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MODULO II (1)

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MODULO II
uNidade i
Fatores que influenciam nossas escolhas 
Dimensões da Orientação Profissional
Trabalho , individuo e Sociedade
Modalidade em Orientação Profissional
FATORES QUE INFLUENCIAM NOSSAS ESCOLHAS
Fatores políticos 
Atualmente, a educação passou a ser vista como um bem de investimento associada ao capital. A politica educacional não atende aos interesses da maioria da população e a educação mais uma vez é desprezada como possibilidade de desenvolvimento. 
O projeto econômico e social defendido pelos nossos políticos objetiva adequar a produção nacional às demandas e pressões do capital internacional. Assim, não conseguimos planejar adequada e realisticamente as nossas necessidades na área de formação profissional. Para tentar atender às necessidades da imprevisibilidade do capitalismo, corremos sempre o risco de preparar técnicos em excesso para o mercado, enquanto que em outros campos profissionais temos carências. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NOSSAS ESCOLHAS
Fatores econômicos 
No Brasil, nas décadas de 1970 e 1990, aponta Soares (2002), há um aumento significativo do numero vagas nas universidades, e a classe média reconhece o ensino superior como mecanismo para realizar a sua ascensão social. Ter um filho formado passou a ser sinônimo de status social e possibilidades de melhores condições para a família. 
Nesse cenário, os números de formandos aumentam, mas o mercado de trabalho interno não consegue absorver essa população de novos profissionais e as primeiras sensações de insucesso aparecem com esses jovens se direcionando a outras atividades profissionais, longe de sua formação para garantir sua sobrevivência. 
Outro fator econômico que atinge a formação desse jovem é a impossibilidade de ele manter seus estudos sem uma atividade remunerada, ou seja, sem possibilidades de ser só estudante, o jovem vira estudante trabalhador. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NOSSAS ESCOLHAS
Fatores sociais 
Esses fatores estão relacionados com a classe social em que nossos jovens nascem, afirma Sores (2002). Sua condição social também apontará suas possibilidades de formação profissional e de trabalho, sendo que a maioria dos jovens depende de recursos financeiros para custear uma formação em instituições particulares. 
O histórico de vida em seu contexto social também reflete nos objetivos da formação profissional no terceiro grau. Um jovem que nasce em famílias mais simples, com baixo nível de instrução, tende a ter ao longo de seu desenvolvimento menos contato com os estudos. 
Na classe media ou alta, o cenário configura-se de outra maneira, com a ausência das dificuldades financeiras e uma vida escolar iniciada logo cedo. Na primeira infância, o jovem pode apresentar certo desestímulo para o terceiro grau. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NOSSAS ESCOLHAS
Fator familiar 
Na relação familiar, os pais sempre apresentarão expectativas na vida dos seus filhos. A criança já́ é socializada pela família, que escolhe alguns estilos e maneiras de estar no mundo em detrimento de outras formas. Nosso primeiro grupo social, a família, interfere na nossa visão de mundo, estabelecendo parte de nossos hábitos e interesses. 
As representações sociais das profissões também refletem a identificação e os valores pregados no grupo família. Como apresenta Soares (2002), varias pesquisas retratam que o projeto profissional dos jovens contamina-se com as expectativas dos pais e dos próprios jovens em relação à sua vida futura. 
Em nossa sociedade, as realizações estão conectadas com o status profissional, e a valorização das pessoas faz-se pela sua atividade e resultados alcançados na sua vida profissional, por isso o nível superior se torna para as famílias um status social almejado. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NOSSAS ESCOLHAS
Fatores psicológicos 
Na confecção de um projeto de vida, o jovem deve considerar como um dos pontos de partida o conhecimento que tem de si mesmo. Esse autoconceito não é trabalhado nas escolas e, portanto, a empreitada da construção de seu projeto já́ começa com a alienação de quais são suas potencialidades e dificuldades. 
. Assim, o jovem deve pensar suas rotinas, seus gostos, suas habilidades, suas dificuldades, seu passado e seus anseios futuros. Pensar em si proporciona um autoconceito e assegura a ele reconhecer quanto dele há em suas escolhas profissionais. 
