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Direito Financeiro Responsável pelo Conteúdo: Prof ª. Rossana Perillo Orçamento Público Material teórico Orçamento Público Nesta Unidade falaremos sobre orçamento público. Este tema é extenso e exigirá de você muita dedicação e estudo. Então, para que o aprendizado seja eficaz, gerencie seu tempo de estudo, leia o material e faça as atividades que estão propostas na plataforma Blackboard. Programe-se e não deixe as atividades para última hora. Nesta Unidade III os temos seguintes objetivos: • Dotar os estudantes de conhecimentos básicos sobre o orçamento, seu conceito e natureza jurídica. • Examinar o processo legislativo e os aspectos políticos e econômicos do orçamento. • Estudar minuciosamente os princípios que norteiam o direito financeiro e o orçamento. • Analisar os métodos de fiscalização. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Vemos os primeiros traços de surgimento do orçamento público na Idade Média. Nasceu em 1217, com a Constituição Inglesa outorgada pelo Rei João Sem Terra, onde foi criado o Conselho Comum do Reino. Já no Brasil, notamos o surgimento nos movimentos pela Independência, quando a insatisfação pela cobrança exacerbada de impostos pela Coroa portuguesa estava latente. Porém, só encontramos a aparição de obrigatoriedade de elaboração da Lei Orçamentária na Constituição de 1824, quando atribuiu ao Executivo a elaboração da proposta orçamentária e à Assembleia Geral, formada pela reunião da Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, a aprovação de tal norma. O orçamento público é considerado uma das maiores conquistas da democracia, pois por meio dos instrumentos orçamentários os cidadãos podem controlar e fiscalizar a aplicação do dinheiro público. Hodiernamente o orçamento público é considerado um instrumento de planejamento e execução das Finanças Públicas. Está ligado à previsão de receita e fixação de despesa para determinado exercício financeiro. Encontramos as normas gerais para a elaboração do orçamento público na Constituição de 1988, que determina a elaboração do Plano Plurianual - PPA, que é uma síntese do que a administração pretende fazer nos próximos anos, a elaboração da Lei Orçamentária Anual - LDO que é uma espécie de elo entre o PPA e a Lei Orçamentária Anual. Temos ainda a Lei 4320/64 que Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Nesta unidade estudaremos os aspectos importantes do Orçamento Público, os instrumentos de planejamento, os princípios orçamentários e a fiscalização e controle dos recursos utilizados para o atendimento das necessidades públicas. Esta Unidade é extremamente importante, pois possibilita o cidadão a gerenciar e controlar a aplicação dos recursos públicos e monitorar os gastos realizados pelo Governo. Contextualização 1. BREVE HISTÓRICO Não falávamos de Orçamento Público na antiguidade, posto que, naquela época, não se distinguia o orçamento do Estado com o orçamento do Rei. Os recursos que entravam em caixa eram geridos como parte do patrimônio do Rei. No Brasil, foi na Constituição Imperial de 1824 que começamos notar a determinação de elaboração de orçamentos pelas instituições imperiais, O art. 172 da Constituição estabelecia: “Art. 172. O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros Ministros os orçamentos relativos ás despesas das suas Repartições, apresentará na Câmara dos Deputados anualmente, logo que esta estiver reunida, um Balanço geral da receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as despesas públicas do ano futuro, e da importância de todas as contribuições, e rendas públicas. Naquela época, o texto constitucional teve diversas dificuldades na sua implantação, posto que a desorganização estatal, principalmente no que se tratava das arrecadações, frustrava a elaboração do orçamento. Viria ser considerado o primeiro orçamento brasileiro aquele aprovado pelo Decreto Legislativo 15-12-1830, que fixava despesa e orçava a receita das antigas províncias para o exercício de 1-7-1831 a 30-6-1832. Nos dias de hoje o orçamento é um instrumento essencial para a vida econômica do país. Material Teórico 2. CONCEITO Existem diversos conceitos para Orçamento público, vejamos alguns: 3. NATUREZA JURÍDICA DO ORÇAMENTO Encontramos na doutrina 3 correntes sobre a natureza jurídica do orçamento público, senão vejamos: 1ª Corrente - O orçamento seria um ato-condição no que diz respeito as receitas, pois dependeria que os agentes públicos pratiquem os atos jurídicos para que de fato a lei tenha eficácia. 