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Origem da Governança Corporativa

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AULA 2 
GOVERNANÇA 
CORPORATIVA E 
COMPLIANCE 
TEMA 1 – LEGISLAÇÃO: ORIGEM DA GOVERNANÇA 
CORPORATIVA 
A partir da obra The Modern Corporation and Private Property, é lançada a 
semente da Governança Corporativa. Esse artigo fundamentou a elaboração 
do Securities Act de 1933 e do Securities Exchange Act de 1934, ambos ainda 
em vigor. Algumas décadas depois surge a Lei Sarbanes-Oxley a fim de se 
aprofundar em uma legislação mais atual e convergente à evolução das 
organizações. 
1.1 Securities Act de 1933 
O Securities Act de 1933, de acordo com Pitta (2013, p. 58-9), 
Institui o sistema de registro das ofertas públicas de valores mobiliários, exigindo-se, para 
tanto, a divulgação de todas as informações consideradas essenciais à tomada de decisão 
com relação aos valores mobiliários colocados à disposição do público investidor, permitindo 
uma adequada formação de opinião com relação ao mérito do empreendimento subjacente à 
oferta. 
1.2 Securities Exchange Act de 1934 
O Securities Exchange Act de 1934 é uma lei que capacita a Comissão de 
Valores Mobiliários norte-americana (SEC, em inglês), com ampla autoridade 
sobre todos os aspectos da indústria de valores mobiliários. Isso inclui o poder 
de registrar, regular e supervisionar corretoras, agentes de transferência e 
agências de compensação, bem como as organizações de 
autorregulamentação de valores mobiliários. 
1.3 Lei Sarbanes-Oxley 
Em 30 de junho de 2002, uma nova ordem mundial para os mercados de 
capitais aflorou nos Estados Unidos, por intermédio de um extenso normativo 
de reformas corporativas idealizado pelos parlamentares Paul Sarbanes e 
Michael Oxley. Tal legislação foi decorrente dos escândalos contábeis que 
abalaram a confiança dos investidores e os fundamentos da economia, e 
fizeram com que o congresso norte-americano abandonasse o conceito 
tradicional de autorregulação dos mercados e decidisse por uma lei 
considerada dura e abrangente. 
A legislação Sarbanes-Oxley impõe regras severas de governança, as quais, 
em termos de importância, são comparáveis aos atos de 1933 e 1934 
expedidos pela Securities and Exchange Commission – SEC, a comissão de 
2 
valores mobiliários norte-americana, depois do crash da bolsa de Nova York, 
em 1929. 
De acordo com o IBGC (2006), a Lei Sarbanes-Oxley, SOX, foi aprovada em 
julho de 2002 pelo congresso norte-americano, como reação a uma série de 
escândalos corporativos sem precedentes, que envolviam grandes empresas 
americanas. Com 1.107 artigos, é, sem dúvida, a maior reforma da legislação 
de mercado de capitais dos Estados Unidos desde a quebra da Bolsa de Nova 
York em 1929 e a consequente promulgação das leis básicas sobre valores 
mobiliários em 1933 e 1934. A Lei Sarbanes-Oxley regulamentou de forma 
rigorosa a vida corporativa, imprimindo nova coerência às regras da 
governança corporativa, apresentando-se como um elemento de renovação 
das boas práticas de conformidade legal (compliance), prestação responsável 
de contas (accountability), transparência (disclosure) e senso de justiça 
(fairness). 
1.4 Casos emblemáticos 
Após 18 anos, o escândalo envolvendo a norte-americana Enron, que faliu em 
2001 após atingir a posição de 7a maior empresa dos EUA em receita, é visto 
como um divisor de águas no setor de governança, principalmente por ter 
envolvido a global auditoria Arthur Andersen, que também encerrou as 
atividades. 
Embora muitos mecanismos que atualmente estão incorporados às melhores 
práticas de gestão já fossem utilizados há muitas décadas, o termo 
governança corporativa surgiu entre as décadas de 1980 e 1990. Ganhou 
destaque exponencial principalmente após grandes escândalos corporativos 
envolvendo algumas das maiores empresas do mundo no início dos anos 
2000, juntamente com a ampliação dos estudos relacionados ao assunto. A 
governança corporativa nasceu com o grande objetivo de tornar uma 
organização mais racional, ética e pluralista, na economia e na sociedade. 