Outro olhar importante para clarificar suas opções é repensar quais foram suas experiências com as diversas profissões? Qual é o contato que esse jovem já estabeleceu com as profissões? 
DIMENSOES DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
TRABALHO, INDIVIDUO E SOCIEDADE
É por meio da profissão, como afirma Coutinho (apud LUCCHIARI, 1993), que as pessoas inserem-se no mundo do trabalho e, assim, o homem passa a ser um agente de transformação. 
Como trabalho, podemos considerar a concepção de Arendt (2007) como toda a atividade que transformaria a natureza em produtos artificiais, por exemplo, extraímos da natureza as essências para produzir nossos medicamentos. Segundo a posição da autora, o trabalho não é intrínseco, ou seja, ele não está na essência da espécie humana, mas é resultado de nossos processos culturais. 
O trabalho do homem difere do labor dos animais. Esses utilizam seus instintos para atender às suas necessidades, saem à caça para saciar sua fome, acionando um instinto de preservação da espécie, mas o homem, em sua execução de trabalho, aciona muito mais que o instinto. O homem pode planejar sua ação, e a inteligência permite que tenhamos estratégias de ação levantadas antes da execução do trabalho. A capacidade de planejamento é uma característica inerente à espécie humana. 
Assim, como afirma Coutinho, o homem desenvolve a capacidade até de diferenciar o planejamento da ação da própria ação. A concepção da ação pode ser planejada por alguém, que não necessariamente deverá executá-la. “Com isso criam-se dois tipos de homens: aqueles que planejam e aqueles que apenas executam o trabalho” (COUTINHO apud LUCCHIARI, 1993, p. 120 
Essa concepção do processo de trabalho oriundo de uma ordem econômica, em que se estabelece a separação entre o trabalho de planejamento e estratégias, visto como intelectual, e o trabalho de execução, visto somente como manual, impede a alguns trabalhadores o acesso ao conhecimento de seu trabalho, inviabilizando, portanto, o desenvolver de sua autonomia, liberdade e solidariedade, como afirmam Gonçalves e Wyse (1997). 
A esse cenário acrescenta-se a crise dos valores da sociedade, que reflete nas relações de trabalho hoje configuradas. As autoras apontam uma ruptura de valores pela qual a sociedade passa e, consequentemente, esses conflitos vão atingir a visão que se estabelece de trabalho. 
O desinteresse por identificar uma profissão surge de uma desconexão entre o trabalho e a possibilidade de obter a dignidade e realização social. A atividade produtiva alienada produz um sujeito que não se identifica com seu trabalho e realiza sua função como objeto para que outros lucrem com isso. 
Essa perda de significado do trabalho, consequência de um processo de modernização baseado apenas na produtividade e lucro, ignorando a qualidade de vida e satisfação das pessoas, está contaminando as atividades profissionais 
A crise do trabalho é a crise da própria modernidade, descrevem Gonçalves e Wyse (1997). Há uma ruptura de valores na pós-modernidade, como podemos denominar esse período, a qual leva os sujeitos a uma situação em que percebemos a ausência de valores e modelos que norteiem sua nova visão de mundo. 
Para entendermos está ruptura de valores, precisamos considerar as relações sociais que estavam sendo construídas nesta sociedade moderna. No modo capitalista de produção, a maximização de lucros é esperada, o acumulo de bens é almejado e, para que isso ocorra, é possível se estabelecer uma moral própria, muitas vezes, desrespeitando princípios éticos estabelecidos. Este mundo, sob a ordem econômica capitalista, desenvolve nas pessoaso comportamento de posse, egoísmo e individualismo. A liberdade do ser humano de decisão e ação, na modernidade, é transformada em liberdade econômica, perdendo, nesta concepção, a autenticidade. 
A modernidade destaca um conceito de liberdade que garante a ordem econômica capitalista, conceituando liberdade como: liberdade de comprar, de vender, de estabelecer preços e salários. 
Desse modo, quando manifestada na vida concreta dos homens, a liberdade passou a ser encarada como características de cada um, do individuo com sua consciência autônoma, em defesa se sua segurança pessoal, de sua propriedade e dos seus direitos à livre negociação (GONÇALVES; WYSE, 1997, p. 44 grifos do autor). 