2ª Corrente - O orçamento é uma lei apenas em sentido formal (para o STF e parte da doutrina). Não tem abstração, generalidade e nem vinculação. Ou seja, não gera direitos nem deveres. É um ato administrativo de planejamento e programação, mas sem efeitos concretos. 3ª Corrente - O orçamento é uma lei em sentido formal e em sentido material. Tem abstração e generalidade e, também, incidência. Por isso, ele é vinculante (uma decisão legislativa vinculante). No Brasil adotamos a 2ª Teoria, teoria essa já pacificada no Supremo Tribunal Federal, ou seja, por ser apenas uma lei formal, que não gera direitos e deveres, não pode exigir por via judicial a realização de uma despesa prevista no orçamento. Diálogo com o Autor Para Aliomar Baleeiro, “o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei”. Segundo a lição de José Afonso da Silva, orçamento é o “processo conjunto e integrado de documentos pelos quais se elaboram, se expressam, se aprovam, se executam e se avaliam os planos e programas de obras, serviços e encargos governamentais, com a estimativa da receita e fixação das despesas em cada exercício financeiro”. 4. ESPÉCIES DE ORÇAMENTO 4.1. Orçamento Clássico ou Tradicional É aquele que não se preocupava com planejamento. Seu texto trazia apenas a fixação de despesa e a previsão de receita. Era elaborado com base apenas na proposta orçamentária do ano anterior, não havia qualquer ligação com planejamento. Preocupava-se apenas com a manutenção dos órgãos públicos e não com metas e objetivos do governo. Era uma peça meramente contábil. 4.2. Orçamento de Desempenho ou por Realizações Nesse momento o gestor começa a se preocupar com os resultados dos investimentos, porém ainda não há ligação com o planejamento das ações centrais do governo. 4.3. Orçamento Programa O orçamento programa já se constitui um instrumento de planejamento e permite identificar os projetos e atividades que o Governo pretende realizar. Tem como principal critério de classificação o funcional-programático. A Constituição Federal de 1988 implantou o orçamento-programa no Brasil, ao normatizar a matéria orçamentária através do Plano Plurianual- PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias- LDO e Lei Orçamentária Anual- LOA Informação Conceito dado pela Secretaria do Tesouro Nacional- STN: “Processo orçamentário em que apenas uma dimensão do orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto. Também é conhecido como Orçamento Clássico.” Conceito dado pela Secretaria do Tesouro Nacional- STN:“Processo orçamentário que se caracteriza por apresentar duas dimensões do orçamento: o objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas. Toda a ênfase reside no desempenho organizacional, sendo também conhecido como orçamento funcional.” 4.4. Orçamento de Base Zero ou por Estratégia É uma técnica de elaboração do orçamento onde exige do administrador justificativa detalhada de qualquer pedido de verba, devendo provar por que deve gastar o dinheiro. Cabe ao administrador a elaboração de um pacote de decisão sobre as despesas. A cada ano, é necessária uma exposição justificada dos gastos, evitando-se criar direitos com base nos gastos feitos no ano anterior, corrigido de um índice inflacionário. Este método não é utilizado no Brasil. 5. INTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO O sistema orçamentário vem disciplinado na Constituição Federal pelos artigos 165 a 169. No art. 165 está previsto as três leis orçamentárias, todas de iniciativa do Poder Executivo, que são instrumentos normativos de planejamento orçamentário. São elas: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei do Orçamento Anual (LOA). 5.1. Plano Plurianual- PPA Previsto no § 1 do art. 165 da CF/88, é o instrumento constitucional que traz o planejamento estratégico das ações do governo estabelecendo, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para os programas de duração continuada. Orienta a elaboração dos demais planos e programas de governo. Conceito dado pela Secretaria do Tesouro Nacional- STN: “Originalmente, sistema de planejamento, programação e orçamentação, introduzido nos Estados Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (Planning Programning Budgeting System). Principais características: integração, planejamento, orçamento; quantificação de objetivos e fixação de metas; relações insumo-produto; alternativas programáticas; acompanhamento físico-financeiro; avaliação de resultados; e gerência por objetivos.” Conceito dado pela Secretaria do Tesouro Nacional- STN: “Abordagem orçamentária desenvolvida nos Estados Unidos da América, pela Texas Instruments Inc., Durante o ano de 1969. Foi adotada pelo estado de Geórgia (gov. Jimmy Carter), com vistas ao ano fiscal de 1973. Principais características: análise, revisão