Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
W BA 05 41 _V 2. 0 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS COM FOCO EM M&A 2 João Alfredo Nyegray São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS COM FOCO EM M&A 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Ana Carolina Gulelmo Staut Revisor Karina Stange Calandrin Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Nyegray, João Alfredo Internacionalização de empresas com foco em M&A / João Alfredo Nyegray. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-346-9 1. Internacionalizações. 2. Fusões e aquisições. 3. Empresas. I. Título. CDD 658.044 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O N994i © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 A Internacionalização de Empresas __________________________ 06 As teorias de internacionalização e as fusões e aquisições ___ 20 Estratégia e gestão de operações internacionais _____________ 32 Cooperação internacional e transferência de tecnologia _____ 45 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS COM FOCO EM M&A 5 Apresentação da disciplina A disciplina se inicia abordando diferentes modelos teórico-conceituais para análise da internacionalização de empresas e de sua gestão no cenário internacional, com foco em operações ligadas à inovação tecnológica. Além disso, também se aprofunda na análise da internacionalização das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), centrais ao desenvolvimento tecnológico, temas altamente relevantes para o sucesso da internacionalização, como intermediários, facilitadores e global sourcing também são abordados. As competências e habilidades, a serem desenvolvidas, são: conhecer os fundamentos da internacionalização, analisando o processo de internacionalização das corporações empresariais e os modelos teórico,-conceituais para gestão desse processo; entender a gestão de empresas no contexto internacional, especificamente temas referentes a operações relacionadas à inovação tecnológica; e aprofundar a análise em internacionalização com foco em M&A, considerando as questões críticas para o sucesso das operações internacionais das empresas. 6 A Internacionalização de Empresas Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray Leitura crítica: Karina Stange Calandrin Objetivos • Entender o fenômeno da internacionalização de empresas. • Compreender as maneiras pelas quais a internacionalização ocorre. • Entender os riscos e oportunidades do processo de internacionalização. 7 Comércio internacional e exterior. 1. Noções introdutórias de internacionalização A internacionalização está à nossa volta, a todo momento. Por mais que, muitas vezes, não pensemos no processo de internacionalizar, temos constante acesso às mercadorias que foram internacionalizadas. Todas as marcas estrangeiras que estão no Brasil, sejam montadoras de automóveis de origem japonesa ou coreana, empresas farmacêuticas inglesas e alemãs, ou mesmo empresas de tecnologia estadunidense, com sede no Brasil, todas essas empresas internacionalizaram em algum momento de sua trajetória. A internacionalização é mais do que buscar novos mercados, é mais do que abrir filiais no exterior. É um movimento que pode ser visto como causa e consequência do próprio processo de globalização. Se a globalização é algo que nos é tão cotidiano e frequente, e que nos permite ter acesso a produtos e serviços de diversos países sem mesmo sair de casa, isso se deve ao fato de que as empresas que produziram os itens ou que prestam os serviços que adquirimos internacionalizaram. Se a internacionalização é hoje a realidade de uma série de empresas, de pequeno, médio e grande porte, é porque a globalização reduziu distâncias e tornou mais fácil o ato de atravessar fronteiras. Ainda que, hoje, internacionalizar seja muito mais fácil do que era há cinquenta ou sessenta anos, isso não significa que o processo de internacionalização em si seja algo simples ou isento de riscos. Pelo contrário, trata-se de uma área com várias minúcias e pontos que necessitam de nossa atenção. É sobre isso que você aprenderá nas próximas páginas. Você aprenderá o que é a internacionalização e as maneiras pelas quais se internacionaliza. Bons estudos! 8 1.1 Internacionalização: definições iniciais Olhe ao seu redor, veja quantas das coisas que você tem ou que está usado nesse momento são nacionais, e quantas são estrangeiras. Certamente muitos dos itens de sua vida cotidiana são de marcas globais, ainda que tenham sido fabricados no Brasil. Essa é uma das faces do processo de internacionalização, que caminha muito próximo da própria globalização. Quem explica melhor a interação entre os fenômenos da globalização e da internacionalização é Cavusgil et al. (2010): O crescimento da atividade de negócios internacionais coincide com o fenômeno mais amplo da globalização de mercados. A globalização de mercados refere-se à integração econômica e à crescente interdependência de países, que ocorrem em escala mundial. Enquanto a internacionalização empresarial concerne à tendência das empresas de ampliar de forma sistemática a dimensão internacional de suas atividades comerciais, a globalização relaciona-se com uma macrotendência de intensa interconectividade econômica entre países. Em sua essência, a globalização leva, à compressão do tempo e do espaço. Ela permite que muitas empresas se internacionalizem e aumentou de modo substancial o volume e a variedade de transações internacionais de bens, serviços e fluxos de capital. Também acarretou uma difusão mais rápida e ampla de produtos, tecnologia e conhecimento pelo mundo, independentemente do ponto de origem. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 4) Isso significa que a internacionalização e a globalização são duas faces de uma mesma moeda! 9 Figura 1 – Internacionalização e globalização: duas faces de uma mesma moeda Fonte: Shutterstock.com. O que é internacionalização? Como todo fenômeno complexo, a internacionalização possui várias definições possíveis. Uma primeira definição, da década de 1980, mas ainda muito aceita, enxerga a internacionalização como o “o movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais” (WELCH; LOUSTARINEN, 1988, p. 2). O interessante desse conceito é justamente a ideia de movimento, tão comum às empresas que buscam mercados globais. Uma outra definição possível, e igualmente muito aceita, conceitua a internacionalização como “a transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando métodos diretos e indiretos” (LEONIDOU; KATSIKEAS, 1996, p. 47). Aqui, pontua-se a respeito dos métodos da internacionalização que podem ser feitos pela própria empresa (diretos) ou por terceiros contratados (indiretos). Outra definição seria comoo “processo através do qual as empresas aumentam sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das transações internacionais em seu futuro, e por isso, passam a 10 estabelecer e conduzir operações e transações com empresas de outros países” (BEAMISH, MORISSON, 2002, p. 132). Essa definição é interessante, pois trata da internacionalização como algo natural para o futuro e para o crescimento das empresas, o que parece ser muito verdadeiro. Perceba que por mais que nenhuma dessas três definições seja necessariamente recente, todas elas são simples e precisas, e, por isso, muito aceitas pelos estudiosos do tema. A essas três definições podem somar-se várias outras, que, de alguma maneira, descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo por meio do qual as empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos distintos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases realizadas em momentos diferentes. É isso que veremos logo a seguir! 1.2 As formas pelas quais a internacionalização acontece Ainda que duas empresas sejam do mesmo setor, produzam o mesmo item e tenham aproximadamente o mesmo porte e faturamento, ao internacionalizar, cada uma delas seguirá um caminho distinto. Isso ocorre porque a internacionalização precisa considerar os recursos, forças e pontos positivos de cada empresa em especial, mas como a internacionalização acontece? Tradicionalmente, empresas que nunca internacionalizaram tendem a iniciar suas operações internacionais pelas exportações ou importações. São formas um pouco menos arriscadas, pois envolvem menor exposição financeira e nem sempre necessitam alto conhecimento do mercado de destino. Trata-se de vender algo para o exterior (exportações), recebendo moeda externa por isso, ou comprar algo do exterior (importações), enviando moeda ao exterior e pagando todos os tributos relativos à operação. O Brasil, por exemplo, exporta soja e importa fertilizantes. 11 Uma outra forma de internacionalizar, muito corriqueira no setor de fast-food, é a internacionalização via franquias. Baseada em contratos, o franqueador transfere ao franqueado o conhecimento e os meios necessários para desempenhar uma determinada atividade. Marca, layout de loja e aspectos de marketing também são transferidos ao fraqueado. Como explicam Cavusgil et al. (2010): O franqueador é uma empresa que concede a outra o direito de usar todo um sistema de negócios mediante o pagamento de taxas, royalties ou outras formas de compensação. Os franqueadores são uma versão sofisticada de licenciadores, que fornecem um modelo empresarial completo a um franqueado estrangeiro, como McDonald’s e Hertz Car Rental. