa específica 
do agregado graúdo influi diretamente na massa específica do concreto, sendo também 
diretamente proporcional à resistência do concreto, isto é, quando maior a porosidade (índice 
de vazios) do agregado, menor será sua resistência tornando-se o elo fraco da mistura. 
 
5. CONCLUSÕES 
 
 
Mesmo com os diversos problemas causados pela forma errada como no Brasil é 
descartado os resíduos da construção civil, é muito pouco os estudos sobre a reciclagem de 
resíduos. 
Pelo estudo feito nas obras dos autores citados neste trabalho, foi comprovado pelos 
ensaios feitos com concreto convencional e concreto reciclado que o concreto feito com 
agregado reciclado atinge resultados de resistência à compressão próximo ao concreto 
produzido de agregado natural e os resultados estão dentro da NBR 6118. 
Observando esses resultados pode concluir que o concreto reciclado pode vir ser uma 
alternativa na área da construção civil para contribuir com a preservação do meio ambiente. 
Para que isso possa virar uma realidade é importante que no Brasil invista em pesquisas 
cientificas sobre o caso e intensifique os estudos sobre durabilidade, trabalhabilidade, 
porosidade, resistência a tração, resistência de aderência e também sobre o custo com o 
gerenciamento de resíduos. 
 
6. AGRADECIMENTOS 
 Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir este artigo, a minha família 
e amigos que me deram força durante esse processo. Agradeço também ao professor 
orientador Paulo Ricardo pela paciência e dedicação nesse momento. 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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