e avaliação de todas as despesas propostas e não apenas das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já existente; todos os programas devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário...” O PPA inicia-se no segundo ano de mandato do chefe do Poder Executivo que o elaborou e termina no primeiro ano do mandato do chefe do Poder Executivo subseqüente. Isso se dá com intuito de evitar a descontinuidade dos projetos em andamento. Deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo até 4 meses antes do encerramento do 1º ano de mandato (31/08) e deve ser devolvido pelo Legislativo até o encerramento da sessão legislativa (22/12). Mais para frente veremos como se dá o processo legislativo. O Plano Plurianual consiste em planejamento estratégico de médio ou longo prazo, que passa a se constituir na síntese dos esforços de planejamento de toda administração pública, orientando a elaboração dos demais planos e programas de governo, bem como o próprio orçamento anual. De acordo com a Constituição Federal, a lei que instituir o PPA estabelecerá: De forma regionalizada. As diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal, Para despesa de capital e Outras delas decorrentes e Pra os programas de duração continuada. Os principais objetivos do Plano Plurianual consistem em: Definir com clareza as metas e prioridades da administração, bem como os resultados esperados; Organizar, em programas, as ações que resultem em incremento de bens ou serviços que atendam a demandas da sociedade; Estabelecer a necessária relação entre as ações a serem desenvolvidas e a orientação estratégica de governo; Possibilitar que a alocação de recursos nos orçamentos anuais seja coerente com as diretrizes e metas do Plano; Facilitar o gerenciamento da administração, através de definição de responsabilidade pelos resultados, permitindo a avaliação do desempenho dos programas; Estimular parcerias com entidades públicas e privadas na busca de fontes alternativas de recursos para o financiamento dos programas; Explicitar, quando couber, a distribuição regional das metas e gastos do governo; Dar transparência à aplicação de recursos e aos resultados obtidos. 5.2. Lei de Diretrizes Orçamentárias- LDO A LDO tem a função de ajudar na elaboração da LOA, isto é, interligar o que está previsto na PPA com o que realmente será executado na Lei Orçamentária –LOA. A Lei conterá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. Orientará a elaboração da LOA, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Também é de iniciativa do Poder Executivo, devendo ser enviado ao Poder Legislativo até 8,5 meses antes no encerramento do exercício financeiro (15/04) e deve ser devolvido até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (17/07). Observe que a LDO é uma lei anual, que é aprovada em um ano passando a ter vigência no ano subsequente. Relevante ressaltar que a Constituição Federal, em seu art. 169 determina que deverá constar na LDO a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, ressalvadas as empresa públicas e as sociedades de economia mista. De acordo com a Constituição Federal, em seu art. 165 § 2°, a lei que instituir a LDO estabelecerá: As metas e prioridades para o orçamento, As despesas de capital que serão executadas no ano de sua vigência, Alterações na legislação tributária, pois influi diretamente na previsão de receitas da LOA, O que as agências de fomento (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil) aplicarão no exercício. 5.3. Lei Orçamentária Anual A elaboração da LOA está prevista no art. 165 § 5º da CF/88. Define as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. Estima a receita e fixa a despesa de acordo com a previsão de arrecadação que compreende o Orçamento Fiscal, Orçamento de Investimento das Empresas e o Orçamento da Seguridade Social. O Orçamento Fiscal é aquele que compreende a Administração Direta, Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Estatais Dependentes. O Orçamento de Investimento compreende as empresas estatais. O Orçamento da Seguridade Social compreende as ações integradas dos poderes públicos destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. O projeto de lei da LOA deverá ser encaminhado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro (31/08) e ser devolvido até o encerramento da sessão legislativa (22/12). 