Após esses escândalos, a sociedade buscou por um sistema mais equilibrado 
de decisões, visando minimizar o conflito de agência, trazendo também maior 
transparência aos negócios. 
Em razão de outros casos na mesma época, como da WorldCom e da Tyco, o 
governo americano editou a Lei Sarbanes-Oxley, que se tornou uma 
referência para a credibilidade do sistema financeiro, ao regulamentar a 
presença de mecanismos de auditoria e comitês nas empresas de capital 
aberto. Outros casos de escândalos envolveram Banco Barings, Xerox, 
Adelphia e Parmalat. 
3 
TEMA 2 – LEGISLAÇÃO NO BRASIL 
No Brasil foram ficaram em evidência os escândalos revelados pela operação 
Lava-Jato. Casos de grande repercussão, como da Samarco e do Grupo EBX, 
por exemplo, suscitam dúvidas sobre a real eficiência do sistema, já que 
essas empresas afirmavam ter irretocáveis códigos de boas condutas e seguir 
à risca as práticas recomendadas pelos organismos internacionais de 
governança. 
Sandra Guerra, ex-presidente do conselho de administração do Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, alerta que, a cada escândalo, 
fica claro que determinadas formas de ganho de curto prazo oferecem riscos 
desproporcionais aos ganhos. 
No Brasil, os esforços institucionais de regulação e motivação para boas 
práticas de gestão, em sintonia com algumas das principais exigências 
internacionais, têm se destinado às empresas de capital aberto, embora elas 
constituam um segmento restrito no panorama econômico do País. 
É premente a adaptação dessas boas práticas às empresas brasileiras, a 
despeito do tipo ou do porte e do fato de terem ou não capital aberto. Em 
busca de maior rigidez e acompanhamento por parte do Estado, o Brasil tem 
essas leis, consideradas as mais amplas, para que se cumpra uma relação 
com eficiência e transparência na gestão empresarial. 
No Brasil, foi implementada uma legislação que abarca o tema governança 
corporativa, principalmente no quesito de empresas de sociedade anônima; é 
considerada como de vanguarda, já que acompanha o que existe de moderno 
e o que é adotado em países desenvolvidos. 
A primeira legislação que estabeleceu regras para as sociedades anônimas foi 
o Decreto n. 2.627, de 1.940, sendo enrobustecida posteriormente pela Lei n. 
6.404/76, denominada Lei das S.A., que previu algumas garantias aos 
acionistas minoritários. Depois disso, veio a Lei n; 9.457/97, que extinguiu os 
direitos patrimoniais dos minoritários, e finalmente, a Lei n. 10.303/2001, que 
resgatou direitos dessa categoria. 
Conforme Borges e Serrão (2005, p. 123): 
A partir da percepção governamental de que o mercado de valores mobiliários era importante 
para o desenvolvimento do país criou-se uma legislação própria (com destaque para a Lei 
6.385/76, que disciplinou o mercado de capitais e criou a CVM, e a Lei 6.404/76, que 
modernizou sobre as sociedades por ações) e desenharam-se incentivos para a promoção 
desse mercado. 
4 
Percebe-se uma evolução ao longo dos anos da legislação que rege e 
normatiza o funcionamento do mercado de capitais no Brasil. 
2.1 Lei n. 10.303/2001 – Lei das S.A., ou Sociedades por Ações 
Altera e acrescenta dispositivos na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 
que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei n. 6.385, de 7 de 
dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria 
a Comissão de Valores Mobiliários. 
A referida lei reforçou os princípios da governança corporativa e contribuiu 
para o aperfeiçoamento do mercado de capitais brasileiro, ao garantir 
proteção para os acionistas minoritários e estabelecer um critério de paridade 
entre ações preferenciais e ordinárias. 
