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Mito da Democracia Racial

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O mito da democracia racial – 2a Parte
História 
Ensino Médio
1o bimestre – Aula 12
1a
SÉRIE
2024_EM_B1_V1
Habilidade: (EM13CHS105) – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
Democracia e racismo no Brasil. 
Compreender as especificidades do racismo brasileiro como fenômeno extremamente complexo, pois ele é parte de nosso presente, evidenciado pelo passado.
Conteúdo
Objetivo
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Habilidade: (EM13CHS105) – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
Editora UNESP. Imagem. Kant
Todos falam 
A partir do vídeo e de seus conhecimentos prévios, tente responder ao seguinte questionamento:
Como podemos compreender a transformação do conceito de ‘Democracia Racial’ para ‘Mito da Democracia Racial’? 
Não se esqueça de registrar suas observações.
Superinteressante. Desigualdade Racial no Brasil – 2 minutos para entender!
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0.
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Para começar
Referência: Superinteressante. Vídeo. Desigualdade Racial no Brasil – 
2 minutos para entender! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0. Acesso em: 6 dez. 2023.
A pintura foi feita pouco depois de declarada a abolição da escravidão e de instituída a República no país. No caminho para um suposto progresso, o Brasil adotava a Europa branca como referência. Sua população, no entanto, pouco se assemelhava à europeia. 
Ref.: Murilo Roncolato.
Com base no título da obra e no tema de nossa aula, tente imaginar o significado dessa pintura. O que ela expressa mediante o contexto social e político vividos à época?
“A Redenção de Cam” / Modesto Brocos – 1895.
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Foco no conteúdo
Referência. Imagem. “A Redenção de Cam” de Modesto Brocos. Disponível em: https://www.edusp.com.br/wp-content/uploads/2018/08/%E2%80%98A-Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.jpg. Acesso em: 6 dez. 2023. 
Referência: Murilo Roncolato. Edusp. A tela “A Redenção de Cam” e a tese do branqueamento no Brasil. Disponível em: https://www.edusp.com.br/mais/a-tela-a-redencao-de-cam-e-a-tese-do-branqueamento-no-brasil/. Acesso em: 6 dez. 2023.
O negro representava, aos olhos de boa parte da intelectualidade, o passado e o atraso. Surgiram, no século XIX, as chamadas teorias científicas do branqueamento, propondo, como solução para o problema, misturar a população negra com a branca, incluindo os imigrantes europeus, geração por geração, até mudar o perfil “racial” do país, de negro a branco.
O quadro “A Redenção de Cam”, reverenciado e premiado em sua época, é considerado uma representação visual dessa tese. Literalmente, no caso do médico e diretor do Museu Nacional, João Batista de Lacerda (1846-1915). No Congresso Universal das Raças, realizado em Londres em 1911, a pintura ilustrou um artigo de sua autoria sobre branqueamento. Ele assim descreveu a imagem: “O negro passando a branco, na terceira geração, por efeito do cruzamento de raças”. Referência: Murilo Roncolato.
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Foco no conteúdo
Referência: Murilo Roncolato. Edusp. A tela “A Redenção de Cam” e a tese do branqueamento no Brasil. Disponível em: https://www.edusp.com.br/mais/a-tela-a-redencao-de-cam-e-a-tese-do-branqueamento-no-brasil/. Acesso em: 6 dez. 2023.
Lendo o quadro
O quadro mostra, da esquerda para direita, uma senhora negra, descalça sobre um chão de terra, que ergue as mãos e os olhos para os céus, ao lado de uma mulher, provavelmente sua filha, de tom de pele mais claro, que segura seu bebê, branco, no colo. E um homem branco à sua direita.
As três personagens representariam as três gerações necessárias para que o Brasil se tornasse um país branco. O homem branco à direita, ao que tudo indica, marido da mulher ao centro e pai da criança, olha para o menino com admiração. Ele é o elo que permite o branqueamento completo dos descendentes da senhora, possivelmente escrava, e, assim, a sua salvação.
Para Lotierzo, Brocos “faz uso de um mecanismo perverso ao tentar atribuir um voluntarismo às mulheres negras como agentes do embranquecimento, como se elas estivessem celebrando essa possibilidade”. […] Ref.: Murilo Roncolato.
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Foco no conteúdo
Referência: Murilo Roncolato. Edusp. A tela “A Redenção de Cam” e a tese do branqueamento no Brasil. Disponível em: https://www.edusp.com.br/mais/a-tela-a-redencao-de-cam-e-a-tese-do-branqueamento-no-brasil/. Acesso em: 6 dez. 2023.
Segundo a autora, é marcante no Brasil um tipo de racismo que pode escapar às estatísticas e que se expressa em diversas discriminações no cotidiano. “Isso remete ao que os pesquisadores têm chamado de branquitude ou branquidade, ou seja, as diferentes formas de percepção do mundo e autopercepção de si que manifestam a prerrogativa de que ser branco é um privilégio que habilita outros privilégios”.
Para Lotierzo, a prevalência dessas percepções e suas implicações “é um dos aspectos mais marcantes do racismo à brasileira, diante do qual se fazem urgentes ações que resultem numa tomada de consciência e na reparação das desigualdades raciais”. Ref.: Murilo Roncolato.
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Foco no conteúdo
Referência: Murilo Roncolato. Edusp. A tela “A Redenção de Cam” e a tese do branqueamento no Brasil. Disponível em: https://www.edusp.com.br/mais/a-tela-a-redencao-de-cam-e-a-tese-do-branqueamento-no-brasil/. Acesso em: 6 dez. 2023.
 