6. CICLO ORÇAMENTÁRIO O orçamento percorre etapas desde o a proposta que se transformará em um projeto de lei a ser apreciado, emendando, aprovado, sancionado e publicado, depois passa pela execução e por último pelo acompanhamento e avaliação da execução que é feita pelos controles interno e externo. Observe que o ciclo orçamentário vai da elaboração do projeto até sua avaliação e controle depois de executado. Não podemos confundir ciclo orçamentário com exercício financeiro, que tem duração de 1 ano e compreende apenas a execução doorçamento. O exercício financeiro é apenas uma das fases do ciclo orçamentário. 7. PROCESSO LEGISLATIVO O art. 166 da Constituição Federal de 1988 diz que os projetos de relativos ao PPA, LDO, LOA e aos Créditos Adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma de regimento comum. Isso equivale dizer que esses instrumentos não passam primeiro pela Câmara dos Deputados para depois ir para o Senado Federal, é apreciado pelo Congresso Nacional. O processo legislativo orçamentário é considerado especial, pois é mais célere e é composto das seguintes etapas: Iniciativa, Discussão, Sanção, Veto, Promulgação e Publicação. 7.1. Iniciativa O Art. 84, XXIII e 165 da CF/88 ordena que compete privativamente ao Presidente da República enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição. Ressalta-se que nesse mandamento incluem-se os projetos de créditos adicionais. O Poder Judiciário e o Ministério Público elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Os Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores são responsáveis por encaminhar a proposta orçamentária do Judiciário, no âmbito da União. Essas propostas são unificadas no Poder Executivo antes do envio ao Legislativo. 7.2. Discussão Quando o projeto de lei (PPA, LDO, LOA ou Créditos Adicionais) chega no Poder Legislativo, é encaminhado à uma Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização- CMO. Esta Comissão Mista Permanente é composta por 63 Deputados e 21 Senadores. Quando o Projeto de Lei está na CMO, os parlamentares podem propor emendas ao texto enviado pelo Poder Executivo. Essas emendas poderão ser para correção de erros ou omissões na estimativa de receita e emendas de redação que tem objetivo de dar maior clareza e precisão ao texto de lei. Quando o projeto que estiver sendo apreciado for o da LOA, as emendas devem ser compatíveis com o que está previsto no PPA e na LDO e terão que indicar os recursos necessários para atender essa modificação proposta e os recursos indicados deverá ser proveniente de anulação de outras despesas, excluídas as despesas de pessoal e seus encargos, serviços da dívida e transferências tributárias constitucionais. Nessa fase de emendas, o Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificações nos projetos referentes ao PPA, LDO, LOA ou Créditos Adicionais, enquanto não iniciada a votação da parte cuja alteração foi proposta. Fique ligado: Caso haja omissão no envio da LOA por parte do Chefe do Poder Executivo, constituirá crime de responsabilidade (art. 85 da CF de88) e o Legislativo considerará como proposta a LOA vigente (art. 32 da Lei 4.320/64). No caso de omissão do Judiciário, o Poder Executivo considerará os valores aprovados na lei vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados. Haverá o voto do Relator e depois a CMO emitirá parecer sobre as emendas apresentadas pelos Parlamentares e analisará as mensagens retificadoras enviadas pelo Poder Executivo, propondo uma redação final para o projeto. Depois o projeto irá para o Plenário do Congresso Nacional para votação. Já no Congresso Nacional, a proposta será votada em forma conjunta pelas duas Casas (Câmara e Senado). A apuração dos votos é feita de forma separa. Verifica-se a maioria simples de cada uma das Casas. A Constituição e a Lei 4.320/64 são omissas nos casos em que a LOA não é devolvida pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo para sanção. Nesse caso aplica-se o que vem disposto na LDO vigente, que autoriza o Poder Executivo a gastar X/12 da proposta que está tramitando no Congresso. Outro ponto relevante é que, de acordo com a doutrina, os projetos do PPA e a LDO não podem ser rejeitados pelo Poder Legislativo. Já a LOA, segundo art. 166 § 8° da CF/88, pode ser rejeitada. 7.3. Sanção, Veto, Promulgação e Publicação. Após a votação e aprovação pelo Plenário do Congresso Nacional, o projeto deverá ser encaminhado para o Executivo para que o Titular dê sua aquiescência ao projeto de lei aprovado. Isso se chama sanção. O Titular do Poder Executivo, se não estiver de acordo, poderá vetar, total ou parcialmente o projeto de lei, dentro de 15 dias úteis contados do recebimento do projeto, devendo comunicar o Legislativo os motivos do veto. A promulgação é o ato declaratório que mostra que a Lei é executável. Ocorre quando aprovado pelo Legislativo e é sancionado, expressa ou tacitamente, pelo Poder Executivo, ou, quando aprovado pelo Legislativo, vetado pelo Executivo e veto é rejeitado na forma constitucional. Porém, mesmo após a promulgação a Lei ainda não é obrigatória e para tanto precisa ser publicada no órgão de imprensa oficial da esfera governamental interessada (Diário Oficial). 