O cenário retrata um dos maiores desafios da modernidade, que consiste em resgatar a dimensão publica da ética, trazendo a convivência social, garantindo o exercício da cidadania e participação nas decisões, em qualquer instancia do trabalho, seja intelectual ou manual, propiciando a liberdade na sua dimensão mais autentica. 
Não se pode negar, portanto, as consequências do contexto histórico- -econômico nas formas de evolução e ressignificado do trabalho. A não personificação do trabalho leva as pessoas a exercerem sua atividade profissional por apelos externos e não por uma escolha pessoal, feita com base em seus desejos e a busca de sua realização. 
Nesse sentido, cabe ao profissional de orientação profissional estar ciente das reconfigurações dos ambientes ocupacionais bem como das transformações pelas quais passam o mercado de trabalho, levando seus orientandos a um processo de reflexão sobre a sua escolha profissional em termos de suas expectativas e postura, para de fato construir uma identidade ocupacional. 
Modalidades em orientação profissional.
O uso de instrumentos psicológicos para a avaliação da personalidade, de aptidões e comportamentos em práticas de orientação profissional tem sido pouco utilizado no contexto clínico. Profissionais de psicologia tem optado por realizar essa avaliação com ferramentas de análise comportamental de uso comum a todas as categorias profissionais, bem como uso de entrevistas semiestruturadas para compreender a história de vida e a partir disso, amparar-se em técnicas de orientação profissional voltado para interesses mercadológicos e de sucesso profissional (Giacaglia, 2003).
MODULO II
UNIDADE II
Trabalho no capitalismo e a produção de trabalho.
A formação do trabalhador na sociedade capitalista.
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista.
Trabalho no capitalismo
O trabalho é o processo pelo qual o homem se defronta com a natureza, a fim de transformá-la para responder uma determinada necessidade. 
Neste sentido, Marx expressa que o trabalho se constitui em um,
 [...] processo entre homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropria-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza (MARX, 1985a, p.149).
Trabalho no capitalismo
À medida que o homem transforma a natureza o mesmo também se transforma, pois ao realizar o trabalho, o homem adquire novos conhecimentos e habilidades. O homem, através do trabalho, incorpora em seu desenvolvimento peculiaridades completamente distintas e inéditas da escala biológica. Com isso emerge na natureza um novo tipo de ser, dotado de uma complexidade nova e exponencialmente maior do que já existente no âmbito natural, o ser social. Esse novo ser não se relaciona com seus semelhantes segundo determinações geneticamente naturais, mas sim por relações puramente sociais
Trabalho no capitalismo
Desse modo, Lessa expressa que,
 [...] No mesmo compasso, salientamos que a sociedade se identifica com a natureza e não pode ser explicado por ela. Ou seja: estamos argumentando que a sociedade constitui um tipo de ser específico, uma esfera ontológica peculiar, radicalmente distinta do ser natural, a que cabe a designação de ser social [...] (LESSA, 2011, p. 139). 
Trabalho no capitalismo
É o trabalho que diferencia o homem dos outros animais, não apenas pela atividade laboral em si, mas por seu planejamento, sua sistematização a partir da capacidade racional. 
Como bem pontuam Marx e Engels (2007): 
Trabalho no capitalismo
Uma aranha executa operações semelhantes as do tecelão, e uma abelha envergonha muitos arquitetos com a estrutura de sua colmeia. Porém, o que desde o inicio distingue o pior arquiteto da melhor abelha é o fato de que o primeiro tem a colmeia em sua mente antes de construí́-la com a cera. No final do processo de trabalho, chega-se a um resultado que já́ estava presente na representação do trabalhador no inicio do processo, portanto, um resultado que já́ existia idealmente. Isso não significa que ele se limite a uma alteração da forma do elemento natural; ele realiza neste ultimo, ao mesmo tempo, seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, o tipo e o modo de sua atividade e ao qual ele tem de subordinar sua vontade. E essa subordinação não é um ato isolado. Além do esforço dos órgãos que trabalham, a atividade laboral exige a vontade orientada a um fim, que se manifesta como atenção do trabalhador durante a realização de sua tarefa (p. 327). 