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 50) Além das redes de fast-food, redes de lavanderia e hotéis internacionalizam dessa forma. Também uma maneira de internacionalização materializada por uma relação contratual, são os licenciamentos. Nesse caso, as partes envolvidas são o licenciador e o licenciado. Aqui, o licenciado pode produzir itens cujo personagem, marca, imagem ou ativo imaterial pertençam ao licenciador. Cavusgil et al. (2010, p. 50) afirmam que: O licenciador é uma empresa que estabelece um acordo contratual com um parceiro estrangeiro, concedendo-lhe o direito de uso de certa propriedade intelectual por um período específico de tempo, em troca de royalties ou outra forma de remuneração. O licenciamento é visto como um método de internacionalização especialmente indicado para empresas que têm propriedade intelectual (que pode estar patenteada) ou algum ativo que é legalmente protegido e que adiciona valor à sua oferta no mercado. Os da saga Harry Potter, Senhor dos Anéis e Star se tornaram personagens de Lego, de bonecos, roupas e até mesmo de produtos comestíveis. Em ambos os casos – franquias e licenciamentos – há a transferência internacional de intangíveis, como explicam Cavusgil et al. (2010, p. 50): “um franqueador faz um contrato com um franqueado estrangeiro; um provedor de 12 experiência faz um contrato com um cliente estrangeiro e assim por diante. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 50) Além de exportações e importações, franquias e licenciamentos; pode- se internacionalizar por meio de um empreendimento conjunto entre empresas, que, comumente, recebe o nome de joint-venture. Trata-se de uma forma de internacionalização na qual empresas de um mesmo país ou localizadas em países distintos, unem-se para alguma operação conjunta. Pode ser o caso, por exemplo, de uma empresa brasileira que se associa a uma marca estrangeira para trazê-la ao Brasil, ou de duas empresas brasileiras que criam uma marca ou produto e internacionalizam juntas para outra nação. Seja no caso das franquias, licenciamentos ou joint-ventures, há algumas vantagens e desvantagens bastante semelhantes. A parte boa é a divisão dos custos e riscos da operação. Como parte ruim e negativa pode-se citar a disseminação de conhecimentos críticos entre as partes envolvidas na operação ou então potenciais conflitos entre os parceiros. Por fim, a forma mais arriscada de se internacionalizar é o Investimento Estrangeiro Direto (IED, conhecido também pela sigla inglesa de FDI ou Foreing Direct Investment). É o que ocorre quando uma montadora alemã ou japonesa inicia sua produção em nosso país: essa montadora envia uma quantidade imensa de recursos de seu país de origem (dinheiro, tecnologias, pessoas) para comprar uma empresa já existente ou construir uma fábrica do zero por aqui. Toda empresa estrangeira que possui filial própria no Brasil ou toda empresa brasileira que possui filial própria no exterior, fez, em algum momento de sua trajetória, um IED. O maior risco do IED envolve retirar- se do país: em algumas situações, é necessário encerrar as operações de forma ágil, o que nem sempre é possível. Vimos isso ocorrer na Venezuela e Argentina, por isso, falamos anteriormente sobre risco país e sobre a importância que o sistema político tem. No caso venezuelano e argentino, os governos desses países decidiram estatizar algumas 13 companhias. Nesses casos, os donos das empresas nacionalizadas tiveram prejuízos bilionários. A essas estatizações, como era de se esperar, seguiu-se uma intensa fuga de capitais. Em ordem crescente de risco, as formas de internacionalizar ficam mais ou menos assim: Figura 2 – Formas de internacionalização em ordem crescente de riscos Fonte: elaborada pelo autor. As fusões e aquisições, por exemplo, normalmente, ocorrem via IED. Cada uma dessas formas de internacionalizar possui pontos positivos e negativos, que veremos logo a seguir! 1.3 Os riscos e oportunidades do processo de internacionalização Muitas das empresas que operam apenas no ambiente doméstico não conseguem chegar ao segundo ano de atuação. Essas estatísticas, que são cotidianamente divulgadas, mostram um alto índice do que 14 se chama de mortalidade empresarial. Ocorrida tanto por falta de planejamento quanto pela burocracia e tributação brasileira, boa parte das empresas abertas não sobrevive. Considere que isso ocorre no ambiente doméstico, onde fala-se o mesmo idioma, supostamente se conhece as leis e regras e as preferências dos consumidores. Se nas operações empresariais dentro do nosso próprio país, há uma série de riscos e chances de fracasso, imagine internacionalmente! É aqui que entram os riscos e oportunidades no processo de internacionalização. Genericamente, alguns dos riscos da internacionalização derivam de diferenças culturais, diferenças em hábitos dos consumidores, diferenças legais, aquilo que é permitido num lugar e que pode ser proibido em outro. Ao contrário do que ocorre quando se faz negócios dentro do próprio país, a internacionalização envolve maiores distâncias. Essas distâncias são não apenas físicas, mas políticas, econômicase culturais. Figura 3 – Riscos! Fonte: Shutterstock.com. O aspecto negativo da internacionalização, via exportação ou importação, por exemplo, fica por conta da a vulnerabilidade a tarifas 15 e das distâncias, que podem tornar a entrega de produtos um tanto demorada. Para ter uma ideia, leva-se cerca de quarenta e cinco dias para que um navio saia da China e chegue no Brasil ou o contrário. O aspecto positivo é que não é necessário um amplo conhecimento do mercado de destino, e a maioria das exportações ocorrem de empresas para empresas, não para consumidores finais. As franquias, por sua vez, têm como grande risco as atitudes do franqueado. Se o franqueado não seguir exatamente as diretrizes de layout de loja, promoção e estilo de vendas da matriz, a marca como um todo pode ser prejudicada. Outro risco das franquias é que os franqueados podem ter acesso a conhecimentos e operações que os tornem concorrentes no futuro. A oportunidade e ponto positivo da internacionalização nessa modalidade é a chance de poder iniciar um negócio conhecido com capital relativamente baixo. Na sequência, estão os licenciamentos. O risco dos licenciamentos está em licenciar um personagem, imagem ou marca para um parceiro de negócios incompetente que poderá produzir algo de má qualidade. Você já imaginou se um produto licenciado pela Marvel ou pela DC começa a soltar peças, perder a tinta ou se estraga com pouco tempo de uso? Certamente, a confiabilidade e prestígio da marca licenciadora é abalada. O aspecto favorável dos contratos de licenciamento é que possibilitam a empresa licenciada produzir e comercializar itens já conhecidos do grande público, enquanto a franqueadora recebe um percentual das vendas realizadas. Para as joint-ventures, o risco está no compartilhamento de conhecimentos entre os lados do acordo. Pode-se, dependendo da situação, compartilhar um conhecimento que é crítico para uma das organizações e acabar gerando um futuro concorrente. A parte positiva é que além dos conhecimentos, os riscos da internacionalização também são divididos entre as partes envolvidas. 16 Por fim, há a forma mais arriscada de internacionalização: o investimento estrangeiro direto. Aqui, os riscos são vários. Uma dada empresa pode ter internacionalizado para uma nação que, pouco tempo depois de receber o investimento, entra numa grave crise política. Ao contrário do que ocorre com as exportações, forma de internacionalização na qual é possível simplesmente parar de fazer negócios com um país, no caso do IED isso não ocorre. Uma vez que uma empresa com presença física no exterior decide sair desse mercado, é necessário liquidar todas as dívidas, receber todos os valores em aberto e demitir funcionários. Esse processo é longo e custoso. Para evitar esse risco, as empresas só internacionalizam via IED para países em que a chance de retorno é superior ao risco. O benefício de internacionalizar, dessa forma tão arriscada, é estar próximo do mercado consumidor e poder aprender de forma mais rápida os hábitos e preferências dos consumidores locais. Ainda com tantos riscos, muitas empresas decidem enfrentar as chances de fracasso e buscam mercados internacionais. Eentre as razões principais pelas quais as empresas realizam atividades de internacionalização, podemos citar a menor dependência de um só mercado. Aquelas empresas que atuam apenas de forma doméstica tendem a ter problemas quando seu país entra em crise. De outro lado, aquelas empresas que internacionalizam, diluem pelo mundo suas fontes de receita. Com isso, tornam-se mais resilientes a problemas econômicos locais. Outra razão para a internacionalização está em evitar os efeitos da sazonalidade. Alguns produtos são vendidos em maiores quantidades em épocas específicas. É o caso dos sorvetes no verão ou das roupas pesadas no inverno. Ao internacionalizar, as empresas podem evitar os efeitos desses altos e baixos e obter retornos favoráveis em todo um ano. 17 Além disso, há a questão dos juros. Algumas empresas brasileiras, em especial as startups, estão abrindo filiais nos EUA. Os juros por lá são muito baixos, infinitamente mais baixos do que aqui. Ao abrir suas sedes por lá, essas empresas conseguem empréstimos para financiar seu crescimento com custo baixo. Outro custo baixo, que é comumente procurado pelas empresas que internacionalizam, é em relação à mão de obra. Isso explica a quantidade de empresas de manufatura que produzem na China ou a quantidade de empresas de software presentes na Índia em nossos dias. Outra grande razão da internacionalização são as economias de escala. Trata-se da redução no custo unitário de produção a partir da manufatura de um número maior de itens. Uma vez que as empresas que internacionalizam tendem a produzir mais, os custos das mercadorias destinadas ao mercado interno também caem. Como você pode perceber, são várias as razões para internacionalizar e tudo isso nos leva a comentar sobre a eficiência obtida através das operações de internacionalização. Essa eficiência vale tanto para os países quanto para as empresas. Em termos da eficiência alcançada pelas empresas, ensinam Cavusgil et al. (2010): A experiência de fazer negócios no exterior contribui para a aquisição de novos conhecimentos para melhorar a eficácia e a eficiência organizacionais. Por exemplo, as técnicas just-in-time de estoque foram refinadas pela Toyota e posteriormente adotadas por outros fabricantes em todo o mundo. Vários fornecedores estrangeiros da montadora japonesa aprenderam as práticas just-in-time com ela para depois as aplicar em suas próprias operações industriais. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 14) Como podemos perceber, a internacionalização permite o contato da organização com novos conhecimentos. Esses novos conhecimentos podem gerar inovações, novidades e aprimoramentos organizacionais diversos que permitem às empresas melhorar suas vantagens competitivas nos mercados em que atuam. 18 De outro lado, os países também se beneficiam ao estar abertos a esses negócios. Cavusgil et al. (2010, p. 15) comentam que os negócios internacionais: Contribuem com a prosperidade econômica e os padrões de vida, fornecem interconectividade à economia mundial e acesso a uma gama de valiosos bens intermediários e acabados, além de serviços, e colaboram para que os países utilizem seus recursos com eficiência. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 15) Certamente que se não fosse pelos negócios internacionais, nós, brasileiros, não teríamos acesso a uma série de eletrônicos, produtos domésticos e tecnologias que temos; da mesma forma que os demais países do mundo não teriam acesso aos produtos primários que nós produzimos. 2. Considerações finais Nesta Leitura Digital, você pode aprender que a internacionalização de empresas caminha lado a lado do fenômeno da globalização. Além disso, vimos que a internacionalização é um fenômeno que se desdobra em etapas distintas e pode ocorrer de várias formas. As formas pelas quais a internacionalização ocorre são importação e exportação, franquias, licenciamentos, joint-ventures e investimento estrangeiro direto. Cada uma dessas formas de internacionalizar, possui seus riscos e benefícios e, de modo geral, as empresas que internacionalizam tornam-se menos dependentes de um só mercado, geram novas sinergias com parceiros estrangeiros, realizam economias de escala e evitam a sazonalidade nas vendas. Por fim, você pode aprender que a cada forma de internacionalizar corresponde não apenas riscos e oportunidades, mas desafios. Por 19 isso, se diz que cada empresa internacionaliza de uma maneira distinta, sempre buscando explorar as próprias forças e gerar retorno para aqueles envolvidos na operação. Referências Bibliográficas BEAMISH, P.; MORRISON, A. International management: text and cases. Nova York: McGraw Hill, 2002. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais, estratégia, gestãoe novas realidades. São Paulo: Pearson, , 2010. LEONIDOU, L. C.; KATSIKEAS, C. S. The export development process: an integrative review of empirical models. Journal of International Business Studies, v. 28, n. 3, p. 517-551, [s. l.], 1996. NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. WELCH, L. S.; LUOSTARINEN, R. Internationalization: evolution of a concept. Journal of General Management, v. 14, n. 2, p. 34-55, [s. l.],1988. 20 As teorias de internacionalização e as fusões e aquisições Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray Leitura crítica: Karina Stange Calandrin Objetivos • Entender as teorias econômicas de internacionalização. • Compreender as teorias comportamentais de internacionalização. • Entender como a internacionalização pode ocorrer via fusões e aquisições. 21 1. As teorias de internacionalização e algumas de suas práticas 1.1 O que é uma teoria? Todas as áreas do saber humano contam com uma série de teorias explicativas. As teorias nascem a partir da observação de uma dada realidade e são uma proposta explicativa de um ou mais fenômenos ou de como dois ou mais fenômenos se relacionam. No decorrer da história, muitas teorias foram criadas de forma completamente estapafúrdia. Uma delas, por exemplo, foi a chamada teoria do criminoso nato, em que um dado criminalista analisou as pessoas nas cadeias de seu tempo e percebeu que todos eles tinham certas características em comum (nariz, tom de pele, estatura). Ignorando que essas pessoas eram as menos capazes de pagar por uma defesa justa, o teórico propôs que todas as pessoas com aquelas caraterísticas seriam, por sua própria natureza, criminosas. Para que uma teoria seja crível, seu método deve ser científico e os estudos que a embasam, replicáveis. Existem teorias biológicas, teorias comportamentais, teorias administrativas e, é claro, teorias do comércio internacional e da internacionalização. A internacionalização, enquanto área teorizada à parte, começa a ser estudada apenas da década de 1960. Antes disso, tratava-se não o movimento de empresas para operações internacionais, mas abordava-se o comércio internacional como um todo. A partir daqui, você poderá compreender não apenas as mais aceitas e repercutidas teorias da internacionalização, mas também como as fusões e aquisições (M&A, do inglês mergers and acquisitions) podem ser uma das formas de se internacionalizar. 22 1.2 Teorias econômicas de internacionalização Ainda que o campo de internacionalização de empresas, em seu prisma teórico e acadêmico, seja composto de uma multiplicidade de estudos diversos, alguns estudiosos do tema dividem as abordagens em duas: econômicas e comportamentais. Como o próprio nome permite perceber, a vertente econômica dos estudos de internacionalização pressupõe o ato de internacionalizar como algo que se baseia em critérios racionais e econômico-financeiros. Nessa visão, internacionaliza-se buscando a maximização de algum retorno econômico. Entre as teorias econômicas, a primeira delas foi a Teoria do Poder de Mercado do economista canadense Stephen Hymer, escrita em 1960. Para Hymer, as empresas multinacionais são sobreviventes vitoriosas de lutas por mercado. Essas disputas ocorrem com seus concorrentes, que acabam por serem vencidos, comprados, quando deixam de operar no mercado interno. Perceba que, aqui, há uma primeira menção, ainda que indireta, às fusões e aquisições no contexto das teorias de internacionalização. Para Hymer (1976), a concorrência acirrada dos mercados internacionais obrigaria as empresas a se repensarem continuamente para inovar em produtos e serviços e, com isso, superarem os rivais. A empresa que consegue sobreviver e prosperar nesse cenário incerto e competitivo é aquela que consegue atingir um certo grau de superioridade, construído em relação aos seus competidores dentro de seu mercado nacional. Esse grau de superioridade pode ser atingido por meio de uma série de ações estratégias, como fusões, aquisições, joint-ventures, extensão de capacidades, criação e manutenção de oligopólios e monopólios, até que restem poucos concorrentes que a façam frente. Por isso, chama-se essa teoria de poder de mercado, pois a empresa que tiver maior poder vence no cenário global. 23 A segunda teoria de viés econômico é a chamada teoria do ciclo de vida do produto, proposta pelo economista Raymond Vernon, em 1966. A teoria parte, justamente, do ciclo de vida do produto. No eixo y (vertical) está o volume de vendas, e no eixo x (horizontal) o tempo. O eixo x é dividido em introdução, crescimento, maturidade e declínio. Quando um produto é lançado, tende a ser mais caro. Como consequência, seu crescimento é lento. Conforme o produto cresce em vendas e entra no segundo quadrante, a empresa que o produz pode agregar algum tipo de padronização para baratear seu custo de produção. Uma vez que o volume de vendas é alto e o público-alvo já tem o produto, entra-se na fase de maturidade. Se itens mais novos forem lançados, o produto entra em declínio. A partir do ciclo de vida, Vernon (1966) afirma que nos estágios iniciais do desenvolvimento de um novo produto, os empreendedores enfrentariam diversas questões críticas, como onde estabelecer sua produção. Para Vernon (1966), essa decisão é tomada com base na proximidade com o mercado consumidor. No caso de produtos novos, a empresa deve se posicionar em países desenvolvidos apenas, pois ali estariam seus consumidores. Conforme esse produto novo atinge sua maturação, e passa a surgir algum grau de padronização, a empresa não mais necessita estar tão próxima de seus consumidores, pois pode atingir economias de escala ao padronizar parte da produção e mover sua sede para uma localidade menos desenvolvida e exigente, onde se economizará com questões operacionais. Conforme esse produto amadurecido torna-se plenamente padronizado e deixa de ser novo, seu processo de manufatura não mais requer mão de obra especializada ou um processo industrial altamente técnico, podendo a empresa migrar a produção para países pouco desenvolvidos. Por fim, há que se mencionar os trabalhos de John Dunning, o economista britânico que criou o chamado Paradigma Eclético. Para Dunning (2000), a internacionalização da empresa multinacional (EMN) 24 seria decidida a partir de um composto de composição localização geográfica, extensão da empresa e tamanho da produção industrial externa a ser realizada. Há casos em que a própria empresa deve produzir no exterior, tendo o que o autor chamou de vantagem de propriedade (chamado de ownership). Um segundo ponto a se considerar seria a localidade, ou seja, quais países ou regiões alternativas seriam atrativos para a produção. Quanto mais abundantes sejam os fatores no país de destino (recursos naturais, mão de obra, juros baratos, infraestrutura) mais atraente se torna migrar a produção para esse país. Seria, portanto, vantajoso utilizar desses recursos no país de destino se, em conjunto com outras vantagens da empresa, favorecerem sua presença no exterior, ao invés de produzir no próprio país. Essa é a chamada vantagem de localização (chamada de location). Por fim, Dunning (2000) menciona a questão da internalização (internalization). Trata-se da empresa internalizar algumas atividades- chave, fazendo-as por conta própria ao invés de terceirizar. Assim, para Dunning (2000), a decisão por internacionalizar dependeria do conjunto de vantagens OLI: propriedade, localização e internalização em sua melhor combinação. Essas não são, no entanto, as únicas teorias. Há algumas que buscam explicar a internacionalização pelo prisma do comportamento. 