7.4. Caudas orçamentárias Por força do Princípio da Exclusividade, ficam vedadas as chamadas caudas orçamentárias: inclusão, no projeto de lei, de matérias de natureza não-financeira, cuja apreciação era forçada quando do exame da lei orçamentária (§ 8º do artigo 165 da CF). 8. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Os princípios orçamentários consistem em regras norteadoras do processo de elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento, encontrados na própria Constituição Federal e na legislação complementar de forma implícita ou por intermédio de interpretações doutrinárias acerca da matéria orçamentária. Na doutrina brasileira encontramos uma gama enorme de princípios que se aplicam ao orçamento, porém vamos nos ater aos mais relevantes. 8.1. Princípio da Legalidade As leis orçamentárias e os créditos só podem ser aprovados por lei formal. Nesses termos, a Carta Política exige que leis de iniciativa do Presidente da República estabeleçam o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais (art. 165). O Princípio da Legalidade orçamentária tem o mesmo fundamento do Princípio da Legalidade geral da administração pública. Podemos observar dois aspectos importantes estabelecidos por este princípio, o primeiro é que, por força constitucional, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer se não por virtude de lei, e o outro é que estabelece limites de gasto e a autorização das despesas. Ou seja, este princípio obriga a Administração subordinar-se às prescrições legais. Tal campo de atuação do referido princípio abarca, também, os planos, programas, operações e abertura de créditos, transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma dotação para outra, ou de um órgão para outro, bem como a instituição de fundos (arts. 48, II, IV, 166, 167, I, III, V, VI e IX da CF). 8.2. Princípio da Anualidade ou da Periodicidade As receitas e as despesas são estimadas pelo período de um ano, por força dos artigos 48, II, 165, III e § 5º e 166 da Constituição e o artigo 2º da Lei nº. 4.320/64, sendo certo que o plano plurianual, nos seus aspectos e funções macro, somente diz respeito ao planejamento governamental, não tendo caráter operativo. De acordo com o artigo 34 da Lei nº. 4.320/64, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e tal periodicidade é relevante, pois no aspecto político, o Congresso Nacional tem a possibilidade intervir periodicamente na atividade financeira do Estado e pelo aspecto econômico, permite antever as flutuações dos processos econômicos possibilitando adequar os orçamentos ao bom e regular desenvolvimento da economia. Segundo parte da doutrina, temos como exceção a esse princípio, por força do art. 167, §2º da CF, os créditos especiais e extraordinários que forem promulgados nos últimos quatro meses do exercício financeiro, caso em que poderão ser reabertos nos limites de seus saldos, sendo incorporadosao orçamento do exercício financeiro subsequente. Também é citado na doutrina pátria como exceção ao princípio da anualidade os casos das despesas inscritas em restos a pagar e as inscritas em despesas de exercícios anteriores. Outro ponto importante é o caso das despesas de investimentos que estão previstas no PPA relativos aos programas de duração continuada, que deverão ser executados ano a ano, e os recursos deverão estar consignados no orçamento de cada exercício. Neste caso reconhecemos o princípio da plurianualidade, porém não se pode falar em esvaziamento do Princípio da Anualidade, posto que o recurso corre por conta do orçamento de cada ano. 8.3. Princípio da Unidade Exige que o orçamento anual seja uno, é dizer, que esteja vertido num único documento. Trata-se da unidade de objetivos a serem alcançados pelo Estado – busca-se “que o orçamento seja enxuto e contenha finalidades integradas ao sistema financeiro”, conforme ensinamento de Celso Ribeiro Bastos (Curso de Direito Administrativo, 2001, p. 23). Portanto, compreende a existência de uma única lei orçamentária, considerando logicamente cada ente federativo. A Constituição Federal clarificou o entendimento do princípio da unidade, ao estabelecer, no artigo 165, que a Lei Orçamentária Anual compreenderá: o orçamento fiscal, contendo as receitas e despesas referentes a todas as entidades da Administração Direta e Indireta; o orçamento de investimentos das estatais; e o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e os órgãos a ela vinculados. Em linhas gerais, múltiplos orçamentos são elaborados de forma independente, e depois são consolidados em documento único, possibilitando, assim, o conhecimento global das finanças públicas. 