2.2 Lei n. 12.846/2013 – Lei Anticorrupção Empresarial 
A Lei Anticorrupção surgiu como uma resposta rápida do congresso aos 
protestos de 2013. Foi criada em agosto do mesmo ano e passou a vigorar a 
partir de janeiro de 2014. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e 
civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administraçãopública, 
nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Prevê sanções para as 
empresas por crimes cometidos por seus executivos. 
Representa importante avanço ao prever a responsabilização objetiva, no 
âmbito civil e administrativo, de empresas que praticam atos lesivos contra a 
administração pública nacional ou estrangeira. 
As consequências da corrupção são evidenciadas pelo FMI, que no ano de 
2016 divulgou um amplo estudo sobre os prejuízos da corrupção na economia 
global. Ficou posto que a corrupção distorce as despesas públicas e o 
orçamento, enfraquece o controle de gastos, afeta a capacidade de tributar, 
induz à evasão fiscal e reduz a receita fiscal. Pode-se acrescentar que a 
corrupção enfraquece as perspectivas de desenvolvimento econômico. 
De acordo com Branco (2016, p. A12): 
Quando para uma empresa ganhar dinheiro é necessário pagar propina, existe algo de muito 
errado com o sistema de incentivos. Estímulos distorcidos costumam estar associados à 
excessiva intervenção do Estado na economia. Quanto maior tal interferência, maior será o 
potencial para corrupção, pois os agentes privados passam a vislumbrar no relacionamento 
com quem detém o poder de decisão a chave para o sucesso empresarial. A indústria da 
corrupção, composta por agentes 
5 
públicos, políticos, lobistas, especialistas em lavagem de dinheiro e capitalistas inimigos do 
capitalismo, tende a se expandir. O empreendedorismo e a meritocracia se convertem em 
elementos secundários e a corrupção impõe barreiras à competição e remove incentivos para 
a produtividade. 
Essa constatação também é mencionada por Fragelli (citado por Lamucci, 
2017), que afirma que o gigantismo do Estado é um dos principais fatores que 
explicam a promiscuidade entre o setor privado e o sistema político no Brasil. 
Ainda conforme Fragelli (citado por Lamucci, 2017, p. A12) são três fatores 
que explicam a corrupção: 
O Estado hipertrofiado leva à exação fiscal. Diante de impostos muito elevados, torna-se 
lucrativo sonegar impostos usando parte da economia para corromper a fiscalização. O 
segundo é o caráter fechado da economia, também ampliado nos governos do PT. Os 
escândalos divulgados envolveram quase exclusivamente empresas de capital nacional. 
Quando o Estado fixa índices de nacionalização ousados na indústria petrolífera, por 
exemplo, há majoração de preços por fornecedores agraciados pelas regras, o que é 
regiamente retribuído sob forma de propina aos legisladores que instituíram o privilégio. O 
terceiro fator é a legislação partidária e eleitoral, que estimula a multiplicação de partidos e 
eleva o custo das campanhas. Com duas dúzias de partidos representados no Congresso, o 
governo só consegue angariar apoio à sua agenda legislativa distribuindo cargos na 
mastodôntica máquina administrativa federal e nas empresas estatais. Os numerosos 
indicados políticos, que ocupam postos e comandam verbas, extorquem os fornecedores do 
Estado, no intuito de financiar campanhas caras, guardando para si parte do butim. 
Esse tem sido o perfil do ambiente de negócios no Brasil: quando o 
empreendedor se torna cativo de um Estado pesado, isso resulta em um jogo 
de trocas de favores para se obter a regulamentação do empreendimento. 
Peresi (2018, p. E2) acrescenta: “No setor privado, o corrupto seria aquele 
que age deslealmente, que veste a camisa de uma determinada empresa e 
trai os interesses corporativos para favorecer os seus próprios, cobrando de 
fornecedores um passe de entrada na forma de propina para facilitar contratos 
e negócios”. 
A lei é abrangente, estabelece punições, mas não indica diretrizes de como 
combater a corrupção. Ela ainda não foi regulamentada na maioria dos 
estados e municípios brasileiros. A regulamentação é fundamental. 