1.3 Teorias comportamentais de internacionalização Enquanto há quem enxergue a internacionalização como um ato econômico, envolvido em uma ampla gama de cálculos de vantagem em termos de propriedade, localização ou internalização de atividadesou custos; há quem a veja como um processo empreendedor ou comportamental. 25 A teoria que inicia a discussão da internacionalização como algo comportamental foi proposta por dois pesquisadores suecos, da Universidade de Uppsala, Jan Johansson e Erik Valhne, em 1977. Essa teoria, que ficou conhecida como Teoria de Uppsala acabou tão aceita que passou a ser vista como uma tradução do que seria o modo normal de internacionalizar. Para Johansson e Valhne (1977), algumas empresas iniciavam seu processo de internacionalização por meio de poucas e esparsas atividades de exportação. Após um período, mantendo o negócio por meio de exportações esporádicas, conforme cresciam as vendas e diminuía o tempo entre exportações, essas empresas formalizariam contratos com agentes de venda. Conforme a demanda crescesse, esses agentes de venda dariam lugar a uma subsidiária de vendas que, mais tarde, poderia tornar-se uma subsidiária de produção, com vistas a superar barreiras tarifárias e tributos de importação o destino. Isso significa que a Teoria de Uppsala pressupõe um envolvimento internacional, como demonstrado na Figura 1. Figura 1 – etapas da internacionalização para a teoria de Uppsala Fonte: elaborada pelo autor. Um dos fatos que fez com que a teoria de Uppsala fosse tão aceita foi, justamente, propor que a internacionalização ocorresse de forma gradual, da maneira menos arriscada (exportação) até a mais arriscada, que é a produção diretamente no país de destino (investimento estrangeiro direto). Conforme a empresa vai agregando novos conhecimentos, a internacionalização ganha novos contornos. 26 Outra teoria, de viés comportamental, é a do professor estadunidense Bruce Kogut e do professor sueco Udo Zander, no artigo Conhecimento da empresa e a teoria evolucionária da corporação multinacional, de 1993. Para Kogut e Zander (1993), algumas empresas possuem conhecimentos e tecnologias muito técnicos. Essas organizações criariam produtos muito exclusivos ou tecnológicos e seria um risco que outras empresas tivessem essas mesmas tecnologias ou conhecimentos. Nesses casos, a forma ideal para a internacionalização seria pelo investimento estrangeiro direto (IED), uma vez que a própria empresa dominaria seu conhecimento e ativos intelectuais em outros países. De outro lado, se o produto ou serviço da empresa forem relativamente simples, a forma de internacionalização escolhida pode envolver um parceiro comercial no país de destino. Seria essa a explicação pela qual redes de fast-food internacionalizam via franquias, enquanto empresas que produzem tecnologias exclusivas internacionalizam por IED. Por fim, há autores que enxergam a internacionalização como um movimento empreendedor internacional. Oviatt e McDougall (2000) entendem, por empreendedorismo internacional, uma combinação de características comportamentais de inovação, proatividade e aceitação de riscos que seja transfronteiriça e tenha a intenção de criar valor para as organizações. Essas características, por parte dos gestores e empreendedores em geral, permitiriam que as empresas às quais essas pessoas estão ligadas tirassem proveito de oportunidades internacionais de negócio. O empreendedorismo internacional pode ocorrer não só no nível individual, mas também no nível organizacional. Seja qual for a teoria que você ache mais adequada para explicar o fenômeno da internacionalização, nenhuma delas é capaz de explicar sozinha a internacionalização de todas as organizações. Muitas delas, internacionalizam via fusões e aquisições. 27 1.4 Fusões e Aquisições (M&A) como forma de internacionalizar A forma mais arriscada de se internacionalizar é o Investimento Estrangeiro Direto (IED, conhecido também pela sigla inglesa de FDI ou Foreing Direct Investment). É o que ocorre, por exemplo, quando uma montadora alemã ou japonesa inicia sua produção em nosso país: essa montadora envia uma quantidade imensa de recursos de seu país de origem (dinheiro, tecnologias, pessoas) para comprar uma empresa já existente ou construir uma fábrica do zero por aqui. Além de arriscada, essa forma de internacionalizar acaba sendo muito afetada pelas leis do país de destino. Como explicam Cavusgil et al. (2010): Muitas nações impõem restrições à entrada de investimento direto estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo atacadista como Walmart e Toys ‘2’ Us, restringido as operações de gigantes varejistas. Estes devem obter a aprovação dos concorrentes locais, em um processo minucioso e demorado. Na Malásia, as empresas que desejam investir em negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial Development Authority, que examina as propostas para garantir que se adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on Investments. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 132-133) Isso mostra como simplesmente investir em um outro país pode não ser uma tarefa das mais simples. É aqui que as fusões e aquisições podem ajudar. Inicialmente, ao comprar uma empresa no exterior ou fundir- se como ela, não é necessário construir todas as instalações do zero. Nessas situações, utiliza-se de uma infraestrutura que já está pronta, com funcionários já contratados e em atividade. 28 A esse respeito, ensinam Cavusgil et al. (2010): As fusões e aquisições relacionam-se com a racionalização. A fusão de duas ou mais empresas cria um novo negócio que fabrica um produto em uma escala muito major. Como exemplo, dois gigantes da engenharia, a Asea AB da Suécia e a Brown, Boveri & Co. da Suíça fundiram-se para formar a Asea Brown Boveri (ABB). (...) Na indústria farmacêutica, a britânica Zeneca comprou a sueca Astra para formar a AstraZeneca. A aquisição levou ao desenvolvimento de sucessos de venda como o medicamento para úlcera Nexium e ajudou a transformar a nova empresa em líder nas áreas gastrointestinal, cardiovascular e respiratória. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 181) Veja, são grandes empresas formadas a partir de outras empresas já existentes. E quais as diferenças entre as fusões e aquisições? Uma fusão é o que ocorre quando duas empresas se unem. É o que aconteceu com a Sadia e a Perdigão, por exemplo, que se uniram e formaram a BRF Brasil Foods. Atualmente, a empresa Sadia não existe mais, nem a Perdigão. Nas fusões há o surgimento de uma nova organização. Esse caso ocorreu em 2009 e concluiu-se em 2013. Em paralelo, há as aquisições. Essas operações ocorrem quando uma empresa compra a outra. Essa compra pode ser total ou parcial. É possível comprar empresas no mercado de ações, quando uma empresa compra uma quantidade substancial de papéis de outra. As aquisições ocorrem também entre empresas de capital fechado que não negociam valores em bolsa. Ambos os casos são desafiadores: quando duas empresas se fundem, qual sistema prevalecerá? Qual forma de solucionar problemas? Qual servidor de e-mails? Quando uma empresa é comprada, tradicionalmente, a empresa compradora impõe seu modus operandi. Entretanto, ainda nesses casos, a empresa que foi comprada pode ter processos mais ágeis e formas melhores de resolver problemas diários. 29 Luzio (2014) aponta que, quando se fala a respeito de fusões e aquisições, tem-se várias possibilidades: I. aquisição de participação controladora (maior que 50% do capital da empresa adquirida); II. aquisição de participação não controladora (menor que 50% do capital); III. joint venture (dois ou mais sócios criam uma nova empresa, mas os sócios continuam a existir como operações independentes); IV. fusão (duas empresas se juntam e deixam de existir isoladamente, dando origem a uma terceira nova empresa. Ou seja, A + B = C, onde C é a nova empresa); V. incorporação (uma empresa absorve as operaçõesda outra que deixa de existir, ou seja, A + B = A); e VI. cisão (uma empresa é dividida para surgir outra, ou seja, A se transforma em A’ e A, independentes). (LUZIO, 2014, p. 10) A essas possibilidades, soma-se outro fato: podem acontecer aquisições, joint ventures, fusões, incorporações e cisões cross-border, ou seja, por meio de fronteiras nacionais. Todas essas formas de M&A podem envolver também atividades simultâneas de internacionalização. A partir da década de 1980, com a facilitação das tecnologias de informação e comunicação, os processos de M&A não só se tornaram mais comuns, como passaram a fazer parte da realidade global para grandes empresas. No caso brasileiro, após a superação dos cenários de hiperinflação que caracterizaram a década de 1980 e o início da década de 1990, aconteceram milhares de transações de M&A. Segundo Luzio (2014), entre 1994 e 2013, farm quase dez mil transações de M&A, no Brasil, com um crescimento médio de 8% ao ano. De todas essas, cerca de 55% foram cross-border. 