8.4. Princípio da Universalidade Significa que o orçamento deve agregar todas as receitas e despesas de toda a administração direta e indireta dos Poderes. A Lei Orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, ou seja, nenhuma instituição pública que receba recursos orçamentários ou gerencie recursos federais pode ficar de fora do Orçamento. Este princípio está consagrado no art. 165 § 5° da CF/88 e nos arts. 3° e 4° da Lei 4320/64. A lei orçamentária anual contempla os orçamentos referentes aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta. Importante ressaltar o que fala Sebastião de Sant’Anna e Silva, “o princípio da universalidade possibilita ao Legislativo: Conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia autorização para a respectiva arrecadação e realização; Impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e despesa sem prévia autorização parlamentar; Conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim de autorizar a cobrança dos tributos estritamente necessários para atendê-las. 8.5. Princípio do Orçamento Bruto Conforme preceitua o art. 6º da Lei 4320/64, todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. Há divergência doutrinaria sobre a existência deste princípio, pois alguns doutrinadores defendem que o Princípio da Universalidade contempla o Princípio do Orçamento Bruto, bem como outros doutrinadores defendem que são diferentes. 8.6. Princípio da não-vinculação ou da não-afetação da receita de imposto. Este princípio determina o caráter geral e universal das receitas de impostos. O imposto é uma receita geral do Estado. Não é arrecadado para uma finalidade específica. Serve para financiar qualquer despesa pública. Essa vedação só se aplica aos impostos, não às taxas. Nas palavras do doutrinador Lafayette Josué Petter (Direito Financeiro, ed. 3º, 2008) o princípio supracitado é: “Previsto expressamente no inciso IV do art. 167 da CF. Segundo esse dispositivo é vedada a vinculação da receita de imposto a órgão, fundo ou despesa. Essa proibição constitucional guarda perfeita harmonia com a natureza do imposto que é um tributo desvinculado de qualquer atuação específica do Estado (art. 16 do CTN). Mas a própria Constituição abre exceções a esse princípio. São elas: a) a repartição das receitas tributárias (158 e 159); b) os recursos para o ensino (212); c) os recursos para ações e serviços públicos de saúde (198, § 2); d) as prestações de garantias às operações de créditos por antecipação de receitas (165, § 8); e) a Emenda Constitucional de Revisão nº. 01 de 01/03/94, que incluiu os art. ADCT 71 e seguintes e criou o Fundo Social de Emergência; f) é de se acrescer ainda a essas hipóteses, aquela referida pelo § 4 do art. 167 (acrescido pela Emenda Constitucional nº. 3/93), que permite a vinculação de impostos estaduais e municipais para garantia ou contra garantia à União para pagamento de débitos com ela. (...)”. 8.7. Princípio da Publicidade do Orçamento Este princípio determina que LOA e as demais leis orçamentárias devem ser publicadas no meio oficial de comunicação. Esta publicação é o ato pelo qual determina que uma lei está em vigor. Não se pode confundir com a promulgação, que é o ato que revela a executividade da lei. A publicação impõe sua obrigatoriedade. No nosso ordenamento constitucional, estabelece em seu artigo 165, § 3, que o Poder Executivo deve publicar até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. 8.8. Princípio da Especificação O princípio em tela implica em que as receitas e despesas orçamentárias devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discriminadas, não em globo. Ricardo Lobo Torres (Curso de Direito Financeiro e Tributário, ed. 16, 2009) assevera, in verbis: “Os orçamentos devem discriminar e especificar os créditos, os órgãos a que tocam e o tempo em que se deve realizar a despesa. Esse é o princípio da especialidade, que pode ser: a) quantitativa – determina a fixação do montante dos gastos, proibidas a concessão ou utilização de créditos ilimitados (art. 167, VII) e a realização de despesas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais (art. 167, II); b) qualitativa – veda a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem autorização legislativa (art. 167, VI); c) temporal – limita a vigência dos créditos especiais e extraordinários ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgados nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites dos seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente (art. 167, § 2)”. 