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Pontuação_final_apenas_vale_2021_parte_2

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LÍNGUA PORTUGUESA:
REVISÃO DE TEXTO II
Prof. Thiago Mio Salla
1
PONTUAÇÃO
(parte 2)
Epígrafes
Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com 
reticências, viver sem ponto final.
Charles Chaplin (frase atribuída)
Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e 
minha frase respira assim. E se você me achar esquisita, 
respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.
LISPECTOR, Clarice. A Descoberta do Mundo. 
São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 154.
Ponto final (.)
Marca a fronteira entre os períodos (assim como os pontos de 
interrogação e exclamação). Mais especificamente marca o 
término de uma oração declarativa (com curva entoacional
descendente). 
Tipos de ponto: ponto final; ponto parágrafo; ponto simples ou 
ponto período; ponto abreviativo.
Omite-se ponto final: 
• em títulos, quaisquer que sejam.
• em expressões explicativas sucintas colocadas entre parênteses 
ou colchetes.
• em enumerações de itens encabeçadas por algarismo ou letra, 
e em listas verticais, desde que o item não seja uma oração.
Ponto de interrogação (?)
Usado apenas nas interrogações diretas (caracterizadas pela 
entoação ascendente).
Estará surdo? Estará a tentar irritar-me?
Quero saber por que ela não aceitou a proposta.
Perguntas que envolvem dúvida são acompanhadas de 
reticências:
Então?... que foi isso?... a comadre?...
As perguntas que denotam surpresa, empregam-se 
combinando os pontos de interrogação e exclamação:
– Ah, é a senhora?!
Ponto de exclamação (!)
Marca surpresa, cólera, alegria, súplica, admiração etc. 
(sinalização de sentimentos e emoções). Como sua curva 
entoacional apresenta muitas variedades, seu valor só pode 
ser depreendido pelo contexto.
Usa-se depois de interjeições ou de termos equivalentes:
– Ah! brejeiro!
– Minha nossa senhora! Lá vai ele.
Claro, estava ainda na fase dos romances água com açúcar de 
Macedo e Alencar, mas, que diabo!, era já um princípio.
Emprega-se o ponto de exclamação após imperativo:
– Agarrem! Agarrem-no!!!
Ponto e vírgula (;)
Estabelece uma pausa bem-marcada, mais nítida do que a da
vírgula, sem, contudo, denunciar o fim do enunciado (como o
ponto). Seu uso tem duas restrições:
• Comumente, não é usado no interior de uma oração, mas 
sim ao fim dela;
• Costuma não ser utilizado entre uma oração subordinada e 
a principal.
O surgimento do ponto e vírgula deveu-se à necessidade do 
discurso escrito de balizar o interior do período de modo mais 
positivo que a vírgula e menos taxativo que o ponto. Por isso, 
dá-se bem tal sinal de marcação de séries assindéticas e na 
sinalização de fronteiras em períodos mais longos.
Em orações coordenadas que mantêm alguma simetria entre
si:
Antes, eram os problemas políticos; hoje, os econômicos.
“O jagunço é menos teatralmente heroico; é mais tenaz; é mais
resistente; é mais perigoso; é mais forte; é mais duro” (Euclides
da Cunha, Os Sertões, São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 71).
Num trecho longo, em que já existam vírgulas, para enunciar
pausa mais forte:
“Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei-lhe
da mão; D. Plácida foi à janela” (Machado de Assis, Memórias
Póstumas de Brás Cubas, trecho do capítulo LXXVIII).
Ponto e vírgula (;)
Ponto e vírgula (;)
Separa as adversativas em que se deseja ressaltar o contraste:
Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu no 
projeto (Idem, ibidem).
Na redação oficial, separa os diversos itens de uma lei ou 
documento (o mesmo vale em qualquer enumerações de dados):
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado democrático de direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; etc...
Ponto e vírgula (;)
Balizamento de orações seriadas, subordinadas a uma principal:
Estabelecia que devia unicamente saber ler e escrever; que nunca 
tivesse mostrado ou procurado mostrar que tinha alguma 
inteligência; que não tivesse vontade própria; que fosse, enfim, de 
uma mediocridade total (Lima Barreto, Os Bruzundangas, São Paulo, 
Brasiliense, 1961, p. 87). 
Não exijo para o Brasil as virtudes áureas e clássicas da Idade de 
Saturno. Só queria que ele vivesse uma vida simples, forte, 
original, como viveu a outra metade da América (...) quando os 
colonos eram puritanos e graves; quando a charrua enobrecia;
quando a instrução e a educação residiam entre os homens da 
lavoura; quando poetas e moralistas habitavam casas de madeira 
que as suas mãos construíam; (...) (Eça de Queiroz, Obras de Eça de 
Queiroz, 3 vols., Porto, Lello, v. 2, 1968, p. 1.106)
Dois-pontos (:)
Trata-se de uma pausa inconclusa. Serve para introduzir uma
citação de outrem ou para dar início a uma sequência que
explica, discrimina ou desenvolve a ideia anterior. Veja-se:
Desastre em Paris: o selecionado brasileiro de futebol
perde por três a zero.