Trabalho no capitalismo
O trabalho humano envolve, portanto, atividade mental, subjetividade, e não apenas a execução mecânica e instintiva de movimentos. Dirige-se à consecução de objetivos pré- determinados, oriundos de suas necessidades. Assim, desde os primórdios da existência humana, o homem trabalha para produzir sua existência e, ao longo da história, cria meios e/ou instrumentos para facilitar-lhe o trabalho, bem como novas formas de organização social. 
Trabalho no capitalismo
Nas sociedades primitivas o trabalho apresentava-se como produção da existência humana, numa perspectiva cooperativa, onde os homens produziam sua existência em comunidade educando-se enquanto lidavam com a terra, a natureza e por meio das relações interpessoais. À medida que o homem se fixa na terra, considerada o principal meio de produção, surge a propriedade privada e, com ela, a divisão em classes: a classe dos proprietários e a classe dos não proprietários (SAVIANI, 1994). 
Trabalho no capitalismo
Logo que o trabalho começa a ser distribuído, cada um passa a ter um campo de atividade exclusivo e determinado, que lhe é imposto e ao qual não pode escapar; o individuo é caçador, pescador, pastor ou critico, e assim deve permanecer se não quiser perder seu meio de vida. (MARX; ENGELS, 2007, p. 37-38). 
A divisão do trabalho tem como reflexo uma divisão estrutural da sociedade. A partir da propriedade privada, surge a possibilidade de que um individuo não precise mais trabalhar para sobreviver, vivendo do trabalho alheio, desde que possua os meios de produção. 
Trabalho no capitalismo
Santos Neto (2012, p. 84) esclarece que “em todas as sociedades organizadas a partir de relações de expropriação do trabalho alheio, apresentam-se dois grupos sociais profundamente antagônicos: escravos e senhores, servos e senhores feudais, operários e capitalistas”. No modo de produção escravista, o “senhor” detinha a posse não só́ dos meios de produção como do próprio trabalhador (o escravo). Já no modo de produção feudal, o trabalho passa por modificações e se constitui como 
servil. 
Trabalho no capitalismo
O senhor feudal não tinha a propriedade do vassalo, mas da terra e dos meios de produção. Os vassalos ofereciam trabalho e fidelidade aos senhores, em troca de proteção e um lugar para morar e produzir sua subsistência, gozando assim de uma liberdade restrita, já́ que não teriam condições de deixar as terras dos senhores por nãodispor dos meios de produção de forma independente. 
Trabalho no capitalismo
O advento do capitalismo transforma mais uma vez a relação do trabalhador com os donos dos meios de produção (o capitalista), tendo como característica principal a venda, pelo trabalhador, de sua força de trabalho, transformada então em mercadoria. O trabalho na sociedade capitalista é degradado, se converte em meio de subsistência, a força de trabalho é transformada em mercadoria, enquanto o trabalho torna-se sinônimo de obrigação, adquire sentido de penúria, causa estranhamento e alienação. O homem passa a estranhar seu semelhante, visto como simples meio para satisfação de fins privados (ANTUNES, 2011). 
Trabalho no capitalismo
Uma das características essenciais do capitalismo é transformar tudo em mercadoria, “coisificando” o trabalho, seu resultado e até mesmo o ser humano. O fetichismo capitalista consiste em negar a subjetividade humana. O trabalhador, na sociedade capitalista, não só deixa de ter poder sobre o produto de seu trabalho, como passa a lhe ser submisso, assumindo uma condição praticamente de escravo do próprio trabalho. O individuo tem no trabalho não mais uma forma de satisfazer suas necessidades ou de produzir sua existência, mas como algo que o priva da convivência familiar, de lazer, enfim, de tempo para dedicar-se ao que lhe é prazeroso. 
Trabalho no capitalismo
Na sociedade capitalista, o trabalhador aliena sua força de trabalho, transferindo-a para outro, tendo em vista que, por não dispor dos meios de produção, não tem condições de trabalhar para si mesmo. Assim, o trabalhador vende sua força de trabalho ao capitalista, em troca de dinheiro, com o qual pode comprar as mercadorias de que necessita para sobreviver. Em contrapartida, o capitalista organiza a produção de modo a produzir uma mercadoria cujo valor seja maior do que a soma do valor das mercadorias requeridas para sua produção: os meios de produção e a força de trabalho (HARVEY, 2013). 