O economista egípcio Galal Amin (citado por Vilela, 2017) definiu como soft 
state um Estado que aprova leis, mas que não consegue cumpri-las. Mas um 
grande passo está sendo tomado: o combate à corrupção vem conquistando 
espaço entre as organizações brasileiras, torna-se assunto prioritário. Nada 
6 
supera o esforço imperativo de fatores internos e externos que respaldam o 
país a dar continuidade ao combate obstinado à corrupção. 
2.3 Lei n. 13.303/2016 – Lei das Estatais 
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 
economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. 
Em 30 de junho de 2016 foi promulgada a Lei n. 13.303, também conhecida 
como Lei das Estatais, que dispõe sobre novos padrões de GRC – 
Governança, Riscos e Compliance de empresa pública, sociedade de 
economia mista e suas subsidiárias, com seus respectivos impactos nos 
estatutos sociais dessas empresas. 
Foi criada para profissionalizar e melhorar o padrão de governança 
corporativa nas estatais. Tem como um dos principais objetivos melhorar os 
padrões de governança nas empresas públicas e nas sociedades de 
economia mista. 
A Lei das Estatais foi um avanço no combate à nomeação de dirigentes 
partidários e parentes para a diretoria de agências reguladoras e empresas 
estatais. Agências e estatais devem apresentar em seu quadro dirigentes com 
perfil técnico. 
A fim de entender a rede de proteção dos atores envolvidos nos negócios de 
uma organização, será vamos agora abordar o tema stakeholders e 
shareholders. 
TEMA 3 – STAKEHOLDER E SHAREHOLDER 
Entende-se por stakeholders todas as pessoas ou grupos que têm ou 
reivindicam propriedade, direito ou interesse em uma corporação e em suas 
atividades passadas, presentes e futuras. Freeman (1999, p. 46) define o 
conceito como “qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou é afetado pela 
realização dos objetivos da empresa.” 
Já para Clarkson (1995, p. 5), stakeholders são todas as “pessoas ou grupos 
que têm ou reivindicam propriedade, direito ou interesse em uma corporação 
e em suas atividades passadas, presentes e futuras”. 
7 
Desse modo, os stakeholders são considerados acionistas, empregados, 
fornecedores, clientes, governos e elementos da comunidade, com 
representação nos conselhos e órgãos deliberativos mais importantes da 
organização. Conforme Lethbridge (1997, p. 3): 
É possível distinguir dois tipos extremos de controle corporativo: shareholder, no qual a 
obrigação primordial dos administradores é agir em nome dos interesses dos acionistas; e 
stakeholder, onde, além dos acionistas, um conjunto mais amplo de interesses deve ser 
contemplado pela ação e pelos resultados da corporação. 
Para Tosini e Bastos (2008), no controle shareholder, do contexto anglo- 
saxão, a ênfase é dada ao acionista e o objetivo principal é a obtenção de 
lucro. A estratégia adotada é avaliada significativamente pelo mercado. As 
análises dos investidores são refletidas nas oscilações dos mercados 
secundários de títulos. Já na perspectiva do stakeholder, base do contexto 
nipo-germânico, os interesses dos acionistas buscam ser equilibrados aos de 
outros grupos que são impactados pelas suas atividades, como empregados, 
fornecedores, clientes e a comunidade. 
De acordo com Borges e Serrão (2005, p. 112): “A governança corporativa 
está relacionada à gestão de uma organização, sua relação com os acionistas 
(shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders): clientes, 
funcionários, fornecedores, comunidade, entre outros”. Os autores fazem uma 
distinção entre stakeholders e shareholder; o primeiro são todas as partes 
interessadas e que são afetadas pelas decisões e diretrizes da organização, 
já os shareholders são os acionistas da empresa, parte diretamente 
interessada nos seus desígnios. 
Pode-se afirmar que os stakeholders são personagens essenciais, com 
profunda influência sobre os negócios de uma empresa; por conseguinte, 
podem significar o sucesso ou fracasso de uma empresa, pois há uma relação 
afinada dos gestores com os stakeholders. 