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de 
informações: “Os passageiros do voo das 8h queriam se dirigir 
ao portão de embarque”
Prezado Senhor:
Venho por meio desta comunicara-lhe que sua dívida só faz 
crescer etc...
A verdade é esta: não fala, a bem dizer, com acento algum.
Reticências (…)
Servem para indicar a ruptura do enunciado. Marcam silêncios
ou mesmo a interrupção de uma frase antes que ela tenha
sido concluída. Pode retificar o que foi dito; exprimir ironia,
dúvida, hesitação; introduzir conclusões inesperadas
Indicação de suspensão:
Ela tem-se mostrado tão agressiva… Bem… é melhor não
dizer o que penso.
Indicação de vacilação:
– Vossa Excelência compreende que... Eu! De uma hora para
outra... Compreende Vossa Excelência que não tenho
prática... Com o tempo... Mais tarde... (Lima Barreto, op. cit., p.
154).
Reticências (…)
Marcação de ironia: 
Bem precisados estávamos nós disto quando temos aqui ministros 
de Estado que são simples caixeiros de venda, a roubar-nos muito 
modestamente no peso da carne-seca, enquanto a Bruzundanga os 
tem que se ocupam unicamente, no seu ofício de ministro, de 
encarecerem o açúcar no mercado interno, conseguindo isto com o 
vendê-lo abaixo do preço da usina aos estrangeiros. Lá, chama-se a 
isto prover necessidades públicas; aqui, não sei que nome teria...
(Lima Barreto, op. cit., p. 154).
Vacilações em função do estado emotivo:
– Não... Só sinto o peso... dor nas pernas... No começo era pior. 
Tinha tonturas... quase caía. Nem sei como ninguém notava... 
(Dinah Silveira Queiroz, Floradas na Serra. RJ: J.O., 1981, p. 102)
Aspas ( ‟ ” )
Vírgulas dobradas, vírgulas invertidas, “patinhas de ganso”
• Aspas alemãs: têm a forma de vírgulas (,, … “). „Und nun,
José? / Das Fest ist aus, / das Licht…“. Há ainda a
possibilidade de se usarem as aspas francesas invertidas:
»Ach Muse meines Fados ohne Maßen… «.
• Aspas francesas (guillemets): têm forma angular e são
alinhadas no centro da linha («…»).«Sais-tu bien qui je suis?»
• Aspas inglesas: também têm a forma de vírgulas e são
colocadas no alto (“…”). Consideradas as autênticas aspas,
são as mais indicadas.
• Aspas retas: têm a forma de tracinhos retos ["…"]. O uso
desse tipo de aspa tem origem na datilografia e não é
recomendado.
Aspas ( ‟ ” )
Foi o que disse Arquimedes: ‟Dê-me uma alavanca e erguerei o
universo”.
Obs: Nas citações que compreendem diversos parágrafos, põe-se o sinal
de aspas no começo de cada um deles, mas apenas no fim do último.
“A parte central da estrela que explodiu (...).
“Essas estrelas, chamadas pulsares (...).
“Além dos pulsos provenientes da estrela de nêutrons, a nebulosa
apresenta emissão no contínuo, devido à radiação sincrotrônica dos
elétrons energéticos que se propagam espiralando no campo magnético
ambiente.” ((www.astro.iag.usp.br/~aga5739/cap.3.pdf, p. 58)
Empregam-se as aspas para isolar palavras ou expressões que
não são da autoria da pessoa que escreve (citação):
Aspas ( ‟ ” )
Para indicar palavrasou expressões estranhas ao idioma/ 
variante em que se expressa o autor: estrangeirismos, 
neologismos, gírias, arcaísmos etc...:
Ficou claro pelos autos, Meritíssimo, que a vítima teria se 
referido ao acusado, presente neste tribunal, como “safado” e 
“sem-vergonha”, antes de cair desfalecida.
Para ironizar:
Um desses “oficiais” defensores da legalidade era o Capitão 
Virgulino Ferreira, o Lampião.
Para acentuar o valor significativo de uma palavra ou 
expressão:
A palavra “nordeste” é hoje uma palavra desfigurada pela
expressão “obras do Nordeste”, que quer dizer obras contra a 
seca. 
Para indicar partes de uma obra (títulos de artigos de uma 
revista, contos de um livro, poemas de uma antologia, capítulos, 
movimentos de uma peça musical etc.)
“O Alienista” encabeça os Papéis Avulsos.
Aspas ( ‟ ” )
Aspas ( ‟ ” )
Obs: A pontuação fica dentro ou fora das aspas, conforme 
pertença à palavra ou frase que elas encerram (como no caso 
dos parênteses).