8.9. Princípio da Exclusividade O princípio da exclusividade prevê que a lei do orçamento deve conter apenas matéria orçamentária e não cuidar de assuntos estranhos, o que, aliás, está previsto no Art. 165 da Constituição. Tal princípio limita a lei orçamentária à fixação da despesa e à previsão da receita, exceto a autorização para abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. Deste modo, o princípio da exclusividade, ou da pureza orçamentária, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos, consoante o princípio. http://www2.camara.gov.br/glossario/d.html#Despesa http://www2.camara.gov.br/glossario/r.html#Receita http://www2.camara.gov.br/glossario/c.html#Cr http://www2.camara.gov.br/glossario/o.html#Opera http://www2.camara.gov.br/glossario/o.html#Opera 8.10. Princípio do Equilíbrio É um princípio orçamentário implícito em vários dispositivos constitucionais. CF, Art. 167, III e VII. Art. 167. São vedados: III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditossuplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; Não é um princípio absoluto, tolera eventuais superávits ou déficits orçamentários desde que sejam ocasionais ou objeto de uma política anticíclica. É um princípio de proporcionalidade e razoabilidade orçamentária. 8.11. Princípio da Quantificação dos Créditos Orçamentários O art. 167, VII, da CF/88, prevê a vedação de concessão ou utilização de créditos ilimitados. Ou seja, o gestor público não pode gastar de forma ilimitada. Como havia dito, são diversos os princípios relatados em nossa doutrina pátria, acima vimos os mais difundidos e a título de conhecimento, cito outros que são menos difundidos, mas que são observados na elaboração e controle dos Orçamentos públicos são eles: Princípio da Programação; Princípio Participativo; Princípio da Clareza; Princípio da Flexibilidade; Princípio da Sinceridade; Princípio da Responsabilidade ou Responsividade; Princípio da Transparência Orçamentária; Princípio da vedação de realização de despesas com pessoal além dos limites previstos em lei complementar; Princípio da legitimidade orçamentária; Princípio da Anterioridade Orçamentária, Princípio da Quantificação dos Créditos Orçamentários, Princípio da Unidade de Tesouraria ou unidade de Caixa, etc. 9. FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DOS ORÇAMENTOS Não podemos negar que o orçamento público foi criado com finalidade de ser instrumento de controle. A legislação ao estabelecer que a LOA deverá estimar receitas e fixar despesas, devendo existir um equilíbrio entre os dois institutos, vedando a possibilidade de que o total de despesa seja superior ao da receita prevista, já demonstra o cunho controlador que o Orçamento tem. Importante ressaltar que a função de fiscalização cabe, precipuamente, ao Poder Legislativo, pois a ele cabe a criação das leis e a fiscalização de seu cumprimento por parte do Poder Executivo, que como sabemos, exerce função precípua de administração. 9.1. TIPOS DE FISCALIZAÇÃO 9.1.1. Contábil É aquele realizado nas contas oficiais de acordo com as regras de contabilidade que constam na Lei 4320 e na Lei de Responsabilidade Fiscal. 9.1.2. Financeiro É aquele direcionado para as questões relacionadas à moeda, o crédito, o endividamento público e quantias ingressadas. Se exerce sobre a execução do orçamento. 9.1.3. Operacional É aquele que tem como foco a execução orçamentária, ou seja, observa o cumprimento do que foi estabelecido no orçamento quanto à previsão de arrecadação de receitas e a fixação de despesas. 9.1.4. Patrimonial É aquele ligado a manutenção, aumento ou redução do patrimônio da administração direta e indireta. 9.2. ASPECTOS DE FISCALIZAÇÃO 9.2.1. Legalidade O administrado, em nome do interesse público, só pode fazer o que está previsto em lei. 9.2.2. Legitimidade Trata-se de questão de mérito, ou seja, não basta que o ato praticado seja legal, tem que ser legítimo e moral, visando sempre o interesse público. 9.2.3. Economicidade Verifica-se se o órgão procedeu, na aplicação de despesa pública, de modo mais econômico. Envolve questão de mérito. 9.2.4. Aplicação de Subvenções As subvenções são transferências destinadas a cobrir as despesas de custeio das entidades beneficiadas. Divide-se em Subvenções sociais e subvenções econômicas. 9.2.5. Renúncia de Receita Trata-se de exame das políticas de isenções tributárias e demais estímulos ou incentivos fiscais concedidos a determinada empresas em prol do desenvolvimento socioeconômico. 