Trabalho no capitalismo
Com a alienação do trabalho, que deixa de ser compreendido como produção da existência tornando-se algo externo, ocorre o estranhamento do homem em relação ao seu trabalho e ao seu resultado, que não lhe pertence. Ao contrario, quanto mais trabalha, mais o sujeito se afasta de sua essência e menos possibilidade dispõe de acesso aos bens que produz, não se reconhece em seu trabalho por não dispor de sua liberdade, fazendo de sua atividade vital apenas um meio para sua existência (MARX, 2004). 
Trabalho no capitalismo
Em meados da década de 1970 o capitalismo passa por um período de reestruturação, marcado pelo processo de acumulação flexível onde a produção de mercadorias passa a ser vinculada à demanda, tendo como uma de suas premissas a necessidade de um mesmo trabalhador operar simultaneamente várias máquinas, como forma de responder à crise financeira, aumentando a produção sem elevar o número de trabalhadores, apoiando-se na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo (ANTUNES, 2011). 
Trabalho no capitalismo
Com o processo de acumulação flexível, o capitalismo manifesta seu objetivo maior de: 
Alcançar o máximo de produtividade da força de trabalho com o mínimo de custo, ou seja, um processo de superexploração da força de trabalho para ampliar a taxa de mais-valia e de lucro, mas sem preocupação com o crescimento e com os efeitos de barbarização da vida social daí decorrentes (BEHRING, 2003, p. 40). 
Trabalho no capitalismo
Entre as consequências do processo de acumulação flexível, destacam-se o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, o enfraquecimento dos movimentos de reação sindical e politica da classe trabalhadora, e a captura cada vez mais acentuada da subjetividade do trabalho pela lógica do capital. “A flexibilidade do trabalho, compreendida como sendo a plena capacidade de o capital tornar domável, complacente e submissa a força de trabalho, caracteriza o “momento predominante” do complexo de reestruturação produtiva” (ALVES, 2008, p. 10). 
Trabalho no capitalismo
O processo de acumulação flexível coincide com o acelerado desenvolvimento tecnológico, sobretudo da microeletrônica, provocando grandes transformações no mundo do trabalho. O trabalhador é levado a realizar agora não mais uma única tarefa repetitiva, mas diversas atividades, reduzindo assim os níveis hierárquicos e a quantidade de trabalhadores necessária à produção. Além disto, passam a ter a incumbência de “gerenciar” suas equipes, inclusive mediante instrumentos de controle da velocidade e da quantidade de produção. Torna-se comum o estímulo da competitividade entre equipes de trabalho, a superação de metas, inclusive com benefício financeiro para o trabalhador. Cria-se no trabalhador a ilusão de que seu sobretrabalho o favorece (pois de fato implica uma remuneração um pouco maior), enquanto na realidade o capitalista é quem eleva seus ganhos por meio de uma exploração cada vez mais desumana do trabalhador. 
Trabalho no capitalismo
Outra característica do trabalho no capitalismo refere-se ao seu caráter multifacetado, marcado por relações dialéticas, tais como a redução do trabalho vivo (aquele realizado pelo sujeito com o emprego de sua potencialidade natural) e progressiva ampliação do trabalho morto (automatizado), a valorização do trabalho produtivo (com vistas a produzir mercadorias a fim de obter mais valia), e a dualidade entre trabalho intelectual (de natureza científica, envolvendo atividades de gestão e planejamento) e trabalho manual (aquele realizado pelo operário) (ANTUNES, 2005). 