O mito da democracia racial ganhou sua elaboração acadêmica e alcançou o seu clímax por meio de Gilberto Freyre em seu Casa-grande & senzala (1933), uma obra que viria a moldar a imagem do Brasil. Embora Freyre destaque o caráter sadomasoquista da cultura brasileira, o sadismo da casa-grande, personificado no senhor de engenho, e o masoquismo da senzala materializado na figura do escravo, o tom da sua obra é de otimismo em relação a um ambiente social gestado durante a fase colonial brasileira que favorece e é propício à ascensão social do mulato, tipo que tenderia a caracterizar, num futuro próximo, o Brasil. No mulato, visualizaríamos o que Gilberto Freyre chamou de processo de equilíbrio de antagonismos... (Freyre, 1992:52). Referência: Joaze Bernardino.
Todos escrevem
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Na prática
Referência: Bernardino, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eaa/a/3xQ6wKrtF8nn4vWy3wprrpp. Acesso em: 6 dez. 2023. 
 
Responda ao que se pede: 
Explore possíveis críticas ao conceito de “democracia racial” e como ele pode ser interpretado à luz da realidade histórica e contemporânea do Brasil.
Reflita sobre a representação do mulato como símbolo do equilíbrio de antagonismos proposto por Freyre.
Todos escrevem
Capa ilustrativa do livro Casa-Grande & Senzala. 
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Na prática
Referência: Imagem. Capa do livro Casa Grande & Senzala. Gilberto Freire. Disponível em: https://www.traca.com.br/livro/54103/#. Acesso em: 6 dez. 2023.
A crítica principal é que o conceito tende a minimizar ou até mesmo ignorar as profundas desigualdades raciais existentes no Brasil. Ao destacar, aparentemente, a convivência de diferentes grupos étnicos, a “democracia racial” não aborda as disparidades socioeconômicas e de acesso a oportunidades; além contribuir para a naturalização da ideia de que a miscigenação resolveria, automaticamente, os problemas raciais, sem a necessidade de políticas específicas para lidar com a discriminação e o racismo. Ao sugerir uma harmonia racial, a "democracia racial" pode silenciar as experiências de discriminação e racismo vivenciadas por muitos brasileiros negros. Isso cria um ambiente em que as vozes daqueles que enfrentam discriminação podem ser desconsideradas ou minimizadas.Correção
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Na prática
Focar o mulato como representante de uma suposta harmonia racial pode reduzir a diversidade existente na população negra brasileira, ignorando as diferentes experiências e trajetórias vívidas por pessoas de diferentes etnias. 
A ideia de equilíbrio proposta por Freyre pode, inadvertidamente, reforçar as hierarquias raciais, verificando que determinadas “características raciais” são superiores ou mais desejáveis ​​do que outras.
Em ambos os casos, é crucial considerar a complexidade das experiências raciais no Brasil, registrando as desigualdades históricas e contemporâneas e promovendo diálogos que levem a uma compreensão mais profunda e inclusiva das identidades e das lutas dos diferentes grupos étnicos no país.
Correção
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Na prática
A chegada dos médicos cubanos, atendendo à solicitação do Programa “Mais médicos” do governo brasileiro, revela o mau-caratismo e a pouca educação relacional, não do povo brasileiro massivamente, mas, essencialmente, de pessoas que se diriam bem instruídas e com elevado grau de esclarecimento. 
A partir da citação ao lado, de que maneira podemos estabelecer a relação entre o racismo e o preconceito sobreposto, interseccional?
 Ref. Adaptado: Carth, John Land.
“Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Será que são médicas mesmo?...”. A atitude fez com que o Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo entrasse com processo contra a jornalista.
De surpresa
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Na prática
Referência.: Adaptado de: Carth, John Land. Preconceitos sobrepostos. Disponível em: https://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/artigos/jonh_sobreposicao_preconceitos.pdf. Acesso em: 6 dez. 2023.
Essa situação exemplifica como o racismo pode se manifestar de maneira interseccional, ou seja, interagindo com outros tipos de discriminação, como o preconceito profissional. No contexto brasileiro, no qual as desigualdades raciais e sociais são significativas, essas sobreposições são comuns e ressaltam a importância do combate, não apenas ao racismo isoladamente, mas também às formas interconectadas de discriminação. A iniciativa de o Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo entrar com um processo contra a jornalista demonstra a necessidade de responsabilização diante de comentários que perpetuam estereótipos e preconceitos.
Correção
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Na prática
Referência.: Adapatado. Carth, John Land. Preconceitos sobrepostos. Disponível em: https://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/artigos/jonh_sobreposicao_preconceitos.pdf. Acesso em: 6 dez. 2023.
 