30 Seja nas fusões, seja nas aquisições, há uma imensa gama de desafios a se enfrentar, em especial se a fusão ou aquisição ocorreu internacionalmente. Em uma imensa maioria de casos, as fusões e aquisições ocorrem em situações nas quais é possível comprar uma empresa por um valor inferior ao real (pode ser após uma crise econômica, por exemplo) e se relacionam a uma estratégia de mercado. Na maior parte do ocidente, as fusões e aquisições não são possíveis quando geram um monopólio, ou seja, quando formam uma empresa tão grande que a nova organização não tem mais concorrentes no seu setor. 2. Considerações finais Nesta Leitura Digital, você aprendeu que a internacionalização já foi abordada de forma teórica por várias correntes distintas de pensamento. Até os trabalhos de Sephen Hymer e Raymond Vernon, na década de 1960, a internacionalização era analisada e estudada em conjunto com o comércio internacional. Foi a partir dessas novas teorias que a área de internacionalização de empresas ganha fôlego independente. Embora a internacionalização, seja um grande corpo teórico de conhecimentos e uma imensa área de atuação prática, há estudiosos que defendem haver teorias econômicas de internacionalização, para as quais o processo ocorreria por motivações racionais de maximização de vantagens corporativas ou lucro; e teorias comportamentais, que buscam explicar o processo de internacionalização por um viés empreendedor. Como exemplos de teorias econômicas, pode-se ter a Teoria do Poder de Mercado, a Teoria do Ciclo de Vida do Produto e o Paradigma Eclético de Dunning. De outro lado, são exemplos de teorias comportamentais a Teoria de Uppsala, o modelo de Kogut e Zander e a explicação da internacionalização como um processo empreendedor de McDougall e Oviatt. 31 Por fim, você aprendeu que as fusões e aquisições, muito conhecidas pela sigla, em inglês, M&A são formas de investimento pela qual empresas são compradas ou se fundem num só corpo. Em caso de fusões, as empresas originais deixam de existir e dão lugar à nova organização. Muitos investimentos de internacionalização podem tomar a forma de M&A. Referências Bibliográficas CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. DUNNING, J. H. The eclectic paradigm as an envelope for economic and business theories of MNE activity. International Business Review, v.9, p.163-190, [s. l.], 2000. HYMER, S. H. The International Operations of National Firms: a study of direct foreign investment MIT Monographs. Cambridge: The MIT Press, 1976. JOHANSON, J.; VAHLNE, J. E. The Mechanism of Internationalization. International Marketing Review, v.7, n.4, p.11-24, [s .l.], 1990. JONES, M. V.; COVIELO, N. Internationalisation: conceptualising an entrepreneurial process of behaviour in time. Journal of International Business Studies, v. 36, ed. 3, p. 284-303, [s. l.], 2005. KOGUT, B.; ZANDER U. Knowledge of the firm and the evolutionary theory of the Multinational corporation. Journal of International Business Studies, v. 24, n. 4, p. 625-645, [s. l.],1993. LUZIO, E. Fusões e aquisições em ato – Guia prático: geração e destruição de valor em M&A. São Paulo: Cengage Learning, 2014. NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. OVIATT, B.; McDOUGALL, P. A framework for understanding accelerated international entrepreneurship. In: RUGMAN, A.; WRIGHT, R. (eds.) Research in global strategic management: international entrepreneurship. Stamford: JAI Press Inc. p. 23-40, 1999. VERNON, R. International investiment and international trade in the product cycle. Quarterly Journal of Economics, n. 80, p. 190-207, [s. l.],1966. 32 Estratégia e gestão de operações internacionais Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray Leitura crítica: Karina Stange Calandrin Objetivos • Entender os participantes organizacionais internacionais. • Compreender os desafios apresentados pelas diferenças culturais. • Entender o que são as vantagens competitivas globais. 33 As teorias de internacionalização e algumas de suas práticas 1. A Fortune 500 e as empresas multinacionais Todo ano, a conceituada revista estadunidense Fortune lança sua famosa lista dos Global 500, que é sua análise de quem são as quinhentas maiores empresas do mundo. Em 2021, a lista era encabeçada por Wal Mart (EUA), State Grid (China), Amazon (EUA), China National Petroleum (China), e Sinopec Group (China). Essas cinco empresas, assim como as demais quatrocentas e noventa e cinco da lista, movimentam a cada ano bilhões de dólares numa variedade de formas distintas de operação internacional. Além de movimentar dinheiro, essas empresas movimentam tecnologias e pessoas entre países distintos. É o caso das organizações, que, como a Apple, a sexta na lista da Fortune, desenha e projeta seus aparelhos nos EUA e os produz na China, em Taiwan, Hong Kong e Brasil. É o caso também de empresas como a Renault, 219ª na lista da Fortune, que apesar de ter sua sede e matriz na França, permite desenvolvimentos de produtos para mercados estrangeiros. Foi assim o desenvolvimento do automóvel Renault Kwid, desenvolvido pelas subsidiárias na Romênia, Índia e Brasil. Essas grandes empresas não movimentam apenas dinheiro, movimentam também pessoas. São gerentes, diretores e pessoas de todas as áreas que saem do seu país de origem para trabalhar em outro lugar. Como ensinam Cavusgil et al. (2010), a empresa alemã Siemens tem quase quinhentos mil funcionários, em 190 países diferentes. A estadunidense Johnson & Johnson tem cerca de 116 mil funcionários, em 250 unidades espalhadas pelo mundo. Ao enviar e receber pessoas entre suas sedes pelo mundo, essas empresas multinacionais enviam 34 também tecnologias e as pessoas que as criam. O desafio, aqui, é preparar funcionários para enfrentar o desafio de cruzar fronteiras culturais. Esses são alguns dos tópicos a respeito dos quais falaremos aqui. Bons estudos! 1.1 As empresas multinacionais e os participantes internacionalizados da economia global Um dos grandes catalisadores dos processos de internacionalização é a globalização de mercados. Se temos empresas brasileiras, estadunidenses, alemãs, francesas e japonesas por todo o mundo, e não só em seus países de origem, é por conta da globalização. De outro lado, se há globalização é também porque empresas topam o desafio de internacionalizar. A internacionalização, tal qual nosso movimento por meio de fronteiras, é algo que sempre existiu, mas que toma força na segunda metade do século XX, especialmente, na década de 1990. Ensina Castells (2011), que: Durante a década de 1990, houve um processo acelerado de internacionalização de produção, da distribuição e da administração de bens e serviços. Esse processo compreendia três aspectos inter- relacionados: o aumento do investimento estrangeirodireto, o papel decisivo dos grupos empresariais multinacionais como produtores na economia global e a formação de redes internacionais de produção. (CASTELLS, 2011, p. 157-158) O investimento estrangeiro direto (IED), a que se refere Castells (2011), é uma forma de internacionalização por meio da qual a empresa adquire algo no exterior. Esse algo pode ser uma outra empresa, um terreno, no qual construirá sua fábrica ou mesmo concorrentes. É a forma mais arriscada de se internacionalizar, na medida em que implica na presença 35 física num outro país. O IED, por conta do avanço nas tecnologias da informação, aumentou exponencialmente a partir da década de 1990. Tradicionalmente, quem realiza esses investimentos são as empresas multinacionais. Hoje, são comuns situações em que empresas têm matrizes em um país, mas suas atividades são desenvolvidas por todo o mundo e não só no país de origem. Aqui, exploraremos essa questão um pouco melhor com o exemplo da Dell. A esse respeito, Cavusgil et al. (2010) comentam que: A Dell fabrica uma variedade de produtos, cada qual com sua própria cadeia de valor. Dependendo do número de bens oferecidos e da complexidade das operações, as empresas podem desenvolver e administrar várias cadeias de valor. (...) Tomaremos o exemplo de Tom, um cliente da empresa que fez um pedido de notebook. (...) Feito o pedido, o representante insere-o no sistema de processamento, verifica o cartão de crédito do cliente por uma conexão direta com a Visa, um facilitador global de serviços financeiros, e libera o pedido para o sistema de produção da Dell. O pedido de Tom foi processado na fábrica de notebooks da Dell na Malásia, onde os operários acessam peças que compõem os 30 principais componentes de uma rede de fornecedores. A cadeia de suprimento total para o computador de Tom, incluindo os múltiplos níveis de fornecedores, envolve cerca de 400 empresas, principalmente da Ásia, mas também da Europa e das Américas. Em um dia normal, a Dell processa 150.000 pedidos de computadores, que são vendidos e distribuídos a clientes em todo o mundo. (...) A remessa é feita por transporte aéreo. Por exemplo, da fábrica na Malásia para os Estados Unidos, a Dell freta um 747 da China Airlines que voa para Nashville, Tennessee, seis dias por semana. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 46) A Dell, assim como tantas outras, é uma empresa multinacional. Inicialmente, uma definição dessas empresas pode ser a de Cavusgil et al. (2010, p. 47), para quem uma empresa multinacional “é uma empresa de grande porte com recursos substanciais, que executa várias atividades comerciais por meio de unia rede de subsidiárias e afiliadas localizadas em diversos países.” Outra definição de empresa 36 multinacional é como um tipo de organização que possui sua matriz em um país e filiais próprias espalhadas pelo resto do mundo. O caso da Dell mostra como essas empresas conseguem desenvolver atividades muito distintas, muito mais do que apenas produção, em vários países diferentes. Essas grandes empresas caracterizadas por recursos substanciais são as maiores realizadoras de investimento estrangeiro direto (IED ou FDI), seja para adquirir uma empresa, para abrir sua própria sede ou para distribuir seus produtos em um outro país. Inicialmente, ao pensarmos em empresas multinacionais, vem à mente as empresas estadunidenses, como Visa, Mastercard, Bank of America, Wal-Mart, Pfizer, Johnson & Johnson, Amazon, Oracle, Alphabet, Google, Facebook, Verizon e Adobe. No entanto, tantas outras conhecidas dos brasileiros são europeias ou asiáticas. Do continente europeu, vem grandes players, como Volkswagen, BWM, Mercedes, Unilever, Nestlé, L’Oreal, Roche e Shell; enquanto, do continente asiático, vem outras, como Samsung, Hyundai, Toyota, Alibaba, Tata, Saudi Aramco e Reliance. Cada uma dessas multinacionais opera em setores muito distintos. Enquanto as empresas multinacionais possuem uma matriz em seu país de origem e filiais espalhadas pelo resto do mundo, as empresas internacionalizadas não são assim. As empresas internacionalizadas, de acordo com Nyegray (2016), são aquelas que realizam negócios internacionais primordialmente via importações ou exportações, sem necessariamente ter filial ou presença física fora de seu país de origem. É o caso de uma vinícola da Serra Gaúcha, que vende seus vinhos nos Estados Unidos, Canadá e China, ou uma fabricante de móveis de Santa Catarina que importa puxadores, dobradiças e corrediças baratas do Vietnã. Perceba que essas empresas estão realizando atividades internacionais de compra e venda (importação e exportação), ainda que não tenham filiais pelo mundo. Como afirma Castells (2011): 37 Além dos grupos de empresas multinacionais, empresas pequenas e médias em muitos países–com EUA (ex. Vale do Silício), Hong Kong, Taiwan e norte da Itália hospedando os exemplos mais notáveis–formaram redes cooperativas, o que lhes permitiu tomarem-se competitivas no sistema globalizado de produção. Essas redes ligaram-se a grupos multinacionais, tomando-se subcontratadas recíprocas. Com maior frequência, as redes de empresas pequenas/médias se tomam subcontratadas de uma ou várias empresas grandes. Mas também há casos frequentes dessas redes que fazem acordos com multinacionais para obter acesso ao mercado, tecnologia, capacidade de administração ou nome de marca. Muitas dessas redes de empresas pequenas e médias também são transnacionais, por intermédio de acordos internacionais, conforme exemplificam os fabricantes de computadores taiwaneses e israelenses, ampliando suas redes até o Vale do Silício. (CASTELLS, 2011, p. 163) Como você pode perceber, pela citação acima, essas empresas internacionalizadas, às vezes, são as chamadas Pequenas e Médias Empresas (PME’s), que acabam sendo subcontratadas por grandes multinacionais ou mesmo vendendo seus produtos ou serviços por conta. Um exemplo pode ser a empresa japonesa de estofamentos, que vende bancos e estofados para a Toyota, do Japão, e exporta-os para atender a subsidiária inglesa da montadora. Segue sendo uma PME, embora internacionalizada. Figura 1 – Participantes organizacionais do cenário global Fonte: elaborado pelo autor. Nos dizeres de Cavusgil et al. (2010, p. 48), as PME’s “podem ser mais inovadoras, adaptáveis e empreendedoras. São comumente tidas como 38 a espinha dorsal do empreendedorismo e da inovação nas economias nacionais.” O fato de algumas empresas não terem grande porte, não é necessariamente algo problemático, uma vez que, atualmente, as tecnologias disruptivas tendem a ser criadas por organizações menores. Nesses casos, essas organizações acabam operando em nichos não suficientemente explorados por grandes empresas. 1.2 Cruzando fronteiras culturais Enquanto em outros ambientes, o termo cultura pode referir aos conhecimentos e comportamentos de uma pessoa, frequentemente, se diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa culta, em negócios internacionais e internacionalização, a ideia de cultura tem uma acepção diferente. Como explicam Cavusgil et al. (2010, p. 96), cultura, aqui, “refere-se aos padrões de orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos”. Um dos exemplos dessa diferença de padrões e comportamentos está nos gestos e símbolos. O símbolo da figa que para nós é símbolo de sorte, para os italianos representa uma ofensa. Em negócios internacionais é comum que o profissional ingresse em diferentes ambientes, em diferentes países, caracterizados por diferentes culturas e hábitos. Por isso, a necessidade de compreender bem os aspectos culturais e suas sutilezas. Também é comum que cada um desses ambientes traga diversos padrões de comportamento que as pessoas que vivem ali considerem normais, mas que um visitante desavisado possa ver como estranhos ou mal-educados. Com esses comportamentosvariados de cada local, vem os hábitos dos consumidores, as leis e diretrizes de cada região, e uma série de outras dimensões que devem chamar a atenção dos profissionais de negócios internacionais e comércio exterior. Como explicam Cavusgil et al. (2010): 39 A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem como operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto e serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar produtos e embalagens levando em conta os aspectos culturais, inclusive em relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 96) O que poderia acontecer se você envia aos Sul-africanos, uma amostra de seu produto embalada na cor vermelha? É para evitar dissabores, que, aqui, entra o cuidado absoluto que devemos ter nas negociações e nos momentos em que estamos fora de nosso país. Um gesto ou palavra que seja comum para nós, pode ser uma ofensa, insulto ou ter até mesmo uma conotação política. As chances de sucesso de uma empresa ou de seu negociador diminuem à medida que os fatores culturais são desconsiderados. Obviamente que você não precisa se tornar antropólogo e conhecer todas as culturas do mundo, mas é necessário que ao iniciar negócios com pessoas de um outro país você efetue pesquisas a respeito dos hábitos e costumes daquele povo. Figura 1 – Diferenças culturais Fonte: Shutterstock.com.. Outro tópico, de grande relevância na discussão sobre assuntos culturais, é que a cultura não é algo herdado geneticamente, mas é um comportamento aprendido desde a infância, ou seja, se você precisar ir morar em outro país, poderá aprender a comportar-se como as pessoas dali. A esse respeito, Cavusgil et al. (2010) pontuam que a tendência ao 40 etnocentrismo gera ou exacerba o chamado risco cultural em negócios internacionais: O risco intercultural é exacerbado pela orientação etnocêntrica–o uso de nossa própria cultura como padrão de referência no julgamento de outras. A maioria de nós foi criada em unia única cultura; tendemos a enxergar o mundo primordialmente sob nosso ponto de vista. As tendências etnocêntricas caracterizam quase toda sociedade e acarretam a crença de que a própria raça, religião ou grupo étnico é de certa forma superior às outras. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 97) Poderíamos listar uma imensa gama de conflitos de origem étnica, que se manifestam pelo mundo em nossos dias, mas isso não seria assim tão produtivo para uma aula sobre negociação. O que é relevante, desse tópico, é que você tenha em mente que, em algum momento de sua trajetória profissional, você negociará e atuará com pessoas de outros países, com outros hábitos e costumes. Você não precisa concordar com esses hábitos ou passar a se comportar como seus interlocutores, precisa apenas respeitar e compreender que essas diferenças são absolutamente normais. Isso é muito relevante pois, como Cavusgil et al. (2010, p. 97) explicam, os gestores “correm o risco frequente de cometer gafes culturais embaraçosas. Os mal-entendidos interculturais podem arruinar as transações comerciais, atrapalhar as vendas ou prejudicar a imagem corporativa.” Você não quer isso, não é mesmo? A seguir, veremos mais alguns elementos importantes a respeito das diferenças e aspectos culturais. 