Trabalho no capitalismo
A dualidade entre trabalho intelectual e trabalho manual reflete uma dualidade social onde a classe dominante detém o conhecimento e, portanto, exerce funções de caráter intelectual enquanto à classe operária cabe a realização do trabalhomanual, ao passo que tem acesso apenas ao conhecimento necessário à realização de seu trabalho. A educação, nesta perspectiva, coloca-se a serviço do capital, por meio de diversos instrumentos de controle, especialmente favorecendo a adesão do trabalhador aos objetivos do capital de uma forma mais consensual, mais velada. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA 
A formação do trabalhador, entendida como processo educativo, tem como uma de suas principais premissas o atendimento às demandas do capital, que atualmente requer um trabalhador polivalente, capaz de desempenhar varias tarefas e adaptar-se rapidamente às mudanças que o progresso tecnológico impõe. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
A substituição progressiva dos processos rígidos, de base eletromecânica, pelos flexíveis, de base microeletrônica, cria novas demandas no mundo do trabalho e desloca a concepção de formação profissional dos modos de fazer para a articulação entre conhecimentos, atitudes e comportamentos, com ênfase em habilidades cognitivas, comunicativas e criativas (KUENZER, 2009). 
Entretanto, toda esta capacitação não assegura o acesso ao emprego num mundo do trabalho cada vez mais excludente e competitivo, onde se exige uma formação cada vez mais elevada, oferecendo salários cada vez menores, posto que as vagas são insuficientes para todos os trabalhadores. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
A exploração capitalista no contexto da reestruturação produtiva manifesta-se, sobretudo pela captura da subjetividade do trabalhador, estimulando o engajamento deste com os objetivos da empresa mediante inclusive premiações por desempenho, criando no trabalhador a ilusão de que, se a empresa cresce, ele cresce junto. A subsunção do trabalhador no processo de produção flexível ocorre de forma mais consensual, envolvente e, na verdade, mais manipulativa (ANTUNES, 2011). 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
A educação, segundo a logica capitalista, é considerada fator fundamental no processo de reestruturação produtiva, responsávelpor formar os trabalhadores desejáveis para determinado momento histórico. Mais que promover a capacitação profissional, a educação constitui uma forma eficiente de dominação, de disseminação da ideologia dominante e, até certo ponto, de “adestramento” da força de trabalho. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
Especialmente na formação do trabalhador a educação tem um papel decisivo a cumprir, adequando esta formação às necessidades e exigências do mercado que, no contexto da produção flexível é a de um trabalhador polivalente, capaz de executar diversas funções e inclusive auxiliar em processos de controle de qualidade ou na solução de problemas no processo produtivo. 
O conhecimento, no capitalismo, é negado ou disponibilizado conforme as necessidades do mercado. A própria ampliação da oferta de escolarização nada mais é que uma estratégia para assegurar a formação de indivíduos capazes de atuar em processos de trabalho flexibilizados, executando diversas tarefas com diferentes níveis de complexidade. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
O maior nível de escolarização, todavia, não assegura o trabalho de cunho científico-intelectual, ao contrário, o individuo precisa ser polivalente ao ponto de exercer determinadas tarefas de gestão sem abandonar o trabalho operacional, especialmente aquele ligado ao manuseio de máquinas e equipamentos tecnológicos. O trabalhador, além de lutar pelos meios de vida, precisa lutar pela aquisição do trabalho (MARX, 2004). 
Aqueles que não têm acesso a esta nova qualificação são excluídos do mundo do trabalho pelo desemprego ou estão sujeitos a trabalhos ainda mais precarizados e sub-remunerados. 
A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR NA SOCIEDADE CAPITALISTA
É́ necessário e urgente propiciar ao trabalhador uma educação que contribua para sua emancipação, a partir da consciência de classe e do acesso aos saberes tradicionalmente destinados à elite, favorecendo assim não só́ uma formação para o trabalho mas a formação omnilateral, considerando o sujeito como ser integral. 
A formação do trabalhador na perspectiva da emancipação 
Como bem destacam Canielles e Oliveira (2011, p. 7), “a emancipação humana está no horizonte de toda a produção de Marx, é o princípio pelo qual haveria a possibilidade de rompimento e superação do modelo social do capital”. Esta emancipação, todavia, tem como condição o conhecimento amplo e profundo da realidade a ser transformada (TONET, 2012). 
Na sociedade atual, Marx admite a impossibilidade da emancipação humana plena e, neste contexto, considera a emancipação politica não só́ uma necessidade, mas uma forma possível de emancipação: “Não há dúvida de que a emancipação política representa grande progresso. Embora não seja a última etapa da emancipação humana em geral, ela se caracteriza como a derradeira etapa da emancipação humana dentro do contexto do mundo atual” (MARX, 2005, p.25). 