Respondeu com um seco “sim!”.
Que queres dizer com esse “talvez”?
“Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem há de segurar? 
Ninguém.”
Regra:
...a. “A___________________a.”
...a, “a___________________a”.
Parentêses ( )
Em geral, serve para intercalar informações acessórias (trata-
se de um sinal de intercalação), bem como isolar palavras ou
expressões que não se encaixam na sequência lógica do
enunciado, sem lhe interromper ou lhe alterar o sentido.
Reflexão ou comentário
A minha guerra, como a dos que tinham partido (se é que 
tinham), começava agora.
Obs: comentários sobre a cena enunciativa (poesia, teatro, 
jornalismo)
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô!
Explicação, informação, indicação
A mentalidade desses oligarcas é tal, que não trepidaram em 
fazer votar uma lei colonial, uma verdadeira disposição de Carta 
Régia, para, diziam eles, aumentar o preço da "medida" (cerca 
de quinze quilos) do café (Lima Barreto, op. cit., p. 142).
Os dados (veja tabela ao lado) são impressionantes.
Notação emocional
São Paulo é hoje (que absurdo !) uma cidade quase inabitável.
Alternativa de leitura e compreensão
Trata-se de um ator que era reconhecido nos EUA, mas era (e é)
herói nacional na França
Prezados (as)
Parentêses ( )
Obs: (...) / [...]
As reticências dentro dos parênteses significam que uma parte 
do texto ou da declaração foi omitida por outra pessoa que não 
seu emissor, por razões de espaço, ou por não vir ao caso. 
Nessa mesma situação, ainda, é comum os parênteses serem 
substituídos por colchetes, que é o que se recomenda neste 
caso, por serem os colchetes mais indicados para significar uma 
interferência “externa” num texto de outrem.
Obs: Pontuação e parênteses
Há uma lista de livros raros naquela biblioteca (veja relação 
anexa).
Fiz uma lista de livros para o curso. (A relação está no 
computador.)
Parentêses ( )
Colchetes [ ]
A função dos colchetes, ou parênteses quadrados, é muito 
semelhante à dos parênteses curvos, embora aqueles tenham 
maior força de separação, por significarem uma interferência 
no texto. Para além da intercalação de observações num texto 
alheio, é usado:
Em transcrições fonéticas:
“casa” [Ka’za]
Em versos de exagerada extensão que não cabem entre as 
margens da página:
A onça pintada saltou tronco acima que nem um 
[relâmpago de rabo comprido e cabeça amarela: 
Zás! (Cassiano Ricardo, Martin Cererê, RJ, J.O., 1972, p. 15).
Colchetes [ ]
Em citações, explicitação de palavras que no texto original, 
por elipse, deixaram de ser repetidas:
Psiquê precisou ser divinizada para legitimar sua união com 
Cupido: “toma Psiquê, disse-lhe [Júpiter], e sê imortal”
Omissões nos textos citados:
“A vida, meu amigo[,] anda difícil”.
Quando se deseja isolar uma construção internamente já 
separa por parênteses.
A vida no STF [Supremo Tribunal Federal (ver ALVARENGA, 
Maria Amália de Figueiredo Pereira. op. cit., p. 27)] [...]
Travessão ( — )
Emprega-se para introduzir uma fala ou para marcar
mudança de interlocutor nos diálogos.
— Já chegaram todos?
— Ainda não.
— Então esperemos um pouco mais.
Tipos de travessão:
O travessão — (dito travessão eme, por ocupar na linha a 
mesma dimensão de uma letra m). 
O travessão – (dito travessão ene, que, neste caso, ocupa
a largura da letra n).
Travessão ( — )
É usado ainda para isolar, num contexto, palavras ou frases. 
Desempenha aqui função análoga à do parênteses (e por isso 
deve-se abrir e fechar o travessão).
Entretanto, as doenças mais mortíferas — aqui como em toda a 
América pós-colombiana — foram as “bexigas”. Isto é, a 
varicela, a rubéola e, sobretudo, a varíola. 
Introduz enumerações ou listas, quando se deseja 
apresentá-las de forma graficamente mais clara.
Os candidatos à prova devem comparecer munidos dos 
seguintes materiais:
– um caderno de papel pautado,
– um folha de papel para desenho e
– um lápis ou lapiseira.
Travessão ( — )
Usa-se para destacar, de modo enfático, a parte final de um 
enunciado
Porque é do português, pai de amplo mares,
Querer, poder só isto:
O inteiro mar ou a orla vã desfeita –
O todo, ou o seu nada.
Assinala uma pausa mais acentuada
[...] e eis aí como, pela simples transmissão de uma força, se
tocam os extremos sociais, e se estabelece uma cousa que
podemos chamar – solidariedade do aborrecimento humano.
Como é que este capítulo escapou a Aristóteles?
(Machado de Assis. Memórias póstumas...)

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