É premente que as organizações obtenham vantagem competitiva no 
mercado, o que as incitaa se adequarem às exigências do stakeholders, 
adotando estratégias para melhorarem sua atuação, imagem, reputação e seu 
valor de mercado, o que conduz à adoção de boas práticas de governança 
corporativa. 
8 
TEMA 4 – SUSTENTABILIDADE 
Sustentabilidade vem do latim sustentare, que significa suster, suportar; ou 
seja, trata da possibilidade de uma organização garantir a sua continuidade e 
perenidade. 
Em meados da década de 1980, o conceito de sustentabilidade passou a ser 
empregado com frequência, ganhando um sentido mais amplo, a partir do 
conceito de responsabilidade social, e assim assumiu dimensões econômicas, 
sociais e ambientais, buscando embasar uma nova forma de desenvolvimento 
(Bittencourt, 2006). 
Bellen (2002, p. 28) resume “a sustentabilidade à obtenção de um grupo de 
indicadores que sejam referentes ao bem-estar e que possam ser mantidos ou 
que cresçam no tempo”. 
Indicadores econômicos, sociais e ambientais podem ser expressos de muitas 
maneiras, desde respostas qualitativas até medições quantitativas detalhadas. 
As características que determinam a exatidão dependem do tipo de 
informação. Por exemplo, a exatidão de informações qualitativas depende de 
clareza, detalhamento e equilíbrio na apresentação. A exatidão de 
informações quantitativas, por outro lado, depende dos métodos de 
amostragem usados na coleta de dados, oriundos de várias unidades de 
operação. O nível de exatidão necessário dependerá em parte do uso que se 
pretende fazer da informação. Certas decisões exigem um nível mais alto de 
exatidão do que outras. 
Muitas empresas e organizações já realizam relatórios de sustentabilidade 
para serem apresentados aos tomadores de decisão e ao público interessado 
(stakeholders); entretanto, na maioria das vezes, não são comparáveis pela 
falta de uniformidade, pela falta de dados e ou pela inconsistência dos dados. 
(Bittencourt, 2006). 
A elaboração de indicadores de sustentabilidade com base em relatórios 
sobre as dimensões ambiental, econômica e social de atividades, bens e 
serviços, auxilia a organização e suas partes interessadas a articular suas 
contribuições para o desenvolvimento sustentável. 
TEMA 5 – ÍNDICES DE GOVERNANÇA E SUSTENTABILIDADE 
Os principais índices de Sustentabilidade e Governança adotados pela Brasil, 
Bolsa, Balcão – B3 – a Bolsa de Valores do Brasil são: 
9 
• �  Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); 
• �  Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada 
(IGC); 
• �  Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG); 
• �  Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT); 
• �  Índice de Governança Corporativa - Novo Mercado (IGC-NM). 
5.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 
Os diversos setores da sociedade organizada têm procurado participar 
de alguma forma das tendências relacionadas à sustentabilidade. Um 
dos setores que vem demonstrando essa preocupação é o mercado de 
capitais. Para tanto, os membros do setor vêm realizando estudos para a 
construção do Índice de Sustentabilidade Empresarial. 
É um índice que foi criado em 2005 pela então Bolsa de Valores de São 
Paulo – Bovespa, atualmente Brasil Bolsa Balcão – B3, a principal 
referência para a seleção de papéis de primeira linha. São empresas 
comprometidas com políticas socioambientais corretas e saúde 
financeira comprovada. 
O modelo de análise foi preparado pelo Centro de Estudos em 
Sustentabilidade – CES, da Fundação Getúlio Vargas, e é constituída por 
cinco blocos de quesitos: 
• �  Responsabilidade social e ambiental; 
• �  Governança corporativa; 
• �  Saúde econômica e financeira; 
• �  Publicação periódica de balanço de sustentabilidade; 
• �  Adesão a compromissos reais com instituições ou acordos 
globais pela 
sustentabilidade. 
Empresas cuja gestão é voltada para a sustentabilidade tendem no longo 
prazo a mostrar indicadores econômicos melhores, por sua capacidade 
de atrair e reter talentos, pela diminuição do custo de capital e pelo 
acesso a fontes privilegiadas de financiamento, além de menores riscos 
de acidentes ambientais e de conflitos com a comunidade, e também 
pela redução dos seguros que precisam contratar. 