1.3 Internacionalização e vantagem competitiva Um dos temas mais falados do universo empresarial é o tema da estratégia. Trata-se de decidir os rumos que uma organização adotará para seu sucesso. Hitt et al. (2011, p. 28) afirmam que uma estratégia “é um conjunto integrado e coordenado de compromissos e ações definido 41 para explorar competências essenciais e obter vantagem competitiva. Quando definem uma estratégia, as empresas escolhem alternativas para competir.” É a escolha de um caminho, que leva em consideração fatores internos e externos à empresa. Por exemplo: não adianta que eu queira lançar uma nova linha de produtos para meus clientes, se não tenho capacidade produtiva. Não é possível que eu queria internacionalizar, se não consigo sequer atender às demandas dos clientes que já tenho. Hitt et al. (2011, p. 212) ensinam que: As empresas que buscam a internacionalização de suas operações na Europa, bem como em outros lugares do mundo, precisam compreender a pressão existente sobre elas para que possam reagir aos costumes locais, nacionais ou regionais, especialmente onde mercadorias e serviços requerem uma padronização em função das diferenças culturais ou de um marketing eficaz para convencer o cliente a experimentar produtos diferentes. (HITT, 2011, p. 212) Todos esses fatores devem estar contemplados na estratégia da empresa. A internacionalização e os negócios internacionais devem ser centrais às preocupações da organização para que o negociador saiba o que é esperado dele. Em alguns casos, os empresários buscam consultoria para internacionalizar, pois o concorrente está exportando. Esse certamente não é um motivo suficiente e estratégias mal pensadas ou mal implementadas, levam ao chamado risco comercial. Como explicam Cavusgil et al. (2010), o risco comercial: Refere-se à probabilidade de prejuízo ou fracasso de uma empresa, resultante de estratégias, táticas ou procedimentos mal formulados ou mal implementados. Os responsáveis pela gestão podem errar nas escolhas em áreas como seleção de parceiros de negócios, o momento mais oportuno de entrada em um mercado, precificação, criação das especificações de um produto e campanhas promocionais. Embora essas falhas também existam 42 no mercado doméstico, as consequências geralmente resultam mais onerosas quando ocorrem no exterior. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 10) Para evitar que esse risco se manifeste em práticas e estratégias equivocadas, os gestores devem participar ativamente da construção da estratégia da empresa. A escolha do mercado de destino e da forma correta de internacionalizar são fatores-chave para o sucesso. Por exemplo: pode-se encontrar oportunidades incríveis para a internacionalização, em mercados arriscados. No entanto, para aproveitar bem tais oportunidades, é prudente adotar estratégias de internacionalização menos arriscadas. Outro ponto muito importante é que a estratégia se mostre adequada ao país para o qual a empresa está internacionalizando. Podemos pensar no exemplo do setor automotivo, trazido por Cavusgil et al. (2010), condições de mercado diferenciadas: No exterior, compelem as empresas a adotar enfoques igualmente diferenciados. Por exemplo, a Toyota comercializa modelos de automóvel simples e de baixo custo em vários países de baixa renda. (...) Enquanto isso, a General Motors está fabricando carros baratos visando mercados emergentes como China, Índia e Rússia. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 200) Outro bom exemplo pode ser a estratégia do setor de telefonia móvel na Índia, como explica Prahalad (2005): O preço é uma parte importante da base para crescimento em mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram vendidos por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente, era limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00 as vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma provedora de telefones celulares lançou sua promoção “Monsoon Hungama” (ou “batalha das monções”), que oferecia 100 minutos de ligações gratuitas na compra de um telefone móvel multimídia, com entrada de US$ 10,00 e prestações mensais de US$ 9,25 a empresa recebeu 1 milhão de pedidos em dez dias. (PRAHALAD, 2005, p. 101) 43 Pense se, no caso acima, a empresa não tivesse condições o suficiente para atender seus clientes. Certamente, essa organização teria sofrido uma mancha em sua reputação. Perceba que a estratégia possui uma importância inultrapassável para negócios internacionais de sucesso. Aqui, entra a discussão sobre as vantagens competitivas da organização. Uma vantagem competitiva consiste nos diferenciais daempresa para superar seus concorrentes. Não é simples construir essas vantagens, é necessário um misto, não só de uma boa estratégia, mas também de consideração especial pelas características do mercado de destino. Um exemplo pode ser a rede estadunidense Mc Donald’s, que adaptou lojas e processos produtivos para respeitar as regras alimentares kosher e, assim, internacionalizar com sucesso para Israel. Um ponto importante da vantagem competitiva é que sua busca é constante, e uma empresa que detém essas vantagens deve sempre seguir lutando para mantê-las e conquistar outras. Na internacionalização, a aquisição de uma empresa bem-vista no exterior, ou a fusão com uma empresa que tenha conhecimentos que a minha não tem pode ser uma fonte de vantagens competitivas. Além disso, a criação de produtos específicos para mercados específicos deve ser sempre considerada. 2. Considerações finais Nessa Leitura Digital, você aprendeu que as empresas multinacionais são apenas um dos participantes organizacionais internacionais. Essas organizações, anualmente listadas pela revista Fortune, são caracterizadas por terem a matriz em um país e filiais próprias espalhadas pelo resto do mundo. De outro lado, existem as empresas internacionalizadas. Essas são organizações de Pequeno e Médio Porte (PME’s), normalmente, e que embora não tenham filiais próprias no exterior as empresas internacionalizadas realizam operações de importação e exportação. 44 Você aprendeu também que a cultura pode ser vista como um conjunto de hábitos que separa categorias de pessoas. São comportamentos apreendidos e compartilhados por indivíduos de um mesmo grupo. A internacionalização deve considerar os aspectos culturais para que tenha sucesso: trata-se de compreender e respeitar os hábitos e formas de consumo do país para o qual se pretende internacionalizar. Por fim, você aprendeu sobre as vantagens competitivas e a internacionalização. Uma vantagem competitiva é um diferencial que uma dada empresa tem sobre seus concorrentes. Pode ser uma marca forte, um produto com design diferenciado ou mesmo sua reputação. Em termos de internacionalização, a empresa precisa ser capaz de ser competitiva e ter vantagens competitivas em vários ambientes ao mesmo tempo. Uma das formas de se fazer isso, é por meio da criação de produtos específicos para mercados específicos. Referências Bibliográficas CASTELLS, M. A sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2010. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. HITT, M. A.; IRELAND, D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e Globalização. São Paulo: Cengage Learning, 2011. LUZIO, E. Fusões e aquisições em ato – Guia prático: geração e destruição de valor em M&A. São Paulo: Cengage Learning, 2014. NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. 45 Cooperação internacional e transferência de tecnologia Autoria: João Alfredo Lopes Nyegray Leitura crítica: Karina Stange Calandrin Objetivos • Entender o que é cooperação internacional. • Compreender os desafios das transferências de tecnologia. • Entender as cadeias de global sourcing e a produção global. 46 Cooperação internacional e transferência de tecnologia 1. O desafio de inovar e a disrupção Durante décadas, o mercado de telefonia móvel foi dominado pela, então, multinacional finlandesa Nokia. Seus aparelhos eram os mais desejados entre jovens adultos. O avô dos smartphones era o sumido Blackberry, desejado por dez em cada dez executivos e pessoas de negócios. O que houve com Nokia e Blackberry, hoje? Onde estão essas organizações que lideraram o mercado global de telefonia móvel? Como ensina o professor Christensen (2012), o que ocorreu com Nokia e Blackberry ocorreu também com uma série de outras grandes empresas, que foram líderes absolutos de mercado: A Xerox manteve a liderança durante longo tempo no mercado para fotocopiadoras em papel comum, utilizadas em grandes centros com altos volumes em cópias. Perdeu a oportunidade, porém, de grande crescimento e lucro no mercado para pequenas copiadoras de mesa, no qual ela se tornou apenas um concorrente menor. (CHRISTENSEN, 2012, p. 24) Para entendermos o que houve com esses grandes players dos negócios, há uma pequena palavra: ruptura. Surgiram novas tecnologias, muitas vezes, mais baratas, embora não tão boas, que colocaram em xeque as grandes e estabelecidas organizações. É o que explica Christensen (2012): As tecnologias de ruptura trazem a um mercado uma proposição de valor muito diferente daquela disponível até então. Em geral, essas tecnologias têm desempenho inferior aos produtos estabelecidos em mercados predominantes. Mas contêm outras características com algumas vantagens adicionais (e geralmente novas) de valor para o cliente. Produtos baseados 47 nessas tecnologias são geralmente mais baratos, mais simples, menores e frequentemente mais convenientes de usar. Há muitos outros exemplos além dos computadores pessoais e dos descontos no varejo citados anteriormente. Pequenas motocicletas off-road, introduzidas na América do Norte e na Europa pela Honda, Kawasaki e Yamaha foram tecnologias de ruptura relacionadas à potência e às motos over-the road em série produzidas pela Harley-Davidson e BMW. (CHRISTENSEN, 2012, p. 30-31) Certamente que as pequenas motos da Honda não são concorrentes diretas das elaboradas motos da Harley-Davidson; e que as modernas motocicletas da BMW estão muito à frente das motos médias Yamaha, em termos de tecnologia e conforto. No entanto, tanto Honda, Yamaha e Kawasaki, fizeram algo muito distinto: ofereceram produtos mais simples para clientes que não podiam adquirir produtos Harley- Davidson ou BMW. O que podemos aprender com isso? Podemos aprender que, no mundo interconectado de hoje, as grandes empresas não são infalíveis, e que tecnologia é fundamental. Mais do que tecnologia, manter-se ativo no mercado internacional, ofertando produtos e serviços específicos para as necessidades de cada país, é absolutamente necessário. Essa é uma simples justificativa e contextualização do que você verá nas próximas páginas! Bons estudos! 