 
A palavra Slam surgiu em Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam, como é chamada, é uma competição de poesia falada que traz questões da atualidade para o debate. Slam é uma expressão inglesa cujo significado se assemelha ao som de uma “batida” de porta ou janela, algo próximo do nosso “pá!” em língua portuguesa, explica Cynthia Agra de Brito Neves em artigo recém-publicado na revista Linha d’água. Nas apresentações de Slam, o poeta é performático e só conta com o recurso de sua voz e de seu corpo [...].
Todos falam
Continua...
“Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos
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Aplicando
Referência: Neves, Cynthia Agra de Brito. Jornal da USP. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/. Acesso em: 6 dez. 2023.
 
 
A poesia Slam, também chamada “batalha das letras”, tornou-se, além de um acontecimento poético, um movimento social, cultural e artístico no mundo todo; um novo fenômeno de poesia oral em que poetas da periferia abordam criticamente temas como racismo, violência, entre outros, despertando a plateia para a reflexão, a tomada de consciência e a atitude política em relação a esses temas [...]. Referência: Cynthia Agra de Brito Neves.
Todos falam
“Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos
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Aplicando
Referência: Neves, Cynthia Agra de Brito. Jornal da USP. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/. Acesso em: 6 dez. 2023.
Observação: Fique atento às orientações do seu professor e aos prazos de entrega e de apresentação da batalha. 
 
 
Estudante, com base no texto “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos, elabore a produção da “batalha de Slam”, trazendo a reflexão para questões presentes da sociedade brasileira contemporânea, como racismo, preconceito, desigualdades sociais, entre outras. Para facilitar a dinâmica de seu trabalho em sala de aula, indicamos uma apresentação para subsidiá-lo na realização dessa tarefa mediante a poesia e suas especificidades. Para saber mais, acesse: Eu sou a menina que nasceu sem cor... Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=o6zEZP7pudQ.
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Aplicando
Referência: Youtube Vídeo: Eu sou a menina que nasceu sem cor...Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o6zEZP7pudQ. Acesso em: 6 dez. 2023. 
https://www.youtube.com/watch?v=tvBIG_XG2Lw 
Para saber mais 
Episódio 1 – “O mito da democracia racial / coleção antirracista”
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Referência: Vídeo. Episódio 1 - O Mito da Democracia Racial / Coleção Antirracista. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tvBIG_XG2Lw. Acesso: 6 dez. 2023.
Compreendemos as especificidades do racismo brasileiro como fenômeno extremamente complexo a partir do contexto histórico para a contemporaneidade. 
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O que aprendemos hoje?
Bernardino, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eaa/a/3xQ6wKrtF8nn4vWy3wprrpp. Acesso em: 4 dez. 2023.
Referência: Carth, John Land. Preconceitos sobrepostos. Disponível em: https://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/artigos/jonh_sobreposicao_preconceitos.pdf. Acesso em: 4 dez. 2023.
Lemov, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023.
Murilo Roncolato. Edusp. A tela “A Redenção de Cam” e a tese do branqueamento no Brasil. Disponível em: https://www.edusp.com.br/mais/a-tela-a-redencao-de-cam-e-a-tese-do-branqueamento-no-brasil/. Acesso em: 4 dez. 2023.
Neves, Cynthia Agra de Brito. Jornal da USP. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/. Acesso em: 4 dez. 2023.
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Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Superinteressante. Vídeo. Desigualdade Racial no Brasil – 2 minutos para entender! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0. Acesso em: 
6 dez. 2023.
Slide 4 – Imagem. “A Redenção de Cam” de Modesto Brocos. Disponível em: https://www.edusp.com.br/wp-content/uploads/2018/08/%E2%80%98A-Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.jpg. Acesso em: 6 dez. 2023. 
Slide 9 – Imagem. Capa do livro Casa-Grande & Senzala. Gilberto Freire. Disponível em: https://www.traca.com.br/livro/54103/#. Acesso em: 6 dez. 2023.
Slide 15 – Youtube Vídeo: Eu sou a menina que nasceu sem cor. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o6zEZP7pudQ. Acesso em: 6 dez. 2023. 
Slide 16 – Vídeo. Episódio 1 – O Mito da Democracia Racial / Coleção Antirracista. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tvBIG_XG2Lw . Acesso em: 6 dez. 2023.
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Referências
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