O ISE apresenta como missão apoiar os investidores na tomada de decisão 
de investimentos socialmente responsáveis e induzir as empresas a adotarem 
melhores práticas de sustentabilidade empresarial. 
10 
5.1.1 Fundamentos ISE 
Os fundamentos do ISE estão alicerçados por aspectos variados que orientam 
os processos: 
5.2 Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC) 
De acordo com a B3a, o IGC é o resultado de uma carteira teórica de ativos, 
elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa metodologia. O 
objetivo do IGC é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos 
ativos de empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3. 
• �  Transparência; 
• �  Diálogo com as partes interessadas e a sociedade, por meio de 
canais 
ativos que garantam legitimidade, representatividade e atualidade do ISE, 
como expressão das suas expectativas sobre a sustentabilidade 
empresarial; 
anualmente o questionário ISE, com base em pesquisa acadêmica e 
processos participativos, de modo a mantê-lo em sintonia com o estado da 
arte do conhecimento em sustentabilidade e com as expectativas da 
sociedade; 
• �  Conhecimento dos desafios e oportunidades do processo ISE, 
agindo de modo a otimizar sua eficiência operacional e sua capacidade 
de atender aos objetivos estratégicos; 
• �  Autonomia financeira, metodológica e decisória, a fim de 
garantir as condições materiais, técnicas e de gestão, para que o ISE 
O IGC é um índice de retorno total composto pelas ações e units 
exclusivamente de ações de companhias listadas na B3, que atendem aos 
critérios de inclusão. Não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary 
Receipts – BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou 
extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção, ou 
outros que sejam negociados em situação especial de listagem. 
 
11 
5.3 Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG) 
De acordo com a B3b, o ITAG é o resultado de uma carteira teórica de ativos, 
elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nesta metodologia. O 
objetivo do ITAG é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos 
ativos de emissão de empresas que ofereçam melhores condições aos 
acionistas minoritários, no caso de alienação do controle. 
O ITAG é exclusivamente composto pelas ações e units de ações de 
companhias listadas na B3, que atendam aos critérios de inclusão descritos a 
seguir: não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary Receipts 
(BDRs) e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, 
regime especial de administração temporária, intervenção, ou que sejam 
negociados em qualquer outra situação especial de listagem. 
5.4 Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) 
De acordo com a B3c, o IGCT é o resultado de uma carteira teórica de ativos, 
elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa metodologia. O 
objetivo do IGCT é ser o indicador de desempenho médio das cotações dos 
ativos de emissão de empresas integrantes do IGC que atendam aos critérios 
adicionais descritos nesta metodologia. O IGCT é composto pelas ações e 
units exclusivamente de ações de companhias listadas na B3, que atendem a 
critérios de inclusão como. Não estão incluídos nesse universo Brazilian 
Depositary Receipts (BDRs) e ativos de companhias em recuperação judicial 
ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção, ou 
outros que sejam negociados em situação especial de listagem. 
5.5 Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM) 
De acordo com a B3d, o IGC-NM é o resultado de uma carteira teórica de 
ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa 
metodologia. O objetivo do IGC-NM é ser o indicador de desempenho médio 
das cotações dos ativos de emissão deempresas que apresentem bons 
níveis de governança corporativa, listadas no Novo Mercado da B3. 
O IGC-NM é composto pelas ações e units exclusivamente de ações de 
companhias listadas na B3 que atendem aos critérios de inclusão. Não estão 
12 
incluídos nesse universo os BDRs e ativos de companhias em recuperação 
judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, 
intervenção, ou outros que sejam negociados em situação especial de 
listagem. 
Após informada a nomenclatura e a descrição de cada Índice de governança e 
sustentabilidade, vamos apresentar na próxima aula a combinação de 
aspectos de um novo mercado acionário no Brasil, onde empresas listadas só 
negociam ações ordinárias e também preferenciais – entretanto, com um nível 
de transparência que atende os princípios da governança corporativa. 
Também vamos apresentar como as organizações se preocupam com a 
sustentabilidade. 
13 
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15

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