A formação do trabalhador na perspectiva da emancipação
No mesmo sentido, Adorno (2006) defende uma educação voltada para a auto- reflexão- crítica, que não se reduza à transmissão de conhecimentos, mas que ajude o indivíduo a se orientar no mundo. Para tanto, faz-se necessário que as poucas pessoas interessadas nesta “educação para a emancipação” orientem toda a sua energia para que a educação seja uma educação para a contradição e para a resistência. 
A formação com vistas à emancipação humana supõe o reconhecimento do sujeito em sua integralidade, realizando-se, portanto, numa perspectiva onmilateral, isto é, contrapondo-se à unilateralidade decorrente da divisão social do trabalho no sistema capitalista. Tal formação pressupõe um ensino intelectual, físico e tecnológico para todos, considerando o homem como ser completo (MANACORDA, 2011). 
A formação do trabalhador na perspectiva da emancipação
Como bem pontua Frigotto (2012, p. 265) uma educação onmilateral abrange “a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico”. É, portanto, compreendida como uma educação voltada para a emancipação humana em todas as suas dimensões. 
A formação do trabalhador na perspectiva da emancipação
Implica, sobretudo, o resgate da integralidade humana, do reconhecimento do sujeito enquanto ser social e não apenas como ser que trabalha. Por outro lado, no campo da formação para o trabalho, implica a tomada de consciência da exploração a que o trabalhador está submetido, da necessidade de ampliar o conhecimento no seu campo de atuação profissional quebrando as barreiras da dualidade entre o trabalho manual e intelectual. 
Uma educação com vistas à emancipação do trabalhador deve possibilitar a retomada do sentido ontológico do trabalho como produção da existência humana, como processo que possibilita o desenvolvimento das sociedades do ponto de vista científico e tecnológicos, não para facilitar a exploração pelo capital, mas para melhorar a vida dos sujeitos, com vistas ao bem comum 
considerações FINAIS
O trabalho em seu sentido ontológico é compreendido como produção da existência humana, vinculando-se basicamente às necessidades humanas. Nesta perspectiva, a educação tem no trabalho seu princípio educativo, considerando a necessidade de que todo ser humano trabalhe para sobreviver. 
Com o surgimento da propriedade privada e mais tarde o advento do capitalismo, surge a possibilidade de que um grupo de sujeitos (os proprietários dos meios de produção) não precisem trabalhar para sobreviver, mas vivam da exploração do trabalho alheio. Assim, o trabalho no capitalismo é alienado e o trabalhador perde o direito aos bens que produz, vê seu trabalho sendo fragmentado e é destituído inclusive do conhecimento que envolve seu trabalho. O trabalho, convertido em mercadoria, concebe o trabalhador como mera engrenagem no sistema produtivo, tal como funciona os maquinários. 
considerações FINAIS
A formação do trabalhador, nesta perspectiva, é condicionada aos interesses do mercado, que dita em que medida deve ou não ser possibilitada a qualificação do trabalhador. A dualidade entre trabalho manual e intelectual determinam os níveis de formação dos sujeitos, formação esta que não é suficiente sequer para assegurar o direito ao emprego.
A ruptura com esta educação vinculada aos interesses do mercado não é tarefa fácil, mas fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. Para tanto, é importante que a educação contribua para a emancipação dos sujeitos, por meio de uma formação onmilateral, isto é, que abranja não só́ a formação para o trabalho como também a formação intelectual, ética e, sobretudo, a consciência de classe. 
considerações FINAIS
Sem perder a consciência de que, como bem pontua Marx em toda sua obra, a emancipação plena do trabalhador ainda está distante de acontecer, é preciso investir naquela possível, isto é, a emancipação politica, a qual depende essencialmente da consciência de classe. Mais que a conscientização, é preciso possibilitar ao trabalhador o acesso ao saber historicamente acumulado pela humanidade, favorecendo sua formação como ser integral e não apenas uma formação restrita ao trabalho ou ao desenvolvimento de aptidões desejáveis ao capital. 