1.1 Cooperação internacional Assim como as questões ambientais, existem diversas outras nas quais a cooperação é essencial. Não adianta, por exemplo, um país sozinho tentar alterar todo um cenário que depende de esforços coletivos. O mesmo vale para empresas, que até poderiam tentar, por conta própria, gerar todas as tecnologias necessárias para desenvolver seus produtos, processos ou serviços, mas esse seria certamente um trabalho contraproducente. 48 Por esses e vários outros motivos que existe a cooperação internacional: para promover coesão e unicidade entre instituições e países. Como explica Sato (2010), a cooperação internacional: Significa governos e instituições desenvolvendo padrões comuns e formulando programas que levam em consideração benefícios e também problemas que, potencialmente, podem ser estendidos para mais de uma sociedade e até mesmo para toda a comunidade internacional. (SATO, 2010, p. 47) É justamente para promover a cooperação, que existem várias organizações internacionais, especializadas nos mais diversos temas. Assim como meio ambiente, um outro tema internacionalmente importante é a cooperação econômica para evitar crises financeiras, cooperação para energia atômica, cooperação para a cultura, cooperação para a alimentação e tantas outras. Para cada um desses temas, existe uma organização internacional especializada, composta por profissionais especialistas. Da mesma forma que os países cooperam para resolver problemas conjuntos, as empresas também podem fazê-lo. Existem, inclusive, projetos internacionais destinados a estabelecer as bases para a cooperação empresarial internacional em diversas áreas.Um exemplo simples envolve companhias aéreas. Digamos que você queira ir do Brasil até a Austrália. É do outro lado do mundo, e nenhuma companhia aérea nacional faz essa rota. No entanto, pode ser que uma companhia aérea brasileira tenha parceria com a companhia australiana. Nesse caso, a empresa brasileira leva você até o Chile, onde suas malas automaticamente são direcionadas ao avião da empresa australiana, que leva no resto do percurso. Uma dessas parcerias é a One World, composta por companhias aéreas de vários locais do mundo. Outra forma de cooperação pode ser a cooperação técnica entre governos, que desejem trocar conhecimentos de uma área específica. 49 O Brasil, certa vez, efetuou um acordo de cooperação técnica com a Ucrânia para o desenvolvimento conjunto de foguetes aeroespaciais. Outros governos fazem a mesma coisa: o governo dos Estados Unidos fez um acordo com a União Europeia para combater as fraudes financeiras. Essas são apenas algumas das milhares de formas de se cooperar internacionalmente. Esse caminho auxilia os participantes, pois pressupõe a troca de conhecimentos e o crescimento conjunto. Ao invés de concorrerem entre si, os parceiros fortalecem-se, buscando um mesmo objetivo ou um objetivo complementar. É interessante notar que a cooperação não tem limites, e pode se aplicar a diversas áreas, desde que não seja nada ilegal. Esse tipo de projeto pode ser muito útil para empresas que estão iniciando suas atividades internacionais e, portanto, têm pouca experiência. Juntas, o risco se dilui. 1.2 Global sourcing e os desafios da produção global Embora os negócios internacionais tenham uma multiplicidade de participantes dos mais variados portes, apenas uma pequena parcela das empresas são multinacionais ou grandes organizações. Uma vez que a maioria das empresas do mundo são de pequeno e médio porte, chamadas pela sigla PME’s, é raro que tais organizações consigam desempenhar por conta própria todas as atividades de negócios internacionais. Nas PME’s, é comum que os planos internacionais acabem dissolvidos no planejamento comercial e de marketing; e os funcionários acabam tendo múltiplas responsabilidades. É exatamente aqui que entram os intermediários, para ajudar as organizações e facilitar sua inserção 50 no cenário internacional de negócios. Os intermediários podem ser pessoas, empresas ou qualquer profissional que ligue as pontas da cadeia global de suprimentos. Explicam Cavusgil et al. (2010), que: Um intermediário do canal de distribuição é especializado em oferecer uma gama de serviços logísticos e de marketing a empresas focais, como parte da cadeia internacional de suprimentos, tanto no país de origem quanto no exterior. Intermediários como os distribuidores e os representantes de vendas geralmente se localizam em mercados estrangeiros e fornecem serviços de distribuição e marketing em nome das empresas focais. Trata-se de negócios independentes em seus respectivos mercados, que atuam sob contrato. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 44) Trata-se, portanto, de uma ampla variedade de empresas ou profissionais que auxiliam empresas a ingressar nas atividades de negócios internacionais e otimizar suas operações. Há algumas questões que, muitas vezes, aqueles que estão iniciando na área acabam se esquecendo. Por exemplo, onde seu produto será vendido? Em uma rede de lojas próprias? Em lojas de terceiros? Mercados? Farmácias? Independentemente de onde os produtos sejam comercializados, alguém precisa retirá-los do porto e distribuí-los pelo país de destino. São os intermediários que podem ajudar nessas tarefas. Para além dos intermediários, existem outros profissionais ou empresas que podem ajudar no cumprimento de suas metas e objetivos. São os facilitadores, profissionais de funções semelhantes, mas que atuam em uma gama mais ampla de serviços. É o que explicam Cavusgil et al. (2010): Um facilitador é uma empresa ou um indivíduo com experiência em consultoria jurídica, bancária, despacho aduaneiro ou em serviços correlatos de apoio, que prestam assistência a empresas focais na realização de transações internacionais. Dentre eles há provedores de 51 serviços logísticos, agentes de carga, bancos e outros empreendimentos de suporte, que auxiliam as empresas focais no desempenho de funções específicas. Um agente de carga é um provedor de serviços logísticos especializado em providenciar embarques internacionais para empresas exportadoras, como se fosse um agente de viagem para cargas. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 63) Como você pode perceber, são empresas e profissionais com conhecimentos muito específicos sobre uma área ou um mercado, de difícil captação por iniciantes. Aqui, você se depara com duas oportunidades: é possível tanto utilizar dos serviços dos facilitadores quanto tornar-se um, oferecendo seus conhecimentos para solucionar problemas de outras empresas ou pessoas que queiram atuar no mercado brasileiro. Muitas das empresas que cooperam internacionalmente acabam desenvolvendo atividades de Global Sourcing. Pense por um instante na quantidade de empresas norte americanas e europeias que produzem seus itens na Ásia. A Apple, por exemplo, projeta seus aparelhos na Califórnia e produz em diversas regiões do mundo. A Dell, por exemplo, compra componentes em dezenas de países distintos e envia esses itens para os locais onde serão montados como um item final. O que faz com que tantas empresas procurem a Ásia para sua produção? Responder apenas mão de obra barata não explica a quantidade de organizações na China, Índia ou Vietnã. São países de energia elétrica barata, infraestrutura de qualidade (no caso da China) e carga tributária baixa. Como consequência, essas nações recebem investimentos de dezenas de empresas o que tem alavancado seu crescimento econômico. Um outro fator que explica a busca das organizações para a produção na Ásia é o chamado global sourcing (GS). Explicam Cavusgil et al. (2010, p. 4), que o global sourcing consiste na “aquisição de produtos ou serviços de fornecedores independentes ou de subsidiárias da própria empresa 52 localizadas no exterior para consumo no país de origem ou em outro”. É exatamente o que faz a Apple, e também a Nike, a Embraer e dezenas de outras grandes empresas. Figura 1 – Produção global Fonte: Elaborada pelo autor. Com a facilitação nas trocas comerciais e na comunicação, é cada vez mais fácil comprar um projeto feito na Alemanha, produzi-lo na China e vende-lo no Brasil. Nesse sentido, o GS tem sido um grande aliado. Cavusgil et al. (2010) apontam que: Global sourcing se traduz na importação de mercadorias e serviços continuamente. É uma estratégia de entrada que envolve uma relação contratual entre o comprador (a empresa focal) e uma fonte externa de abastecimento. O global sourcing envolve a terceirização de tarefas de manufatura ou serviços específicos com as filiais da própria empresa ou com fornecedores independentes. (CAVUSGIL et al., 2010, p. 397) Além da Dell, milhares de outras empresas adotam esse tipo de estratégia. É possível ter sucesso nessa área, por meio da seleção de parceiros competentes e do uso de contratos de confidencialidade. Ainda que uma boa parte das empresas de informática e tecnologia produza seus itens em outros países, não há vazamento de dados ou de projetos. Os contratos de confidencialidade reduzem os riscos dessas operações. 53 1.3 Transferir tecnologia ou não? Ao internacionalizar, as empresas acabam tendo que escolher a maneira de acessar mercados globais. A maneira mais simples, e menos arriscada, é a internacionalização via exportações. Normalmente, empresas que detém tecnologias ou processos muito exclusivos apenas internacionalizam dessa forma, buscando manter sob sigilo um eventual segredo industrial. No entanto, um ponto negativo das exportações é sua vulnerabilidade a tarifas. Pode ser que simplesmente enviar um produto ao exterior acabe
Compartilhar