9.3. TIPOS DE CONTROLES 9.3.1 Controle Interno Controle interno é aquele exercido pela própria administração sobre seus atos. Também chamado de autocontrole ou controle administrativo, onde o próprio Poder exerce sobre si mesmo a autotutela. Está previsto no art. 74 da CF/88 e no art. 76 da Lei 4320/64. Objetiva condições indispensáveis para eficácia do controle externo. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 9.3.2. Controle Externo Previsto no art. 71 da CF/88 e no art. 81 da Lei 4320/64, é aquele realizado por agentes estranhos ao órgão controlado. Esse controle político-financeiro, por força constitucional, deve ser exercido pelo Congresso Nacional (Poder Legislativo) com auxílio do Tribunal de Contas da União. É de competência exclusiva do Congresso Nacional: Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta. Esse tipo de controle está extremamente ligado aos aspectos legais da arrecadação e aplicação dos recursos públicos e à observância dos limites financeiros consignados no orçamento. 9.3.3. Controle Privado O art. 74, § 2º da Constituição Federal prevê que: “Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.” Salienta-se que a oferta de denúncia aos tribunais de contas não é o único instrumento popular de controle, uma vez que acha-se prevista no art. 5º, LXXIII, da Constituição, o instituto da ação popular, que permite que o cidadão recorrer ao Poder Judiciário quando identificar a presença de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, ou até mesmo quanto à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, podendo obter a anulação do ato prejudicial. 9.4. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - TCU Como já falamos, o controle externo é exercido pelo Poder Legislativo com auxílio de um determinado tribunal de contas. No caso da União este controle é exercido pelo Congresso Nacional com auxílio do TCU. Nos estados temos a Assembleia Legislativa com auxílio do Tribunal de Contas do Estado- TCE. No Distrito Federal temos a Câmara Legislativa com auxílio do Tribunal de Contas do Distrito Federal – TCDF. Nos municípios temos a Câmara dos Vereadores com auxílio do TCE ou, quando houver, Tribunal de Contas do Município. Segundo Veiga Filho, os Tribunais de Contas constituem “um corpo de magistratura intermediária à administração e à legislatura que, colocado em posição autônoma, com atribuições de revisão e julgamento, é cercado de garantias contra quaisquer ameaças, para exercer as suas funções vitais no organismo constitucional, sem risco de converter-se em instituição de ornato, aparatosa e inútil.” O TCU tem sede no Distrito Federal, compõe-se de nove ministros, três auditores e representação do Ministério Público. Tem como órgãos o Plenário, a Primeira e Segunda Câmaras, o Presidente, as comissões de caráter permanente ou temporário e a Secretaria. O TCU tem jurisdição própria e privativa em todo território nacional sobre qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos pelos quais a União responda ou que em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Ou seja, possui competência parajulgar as contas do Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério Público, do próprio Tribunal de Contas, de órgãos, fundos e empresas da administração direita e indireta e de toda pessoa física ou jurídica que administre recursos públicos da União, inclusive estados e municípios. Observe que o TCU não julga as contas do Presidente da República, ele apenas emite parecer prévio para que as contas sejam julgadas pelo Congresso Nacional. Diálogo com o Autor 9.4.1. Atribuições O TCU, conforme previsão constitucional, Lei Orgânica e Lei de Responsabilidade Fiscal, têm como principais atribuições: Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Financeiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009. JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de direito financeiro e tributário. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. PETTER, Lafayete Josúe. Direito Financeiro. 3. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. CAMPOS, Dejalma de. Direito Financeiro e orçamentário. 4 ed. São Paulo; Atlas, 2006. Material Complementar Explore Manual Técnico de Orçamento- MTO 2010 disponível no endereço eletrônico: https://bit.ly/3G3ORYR CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Financeiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009. GIACOMONI, James. Orçamento Público. 14.ed. ampliada, revista e atualizada. –São Paulo: Atlas.2009. HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de direito financeiro. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. Referências _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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