REFERÊNCIAS
LAGO, Lilian Yepez Orientação profissional / Lilian Yepez do Lago. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 184 p. 
RIBEIRO, Tatiana Cristina. A Formação do Trabalhador na Sociedade Capitalista. Image, v.17, no 32, jan-abr (2019) ISSN: 1808-799 X 
 https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/28311/25301 
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Ouvimos com frequência que vivemos na sociedade da informação, num processo de globalização. Os meios de comunicação despejam sobre nós diversas e novas combinações. Percorremos viainternet, enormes distancias em segundos. As fronteiras geográficas e culturais diminuem, a velocidade das transformações tecnológicas aumenta. As novas tecnologias invadem e difundem-se através de todos os setores da economia e da sociedade exigindo informações e acesso a essas informações.
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Contudo, informações não leva necessariamente ao conhecimento, com o aumento da quantidade de informações, sem um método de integração, aumenta a confusão e as dificuldades de processamento. As informações não se transformam em experiência ou conhecimento.
A sociedade de hoje ainda não pode ser considerada como uma sociedade do conhecimento de um modo geral é uma sociedade de informação. E para que essa mudança ocorra, é preciso que os indivíduos consigam transformar a matéria prima, que são os dados e as informações disponíveis em conhecimento. 
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Mas nem todas as pessoas são capazes de realizar esta transformação. Seja por falta de acesso , seja por incapacidade de utilização das tecnologias.
O conhecimento constitui-se na principal vantagem competitiva das modernas sociedades, ou seja, o saber possui hoje um valor econômico e social vital para o desenvolvimento humano à escala mundial.
Ressaltamos que a informação que se encontra hoje em dia disponível não é por si só geradora de conhecimento no ser humano. 
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Este terá que ser capaz de mobilizar esses conhecimentos transformando-os em competências que lhes permita assumir –se como cidadão responsável, integrado e elemento ativo na construção da sociedade em que vive. 
A sociedade do conhecimento pela sua constante evolução implica uma aprendizagem constante, durante toda a vida. E, nela não deve haver excluídos, pois o conhecimento deve ser um bem acessível a todos.
Conhecimento e profissão na sociedade capitalista
Na sociedade do conhecimento o seu representante é a pessoa instruída. O conhecimento é produzido, aprendido, transmitido, aplicado, e enriquecido pelo ser humano, que é o centro dessa nova ordem. Portanto, o trabalhador instruído é aquele que domina conhecimentos que tem valor de mercado e é adaptado a moderna realidade das organizações. 
 
características de um trabalhador do conhecimento
Ser uma pessoa saudável, física e mentalmente- ter qualidade de vida.
Possuir senso de cidadania- responsabilidade com a empresa, com os colegas de trabalho e a comunidade.
Conviver e incentivar a diversidade e aceitar a inovação.
Ser persistente 
Ser proativo-converter informações em beneficio da empresa.
características de um trabalhador do conhecimento
O Trabalhador do Conhecimento é aquele que vem acompanhando a evolução das tecnologias, a informação e o desenvolvimento de novos modelos de negócios. São profissionais com espírito criativo e empreendedor, qualificados, capazes de enfrentar os desafios do futuro com coragem e determinação, mas também com novos conhecimento e competências.
Investir no conhecimento hoje é ter as rédeas da vida profissional nas mãos no futuro. De agora em diante, somente a capacidade de renovar o seu conhecimento tornará o profissional cada vez mais empregável. 
PARA CONCLUIR 
A sociedade do conhecimento vem impor uma série de desafios para os profissionais atuais. Aqueles que entendem essa demanda, melhor se preparam para ela e se mostram aptos a entender o que mudou, têm vantagem competitiva sobre os demais.
O mercado de trabalho atual exige dos profissionais algumas competências comportamentais essenciais para sua adaptação nesse novo cenário. Dentre elas, podem ser citadas: ter conhecimento do negócio, ser flexível para lidar com mudanças, respeitar as diferenças individuais no trabalho em equipe, saber lidar com incertezas e estar sempre disposto a aprender, a se reciclar e a se adaptar.
REFERÊNCIAS
Sociedade do conhecimento e da informação.
https://slideplayer.com.br/slide/297753/
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